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Artigo original

Efeitos do tratamento ortodôntico com alinhadores e aparelhos fixos na

Fala:
Um ensaio clínico randomizado

Paulo Eduardo Damasceno Melouma; Jéssica Rico Bocatob; Ana Cláudia de Castro Ferreira Contic; Karen

Baixado de http://meridian.allenpress.com/angle-orthodontist/article-pdf/91/6/711/2936664/i0003-3219-91-6-711.pdf pelo usuário do Brasil em 28 de outubro de 2022

Regina Siqueira de Souzad; Thais Maria Freire Fernandesc; Márcio Rodrigues de Almeidac;
Paula Vanessa Pedron Oltramaric

ABSTRATO
Objetivos.Avaliar os efeitos do tratamento ortodôntico com alinhadores e aparelhos fixos
convencionais na produção da fala.
Materiais e métodos:Este foi um ensaio clínico paralelo e randomizado. Pacientes com má oclusão
Classe I de Angle, apinhamento moderado e sem comprometimento da fala foram alocados
aleatoriamente em dois grupos: pacientes com alinhadores ortodônticos (AO; n¼20; idade média¼
23,6065,65 anos) e com aparelhos fixos convencionais (n¼20; idade média¼20,5664,51 anos) e tratado
na clínica da Universidade do Norte do Paraná em Londrina, Brasil. A avaliação da produção da fala foi
realizada de forma semiobjetiva pelo fonoaudiólogo (exame miofuncional orofacial) e subjetiva
(autoavaliação) em cinco momentos: basal, imediatamente após a inserção dos aparelhos e
posteriormente aos 3, 30 e 180 dias após a inserção. Para comparação intergrupos, independentet,v2,
exato de Fisher e testes de Mann-Whitney foram usados; para comparação intragrupo, foi aplicado o
teste de Friedman (uma¼5%).
Resultados:Na avaliação semiobjetiva, os pacientes com OAs apresentaram alteração na produção da
produção da fala, em comparação com os pacientes com aparelhos fixos, imediatamente e 3 dias após a
inserção dos aparelhos (P,.001). Trinta dias após a inserção, os grupos eram semelhantes (P¼.487),
resultado que se manteve inalterado em 180 dias. No entanto, nas autoavaliações, os pacientes de ambos
os grupos relataram dificuldades significativas de fala imediatamente e 3 dias após a inserção dos
aparelhos, mas tal comprometimento não foi mais percebido em 30 dias ou 180 dias.
Conclusões:Embora o fonoaudiólogo tenha identificado alterações na produção da fala no início do
tratamento apenas no grupo OA, as autoavaliações dos pacientes demonstraram que o tratamento
ortodôntico, independentemente do tipo de aparelho utilizado, interferiu na percepção da fala. (Ortodoxa
de Ângulo. 2021;91:711–717.)

PALAVRAS-CHAVE:Ortodontia; Terapia com aparelho fixo; Alinhador; Fala

INTRODUÇÃO
Pós-doutorando, Departamento de Ortodontia, Universidade
uma

do Norte do Paraná (UNOPAR), Londrina, PR, Brasil. A aparência de um sorriso tem um grande impacto na
bPós-graduanda do Departamento de Ortodontia da capacidade de uma pessoa se comunicar interpessoalmente.
Universidade do Norte do Paraná (UNOPAR), Londrina, PR, Brasil. Portanto, há um interesse crescente entre os pacientes adultos
Professor Titular do Departamento de Ortodontia da Universidade do
c
em se submeter a um tratamento ortodôntico que não
Norte do Paraná (UNOPAR), Londrina, PR, Brasil.
prejudique a aparência facial.1Nesse sentido, os aparelhos
dEx-aluno de pós-graduação do Departamento de Ortodontia da

