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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOS CAMPOS GERAIS

CESCAGE

CELSO JOÃO HOCHSCHEIDT

IMPLANTES DENTÁRIOS EM ZIRCÔNIA: UMA ALTERNATIVA PARA


O PRESENTE OU PARA O FUTURO?

PONTA GROSSA
2010
CELSO JOÃO HOCHSCHEIDT

IMPLANTES DENTÁRIOS EM ZIRCÔNIA: UMA ALTERNATIVA PARA


O PRESENTE OU O FUTURO?

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso


de Especialização em Implantodontia do Centro de
Ensino Superior dos Campos Gerais − CESCAGE, para
obtenção do título de Especialista.

Orientador: Prof. Dr. Edson Durval Menezes Alves


Co-Orientador: Prof. Dr. Luiz Antônio Bastos Bernardes

PONTA GROSSA
2010
DADOS CURRICULARES

1979 -1982 – Curso de Odontologia na Universidade Federal do Paraná.

1993 -1994 − Curso de Especialização em Prótese Dentária – ABO- Curitiba-Pr.

1995 -1996 − Curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial – ABO-PG.

2008 - 2010 − Curso de Especialização em Implantodontia – CESCAGE – PG.

Out / 2010 - Curso de Certificação e Capacitação no sistema Z-Systems AG pelos prof. Dr.
Carlos Veloso e Dr. Paulo Leme – SP.

Out / 2010 - Curso de Imersão na Clínica Oral Iceberg no Sistema CeraRoot, pelo Dr. Xavier
Oliva Ocehoa, Barcelona / Espanha.

Out / 2010 - Curso de Aperfeiçoamento no Sistema Z-Systems AG, por Matthias Zierold
(General Mananger International Z Systems), Oensingen / Suiça.

CONTATO

Clinica Top Odontologia


Rua Cel. Bittencourt, 618 - Centro (próximo à UEPG)
84010290 – Ponta Grossa – Pr. - Brasil.
fone: (42) 3025 6762 – fone/fax: (42) 3223 4438
e-mail: topodontologia@hotmail.com
celsoh-ortod@uol.com.br
IMPLANTES DENTÁRIOS EM ZIRCÔNIA: UMA ALTERNATIVA PARA
O PRESENTE OU O FUTURO?

Orientadores: Prof. Dr. Edson Durval Menezes Alves,


Prof. Dr. Luiz Antônio Bastos Bernardes

Trabalho aprovado em banca examinadora do Centro de Ensino Superior dos


Campos Gerais, no Centro de Desenvolvimento Empresarial e Pós-Graduação, em
16 de Julho de 2010, composta pelos professores:

_____________________________________________________________
Prof. Dr. Edson Durval Menezes Alves – S.L.Mandic / Cescage − Presidente

_____________________________________________________________
Prof. Dr. Luiz Antônio Bastos Bernardes − Depto. Fisica – UEPG

_____________________________________________________________
Prof. Dr. Leandro Lipinski – Cescage – PG

_____________________________________________________________
Prof. Dr. Alessandro Lisboa − Cescage – PG

PONTA GROSSA
2010
DEDICATÓRIA

À Deus, pelo dom da vida, pelas graças e talentos recebidos.

Aos meus pais, Hildeberto e Iria pela formação familiar e carinho incondiconal.

À minha querida esposa, Margareth Luz Hochscheidt, colega de profissão e maior


incentivadora na busca das minhas especializações, minha eterna gratidão.

Aos filhos, Regina e Renato, pelo auxílio nas pesquisas e digitações; pela paciência
e tolerância durante minha ausência no período do Curso de Especialização.

In memoriam ao sogro Edison Luz e a vovó Maria de Jesus Portela, minha eterna
gratidão pelo legado que deixaram naquilo que é o Essencial da vida e que restará
para sempre.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Ao orientador e coordenador do curso, Prof. Dr. Edson Durval Menezes Alves, pelo incentivo
para a conquista desta Especialidade da Odontologia e por acreditar no desafio do tema
proposto.

Ao co-orientador e amigo, Prof. Dr. Luiz Antônio Bastos Bernardes (UEPG), entusiasta da
Física e da pesquisa, pelo precioso auxílio nas interpretações e correções.

Aos professores do curso: Dr. Antonio Tannouri, Dr. Roberto Kravchychyn, Dr. Felipe B.
Beuniaki, Dras. Roseli e Rosane e aos professores da área conexa: Dra. Ana Cláudia, Dr.
Carlos Goiatá, Dr. Fábio A. Santos, Dr. João Toledo, Dr. Eduardo Ferruccio, Dr. Frauzemir
S. Lopes, Dra. Isabel Ito, Dr. Velini, Dra. Karin H. Neppelembrock, Dr. Luis A. Violin Pereira,
Dra. Márcia T. Pochapski, Dr. Marcos A. Bernardin, Dr. Marcio Baltazar Conz, Dr. Rafael
Sartori, Dr. José Renato, Dra. Ricarda, Dr. Ricardo Ciantelli, Dr. Sérgio, Prof. Osmar Gomes
Jr., Dra. Paula Moura, Dra. Rosilda B. Martins e Dr. Willian Scheidt.

Pela complementação técnica sobre os implantes cerâmicos pelos prof. Dr. Carlos Veloso,
Dr. Paulo Leme (Research Team da Z-Systems AG – Metal Free solutions Alemanha /
Suiça), Dr. Xavier Oliva Ochoa (Oral Iceberg / CeraRoot – Barcelona / Espanha) e de
Matthias Zierold (General Mananger International Z Systems – Oensingen / Suiça).

Aos colegas de curso: Cláudio, Darcy, Emilio, Evaldo, Gustavo, Rodrigo e Tatiane, pela
amizade construída.

Às secretarias do curso e auxiliares: Marina, Karine, Ana e aos funcionários do Cescage,


pela ajuda fundamental proporcionada neste período.

A todos os pacientes do curso que possibilitaram as atividades práticas da clínica.

Aos colegas de trabalho da 3ª RS, na SCVGS: Dra. Vânia R. Martins, José Marcondes
Pessoa, Cassia Y. Shishido, Ivana L. Belmonte, Licélia R. F. Moreira, Amilton Toni Fontoura
e aos estagiários do setor, Mariana e Cézar, pela força recebida em muitos momentos desta
pesquisa.

Às colegas de profissão da nossa Clínica Top Odontologia, Dra. Shenia V. Santos, Dra.
Rosali R. Scheirer e Dra. Margareth Hochscheidt e às funcionárias: Eugênia, Janaina, Rosa,
Roselma, Joana e aos sobrinhos Érica e Thiago, um obrigado pela confiança depositada.

Aos clientes que acreditaram no êxito deste curso e no desafio deste trabalho inovador para
a Odontologia, nosso muito obrigado.

À Cláudia Fonseca pelo auxílio nas correções finais, diagramação e impressões.

À Dalva Panzarini na ajuda das traduções da língua inglesa.

A todos aqueles que compreenderam minha ausência, dedico esta conquista e espero que
ela possa contribuir, com a sua medida, para um amanhã melhor.

E agora, dedico a você caro leitor, com quem desejo compartilhar este trabalho, para o
progresso da ciência e, sobretudo, para o bem da humanidade.
Em ciência, as soluções são sempre provisórias,
mas a procura de soluções, essa sim é permanente.
Albert Einstein

...só quem possui grandes ideais é que faz a história.


Chiara Lubich
RESUMO

Os implantes dentários e os abutments normalmente são fabricados com titânio


comercialmente puro, em virtude da sua histórica biocompatibilidade e das
excelentes propriedades mecânicas. No entanto, nos casos de problemas locais,
relacionados com fenótipos gengivais finos e/ou com uma linha do sorriso alta,
sempre foram um desafio para a estética em Implantodontia. Nestas situações,
existe o risco de transparecer a cor acinzentada através da mucosa gengival.
Também têm sido relatados os efeitos prejudiciais dos materiais metálicos no
organismo humano, tanto ao nível periimplantar, como no sistêmico, principalmente
pelos seguidores da Medicina holística. A cerâmica de zircônia é considerada um
biomaterial que apresenta ótima biocompatibilidade, sem efeitos mutagênicos ou
carcinogênicos, além de menor adesão bacteriana e melhor periointegração, quando
comparada ao titânio. Os implantes de Y-TZP (zircônia tetragonal policristalina
estabilizada com ítria) têm várias vantagens sobre outros materiais, devido à
transformação dos mecanismos de tenacidade operando em sua microestrutura.
Com o objetivo de encontrar respostas a uma possível alternativa para a substituição
do uso do titânio na Implantodontia, realizou-se uma ampla revisão bibliográfica.
Procurou-se sistematizar a evolução das pesquisas sobre a cerâmica de zircônia,
com estudos in vitro e in vivo, mostrando-se dados clínicos da conexão osso-
implante (BIC). Também foram avaliadas a biocompatibilidade e a longevidade
desses materiais na Implantodontia, buscando melhorar os resultados estéticos e a
satisfação dos pacientes e dos profissionais ligados a essa especialidade, sem
prejuízo à saúde. Por fim, foram apontadas as tendências do momento e futuras
perspectivas de mercado dos biomateriais. Mesmo existindo poucos dados clínicos e
histológicos sobre o comportamento biomecânico dos sistemas de zircônia
existentes, a demanda por eles tem aumentado, com recentes resultados
animadores, sobretudo pelo processo de cicatrização dos tecidos moles e duros. É
um mercado em plena expansão, com grandes perspectivas de futuro, graças à
crescente conscientização dos pacientes em busca por tratamentos metal free, os
quais aliam saúde à estética. Com base nas publicações científicas internacionais,
os implantes dentários de zircônia já são uma alternativa viável para substituir o
titânio, em casos selecionados, como na região anterior. Os melhores resultados
foram obtidos com a cerâmica Y-TZP com superfícies modificadas, por conduzirem a
uma cicatrização inicial mais rápida. Entretanto, para a comunidade científica, os
dados clínicos relacionados com os implantes das cerâmicas de zircônia em geral
ainda não são suficientes para recomendá-los como uso clínico de rotina.

Palavras-chave: Implantes dentários em zircônia. Implantes cerâmicos. Cerâmica


Y-TZP. Osseointegração da zircônia (BIC). Biomateriais de óxido de zircônia.
ABSTRACT

Dental implants and abutments are usually made from commercially pure titanium
because of its historical biocompatibility and mechanical properties. However, in
cases of local problems related phenotypes gingival fine and / or with a high smile
line, have always been a challenge to the aesthetics in dental implantology. In these
situations there is a risk to shine through the color gray gums. Have also been
reported harmful effects of metallic materials in the human body, both in peri-implant,
as in systemic, especially by followers of holistic Medicine. The zirconia ceramic is
considered a biomaterial that has excellent biocompatibility, no mutagenic or
carcinogenic effects, and reduced bacterial adhesion and better periointegration
compared to titanium. The implants of polycrystalline tetragonal zirconia stabilized
with yttria (Y-TZP) have several advantages over other materials due to the
transformation toughening mechanisms operating in their microstructure. Aiming to
find answers to a possible alternative to replace the use of titanium in dental
implants, we carried out an extensive literature review. We tried to systematize the
development of the research on zirconia ceramic in vitro and in vivo clinical data
showing the connection bone-implant (BIC). We evaluated the biocompatibility and
longevity of these materials in implant dentistry, seeking to improve the cosmetic
results and satisfaction of patients and professionals engaged in that specialty,
subject to health. Finally, we pointed out the current trends and future prospects of
the biomaterials market. Although there are few clinical and histological data on the
biomechanical behavior of implants with zirconia systems, the demand for them has
increased, with recent encouraging results, especially through the healing process of
soft and hard tissues. It is a booming market, with great prospects, thanks to
increasing awareness of patients seeking treatment for metal free, which combine
the aesthetic health. Based on international scientific journals, dental implants
zirconia are already a viable alternative to replace the titanium implants in selected
cases, as in the anterior region. The best results were obtained with Y-TZP ceramic
surface modified by lead to a faster initial healing. However, the scientific community,
the clinical data related to zirconia ceramic implants in general are still not enough to
recommend them as routine clinical use.

Keywords: Dental implants in zirconia. Ceramic implants. Y-TZP ceramics.


Osseointegration of zirconia (BIC). Biomaterials zirconoxide.
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

ABREVIATURAS

ABL – aluminoborossilicato de lantânio ISO − International Standards


zircônia tetragonal policristalina Organization
3Y-TZP – estabilizada com ítrio 3% mol LTD − degradação à baixa temperatura
AFM – microscopia de força atômica LTT – linfócitos totais – ex. laboratorial
AL2O3 − óxido de alumínio, alúmina amorfo MEV – microscopia eletrônica de
ALP − fosfatase alcalina varredura
ATZ – zircônia tenacificada por alumina MgO – óxido de magnésia
BET – adsorção gasosa MgPSZ – zircônia parcialmente estabilizada
BIC − bone connecting interface com óxido de magnésio
BMP 1 – proteína morfogenética tipo 1 MiRNA − micro ácido ribonucléico
BMP – Bone Molphogenetic Protein/ MMPs – enzimas metaloproteinases
Proteína morfogenetica Ossea MO – microscopia óptica
BL − Nível do osso marginal MFA – microscopia de força atômica
CAD – computer-aided design MET – microscopia de transição
CAL 72 – células semelhantes a mRNA – RNA mensageiro
osteoblastos NH3 – amônia
CAM – computer-aided manufacturing PSZ – zircônia parcialmente estabilizada
CaO – óxido de cálcio RKKP – vidro de fosfosilicato
CaP – fosfato de cálcio RTQ – torque de remoção
CaZrO3 – zirconato de cálcio SBF – simulação de corpo fluido
CL 50 – longevidade clinica, meia vida SAM – Análise SignificanciaMicroArranjos
CO2 – dióxido de carbono, gás carbônico SEM – Scanning Electron Microscopy
CoCr – liga de cobalto-cromo Si3N4 – nitreto de silício
Co-Cr-Mo – liga de cobalto-cromo-molibdênio, SLA – sand blasted-acid atched-large grit
Vitallium TCP – fosfato tricálcio
CP–Ti – titânio comercialmente puro THR – Total Hip Replacements
CrNi – liga de cromo-níquel Ti6A14V – liga de titânio, Tilite
CT – tomografia computadorizada TIMPs – inibidores de metaloproteinases
DCP / TCP – fosfato bicálcico/ fosfato de cálcio Tr2O3 – oxido de tório
trifásico TVP – tomografia volumétrica
EDX – Energy Dispersive X-ray TZP – zircônia tetragonal policristalina
Spectroscopy Y2O3 – oxido de ítrio
EDS − Espectroscopia por Energia YCl3 − cloreto de ítrio
Dispersiva Y-PSZ – zircônia parcialmente estabilizada
Er:YAG – Erbium Doped Yttrium com ítrio
Aluminium Garnet ZPE-Y – zircônia tetragonal policristalina
HA – hidroxiapatita estabilizada com ítrio
HF – ácido fluorídrico ZrO2 – óxido de zircônia
HIP − Processo Isostático pós- ZrSiO4 − zircão, zirconita ou silicato de Zr.
compactação de solo ZTA − alumina tenacificada por zircônia
SÍMBOLOS
μm – micrômetro m – metro
mm – milímetro °K – graus Kelvin
cm – centímetro °C – graus Celsius
g – grama W – watts
kg – kilograma t→m – fase tetragonal para a fase
MPa – mega Pascal nonoclínica
GPa – giga Pascal c→t – fase cúbica para a fase tetragonal
HV – dureza Vickers F − símbolo químico do flúor
N – newton Cl − símbolo químico do cloro
kgf – kilograma-força Zr − símbolo químico da zircônia
Ti − símbolo químico do titânio
LISTA DE FIGURAS E QUADROS

FIGURA 1 − Secção transversal com espessa camada de cerâmica de titânio em nanoescala ....... 20
FIGURA 2− MEV do sistema ZrO2-Al2O3 e pilares de alumina/zircônia pré-fabricados para os
implantes em diferentes diâmetros. ................................................................................ 20
FIGURA 3 − Núcleo em cerâmica de zircônia.Vista intrabucal do núcleo cimentado e coroa de
zircônia instalada.. ........................................................................................................... 23
FIGURA 4 − Pó de zircão; zircônio fabricado em conformidade com o processo Van Arkel-de
Boer ................................................................................................................................. 24
FIGURA 5 − Preparação da zircônia parcialmente estabilizada (ZPS ou ZPE) com ítrio. .................. 25
FIGURA 6 − Estruturas cristalinas da zircônia: a- monoclínica; b- tetragonal; c- cúbica .................... 26
FIGURA 7 − Componentes de próteses ortopédicas; blocos de zircônia para próteses dentais ............. 27
FIGURA 8 − Características físico-químicas da Zr ............................................................................. 28
FIGURA 9 − Zircônia cúbica ou dióxido de zircônio (ZrO2) ................................................................ 28
FIGURA 10 − Seção transversal do revestimento de vidro RKKP após um mês em SBF. À dir.,
comparação entre as camadas auto-cultivadas em amostras a granel. ....................... 30
FIGURA 11 − Micrografias da Zr totalmente sinterizada. Análise de difração de raios-X. .................... 30
FIGURA 12 − Descrição da transformação t→m em diferentes etapas e com diferentes técnicas.. .... 31
FIGURA 13 – Micrografia da cerâmica 3Y-TZP sinterizada a 1300ºC (A) e 1450ºC (B) ......................... 35
FIGURA 14 − Transformação de fases da zircônia. .............................................................................. 35
FIGURA 15 − Distribuição do tamanho de partículas, por sedimentação dos pós utilizados na
preparação das amostras. Difratograma de Raios X das amostras ZrO2 ...................... 38
FIGURA 16 − Imagem de ME por scaneamento da cerâmica Y-TZP a 3% mol. .................................. 38
FIGURA 17 − Teste de resistência da cerâmica TZP; medição óptica do pilares de cerâmica. ........... 41
FIGURA 18 − Representação esquemática da formação da microtrinca ao redor de uma partícula
de Zr transformada (a) e a absorção da energia de uma trinca em propagação (b).
– mecanismo de transformação induzida por tensão. .................................................... 42
FIGURA 19 − Implante híbrido (metal-cerâmica); centro – protótipos híbridos para testes em
animais; protótipos implantados em animal. ................................................................... 43
FIGURA 20 − Zircônia temperada com Alumina (ZTA). Fase dispersa da ZrO2 tetragonal;
zircônia parcialmente estabilizada com magnésio (Mg-PSZ). Fase lenticular ZrO2-
t sobre a face cúbica; Y-TZP. .......................................................................................... 44
FIGURA 21 − Sistema cerâmico Ice Zircon CAD/CAM – dentina dinâmica.. ........................................ 46
FIGURA 22 – Curva de viabilidade celular da cerâmica ZrO2-biovidro obtida por teste de
citoxidade, em função da concentração de extrato. À dir. Diagrama de Weibull
quando dopadas a 3 e 5% (1500º C). ............................................................................. 48
FIGURA 23− Imagem de MEV. Osteoblastos humanos primários cultivados sobre a zircônia ............ 49
FIGURA 24 − Fluxograma da estratégia de busca dos 25 estudos. ..................................................... 52
FIGURA 25 − SEM das morfologias dos revestimentos de HA pura em ZrO2, após o tratamento
térmico a 1250º C por 1h. ................................................................................................ 54
FIGURA 26 − Ensaio de citotoxicidade: análise das amostras de ZrO2-Al2O3 (80:20) sinterizadas
a 1500° e 1600°C. À dir., ensaio de citotoxicidade: análise das amostras de Si3N4
sinterizadas com Tr2O3, em adições de 5, 10 e 20% em volume. ................................ 55
FIGURA 27− Curvas de viabilidade celular obtidas no teste de citotoxicidade dos extratos das
cerâmicas à base de HA, de carbonato de cálcio e controles positivos e negativos.. ... 56
FIGURA 28 − Seqüência de preparo para coroa sobre implante cerâmico de uma peça.. .................. 57
FIGURA 29 − Lista dos RNA mensageiros (mRNA), detectados e regulamentados por micro
RNAs (MiRNAs). em cartilagens e osso humanos; SAM em um lote de genes
MG63 cultivados por 24 h em discos de zircônia. .......................................................... 59
FIGURA 30 −SEM de jato de areia em espécimes de Ti com ataque ácidol; SEM de um
espécime de cerâmica de zircônia. ................................................................................. 60
FIGURA 31 −Implantes de zircônia e titânio com abutmens; conjunto implante- coroa em zircônia
submetidos à carga artificial;implante fraturado ao nível da cabeça. ............................. 61
FIGURA 32 − Distribuição das amostras do estudo; implante ZiUnite incluído no corpo de prova
com ângulo de inclinação de 130°. ................................................................................. 63
FIGURA 33 − Imagens ópticas 3D de profilometria das regiões das roscas em implantes WhiteSky.. ...... 65
FIGURA 34 − Vista dos modelos da análise de elementos finitos, no osso trabecular e cortical.
Tabela 1 contendo os materiais utilizados e tabela 2 com os nódulos e elementos
usados em cada modelo de estudo. ............................................................................... 65
FIGURA 35 − Mostra o contato entre a plataforma do implante e a estreita área de desajuste
angular da coroa. Distribuição do stress von Mises nos grupos de implantes. .............. 66
FIGURA 36 − Implante de Zr revestido com vidro bioativo 30 dias após a cirurgia .............................. 67
FIGURA 37 − Nas regiões dos dentes 11 e 12 dois implantes de zircônia e na região de 21 e 22
de dois implantes de titânio instalados e carregados com coroas metálicas. ................ 69
FIGURA 38 − Implante de Zr de 3mm de diâmetro, com tratamento de superfície.. ............................ 69
FIGURA 39 − Micrografia com azul toluidina e pironina-G mostrando implantes de Zr após 6
semanas de cura com aposição óssea em direção à superficie cerâmica e
detalhes do tecido conjuntivo frouxo. .............................................................................. 70
FIGURA 40 − Implante Straumann (Basel, CH)10,1 X 4,1mm utilizado no estudo animal, com
radiografias e cortes histológicos para a mandíbula....................................................... 71
FIGURA 41 − Ensaio de RTQ dos implantes. Radiografia de 2 implantes feitos de ZrO2
demonstrando a integração óssea e radiopacidade. Cortes histológicos com um
elevado grau de BIC após 12 semanas de cura (a) ....................................................... 72
FIGURA 42 −Implantes de Zr e Ti utilizados no estudo. Aposição óssea em torno dos implantes
de zircônia. Cortes histológicos com azul de toluidina;(7,5 X ampliação) ...................... 72
FIGURA 43 − Vista dorso-ventral do osso ilíaco de uma ovelha, onde os implantes foram
instalados. À dir. calcificação com formação de novo osso (setas) correspondente
às áreas de micro revestimento. ..................................................................................... 74
FIGURA 44 − Análise imunoquimica das características das proteínas ósseas após 7 dias. .............. 74
FIGURA 45 − Em 4 semanas da instalação do implante, o tecido osteóide e ósseo foram
formados na Zr e Ti; após 12 semanas de cicatrização, o osso lamelar maduro
está em íntimo contato com o implante de Zr e de Ti . ................................................. 75
FIGURA 46 − Fratura das amostras com implantes de zircônia em duas metades. ............................. 76
FIGURA 47 − MFA das amostras de Ti-CP; espécime em Zr com tratamento por abrasão;
superfície da Zr com infiltração e gravação seletivas. ...................................................... 77
FIGURA 48 − Fotomicrografias de elétrons por MEV para os animais que receberam implantes A,
C, ZiUnite e TiUnite endósseos, após 3 semanas............................................................ 77
FIGURA 49 − Amostras descalcificadas em metacrilato de metila polido, (azul de toluidina).. ............ 78
FIGURA 50 − Cortes transversais de três modelos alternativos para implantes de Zr. ........................ 79
FIGURA 51 − Implante de Zr com jato de areia. Centro- histologia com azul de toluidina ................... 80
FIGURA 52 − Inserção do implante de Zr com uso de catraca; centro- medição da densidade
óssea. ............................................................................................................................. 81
FIGURA 53 − Implantes utilizados: Zr - Z-Look3; Ti. – TSV e 3i-Osseotite®; protetor idealizado
para os implantes de zircônia no período de cura. ......................................................... 83
FIGURA 54 − Cinco áreas incrementais para a medição da cor. . ........................................................ 84
FIGURA 55 - Cores coordenadas DLn, Dan e Dbn da mucosa periimplantar. .................................... 84
FIGURA 56 − Áreas de medição de cores com e sem faixas de cores no local de teste. .................... 85
FIGURA 57- Protetores para uso sobre os implantes de Zr. (Z-Look3); instalação com
levantamento de seio e transgengival no período de cura. ............................................ 85
FIGURA 58 − Contato íntimo entre o osso recém-formado e a zircônia é demonstrada na luz do
macro-poro. ..................................................................................................................... 87
FIGURA 59 – Medição do primeiro contato osso-implante na linha de referência. ............................... 88
FIGURA 60 − Alvéolo da pós-extração preservado. Implante análogo da raiz em Zr com macro-
retenções; a colocação do implante de única peça; 2 meses após a instalação; 15
meses de seguimento com carga ................................................................................... 89
FIGURA 61 − Fotografia mostrando a forma e dimensões dos botões de Zr intramucosal. ............... 91
FIGURA 62 − Implantes do tipo Z- Lock III utilizados e detalhe da transição da rugosidade de
superfície no pescoço.. ................................................................................................... 91
FIGURA 53 − Caso com agenesia dos 12 e 22. Apesar do fenótipo gengival fino, demonstra a
aparência natural dos implantes Zr. ................................................................................ 92
FIGURA 64 − MEV das diferentes superfícies do estudo (5000X). ....................................................... 93
FIGURA 65 − R.X panorâmico com os implantes de Zr com única peça instalados e detalhes da
mucosa periimplantar de três fixações sup./dir. durante o período de cura. .................. 94
FIGURA 66 − Implantes Zit-Z de zircônia (Ziterion GmbH) instalados na região do 21 e 22. ............... 95
FIGURA 67 − Brocas de Zr para o preparo endósseo; instalação do implantes Zr, preparo do
segmento coronal, controle pós-operatório com protetor e após 3 meses de cura. ...... 95
FIGURA 68 −.Implantes de Zr WhiteSky, com as restauraçoes nos dentes 12 e 13. ........................... 96
FIGURA 69 − Ilustrações do estudo clínico de Volz (2007). .................................................................. 97
FIGURA 70 − Instalação imediata do implante CeraRoot Tipo 14 correspondente ao primeiro
pré-molar sup./dir. (14) e o controle radiográfico. ........................................................... 97
FIGURA 71− Agenesia congênita do canino sup./dir. (13), instalação do implante zircônia,
controle radiográfico e instalação da prótese com cerâmica de zircônia ....................... 98
FIGURA 72 − Agenesia dos incisivos laterais e instalação imediata de implantes ZrO2. ..................... 99
FIGURA 73− Implante zircônia (3Y-TZP) para o dente incisivo lateral sup/esq. (22). ...................... 99
FIGURA 74 − Implante Zeramex® em duas peças para os dentes 13-14 e coroas. ......................... 100
FIGURA 75 − Implante de Zr com coroa de cerâmica para o dente 21. ............................................. 100
FIGURA 76 − Reabilitação completa metal free com 15 implantes CeraRoot e restaurações de
ZrO2. ................................................................................. Erro! Indicador não definido.
FIGURA 77 − Materiais utilizados no estudo: HA, Ti, Tilite e Zirônia. ................................................. 103
FIGURA 78 − Preparação de prótese biocerâmica (CAM implants) por pulverização com plasma.Erro! Indicador nã
FIGURA 79 − Implante de Zr de corpo único na região do 36 e 37 com coroas cerâmicas.. ............. 104
FIGURA 80− A degradação da superfície da prótese de quadril com Zr devido à combinação do
envelhecimento e desgaste. ......................................................................................... 106
FIGURA 81 − Sistema computadorizado CAD/CAN na usinagem da zircônia e caracterizações
dentinárias em cerâmicas para a zircônia.. .................................................................. 107
FIGURA 82 − Implantes e componentes IncerMed AS (Suiça). ........................................................ 107
FIGURA 83− Tipos de implantes de zircônia CeraRoot (Espanha) e suas indicações. 14 para pré-
molares; 12 para incisivos laterais, 11 para incisivos centrais e caninos sup., 21
para os pequenos incisivos superiores e caninos e 16 para molares .......................... 107
FIGURA 84− Representantes dos implantes em zircônia White Sky (Alemanha). ............................. 108
FIGURA 85− Blanks ou lingotes de cerâmica ZrO2 e etapas de fabricação para o implante Zit-Z
(Alemanha). Inserção de um implante com instrumento e o modelo prescrito pelo
fabricante. ...................................................................................................................... 108
FIGURA 86− Implantes Z Look e instrumental de zirconia Z-Systems (Alemanha). ........................... 108
FIGURA 87− Tempo estimado para a difusão ocorrer e homogeneizar o teor de Y (ítrio) contendo
grãos de 0,5 e de 3µm de diâmetro, em diferentes temperaturas na 3Y-TZP. ............ 109
FIGURA 88 − Resistência à propagação da fratura em alumina, 3Y-TZP, 12 Ce-TZP, Mg-PSZ,
A10Z0Y, compósitos micro-nano-Al/Zr, Nano nano-Ce-TZP-Al.. ................................... 110
FIGURA 89 − Design de implantes minimamente invasivos. a) prótese total de quadril, (b) prótese
unicondilar de joelho. Projeto IP Nanoker – Itália. ...................................................... 111
FIGURA 90 − Caso clínico apresentado com implante de Zircônia em duas peças, com a coroa. .... 112
FIGURA 91 −Implante cerâmico de forma triangular, sistema de proteção anti-rotação, com
forma cilíndrica com diâmetro de 4,2 e 5,5 mm, apresentando superfície rugosa,
com comprimentos de 8,0 a 14,0 mm.. ......................................................................... 113
FIGURA 92 − Caso clínico apresentado com o implante Zeramex ® em duas peças. 1) ausência
do primeiro pré-molar; 2)Inserção do Implante Zr; 3) vista oclusal; 4) radiografia
periapical; 5) relação com antagonistas; 6) impressão com transferência; 7)
modelo de trabalho com o pilar e coroa de Zr; 8) instalação do pilar. .......................... 114

QUADRO 1 − Os materiais utilizados para implantes endósseos (adaptado de WATAHA, 1996). ........ 17
QUADRO 2 − Propriedades das principais cerâmicas utilizadas como materiais dentários ................. 33
QUADRO 3 −Propriedades dos biomateriais comerciais de zircônia e o padrão da ISO-13356,
1997................................................................................................................................. 39
QUADRO 4 −Valores dos módulo de elasticidade, dureza, tenacidade a fratura e resistência de
alguns sistemas cerâmicos utilizados, comparados com a dentina humana. ................ 45
QUADRO 5 − Estudos de implantes de Zircônia com diferentes superfícies e designs mais
utilizados ......................................................................................................................... 50
QUADRO 6 − Quadro de redução de células bacterianas aderidas à superfície de diferentes
implantes de titânio e zircônia, com e sem tratamento de superfície. ............................ 64
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 15