Universidade do Norte do Paraná (UNOPAR), Londrina, PR, Brasil.
Autor correspondente: Paula Vanessa Pedron Oltramari,
Departamento de Ortodontia, Universidade do Norte do
Paraná, UNOPAR, Londrina, Paraná, Brasil
(e-mail: pvoltramari@hotmail.com )
Aceito: março de 2021. Enviado: novembro de 2020.
Publicado online: 26 de maio de 2021
- 2021 pela EH Angle Education and Research Foundation, Inc.
estéticos, como os alinhadores ortodônticos (AOs), surgiram
como alternativas aos aparelhos fixos metálicos (AFs).2
A dificuldade com a fala é conhecida como um dos principais
efeitos adversos do tratamento ortodôntico.3A aquisição de
uma produção de fala precisa, sem distorções e/ou alterações,
é um detalhe importante a ser considerado na escolha do
aparelho ortodôntico adequado. Os aparelhos ortodônticos
podem reduzir o espaço intraoral, podem

DOI:10.2319/110620-917.1 711 Ortodontista Angle, Vol 91, Nº 6, 2021

712 MELO, BOCATO, CONTI, DE SOUZA, FERNANDES, DE ALMEIDA, OLTRAMARI
afetar adversamente o movimento da língua e,
consequentemente, resultar na distorção de certos sons
específicos.4Nesse contexto, Wan et al.5avaliaram os efeitos do
uso de contenções removíveis (Hawley e contenções moldadas
a vácuo) nas alterações da articulação fonoaudiológica em
pacientes adultos entre 19 e 29 anos após tratamento
ortodôntico ativo. Os pacientes apresentaram articulação da
fala distorcida, independente do tipo de contenção; no entanto,
a distorção da articulação da fala foi mais aparente em
pacientes que usaram contenções de Hawley.
Nedwed e Miethke,6em um estudo prospectivo, utilizou
um questionário para avaliar a aceitação, conforto e
potencial comprometimento da fala dos pacientes após 3 e
6 meses de tratamento com OAs. Os resultados mostraram
que 53,8% dos pacientes apresentavam deficiência de fala;
destes, apenas 1,9% relataram alteração severa, enquanto
51,9% apresentaram alteração discreta. Além disso, 7,4%
dos pacientes relataram que o uso de AO afetou
negativamente sua comunicação oral. Pogal-Sussman-
Gandia et al.,7em estudo transversal, também avaliaram
pacientes tratados exclusivamente com AO e encontraram
modificações nas consoantes fricativas /z/ e /s/, com
alterações na produção da fala, o que poderia afetar a
adesão do paciente ao tratamento. No estudo observacional
retrospectivo conduzido por Alajmi et al.,8
os pacientes que realizaram tratamento com alinhadores e
aparelhos ortodônticos fixos relataram dificuldade na fala,
principalmente aqueles pacientes que usaram alinhadores;
no entanto, o grau de satisfação não foi diferente entre os
tratamentos. Ainda assim, os autores apontaram várias
limitações no desenho e execução do estudo, como a falta
de rigidez dos critérios de inclusão no que diz respeito à
disponibilidade e vontade de participar do paciente, a
grande disparidade de idade entre os grupos, estágio de
tratamento e tipo de movimento dentário. Os autores
também identificaram a necessidade de realizar um estudo
clínico randomizado para confirmar seus resultados.
Dada a escassez de estudos clínicos randomizados sobre
este tema, o objetivo deste estudo foi avaliar a produção de
fala em pacientes submetidos a tratamento ortodôntico
com OAs e FAs.
MATERIAIS E MÉTODOS
Projeto de teste
Este estudo foi um ensaio clínico paralelo, randomizado e
controlado, no qual os participantes foram recrutados
prospectivamente e divididos aleatoriamente em dois grupos.
Nenhuma mudança nos métodos ocorreu após o início do
julgamento.
Participantes, critérios de qualificação e configurações
A amostra foi obtida por meio de triagem de 2.662
indivíduos avaliados na cidade de Londrina, Brasil.
Ortodontista Angle, Vol 91, Nº 6, 2021
Os participantes que atenderam aos seguintes critérios
foram incluídos: 13 a 35 anos, má oclusão de Classe I de
Angle, apinhamento moderado e tratamento sem extração.
Os critérios de exclusão foram ausência de dentes
permanentes, anterior ou posterior aberta e mordida
cruzada, história prévia de tratamento ortodôntico e
alterações na produção da fala.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da
Universidade do Norte do Paraná (UNOPAR)
(CAAE:12088219.0.0000.0108) e registrada em Ensaios
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Clínicos Brasileiros (ReBEC:RBR-9zytwf). Os voluntários
receberam tratamento na clínica da UNOPAR e foram
atendidos por ortodontistas supervisionados por um
professor de ortodontia com 15 anos de experiência.
Intervenções
Os pacientes foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos:
- OAs (Smart Track, Invisalign, Align Technology, San
Jose, CA, EUA): foi realizado o planejamento virtual
para este grupo (programa ClinCheck Pro, versão 5.6,
Align Technology). A sequência de procedimentos
durante o tratamento com alinhadores seguiu o
planejamento virtual. Os pares de AOS superiores e
inferiores foram trocados a cada 10 dias, com uso
diário recomendado de 22 horas.
- FA, aparelhos ortodônticos metálicos fixos (slot 0,022 3
0,030'', 3M Unitek, Monróvia, Califórnia): esses
pacientes tinham aparelhos fixados em todos os
dentes e a mesma sequência de fios (nitinol
superelástico 0,014'', 0,016'' e 0,01630,022'').
Para ambos os grupos, os procedimentos de monitoramento
foram realizados mensalmente. Para este estudo, os resultados
obtidos nos primeiros 6 meses foram registrados e analisados.
Resultados (primários e secundários)
Avaliação da fala.A avaliação fonoaudiológica foi
realizada por fonoaudióloga, especialista em
motricidade oral com mais de 30 anos de experiência.
- Avaliação miofuncional orofacial com protocolo de
escores9: realizada antes do início do tratamento
(linha de base), com o objetivo de avaliar as funções
estomatognáticas e descartar interferências na
produção da fala;
- Exame Miofuncional Orofacial (MBGR)10: realizado por um
examinador externo para a análise perceptivo-auditiva da
fala, em que os pacientes foram solicitados a pronunciar
os nomes das figuras em uma prancheta, gravadas por
meio de filmagem padronizada com câmera (Canon
Power Shot SX60 HS, Canon Co., Tokyo, Japan) instalado
em um estande a 1 me de distância dos voluntários. Os
pacientes estavam sentados em uma cadeira
EFEITOS DOS ALINHADORES E APARELHOS FIXOS NA FALA
com encosto em quarto privativo, com os pés apoiados
no chão e a cabeça levemente inclinada para frente
para facilitar a visualização das figuras a serem
pronunciadas. A avaliação foi realizada em cinco
momentos: linha de base, imediatamente após a
inserção do aparelho e após 3, 30 e 180 dias. Após a
realização das gravações em todos os momentos, as
mesmas foram avaliadas com fone de ouvido apenas
pelo fonoaudiólogo, que desconhecia o participante. O
terapeuta não podia ver os rostos dos pacientes e não
sabia a qual grupo cada paciente pertencia.
Auto-avaliação.A percepção da produção da fala
(autoavaliação) foi mensurada por meio de uma escala
analógica visual (EVA). Os participantes foram instruídos a
fazer uma linha vertical cruzando uma linha horizontal de
10 cm para indicar a percepção atual da fala, com a
extremidade esquerda representando "sem alteração de
fala/sem dificuldade de fala" e a extremidade direita
representando "extrema dificuldade na fala/grande
dificuldade em falar.'' Os pacientes completaram a EVA nos