2.1 EVOLUÇÃO DOS MATERIAIS USADOS NOS IMPLANTES DENTÁRIOS ......... 15
2.2 ZIRCÔNIA: UM NOVO BIOMATERIAL ............................................................... 23
2.2.1 Origem, obtenção e utilidades da Zircônia ....................................................... 23
2.2.2 Características e aplicações da Zircônia ........................................................... 27
2.2.3 Propriedades químicas e físicas da Zircônia ..................................................... 36
2.2.4 Testes de cultura e biocompatibilidade da Zircônia ........................................... 46
2.2.4.1 Estudos In Vitro .............................................................................................. 53
2.2.4.2 Estudos In Vivo - Animais.............................................................................. 66
2.2.4.3 Pesquisas clínicas em humanos .................................................................... 82
2.3 CASOS CLÍNICOS COM IMPLANTES EM ZIRCÔNIA ........................................ 94
2.4 LONGEVIDADE DOS IMPLANTES DENTÁRIOS .............................................. 102
2.5 TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS FUTURAS DOS BIOMATERIAS E DOS
IMPLANTES CERÂMICOS................................................................................ 105

3 DISCUSSÃO ........................................................................................................ 114

4 CONCLUSÃO....................................................................................................... 129

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 130


13

1 INTRODUÇÃO

A utilização das biocerâmicas como material substituto dos dentes naturais


apresenta cerca de 4000 anos de história, sendo verificada desde a civilização Maia,
em crânios onde foi verificada a substituição de dentes perdidos por fragmentos
esculpidos em madrepérola. Entretanto, na clínica odontológica, reporta-se a partir do
século XVIII o uso de porcelanas em coroas protéticas e no século XIX pela Ortopedia
Médica com o uso de gesso Paris como material de preenchimento ósseo
(CHEVALIER; GREMILLARD, 2009).
A Implantodontia como até hoje a conhecemos, iniciou em 1952 quando Per-
Ingvar Branemark e sua equipe procederam a investigações microscópicas sobre a
micro-vascularização óssea. O conceito de osseointegração abriu uma nova era no
tratamento clínico, com técnicas predictíveis, seguras e limitadas somente pela
imaginação dos clínicos que as utilizam. A Implantodontia como ciência, tem evoluído
notadamente nas últimas cinco décadas, tanto na clínica, como em laboratórios,
graças à participação de equipes multidisciplinares (BRANEMARK; ZARB;
ALBREKTSSON, 1987).
Paralelamente às pesquisas com o titânio, alguns investigadores pensavam
num material alternativo ao metal, que fosse mais estético, biocompativel e com
propriedades mecânicas semelhantes. O Prof. Samy Sandhaus (Lausanne, Suíça)
foi um dos pioneiros nesta área que descreveu um sistema de implantes dentários
de óxido de cerâmica, um parafuso de osso cristalino, com uma taxa de sucesso de
apenas 25 % após 5 anos, mas que contribui muito para as pesquisas que se
seguiram com os implantes cerâmicos (WENZ et al., 2008); (KOHAL et al., 2008).
A necessidade de obtenção de novos materiais para substituição de partes do
corpo humano que foram destruídas ou danificadas conduziu os cientistas a
desenvolver as biocerâmicas desde os anos 70, em virtude dos materiais metálicos
em uso até então, começarem mostrar problemas. A vantagem de utilizar
biocerâmicas se dá pelo fato de serem os materiais que mais se assemelham com o
tecido ósseo, apresentam estabilidade química, elevada dureza e resistência ao
desgaste, apesar das baixas propriedades mecânicas quando comparadas aos metais
(MORAES, 2004); (AZEVEDO et al., 2007).
Na década de 80, foi utilizado um implante dentário imediato chamado
Tübinger (Friadent, Mannheim, Alemanha), feito de óxido de alumínio (Al2O3), mas
14

logo foi retirado do mercado devido à sua baixa resistência à fratura e fraca interface
implante-osso, quando comparada aos tradicionais implantes de titânio, o que deixava
uma sobrevida muito reduzida (KOHAL et al., 2006); (WENZ et al., 2008).
Com o atual conhecimento científico, o tratamento exclusivamente com os
implantes dentários em titânio deve ser visto de forma crítica, uma vez que existem
grupos populacionais que apresentam inúmeras doenças relacionadas com uso de
metais. Baseando-se em argumentos de reconstruções estéticas, nas propriedades
dos biomateriais e exigências de tratamentos metal free para os pacientes sensíveis
ou alérgicos às partículas de titânio ou aos seus subprodutos liberados no organismo,
muitos estudos têm sido propostos, particularmente os que dizem respeito à cerâmica
de zircônia (ARLOM, 2008); (ANDREIOTELLI; WENZ; KOHAL, 2009).
Nos últimos anos a pesquisa tem concentrado esforços na busca de novas
formas e superfícies dos implantes, a fim de estabelecer um melhor e mais íntimo
contato com o osso, favorecendo desta forma, a osseointegração dos materiais
cerâmicos. Tais pesquisas pretendem essencialmente avaliar a viabilidade do uso
destes materiais em alternativa ao titânio e a capacidade de responder às exigências
mecânicas e às expectativas dos pacientes mais exigentes na Implantodontia
(OZKURT; KAZAZOGLU, 2010).
Há muitos anos a zircônia é amplamente utilizada em virtude das suas
propriedades físicas e químicas, estabilidade dimensional, alta resistência mecânica e
dureza, baixo módulo de elasticidade, semelhante ao da liga de aço inoxidável. Essas
propriedades são as mais altas já relatadas em qualquer cerâmica dental. Graças à
sua cor branca, semelhante à cor dos dentes naturais e à sua capacidade de
transmitir luz, a zircônia torna-se importante nas reabilitações de áreas esteticamente
relevantes da cavidade bucal. A zircônia tem sido utilizada para pinos intraradiculares
desde 1989; para braquetes ortodônticos, desde 1994; como pilares ou abutments de
implantes, desde 1995 e para todas as cerâmicas de próteses parciais fixas, desde
1998 (OZKURT; ISERI; KAZAZOGLU, 2010).
Com o objetivo de encontrar respostas a uma possível alternativa para a
substituição do uso do titânio na Implantodontia, partiu-se para a realização de uma
ampla revisão bibliográfica, procurando sistematizar a evolução das pesquisas com a
cerâmica de zircônia in vitro e in vivo; mostrando dados clínicos da conexão osso-
implante (BIC); avaliando a biocompatibilidade e a longevidade desses materiais na
Implantodontia e que permitam melhorar os resultados estéticos, sem prejuízo à
15

saúde, aumentar a satisfação dos pacientes, assim como dos profissionais ligados a
essa especialidade, apontando os sistemas existentes, tendências futuras e
perspectivas de mercado.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 EVOLUÇÃO DOS MATERIAIS USADOS NOS IMPLANTES DENTÁRIOS

A primeira referência da literatura para a substituição de peças dentárias de


forma permanente reporta a 1809 por Maggiolo, que descreveu implantes dentários
em forma de raízes em ouro 18 quilates. Nesta mesma época muitos outros
seguiram tentando abordar novas formas de obter uma ancoragem óssea, como os
casos de Rogers em 1845, Younger no ano de 1885 e no ano seguinte Edmunds e
Harrir, Bonwill em 1895, Edwards em 1889, Payne em 1898 e as tentativas de
Schonol no ano de 1905. As razões para os fracassos foram atribuídas em parte aos
materiais utilizados até então, tais como: ferro, ouro, chumbo e porcelana, quer para
substituir as raízes dos dentes ou como um revestimento do dente transplantado ou
replantado. Tais materiais, pelas baixas propriedades biológicas, não se integraram
aos tecidos da área receptora, causando uma rápida ou precoce reabsorção óssea e
a subseqüente perda do implante (RUDY et al., 2008).
Em 1913 Greenfield detalhou na revista Dental Cosmos as limitações dos
transplantes dentários pelas reabsorções radiculares a curto e a longo prazo. Foi
considerado um inovador no seu tempo pela descrição cirúrgica para instalação de
implantes, utilizando um método que começava com um retalho de tecidos moles, a
introdução de uma broca-guia, seguido de uma broca piloto e outra final. O autor
afirmava que a osteotomia deveria ser do tamanho preciso do implante para que não
houvesse um micro-movimento e que possibilitasse a estabilidade do mesmo. Este
conceito foi denominado mais tarde de “estabilidade primária”, considerado
fundamental para a osseointegração até os dias de hoje. Além disso, o autor já
sugeria o uso de radiografias pós-operatórias para confirmação da posição do
implante (RUDY et al., 2008).
Na década de 1920 Althur Zierold publicou estudos com cães comparando
as reações teciduais no decurso da implantação de diversos metais, objetivando
16

descobrir reações de corpo estranho. Seguindo nessa mesma linha de pesquisa,


Venable e Stuck em 1936 e 1938 apuraram a corrosão dos metais e a correlação
com a falta de biocompatibilidade. Nas descobertas realizadas, esses autores
evidenciaram uma liga metálica de cobalto, cromo e molibdênio, denominada
Vitallium, que apresentava uma baixa corrosão e era eletricamente neutra. Essa liga
foi aplicada no ano seguinte por A. Strock, na Universidade de Harvard com um
novo “design de parafuso”, a um implante de Vitallium, acreditando que esta nova
forma seria responsável pela estabilidade do mesmo. Foi a primeira vez na história
da Implantodontia que não se desenvolveu uma reação adversa no local da
implantação. Pelo contrário, o insucesso desta feita, foi devido às propriedades
mecânicas, pela sobrecarga recebida nos implantes e não pela falta de
biocompatibilidade dos mesmos, fato este que deixou muitas dúvidas na
previsibilidade dos tratamentos (RUDY et al., 2008).
Bothe, Beaton e Davenport, em Chicago 1940, expandiram os
conhecimentos sobre o papel eletrostático que os materiais implantados
provocavam, como por exemplo, uma reação adversa nos tecidos periimplantares
adjacentes. De acordo com Rudy et al. (2008), eles referiram que

[...] a resposta óssea ao titânio era boa, senão melhor que a das ligas não
corrosivas, na qual houve mais tendências do osso a fundir-se com o
mesmo [...] Se a evolução metalúrgica do futuro tornar possível trabalhá-lo
em formas adequadas, este metal teria a força e dureza necessárias para
uma sustentação adequada.

Esta citação foi muito relevante para a inclusão do titânio na Implantodontia


alguns anos depois.
Em 1951, Leventhal sugeriu o titânio como metal ideal para as fixações
ósseas pelas características de resistência à corrosão, capacidade de ser soldado e
usinado como o aço inoxidável. Este autor descreveu o que, anos mais tarde,
Branemark definiu como “osseointegração”. Levanthal afirmou que

[...] ao final de seis semanas os parafusos ficaram ligeiramente mais


apertados do que quando originalmente colocados, em 12 semanas os
parafusos foram mais difíceis de serem removidos e no final de 16
semanas, uma amostra de fêmur fraturou na tentativa de remoção. Ao
exame microscópico não revelou nenhuma reação nos implantes e a
trabeculação óssea aparentava ser normal (RUDY et al. 2008).
17

A Implantodontia, como hoje a conhecemos, iniciou em 1952 quando Per-


Ingvar Branemark e sua equipe procederam a investigações microscópicas sobre a
micro-vascularização óssea in situ e in vivo nas tíbias de coelhos e em mandíbulas de
cães. Utilizando uma câmera oca de titânio puro que continha um sistema óptico para
transiluminação, sua equipe pôde observar a circulação sangüínea na medula através
de uma finíssima camada de 10µm de espessura. Após realizarem diversas
experiências, perceberam que as câmeras ópticas não podiam ser removidas do osso
após a cicatrização. A estrutura de titânio estava incorporada completamente no osso
e o tecido mineralizado era totalmente congruente com as micro-irregularidades da
superfície do metal. Foi através desta casualidade que Branemark introduziu o termo
osseointegração como “uma conexão direta estrutural e funcional entre o osso vivo,
ordenado e a superfície de um implante submetido à carga funcional” (BRANEMARK;
ZARB; ALBREKTSSON, 1987).
O objetivo da colocação de implantes dentários endósseos é conseguir a
osseointegração, ou seja, a integração do osso com o implante. Uma grande
variedade de materiais tem sido usada para estes implantes, mas apenas alguns
promovem a osseointegração e biointegração (Quadro 1).

QUADRO 1 − Os materiais utilizados para implantes endósseos (adaptado de WATAHA, 1996).

MATERIAL NOME COMUM / ABREVIATURA


Metais
Titânio CP-Ti , Titânio comercialmente puro
Liga de Titânio Ti6A14V, Tilite
Aço Inoxidável SS, 316L SS
Liga Crómo-Cobalto Vitallium, Co – Cr – Mo
Liga de Ouro Au
Tátalo Ta
Cerâmicas
Alumina Al2O3, amorfo ou cristal de safira (Kiocera)
Hidroxiapatita HA, Ca10(PO4)10(OH)2
Tricálcio Beta-fosfato B – TCP, Ca3 (PO4)2
C vítreo, (LTI) isotrópico de baixa temperatura;
Carbono
(ULTI) isotrópico de muito baixa temperatura
Carbono – Sílica C – Si
Biovidros SiO2 /CaO / Na2O / P2O5
Polímeros
Poli metil metacrilato PMMA
Poli tetra fluoretileno PTFE
Poli etileno PE
Poli sulfato PSF
Poli uretano PU
FONTE: Adaptado de Wataha (1996)
18

O titânio comercialmente puro (CP-Ti) é amplamente usado como material


para implante devido as suas propriedades mecânicas favoráveis e a excelente
biocompatilidade. No entanto o CP-Ti tem baixa resistência à fadiga quando
comparado a uma liga de titânio. O titânio e sua liga (Ti6A14V) têm sido aceitos pela
comunidade mundial como os materiais mais utilizados pela classe odontológica. O
óxido da superfície titânio parece ser fundamental para a capacidade deste material
osseointegrar. Estas áreas de investigação são particularmente importantes na
definição das diferenças entre os implantes CP-Ti e aqueles feitos de titânio e suas
ligas. Muitos materiais apresentam problemas de biocompatibilidade, como o caso
do aço inoxidável ou das ligas de cromo-cobalto, assim como relativos à sua
resistência mecânica, como é o caso das cerâmicas, dos polímeros ou dos
carbonos. Ao longo dos anos, estes materiais levaram a enormes insucessos
clínicos, com a formação de uma encapsulação fibrosa entre o osso e o implante ou
à fratura do mesmo (WATAHA, 1996).
Greenspan (1999) pesquisou na literatura no período de 1997 a 1998 os
materiais cerâmicos bioativos utilizados em implantes para aplicações ortopédicas e
dentárias. Afirmou que, o campo para os implantes de cerâmicas bioativas é ainda
relativamente novo e, em questão de longevidade, alguns implantes de quadril já
apresentam mais de 10 anos de sucesso. Para esse autor, o uso odontológico e
ortopédico já se tornou rotina, existindo uma significativa quantidade de pesquisas
sobre estes revestimentos que possibilitam o seu uso como um promissor material
de enxerto ósseo na prática odontológica.
No início da década de 80 foi concebido o conceito Branemark Novum que
possibilitou, em apenas 6 a 8 horas, a reconstrução completa de uma terceira
dentição em mandíbulas humanas edêntulas. Os implantes de titânio puro em forma
de parafusos eram colocados na parte anterior da mandíbula e submetidos à carga,
assim que a prótese fosse instalada. A idéia emergiu das análises de Richard
Skalak, sobre os princípios de bioengenharia relacionados com a osseointegração
previsível, ou seja, a de não permitir nenhum movimento relativo na região da
interface tecidual ósseo-titânio (BRANEMARK, 2001).
O desenvolvimento de tecnologias para a produção de novos materiais tem
sido motivado pela demanda de materiais que executem novas funções ou
desempenhem antigas funções de forma mais adequada. O processamento dos
materiais cerâmicos teve um desenvolvimento acelerado na década de 70 e têm
19

alcançado resultados promissores, verificando-se inclusive, uma contínua evolução


e uso destes materiais voltados para aplicações estruturais. As cerâmicas dentais
devem possuir elevada resistência mecânica até altas temperaturas, elevada
dureza, estabilidade dimensional, boa resistência ao ataque químico e ao desgaste.
A tendência odontológica tem sido a substituição da subestrutura metálica das
restaurações, inclusive das restaurações sobre implantes, visando uma melhor
estética e utilizando para isso, técnicas com cerâmicas de maior tenacidade à
fratura, minimizando sua fragilidade (MORAES, 2004).
O titânio é usado para muitas aplicações e instrumentos dentários, tais como
fios ortodônticos, limas endodônticas, implantes dentários e restaurações fundidas. A
popularidade de titânio é principalmente devido às suas boas propriedades
mecânicas, a sua elevada resistência à corrosão e a sua excelente
biocompatibilidade. Contudo, uma revisão completa da literatura médica e
odontológica revela que o titânio também pode causar interações químico-biológicas.
Têm sido relatadas descolorações de tecidos e reações alérgicas nos pacientes que
entram em contato com o titânio. Também a bioestabilidade do titânio está se
tornando cada vez mais questionada. Estão surgindo novas tecnologias e materiais,
como cerâmicas de alto desempenho que poderão substituir o titânio na Odontologia
num futuro não muito distante (TSCHERNITSCHEK; BORCHERSL; GEURTSEN,
2005).
Segundo Repenning (2005), nos últimos 15 anos a Engenharia e a Medicina
conquistaram muitos avanços na busca de um biomaterial ideal que viesse a substituir
os implantes metálicos tais como, o titânio, cobalto, ligas de cromo e o aço com
camadas de compósitos cerâmicos. Para o autor, os implantes metálicos
desencadeiam nos pacientes reações de corpo estranho a curto e longo prazos, pelo
desprendimento de partículas metálicas e íons no sistema linfático, em órgãos
distantes e nos nociceptores. Principalmente na região do sulco gengival, a
bioquímica microbiana anaeróbica manteriam pH baixo, ou seja, os ácidos
desencadeariam um efeito sobre as camadas de óxido de titânio ou subóxidos
eletricamente condutivos, com as estruturas das próteses sobre-implantes. Também
na área endosteal, há evidências de intolerância à carga de partículas no transporte
hematogênico dos linfonódos regionais. Seguindo a Medicina holística, o autor sugere
uma alternativa ao titânio, orientada para implantes dentários mistos, feitos de zircônia
e titânio de uma peça, tal como o Biocer®, onde as camadas nano-estruturadas são
20

densas, não porosas e conectadas metalurgicamente com adesivante, para maior


resistência à corrosão microbiana. Devido à dureza e espessura estáveis do material
cerâmico, esses implantes apresentam-se com um comportamento eletricamente
neutro para os tecidos moles e duros, com uma taxa de corrosão 2 a 3 vezes menor
que o titânio, em condições inflamatórias. O Biocer® já é utilizado na substituição da
articulação do quadril, em cirurgias vasculares e espinhais, na substituição da
articulação temporomandibular nos pacientes com câncer, bem como para os
implantes dentários, nos quais não causam nenhuma reação tecidual detectável.

FIGURA 1 − À esq. secção transversal com espessa camada de cerâmica deTi em nanoescala. Implante Biocer
SP com a superf. do Ti resvestida com cerâmica de nióbio. À dir. gráfico da biocompatibilidade dos diferentes
materiais com índice de adsorção das proteínas nativas e adsorvidas, dos diferentes materiais. O valor 1
significa que todas as proteínas nativas permaneceram não-desnaturadas. FONTE: Repenning (2005),

A necessidade estética e o desejo de não incorporar estruturas metálicas no


organismo, são fatores que justificam e realçam a importância dos sistemas
cerâmicos. Componentes cerâmicos têm sido introduzidos por muitos fabricantes,
proporcionando pilares mais estéticos que os sistemas metálicos. Os principais tipos
disponíveis são: alumina, alumina-zircônia e zircônia. Esses pilares podem ser
classificados em: pré-fabricados e personalizados (Fig. 2) (AZEVEDO, 2007).

FIGURA 2 − À esq. MEV do sistema ZrO2-Al2O3. À dir. pilares de alumina/zircônia pré-fabricados para os
implantes em diferentes diâmetros. FONTE: Modificado de Azevedo (2007).
21

Numa revisão da literatura sobre a cerâmica de zircônia, analisando as


propriedades básicas e aplicação clínica, Manicone; Iommetti; Raffaell (2007)
afirmaram que o óxido de zircônia (ZrO2) é um material cerâmico com propriedades
mecânicas satisfatórias para a fabricação de dispositivos médicos. A zircônia
estabilizada com óxido do ítrio (Y2O3) tem as melhores propriedades para essas
aplicações ortopédicas, na fabricação de próteses de quadril e na Odontologia, na
confecção de núcleos, para próteses parciais fixas, assim como para os implantes
dentários. Para os autores, as propriedades mecânicas das próteses de ZrO2
mostraram-se superiores às outras restaurações metal free, com avaliações clínicas
de mais de 3 anos, que indicam uma boa taxa de sucesso. Esses autores indicaram
os implantes de zircônia como uma nova proposta alternativa ao titânio, pelas boas
propriedades biológicas e mecânicas, sugerindo a necessidade de mais estudos
clínicos para validar a sua candidatura.
Arslan et al. (2008) analisaram o comportamento corrosivo dos materiais
odontológicos relacionados com o titânio, tais como: ouro (Au), ligas de cromo-niquel
(CrNi) e cobalto-cromo (CoCr) em soluções de Ringer, com o uso de marcação de
Tafel, diagramas de Evans e esquemas EIS Nyguist (potencial misto). Foram
determinados os potenciais de galvanização e correntes obtidos por vários pares
metálicos associados ao implante de titânio. O conjunto Ti / Au mostrou ser o mais
adequado contra a corrosão galvânica, tanto com o método de Tafel, como na teoria
do potencial misto. Os parâmetros de corrosão Ti /CoCr e o conjunto Ti / CrNi ficaram
com índices semelhantes. Segundo esses autores, o titânio sofre uma transformação
alotrópica a partir de uma estrutura de fase. A corrosão dos implantes metálicos in
vivo pode ser fonte de material nocivo para o organismo. A resistência à corrosão dos
biomateriais se deve à camada passiva formada sobre a sua superfície. Para os
autores, os ânions Cl ¯e F¯ presentes no meio aumentam a taxa de corrosão de forma
significativa pela dissolução da camada passiva. Isso é especialmente importante para
materiais dentários devido ao flúor presente na composição dos dentifrícios.
Segundo Hisbergues, Vendeville e Vendeville (2008), o óxido de zircônia, com
suas interessantes propriedades microestruturais, foi confirmado como um material de
escolha para a nova geração de implantes, graças à sua biocompatibilidade,
osteocondutividade, a tendência para reduzir o acúmulo de placa e a interação com os
tecidos moles, o que leva a uma melhor periointegração. Entretanto, mais estudos
científicos são necessários para atender prontamente as lacunas documentais, com
22

avaliações clínicas de longo prazo. Os autores também propuseram o uso alternativo


de sistemas híbridos, ou seja, parafuso de titânio com colar de zircônia para aumentar
a resistência mecânica dos implantes de zircônia.
Para Kohal et al. (2008), o uso de implantes dentários na zona estética é um
desafio, especialmente em pacientes com um sorriso gengival ou uma linha estética
alta, numa comparação visual direta com o dente natural adjacente. Os implantes
dentários e pilares normalmente são fabricados com Ti-CP, em virtude de sua
histórica biocompatibilidade e propriedades mecânicas. No entanto, a presença de
uma gengiva com coloração cinza pode ser atribuída a um fenótipo gengival fino que
não é capaz de bloquear a luz reflexiva a partir da superfície do pilar metálico. A
mudança do biótipo de comutação exige um procedimento cirúrgico adicional, o que é
desagradável para a maioria dos pacientes. Para alcançar melhor estética
mucogengival, os autores sugeriram pilares cerâmicos à base de alúmina de alta
pureza (Al2O3) e a zircônia tetragonal estabilizada com ítrio (Y-TZP). Contudo, os
autores afirmaram que algumas cerâmicas de zircônia são sensíveis à presença de
umidade e temperatura, podendo levar a um lento processo de degradação do
biomaterial.
Descrevendo sobre os implantes dentários osseointegráveis, Bonfante (2009)
destacou que estão disponíveis no mercado mais de 1300 tipos, em diferentes
materiais, formatos, diâmetros, comprimentos, plataformas ou geometria da interface
protética e tratamentos de superfície. O autor reforçou a necessidade de pesquisas
reportando a sobrevida da restauração suportada pelo implante, seja do tipo unitário,
parcial ou total, indicando um acompanhamento de 10 anos ou mais para que o clínico
possa indicá-las com maior precisão.
Os novos implantes feitos de cerâmica de zircônia Y-TZP são extremamente
indestrutíveis e biologicamente bem tolerados. Eles têm a vantagem da cor natural
mais próxima do dente, branco em vez do tom cinza do titânio; podem ser benéficos
para as restaurações estéticas, especialmente se a gengiva sobrejacente for
extremamente fina. Esses implantes estão indicados para pacientes com alergia a
metais. Contudo, também existem muitas desvantagens, como: custos mais elevados
e uma documentação científica mais limitada, pelas poucas e curtas experiências
clínicas, em termos de longevidade. Além disso, a condição da superfície ideal para o
implante de zircônia não foi ainda bem esclarecida (WITFANG et al., 2009).
23

Para Ozkurt; Iseri e Kazazoglu (2010), a utilização da zircônia em aplicações


dentárias está crescendo rapidamente, especialmente para próteses fixas múltiplas e
unitárias. O uso deste material como pilares intermediários e em implantes estéticos
tem poucos anos de pesquisa científica em laboratório e de observação clínica. Para
os autores, até o momento, os resultados das pesquisas são promissores, sugerindo
um acompanhamento contínuo de, pelo menos cinco anos, que forneceria mais dados
sobre a eficácia da zircônia nas futuras aplicações. Com os resultados até agora
publicados, a zircônia tem boa fiabilidade, é bem tolerada no organismo e indicada
para uso odontológico, especialmente nas próteses dentárias (Fig. 3).

FIGURA 3 − À esq. núcleo em cerâmica de zircônia. Centro, vista intrabucal do núcleo cimentado e à dir. com a
coroa de zircônia instalada. FONTE: Retirado de Ozkurt; Iseri; Kazazoglu (2010).

2.2 ZIRCÔNIA: UM NOVO BIOMATERIAL

2.2.1 Origem, obtenção e utilidades da Zircônia

A zircônia ou zircônio não é encontrado na natureza como metal livre, mas


formando numerosos minerais. Suas principais fontes são o Zircão (ZrSiO4) e
Baddeleyita (ZrO2). O nome Zircão é derivado do persa sarkum e significa a cor
dourada, ou da palavra árabe zarqun, vermelho. Este silicato de zircônia,foi
originalmente descoberto pelo alemão Martin Heinrich Klaproth, em 1789, como
produto da reação de aquecimento da gema e foi isolado em 1824 pelo químico sueco
Jons Berzelius. É um metal muito duro e resistente à corrosão, com estrutura cristalina
tetragonal e colorações naturais variando desde incolor, amarelo, até o vermelho,
marrom ou verde (Fig. 4). Os principais usos do zircão são para refratários em
fundição de areias, cadinhos de laboratório, revestimentos de fornos metalúrgicos. Na
natureza são encontrados 4 isótopos estáveis e um radioisótopo de grande vida
24

média, o zircônio-96, e muito útil em geocronologia. O zircão se tornou mais


importante desde a descoberta da datação radiométrica. Atualmente, é tido como o
recurso mineral mais antigo da Terra, pois seu mais antigo pedaço de cristal tem
aproximadamente 4,38 bilhões de anos. O zircônio é abundante nas estrelas do tipo
S, tendo-se detectado sua presença no Sol e em meteoritos. Além disso, foram
encontradas altas quantidades de óxido de zircônio em amostras lunares, comparadas
com as existentes na crosta terrestre. O tamanho médio do granito é cerca de 100-
300 µm, sendo possível encontra-lo em rochas minerais com vários centímetros.
(Zircão - wikipedia.org/w/índex).

FIGURA 4 − À esq., pó de zircão; à dir., zircônio fabricado em conformidade com o processo Van Arkel-de Boer.
FONTE: Retirado da Enciclopédia Wikipédia (Disponível em: <www.wikipedia.org/w/index.php>)

A zircônia e o háfinio são encontrados no zircão na proporção de 50:1. Ao


contrário do que se pensava, a zircônia é um metal, obtido principalmente de uma
cloração redutiva, através do processo denominado Kroll: primeiro se prepara o
cloreto, para depois reduzi-lo com magnésio (Fig 5). Num processo semi-industrial,
pode-se realizar a eletrólise de sais fundidos, obtendo-se a zircônia em pó. Para a
obtenção do metal com maior pureza, usa-se um processo com dissociação do iodeto
de zircônio, obtendo-se uma esponja de zircônio metálica, denominada crystal-bar.
Tanto neste caso, como no processo anterior, a esponja obtida é fundida com a
finalidade de se obter o lingote. (Fig 82) (Zircônio- http://pt.wikipedia.org/w/index.php).
A zircônia pode ser produzida a partir da zirconita e classificada pela técnica
utilizada na decomposição do minério, isto é, por processamento químico ou térmico.
A zircônia obtida através da rota térmica tende a ser mais pura que a baddeleyita,
contudo possui maiores níveis de impurezas quando comparadas com os produtos
derivados da rota química. A decomposição química da zirconita requer elevadas
25

temperaturas e o uso de agentes agressivos, sendo que as rotas mais comuns


empregadas são a carbo-cloração e fusão alcalina. Todas as rotas químicas passam
por uma etapa onde os espécimens de zircônia estão em solução. Através do controle
criterioso dos processos de cristalização e precipitação, os produtos intermediários e,
conseqüentemente, a zircônia pode ser produzida com tamanho e forma das
partículas controladas. O processamento químico permitiu aos produtores de zircônia
agrupar produtos, não só por suas aplicações, mas também para atingir necessidades
específicas do consumidor. A decomposição química é utilizada nos processos
comerciais adotados pela Tosoh Corporation (Japão), para a produção de Zr pura e
parcialmente estabilizada com ítrio (Y-ZPS) (MORAES, 2004).

FIGURA 5 − Preparação da zircônia parcialmente estabilizada (ZPS ou ZPE) com ítrio, a partir de oxicloreto de
Zr, por cloração redutiva - processo de Kroll . FONTE: Adaptado de Moraes (2004).

Detalhando sobre a história e ocorrência do óxido de zircônia (ZrO2), o


informativo Zeterion - World of Dental Implants (2006) data de 1789 a sua descoberta,
no mesmo ano do descobrimento do urânio. As suas principais fontes minerais são
Alvite ou Zircão (ZrSiO4) e Brasilit ou Baddeleita e está associado com o háfnio. O
dióxido de zircônia (ZrO2) também pode ser denominado de óxido de zircônia, é
utilizado como material cerâmico para uso odontológico.
Azevedo (2007) desenvolveu seu trabalho relatando uma visão global sobre
as biocerâmicas utilizadas em implantes ortopédicos e odontológicos dando destaque
aos implantes osseointegrados. Para o autor, a zircônia não ocorre na natureza como
26

óxido puro e é encontrado na Baddeleíta e na Zirconita (ZrSiO4). Dos dois minérios, a


Zirconita é a mais abundante, porém menos pura e necessita de uma quantidade
significativa de processamento para obter a Zr. A zircônia é uma cerâmica polimorfa
que possui três estruturas cristalinas: monoclínica, tetragonal e cúbica (Fig.6).

a b c

FIGURA 6 − Estruturas cristalinas da zircônia: a- monoclínica; b- tetragonal; c- cúbica. FONTE: Moraes (2004).