mesmos cinco momentos em que o MBGR foi realizado.
Cálculo do Tamanho da Amostra
O cálculo do tamanho da amostra foi baseado em
um estudo anterior5que avaliou os efeitos do uso de
contenções removíveis na fala. Para poder detectar
uma diferença na proporção de alterações entre os
dois grupos de 0,5 com erro do tipo alfa fixado em 5%
e poder em 80%, foi necessário recrutar um mínimo
de 18 participantes por grupo. O cálculo foi realizado
utilizando o programa G-Power 3.1 (Heinrich-Heine-
Universität Düsseldorf, Düsseldorf, Alemanha).
Análises Provisórias e Diretrizes de Paradas
Não aplicável.
Randomization
Randomização simples11foi realizada por um pesquisador
externo, utilizando o programa Excel 2007 (Microsoft
Windows, Microsoft, Chicago, Ill), na proporção de 1:1. Os
códigos de randomização foram inseridos em envelopes
opacos, lacrados e numerados, consecutivamente,
garantindo sigilo da alocação nos dois grupos.
Cegueira
A análise do MBGR realizada pela fonoaudióloga foi
realizada de forma cega.
Análise estatística
Para verificar a confiabilidade do fonoaudiólogo, 30%
das análises foram repetidas e os resultados foram
713
testado usando um teste Kappa. Os dados obtidos foram
verificados quanto à normalidade (teste de Shapiro-Wilk). As
comparações intergrupos foram realizadas usando o método
independentet, v2, exato de Fisher e testes de Mann-Whitney.
Para as comparações intragrupos, foi aplicado o teste de
Friedman. O tratamento estatístico foi realizado com SPSS 26.0
(SPSS Inc, Chicago, Ill), com nível de significância de 5%.
Riscos e Benefícios
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Os dois aparelhos apresentaram algum risco mínimo
inerente ao tratamento ortodôntico, ou seja, leve
encurtamento da raiz do dente e leve desconforto após
as visitas mensais.
RESULTADOS
Fluxo de participantes
A Figura 1 mostra o fluxograma dos pacientes avaliados quanto à
elegibilidade, randomização, alocação e monitoramento nos
primeiros 6 meses de tratamento. Os participantes que atenderam
aos critérios de inclusão foram recrutados entre agosto de 2018 e
fevereiro de 2019. Um total de 52 pacientes atenderam aos critérios,
embora apenas 40 tenham demonstrado interesse em participar.
Os exames ortodônticos foram realizados em fevereiro de 2019. Em
maio de 2019, os pacientes vieram para uma consulta pós-
randomização (linha de base), inserção do aparelho e instruções.
Retornavam uma vez por mês para acompanhamento por um
período de 6 meses; exames de acompanhamento foram realizados
em novembro de 2019.
Dados de linha de base
Os participantes de ambos os grupos demonstraram
compatibilidade em termos de idade, sexo, índice de Avaliação
por Pares e Índice de Irregularidade de Little (Tabela 1).
Nenhum paciente da amostra apresentou alteração de fala no
início do estudo.
Dados de resultado
Reprodutibilidade perfeita (kappa¼1,00) foi obtido
para as análises do fonoaudiólogo.
Os pacientes que usaram AO apresentaram alterações
significativas na produção da fala, em comparação com os
pacientes com AA, imediatamente após a inserção até 3 dias
após o início do tratamento.P,.001). No entanto, na avaliação 30
dias após o início do tratamento, os grupos foram semelhantes
(P ¼.487) (Tabela 2).
Dentre as alterações na produção da fala encontradas
entre os dois grupos, notou-se que o fonema /ch/ foi o
responsável pela alteração. A alteração na articulação do
fonema /ch/ foi significativa nos pacientes com OAs
imediatamente após a inserção e 3 dias após o início do
tratamento. Imedia-
Ortodontista Angle, Vol 91, Nº 6, 2021
714 MELO, BOCATO, CONTI, DE SOUZA, FERNANDES, DE ALMEIDA, OLTRAMARI

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Figura 1.Diagrama de Padrões Consolidados de Relatórios de Ensaios (CONSORT) mostrando o fluxo de pacientes durante o ensaio.

logo após a inserção dos alinhadores, a pronúncia do
fonema /ch/ apresentou um som mais profundo e
prolongado em 50% dos pacientes e prolongado em
35%, enquanto no grupo FA, apenas 5% apresentou
pronúncia intensa (P,.001). Três dias após o
No início do tratamento, 65% dos pacientes do grupo
OA demonstraram pronúncia prolongada em
comparação com 5% dos pacientes do grupo FA (P,.
001). Aos 30 dias (P ¼.487) e 180 dias (P¼1), os grupos
foram estatisticamente semelhantes (Tabela 3).

Ortodontista Angle, Vol 91, Nº 6, 2021

EFEITOS DOS ALINHADORES E APARELHOS FIXOS NA FALA 715

Tabela 1.Descrição dos Grupos: Idade, Sexo, Grau de Aglomeração Tabela 3. A alteração do som /ch/ nos grupos FA e OA uma

(Índice de Irregularidade de Little) e Gravidade da Má oclusão (Índice de

/ch/ Alteração de som
Avaliação por Pares) uma

Sim
Variáveis OA (n¼20) Fã¼20) P
Mais intenso
Idade (y), média (DP) b
23,60 (5,65) 20,56 (4,51) . 0681
Não, Prolongado, Prolongado, Total,
Sexoc
Grupos n (%) n (%) n (%) n (%) P
Masculino, n (%) 12 (60) 13 (65) 1.0000
Feminino, n (%) 8 (40) 7 (35) Linha de base

Índice de classificação de avaliação por pares, 7,70 (4,66) 7,50 (3,18) 0,8751 FA 20 (100) 0 (0) 0 (0) 20 (100) b

média (SD) b OA 20 (100) 0 (0) 0 (0) 20 (100)

Índice de Irregularidade de Little, 4,69 (1,35) 4,99 (1,88) .5705 Imediatamente depois
FA 19 (95) 1 (5) 0 (0) 20 (100) , . 00c

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média (SD) b

OA 3 (15) 7 (35) 10 (50) 20 (100)

FA, aparelho fixo; OA, alinhador ortodôntico; SD, desvio
uma
3 dias
padrão.
b Independentetteste. FA 19 (95) 1 (5) 0 (0) 20 (100) , . 001d
c v 2teste com correção de Yates. OA 7 (35) 13 (65) 0 (0) 20 (100)
30 dias
FA 20 (100) 0 (0) 0 (0) 20 (100) . 487
Durante a autoavaliação da produção de fala do OA 18 (90) 2 (10) 0 (0) 20 (100)
paciente, resultados semelhantes foram encontrados 180 dias
FA 20 (100) 0 (0) 0 (0) 20 (100) b
entre os grupos em cada momento de avaliação (P. .
OA 20 (100) 0 (0) 0 (0) 20 (100)
05). No entanto, independente do tipo de aparelho
FA, aparelho fixo; OA, alinhador ortodôntico.
utilizado, os pacientes perceberam alteração na fala
uma

bNenhuma estatística foi computada porque o som /ch/ é uma constante.

imediatamente após a inserção (T1) e 3 dias após o cEstatisticamente significativo (P,.05);v2teste TESTE.

início do tratamento (T2). Trinta dias após o início do dEstatisticamente significativo (P,.05); Teste exato de Fisher.

tratamento, porém, ocorreu adaptação, e a diferença

em relação à avaliação inicial (T0) não foi mais
significativa (Tabela 4).
DISCUSSÃO
O uso de aparelhos ortodônticos pode afetar negativamente
a anatomia dental, o espaço na cavidade oral, a movimentação
da língua e da musculatura perioral e, consequentemente, a
produção da fala. Essas alterações devem ser consideradas
pelos ortodontistas e compartilhadas com os pacientes.12
Portanto, este estudo clínico randomizado
Mesa 2. Alteração geral da fala nos grupos FA e OA
foi realizado em pacientes aleatoriamente designados para
tratamento com OAs e FAs.
A análise realizada pela fonoaudióloga revelou uma
mudança significativa na produção apenas nos
pacientes tratados com OAs desde imediatamente
após a inserção até o terceiro dia de uso do aparelho.
Com base na avaliação de 30 dias, nenhuma
diferença foi evidente entre os grupos. Esses
resultados provavelmente se devem ao fato de que
os AO, apesar de relativamente finos, alteraram
parcialmente a anatomia das superfícies dentárias e,
consequentemente, as condições bucais necessárias
uma