Extensivamente utilizada pela indústria química para a tubulação em


ambientes corrosivos, a zircônia tem elevada condutividade iônica. A cerâmica de
zircônia serve como eletrólito sólido em sensores de oxigênio e células de
combustível, na indústria nuclear para o revestimento das barras de combustível ou
de vidro de zircônio para sarcófago de resíduos radioativos; suas propriedades
químicas tornam-na um material de interesse para as ciências biomédicas. A primeira
referência à sua aplicação na Medicina surgiu no final dos anos sessenta com Helmer
e Driskell. Só 20 anos depois da primeira publicação, referiu-se a utilização da zircônia
em cirurgia ortopédica, particularmente na artroplastia total do quadril para resolver o
problema da fragilidade da alumina utilizada até então (HISBERGUES; VENDEVILLE;
VENDEVILLE, 2008).
Segundo Catrina (2009), a zircônia é muito comum na crosta terrestre,
ocorrendo como elemento químico Zr e, a partir do óxido de zircônio, como material
cerâmico sinterizado, é utilizado para várias técnicas de aplicações. Graças às suas
características como, alta resistência à flexão e intervalos de dureza, uma gama de
aplicações em instrumentos de precisão tem sido sugerida, inclusive para escudo
térmico do ônibus espacial. Freqüentemente, o material é utilizado na Ortopedia,
especialmente para as cabeças de fêmur e próteses de quadril. Na Odontologia, com
a adição do ítrio e o óxido de magnésio, a zircônia estabilizada é um importante
material utilizado para confecção de coroas e próteses fixas, com a ajuda de moldes
em tecnologia CAD/CAM (Fig.7).
27

FIGURA 7 − À esq. e dir., componentes de próteses ortopédicas; no centro, blocos de zircônia para próteses dentais;
FONTE: . CeramTec AG – The Ceramic Experts – Alemanha (2010)

A crescente demanda por restaurações esteticamente mais atraentes e


biocompatíveis levou ao desenvolvimento de dentes coloridos, translúcidos, metal
free e sistemas de núcleos cerâmicos. Notavelmente, os sistemas pré-fabricados
de cerâmica de zircônia foram introduzidos para satisfazer esta tendência a uma
maior conscientização da estética, onde a translucidez das coroas e próteses fixas
de cerâmica pode ser mantida, com sucesso clínico. Devido ao grande interesse e
utilização generalizada de sistemas para núcleos cerâmicos de zircônia, muitos
estudos in vitro sobre as ceramicas de zircônia têm sido publicados nos últimos 15
anos. (ÖZKURT; İSERİ; KAZAZOĞLU, 2010).

2.2.2 Características e aplicações da Zircônia

A zircônia, zircônio ou zircónio é um elemento químico de símbolo Zr,


número atômico 40 e massa atômica 91, situado no grupo 4B da tabela periódica
de elementos (Fig. 8). À temperatura ambiente encontra-se no estado sólido,
como um metal duro, branco-acinzentado brilhante e muito resistente à corrosão. É
mais leve que o aço, mas com uma dureza similar ao cobre. Quase 90% do
consumo da zircônia se deve aos revestimentos de reatores nucleares, como
aditivos em aços e ligas com o níquel na indústria química. Devido à resistencia a
corrosão, é também utilizado na substituição do cromo hexavalente nos
tratamentos de supurficie. Por ser um metal bastante tolerado pelos tecidos
humanos, pode ser usado em articulaçoes artificiais. É resistente frente a ácidos,
porém pode-se dissolver com ácido fluorídrico (HF), formando complexos com os
fluoretos (http://pt.wikipedia.org/w/index.php).
28

FIGURA 8 − Características físico-químicas da Zr. FONTE: Disponível em: <www.wikipedia.org/w/index.php>

A zircônia cúbica ou dióxido de zircônio (Zr O2) é uma gema produzida em


laboratório como imitação do diamante, utilizada em joalheria com gema artificial
(Fig.9).

FIGURA 9 − Zircônia cúbica ou dióxido de zircônio (ZrO2). FONTE: Disponível em:


<www.wikipedia.org/w/index.php>

De acordo com Piconi e Maccauro (1999), a pesquisa sobre a utilização de


biomateriais cerâmicos, como a zircônia, começou há cerca de vinte anos atrás e
agora, a cerâmica Y-TZP está em pleno uso clínico com muitos empreendimentos
sendo aplicados como dispositivos médicos. Os desenvolvimentos mais recentes têm
se concentrado na química dos precursores, em sua composição, processos de
29

sinterização e nas superfícies dos componentes. Hoje as principais aplicações da


cerâmica de zircônia são na Ortopedia, como na substituição da cabeça do quadril
THR (Total Hip Replacements). Os autores comentaram ainda sobre os resultados
obtidos até agora, focalizando o papel da microestrutura característica e as
propriedades mecânicas, relacionadas à sua estabilidade e desgastes provocados
pela degradação térmica da TZP e sua influência sobre biocompatibilidade desse
material. A cerâmica de zircônia tem várias vantagens sobre outros materiais, devido
à transformação dos mecanismos de tenacidade operando em sua microestrutura que
propiciam a ela interessantes propriedades mecânicas.
Ferraris et al. (2000) analisaram os revestimentos de zircônia para aplicações
médicas com a finalidade de combinar as altas propriedades mecânicas e biológicas
da cerâmica Y-TZP com as propriedades específicas dos materiais bioativos. Algumas
amostras foram revestidas de zircônia por dois vidros bioativos: vidros de fosfosilicato
(RKKP) e vitrocerâmica (AP40) e preparados com um revestimento de partículas de
200 a 300 µm, por um método simples e modelos de baixo custo, sendo analisados
por meio de microscopia óptica (MO) e microscópio eletrônico de varredura (MEV) e
de composição (EDS). A adesão dos revestimentos sobre a Zr foi testada através de
testes de cisalhamento (Fig. 10). Também foram realizadas edentações Vickers na
interface revestimento-zircônia a fim de observar o caminho de propagação de trinca.
Utilizaram a reatividade dos vidros e revestimento vitrocerâmica para uma simulação
de corpo fluido (SBF), com a mesma concentração de íons que a do plasma humano.
Todos os revestimentos apresentaram boa aderência ao substrato e formaram uma
camada resistente de compostos contendo partículas de zircônia rodeadas por uma
fase vítrea entre o revestimento e o substrato. Os resultados mostraram uma alta
resistência ao cisalhamento nos revestimentos fortemente ligados ao substrato. A
reatividade de ambos os RKKP e revestimentos AP40 foram investigadas por imersão
em uma solução de SBF a 37ºC por um mês e análise da camada cultivada em sua
superfície. Esta camada apresentou a mesma morfologia, composição e crescimento
em volume da vitrocerâmica, cuja bioatividade é bem conhecida.
30

FIGURA 10 − À esq., seção transversal do revestimento de vidro RKKP após um mês em SBF. À dir.,
comparação entre as camadas auto-cultivadas em amostras a granel. FONTE: Retirado de Ferraris et al. (2000)

A produção das PZT-Y pode ser via usinagem, a partir de um bloco totalmente
sinterizado (Fig. 11), ou parcialmente sinterizado, deixando a sinterização final para a
pós-usinagem, prevendo a contração do material. Portamto, este processo tem a
vantagem de prevenir a transformação da fase tetragonal para a monoclínica (t→m),
induzida pelos estresses gerados durante a usinagem. Os blocos usinados a partir de
PZT-Y sinterizados, demonstraram um conteúdo significativo de zircônia na fase
monoclínica, predispondo à maior degradação em baixa temperatura e menor
confiabilidade do material (GUAZZATO et al., 2004).

FIGURA 11 − Micrografias da Zr totalmente sinterizada. A e B: ponta da trinca, mostrando a propagação da


trinca. C: padrão da trinca intergranular. À dir., análise de difração de raios-X. FONTE:Guazzato et al. (2004)

No campo biomédico, uma ênfase especial é dada à questão da degradação


da zircônia (PZT-Y) em baixa temperatura, efetivamente observada em próteses de
quadril. Nas últimas décadas, foram implantados mais de 600.000 cabeças de fêmur
com cerâmica PZT-Y na articulação do quadril. Recentes análises de implantes que
falharam in vivo, após um determinado tempo, mostraram o efeito da degradação em
baixa temperatura na sobrevida dos mesmos. O envelhecimento do material inicia-se
na superfície, onde a transformação das fases de t→m é controlada pela água
(Fig.12). A degradação resultante gera uma superfície áspera, com microtrincas que
31

podem levar ao desgaste e liberação de debris no organismo. Para os pesquisadores,


a interação das partículas com o sistema imune também pode estimular a reabsorção
óssea osteoclástica, com resposta inflamatória e afrouxamento asséptico da prótese.
Contudo, novos conceitos na moagem de grãos e agentes estabilizadores para a
zircônia estão agora disponíveis e, a associação de alúmina reforçada com zircônia,
oferece melhores propriedades mecânicas e estabilidade, principalmente em
ambientes úmidos (CHEVALIER et al., 2007).

FIGURA 12 − Descrição da transformação t→m em diferentes etapas e com diferentes técnicas. Evolução da
fração monoclínica em função do tempo medido por difração de raios-X, juntamente com a modelagem numérica
e analítica. A transformação observada por MFA (sup. /esq.) -a transformação inicia nos cantos dos grãos (setas
brancas) e se propaga para o resto do grão. O processo de nucleação e crescimento observado por
interferometria óptica (áreas circulares abaixo). Nos círculos preto/branco, observa-se o crescimento em volume
e corte transversal, sob MEV . FONTE: Adaptado de Chevalier et al. (2007).
32

A vantagem de utilizar biocerâmicas se dá pelo fato de serem materiais que


muito se assemelham com o tecido ósseo, apesar das baixas propriedades
mecânicas, quando comparadas aos metais. A zircônia é uma cerâmica polimorfa que
possui três estruturas cristalinas: monoclínica, tetragonal e cúbica. A zircônia pura tem
a estrutura monoclínica na temperatura ambiente e é estável até 1.170ºC. Entre esta
temperatura e 2.370ºC, ela se transforma em Zr tetragonal e, acima de 2.370ºC, em Zr
cúbica. Após o processamento, durante o resfriamento, a Zr tetragonal se transforma
em monoclínica a uma temperatura de 970ºC. Esta fase de transformação está
associada a 3% a 4% de expansão volumétrica. O Ítrio é adicionado à Zr para
estabilização, então a forma tetragonal pode existir na temperatura ambiente após a
sinterização (Fig. 14). Para produzir componentes de Zr é preciso bloquear o material
completamente na forma cúbica utilizando aditivos ou agentes estabilizantes. A adição
de quantidades variáveis de estabilizadores cúbicos como CaO, MgO e Y2O3 permite
a formação de zircônias parcialmente estabilizadas (PSZ) que, combinadas com
variações de processos, podem resultar em cerâmicas com propriedades
excepcionais, tais como: alta resistência a fraturas, excelente resistência química, alta
dureza, bom material refratário e bom condutor de íons de oxigênio (AZEVEDO,
2007)
Yoshimura et al. (2007) verificaram a possibilidade de se produzir cerâmica
PSZ utilizando um pó de zircônia monoclínica comercial com a adição de MgO, Y2O3
e/ou CaO por meio da mistura mecânica de pós. A metodologia adotada visou
primordialmente diminuir o custo da matéria-prima. Foram preparadas amostras de
PSZ na forma de cilindros, com adições individuais e com misturas de aditivos para
sinterizações entre 1500 e 1700°C no campo binário tetragonal-cúbica. As amostras
foram usinadas em retificadora cilíndrica e submetidas ao ensaio de rugosidade.
Também foram determinadas as fases presentes por difração de raios X, (método de
Rietveld); a microestrutura por MEV, a densidade / porosidade, a dureza Vickers, a
tenacidade à fratura e a resistência à flexão biaxial. Os resultados mostraram que é
possível produzir cerâmicas PSZ com propriedades mecânicas aceitáveis e
desempenho satisfatório por meio da mistura mecânica de pós, utilizando um pó de
zircônia monoclínica de baixo custo com 0,5% de sílica. Para tanto são necessários
maiores teores de aditivos do que os usualmente empregados nos pós comerciais
pré-aditivados, para manter o tamanho de grão pequeno, com baixa temperatura de
sinterização (1500°C). As melhores composições foram proporcionadas com adição
33

de MgO e três composições mistas contendo Y2O3. As características destas


amostras sinterizadas a 1500 °C foram muitos próximas às de um pó comercial pré-
aditivado com MgO (Mg-PSZ) sinterizado a 1700°C.
Rieger; Köbel; Weber (2007) descreveram as propriedades dos materiais TZP
no que diz respeito à sua adequação para técnicas de aplicações médicas e
odontológicas. O sucesso das TZP alcançado em Odontologia é ilustrado pelo fato
que em 2006 mais de 100 toneladas foram utilizadas para aplicações dentárias,
devido à facilidade de usinagem e menor tempo de processamento deste material em
novos desenvolvimentos, como a produção de máquinas e instrumentais e brocas.
Para os autores, a introdução o processo HIP (Processo Isostático pós-compactação
de solo) se tornou procedimento padrão para melhorar as propriedades dos materiais
para implantes médicos, tais como: resistência, confiabilidade e longa expectativa de
vida. As propriedades das TZP foram aumentadas pela adição de Al2O3, com
melhoria na resistência hidrotermal (TZP-A® HIP-BIO). Os autores apresentaram o
Ziraldent®, um material óxido sólido com Al2O3 a 25%, considerado na atualidade,
um material altamente resistente e estável.
Maeda et al. (2007) desenvolveram uma cerâmica à base de ZrO2 utilizando a
rota de sinterização via fase liquida, usando um biovidro como aditivo para redução
das temperaturas finais de sinterização, mantendo a biocompatibilidade e atingindo
propriedades mecânicas suficientes exigidas para sua aplicação como implante.
Utilizaram misturas de pós compactados e sinterizados em temperaturas de 1200ºC e
1300ºC, com teor de biovidro de 3% em peso. Foi atingida uma densidade relativa
próxima de 100%, alcançando uma dureza superior a 1160HV, com tenacidade à
fratura de 6,3 Mpa e resistência a flexão em torno de 450 Mpa (Quadro 2). Os testes
nas amostras desse material foram promissores, indicando o mesmo para implantes
dentários, uma vez que sua caracterização apresenta indicadores que são superiores
aos níveis de solicitação e patamares de tensões necessárias para este fim.

QUADRO 2 − Propriedades das principais cerâmicas utilizadas como materiais dentários


1/2
Material Dureza Vickers Tenacidade a Fratura (MPam )
(GPa)
Porcelana aluminizada 4.3 2.0 - 2.9
Vidros ceramizados reforçados com leucita 6.5 1.0 - 2.0
Vidros ceramizados reforçados com LiSiO2 6.7 3.4
Spinélio com vidro infiltrado – InCeram 10 2.7
Alumina com vidro infiltrado - InCeram 13 4.4 - 4.8
Alumina-zircônia com vidro infiltrado-InCeram 11 6.8
Alumina sinterizada 16 3.8 - 4.5
FONTE: Adaptado de Maeda et al. (2007).
34

A incorporação da fase vítrea de reforço nas cerâmicas odontológicas tem


como finalidade minimizar as taxas de retração e melhorar a adesão ao agente
cimentante resinoso necessário para a união da infraestrutura cerâmica à estrutura
dental remanescente. Essa foi a origem do sistema conhecido como In-Ceram.
DUARTE (2007).
Num estudo para obtenção de cerâmicas à base de alumina e/ou zircônia
estabilizada com 3 mol% de ítrio, com infiltração de fase vítrea e aluminoborossilicato
de lantânio (ABL), Duarte (2007) sinterizou os pós conformados por prensagem
uniaxial e pré-sinterizados na faixa de 950 e 1650º C, para obtenção de corpos
cerâmicos porosos. A incorporação da fase vítrea foi realizada pela impregnação do
pó de ABL com tratamento térmico entre 1200 e 1400ºC. Os pós foram caracterizados
por termogravimetria, difração de raios X, MEV e de transmissão, adsorção gasosa
(BET) e espalhamento a laser. A sinterabilidade das amostras compactadas de
alumina e/ou zircônia foi avaliada por dilatometria. As cerâmicas pré-sinterizadas
foram avaliadas por medidas de densidade aparente pelo principio de Archimedes,
difração de raios X e observação de microestrutura por MEV. Testes de impressão
Vickers e de citotoxicidade foram realizados após incorporação da fase vítrea. Tendo
em vista a integridade estrutural, homogeneidade da microestrutura, elevados valores
de tenacidade à fratura e a não citotoxicidade dos materiais preparados, ficou
constatado que essas cerâmicas à base de alúmina são adequadas para obtenção de
infraestruturas dentais com incorporação da fase vítrea de reforço.
Alguns autores propuseram a ligação da zircônia pura com óxidos
estabilizadores, como o cálcio (CaO), mantendo-o na fase tetragonal à temperatura
ambiente. As duas principais técnicas de processamento da zircônia, usinagem mole
e dura, foram avaliadas no desempenho à luz das suas possíveis conseqüências e
implicações clínicas a longo prazo. Isso possibilitou a ampliação do seu uso como
material estrutural. Alguns óxidos foram incorporados em diversas etapas posteriores
nos sistemas cerâmicos para uso odontológico, tais como: as estabilizadas por ítrio
(Fig. 13) (Lava-Espe 3M, Cercon, Dentsply); estabilizada por magnésio (Denzir-M,
Dentronic AB); e as estabilizadas por cério (12 mol%) numa matriz de alumina (67%)
e, posteriormente infiltradas por vidro, como o sistema In-Ceram Zircônia e Vita
(DENRY; KELLY, 2008).
35

FIGURA 13 – MFA da cerâmica 3Y-TZP sinterizada a 1300ºC (A) e 1450ºC (B) FONTE: DENRY; KELLY (2008).

Dependendo da temperatura, a zircônia pode se transformar em três


estruturas alotrópicas, ou seja, com diferentes formas físicas. Na temperatura
ambiente e sob pressão, o estado puro da zircônia se encontra na fase monoclínica.
Aquecendo-se a 1170ºC, o material se transforma na fase tetragonal e, em torno de
2370ºC, estará na fase cúbica, próximo da temperatura de fusão (2716ºC). As
mudanças volumétricas que ocorrem com as mudanças de fases são de 4,5% da
m→t, expansão com valor suficiente para torná-la inadequada para o uso na
condição pura. Na mudança da fase c→t, ocorre um aumento volumétrico de 2,31%.
Contudo, a fase tetragonal a zircônia permanece meta-estável, significando que
existe energia detida no material capaz de retorná-la ao estado monoclínico, se a
estrutura for submetida a estresses. Neste evento de transformação de fases, o
aumento volumétrico de 4,5% na região da trinca se torna benéfico, comprimindo e
dificultando a sua capacidade de propagação pela cerâmica, fenômeno conhecido
como aumento da tenacidade por transformação de fases (Fig 14) (BONFANTE,
2009).

Figura 14 − Transformação de fases da zircônia. FONTE: O autor (2010).

A aplicação de materiais cerâmicos para a fabricação de restaurações


dentárias é um foco de interesse na Odontologia estética. Os materiais cerâmicos de
escolha são vitrocerâmica, espinélio, alumina e ultimamente, a zircônia. Esta foi
introduzida na Odontologia em 1990 e vem sendo usada como material para
36

confecção de núcleos intra-radiculares, para coroas e pontes, braquetes ortodônticos


e para os intermediários ou abutments sobre implantes. Graças às suas propriedades
químicas, estabilidade dimensional, alta resistência mecânica, dureza e um baixo
módulo de elasticidade (210 GPa), semelhante ao da liga de aço inoxidável (193
GPa), as propriedades mecânicas da zircônia são consideradas as mais altas já
relatadas em qualquer cerâmica dental. A alta resistência inicial e a resistência à
fratura são resultantes das transformações de fase que ocorrem na Y-TZP. Os
estudos in vitro de amostras de dióxido de zircônio demonstram uma resistência à
flexão de 900 a 1200 MPa e uma tenacidade à fratura de 9 a 10MPa/m2. Por outro
lado, a cor branca, semelhante à dos dentes naturais, torna-se útil em áreas
esteticamente importantes da cavidade bucal e, sua capacidade de transmitir luz, a
torna um material adequado para as restaurações (OZKURT; KAZAZOGLU, 2010).
A zircônia é sensível aos processos de fabricação e ainda não há consenso
sobre qual método de processamento é menos nocivo até a obtenção do produto final.
Atualmente, as restaurações de zircônia são fabricadas por diversos processos de
moagem a soft ou hard, cada qual reivindicando vantagens sobre o outro. A fratura da
porcelana é relatada como um problema comum e tem sido rotulada como o principal
revés clínico. Numa revisão sistemática sobre o sucesso clínico das restaurações de
zircônia, com base nos processos de fabricação e moagem das porcelanas de
zircônia, com busca Medline e Pubmed entre 1950 e 2009 e, em relevantes periódicos
odontológicos, a freqüência de trincas na porcelana foi uma ocorrência comum e um
quadro fratura foi observado somente em zircônia branqueada. Apesar do número
limitado de estudos in vivo, a zircônia parece ser adequada para a fabricação de
coroas e próteses parciais fixas e pilares de implantes, exigindo protocolos rigorosos
durante o processo de produção e entrega do material. Para os autores, estudos
prospectivos a longo prazo são necessários para melhorar o processo de produção
para as restaurações com a cerâmica de zircônia (AMLEH; LYONS; SWAIN, 2010).

2.2.3 Propriedades químicas e físicas da Zircônia

Lawson (1995) fez uma análise crítica das publicações experimentais sobre
o mecanismo de envelhecimento das cerâmicas PSZ e, em particular, das
cerâmicas de TZP. Essas cerâmicas apresentam excelentes propriedades
37

mecânicas, tais como resistência à flexão e tenacidade à fratura, por estarem


associadas com a transformação de fase m→t e na propagação de trincas. Porém,
à baixa temperatura de envelhecimento, onde ocorrem transformações de fase na
superfície, as propriedades mecânicas do material se deterioram rapidamente.
Este fenômeno é amplamente documentado na literatura, embora existam opiniões
divergentes quanto ao provável mecanismo de envelhecimento. As cerâmicas de
zircônia estabilizadas com ítrio, cério, cálcio ou magnésio são suscetíveis a
diversos ambientes como, ao ar úmido, vapor de água e outros fluidos aquosos,
em uma faixa de temperatura de 65 a 500ºC, mas em soluções aquosas e a baixas
temperaturas, o efeito é mais catastrófico e em tempos mais curtos. Durante o
envelhecimento, a degradação das propriedades é associada com a transformação
de cristais da estrutura meta-estável tetragonal para a estrutura monoclínica
estável. A transformação m → t durante o envelhecimento pode beneficiar certos
tipos de cerâmicas Y-TZP devido à criação de uma camada superficial à
compressão da fase monoclínica na cerâmica. Essa camada pode, portanto,
melhorar as propriedades mecânicas, embora exista uma estreita faixa entre a
melhoria e a piora das propriedades mecânicas. A degradação é causada pela
transformação t → m, acompanhada por micro e macro-trincas. Segundo o autor, a
transformação de fase avança a partir da superfície para o interior da amostra e
está relacionada ao vapor d’água ou água liquida. A diminuição no tamanho dos
grãos e um aumento no conteúdo estabilizador retardam a transformação.
Eletrólitos sólidos cerâmicos de ZrO2 com 8% mol Y2O3 foram preparados
com pós de três origens: pó comercial fabricado pela Nissan (Japão), pó obtido por
co-precipitação dos hidróxidos no IPEN e pó obtido por mistura de óxidos
(utilizando-se ZrO2 produzida na Usina de Zircônio do IPEN) e pó Y2O3 americano
de pureza superior a 99,9%. Esses materiais foram analisados pelas técnicas:
fluorescência de raios X, para a determinação dos teores de ítrio; EDX para a
determinação das fases; sedimentação, para a determinação da distribuição do
tamanho de partículas; adsorsão gasosa (BET) para a determinação da área de
superfície específica e MET, para a determinação do tamanho médio de partículas.
As amostras compactadas foram analisadas por dialotometria para avaliar os
estágios de sinterização. As amostras sinterizadas foram caracterizadas EDX, para
análise de fases e MEV, para análise da morfologia dos grãos. Análises por
espectroscopia de impedância foram feitas para acompanhar o envelhecimento
38

térmico dos eletrólitos sólidos de zircônia-ítrio a 600°C e para estudar a sua


cinética de sinterização (Fig. 15). Os principais resultados mostraram que o
envelhecimento térmico a 600°C diminui a resposta do sensor nas primeiras 100 h
até um valor estável. Além disso, os estudos de sinterização por espectroscopia de
impedância permitiram encontrar correlações entre parâmetros elétricos, a cinética
de sinterização e os mecanismos de crescimento de grão (FLORIO, 1998).

FIGURA 15 − À esq., distribuição do tamanho de partículas, por sedimentação (Raios X) dos pós utilizados na
preparação das amostras. À dir.difratograma de Raios X das amostras ZrO2: 8% mol Y2O3, de várias origens,
demostrando a estabilização da fase cúbica da Zr em todas os espécimes. FONTE: Retirado de Florio (1998).

Chevalier et al. (2004) propôs um conceito de utilização de moagem de grãos


e tensões de compressão para aumentar a resistência à degradação da zircônia meta-
estável à baixa temperatura. A presença de uma fase cúbica e seu efeito sobre a fase
monoclínica foi demonstrada que as fissuras microscópicas podem coalescer e evoluir
sob cargas de fadiga, principalmente em ambientes úmidos. Foi investigada a
transformação isotérmica na cerâmica 3Y-TZP (3% mol) de t→m sinterizadas em duas
diferentes temperaturas (1450 e 1550ºC) e a 134ºC em vapor, com duração de 2 e 5
h. Mesmo para os espécimes sinterizados à temperatura mais baixa, ou seja, à
1450ºC, a presença da fase cúbica foi constatada a partir do diagrama de fases,
levando a um efeito significativo na sensibilidade do envelhecimento (Fig.16).

FIGURA 16 − Imagem de ME por scaneamento da cerâmica Y-TZP a 3% mol - a) sinterizada a 1450º C por 2h;
b) sinterizada a 1450º C por 5h; c) sinterizada à 1550º C por 2h; d) à 1550º C por 5h. Os pontos indicados por A
a D, são regiões onde o espectro de EDS foi realizado. FONTE: Chevalier et al. (2004).
39

A zircônia é inerte em meio fisiológico, porém, apresenta uma vantagem sobre


a alumina, pois tem maior resistência à flexão, maior tenacidade à fratura e menor
módulo de elasticidade. A zircônia sugerida para implantes cirúrgicos se apresenta em
dois tipos básicos: zircônia tetragonal estabilizada com ítrio (Y-TZP) e zircônia
parcialmente estabilizada com óxido de magnésio (Mg-PSZ). As propriedades dos
materiais cerâmicos a base de zircônia de elevada pureza utilizado em implantes
comerciais, juntamente com o padrão da “International Standard Organization” - ISO
13356 são apresentadas na tabela abaixo (Quadro 3).

QUADRO 3 − Propriedades dos biomateriais comerciais de zircônia e o padrão da ISO-13356, 1997.

FONTE: Moraes (2004).

Desde o inicio da comercialização dos implantes dentários em cerâmica, o


Informativo Zeterion divulga que o dióxido de zircônio não é magnético, é resistente
aos ácidos e álcalis lixívia duráveis e tem uma alta resistência a agentes químicos,
térmicos e influências mecânicas. O pigmento branco é utilizado na China para a
produção de refratários dispositivos químicos. É estável à temperatura ambiente na
estrutura de fase monoclínica, o ZrO2 na faixa de 900-1200°C mas tem um forte
aumento de volume na forma tetragonal, à alta temperatura. Muito acima de 2000°C
produz a estrutura de fluorita cúbica. Ambas as transformações são reversíveis. Em
temperatura ambiente, a estrutura fluorita é mantida estável com a adição de óxidos
tais como: CaO, MgO, Y2O3. (ZETERION - World of Dental Implants, 2006).
40

A tecnologia da sinterização do sistema ZrO2-Al2O3 (33% de Zr) propicia uma


cerâmica de alumina que mantém as características mecânicas desejadas como
material odontológico. Dessa forma é possível prepará-la manualmente,
personalizando os pilares de forma mais conveniente ao caso clínico, permitindo
acréscimos ou desgastando a cerâmica no próprio pilar e mantendo as características
originais de biocompatibilidade (DAGUANO; SANTOS; ROGERO, 2006).
Papanagiotou et al. (2006), estudando a zircônia Y-TZP, relataram possuir
elevada resistência à flexão, porém alertaram que a resistência da cerâmica Y-TZP
pode ser afetada pelo manuseio realizado por técnicos de laboratório e pelas
condições intra-bucais. Investigaram a influência da baixa temperatura de degradação
(LTD), ao tratamento com jato de partículas, abrasão e polimento na resistência à
flexão e estabilidade estrutural em blocos de cerâmica Y-TZP. As superfícies das
amostras foram avaliadas por MEV, às diversas ampliações de raios X por difração
com a finalidade de identificar possíveis transformações de fase t→m. Espectroscopia
de energia dispersiva (EDS) foi utilizada para obter informações sobre a composição
química. O envelhecimento ou o acabamento por usinagem no material não tiveram
significativos efeitos negativos sobre as forças de flexão. A média de flexão de forças
variou entre 796,7 a 950,2 MPa. A transformação de fase t→m foi detectada por uma
amostra cozida por 24 horas, mas a maior transformação foi detectada para as
amostras cozidas por 7 dias e armazenadas em ar umidificado a 250ºC. As análises
de MEV nas superfícies revelaram defeitos de sinterização e a análise de EDS
mostraram menor concentração de ítrio em amostras Y-TZP que foram cozidas por 7
dias. Dentro das limitações deste estudo, os resultados sugerem que os
procedimentos LTD e o tratamento com polimentos utilizados, não reduziram as forças
de flexão das barras de zircônia e o jateamento de partículas aumentou a resistência
à flexão dos espécimes.
Rieger; Köbel; Weber (2007) publicaram estudos sobre as propriedades da
cerâmica TZP no que diz respeito à sua adequação técnica para aplicações médicas e
odontológica. Relatando sobre a facilidade de usinagem e menores tempos de
processamento das cerâmicas TZP, confirmaram o grande incremento anual na
utilização destes materiais em Odontologia. Concluíram que a aplicação das
cerâmicas tais como a TZP HIP-BIO e a TZP-A®, HIP-BIO Ziraldent®, na área
odontológica são excelentes materiais, e a adição de Al2O3 (TZP-A a 25%,
Ziraldent®) é benéfica para a sua estabilidade a longo prazo. Os autores
41

aconselharam a evitar danos causados por cortes indevidos ao material, bem como na
escolha de ferramentas adequadas, de preferência com grãos de diamante
selecionados (Fig.17).

FIGURA 17 − Teste de resistência da cerâmica TZP; medição óptica do pilares de cerâmica; produtos Odonto
Metoxit BIO-HIP ® cerâmica (pilares CAD/CAM sobre implantes). FONTE: Rieger; Köbel; Weber (2007).