para a produção da fala pelos órgãos

Alteração geral da fala
fonoarticulatórios. Para a correta produção de sons
Grupos Não (%) Sim n (%) Total, n (%) P específicos da fala, não pode haver interferência
Linha de base entre as estruturas duras e moles do sistema
FA 20 (100) 0 (0) 20 (100) b
estomatognático. No intervalo entre as avaliações de
OA 20 (100) 0 (0) 20 (100)
30 e 180 dias, os pacientes em tratamento com OAs
Imediatamente depois
FA 19 (95) 1 (5) 20 (100) , . 001*
se adaptaram.6Além disso, os resultados do presente
OA 3 (15) 17 (85) 20 (100) estudo estão de acordo com Shalish et al.,13que
3 dias avaliaram a percepção subjetiva dos pacientes por
FA 19 (95) 1 (5) 20 (100) , . 001* meio de um instrumento de qualidade de vida
OA 8 (40) 12 (60) 20 (100)
relacionada à saúde na primeira semana e após 14
30 dias
FA 20 (100) 0 (0) 20 (100) . 487
dias de tratamento. Eles descobriram que apenas
OA 18 (90) 2 (10) 20 (100) alguns dias foram necessários para pacientes que
180 dias imediatamente tiveram dificuldade em falar para se
FA 20 (100) 0 (0) 20 (100) b
adaptarem ao tratamento ortodôntico,
OA 20 (100) 0 (0) 20 (100)
independentemente do tipo de aparelho utilizado.
uma FA, aparelho fixo; OA, alinhador ortodôntico.
bNenhuma estatística foi computada porque a alteração da fala é uma
constante. O comprometimento da fala em pacientes submetidos ao
* Estatisticamente significativo (P,.05); Teste exato de Fisher. tratamento ortodôntico apenas com OAs também foi o

Ortodontista Angle, Vol 91, Nº 6, 2021

716
Tabela 4. Autoavaliação da produção de fala a, b
Linha de base Imediatamente depois
1º 3º 1º
Grupo Quartil Mediana Quartil Mediana Quartil Mediana Quartil Mediana Quartil Mediana Mediana 1º T 3º Q Mediana
FA 0,0 x
0,0 0,0 1,0y 0,0
OA 0,0x 0,0 0,0 1,5y 0,8
P (entre 1.000 0,301
grupos)
uma FA, aparelho fixo; OA, alinhador ortodôntico; EVA, escala analógica visual.
As comparações entre os grupos foram realizadas pelo teste de Mann-Whitney e as comparações intragrupos pelo teste de Friedman.
b
Vezes com a mesma letra não apresentam diferença estatisticamente significante entre si.
* Estatisticamente significativo (P,.05).
objetivo de outro estudo.6Dos 54 pacientes que responderam
ao questionário de 12 itens no terceiro e sexto mês após o início
do tratamento, 46,3% não relataram nenhum
comprometimento e 76% não notaram nenhum estreitamento
do espaço para a língua na cavidade oral . Embora a avaliação
tenha sido baseada apenas nas respostas dos pacientes, o
tempo necessário para adaptação aos alinhadores foi de 1
semana para 84% dos pacientes e 2 semanas para 16% dos
pacientes. Esses resultados estão de acordo com a avaliação
semiobjetiva deste estudo.
Por outro lado, Pogal-Sussman-Gandia et al.7
afirmaram que os AA não seriam indicados para pacientes
preocupados com o comprometimento da fala, pois os
alinhadores afetavam a articulação das consoantes, o que
poderia comprometer a adesão do paciente ao tratamento.
No entanto, esse estudo foi baseado em uma única
avaliação, com pacientes em uma ampla faixa etária (14 a
62 anos), avaliados em diferentes momentos durante o
tratamento ortodôntico. Dessa forma, considerando que o
presente estudo realizou avaliações em diferentes
momentos, o período de adaptação observado pode ser
considerado aceitável, e as alterações temporárias na
produção da fala não restringiriam a indicação de
tratamento com AO.8,14
A avaliação semiobjetiva (perceptiva/auditiva)
realizada neste estudo demonstrou alteração
significativa na produção da fala para o fonema /ch/
apenas nos pacientes tratados com OAs, imediatamente
e 3 dias após a inserção. Imediatamente após a inserção
dos aparelhos, 50% dos pacientes do grupo OA
produziram um som de fonema mais intenso e
prolongado, enquanto 35% apresentaram pronúncia
prolongada. Três dias após a inserção dos AO, 65% dos
pacientes já apresentavam pronúncia prolongada, o que
demonstrou a rápida adaptação do paciente ao
aparelho. A alteração na produção do fonema /ch/ pode
ter ocorrido por se tratar de um fonema que requer a
produção de uma coluna de ar sobre a língua escovando
as arcadas dentárias. Como o alinhador cobriu as
superfícies dentárias vestibular e lingual,
Ortodontista Angle, Vol 91, Nº 6, 2021
MELO, BOCATO, CONTI, DE SOUZA, FERNANDES, DE ALMEIDA, OLTRAMARI
VAS
3 dias 30 dias 180 dias
P
3º 1º 3º 1º 3º (entre
QQ Horários)
4,0 1,0y,z 0,0 1,9 0,0x,z
0,0 1,6 0,0x 0,0 0,0 , . 001*
3.9 1.3y 0,1 1,7 0,0x 0,0 0,4 0,0x 0,0 0,0 , . 001*
0,414 0,820 0,820
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alteração sensorial no terço anterior da língua em
contato com o aparelho.
Embora a avaliação semiobjetiva não tenha detectado
alterações na produção da fala no grupo FA, a
autoavaliação dos pacientes quanto à dificuldade de fala
medida pela EAV revelou que os pacientes de ambos os
grupos relataram certo grau de dificuldade com a fala
imediatamente após a inserção dos aparelhos e na
avaliação após 3 dias. Esses resultados estão de acordo
com outros estudos em que pesquisadores observaram
a necessidade de um período de adaptação do paciente
para a produção da fala após a inserção de aparelhos
ortodônticos fixos ou removíveis.6,8,13Para os pacientes
tratados com FAs, a dificuldade para falar relatada
imediatamente após a inserção do aparelho e aos 3 dias
foi provavelmente devido à presença de corpo estranho
na face vestibular dos dentes, o que poderia ter alterado
a percepção sensorial oral e a mobilidade labial.
Independentemente do grupo, a adaptação sensorial e a
adaptação da mobilidade da musculatura perioral, além
da resolução dos sinais e sintomas, podem ter
contribuído para a adaptação dos pacientes,6,14,15para que
os resultados em 30 e 180 dias fossem semelhantes aos
da linha de base.
No início do estudo, os dois grupos eram semelhantes
em termos de idade, sexo, quantidade de apinhamento
anterior inferior (Índice de Little) e gravidade da má
oclusão (Índice de Avaliação por Pares), critérios
importantes em relação às características da má oclusão
e para permitir avaliação das características da fala. A
mudança na produção da fala observada durante a
avaliação semiobjetiva dos pacientes do grupo OA e na
autoavaliação dos pacientes dos grupos OA e FA foi
importante para auxiliar os ortodontistas a
compreenderem os efeitos do tratamento e explicarem
aos seus pacientes as possíveis falas. alterações e sua
duração.
É importante alertar os pacientes que planejam ser
tratados com OAs que haverá uma limitação temporária da
capacidade de produção da fala, o que pode ser
considerado desvantajoso para as pessoas em profissões
EFEITOS DOS ALINHADORES E APARELHOS FIXOS NA FALA
que os obrigam a falar em público. No entanto, tais
pacientes podem ser orientados a retirar o dispositivo
quando precisarem falar em público até que estejam
melhor adaptados. Além disso, é importante ressaltar
que pacientes com outras características iniciais (faixa
etária ou tipo de má oclusão) podem levar tempos
diferentes para se adaptar ao tratamento ortodôntico,
com AO ou AG.
CONCLUSÕES
- As alterações na produção da fala foram identificadas
pela fonoaudióloga no início do tratamento apenas no
grupo OA.
- As autoavaliações dos pacientes demonstraram que o
tratamento ortodôntico, independentemente do tipo de
aparelho utilizado, interfere na autopercepção da
produção da fala.
- Os ortodontistas devem alertar os pacientes que as possíveis
alterações na produção da fala são temporárias e que a
adaptação provavelmente ocorrerá durante o primeiro mês
de tratamento.
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Ortodontista Angle, Vol 91, Nº 6, 2021