Chevalier; Gremillard; Deville (2007) numa ampla revisão sobre a zircônia e


suas aplicações como biomaterial, descreveram os mecanismos responsáveis pela
baixa temperatura degradação (LTD) das cerâmicas de zircônia e suas conseqüências
para os implantes biomédicos. Ênfase especial foi dada à questão da degradação da
zircônia, efetivamente observada nas próteses de quadril, consideradas muito
promissoras na década de 1990, mas que apresentaram o problema crítico do
envelhecimento in vivo e seu impacto negativo na durabilidade como implantes
ortopédicos. Para a maioria dos casos, a cabeça de zircônia ainda apresenta
envelhecimento e um desgaste, com liberação de partículas no corpo, o que
desencadeia uma resposta inflamatória e afrouxamento asséptico. Contudo, afirmaram
que mais de 600.000 pacientes já receberam esses implantes em zircônia e, esse fato
sugere uma análise mais criteriosa sobre a LTD e suas relações com a microestrutura.
Distintos métodos para avaliar a sensibilidade do envelhecimento das cerâmicas de
zircônia têm sido desenvolvidos que devem levar a implantes mais seguros. Devido à
termoquímica de ambientes específicos, os resultados obtidos com a zircônia grau
biomédico, não podem ser totalmente entendidos e uma análise mais aprofundada é
necessária. Os autores resumiram alguns pontos importantes após mais de 20 anos
de pesquisa: a) o envelhecimento continua a ser uma questão fundamental para
componentes de zircônia; b) ocorre por água-assistida, na transformação de fase
martensítica, se propaga na superfície por um mecanismo de nucleação e
crescimento e em seguida invade a granel; c) o envelhecimento resulta em rugosidade
e microfissuras e, na maioria dos casos, leva à falha do componente; d) a análise da
42

cabeça implantada e o acompanhamento clínico demonstram claramente o dano


acometido, como efeito do envelhecimento do implante; e) muitas técnicas têm sido
desenvolvidas para monitorar e prever o envelhecimento; f) novos materiais à base de
zircônia, para substituir o padrão 3Y-TZP, estão agora disponíveis.
Para Kohal et al., 2008, os materiais de eleição para os abutments cerâmicos
são as cerâmicas de alumina de alta pureza (Al2O3) e a de zircônia (Y-TZP). Estas
cerâmicas de alta resistência têm melhorado as propriedades mecânicas. A cerâmica
de alúmina tem uma resistência à flexão de 400 MPa, uma tenacidade à fratura entre 5
a 6 MPa e um módulo de elasticidade de 350 GPa (148). Porém a Y-TZP tem o dobro
da resistência à força de flexão da cerâmica de alumina (900-1400 MPa), uma
tenacidade à fratura de até 10 MPa e um módulo de elasticidade no valor de 210 GPa.
Isso é explicado pelas diferenças microestruturais, com partículas menores e
polimórficas contra a propagação da falha. A principal razão para a resistência superior
da Zr encontra-se na estabilização pelo Y, que permite o processamento da Zr cristalina
meta-estável→tetragonal estrutura à temperatura ambiente. A fase tetragonal permite a
transformação para a fase t→m sob estresse e representa um mecanismo eficiente
contra a propagação da falha. A transformação resulta em um estresse de compressão
como resultado da expansão do volume e retarda a propagação de trincas ainda mais,
resultando em melhoria das propriedades mecânicas (Fig. 18).

FIGURA 18 − Representação esquemática da formação da microtrinca ao redor de uma partícula de Zr


transformada (a) e a absorção da energia de uma trinca em propagação (b). À dir. – mecanismo de
transformação induzida por tensão. FONTE: Retirado de Duarte (2009).

Analisando as perspectivas dos biomateriais em Implantodontia, Hisbergues;


Vendeville e Vendeville, (2008) citaram que atualmente a cerâmica de zircônia é
amplamente utilizada na área biomédica como um material para dispositivos
protéticos em virtude das suas boas propriedades mecânicas e químicas. É
largamente empregada na clínica Médica, para a substituição total do quadril, já sendo
43

um biomaterial prevalente na Odontologia e, ultimamente, na Implantodontia. Embora


o titânio seja muito usado para os implantes dentários, há uma tendência ao
desenvolvimento de novos implantes com base nessa cerâmica, como alternativa ao
titânio monolítico. Numa pesquisa via Medline para analisar a evolução e
desenvolvimento dos dados publicados sobre a zircônia, entre 1963 e janeiro de 2008,
os autores concluíram que, com suas interessantes propriedades microestruturais, a
zircônia foi confirmada para ser um material de escolha para a nova geração de
implantes, graças à sua biocompatibilidade, osteocondutividade, à tendência para
reduzir o acúmulo de placa, além da melhor interação com os tecidos moles, o que
designaram de periointegração. Entretanto, os autores lembraram que mais estudos
científicos são necessários para atender prontamente às lacunas, como a avaliação
clinica de longo prazo de todos os casos, com informações consistentes sobre a
topografia e a química da zircônia, com a finalidade de facilitar as comparações entre
os demais produtos usados na clínica. Também citaram como alternativa, o uso de
sistemas híbridos, ou seja, parafusos de titânio com colar de zircônia (Fig. 19).

FIGURA 19 − À esq., implante híbrido (metal-cerâmica); centro – protótipos híbridos para testes em animais;
à dir. – protótipos implantados em animal. FONTE: Adaptado do estudo de Moraes (2004).

Com o objetivo de comparar o desempenho dos aditivos ítrio e magnésio na


cerâmica ZPS, Pinheiro (2008) estudou pós de zircônia a 3% mol de ítrio e 8% mol de
magnésio, com tamanho das partículas, respectivamente, de 0,34 μm e 0,83 μm. O
processamento do material foi realizado através de sua homogeneização, secagem e
desaglomeração, seguido de prensagem uniaxial e isostática a frio. A sinterização foi
realizada a 1500°C para o material com magnésio e a 1540°C para com o ítrio, ambos
por 2 horas. Foi observado que os aditivos ítrio e magnésio alcançaram valores de
densidade relativos, respectivamente, de 97,90% e 94,36% em média, em relação à
densidade teórica do material. Uma retração entre 21 e 25% foi observada para o
44

aditivo ítrio e de 16 a 21% para o magnésio; enquanto valores, cerca de 7% maiores,


em relação ao módulo de elasticidade, foram observados para o aditivo magnésio. A
microdureza Vickers foi verificada obtendo-se um valor de 28,78% maior para o aditivo
ítrio, em relação ao magnésio, confirmando uma diferença na ZPS.
As propriedades mecânicas das cerâmicas PZT-Y como os sistemas Lava™/
3M / Spe, Cercon® / Dentsply, In-Ceram YZ-Vita, Procera® / Nobel Biocare™, Cerec
InLab® / Vident™, IPS e .Max® ZirCAD (Ivoclar Vivadent), são significativamente
superiores quando comparadas às demais cerâmicas odontológicas (Fig. 20-c). A
resistência flexural varia de 800 a 1000 Mpa e a tenacidade à fratura de 6 a 8 Mpa. As
porcelanas utilizadas para restaurações metalo-cerâmicas apresentam tenacidade à
fratura entre 0,9 e 1,2 Mpa; as reforçadas por leucita (Empress - Ivoclar) entre 1,5 e
1,7 Mpa; para a alumina (In-Ceram-Vita) 4,5 Mpa e os metais odontológicos, em torno
de 20 Mpa (Fig. 20 e Quadro 4). (KELLY, DENRY, 2008).

FIGURA 20 − a) Zircônia temperada com Alumina (ZTA). Fase dispersa da ZrO2 tetragonal (t); b) zircônia
parcialmente estabilizada com magnésio (Mg-PSZ). Fase lenticular ZrO2-t sobre a face cúbica; c) Y-TZP.
FONTE: Kelly, Denry (2008).

Para Bonfante (2009), do ponto de vista mecânico, os materiais de zircônia


PZT-Y são os mais adequados para uso nas reabilitações dentárias para as regiões
posteriores do arco dentário, quando comparados aos outros sistemas totalmente
cerâmicos (Quadro 4). O autor relatou o uso de 2 a 3% mol de óxido de ítrio
adicionado à zircônia pura para estabilizá-la na fase tetragonal em temperatura
ambiente, formando um material multifases e possibilitando seu uso clinicamente
viável. Nessa proporção, o material apresenta uma capacidade de dificultar a
propagação de trincas, em sua própria estrutura e na interface porcelana com a infra-
estrutura, em regiões de alta concentração de estresses ou tensão.
45

QUADRO 4 − Valores dos módulo de elasticidade, dureza, tenacidade a fratura e resistência de alguns sistemas
cerâmicos utilizados, comparados com a dentina humana.

MÓDULO DE
NOME TENACIDADE À
MATERIAL ELASTICIDADE DUREZA (GPa) RESISTÊNCIA
COMERCIAL FRATURA (MPa.m ½)
(GPa)
Porcelana Mark II 68 6,4 0,92 130
Cerâmica vítrea Empress II 104 5,5 2,9 320
Infiltrado de vidro InCeram
270 12,3 3 500
(Alumina) Alumina
Infiltrado de vidro
InCeram Zircônia 245 13,1 3,5 245
(Zircônia)
Alumina Procera Alumina 400 4,48 687
Zircônia (PZT – Y) Prozyr 205 12 5,4 1450
Zircônia (PZT –Y) Lava 210 13,5 5 a 10 1100
Dentina 15 - 20 0,6 3,1

FONTE: Adaptado de Bonfante (2009).

Para Kim et al. (2010), as restaurações com zircônia são amplamente


utilizadas em próteses odontológicas, no entanto, a susceptibilidade à degradação
hidrotérmica de algumas composições, permanece indefinida. Os autores propuseram
o uso de um equipamento com sistema CAD / CAM para usinagem e o subseqüente
tratamento de superfície, ou seja, moagem e / ou desgastes para obter efeitos
relevantes sobre a temperatura de degradação e o comportamento da cerâmica Y-
TZP. Utilizaram placas de zircônia com 0,5 mm de espessura, com e sem posterior
moagem, com grãos de diversos tamanhos e jateamento com partículas de alumina,
submetendo-os a testes de envelhecimento acelerado em um vapor de autoclave. Os
resultados mostraram que, no sistema CAD / CAM, as superfícies expostas
inicialmente apresentaram resistência superior à degradação, mas agravou-se em um
ritmo mais rápido com o tratamento em autoclave prolongada, em comparação com as
superfícies apenas jateadas. Os autores sugeriram uso de tensões de compressão
para suprimir a degradação por baixa temperatura da cerâmica Y-TZP na trituração
ou usinagem do material e, conseqüentemente, melhorando a sua resistência a longo
prazo, principalmente em ambientes úmidos. A aceleração da degradação de
superfícies hidrotermais do sistema CAD / CAM foi atribuída ao dano de usinagem do
equipamento e à ausência de superfície com tensões compressivas no material
plenamente sinterizado (Fig.21).
46

FIGURA 21 − Sistema cerâmico Ice Zircon CAD/CAM – dentina dinâmica. FONTE: Adaptado de Zirkonzahn
(2009).

2.2.4 Testes de cultura e biocompatibilidade da Zircônia

Segundo Hoffman et al. (1996) a biocompatividade é definida como a


habilidade de formar ligações com os tecidos moles e duros. Nenhum material
implantado em tecido vivo é totalmente inerte, pois todos os materiais emitem uma
resposta ao organismo. Para os autores, existem quatro tipos de respostas ao tecido:
a) se o material é tóxico, o tecido em torno do material morre; b) se o material não é
tóxico e é inerte, um tecido fibroso de espessura variada é formado; c) se o material
não é tóxico e é biologicamente ativo, uma ligação interfacial é formada; d) se o
material não é tóxico e é solúvel no meio, ocorre uma substituição de tecido. Os
materiais bioativos apresentam características intermediárias, entre os reabsorvíveis e
os bioinertes. O material bioativo apresenta uma resposta biológica específica na
interface do material, resultando na formação de uma ligação entre o tecido e o
material. Os materiais inertes não possuem ligações químicas e nem biológicas com
o tecido. Neles ocorrem micromovimentos, além do encapsulamento. A presença de
micromovimentos na interface biomaterial-tecido, eventualmente, conduzem a
deterioração em função do implante, do tecido na interface, ou de ambos. Alguns
materiais cerâmicos porosos como os fosfatos de cálcio, ou fosfato tricálcico (TCP),
são exemplos de materiais reabsorvíveis.
Para Wataha, 2000, a biocompatibilidade é a propriedade de um material em
não causar injúrias ou efeitos tóxicos sobre os sistemas biológicos, ou induzir a uma
resposta adequada do hospedeiro em situações específicas.
Um dos fatores determinantes da biocompatibilidade das ligas metálicas em
Odontologia é a propriedade de resistência à corrosão (WATAHA et al.,2002).
Os implantes de zircônia são óxidos bioinérteis e têm uma excelente
resitência à corrosão, boa biocompatibilidade e alta resistência ao desgaste.
47

Também tem sido demonstrado que essas cerâmicas de ZrO2 possuem altos
valores de flexão e tenacidade à fratura. Os testes in vitro de carcinogenicidade e de
teratogenicidade foram negativos, assim como os testes de genotoxicidade
evidenciaram a ausência nos padrões de aberrações cromossômicas nas células
cultivadas em placas de zircônio (SCARANO et al., 2004).
Em uma análise histológica da interface do osso com implantes de titânio e
zircônia, coordenada por Albrektsson e sua equipe (1985), observaram uma zona
livre de tecido fibroso, com uma camada de 20 a 40nm de espessura da zona de
proteoglicanos para os implantes de titânio e uma distância de aproximadamente
100 nm com feixes de colágeno. A zona de proteoglicanos revestindo os implantes
de zircônia mostrou uma espessura de 30 a 50nm e as fibras colágenas foram mais
além na distancia, relacionada à zircônia, em comparação com o titânio. Com estes
resultados, aqueles autores concluíram que a zircônia pode não ser uma alternativa
adequada ao titânio para fabricação de implantes. Contudo, os resultados das
investigações mais recentes, parecem indicar que a integração óssea da zircônia
tem melhorado e já não é diferente da do titânio, graças aos refinamentos realizados
na preparação dos materiais de zircônia (SENNERBY et al., 2005).
Segundo Daguano; Santos e Rogero (2006), com a tecnologia da
sinterização da cerâmica ZrO2-Al2O3, na proporção de 33% de zircônia, obtem-se
pilares com características mecânicas melhoradas, possibilitando o preparo manual,
na personalizaçao ou desgastes da cerâmica, mantendo-se ainda as características
de biocompatibilidade.
Maeda et al. (2007) desenvolveram uma cerâmica à base de ZrO2 utilizando
a rota de sinterização via fase liquida, usando um biovidro como aditivo para redução
das temperaturas finais de sinterização, mantendo a biocompatibilidade e atingindo
propriedades mecânicas suficientes exigidas para sua aplicação como implante.
Utilizaram misturas de pós compactados e sinterizadas em temperaturas de 1200ºC
e 1300ºC, com teor de biovidro de 3% em peso. Foi atingida uma densidade relativa
próxima de 100%, alcançando uma dureza superior a 1160HV, com tenacidade à
fratura de 6,3 Mpa e resistência a flexão em torno de 450 Mpa. A compatibilidade
dos coeficientes de expansão térmica entre a matriz cerâmica e fase intergranular
permitiu a geração de campos de tensão residual compressiva que impõe restrições
à propagação de trincas, melhorando a tenacificação. Os testes de
biocompatibilidade indicaram que os materiais não apresentam citoxidade, sem
48

interferir no crescimento celular periférico, possibilitando o uso do material em


implantes dentários por apresentar indicadores que são superiores aos níveis de
solicitação e patamares de tensões necessárias para este fim (Fig. 22)

FIGURA 22 – À esq. Curva de viabilidade celular da cerâmica ZrO2-biovidro obtida por teste de citoxidade, em
função da concentração de extrato. À dir. Diagrama de Weibull quando dopadas a 3 e 5% (1500º C).
FONTE: Adaptado de Maeda (2007).

Desde que a zircônia despertou interesse na Ortopedia e na Implantodontia,


sua biocompatibilidade óssea e dos tecidos moles foi essencial. Para determinar a
biocompatibilidade ou interações com os estudos da interface biomaterial-tecido in
vitro, as culturas de células fornecem uma importante ferramenta. Os primeiros
estudos in vitro foram realizados com zircônia em pó, cultivadas principalmente com
fibroblastos ou linfócitos, contudo nas avaliações mais recentes, as experiências são
focadas em osteoblastos humanos, pois estão envolvidos na reação tecidual no local
dos implantes ou com substratos compactos de zircônia (Fig 23). Com esta finalidade,
Kohal et al., (2008) estudaram o efeito da zircônia, alumina e titânio na expressão e
secreção das metaloproteinases MMP-2, MMP-9 e seus inibidores TIMP-1 e TIMP-2
por osteoblastos primários humanos. As metaloproteinases (MMPs) são uma família
de enzimas proteolíticas capazes de degradar todos os principais componentes da
matriz extracelular. Suas atividades podem ser reguladas por singulares inibidores
específicos. Um equilíbrio entre MMPs e TIMPs é necessário para muitos processos
fisiológicos e um desequilíbrio pode resultar em um número de eventos patológicos,
como as reabsorções ósseas, ou seja, no desenvolvimento de osteólise e
afrouxamento dos implantes.
49

FIGURA 23− Imagem de MEV. Osteoblastos humanos primários cultivados sobre a zircônia; (A), substrato com
superfície usinada , (B) superfície jateada por partículas com o substrato. FONTE: Kohal et al. (2008).

Arlom (2008), avaliando cerca de 600.000 implantes instalados nos países de


língua germânica, com mais de 100 sistemas baseados em titânio, cita possíveis
influências do metal nos linfonódulos e no sistema imune, considerando a fisiologia de
regulação de meridianos. Citou que esta abordagem preventiva de saúde-genética
não faz parte dos currículos no ensino da Implantodontia. Porém, os implantes
individuais de cerâmica de ZrO2 já são um sucesso e têm sido objeto de muitos
estudos científicos. Para o autor, sugeriu um tratamento integral, utilizando um
sistema de diagnóstico com decisão holística do individuo. Com o conhecimento
científico de hoje, o procedimento odontológico com implantes de titânio, tem que ser
visto de forma crítica.
Costa (2009), fazendo uma revisão bibliográfica na Internet sobre implantes
em zircônia, avaliou a viabilidade de uma nova solução na Implantodontia para
melhorar os resultados estéticos e aumentar a satisfação e motivação dos pacientes e
profissionais da Odontologia. Segundo o autor, a zircônia atua sobre os genes que
regulam a osseointegração, regulando para cima os valores normais das BMP 4 e 7,
favorecendo os períodos iniciais de integração. A cerâmica purificada apresenta uma
ótima citocompatibilidade, sem efeitos mutagênicos ou carcinogênicos. Concluiu que
os implantes em zircônia apresentam uma boa osseointegração, comparável à do
titânio, obtentendo melhores resultados em estudos onde se utilizaram superfícies
modificadas, com quatro tipos de rugosidades: por ataque ácido, jato de óxido de
alumínio, por combinação de ambos ou com substâncias formadoras de poros,
adicionadas na superfície antes da sinterização do material (Quadro 5).
50

QUADRO 5 − Estudos de implantes de Zircônia com diferentes superfícies e designs mais utilizados.
ESTUDO DESIGN DO IMPLANTE TRATAMENTO DE SUPERFÍCIE
Akagawa et al. (1998) Rosqueados Nenhum
Kohal et al. (2004) Rosqueados Jato de óxido de alumina
Dois grupos com superfícies porosas,
Sennerby et al. (2005) Rosqueados
Um grupo sem qualquer tratamento.
50% foram maquinados
Gahlert et al. (2006) Rosqueados
50% tratados com jato de óxido de alumina
Semelhante raiz segundo pré-
Pirker e Kocher (2007) Jato de areia
molar superior
Rugosidades criadas por broca diamantada.
Oliva et al. (2007) Rosqueados
Revestidos com substância bioativa
Oliva et al. (2008) Cilíndrico para compactação Ataque ácido
Sigma: ausência de dados. Nobel: jateados
Andreiotelli e Kohal (2009) Rosqueados, da Sigma e Nobel
e recobertos com alumina.
Langhoff et al. (2008) Rosqueados Jato de areia e banho alcalino
Hoffmann et al. (2008) Rosqueados Superfície rugosa, sem ref. de obtenção
Ataque ácido e pó de Zr formador de poros,
Depprich et al. (2008) Rosqueados
antes da sinterização
Depprich et al. (2008) Rosqueados Ataque ácido
FONTE: Adaptado de Costa (2009)

Para Hempel, (2009) a zircônia é um biomaterial adequado para o uso em


Medicina (Estomatologia, Ortopedia), devido à sua boa biocompatibilidade e
excelentes propriedades mecânicas. No seu estudo, comparou o efeito da zircônia
com o titânio, utilinzado duas topografias de superfície diferentes (jateada e jateada
/gravada), considerando a adesão, proliferação e diferenciação dos osteoblastos
SAOS-2. As células foram cultivadas sobre as duas superfícies e comparadas na
morfologia com as células cultivada no titânio gravado por 2 e 24 h após o
plaqueamento e investigada por MEV e imagens de fluorescência. Após 24 e 48 h, o
número de células-parâmetro relevantes foi determinado. A atividade de fosfatase
alcalina (ALP) e o acúmulo de minerais foram medidos nos dias 8, 11, 15 e 22 de
cultura, respectivamente. As avaliações revelaram uma propagação mais rápida e
maior número das células aderidas após 24 h de incubação na zircônia, quando
comparadas com o titânio. Além disso, a atividade metabólica celular, após 24 h, e a
taxa de proliferação, após 48 horas foram maiores na zircônia. Também foi na zircônia
o maior efeito na diferenciação de células SAOS-2 e na atividade de ALP, um
marcador de diferenciação precoce que aumentou e antecipou a mineralização.
Somente pequenas diferenças foram encontradas entre a zircônia com duas
diferentes topografias de superfície; a zircônia gravada promoveu pouco mais
diferenciação dos osteoblastos. Estes dados indicam que a zircônia apresenta maior
51

adesão, proliferação e diferenciação, em comparação com titânio, contudo, as


diferenças topográficas de zircônia têm efeitos menores na biologia dos osteoblastos.
Em um artigo técnico, Arzt (2009) descreveu sobre os implantes de cerâmica
ZrO2 e alguns aspectos humano-histológicos como uma alternativa para os implantes
metálicos. De acordo com as experiências positivas na área de prótese, as cerâmicas
de zircônia, apresentam resistência igual às ligas metálicas. Existem muitos estudos
que comprovaram esta cerâmica, como sendo um material quase perfeito para
implantes, pela tenacidade à fratura, osseointegração, dimensionamento preciso e
condicionamento de superfície. A biocompatibilidade da cerâmica de zircônia foi
investigada em vários estudos e, é plenamente considerada como um dado adquirido. É
possível que os implantes de cerâmica ZrO2 se comportem de acordo com os critérios
da chamada osteogênese-compósito biofuncional, ao contrário dos implantes de titânio
usados atualmente. Isso é sugerido, graças à incorporação óssea presente. A
osseointegração entre a superfície da cerâmica e o estoque ósseo biológico é
semelhante a uma histomorfologia mais realista da anquilose. O resultado histológico
encontrado, leva à suposição de que, nos implantes de ZrO2 existem "padrões bi-
direcionais de integração óssea”, com uma neo-ossificação bilateralmente na interface.
O autor também salientou o baixo acúmulo de placa nos implantes cerâmicos, fato este
que muito contribui na diminuição da reabsorção óssea vertical e horizontal a longo
prazo, considerada uma das principais causas da perda do implante.
De acordo com Andys (2009), nos trabalhos com Acupuntura desenvolvidos na
Paracelsus Clinic Lustmühle, os dentes ou as posições dos dentes, relacionam-se a
órgãos com níveis de energia diferentes nos meridianos ou na totalidade. Os exames
complementares e análise dos materiais dentários utilizados, assim como nos enxertos
ortopédicos, podem indicar sérias intolerâncias, com alguns sinais e sintomas
orgânicos. O autor preconiza para todos os pacientes, exames de sangue, de urina,
mas principalmente, o teste EAV e, para alguns casos de ensaio, a cinesiologia ou LTT.
Os recentes testes mostraram uma excelente aceitação da zircônia pelo corpo humano.
Só em raríssimos casos, pode ser encontrada alguma suspeita de falta de
biocompatibilidade com o ZrO2.
Procurando responder a questão da viabilidade dos implantes cerâmicos como
uma alternativa para os implantes de titânio, Andreiotelli; Wenz; Kohal, (2009)
proferiram uma revisão sistemática da literatura, identificando e ordenando dados
clínicos e histológicos em animais da conexão osso-implante (BIC). A pesquisa
52

selecionou 349 títulos na Cochrane / Medline dos 881 títulos encontrados. Com base na
análise abstrata e duplicatas devoluções de ambas as pesquisas, 100 artigos de texto
integral foram obtidos e submetidos a uma avaliação adicional. O processo de seleção
resultou numa amostra final de 25 estudos (Fig. 24). Ensaios clínicos não-randomizados
foram controlados sobre o resultado de implantes cerâmicos de zircônia e alumina. A
revisão sistemática identificou estudos histológicos em animais mostrando BIC
semelhante entre alumina, Zr e Ti. As investigações clínicas utilizando alumina em
diferentes implantes bucais por 10 anos mostraram sobrevida com taxas de sucesso na
faixa de 23 a 98% para diferentes indicações. Os implantes de Zr apresentaram uma
taxa de sobrevivência de 84%, após 21 meses e de 98%, após um ano. Para os
autores, não houve diferença na taxa de osseointegração entre os diferentes materiais
de implante em experiências com animais. Somente algumas investigações corte foram
localizadas, mas com valor científico questionável. Os implantes de alumina não
corresponderam de forma satisfatória e, baseado nessa análise, não são uma
alternativa viável aos implantes de Ti. Até o momento, para a comunidade científica, os
dados clínicos relacionados com os implantes em cerâmica de Zr em geral, não são
suficientes para recomendá-los como uso clínico de rotina. A Zr, no entanto, pode ter o
potencial para ser um sucesso como material de implante, embora isto ainda seja pouco
suportado por investigações clínicas. Os autores concluíram que a Zr pode ser um
material alternativo ao Ti para a fabricação de implantes dentários, mas não estão
disponíveis suficientes dados sobre a resistência à fratura do ZrO2 implantadas.

FIGURA 24 − Fluxograma da estratégia de busca dos 25 estudos. FONTE: Andreiotelli; Wenz; Kohal (2009).
53

Oliva; Oliva; Oliva, (2010) citaram que ainda hoje o titânio é considerado
pela comunidade cientifica como padrão ouro. Porém, relataram sobre casos
documentados de sensibilidade e especificidade com intolerância ao metal, com
raras alterações na pele. Segundo esses autores, alguns testes podem induzir a
sensibilização dos linfócitos T nativos, como o contato do antígeno epidérmico para
a detecção de efeitos cutâneos de hipersensibilidade. Por outro lado, os testes in
vitro, como o teste de transformação de linfócitos (LTT), podem detectar alérgenos
sensibilizantes, tanto dérmicos, como não-dérmicos. Os autores sugeriram o uso
deste teste para identificar com maior sucesso, a principal hipersensibilidade, tanto
para efeitos locais, como sistêmicos.

2.2.4.1 Estudos In Vitro

Kim et al. (2004) analisaram revestimentos de fosfatos de cálcio e de


compósitos de vidro sobre a zircônia para melhorar a biocompatibilidade, a resistência
mecânica e a atividade biológica. A hidroxiapatita (HA) e suspensões de pó de vidro
foram misturados e revestidos sobre o substrato ZrO2 e, posteriormente, tratados
termicamente para obter os revestimentos com compósitos de vidro. Depois do
tratamento térmico adicional, o fosfato bicálcico (DCP) e o fosfato tricálcico (TCP)
foram cristalizados, resultando na formação dos fosfatos de cálcio trifásico (HA-TCP-
DCP), circundado por uma fase de vidro (Fig. 25). O resultado da fase de vidro em
revestimentos cerâmicos, suas microestruturas tornaram-se muito mais densas,
quando comparadas com os revestimentos de HA puras. Os revestimentos
compósitos apresentaram taxas de dissolução muito maior do que o revestimento de
HA pura, devido aos cristalinos recém-formados (TCP e DCP) e às fases restantes de
vidro. As células osteoblásticas cresceram e se espalharam ativamente nas amostras
do compósito de revestimento. A proliferação celular e a atividade da ALP das células
no compósito de revestimento foram melhoradas em 30-40%, em relação ao grupo
controle e ao substrato ZrO2, sendo comparáveis ao revestimento de HA pura. Estes
resultados sugeriram que o CaP e os compósitos de vidro são potencialmente úteis
para o sistema de revestimento de tecido duro, devido à sua integridade morfológica e
mecânica, à bioatividade reforçada e às respostas favoráveis aos osteoblastos.
54

FIGURA 25 − SEM das morfologias dos revestimentos de HA pura em ZrO2, após o tratamento térmico a 1250º C
por 1h. A – vista superficial e B – corte transversal. FONTE: Adaptado de Kim et al. (2004)

Lima (2006) pesquisou as características de superfícies dos abutments sobre


os implantes de ligas de titânio (Ti-6Al-4V e Tilite) e da cerâmica de zircônia, quanto à
adsorção de proteínas salivares e do soro sangüíneo na aderência das bactérias por
S. mutans e A. naeslundii. Os resultados obtidos mostraram que as ligas de titânio
apresentaram diferenças nas características de superfície, exceto para dureza de
superfície, e que tanto a cerâmica de zircônia, como o titânio, apresentam
propriedades biológicas similares em termos de adsorção de proteínas e aderência
bacteriana. Entretanto, a autora realçou que os materiais estudados apresentam
comportamentos diferentes quanto à adesão bacteriana, quando comparados com a
hidroxiapatita (HA), principalmente para a A. naeslundii.
Procurando avaliar a citotoxicidade das biocerâmicas desenvolvidas para uso
em sistemas de implantes, Daguano; Santos e Rogero (2007) usaram amostras à base
de ZrO2, ZrO2-Al2O3e nitreto de silício (Si3N4) sinterizadas com tório (Tr2O3) que
foram submetidas a testes in vitro, com extratos dos materiais a serem testados em
contato com uma cultura de células de mamíferos, assim como extratos controles
positivo (solução de fenol) e controle negativo (pellets de PVC atóxico). A avaliação da
citotoxicidade foi realizada utilizando-se o método de incorporação do corante vital
vermelho neutro. Os resultados obtidos demonstraram que os materiais em análise não
apresentaram caráter citotóxico, independentemente do tempo de sinterização utilizado
e da composição de cada amostra (ZrO2-Al2O3, 90:10, 80:20 e 70:30) comprovando a
grande biocompatibilidade do material. Na avaliação biológica, constatou-se também
que o tempo de sinterização (1500°C ou 1600°C) não apresentou interferências
significativas nos resultados; o material apresentou ótimas características biológicas em
qualquer uma dessas condições. Essas mesmas conclusões podem ser observadas no
Si3N4 sinterizado com AlN/Tr2O3. Este fato é muito importante uma vez que são
procurados materiais para posterior aplicação em próteses ou implantes dentários.
55

FIGURA 26 − À esq., ensaio de citotoxicidade: análise das amostras de ZrO2-Al2O3 (80:20) sinterizadas a 1500°
e 1600°C. À dir., ensaio de citotoxicidade: análise das amostras de Si3N4 sinterizadas com Tr2O3, em adições
de 5, 10 e 20% em volume. FONTE: Retirado de Daguano; Santos; Rogero (2007).

Bachle et al. (2007) afirmaram que, devido à sua resistência inerente,


biocompatibilidade, bem como à sua cor, a cerâmica de zircônia tem o potencial para
se tornar um material alternativo para o titânio como implante dentário. Num estudo
procurando investigar o comportamento de osteoblastos (células CAL72) cultivados
em diferentes topografias de superfícies de cerâmicas Y-TZP, os autores examinaram
por MEV e perfilometrias de superfícies, 12 morfologias distintas de células. Os
autores concluíram que a morfologia das células osteoblásticas e a superfície coberta
não foram afetadas pelo tipo de substrato. Os resultados sugerem que aspereza ou
rugosidade da cerâmica Y-TZP possibilitaram um substrato adequado para a
proliferação e disseminação de células osteoblásticas.
Lazar et al. (2008) citaram os compósitos à base de hidroxiapatita (HA) e
zircônia (ZrO2) como materiais de interesse para fabricação de implantes ósseos
devido à excelente bioatividade da HA e às boas propriedades mecânicas
proporcionadas pela Zr, mesmo sabendo-se que o processamento desta cerâmica
pode provocar a formação de fases secundárias, dentre as quais o zirconato de cálcio
(CaZrO3). Para tanto, os autores avaliaram as propriedades deste composto com
amostras cerâmicas de CaZrO3 preparadas por reação no estado sólido, a partir de
pós de Zr, cálcio ou carbonato de cálcio, caracterizando-as por difração de raios X,
MEV, medidas de densidade pelo princípio de Arquimedes e de dureza pelo método
de impressão Vickers. O potencial citotóxico foi avaliado por testes in vitro, nos quais
análises espectrofotométricas foram realizadas em extratos das amostras expostos à
cultura celular. Os resultados obtidos foram comparados aos de cerâmicas de fosfatos
56

de cálcio e o compósito HA-ZrO2. A rota de síntese no estado sólido mostrou-se


adequada para preparação de cerâmicas de CaZrO3. Por sua vez, a caracterização
física deste material mostrou que a presença deste composto em cerâmicas de HA-
ZrO2 contribui para a formação de porosidade e redução dos valores de dureza, uma
vez que o compósito é obtido em temperaturas de sinterização relativamente baixas
(1250ºC). Contudo, os ensaios in vitro indicaram que cerâmicas de CaZrO3 não
apresentam efeito citotóxico, podendo estar presentes nos implantes (Fig. 27).

FIGURA 27− Curvas de viabilidade celular obtidas no teste de citotoxicidade dos extratos das cerâmicas à base
de HA, de carbonato de cálcio e controles positivos e negativos. À dir. superficie de zirconato de calcio sob MEV.
FONTE; Adaptado de Lazar et al. (2008).

Objetivando determinar o padrão de saliva e proteínas sorológicas


presentes nas películas formadas sobre as superfícies de titânio (Ti) e cerâmica de
zircônia (ZrO2) e a capacidade das células bacterianas aderirem às películas
experimentais, Lima et al.(2008) compararam com as películas formadas sobre
superfícies de hidroxiapatita (HA), pela incubação in vitro dos materiais com saliva
e soro. A composição de cada proteína das películas foi investigada por
imunodetecção. A aderência de Streptococcus mutans e Actinomyces naeslundii
de revestimento das superfícies e películas experimentais foi determinada por meio
de contagem de cintilação. A análise eletroforética das películas formadas em HA,
Ti e ZrO2 revelou poucas diferenças qualitativas na composição das proteínas
formadas nas películas. Os componentes da película identificados e incluídos
foram: amilase, IgA, IgG, albumina, fibronectina e fibrinogênio. Os autores
concluíram que o número de S. mutans nas células aderidas ao Ti e à cerâmica de
ZrO2 foi significativamente maior do que o número das que aderiram à HA. O Ti e
57

ZrO2 mostraram a composição de proteínas semelhantes na película bacteriana e


propriedades de ligação. No entanto, foram observadas diferenças significativas
quando os materiais foram comparados com a HA.
Silva et al. (2008) testaram a influência da mastigação na fadiga e nos
movimentos entre os modos de carga recebidos no preparo para coroa total em
implantes cerâmicos de ZrO2 de uma única peça. Quarenta e oito implantes de
cerâmica Y-TZP (Nobel Biocare, Suécia) foram utilizados. Todos os espécimes
foram incluídos em resina acrílica, expondo as duas primeiras roscas, em
angulação 30º com relação ao eixo vertical (especificação ISO 14801- Fig.28). As
preparações nos pilares dos implantes seguiram os passos para uma coroa total
protética, na metade dos espécimes, os quais foram desgastados até a falha ou
sobrevivência. A partir dos dados obtidos, num esforço calculado em 50.000 ciclos
e carga de 600 N foi gerada uma curva de Weibull. Não houve diferença de
confiabilidade entre os grupos observados. Para os autores, a preparação da coroa
não influenciou a confiabilidade no implante cerâmico de única peça e a fadiga não
influenciou no tempo de vida dos implantes de cerâmica com cargas de até 600 N.

FIGURA 28 − A) Seqüência de preparo para coroa no implante cerâmico de uma peça. B) implante
incorporado em PMMA com 30º com 2 roscas expostas; C) broca para preparo, com ranhuras; D) na cabeça
do implante os sulcos foram unidos, com a redução oclusal; E) preparações com tamanho e configuração
semelhantes; F e G) broca em forma de pera (Komit) por lingual, na preparação do incisivo; G) finalização do
preparo para o teste de fadiga com um penetrador trapezoidal. FONTE: Adaptado de Silva et al. (2008).

Para investigar sobre efeitos genéticos da zircônia nos osteoblastos, Palmieri


et al.(2008) utilizaram o microRNA (MiRNA) regulação da interface das células
osteoblásticas com o óxido de zircônia. Uma vez que a influência dos implantes
dentários de ZrO2 sobre o genes não são completamente compreendidos, os
autores utilizaram MiRNA e técnicas de micro ensaios para investigar o processo
de tradução em osteoblastos expostos à zircônia. Os autores usoaram vários micro
ensaios de MiRNA, contendo 329 sondas projetadas a partir da seqüência do RNA
humano. Os mais notáveis genes reguladores agindo sobre os osteoblastos foram:
58

GE, SHOX, IGF1, BMP1 e FGFR1. Os autores optaram por realizar o experimento
após 24 h, a fim de obter informações sobre a fase inicial de estimulação, uma vez
que esses eventos de interação são fundamentais para a osseointegração dos
implantes. Além disso, este tempo inicial apresenta maior relevância quando se
considera que a carga imediata é, atualmente, o principal tema da Implantodontia.
O efeito global das cerâmicas de óxido de zircônia na formação óssea foi
detectado e os dados relatados podem representar um modelo para a comparação
de diferentes substâncias, com efeitos semelhantes. Os dados comunicados neste
estudo representam o pioneirismo sobre a regulamentação de tradução em
osteoblastos expostos à zircônia na qual a formação óssea foi detectada.
Em outro estudo da equipe Palmieri et al. (2008), foram analisados os
efeitos a curto prazo em osteoblastos cultivados sobre os implantes de cerâmica
de óxido de zircônia e de titânio (Ti). Utilizaram MiRNAs, uma classe de de
pequenos e funcionais RNAs não-codificantes de 19 a 23 nucleotídeos que
induzem degradação do RNA mensageiro específicos (RNAm), controlando o
processo de tradução, isto é, a síntese de proteínas a partir do RNAm. Além disso,
os RNAm regulam o promotor de MiRNAs específicos, ativando um loop de
retroalimentação autoregulatório. Com a técnica de micro ensaios de MiRNAs,
identificou-se, em linhagens celulares de osteoblastos (MG63) cultivadas em Ti
grau 3 e em discos zircônia, vários MiRNAs cuja expressão foi modificada. Foram
encontrados 6 MiRNAs regulados para cima e 4 regulados para baixo. Contudo,
devido ao fato de que todos os MiRNAs regulam centenas de genes, foram focados
somente aqueles relacionados à formação óssea. Dentre eles, os mais notáveis
são o BMP4 e 7, ambos regulados para cima em osteoblastos cultivados em
discos de Ti. Foram coletados os RNAm após 24 horas da cultura celular para
entender melhor os eventos moleculares relacionados com a cicatrização óssea
inicial ao redor dos implantes inseridos. Uma técnica de micro ensaio de RNAm foi
desenvolvida como controle. Uma vez que o MiRNA regulamenta milhares de
genes, foram selecionados apenas os genes relacionados com a formação óssea
(osteogênese e remodelação (Fig.29). Por conseguinte, os autores sugeriram que as
superfícies de Ti poderiam fornecer algumas vantagens para carga imediata em
Implantodontia.
59

FIGURA 29 − À esq., lista dos RNA mensageiros (mRNA), detectados e regulamentados por micro RNAs
(MiRNAs). em cartilagens e osso humanos. À dir., SAM (Análise de significância de Micro-arranjos) em um lote
de genes MG63 cultivados por 24 h em discos de zircônia. FONTE: Retirado de Palmieri et al. (2008).

Buscando alternativas para tratamento das periimplantites dos casos com


implantes de zircônia, Stubinger et al. (2008) pesquisaram sobre a aplicação do laser
e seu impacto sobre este material no curso da periimplantite. Investigaram a influência
de Er: YAG, irradiação do laser de CO2 e laser de diodo em discos de zircônia,
analisando-os com MEV, microscopia de luz (CWLM) e energia dispersiva de Raios X
(EDX). Concluíram os autores que o laser de diodo, laser de Er: YAG e irradiação do
laser de CO2 revelaram alterações superficiais distintas na zircônia em vários
parâmetros do laser. Portanto, o YAG não pode ser recomendado para o tratamento
de implantes em dificuldade de inserção conjuntiva, em virtude da penetração do feixe
de laser e possíveis danos no material. Neste contexto, atualmente os lasers de diodo
parecem ser os sistemas que oferecem maior preservação de superfície,
proporcionando segurança no tratamento das periimplantites associadas à zircônia.
Para Bürgers et al. (2009), os implantes dentários podem ser considerados
um reservatório potencial de (re)infecção com Candida albicans. Os autores
avaliaram a adesão inicial de três diferentes texturas em implantes de titânio e em
uma superfície de implante de zircônia e correlacionaram estes achados com
diferenças nas características de superfícies específicas: rugosidade superficial e
energia livre de superfície (Fig.30). Além disso, foi investigada a influência das
proteínas salivares no biofilme, ou seja, a mucina e a albumina. A menor quantidade
de células fúngicas foi encontrada na superfície jateada com areia nos implantes de
titânio, ao passo que os implantes de zircônia não apresentaram redução da adesão
de C. albicans. A proteína mucina proporcionou aumento da acumulação C.
albicans, e em contraste, a albumina é pouco provável que esteja envolvida no
processo de adesão deste fungo.
60

FIGURA 30 − À esq. SEM de jato de areia em espécimes de Ti com ataque ácido, ampliação de 600X (a) e 8000
(b). À dir. SEM de um espécime de cerâmica de zircônia, 600 X (a), 8000 X (b). FONTE: Bürgers et al. (2009).

Kohal et al. (2009) investigaram a biocompatibilidade da alumina-zircônia


temperada (ZTA), com diferentes topografias de superfície, usando osteoblastos
isolados de biópsias no maxilar de quatro pacientes, cultivados e semeados em discos
com seguintes substratos: ZTA com superfície jateada por partícula abrasiva e
jateamento mais ataque ácido. O jateamento com partículas no titânio gravado com
ácido (SLA) e discos de poliestireno serviram como controle. A topografia da
superfície dos substratos foi caracterizada por várias perfilometrias e MEV. Foram
determinadas a proliferação celular, área de revestimento de superfície, fosfatase
alcalina (ALP) e produção de osteocalcina, além da morfologia celular analisada em
MEV. O ensaio de proliferação ZTA não revelou estatisticamente significativas
diferenças entre os substratos de titânio SLA e poliestireno. Todos os substratos foram
densamente recobertos por osteoblastos, obtentendo a produção de ALP e
osteocalcina semelhantes em todas as superfícies examinadas. A análise morfológica
revelou osteoblastos distendidos com extensões celulares em todos os substratos,
indicando que ZTA pode ser um substrato viável para o crescimento e diferenciação
de osteoblastos humanos. Para os autores, a modificação da superfície ZTA por
partículas de micro abrasão, isoladamente ou em associação com o condicionamento
ácido, parece não interferir com o crescimento e diferenciação dos osteoblastos.
Kohal; Finke e Klaus (2009) fizeram um estudo piloto in vitro sobre a
estabilidade de um protótipo de duas peças de zircônia e dos implantes de titânio
após envelhecimento artificial, justificado pelos poucos dados disponíveis sobre o
comportamento biomecânico deste tipo de conexão. Usaram três diferentes grupos de
tratamento, cada grupo constou de 16 amostras. No grupo 1, dois implantes de Zr
foram restaurados com coroas e abutments de ZrO2 (zircônia revestida com
61

Triceram®; Esprident, Alemanha) e no grupo 2 implantes de Zr receberam coroas


Empress ® (Ivoclar Vivadent AG, Liechtenstein). Os implantes, incluindo os pilares
dos dois grupos de zircônia eram idênticos. No grupo 3, os implantes de titânio
semelhantes foram reconstruídos com porcelana fundida ao metal. Oito amostras de
cada grupo foram submetidas ao envelhecimento artificial com um teste de longa
duração de carga em boca artificial (simulador de mastigação). Todas as amostras
que sobreviveram ao carregamento foram submetidas a um teste de resistência à
fratura em uma máquina universal para ensaios de carregamento artificial com 1,2
milhões de ciclos. O teste de fratura no grupo dos implantes de zircônia foi maior na
cabeça do mesmo e, no grupo do Ti, prevaleceu uma fratura de flexão no parafuso do
pilar (Fig. 31). Dentro dos limites do presente, a estabilidade biomecânica do protótipo
ensaio, em comparação com as forças possivelmente exercidas pela oclusão, ficou no
borderline para uso clínico. Um elevado número de falhas ocorreu durante o
carregamento artificial no grupo do titânio, no nível do parafuso do pilar. Entretanto, o
grupo da zircônia apresentou ser irreparável pelas fraturas da cabeça do implante, em
cargas relativamente baixas. Portanto, os autores afirmaram que o uso clínico, nas
condições deste estudo protótipo apresentado, tem que ser questionado.

FIGURA 31 −Implantes de zircônia e titânio com abutments; no centro, um conjunto implante- coroa em zircônia
submetidos à carga artificial; à dir., implante fraturado ao nível da cabeça. FONTE: Kohal; Finke; Klaus (2009).

Casucci et al. (2009) avaliaram o efeito de diferentes tratamentos químicos e


mecânicos na superfície da zircônia na tentativa de melhorar o seu potencial de
ligação. Para tanto, utilizaram discos de cerâmica de óxido de zircônio sinterizados e
tratados por abrasão com jateamento por partículas de Al2O3 de 125 micrômetros,
por condicionamento com ácido fluorídrico (HF) a 9,5%, por infiltração seletiva de
condicionamento ácido (SIE); por solução de ácido aquecido aplicado por 10, 30 e 60
min., e o grupo controle, Zr sem nenhum tratamento. As gravações e rugosidades de
superfícies dos discos cerâmicos foram analisadas por AFM. Os discos também
62

receberam caracterização bi-dimensional da superfície com a digitalização em MEV.


Os tratamentos na superfície da cerâmica influenciaram significativamente a
topografia e a rugosidade da superfície. O delineamento experimental com a solução
ácido a quente melhorou a rugosidade da superfície da cerâmica, independentemente
do tempo de aplicação, permitindo maior aderência de retenção micromecânica. Para
os autores, a influência deste tipo de tratamento de superfície, considerando a
resistência de união da zircônia, necessita de comprovação por mais pesquisas.
Buscando avaliar a resistência à fratura dos implantes de ZrO2 com um
envelhecimento e exposição em boca artificial, Andreiotelli e Kohal (2009), utilizaram
120 peças, contendo implantes de Ti como controle, divididos em dois grupos (A e
B). Foram utilizados os implantes fabricados a partir de Y-TZP no grupo C, de
zircônia com alumina (Y-TZP- A) no grupo D, e de Y-TZP-A com a superfície
modificada em grupos E, F. No grupo F, os implantes foram preparados para coroas
totais e, no grupo G, foram restaurados com coroas de ZrO2, sem preparo para
coroa. Cada grupo incluiu 16 amostras com exceção do grupo D, que incluiu 24
amostras. Um subgrupo de cada tipo de implante (oito implantes) foi submetido à
ciclagem termomecânica, em um simulador de mastigação, antes do teste de fratura.
As amostras foram então carregadas até que a fratura ocorreu. Sete das 120
amostras falharam no simulador de mastigação. Os implantes ZrO2 fraturaram com
725-850 N, quando os implantes não estavam preparados e com 539-607 N quando
receberam o preparado. As amostras do grupo A (Ti) fraturaram ao nível do parafuso
do pilar. Todos os implantes ZrO2 fraturaram ao nível da resina de cimentação.
Nenhuma fratura das coroas de ZrO2 no grupo G foi observada (Fig.32). A média
dos valores de resistência à fratura obtidos estava dentro dos limites de aceitação
clínica. No entanto, os implantes que tiveram preparação, resultaram em influência
significativamente negativa, pois fraturaram sob cargas relativamente baixas durante
o carregamento cíclico. Os autores reconhecem que os implantes de cerâmica não
mostram uma distribuição mediana, como os implantes de metal, o que representa
um risco na aplicação clínica. No entanto, não estão disponíveis suficientes dados
sobre a resistência à fratura desses implantes de única peça. Embora estes dados
experimentais sejam animadores, mais dados clínicos, de longo prazo, são
necessários antes de se recomendar os implantes ZrO2 de uma peça para a prática
diária. Desta forma, esses autores concluiram que a zircônia pode ser um material
alternativo ao titânio para a fabricação de implantes dentários.
63

FIGURA 32 − À esq., distribuição das amostras do estudo; À dir., um implante cerâmico ZiUnite incluído no
corpo de prova com ângulo de inclinação de 130°. FONTE: Retirado de Andreiotelli e Kohal (2009).

Gerspach; Stubinger; Meyer (2010) analisaram in vitro a eficácia


antibacteriana de dois diferentes sistemas de laser (CO2 e diodo) aplicados ao
Streptococcus sanguinis ou Porphyromonas gingivalis, em suspensão ou aderidos aos
materiais para implantes dentais em zircônia ou titânio, com duas superfícies
diferentes. As bactérias foram irradiadas em duas diferentes configurações de
energia, com o laser de CO2 (10.600 nm) ou um laser de diodo (810 nm). O menor
modo é usado clinicamente e pode alterar a maior superfície dos materiais (emissões
de CO2: 100 J/cm2 e de diodo: 50 J/cm2). Após a irradiação, o número de bactérias
viáveis foi determinado pela cultura. Os autores perceberam que as células
planctônicas de ambas as espécies foram mais resistentes à irradiação do laser sobre
as bactérias que aderem às superfícies. Os P. gingivalis aderidos foram efetivamente
mortos em ambos os comprimentos de onda, mesmo com as configurações mais
baixas, independentemente do material. Os S. sanguinis que aderiram a qualquer
superfície de zircônia foram efetivamente mortos por o laser CO2 na configuração
mais baixa de 100 J/cm2. No entanto, as definições mais elevadas de ambos os
lasers foram necessárias para reduzir S. sanguinis que aderiram às superfícies de
64

titânio. O laser de CO2 na configuração mais baixa e o laser de diodo na configuração


superior reduziram efetivamente a viabilidade de S. sanguinis ou P. gingivalis que
aderiram às superfícies de zircônia. Os autores concluíram que, nas condições de
irradiação conhecidas, não ocorreu alteração nas superfícies dos implantes de
zircônia in vitro e, tanto o laser de CO2, como o de diodo, reduziram efetivamente a
aderência dos S. sanguinis ou dos P. gingivalis (Quadro 6).

QUADRO 6 − Quadro de redução de células bacterianas aderidas à superfície de diferentes implantes de titânio
e zircônia, com e sem tratamento de superfície, com as alterações observadas após a irradiação do laser.

FONTE: Retirado de Gerspach; Stubinger; Meyer (2010).

Zinelis et al. (2010) caracterizaram a composição química e microestrutural da


superfície dos implantes dentários das zircônias comercialmente disponíveis (White
Sky e Zit-Z). A composição química do pescoço cervical e das roscas dos implantes
foi estudada para avaliação morfológica de micro-análise Raman para a
caracterização microestrutural e perfilometria com medições de rugosidade de
superfície por EDX. Os resultados do estudo mostram que existem diferenças
significativas na química de superfície, na estrutura e na rugosidade dos implantes
testados. As análises das amostras revelaram a presença de zircônia monoclínica e
tetragonal, juntamente com as fases ítrio-cúbica. A fração de volume de zircônia
monoclínica foi maior em superfícies radiculares do que no colar ou pescoço do
implante. Nenhuma fase monoclínica foi encontrada em regiões a granel, usadas
como controle. As diferenças encontradas entre os implantes quanto ao grau de
contaminação por carbono, teor de alumina residual, transformação de fase t→m e
parâmetros 3D de rugosidade na Zr, podem contribuir para uma diferenciação
substancial na resposta celular e tecidual (Fig 33). Entretanto, o significado dessas
propriedades para o sucesso dos implantes dentários Y-TZP poderá ser verificado
nos estudos clínicos de longo prazo, uma vez que não estão disponíveis atualmente.
65

FIGURA 33 − À esq., imagens ópticas 3D de profilometria das regiões das roscas em implantes WhiteSky (100X), no
centro do implante Zit-Z. Cálculo dos parâmetros de rugosidade de superfície, com imagens submetidas a um
processo de subtração automática. À dir., no implante WhiteSky. FONTE: Adaptado de Zinelis et al. (2010).

Existem poucas informações disponíveis sobre a análise de estresse da Y-TZP


em implantes dentais e no osso circundante. Neste sentido, foi dirigido um estudo para
a avaliação da compressão e tração em três sistemas diferentes de implantes dentários
de zircônia (Z-Systems, Ziterion e White-Sky) com 10 mm de comprimento e 4 mm de
diâmetro na anterior da maxila, utilizando uma análise tridimensional de elementos
finitos com o osso circundante. O carregamento foi aplicado nos eixos horizontal e
oblíquos, com ângulos de 90 e 30 graus em relação aos longos eixos dos implantes. As
maiores tensões compressivas foram observadas na superfície vestibular do implante,
região do pescoço e interface osso cortical do implante Z-Systems sob carga oblíqua e
horizontal. Para ambas as condições de carga, os valores mais altos do estresse de
tração foram observados na região palatal e na interface osso cortical do implante Z-
Systems. Portanto, a compressão e tensão de tração que ocorreram no osso cortical,
foram superiores aos observados no osso trabecular. (Fig. 34). As diferenças entre os
valores de tensão que ocorreram nos implantes de zircônia podem ser relacionadas
para o corpo dos diferentes projetos dos implantes (CAGLAR et al., 2010).

FIGURA 34 − Vista dos modelos da análise de elementos finitos, no osso trabecular e cortical. Tabela 1 contendo
os materiais utilizados e tabela 2 com os nódulos e elementos usados em cada modelo de estudo. FONTE:
Retirado de Caglar et al. (2010).
66

Um estudo de análise de elementos finitos avaliou a ideal combinação dos


materiais para a superestrutura de prótese de um único elemento implanto-suportado,
com padrões de ajuste diferentes. Dois modelos de análise bidimensional de
elementos finitos foram construídos: o grupo A (controle), com prótese apresentando
ajuste preciso de adaptação implantar e o grupo B, com prótese possuindo desajuste
angular unilateral de 100 µm. Cada grupo foi dividido em cinco subgrupos,de acordo
com diferentes materiais, titânio, ouro e zircônia e revestidos, porcelana e resina
composta modificada. A carga de 133 N foi aplicada no lado oposto ao desajuste do
modelo, com 30 graus de angulação e 2 mm fora do eixo. A presença do desajuste
unilateral angular (grupo B) aumentou a tensão von Mises no implante em 40% e no
parafuso de retenção 7% em relação ao grupo A. A combinação de porcelana / titânio
e porcelana / zircônia indicou distribuição de tensões mais favoráveis. Quando a liga
de ouro foi usada, não houve diferença nos valores de stresses para ambos os
materiais de revestimento em todos os grupos (Fig. 35). Do ponto de vista
biomecânico, os materiais com alto módulo de elasticidade são os mais adequados
para a superestrutura da prótese implanto-suportadas (ASSUNÇÃO et al. 2010).

FIGURA 35 − À esq. mostra o contato entre a plataforma do implante e a estreita área de desajuste angular da
coroa. À dir. distribuição do stress von Mises nos grupos de implantes. FONTE: Assunção et al. (2010).

2.2.4.2 Estudos In Vivo - Animais

Akagawa et al.(1993) foram os primeiros a relatar o uso do implantes bucais


feitos de zircônia em cães Beagle. Eles avaliaram um grupo de implantes dentários
em zircônia submetidos à carga, uma semana após a colocação do implante, e outro
grupo sem carregamento. A histologia foi realizada 3 meses após a instalação dos
implantes. Os autores relataram que nenhum implante ficou com mobilidade e
nenhuma fratura ocorreu durante o experimento. A aposição óssea direta ao implante
pode ser observada em ambos os grupos de tratamento. A relação de contato osso-
67

implante (BIC) foi de 81,9% para o implante sem carga, observando-se menor perda
óssea marginal e de 69,8% para o grupo carregado, o qual mostrou maior perda
óssea marginal. Infelizmente, nesse estudo não foi incluído um grupo de controle de
titânio para comparação ou controle.
Em um segundo estudo, Akagawa et al. (1998) compararam reconstruções
bucais totalmente implanto-suportadas, com reconstruções implante-dente conectadas
em macacos. Novamente, os implantes fabricados a partir da zircônia ZPS foram
inseridos em mandíbulas de oito macacos e, 3 meses depois, três tipos diferentes de
estruturas protéticas foram fornecidas (coroas unitárias sobre implantes, restaurações
implanto-suportadas, ou reconstruções implante-dente suportada). Clinicamente, não
houve diferenças entre os grupos. A histologia foi realizada após 12 e 24 meses. Foi
observada aposição óssea direta em todos os grupos. A histomorfometria mostrou
uma taxa BIC entre 66 e 81%. Em geral, não houve significativa diferença entre os
grupos diferenciados de tratamento.
A osseointegração da zircônia (Y-TZP) e da Zr revestida com vidro bioativo
(RKKP) em osso saudável foi avaliada in vivo por Stanic et al. (2002). Os autores
avaliaram os modelos RKKPs revestidos e não-revestidos (controles) em forma de
cilindros de cerâmica Y-TZP que foram implantados nas epífises distais de cada fêmur
de 14 ratos, sob anestesia geral. Foram realizadas histomorfometria e micro análise por
MEV em amostras descalcificadas e imersas em metilmetacrilato, para verificar a taxa
de osseointegração (Fig.36). Em 30 dias, um índice significativamente maior de
afinidade foi demonstrado in vivo por avaliação histomorfométrica dos implantes RKKPs
revestidos versus não-revestidos Y-TZP. Na avaliação de 60 dias, os implantes
revestidos comportaram-se melhor do que os controles, mas a diferença observada
residia na incerteza estatística. A análise por MEV demonstrou melhor aderência do
osso ao material nos implantes Y-TZP / RKKPs revestidos em ambos os tempos de 30
e 60 dias. Estes achados sugerem que os implantes de zircônia Y-TZP revestidos com
o vidro bioativo, chamados RKKPs, aumentam a osseointegração da cerâmica.

FIGURA 36 − Implante de Zr revestido com vidro bioativo 30 dias após a cirurgia, A micrografia ( 35X ) mostra o
retroespalhamento nos cortes transversais do corpo, sem nenhum tipo de fratura. FONTE: Stanic et al. (2002).
68

Scarano et al. (2003) estudaram a resposta do osso ao implante de cerâmica


de zircônia inserido em coelhos brancos adultos. Os implantes foram instalados
nas tíbias dos coelhos, com quatro implantes cada. Todos os animais foram
sacrificados após 4 semanas. Um total de 20 implantes foram recuperados para
exame histológico, juntamente com os tecidos periimplantares, imediatamente
fixados em paraformaldeído a 4% e 0,1% de glutaraldeído. Os espécimes foram
processados com um sistema preciso para obtenção de cortes finos e
padronizados. As lâminas foram observadas em microscópio de transmissão de
luz. Grande quantidade de osso neoformado foi observada em estreito contacto
com superfícies cerâmicas de zircônia, em algumas áreas, com muitos
osteoblastos fixados diretamente na zircônia. A porcentagem de BIC foi de 68,4%.
O osso maduro, com poucos espaços de medula, estava presente. Pequenos
osteoblastos ativos estavam presentes na parte coronal e apical do implante.
Nenhuma célula inflamatória multinucleada estava presente. O estudo concluiu que
estes implantes são altamente biocompatíveis e osteocondutores.
Kohal et al. (2003) fizeram uma investigação experimental em macacos com
implantes de zircônia sob carga para avaliar a osseointegração. Cinco meses após a
extração dos dentes incisivos superiores, doze implantes de titânio (grupo controle) e
12 implantes de zircônia (TZP-Y) em forma de cilindros (grupo de teste) foram
instalados (Macaca fascicularis). Seis meses após a instalação, os implantes foram
moldados para receberem as próteses metálicas em forma de coroas metálicas
unitárias as quais foram cimentados aos implantes três meses depois (Fig. 37). Todos
os implantes apresentaram estabilidade primária no momento da inserção, nenhum
deles foi perdido durante o curso da investigação. Após cinco meses da colocação
das coroas, todos os implantes com os tecidos moles e duros em torno, foram
processados histologicamente e avaliados sob o microscópio de luz no nível do
contato osso-implante (BIC). A média da BIC mineralizada, após cinco meses de
carga, num total de 14 meses de cura do grupo zircônia, atingiu 67,4%. Em cada
animal, a osseointegração variou de 42,4% a 87,7%. Não houve diferença
estatisticamente significativa em relação ao grupo dos implantes de titânio. Dentro dos
limites deste experimento animal, os autores concluíram que a osseointegração dos
dois materiais estão nas mesmas proporções e com resultados semelhantes aos
estudos anteriormente realizados com animais.
69

FIGURA 37 − Nas regiões dos dentes 11 e 12 dois implantes de zircônia e na região de 21 e 22 de dois
implantes de titânio instalados e carregados com coroas metálicas. À dir. corte histológico em azul toluidina com
ampliação de 7X. FONTE: Kohal et al. (2003)

Em outra investigação Kohal et al. (2004) com animais, foram extraidos os


incisivos superiores de 6 macacos e, após 5 meses de cicatrização, instalaram 12
implantes de Y-TZP e 12 de titânio com tratamento de superfície. Os pilares foram
colocados 6 meses após a inserção dos implantes e as coroas entraram em função
após 3 meses, mantendo-se um controle de placa com um programa de escovação.
Cinco meses após a instalação das coroas, os implantes e os tecidos de suporte e
proteção foram levados para avaliação histológica. Nenhum implante foi perdido no
período de investigação. O espaço biológico e a medida da distância entre a margem
gengival e epitélio juncional e deste ao tecido conjuntivo, foram medidos. As médias
do espaço biológico foram de 5,0mm para os implantes de titânio e de 4,5mm para os
de zircônia. A outra distância entre o epitélio juncional e a ligação conjuntiva, ficou
com 1,5mm para os implantes em zircônia e 2,4 para os implantes em titânio. Após 9
meses da colocação dos implantes com seus pilares e de 5 meses em carga, pôde-se
constatar 72,9% de mineralização para os implantes de titânio e de 67,4% para os de
zircônia (Fig. 38). Não foram estatisticamente significantes as diferenças entre os
materiais. Dentro dos limites dos animais experimentados, os autores concluíram que
os implantes de zircônia osseointegraram na mesma extensão daqueles feitos na
comparação com o titânio e demonstraram as mesmas dimensões nos tecidos moles.

FIGURA 38 − Implante de Zr de 3mm de diâmetro, com tratamento de superfície. Avaliação isométrica das
distâncias biológicas – GM, Gengiva Marginal – JE, Epitélio Juncional e BIC. Corte M-D do implante de Ti
detalhando a leve perda óssea vertical e inflamação gengival (25X). À dir. implante Zr em corte histológico.
Poucos sinais de inflamação periimplantar podem ser visualizados neste material. FONTE: Kohal et al. (2004).
70

Sennerby et al. (2005) desenvolveram uma técnica diferente de jateamento


para abrasionar e conseguir uma superfície porosa no revestimento dos implantes de
zircônia, através de uma pasta contendo zircônia em pó. Durante a sinterização do
revestimento o pó inicial foi queimado e uma porosa superfície foi o resultado. As
análises topográficas mostraram que a superfície do implante de zircônia foi
modificada chegando a assemelhar-se à superfícies do conhecido TiUnite (Nobel
Biocare, Suécia). A investigação foi realizada no Departamento de Prótese na
Universidade de Freiburg, Alemanha. Para o estudo histológico, 92 coelhos
receberam 119 implantes, 65 receberam um implante e, em 27 deles, tiveram dois
implantes para cada prótese de três unidades. Os autores instalaram implantes de
zircônia em forma de roscas com ambas as superfícies usinadas ou uma das duas
modificações de superfície na tíbia e fêmur de coelhos. Um grupo com implantes de
titânio serviu como controle. Os testes de torques (RTQ) apresentaram valores mais
elevados para a superfície modificada dos implantes de zircônia do que para os
implantes de titânio. Os valores de 4 a 5 vezes menores foram encontrados para os
implantes de zircônia usinados. No entanto, não houve diferenças significativas no
que diz respeito à taxa de BIC e a área ou altura do contato osso-restauração entre os
diferentes grupos de tratamento (Fig.39).

FIGURA 39 − À esq. micrografia com azul toluidina e pironina-G mostrando implantes de Zr após 6 semanas de
cura com aposição óssea em direção à superficie cerâmica e detalhes do tecido conjuntivo frouxo. À dir. implante
de Ti, no mesmo tempo, com formação óssea similar. FONTE: Adapt. de Sennerby et al. (2005).

Numa investigação sobre a remodelação de implantes de zircônia na estrutura


óssea na mandíbula de suínos pequenos, Gudehus (2006) testou a cicatrização de
implantes ZrO2 com uma nova superfície (jateamento com óxido de alumínio)
comparando com três diferentes superfícies dos implantes de titânio SLA. A
resistência do implante, na conectividade do osso, foi medida em relação ao RTQ,
após um período de cicatrização de 4, 8 e 12 semanas. Treze implantes, com os
tecidos adjacentes diretamente na superfície, foram examinados histologicamente por
71

percentagem de osso (mineral ou de tecido conjuntivo) e correlacionados com valor


radiológico. Os implantes tratados de ZrO2 renderam um torque mais elevado do que
a média dos valores de remoção dos implantes ZrO2 usinados, especialmente na 8 º
e 12º semana, demonstrando maior BIC nos implantes de zircônia. Foi encontrado
maior torque (RTQ) para a superfície SLA no período de 12 semanas. Este fenômeno
também pode ser visto em todos os implantes ZrO2 com tratamento, mas não em
torno daqueles com superfícies usinadas (Fig.40). Embora os implantes TiSLA, em
todos os tempos de cura, tenham alcançado significativamente maior RTQ que os
ZrO2 implantes, os resultados nestes últimos foram positivos. Segundo o autor,
análogo ao desenvolvimento de implantes de Ti, a melhora na rugosidade da
superfície da cerâmica ZrO2 também deverá aumentar ainda mais o RTQ, com
valores comparáveis ao Ti, proporcionando boa cicatrização, estabilidade e além da
superior qualidade estética.

FIGURA 40 − Implante Straumann (Basel, CH)10,1 X 4,1mm utilizado no estudo animal, com radiografias e
cortes histológicos para a mandíbula. FONTE; Retirado de Gudehus (2006)

Gahlert et al. (2007) estudaram a biomecânica e histomorfometria, fazendo a


comparação entre os implantes de zircônia com diferentes texturas de superfície e
uma miniatura de implantes de titânio SLA na maxila de porcos pequenos. Após os
períodos de cura de 4, 8 e 12 semanas, as amostras de 20, 24 e 25 implantes,
respectivamente, foram submetidas a testes de torque de remoção (RTQ) como a
principal análise biomecânica do estudo. Um menor número de amostras foi
ressecado em bloco, incluído em acrílico e analisados na aposição óssea direta ao
microscópio de luz. A análise de superfície revelou a rugosidade da superfície mais
alta para os implantes TiSLA, seguido por ZrO2r (com rugosidades) e ZrO2m (sem
tratamento de superfície). Os implantes ZrO2m se mostraram estatisticamente com
RTQ nos valores mais baixos do que os outros dois grupos de implantes após 8 e 12
semanas, enquanto o grupo SLA implante apresentou valores significativamente mais
elevados, quando comparados ao grupo ZrO2r após 8 semanas (Fig.41). As
diferenças na aposição óssea foram observadas na análise histomorfométrica usando
72

microscopia de luz para todas as superfícies em qualquer ponto do tempo. Os


resultados sugerem que os implantes ZrO2r podem conseguir uma maior estabilidade
no osso do que os implantes ZrO2m. Os autores concluíram que a rugosidade dos
implantes de zircônia aprimora a aposição óssea e tem um efeito benéfico sobre a
resistência ao cisalhamento interfacial.

FIGURA 41 − Ensaio de RTQ dos implantes. Radiografia de 2 implantes feitos de ZrO2 demonstrando a
integração óssea e radiopacidade. Cortes histológicos com um elevado grau de BIC após 12 semanas de cura
(a) implante Zr (b) setas mostrando o osso mineralizado no pescoço. À dir. implante Ti - SLA com alta BIC.
FONTE: Adaptado de Gahlert et al. (2007).

A Interface osso-implante (BIC) zircônia foi avaliada histologicamente em


coelhos por Hoffmann et al. (2008). O objetivo do estudo foi fazer uma avaliação
histológica descritiva do grau de aposição óssea precoce em torno dos implantes
zircônia em 2 e 4 semanas após a inserção, em comparação com Ti de superfície
modificada. Quatro implantes de Zr e 4 de Ti foram colocados em coelhos brancos do
sexo masculino, inseridos no côndilo distal de cada fêmur. As amostras foram colhidas
em 2 e 4 semanas e tratadas com análise MO (Fig. 42). A área do BIC foi avaliada
histomorfometricamente e um alto grau de aposição óssea pode ser observado em
todos os implantes em ambos os momentos. Diferenças no percentual de superfície
coberta com osso foram observadas entre os dois tempos, com resultados comparáveis
para os dois materiais. Os resultados deste estudo histológico demonstram uma taxa
semelhante de aposição óssea nos implantes de Zr e nas superfícies modificadas de Ti
durante a cicatrização precoce. Para os autores, mais estudos precisam ser realizados
para confirmar os dados, com maior número de amostras e em tempos mais longos.

FIGURA 42 −Implantes de Zr e Ti utilizados no estudo. Aposição óssea em torno dos implantes de zircônia.
Cortes histológicos com azul de toluidina;(7,5 X ampliação); a- centro sup. implante Zr. com 2 semanas; b- centro
inf. implante de Ti; (c) – de Zr com 4 semanas; (d) de Ti com 4 semanas. FONTE: Hoffmann et al. (2008).
73

O primeiro estudo a comparar implantes de titânio carregados com implantes


de zircônia carregado, no mesmo modelo, foi o grupo de Kohal et al. (2008). Doze
implantes feitos de titânio e 12 implantes de zircônia foram inseridos na região
anterior superior de seis macacos. Seis meses após a colocação de implantes, as
coroas unitárias foram confeccionadas e cimentadas em todos os implantes. Cinco
meses após a instalação das coroas, foram feitos os cortes histológicos com seus
tecidos moles e duros e avaliados microscopicamente. Nenhum implante foi perdido
durante o período de observação. Não houve diferenças estatisticamente
significativas nos tecidos moles em torno do titânio e nos implantes de zircônia e
nenhuma diferença em relação ao contato osso-implante entre os dois materiais
(72,9% de Ti e 67,4% de Zr). Os tratamentos de superfície usados para alterar a
topografia dos implantes de titânio foram por abrasão com partículas e
condicionamento ácido. Os implantes de zircônia, no entanto, só foram tratados com
partículas jateadas por ar comprimido porque o condicionamento ácido não teve
efeito sobre zircônia. Segundo os autores, até o momento, o jateamento por
partículas de abrasão tem sido o método de escolha para aumentar a rugosidade da
superfície de zircônia.
Langhoff et al.(2008) fizeram uma comparação química das superfícies
modificadas em implantes dentários de zircônia e titânio em ovinos. Seis tipos de
implantes foram colocados no dorso ventral do osso ilíaco das ovelhas e testados na
osseointegração após 2, 4 e 8 semanas. Quatro tipos de implantes de Ti foram tratados
com modificações de superfícies, método recentemente desenvolvido, 2 dos quais dois
foram química e farmacologicamente modificados. Os revestimentos farmacológicos
utilizados foram: bifosfonatos ou colágeno tipo I, com sulfato de condroitina. As
superfícies de Ti jateada com areia e ácido-gravado foram usadas como referência.
Todos os implantes foram modificados com plasma anodizado ou revestidos com
fosfato de cálcio. Os implantes foram avaliados usando meios macroscópicos, meios
radiológicos e métodos de histomorfometria. Todos os implantes estavam
osseointegrados no momento da avaliação in situ. Os implantes de Ti tiveram BIC
semelhantes em 2 semanas (57 a 61%); somente a zircônia foi melhor (77%). O
principal aumento do BIC foi entre 2 e 4 semanas. Os implantes revestidos com
fármacos (78-79%) e do revestimento de fosfato de cálcio (83%) apresentaram
resultados de BIC semelhantes, em comparação com o implante de referência (80%)
74

com 8 semanas (Fig. 43). Não houve diferença significativa na BIC, quando comparado
com resultados de estudos anteriores.

FIGURA 43 − Vista dorso-ventral do osso ilíaco de uma ovelha, onde os implantes foram instalados. À dir.
calcificação com formação de novo osso (setas) correspondente às áreas de micro revestimento. As estruturas
coradas (azul de toluidina) em cortes histológicos a (imagem 5.8 X) de um implante de Ti, revestido com
bisfosfonato, após quatro semanas. FONTE: Retirado de Langhoff et al. (2008).

Depprich et al. (2008) compararam o comportamento de células osteoblásticas


de bovinos cultivadas sobre diferentes superfícies de titânio e zircônia estruturados e
padronizados. As características de superfície foram determinadas por MEV. Os
resultados demonstraram que a taxa de proliferação das células foi significativamente
maior em superfícies de Zr do que em superfícies de Ti. Em contrapartida, a fixação e
aderência das células primárias foi significativamente maior nas superfícies de titânio.
Não foram encontradas diferenças significantes na síntese de proteínas específicas do
osso. A análise ultraestrutural revelou características fenotípicas das células
osteoblásticas em ambas as superfícies de Zr e Ti (Fig.43). Os autores concluíram que
a Zr melhora significativamente a proliferação celular durante os primeiros dias da
cultura, mas não melhora a fixação e aderência. Ambos os materiais não diferenciaram
entre si na síntese de proteínas ou na aparência ultra-estrutural dos osteoblastos.
Portanto, o ZrO2 pode ser um material apropriado para implantes dentários.

FIGURA 44 − Análise imunoquimica das características das proteínas ósseas após 7 dias. A expressão de
colágeno I extracelular e osteonectina são evidentes em todas as superfícies. À dir. após 28 dias expressão é
mais evidente nas superfícies, mas menos densas as fibras colágenas na Zr. em relação ao Ti (20 X). FONTE:
Adaptado de Depprich et al. (2008).
75

De acordo com Depprich, (2008), desde a composição do material, até a


topografia de superfície dos biomateriais desempenham um papel fundamental na
osseointegração. Diversas modificações químicas e mecânicas de superfícies têm
sido desenvolvidas para melhorar a cicatrização óssea. Os implantes de zircônia
foram introduzidos na Implantodontia como uma alternativa aos implantes de titânio,
devido à sua cor, às propriedades mecânicas e à sua biocompatibilidade. Como a
osseointegração dos implantes de zircônia não tem sido extensivamente investigada,
o objetivo do estudo foi comparar a cicatrização óssea dos implantes de zircônia com
implantes de titânio, com superfície rugosa, mas com geometrias similares. Quarenta
e oito implantes de zircônia e de titânio foram introduzidos nas tíbias de 12 suinos
pequenos. Após 1, 4 ou 12 semanas, os animais foram sacrificados e as peças
contendo os implantes, foram examinadas sob técnicas histológicas e ultra-estruturais
(Fig.45). Os resultados histológicos mostraram contato ósseo direto na superfíce da
zircônia e do Ti. O contato Implante-osso, medido pela histomorfometria, foi
ligeiramente melhor no Ti do que na superfície da Zr. Não foi observada diferença
estatisticamente significativa entre os dois grupos. Assim, os resultados
demonstraram que os implantes de zircônia com as superfícies modificadas
resultaram em uma osseointegração que é comparável com a de implantes de titânio.

FIGURA 45 − Em 4 semanas da instalação do implante, o tecido osteóide e ósseo foram formados na Zr (à esq)
e Ti (dir.) (50 X). À dir. após 12 semanas de cicatrização, o osso lamelar maduro está em íntimo contato com o
implante de Zr (esq.) e de Ti (dir.) (azul de toluidina, 100 X) FONTE: Depprich (2008).

Em outro estudo, objetivando uma observação por escaneamento em


microscopia MEV da interface osso-implante, Depprich et al. (2008) utilizaram 24
implantes de zircônia com superfícies modificadas e 24 implantes de titânio, todos
de forma e estrutura de superfície semelhantes. Depois de implantados nas tíbias de
12 mini porcos, as biópsias colhidas com uma, 4 e 12 semanas (quatro animais
cada), foram examinadas as BIC com a MEV. Uma perceptível fixação do osso foi
vista já na primeira semana, que aumentou no contato íntimo do osso após 4
76

semanas, em ambas as superfícies dos implantes de Zr e Ti (Fig. 46). Depois de 12


semanas, foi detectada a osseointegração, sem interposição de uma camada
interfacial. No nível ultra-estrutural, não houve diferença óbvia entre a
osseointegração da zircônia modificada com superfícies modificadas dos implantes
de titânio, com topografias similares. Portanto, os resultados deste estudo indicam
osseointegrações semelhantes dos implantes de zircônia e titânio, no nível ultra-
estrutural (Fig. 46).

FIGURA 46 − Fratura das amostras com implantes de zircônia em duas metades. À dir. matriz óssea aderida à
superfície do implante, após um tempo de cicatrização uma semana, sobre a Zr. (à esq.) e o implante de titânio
(à dir.) (50 X de ampliação). FONTE: Adaptado de Depprich (2008).

Ertan et al. (2008) estudaram as Influências da topografia da superfície dos


Implantes de zircônia na alteração dos potenciais de ação isolados dos nervos ciáticos
em ratos. Foram analisados os efeitos dos tratamentos por abrasão de partículas, a
infiltração ácida e corrosão seletiva nas superfícies dos implantes de (Y-TZP) na
condução nervosa e do titânio comercialmente puro (CP-Ti). Utilizaram no estudo o
potencial de ação composto dos lados direito e esquerdo do nervo ciático de 8 ratos
sacrificados e quantificados in vitro. Os implantes foram levados a um contacto íntimo
com os nervos e, os tempos de início dos potenciais de ação composto (TCAP), a
despolarização (Dp), repolarização (Rp), amplitude de potencial, e potencial de ação
composto (CAPs), com registrados antes e após o contato com os implantes. A
diferença de CAPs entre a resposta basal e após o contato com a CP-Ti implante foi
significativa. Os tempos de mudanças dependentes dos grupos e suas reações
nervosas basais foram semelhantes. Nas amostras comparadas, revelaram que
TCAP, DP e os valores de Rp para todos os grupos foram semelhantes. Os autores
concluiram que, tanto as superfícies modificadas por abrasão, como nas de infiltração
seletiva ácido-gravada dos implantes de zircônia, não alteraram a condução nervosa
para além dos limites fisiológicos (Fig. 47 - com amostras do estudo).
77

FIGURA 47 − À esq., MFA das amostras de Ti-CP; centro, espécime em Zr com tratamento por abrasão;
à dir., superfície da Zr com infiltração e gravação seletivas. FONTE: adaptado de Ertan et al. (2008).

Lee et al.(2009) fizeram um estudo em coelhos brancos com micro-implantes


de zircônia com superfície modificada de nano-tecnologia, para avaliar a formação
óssea em relação ao local e a osseointegração. Os micro-implantes de zircônia
estruturados, grupos A e C, grupo controle de micro implantes de Zr (ZiUnite) e
implantes de Ti óxido-poroso (TiUnite) foram implantados no côndilo femural em 40
machos adultos. Cada animal recebeu um implante em cada perna, assim, 20 animais
receberam implantes A e C e 20 animais receberam implantes ZiUnite e TiUnite nas
pernas traseiras. Dez grupos de animais foram sacrificados na semana 3 e 6, para
biópsias nos locais dos implantes e processadas para análise histométrica, utilizando
fotomicrografias digitais e utilizando retroespalhamento digital com MEV. A superfície
TiUnite demonstrou maior contato osso-implante (BIC) com 77,6% em comparação
com as superfícies A 64,6% e C 62,2% em 3 semanas. As diferenças numéricas entre
ZiUnite (70,5 %) e superfícies A e C não alcançaram significância estatística. Da
mesma forma, não houve diferenças significativas entre as superfícies TiUnite e a
ZiUnite. Após 6 semanas, não houve diferenças significativas no BIC entre as
superfícies TiUnite 67,1%, ZiUnite 69,7%, A 68,6% e C 64,5%. Ficou demonstrado
que os implantes pesquisados exibiram altos níveis de osseointegração, confirmando
a sua propriedade osteocondutora e a adição de CaP nano-tecnologia para a
superfície ZiUnite não melhorou a osteocondutividade já avançada e exibida pelas
superfícies dos implantes TiUnite e ZiUnite (Fig. 48).

FIGURA 48 − À esq., fotomicrografias de elétrons por MEV para os animais que receberam implantes A,
C, ZiUnite e TiUnite endósseos, após 3 semanas. À dir., os mesmos implantes após 6 semanas da
instalação. FONTE: Adaptado de Lee et al. (2009).
78

Para comparar histologicamente o tecido ósseo e as respostas à superfície


modificada dos implantes dentários de zircônia e titânio, Gahlert et al. (2009)
estudaram a osseointegração desses implantes na maxila de 15 suínos adultos. As
superfícies da Zr foram produzidas com uma nova técnica de injeção de baixa pressão
e, em seguida, tratadas por condicionamento ácido. Os implantes de Ti tratados por
jateamento e ataque ácido (SLA), serviram como controles. Seis meses depois da
extração dos incisivos, os animais receberam os dois tipos de implantes e foram
sacrificados após 4, 8 e 12 semanas para a análise histomorfométrica dos 30
implantes com o osso circundante recuperados. Os resultados histológicos mostraram
integração óssea para ambos os materiais nos parâmetros investigados, sem
diferenças estatisticamente significativas entre os dois tipos de implantes em qualquer
etapa do processo de cura. O número limitado de animais por grupo permitiu aos
autores concluírem que não há diferença na osseointegração entre os dois tipos de
implantes, embora alguns dados das amostras sugerissem essa tendência (Fig. 49).

FIGURA 49 − Amostras descalcificadas em metacrilato de metila polido, (azul de toluidina). O contato direto
entre o osso (azul) e implante (cinza). Quase completa integração óssea. (a)- Zr com valor BIC de 66,1% , (b) Ti
(SLA) com BIC 76,8%). Osteólise na crista (c) com Zr.; (d) no Ti-SLA.FONTE: Retirado de Gahlert et al. (2009).

Zhu; Yang; Ma, (2010) avaliaram as propriedades biomecânicas e um novo


projeto de implantes dentários de zircônia, com forma e configuração envolvendo a
parte apical, correspondente às câmaras secundárias dos implantes de titânio. Os
modelos de zircônia revestidos com vidro bioativo, contendo uma parte sólida
superior e outra parcialmente oca, na região apical, foram implantados em cães
(Fig.50). A configuração oca e porosa permitiu o crescimento ósseo na parte apical
do implante que, permitiu constituir uma rede interligada para estabilizar ou travar o
implante no osso alveolar. Os testes mecânicos de flexão estática, dureza,
tenacidade à fratura, fadiga, torque de remoção (RTQ) e osseointegração indicaram
que os implantes de zircônia na configuração proposta, foram positivos, com
propriedades estruturais comparáveis ou superiores às exigências habituais para
79

implantes rosqueáveis, sendo biomecanicamente viáveis. Contudo, os autores


indicaram mais pesquisas com a finalidade de melhorar o design desses implantes
para o uso em humanos.

FIGURA 50 − Cortes transversais de três modelos alternativos para implantes de Zr. A - com perfurações em
forma de túnel, ocas e porosas; B- com sulcos, sem túnel radial. C- configuração sólida. À dir., secções
transversais dos implantes de Zr mostrando tecido ósseo recém-formado, A -com 4 semanas de cura; B, - após 8
semanas da implantação. FONTE: Adaptado Zhu; Yang; Ma (2010).

A fim de melhorar a confiabilidade e as propriedades mecânicas de próteses


ortopédicas de quadril, novos compósitos cerâmicos, a partir de pós nanométricos de
alumina e zircônia têm sido recentemente desenvolvidos. Roualdes et al. (2010)
investigaram a tolerância biológica de uma dessas cerâmicas sinterizadas contendo
alumina e zircônia, sob a forma de pós nanométricos, para aplicações tanto in vitro
como nas abordagens vivas. No início, os osteoblastos e fibroblastos foram cultivados
sobre discos de cerâmica sinterizada com superfícies polidas ou ásperas, ou na
presença de alumina ou zircônia em pó correspondente a várias concentrações.
Depois disso, os autores fizeram injeção do pó na articulação do joelho de ratos. Os
materiais não mostraram nenhum efeito deletério sobre a proliferação celular,
extracelular na produção de matriz (colágeno humano tipo I e fibronectina) ou sobre a
morfologia da célula. O exame histológico in vivo apresentou apenas uma resposta
muito moderada e não granulomatosa específica da membrana sinovial, mas sem
inflamação importante, como clinicamente descrita com os metais ou resíduos de
desgaste do polietileno. Além da melhoria nas propriedades físicas, os autores
afirmaram que estes materiais recentemente desenvolvidos, ou seja, de compósitos
nanométricos de alumina-zircônia, mostraram uma biocompatibilidade satisfatória.
Koch et al. (2010) avaliaram a osseointegração de implantes de zircônia de
uma peça em comparação com um implante de titânio de design idênticos, num
estudo histomorfométrico em cães. Quatro implantes de uma peça de geometrias
idênticas foram inseridos em seis cães: (a) um implante de zircônia jateada (b), um
80

implante de zircônia revestido com uma película de óxido de cálcio com titânio (c), um
implante de titânio e (d) um implante experimental feito de um material sintético
(polietileno) (Fig. 51). Após 4 meses, os blocos dissecados foram coradas com azul
de toluidina para avaliar histologicamente o contato osso-implante (BIC), as taxas e os
níveis de osso (BL) dos implantes. Todos os 48 implantes osseointegrados foram
avaliados clinicamente e histologicamente. O BIC mediano da parte apical do grupo
implante Zr e o grupo Ti chegou a 59,2% para o grupo Zr não revestida, 58,3% para Zr
com revestimento, 26,8% para o material sintético e 41,2% para os implantes de Ti
(Fig. 51). Dentro dos limites deste estudo, os autores concluíram que os implantes de
zircônia são capazes de estabelecer taxas de BIC, semelhantes à osseointegração
dos implantes de titânio com rugosidades de superfície.

FIGURA 51 − Implante de Zr com jato de areia. Centro- histologia com azul de toluidina: (a) Zr, (b) Zr revestida,
(c) titânio, (d) implante sintético (2.5 X). À dir. contato de um implante de Ti (400 X). FONTE: Koch et al. (2010).

Stadlinger et al. (2010) compararam os implantes de zircônia e de titânio após


um curto período de cicatrização num estudo piloto em mini-porcos. O objetivo do
estudo foi investigar e comparar a osseointegração do Ti e Zr como implantes
dentários. Quatorze implantes de Zr de uma peça foram colocados alternadamente,
submersos e não- submersos, com 7 implantes de Ti foram inseridos em mandíbulas
de 7 mini-porcos. Para possibilitar a cura dos implantes submersos, a parte supra-
óssea foi removida, utilizando-se de uma broca de diamante. Os implantes de titânio
foram colocados submersos. Depois de um período de cicatrização de 4 semanas, foi
realizada uma análise histológica dos tecidos moles e duros e uma análise
histomorfométrica da BIC para avaliação da relação volumétrica e densidade óssea
do hospedeiro (rBVD). Com exceção de 2 implantes de Zr encontrados soltos, todos
os outros estavam disponíveis para avaliação quantitativa. Para a Zr submersa e
implantes de Ti, as superfícies dos implantes mostraram uma íntima ligação com o
osso vizinho, nas mesmas proporções, ou seja, uma BIC de 53%. Para os implantes
de Zr não-submersos, a BIC resultante foi de 48%. Os maiores valores de rBVD foram
81

encontrados para Zr submersa (80%), seguido de Ti (74%) e Zr não-submersa (63%).


Os resultados sugerem que os implantes de Zr não carregados e os implantes de Ti
osseointegraram comparativamente, dentro do período de cura estudado (Fig. 52).

FIGURA 52 − À esq., inserção do implante de Zr com uso de catraca; centro- medição da densidade óssea. O volume
relativo no interior de ranhuras (amarelo), em comparação com a região de referência (vermelho); À dir., implante Zr
submerso (à esq.). Na área da crista, uma boa adaptação do tec. conjuntivo. Sem reabsorção da crista óssea, com uma
boa faixa de BIC. Implante Zr não-submerso. No pescoço polido do implante, proliferação do tec. conjuntivo. A
osteogênese está presente em torno do corpo do implante (ampl. 4X). FONTE: Adapt. de Stadlinger et al. (2010)

Para finalizar esta seção, apresentamos uma síntese dos estudos in vivo
com animais, utilizando implantes ou materiais de zircônia, observando a
biocompatibilidade do material e a quantificação da conexão implante-osso (BIC),
em relação ao tempo, pesquisados de 1993 à 2010 (Quadro 7).

Resumo dos estudos com implantes em zircônia in vivo - animais, pesquisados de 1993 a 2010.
AUTORES ANIMAIS MATERIAL ESTUDADO BIC MÉDIA - RESULTADOS TEMPO
AKAGAWA et al, 1993 cães Beagle Zr - ZPS c/carga e s/ carga 81,9% s/carga, 69,8% c/ carga 3 meses
AKAGAWA et al, 1998 8 macacos Zr - ZPS - 3 grupos c/s/carga 66 a 81 % de BIC 12 - 24 meses
STANIC et al, 2002 14 ratos Y-TZP c/ RKKPs e s/ RKKP 32 % afinidade 1 e 2 meses
SCARANO et al, 2003 5 coelhos Y-TZP 68% - 100%
KOHAL et al, 2003 macacos Zr e Ti 67,4% de BIC 14 meses
KOHAL et al, 2004 6 macacos Y-TZP 67,4% Zr e 72,9% Ti 14 meses
SENNERBY et al, 2005 92 coelhos Zr c/ jateam. Superf. BIC Ti = Zr ; RTQ Zr >Ti
GUDEHUS, 2006 suínos pequenos Zr c/ jateam. Al3O2/Ti SLA aumento do RTQ 1 / 2 / 3 meses
GAHLERT et al, 2007 suínos pequenos Ti SLA e Zr c/ rugosidade Ti aumentou RTQ / Zr s /rugosidade diminuiu RTQ
HOFFMAN et al, 2007 coelhos Ti e Zr Ti e Zr = semelhantes 2 sem / 4 sem
KOHAL et al, 2008 6 macacos Ti/ Zr/ com carga 72,9% Ti cond.ac. 67,4%Zr jat. 6 meses + 5 m (c/ carga)
LANGHOFF et al, 2008 ovinos Zr jat/ Zr cond.ac./ Ti cond.ac. Zr = 77%; Ti = 57 a 61 % 2 sem / 1 mês/ 2 meses
DEPRICH et al, 2008 bovinos cultivo de células Zr > proliferação Ti > adesão celular
DEPRICH et al, 2008 12 suinos pequenos Ti e Zr com rugosidades Ti = Zr na BIC 1 sem/ 1mês/ 3 meses
DEPRICH et al, 2008 12 mini porcos Ti e Zr Ti = Zr a nivel ultra estrutural 1 sem / 1 mês/ 3 meses
ERTAN et al, 2008 ratos Y-TZP e Ti CP com N.ciático Potencial ação / Repolarização semelhantes
LEE et al, 2009 40 coelhos Zr (ZiUnite) e Ti(Unite) Ti> 77,6%3Sem./ 6Sem.69,7% 3 sem / 6 semanas
GAHLERT et al, 2009 15 suinos adultos Zr c/ tratam. duplo e Ti SLA Zr e Ti BIC semelhantes 1 mês/ 2 m / 3 meses
ZHU, YANG E MAG 2010 10 cães Zr c/ câmara oca+ vidro bioativo Bom desempenho / novo design implantes de Zr
ROUALDES et al, 2010 ratos pó de Zr em artic. Joelho boa biocompatib.e resposta 4 meses
KOCH et al, 2010 cães Zr , Ti , polipropileno 59,2 / 41,2% / 26,4% BIC 4 meses
STADLINGER et al, 2010 7 suinos pequenos Zr / Ti subm. /não subm. c/carga Zr 53 % / Ti 48% com carga 1 mês

QUADRO 7- Resumo dos estudos com implantes em zircônia in vivo - animais, pesquisados de 1993 a 2010.
82

2.2.4.3 Pesquisas clínicas em humanos

Num estudo em humanos vivos sobre a aderência bacteriana em discos de


titânio comercialmente puro e óxido de zircônio, Scarano et al., (2004) verificaram a
influência da rugosidade das superfície destes materiais na colonização da placa
bacteriana e a perda óssea, usando MEV e cálculo de porcentagem de superfície
coberta por bactérias. Dez pacientes, com idades entre 19 e 27 anos foram
selecionados com base da saúde periodontal e um rigoroso controle de placa foi
estabelecido. Os discos foram adaptados num dispositivo de acrílico removível na
região dos pré-molares dos pacientes. Após 24 horas, todos os discos foram removidos
e processados para MEV, para avaliar a parcela de superfície coberta por bactérias. As
superfícies de óxido de zircônio mostraram uma redução significativa da presença de
bactérias, fator importante para a saúde periimplantar dos tecidos moles. Estes
resultados justificam a busca por propriedades físicas ótimas e parâmetros químicos
das superfícies para implantes, em vista da redução da colonização por bactérias
patógenas. Para os autores, os resultados suportam estudos anteriores de que o óxido
de zircônio pode ser um material adequado para a fabricação de pilares de implantes,
pelo baixo potencial de colonização bacteriana, lembrando que essas medidas são
apenas uma parte dos eventos relativos a interações teciduais periimplantares .
Os primeiros resultados clínicos de implantes dentários com formato de
parafuso de óxido de zircônia foram apresentados por Mellinghoff ( 2006), que avaliou
189 implantes tipo ZLook 3, da Z-Systems AG (95%ZrO2 + 5%Y2O3), em 71
indivíduos examinados. O tempo de espera de carregamento médio foi de 8,2 meses.
Depois de um ano, apresentaram a sobrevida clinica de 93%, mantendo os
parâmetros de sucesso dos implantes, com avaliações clínicas e radiográficas. Foi
comparado com estudos de escala semelhante à corte aos implantes de titânio, onde
foi demonstrado um bom desempenho, e ainda levando em conta os benefícios
estéticos da zircônia. Pelos resultados animadores da amostragem, o autor sugeriu a
indicação de zircônia no futuro para substituir o titânio na Implantodontia, devendo
clarificar sua posição com mais estudos clínicos de longo prazo.
Lambrich (2007), num estudo retrospectivo intitulado "Comparação de taxas
de sobrevivência dos implantes intra-ósseos de dióxido de zircônio e titânio, na prática
odontológica durante um período de até 45 meses”, comparou as taxas de
sobrevivência dos dois materiais utilizados. A amostragem foi de 237 implantes de
83

duas peças de titânio (3i-Osseotite e Zimmer-TSV) e 139 implantes de zircônia de


uma peça (Z-Look3). Os pacientes não foram selecionados e a média de idade foi de
51 anos. Os implantes foram inseridos, mas sem a carga imediata, fazendo-se o uso
dos protetores ou stents (Fig. 53). Os pilares transgengivais dos implantes foram
carregados na mandíbula, após 3 meses, e no maxilar, não antes de seis meses. As
perdas de zircônio (n=3) e dos implantes de titânio (n=4) totalizaram 3,98%. A taxa de
sobrevivência para o TSV implants foi de 100% para a maxila e 97,26% na mandíbula;
para a 3i-Osseotite, 95,23% na maxila e 94,44% na mandíbula, e para o Z-Look3
84,37% na maxila e 98,41% na mandíbula. Os resultados deste estudo podem levar à
presunção de que o prognóstico para os implantes titânio e de dióxido zircônio pode
ser previsto como um sucesso para a mandíbula humana. Contudo, a proteção dos
implantes de zircônia com artifícios protéticos ou stents durante o período de
cicatrização, foi um fator decisivo para osseointegração regular. O autor sugeriu mais
estudos com relação ao prognóstico, em especial a longo prazo.

FIGURA 53 − Implantes utilizados: Zr - Z-Look3; Ti. – TSV e 3i-Osseotite®. À dir. protetor idealizado para os
implantes de zircônia no período de cura. FONTE: Adaptado de Lambrich (2007).

Park et al. (2007) investigaram a diferença na aparência óptica dos tecidos


moles na região vestibular para os implantes dentários, analisando os efeitos das
cores transmitidas pelos implantes de titânio, na região do pescoço, através da
mucosa marginal. Utilizaram 14 pacientes com 15 implantes Straumanns de corpo
único para instalação ou substituição na região maxilar anterior. As medidas de cor da
mucosa periimplantar dos locais de teste e as gengivas do lado contralateral ou
dentes naturais adjacentes serviram como controles, utilizando um espectrofotômetro.
Os dados de cor Cielab, em cinco áreas incrementais de 1 a 2 mm da margem
gengival na direção apical, foram obtidos (Fig. 54). Observou-se que a cor do tecido
84

mole ao redor do implante de titânio foi significativamente diferente em comparação


com a gengiva dos dentes naturais. Valores significativamente menores de cor Cielab
foram encontrados no tecido mole periimplantar.

FIGURA 54 − À esq., cinco áreas incrementais para a medição da cor. À dir., C: cor controle, T: cor testada.
FONTE: Adaptado de Park et al. (2007) .

Continuando na mesma linha de pesquisa, Nagai et al. (2007) analisaram o


fenômeno óptico dos tecidos periimplantares e os efeitos indesejáveis dos implantes
de titânio na mucosa, selecionando um implante otimizado na cor do pescoço, com
base em um método objetivo e quantificável. Utilizaram fitas de cor em 15 sítios
periimplantares na mucosa de 14 pacientes com único implante (Straumanns) na
região anterior da maxila. Foram comparados para a escolha da cor ideal do implante
no pescoço com as diferenças de cor entre a mucosa periimplantar, com inserção de
oito fitas de cores diferentes (branco, preto, rosa claro, rosa, laranja claro, laranja,
ouro, violeta) e da gengiva de um dente adjacente ou contralateral, sem faixas de cor.
As medidas espectrofotométricas de cor foram realizadas para comparar o índice na
diferença de cor e coordenadas (Fig.55). Os resultados sugeriram que é possível
melhorar a estética gengival colorindo o implante na região do pescoço, de forma mais
eficaz com a cor rosa, para mascarar o impacto do implante de titânio subjacente.
Para esses autores, o uso de implantes otimizados cloridos no pescoço pode ser uma
abordagem viável a estabelecer melhoria na estética dos tecidos moles (Fig.56).

FIGURA 55 - Cores coordenadas DLn, Dan e Dbn da mucosa periimplantar. FONTE: Nagai et al. (2007)
85

FIGURA 56 − À esq., áreas de medição de cores com e sem faixas de cores no local de teste. À dir., áreas de
medição de cor no controle e locais de teste. FONTE: Modificado de Nagai et al. (2007).

Num estudo retrospectivo, foram comparadas e registradas as taxas de


sobrevivência de implantes de titânio e zircônio. O estudo acompanhou um total de
361 implantes (234 de Ti e 127 de Zr) em 124 pacientes não selecionados. Os
implantes foram colocados imediatos, mediatos e tardiamente. O tempo médio in situ
foi de 21,4 meses. Os implantes de Zr de única peça foram protegidos contra a carga
prematura com stents ou próteses de proteção removíveis. A taxa de sobrevivência
dos implantes de Ti foi de 98,4% na maxila e 97,2% na mandíbula, enquanto que os
implantes de Zr obtiveram a taxa de 84,4% em maxila e 98,4% na mandíbula. A
diferença de 14,0% na taxa de sobrevivência dos implantes de Zr na maxila foi
estatisticamente significativa. Provavelmente, essa diferença poderia ser explicada
pela baixa estabilidade primária (<35 Ncm) em osso mole e pós-enxertia, além do
carregamento prematuro, devido à fraca proteção fornecida pelas próteses muco-
suportadas de proteção. Os autores recomendaram, para os casos em que não se
consiga a estabilidade primária, a proteção dos pilares de Zr, apoiados nos dentes
proximais através de stents de proteção, melhorando dessa forma o prognóstico para
a zircônia, comparável ao dos implantes de Ti utilizados no estudo (Fig. 57). Indicaram
mais estudos de longo prazo para investigar a capacidade de carga mecânica dos
implantes de zircônia e com um período mais longo (LAMBRICH; IGLHAUT, 2008).

FIGURA 57 − À esq. – protetores para uso sobre os implantes de Zr. (Z-Look3). À dir. Instalação com
levantamento de seio e transgengival no período de cura. FONTE: Lambrich; Iglhaut (2008).
86

A osseointegração e sucesso clínico dos implantes dentários em zircônia foi


investigada por Wenz et al. ( 2008) numa revisão de vários sistemas de implantes
cerâmicos de Y-TZP, comercialmente disponíveis. Uma busca sistemática na
literatura foi realizada para avaliar o sucesso clínico dos implantes dentários Y-TZP
e sua osseointegração quando comparável aos implantes de titânio. Os dados foram
obtidos pela internet Medpilot e mais 15 bases de dados, até 31 de janeiro de 2007.
Os 5 fabricantes de implantes dentários em zircônia existentes até então, foram
contactados para solicitação de publicações. Estudos clínicos não-controlados em
humanos, em relação aos resultados clínicos ou osseointegração, foram
selecionados em 96 artigos. Os dados clínicos foram restritos a estudos de caso em
grupos. Apenas 7 estudos de animais preenchiam os critérios de inclusão. A
osseointegração foi avaliada de 4 semanas a 24 meses após a colocação de
diferentes modelos animais e o cargamento sob diferentes condições. O percentual
médio de BIC foi superior a 60% em quase todos os grupos experimentais. Nos
estudos que utilizaram implantes de titânio como controle, os implantes de Y-TZP
foram comparáveis ou até melhores do que os implantes de titânio. Segundo os
autores, as modificações de superfícies e microestruturas da Zr têm o potencial para
melhorar a cicatrização óssea inicial e a resistência do RTQ. Com base nos dados
disponíveis, a osseointegração dos implantes de Y-TZP foi comparável com os de
Ti. Os autores consideraram como uma alternativa viável aos implantes de titânio,
porém não como rotina clinica, necessitando de um longo tempo de avaliação.
Uma investigação está sendo realizada no Departamento de Prótese na
Universidade de Freiburg, Alemanha. Até o momento desta publicação, 92 pacientes
receberam 119 implantes de zircônia: 65 pacientes receberam um implante e 27
pacientes receberam dois implantes para cada ponte fixa de três elementos. Todos
os implantes foram imediatamente temporizados com coroas provisórias ou pontes.
Após um tempo de observação de até um ano, 4 implantes se perderam, dando uma
sobrevida cumulativa de 96,6%. Além das medidas clínicas e estéticas, também
estão sendo realizadas avaliações de modelagem ou remodelação óssea por meio
padronizado de radiografias. Contudo, por existir pouco suporte cientifico para os
implantes de Zr, os autores não recomendaram a sua utilização como rotina clínica.
Mais investigações clínicas prospectivas são necessárias antes que estes sistemas
de implantes possam ser recomendados para uso clínico (KOHAL,et al. 2008).
87

Fromme e Gutwald (2008) pesquisaram documentações científicas com uma


revisão da literatura sobre a adequação da zircônia (Y-TPS), para a substituição do
titânio (grau 4) na Implantodontia, a percepção do tempo técnico necessário e as
reações adversas das primeiras experiências clínicas com implantes dentários Z-
Systems, coletando dados clínicos sobre o comportamento e tempo de cura dos
implantes cerâmicos. Os autores encontraram um taxa de perda maior destes
implantes, com menor RTQ, quando comparados aos de Ti grau 4 com superfície Ti
SLA, considerado padrão top na literatura mundial. Também relataram que apenas
os implantes de zircônia com tratamento adequado de superfície e com duas peças
poderiam satisfazer adequadamente a demanda clinica que é cada vez maior.
Um estudo histológico na maxila humana investigou os materiais sintéticos e
biológicos mais utilizados para a regeneração óssea temporária ou permanente.
Este trabalho avaliou o efeito químico do material, a microporosidade no crescimento
ósseo e osseointegração da zircônia (ZrO2) e hidroxiapatita (HA) na enxertia da
maxila humana. Doze pacientes foram submetidos à colocação de implantes
dentários com enxertos de ZrO2 e HA na maxila, usando um protocolo de
randomização. Após 3 meses de cura, as biópsias foram colhidas compreendendo
os enxertos e o tecido ósseo. As biópsias foram processadas para avaliação
histológica e análise morfométrica (crescimento ósseo e conexão osso-enxerto)( Fig.
58). A cura foi normal em todos os casos. Todos os enxertos demonstraram
respostas ósseas mensuráveis, através da MO e MEV. Os enxertos de microporos
HA revelaram um crescimento 4 vezes maior de osso e 7 vezes maior contato
ósseo, quando comparados com os enxertos de ZrO2. Os resultados mostraram que
a química e microporosidade da HA promovem crescimento ósseo e maior contato
ósseo dos enxertos de cerâmica na maxila humana (MALMSTROM et al., 2009).

FIGURA 58 − À esq. e à dir. um contato íntimo entre o osso recém-formado e a zircônia é demonstrada na
luz do macro-poro. No centro - contato osso (% de BIC) comparado com a hidroxiapatita (HA) e na cerâmica
de zircônia (ZrO2). FONTE: Adaptado de Malmstrom et al. (2009).
88

Zembic et al. (2009) testaram se os pilares de zircônia apresentam a mesma


sobrevivência e evolução biológica quando comparado com os de titânio. Foi
apresentado um ensaio clínico randomizado e controlado de abutments de zircônia
personalizados e implantes de titânio inseridos nos caninos e na região posterior com
resultados de 3 anos. Vinte e dois pacientes receberam implantes de 40 dentes,
caninos e em regiões posteriores. Os locais de implantação foram divididos
aleatoriamente em 20 abutments de zircônia e 20 de titânio. Todas as coroas foram
fabricadas com cerâmica e metalo-cerâmica. Na instalação, com 6, 12 e 36 meses, as
coroas foram examinadas para a avaliação dos problemas técnicos e biológicos. A
profundidade de sondagem, registro de controle de placa e sangramento à sondagem
foram avaliados em pilares e os análogos dos dentes contralaterais como controle
(Fig. 59). Radiografias padronizadas dos implantes foram realizadas e o nível ósseo
(BL) foi medido referindo-se ao ombro do implante em mesial e distal. A diferença de
cor da mucosa periimplantar e a gengiva de dentes controle foi avaliada com
espectrofotômetro. Dezoito pacientes com 18 pilares de zircônia e 10 de titânio foram
examinadas em um seguimento médio de 36 meses. Nenhuma fratura de pilar ou
perda da reconstrução foi encontrada, dando 100% de sobrevivência. Duas coroas
metalo-cerâmicas suportadas por pilares de titânio tiveram fraturas do revestimento
cerâmico. Não foi observada diferença dos resultados biológicos dos pilares de
zircônia e de titânio. Além disso, o nível ósseo foi similar nos implantes e nos pilares
de Zr e Ti. Ambos, os pilares induziram a uma quantidade similar de descoloração da
mucosa comparada com a gengiva em dentes naturais. Portando os autores
concluíram que, em 3 anos, os abutments de zircônia e de titânio apresentaram a
mesma sobrevivência e mesmos resultados técnicos, biológicos e estéticos.

FIGURA 59 – Medição do primeiro contato osso-implante na linha de referência. BL= nível do osso marginal. A)
situação clínica de uma coroa metalo-cerâmica sobre implante. Radiografia na linha de base (c, d) e 3 anos de
acompanhamento. FONTE: Zembic et al. (2009).
89

Objetivando uma nova abordagem na Implantodontia, Pirker e Kocher (2009)


avaliaram análogos de raízes em zircônia com duas diferentes superfícies, para
substituição imediata de dentes unirradiculares em 18 pacientes. Após a extração
dentária, a raiz do dente foi digitalizada a laser e uma raiz análoga foi produzida em
zircônia para uso como implante, com dois tipos de superfícies. No grupo A foram
usados apenas 6 implantes de superfície rugosa por jateamento e no grupo B os 12
análogos em zircônia receberam macro-retenção e um alívio adicional, com redução
de diâmetro de 0,1 a 0,2mm no espaço interdental correspondente à cortical
vestibular. Os Implantes foram inseridos de 1 a 8 dias após a extração e restaurados
com uma coroa em resina, 3 a 5 meses mais tarde (Fig.60). A sobrevida do implante,
o nível do osso marginal e alterações adversas dos tecidos moles foram registrados.
Não houve complicações durante o período de cicatrização. No grupo A, todos os
implantes foram perdidos dentro de 2 meses. No grupo B, a taxa de sobrevida global
foi de 92% para os implantes em função de 1 a 33 meses. Contudo, excelentes
resultados estéticos e funcionais foram alcançados com as coroas, com um mínimo de
reabsorção óssea e uma insignificante recessão dos tecidos moles. Concluindo, os
autores sugeriram que modificações, como as macro-retenções, parecem aumentar a
estabilidade primária e a osseointegração da raiz análoga de cerâmica de zircônia,
evitando reabsorções ósseas e os conseqüentes danos estéticos.

FIGURA 60 − À esq., alvéolo da pós-extração preservado . Implante análogo da raiz em Zr com macro-retenções;
a colocação do implante de única peça; 2 meses após a instalação; 15 meses de seguimento com carga.
FONTE: Pirker e Kocher (2009).

Em um artigo de divulgação intitulado “Limites e possibilidades para os


implantes de cerâmica realizados na Clínica Paracelsus Lustmühle”, Andys (2009)
relata os resultados de quatro anos de trabalho com um sistema de implante em
zircônia de uma peça (Z-Look3) e com o novo sistema de implante de duas peças
Zeramex®. O autor citou que a demanda tem aumentado consideravelmente e os
resultados mais recentes são promissores. Não houve implante perdido e, em apenas
dois casos, foi necessário o reimplante dos mesmos. Comentando os resultados,
90

afirmou que o processo de cicatrização melhorou e o comportamento dos tecidos


moles e duros foi excelente. Em cerca de 60% dos casos, a instalação foi simultânea
à extração dentária, porém, com carga aplicada após seis meses ou mais. Para o
autor, a experiência com implantes de cerâmica causa menos dor durante o pós-
operatório, com as vantagens significativas da Medicina holística, que leva em conta
aspectos tais como: a) alergia - 1% de todos os pacientes apresenta alguma reação
alérgica aos implantes de titânio; b) interferência elétrica ou galvanismo - em
combinação com outras estruturas de metal como coroas, pontes e a presença de
eletrólito na saliva; c) metalose ou liberação de íons metálicos nos tecidos do corpo,
linfonódos ou pulmões, causando uma sobrecarga para os meridianos relacionados
ao stress; d) relação titânio e cálcio - o contato entre células ósseas com o Ti pode
causar uma deficiência no nível de cálcio; e) titânio e flúor - a contaminação do
implante metálico com o F produz a corrosão; f) poluição eletromagnética e stress
eletromagnético, podem agir no sistema nervoso; g) deterioração da saúde - em
alguns meridianos e órgãos em geral, apresentam possíveis danos ao DNA celular,
transformação nos linfócitos, fotocatálise e citotoxicidade.
Para melhorar a retenção e estabilidade nas reabilitações em desdentados
totais, foram incorporados botões de zircônia na base de próteses totais, com
encaixes intramucosais. Outro objetivo deste estudo foi de acompanhar os pacientes
com dentaduras completas, com os botões de Zr inseridos na mucosa, a fim de
realizar uma análise histológica. Doze indivíduos com idades entre 31-66 anos de
ambos os sexos receberam uma prótese total com botões de Zr e inserções na
mucosa basal (Fig. 61). Os exames foram realizados após 3, 7, 15, 120 e 360 dias.
Um ano após a colocação da prótese, os indivíduos receberam anestesia local e os
tecidos em torno dos locais de inserção no rebordo alveolar foram removidos para
biópsia do epitélio circundante às inserções. Os pacientes relataram desconforto
para remover e reinserir a dentadura até o 15º dia, mas confirmaram um aumento
significativo na retenção e estabilidade da prótese total com pouco ou nenhum
desconforto após 30 dias. A análise histopatológica mostrou que inserção de Zr foi
bem tolerada pela mucosa bucal, com a presença de fibras colágenas no tecido em
torno da inserção, com leve resposta inflamatória e reepitelização, apresentando
hiperplasia epitelial e camada granular. Portanto, os botões de Zr não afetaram a
saúde da mucosa bucal, proporcionaram melhor retenção e estabilidade nas
próteses totais, com conforto aos pacientes (GONÇALVES et al. 2009).
91

FIGURA 61 − À esq., fotografia mostrando a forma e dimensões dos botões de Zr intramucosal. À dir.,
aspecto clínico da crista maxilar alveolar três anos após a cirurgia, mostrando a mucosa normal em
torno dos locais de inserção dos botões de Zr (A, B). FONTE: Gonçalves et al. (2009).

A qualidade de inserção dos tecidos moles periimplantares relacionada aos


implantes e pilares ou abutmens de zircônia foi investigada por Mellinghoff (2010)
numa revisão sistemática da literatura, comparando com os resultados de cinco anos
de uso clínico, em consultórios particulares. Na parte clínica do estudo, um total de 65
implantes Z-Lock 3 em 34 pacientes foram avaliados após a cura completa e com a
instalação da estrutura protética em função, com reavaliações anuais (Fig. 62). O
tempo médio de espera foi de 22 meses. Na revisão de literatura, através da Pubmed,
72 obras foram identificadas, das quais 16 com a fundamentação relacionada à
questão inicial. Os estudos avaliaram o exame histológico da inserção gengival,
adesão de placa, a colonização bacteriana e sua influência sobre o periodonto. Na
comparação dos implantes de Ti com os implantes e pilares em Zr, nestes últimos,
todos os dados foram iguais ou melhores. Nas avaliações dos achados clínicos,
mostraram profundidades de sondagem média de 2-3 mm. Quanto à presença de
placa e sangramento, os resultados da Zr foram acima da média considerada boa.
Além disso, mesmo nos casos considerados de resoluções difíceis, o periodonto de
proteção se apresentou esteticamente atraente e com resultados animadores (Fig.63)

FIGURA 62 − À esq. os implantes do tipo Z- Lock III utilizados e detalhe da transição da rugosidade de
superfície no pescoço. À dir., sondagem avaliando o nivel de inserção. FONTE: Mellinghoff (2010).
92

Fig. 63 À esq., caso com agenesia dos 12 e 22. Apesar do fenótipo gengival fino, demonstra a aparência natural
dos implantes de Zr. À dir., detalhes da margem gengival livre à 0,5mm apical. FONTE: Mellinghoff (2010).

Uma significativa amostragem, com acompanhamento clínico de 5 anos dos


implantes de zircônia de uma só peça (CeraRoot, Oral Iceberg), com três diferentes
tipos de superfícies: revestido, não-revestido e com ataque ácido, totalizou 831
implantações, em 378 pacientes com idade média de 48 anos. A composição do
revestimento de superfície foi feita com cerâmica bioativa que tem a fórmula Na2O-
K2O-MgO-Al2O3-CaO-SiO2-P2O5-F. Este material de revestimento é especialmente
designado para os implante de zircônia Y-TZP. Cinco abordagens diferentes foram
produzidas: procedimento cirúrgico padrão, cirurgia sem retalho, com elevação
simultânea do seio e enxerto ósseo sinusal quando, a altura ou a largura do osso
eram insuficientes. As restaurações de cerâmica pura foram colocadas quatro meses
após a instalação do implante ou pelo menos 8 meses, nos enxertos ósseos quando o
aumento ou elevação da cavidade foi realizado. Os implantes e restaurações foram
acompanhados por até cinco anos. Foi encontrada uma taxa média de sucesso de
95% ou seja, 92,77% para os implantes sem revestimento de superfície, 93,57% para
implantes revestidos e 97,60% para os implantes ácido-gravados (Fig. 64). A taxa de
sucesso do grupo correspondente aos implantes de zircônia com superfície ácido-
gravado foi significativamente melhor do que os outros dois grupos. Os autores
concluíram que os implantes dentários de zircônia com superfícies ásperas podem ser
93

uma alternativa viável para substituição dos dentes, indicando a necessidade de


avaliar as taxas de sucesso a longo prazo, com mais estudos e dados das superfícies
utilizadas (OLIVA; OLIVA; OLIVA, 2010).

FIGURA 64 − MEV das diferentes superfícies do estudo (5000X). Da esq. para dir.: Zr com revestimento (C), não-
revestida e com ataque ácido-gravado. Na tabela, detalhes da análise topográfica das superfícies estudadas.
FONTE: Retirado de Oliva; Oliva; Oliva (2010).

Finalizando esta seção dos estudos ou pesquisas em humanos com os


materiais utilizados nos implantes de zircônia, estando ou não correlacionados ao
titânio, apresentamos uma síntese dos trabalhos citados na literatura até o momento
e realizados de 2004 a 2010, elencados no quadro abaixo (Quadro 8).

Quadro 8 - Estudos em humanos com Zircônia / Titânio - pesquisados de 2004 a 2010.


AUTORES PESQUISA - IMPLANTES AMOSTRAGEM - TEMPO TX DE SOBREVIDA / RESULTADO

SCARANO et al., 2004 Discos Ti e Zr em PPR 10 pacientes com próteses -24h dimin. Nº bactérias patogênicas na Zr

LAMBRICH, 2007 Ti 2 peças / Zr Zlook3 peça unica 237 Ti (3i+TSV) / 139 Zr - 3M e 6M Ti c /carga 3M 95,23% Zr 84,37 a 98,41%

MELLINGHOFF, 2006 Zr (Z Look 3) 189 pac. Tempo carga 8,2 M a 1ano 93% clinica + Radiografica

PARK et al., 2007 Ti - Straumanns 15 casos- com Spectrofômetro índice de colaração gengival Cielab

NAGAI et al., 2007 Ti - Straumanns 15 sitios piriimpl. / 8 fitas coloridas colaração do pesçoco impl.Ti

LAMBRICH; IGLHAUT, 2008 Ti e Zr peça única 234 Ti e 127 Zr - 21,4 Meses Ti 97,2 a 98,4% / Zr 84,4 a 98,4%

WENZ et al., 2008 Y-TZP e Ti pesq. bibliográfica- revisão liter. Ti = Zr ou Zr ↑ / BIC > 60%

KOHAL et al., 2008 Zr com carga 119 ( 65 unit.e 27 duplos c/c)- 1ano 96, 6 % de sobrevida

FROMME; GUTWALD 2008 Y- TPS e Ti SLA tratamento superficie em 2 peças aumento Torque de Remoção (RTQ)

MALMSTROM et al., 2009 Zr + enxerto HA 12 casos / 3 Meses 4 a 7 vezes no aumento da BIC

ZEMBIC et al., 2009 pilares Zr e Ti + coroa MC 40 impl.(20+20)/ 6-12-36 Meses 100% sobrev./ estética Ti = Zr

PIRKER E KOCHER, 2009 implantes Zr rugosa/jateada 6 + 12 (↓0,1 a 0,2mm) / 1 a 33 M 6 perdidos/ 12= 92% sobrev. / estética

ANDYS, 2009 Impl. Z Look 3 + Zeramex (2 p.) 60% c/ XP imediata/ carga 6M + 100% de sobrevida

GONÇALVES et al., 2009 botões de Zr submucosa / PT 12 casos / 3-7-15-120-360 dias ↑estabil./retenção/conforto + ↑integração

MELLINGHOFF, 2010 Zr (Z Look 3) / Ti 65 casos / 22 Meses maior na Zr ou semelhante ao Ti

FONTE: O autor.
94

2.3 CASOS CLÍNICOS COM IMPLANTES EM ZIRCÔNIA

Volz (2003) descreveu numa apresentação totalizando 70 casos clínicos nos


últimos dois e anos e meio de sua prática com implantes óxido de zircônio, após a
cura completa ou osseointegração e reconstruída inteiramente metal free. O autor
relatou um caso clínico de paciente que tivera vários dentes perdidos e com
intolerância a metais. Com o consentimento do paciente, implantou oito fixações em
ZrO2, com levantamento de seio em um dos lados, obtendo boa estabilidade primária
no momento da inserção. Durante o período de cicatrização de seis meses, o paciente
utilizou 24 horas por dia uma proteção para evitar o carregamento dos implantes. No
momento das restaurações, após seis meses, todos os implantes apresentaram
estabilidade, com percussão positiva em todos os implantes. O caso foi reabilitado
totalmente sem o uso de metais, possibilitando melhorias significativas na saúde do
paciente em questão.

FIGURA 65 − R.X panorâmico com os implantes de Zr com única peça instalados e detalhes da mucosa
periimplantar de três fixações sup./dir. durante o período de cura. FONTE: Retirado de Volz (2003).

Na última década, o aspecto estético da Odontologia tem na Implantodontia


um valor ainda mais importante. Num tratamento com implantes de titânio,
especialmente na região anterior, mesmo utilizando-se os pilares cerâmicos, a
mucosa realça rapidamente para os limites biológicos. Não só por esse motivo, a
procura por implantes sem metais no tratamento odontológico nos últimos anos
aumentou consideravelmente. Lange (2006) relata a demanda consciente de
pacientes em números crescentes por tratamentos metal free por problemas com
alergia a certos metais e ligas. Para o autor, a zircônia é biocompativel, não contêm
radicais livres e tem elevada resistência à tração, sendo adequada esteticamente por
causa da cor branca. Na apresentação de um caso para um paciente de 35 anos, que
95

sofreu trauma na região dos incisivos central e lateral esquerdos, planejou coroas em
cerâmica sobre dois implantes de zircônia com pilares padronizados (zit-Z / Ziterion) e
uma placa de proteção em silicone de instalação imediata. Utilizou brocas de zircônia
para osteotomia, conseguindo um torque de inserção de 30 Ncm (Fig. 66). Para o
autor, apesar de ser em única peça, o sistema de implante empregado consegue boa
estabilidade primária e um design que facilita a restauração protética de forma simples
e rápida, tornando-se uma aplicação rentável.

FIGURA 66 − Implantes Zit-Z de zircônia (Ziterion GmbH) instalados na região do 21e 22. FONTE: Lange (2006).

Num relato clínico de casos com implantes imediatos de zircônia (Z-Look) e


instalação das próteses, Kienel (2007) combinou a excelente estética e
biocompatibilidade do material resistente à corrosão e elevada estabilidade química
para os dentes anteriores. Segundo o autor, o sucesso a longo prazo na inserção dos
Implantes de zircônia depende basicamente de três fatores: o exato manejo pré-
operatório, uma abordagem cirúrgica suave e a elaboração do provisório protético no
tempo certo. Segundo esse autor, se todos os parâmetros forem seguidos, o resultado
será uma ótima estética e a plena satisfação do paciente.

FIGURA 67 − Brocas de Zr para o preparo endósseo; instalação do implantes Zr, preparo do segmento coronal,
controle pós-operatório com protetor e, após três meses de cura. FONTE: Adaptado de Kienel (2007).

A revolução do implante estético para a região anterior de peça única, com a


imediata restauração utilizando materiais cerâmicos, foi relatada e discutida num caso
clínico por Baumgarten (2007) para uma paciente de 34 anos de idade com agenesia
do incisivo lateral e canino superior direito (hipodontia). No caso apresentado, foram
96

utilizados implantes de cerâmica WhiteSky de peça única (Fig 68). Para a autora, as
perspectivas de sucesso em reabilitações deste tipo são muito boas, desde que sejam
bem planejadas e com boa densidade óssea para obter a estabilidade primária e, com
o uso de protetor para evitar movimentos durante a integração do implante. A
biocompatibilidade da cerâmica e os resultados estéticos alcançados nestes casos
são muito superiores ao titânio.

FIGURA 68 −. Implantes de Zr WhiteSky, com as restauraçoes nos dentes 12 e 13. FONTE: Baumgarten (2007)

Na publicação “Implantes de Óxido de Zircônia. Uma Bio-lógica (R)evolução”


Volz (2007) descreve não só a excelente osseointegração, mas compara como sendo
superior ao dente natural. Com mais de seis anos de experiência com esse material, o
autor comenta que mais de 7.000 implantes dentários de zircônia foram utilizados
mundialmente e que existe agora informações confiáveis. Como seguidor da Medicina
holística, afirma que os implantes dentários estão no limiar de natureza biológica em
(R)evolução. Desde que surgiram os implantes, agora é a primeira vez que as
necessidades de ambas as disciplinas são compatíveis com os desejos dos pacientes,
cada vez mais consistentes na busca por estética e segurança. Apresentou um caso
em que o paciente submeteu-se por mais de 15 anos à vários tratamentos
odontológicos, portador de uma história médica complexa e relacionado com a
incompatibilidade a metais. Após a remoção das restaurações, realizou a
temporarização com resinas compostas e cuidados gerais ou sepervisão para testar o
material. Apurou-se que durante o uso dos provisórios, a saúde melhorou muito,
possibilitando mastigar sem dores. O tratamento completo, com a reabilitação com
implantes de cerâmicas em zircônia durou mais de um ano e envolveu os quatro
quadrantes. Esse autor descreveu os benefícios gerais proporcionados ao paciente: a)
proporcionou um sono com qualidade; b) mais energia, cessou a falta de
concentração, cansaços e fases depressivas; c) melhora na hipersensibilidade
eletromagnética; d) melhora no apetite e na sede; e) melhora no olfato e no paladar,
sessando o constante gosto amargo na boca constante gosto amargo na boca.
Portanto, o desenvolvimento do sistema de implantes de zircônia, foi orientado para
97

melhorar e curar rapidamente os vários sintomas sistêmicos, além dos benefícios


como, a biocompatibilidade e a cor branca, com reprodutíveis resultados biológicos e
estéticos, não só a curto prazo, mas com padrões de sucesso a longo prazo.(Fig.69)

FIGURA 69 − Ilustrações do estudo clínico de Volz (2007). FONTE: Volz (2007)

Oliva; Oliva; Oliva (2008) descreveram o tratamento de um paciente com um


implante de zircônia ovóide (CeraRoot Tipo 14) para substituir um pré-molar superior
direito numa mulher de 29 anos de idade que apresentava um biótipo periodontal
fino, com contornos gengivais em fina camada e muito preocupada com estética na
área, apresentando uma Classe I molar e oclusão pelos caninos. O espaço do pré-
molar tinha sido preservado pela presença da raiz do dente decíduo (Fig. 70).

FIGURA 70 − Instalação imediata do implante CeraRoot Tipo 14 correspondente ao primeiro pré-molar sup./dir.
(14) e o controle radiográfico. FONTE: Oliva; Oliva; Oliva (2008)

Num estudo clínico em andamento com implante de óxido de zircônio (ZrO2),


Oliva; Oliva; Oliva ( 2008) apresentaram uma paciente jovem com agenesia do canino
superior direito. Foi implantada uma peça única de ZrO2 (CeraRoot) gravado com
ácido de superfície (ICE surface®). A situação no pré-operatório era a ideal em
termos de tecidos moles e preservação do osso, optando-se pela cirurgia sem
abertura de retalho. O tecido periimplantar teve cura com sucesso dentro de poucos
dias, sendo logo restaurado com uma coroa de ZrO2 (Fig. 71). Para os autores, a alta
biocompatibilidade da zirconia é globalmente aceita e apoiada por diversas
publicações e investigações. A evidência científica mostra também que a zircônia
poderia ser uma boa alternativa para produzir implantes dentários rotineiramente, no
98

futuro. As mais recentes pesquisas sobre as superfícies tratadas demonstram que,


nos implantes de zircônia, aumentam significativamente os pontos de contato osso-
implante (BIC). As propriedades mecânicas do implante ZrO2, também têm sido
estudadas em diferentes publicações. Foi demonstrado que esses implantes têm
suficiente resistência mecânica, em pacientes com oclusão normal. No entanto, a
preparação destes implantes com brocas de diamante pode alterar essa resistência
mecânica e comprometer a integridade ou durabilidade do material a longo prazo e,
portanto, deveriam ser feitos com muita cautela.

FIGURA 71− Agenesia congênita do canino sup./dir. (13), instalação do implante zircônia, controle radiográfico e
instalação da prótese com cerâmica de zircônia.FONTE: Oliva; Oliva; Oliva (2008).

Uma técnica de inserção minimamente invasiva de implantes de óxido de


zircônio foi apresentada por Stoll, (2008). Segundo ele, a desnudação do osso da
crista alveolar e do periósteo é uma perturbação trófica (Fig. 72). Como vantagens
desta técnica, cita a rápida e completa cicatrização do tecido mole, com
restabelecimento da estrutura fisiológica e anatômica, o menor tempo operatório,
ausência de edema, dor consideravelmente reduzida, planejamento facilitado pelas
tomografias volumétricas ou tomografia computadorizada, além do marketing técnico
e psicológico e a capacidade de limpeza melhorada. Esta técnica está indicada para
os pacientes de alto risco, especialmente aqueles com distúrbios hemorrágicos. O
autor faz um comentário da excelente biocompatibilidade das biocerâmicas de ZrO2,
possibilitado um trabalho definitivo. O fornecimento de dentes temporários é possível
através de próteses fixas e removíveis. Contudo, esse autor cita como desvantagens
para esta técnica: a falta de orientação segura da broca sob visão direta, com riscos
de perfurações do osso e dos tecidos moles; complicações indesejáveis nas mãos do
profissional inexperiente, conta-indicando para os casos com déficit de osso; o maior
tempo de cicatrização dos implantes de zircônia devido à superfície ainda não ser a
ideal e a dificuldade de proteção do implante durante a fase de osseointegração.
99

FIGURA 72 − Agenesia dos incisivos laterais e instalação imediata de implantes ZrO2. FONTE: STOLL (2008).

Para Sarkis (2009) o material de escolha para os implantes dentários é o


titânio. Contudo, a cor cinza do titânio pode apresentar uma estética desagradável na
região vestibular anterior, quando o estado dos tecidos moles e os parâmetros
estéticos são desfavoráveis, sugerindo para essa região os implantes dentários em
zircônia. Em seu estudo, avaliou a evolução clínica de três anos após a colocação
imediata de um implante cilíndrico de zircônia (3Y-TZP) com superfície rugosa e
utilização simultânea de biomateriais na região anterior da maxila (Fig. 73). Os
resultados preliminares deste relatório demonstram que o implante de zircônia
colocado simultaneamente com o aumento do osso pode ser uma alternativa viável
para substituição imediata de dentes da região anterior. Esta abordagem proporcionou
a manutenção da função e do volume ósseo alveolar, assim como a preservação dos
contornos dos tecidos moles. Contudo, mais pesquisas são necessárias para avaliar
as taxas de sucesso a longo prazo dessa técnica.

FIGURA 73− Implante zircônia (3Y-TZP) para o dente incisivo lateral sup/esq. (22). FONTE: Sarkis (2009)

Engelhardt (2009) afirmou que nenhuma especialidade médica incorpora,


permanentemente, tantos biomateriais no organismo como a Odontologia. Na perda
dos dentes superiores, o autor sugere alguns questionamentos tais como: qual a
melhor indicação para o caso: uma prótese removível, prótese total ou implantes?
Existe uma Implantodontia integral? Ao apresentar relato de um caso clínico,
demonstrou como os princípios holísticos integram-se com os implantes em zircônia
em duas peças (Zeramex®) em um paciente de 35 anos de idade com intolerância a
metais, inclusive às ligas de titânio. Os pilares foram cimentados com Panavia depois
de 2 semanas, assim como a inserção das coroas em cerâmica (Fig. 74). O autor
100

enfatizou como resultado desse tratamento a remissão total de vários sintomas


sistêmicos relacionados à intoxicação por metais, inclusive de um desconforto
abdominal superior no paciente.

FIGURA 74 − Implante Zeramex® em duas peças para os dentes 13-14 e coroas. FONTE: Engelhardt (2009)

As expectativas sobre estética em Odontologia estão crescendo e as


pesquisas no campo de todos os materiais cerâmicos para a restaurações de dentes
naturais e implantes dentários têm se intensificado. Embora a coroa que cobre o pilar
de um implante possa ser esteticamente ideal, existe a possibilidade de que a cor
cinzenta dos implantes de titânio transpareça através da fina mucosa periimplantar e,
mesmo numa curta recessão dos tecidos periimplantares, poderá comprometer todo
um resultado estético. Para assegurar o aspecto estético de implantes dentários na
região anterior, um implante com cerâmica de zircônia foi apresentado por Aydin;
Yilmaz; Ata (2010) num caso reabilitado com coroa de cerâmica pura, para a região
maxilar anterior e um acompanhamento de 12 meses (Fig. 75).

FIGURA 75 − Implante de Zr com coroa de cerâmica para o dente 21. FONTE: Aydin; Yilmaz; Ata (2010)

Oliva; Oliva; Oliva (2010) acompanharam diversos casos clínicos por 5 anos
com implantes de zircônia de uma só peça (CeraRoot, Oral Iceberg). Todos os
pacientes receberam instrução para manutenção de higiene bucal e foram
aconselhados a não utilizarem os implantes na mastigação durante os primeiros dois
meses após cirurgia. Os pacientes foram observados 15 dias pós-cirurgia para
acompanhamento e remoção da sutura. Os implantes foram documentados quanto à
101

mobilidade, dor e profundidade de sondagens mensais e orientações de higiene bucal.


Todas as restaurações definitivas foram deixadas em leve infra-oclusão para
compensar a elasticidade do ligamento periodontal dos dentes naturais. Além disso,
foram feitos todos os ajustes nas excursões laterais e protrusivas. As restaurações de
cerâmica pura foram feitas através da utilização de um sistema assistido por
computador (CeraRoot, Oral Iceberg) e LAVA (3M) ou através da utilização de um
material prensado de cerâmica (Empress II, Ivoclar Vivadent). Os pacientes foram
acompanhados após 1, 3, 6 e 12 meses e depois de 2, 3, 4 e 5 anos. As radiografias
panorâmicas e / ou periapicais foram obtidas regularmente durante o exame.
Recentemente, esses mesmos autores divulgaram uma reabilitação completa
com 15 implantes de zircônia (CeraRoot ) numa mulher de 38 anos que apresentava
alergia ao titânio e um quadro de amelogênese imperfeita hereditária (Fig. 76), com
um acompanhamento clínico e radiográfico de três anos.

FIGURA 76 − Reabilitação completa metal free com 15 implantes CeraRoot e restaurações de ZrO2. A paciente
apresentava amelogênise imperfeita e alergias. Acompanhamento de 3 anos. FONTE: Oliva; Oliva; Oliva (2010).
102

2.4 LONGEVIDADE DOS IMPLANTES DENTÁRIOS

Algumas características de superfície dos componentes transgengivais, além


da rugosidade da superfície, também parecem ser extremamente importantes na
formação da placa bacteriana e podem ser úteis na prevenção de patologias
periimplantares dos tecidos moles. Afinidades na adesão de diferentes bactérias
foram relatadas para diferentes materiais, como o titânio, suas ligas e as cerâmicas.
Novos abutments e implantes cerâmicos foram introduzidos para melhorar os
resultados estéticos, como os de zircônio que são óxidos bioinertes tendo uma
excelente resistência à corrosão, biocompatibilidade e alta resistência ao desgaste,
além de possuir altos valores de flexão e tenacidade à fratura. O óxido de zircônia não
tem efeito citotóxico em fibroblastos; os testes in vitro de carcinogenicidade e
teratogenicidade são negativos e, tem sido relatados testes de genotoxicidade com
ausência de aberrações cromossômicas nas células cultivadas em placas de zircônia
(SCARANO et al., 2004).
Bayne (2005), investigando os biomateriais utilizados na Odontologia
restauradora até então, enfatiza a falta de critérios verdadeiramente científicos na
seleção e uso dos mesmos. Usou o termo CL 50 (Longevidade Clinica) ou meia-vida,
como a capacidade de sobrevivência média do material restaurador, levando em
conta todos os fatores, tais como: o operador, o material utilizado, localização intra-
bucal, a história clinica do paciente e fatores de risco. Segundo o autor, a CL 50 de
dez anos já não é mais a ideal, considerando a aumento da idade na população
mundial e a redução considerável de perdas dentárias pela cárie. Para fins estatísticos
das solicitações mecânicas normais no ambiente bucal, o autor recomendou utilizar
valores estimados em 1 milhão de ciclos de carga ao ano.
Na mesma linha de investigação, Tolstunov (2006), baseando-se numa
pesquisa bibliográfica, demonstrou os fatores de importância no sucesso e falhas a
longo prazo de implantes bucais, comparando o comportamento dos dentes naturais e
dos implantes nas condições locais e sistêmicas saudáveis, desfavoráveis ou dentes
anquilosados. O autor enfatizou a vulnerabilidade dos implantes dentários e seus
prognósticos, realçando a importância da supervisão clínica em curso, da condição do
implante inserido, com um bom programa de retorno periódico. Também realçou a
necessidade de acumular dados clínicos com relação às falhas nos implantes por um
período prolongado de tempo e de maneira padronizada. Sugeriu ainda que os
103

profissionais deveriam ser mais cautelosos em prometer resultados, evitando dar


garantias de sucesso de longo prazo a seus pacientes.
A combinação da qualidade com as propriedades de superfície dos implantes
e componentes protéticos influencia não só na biocompatibilidade, mas também na
adesão bacteriana e colonização. A qualidade de superfície pode ser determinada
pela combinação das propriedades físicas, químicas, mecânicas e da estrutura de
superfície. Dentre elas, a energia livre de superfície e rugosidade superficial tem
efeitos significantes no processo de adesão. A adsorção dos componentes salivares e
soro sanguíneo, presentes na película adquirida, é provavelmente específica àquela
superfície. Esses componentes mediam a aderência bacteriana inicial nas superfícies
dos dentes e nos materiais restauradores, sendo a aderência reconhecida como
primeiro passo para a formação do biofilme. O acúmulo de biofilme pode levar ao
desenvolvimento de lesões inflamatórias na mucosa adjacente e reabsorção óssea,
aumentando o risco de falhas dos implantes. Em sua tese, a autora utilizou amostras
de HA, Ti e suas ligas e Zr, incubados com saliva ou soro (Fig. 77) (LIMA et al., 2006).

FIGURA 77 − Materiais utilizados no estudo: HA, Ti, Tilite e Zirônia. As amostras das películas foram incubadas
com saliva e/ ou soro em placas de 24 poços por 1h a 37º, analisados com cintilador. FONTE: Lima et al. (2006).

Os tecidos, as estruturas protéticas e o meio bucal têm um papel fundamental


na obtenção e manutenção da osseointegração dos implantes dentários. O acúmulo
do biofilme tem sido considerado como uma das principais causas de falhas nos
implantes. As bactérias anaeróbicas, gran negativas têm sido observadas com
freqüência e associadas à periimplantite. Em estudos realizados in vitro e in vivo, para
investigar a colonização precoce do biofilme, película de saliva, a força de remoção da
placa, relacionadas com o fluxo salivar, músculos e atividade mastigatória,
monitorando e comparando a colonização bacteriana sobre superfícies de Ti grau 2 e
zircônia (Y-TZP), observou-se que, de maneira geral, a Zr acumulou menos placa que
o Ti. A zircônia é, portanto, um material propício para a fabricação de pilares para
implantes graças ao baixo potencial de colonização bacteriana, podendo minimizar os
104

processos inflamatórios que favorecerem a aderência epitelial e proporcionar maior


estética. Na fig. 75 mostra alguns materiais cerâmicos utilizados em implantes,
retirados do trabalho do autor (AZEVEDO, 2007).
FIGURA 78 − À esq.,preparação de prótese biocerâmica (CAM implants) por pulverização com
plasma. Centro-osteoblasto sobre a espuma de cerâmica de HA. À dir. prótese de quadril em Al3O2
FONTE: Azevedo (2007).

O valor de referência convencional para sistemas de implantes bem


sucedidos é a durabilidade da prótese, avaliada em pelo menos 5 anos de estudo. No
entanto, seria a durabilidade do implante o único critério para avaliação dos sistemas
de implante? É que questiona um trabalho recente de Arlom (2008). Para o autor,
numa medicina comunitária, em que grandes populações são selecionadas para
instalação de implantes de titânio ou próteses metálicas, existe um maior risco de
incidência de fibromialgia, esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica, mal de
Parkinson, doença de Alzheimer e outros tipos de demência, em comparação com
outros grupos de pacientes com dentes naturais saudáveis, sem próteses metálicas.
Aos pacientes prestes a decidir sobre rebilitaçoes com implantes, deveriam ser
fornecidas informações sobre os riscos dos mesmos, a fim de se fazer uma escolha
considerada. Cada tratamento em Odontologia é um compromisso e a decisão na
escolha do material deveria ser feita com um diagnóstico holístico-sistêmico. Num
estudo clínico, o autor apresentou um paciente de 40 anos com a perda de dois
molares inferiores e a instalação de implantes de zircônia (Fig. 79) (ARLOM, 2008).

FIGURA 79 − Implante de Zr de corpo único na região do 36 e 37com coroas cerâmicas. FONTE: Arlom (2008).
105

Para garantir a estabilidade e longevidade, o protocolo de carregameto


para os implantes Z Look 3 é de 3 a 4 meses para a mandíbula e de 5 a 6 meses
para a maxila. Durante este período, é de fundamental importância o uso correto
de artifícios protéticos com alívio interno e em infra-oclusão (Z SYSTEMS, 2008).

2.5 TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS FUTURAS DOS BIOMATERIAS E DOS


IMPLANTES CERÂMICOS.

Os revestimentos cerâmicos parecem melhorar o ingresso ósseo ou


osteogênese, promovendo integração química do implante com o osso. As
características destes revestimentos são complexas e afetam a resposta óssea, mas
os mecanismos permanecem obscuros. A degradação dos revestimentos é uma
questão de particular controvérsia. O progresso na Implantodontia é provável que
continue com a compreensão mais clara da interface entre o material e o osso, além
do desenvolvimento da biologia molecular e dos tecidos artificiais (WATAHA, 1996).
Para Greenspan (1999), a caracterização completa dos biomateriais e o
conhecimento científico sobre suas interações como célula viva estão sendo utilizados
na criação de novos materiais que levarão células vivas ou fatores de crescimento
que, não só repararão, mas regenerarão estruturas e tecidos do corpo danificados ou
desgastados ou perdidos.
Kollmar (2005) relatou em editorial de uma importante revista alemã que, há
mais de cinco anos, um novo material cerâmico de óxido de zircônio, fornecido por
vários fabricantes, começava a conquistar e a ganhar uma posição na Implantodontia,
deixando de lado a exclusiva opção pelo titânio. A escolha da zircônia começou com
as próteses, depois os pilares ou abutments por serem mais estéticos, translúcidos e
com a mesma estabilidade mecânica. Em seguida vieram para o mercado as
fresagens com brocas em zircônia para a osteotomia cirúrgica. Relatando as
vantagens do material, citou a sua extraordinária dureza, alta resistência ao desgaste
e à corrosão, além da estabilidade dimensional e comprovada biocompatibilidade.
Para este autor, os implantes de zircônia são particularmente indicados para
pacientes sensíveis e alérgicos aos metais. No círculo marcado pelos dentistas
homeopatas, a cerâmica de Zr é a alternativa preferida, porque é livre de eletrodos,
com ingredientes inérteis ao organismo humano. Contudo, afirmou que uma avaliação
106

conclusiva ou definitiva do ZrO2 em implantes dentários ainda não pode ser feita,
precisando de amplos estudos científicos, com estudos de longo prazo e práticas que
ainda não estão disponíveis.
“Qual é o futuro da zircônia como um biomaterial?” Essa questão foi
levantada por Chevalier (2006) após avaliar as falhas de cabeças de próteses
femorais, abrindo uma questão polêmica sobre o futuro da zircônia como um
biomaterial. O autor fez uma análise do conhecimento atual sobre o processo de
envelhecimento, seus efeitos e desempenho dos implantes a longo prazo, a fim de
distinguir entre os fatos científicos e a especulação. O estado da arte atual mostra a
forte variabilidade de zircônia à degradação in vivo, como uma conseqüência da
influência do processo de envelhecimento (Fig.80). Como a zircônia procede de
diferentes fornecedores, apresentam diferentes microestruturas relacionadas. Faz-se
necessário avaliar o seu envelhecimento com sensibilidade e técnicas mais precisas.
Para o autor, as normas ISO deveriam ser alteradas, especialmente para ganhar a
confiança de clínicos. Há uma tendência hoje para o desenvolvimento de materiais
compósitos alumina-zircônia, como uma alternativa à alumina e zircônia monolíticas.

FIGURA 80− A degradação da superfície da prótese de quadril com Zr devido à combinação do envelhecimento
e desgaste. Esquema do processo que ocorre numa seção transversal, iniciando a nucleação num grão da
superfície, levando a microfissuras e espalhamento à vizinhança. O crescimento da zona de transformação,
conduz ao micro-fissuramento e à rugosidade da superfície. O caminho em vermelho representa a penetração
da água. FONTE: Retirado de Chevalier (2006).

Kohal et al. (2008) afirmaram que as cerâmicas de zircônia a cada dia são
intensamente investigadas e estão ganhando popularidade. Tentativas estão sendo
feitas para adicionar óxidos de coloração à cerâmica TZP, antes do processo de
sinterização, para alterar a sua cor esbranquiçada, melhorando a estética e a
biocompatibilidade. Segundo os autores, futuros empreendimentos possibilitarão a
produzir pilares mais resistentes e restaurações com maior qualidade, com menor
tempo e custos de fabricação. Sistemas computadorizados, com tecnologia de
produção de ponta, como o CAD/CAN, melhorarão o design nos processos de
107

fabricação de pilares cerâmicos e próteses implanto-suportada (Fig. 81). Concluindo,


os autores afirmaram que, todas as restaurações e pilares cerâmicos serão mais
rápidos, simplificados e eficientes nos seus processos de confecção.

FIGURA 81 − Sistema computadorizado CAD/CAN na usinagem da zircônia e caracterizações dentinárias em


cerâmicas para a zircônia. FONTE: Retirado de Zirconzahn World Wide - Human Zirconium Tecnology (2009).

Descrevendo sobre os implantes cerâmicos, Kohal et al. (2008) citaram que


existem atualmente cinco sistemas de implantes de zircônia comercialmente
disponíveis: o Sigma sistema de implantes (IncerMed, Lausanne, Suíça - Fig.82), os
sistemas de implantes CeraRoot (Barcelona, Espanha - Fig. 83), o sistema Whitte Sky
(Bredent Medical, Senden, Alemanha- Fig 84), o sistema de implantes Z-Systems
(Konstanz, Alemanha- Fig 85), e o sistema Zit-z Cerâmica Implant (Ziterion GmbH,
Uffenheim, Alemanha- Fig 86). No entanto, não existem dados clínicos e histológicos
sobre o comportamento biomecânico destes diferentes sistemas na literatura
internacional. Além disso, não estão disponíveis dados clínicos e científicos a curto,
médio ou longo prazo sobre os sistemas de implantes de zircônia acima mencionados.

FIGURA 82 − Implantes e componentes IncerMed AS (Suiça). FONTE: Retirado do Catálogo IncerMed (2010).

FIGURA 83− Implantes CeraRoot e suas indicações: para pré-molares; incisivos laterais, incisivos centrais e
caninos sup., p/ os pequenos incisivos sup. e caninos e molares. FONTE: Retirado de Oliva, Oliva, Oliva (2010).
108

FIGURA 84− Representantes dos implantes em zircônia White Sky (Alemanha). FONTE: Catálogo White Sky

FIGURA 85− Blanks ou lingotes de cerâmica ZrO2 e etapas de fabricação para o implante Zit-Z (Alemanha).
Inserção de um implante com instrumento e o modelo prescrito pelo fabricante. FONTE: Catálogo Ziterion (2008).

FIGURA 86− Iimplantes Z Look e instrumental de zircônia Z-Systems ( Alemanha). FONTE: Catálogo Z-Systems

Denry; Kelly (2008), descrevendo sobre o estado da arte da zircônia para


aplicações odontológicas, afirmaram que a mesma foi recentemente introduzida na
prótese dentária para a fabricação de coroas e próteses parciais fixas, em
combinação com sistemas e técnicas CAD / CAM. Todos os fabricantes de cerâmicas
dentais, especialmente as de Y-TZP, oferecem agora novos produtos com o objetivo
de aumentar a união com as porcelanas, fornecer novos cromas e fluorescência, bem
como tratamentos químicos e revestimentos mais específicos para melhorar a
estabilidade ou proporcionar superfícies ajustadas para reduzir as interações com
meio bucal.
Segundo Chevalier e Gremillard (2009), apesar da zircônia ser a mais
importante biocerâmica há mais de um século, a descoberta das transformações de
fase e tenacificação tem anunciado novas aplicações biomédicas. Ao mesmo tempo,
o uso dessa biocerâmica avançou graças ao novo entendimento do papel das micro-
fraturas e do equilíbrio de fases dos materiais de Zr. Mas, a melhor compreensão do
papel dos estabilizadores, o maior controle da composição e processamento da
cerâmica, foram as bases fundamentais para novas aplicações de alta tecnologia da
109

zircônia. A combinação das propriedades mecânicas e térmicas, de baixa


condutividade elétrica e alta condutividade iônica, resultou na melhor escolha para
os implantes de quadril. O conhecimento atual da LTD levou a rever a superioridade
da zircônia Y-TZP, uma vez que estes materiais são os mais suscetíveis à
transformação isotérmica, portanto, à degradação em baixas ou intermediárias (até
400ºC) temperaturas. O envelhecimento desta cerâmica é prejudicial para
aplicações ortopédicas e pode ser um limite para as próximas gerações
operacionalizem em altas temperaturas. Os autores destacaram a importância dos
diagramas de fase metaestável na concepção desses materiais e do impacto da LTD
nos produtos industriais, como nos implantes dentários (Fig. 87). Dependendo da
aplicação, a zircônia dopada ou co-dopada com outros óxidos, ou a ZTA (zircônia
com alumina) podem representar alternativas mais seguras para as Y-PSZ. Este é o
caso dos implantes biomédicos, para os quais o objetivo é ter a transformação de
fase sob estresse, mas em menor escala, na presença de umidade (Fig. 89). O
papel das vacâncias de oxigênio e a forma como elas servem no caminho para a
difusão ‘‘espécie-água-derivada” ainda devem ser esclarecidos.

FIGURA 87− À esq., tempo estimado para a difusão ocorrer e homogeneizar o teor de Y (ítrio) contendo grãos de
0,5 e de 3µm de diâmetro, em diferentes temperaturas na 3Y-TZP. À dir., diagrama de fases metaestáveis da
zircônica acrescida do ítrio – concepção mais atualizada. FONTE: Retirado de Chevalier e Gremillard (2009).

As cerâmicas de alta tecnologia sempre foram associadas a dispositivos


médicos, como a substituição da cabeça femoral e acetábulo do quadril, aos
implantes dentários e restaurações, ou a preenchimentos ósseos, com os enxertos
110

teciduais. Chevalier e Gremillard (2009) descreveram uma abordagem gradual


relacionada à regeneração dos tecidos para os implantes convencionais e o uso
clínico atual da Bioengenharia, propondo um projeto de evolução para os próximos
20 anos. A necessidade de cerâmicas bioinérteis, resistentes e estáveis deveria ser
substituída por cerâmicas e compósitos de alumina e zircônia nano-estruturados, ou
por óxidos não-cerâmicos (Fig. 89). As cerâmicas nano-estruturadas de fosfato de
cálcio e de vidros bioativos porosos, possivelmente combinado com uma fase
orgânica, devem apresentar as propriedades desejadas para substituição óssea no
futuro. A regeneração de tecidos pode ser aplicada, quando possível, com drogas
capazes de promoverem a restauração de tecidos e / ou limitar as conseqüências
funcionais do dano tecidual. A Engenharia de tecidos pode ser vista como a próxima
etapa de pesquisa, quando o dano é muito extenso. O conceito atual de Engenharia
de tecidos reside na crença de que os tecidos podem ser regenerados in vitro e
implantados. O exemplo impressionante da reconstrução dos tecidos epiteliais
confirma este conceito. Para os ossos, dentes e cartilagens, a Engenharia de tecidos
ainda está longe de ser aplicada clinicamente, em grande escala, em humanos. Na
opinião dos autores, deve demorar ainda 5 anos para que a técnica seja dominada em
escala de laboratório para a cartilagem e, pelo menos 10 anos, para os ossos, uma
vez que apenas poucos relatos estão disponíveis.

FIGURA 88 − À esq., resistência à propagação da fratura em alumina, 3Y-TZP, 12 Ce-TZP, Mg-PSZ, A10Z0Y,
compósitos micro-nano-Al/Zr, Nano nano-Ce-TZP-Al. À dir. composto Al-Zr por via coloidal: (a) precursor de Zr e
pó de Al dispersa em meio líquido, (b) após a secagem, Al pó é revestido por uma camada de precursor de Zr,
(c, d) durante os tratamentos térmicos, a camada deforma e as nano partículas de Zr nuclear crescem na
superfície dos grãos de Al, (e) imagem MET convencional de um pó, após tratamentos térmicos, mostrando
grãos nano partículas de Zr na superfície da Al; (f) MET de alta resolução de um grão de Zr na superfície de uma
partícula de Al. FONTE: Retirado de Chevalier e Gremillard (2009).
111

FIGURA 89 − Design de implantes minimamente invasivos. a) prótese total de quadril, (b) prótese unicondilar de
joelho. Projeto IP Nanoker – Itália. FONTE: Chevalier e Gremillard (2009).

Wiltfang et al. (2009) afirmaram que os novos implantes cerâmicos, feitos de


cerâmica Y-TZP, são clinicamente indestrutíveis e biologicamente bem tolerados,
tendo a vantagem da cor mais natural, são benéficos em restaurações estéticas,
especialmente se a gengiva sobrejacente for extremamente fina. Os implantes de
zircônia são considerados metal free, portanto indicados para os pacientes com
alergia a metais. Esses autores resumiram as vantagens dos implantes de ZrO2
citando: a compatibilidade da mucosa periimplantar melhorada, maior estética,
menor formação de placa e, conseqüente, redução nas doenças da gengiva,
necessidade de cura sem carga. No entanto, existem também muitas desvantagens,
tais como: custos mais elevados e uma documentação científica mais limitada em
termos de longevidade. Além disso, a condição de superfície ideal para este tipo de
implante não foi esclarecida. Não há experiência de longo prazo dos processos de
envelhecimento; a estabilidade a longo prazo para os implantes de duas peças é
completamente imprevisível. A velocidade de osseointegração é classificada como
muito mais lenta (cerca de 20-24 semanas), quando comparada às modernas
superfícies de titânio. Com isso, cria-se a necessidade do uso de artifícios para
proteger os implantes da carga, tarefa essa nem sempre resolvida com sucesso.
112

Para esses autores, somente quando a superfície dessa cerâmica for otimizada,
tornar-se-á um material seguro, então a zircônia será universalmente aplicável, com
uma documentação clínica indiscutível.
“Implantes Dentários - Ultrapassará a Zircônia ao Titânio?” Neste artigo,
Catrina (2009) afirma que a cerâmica de zircônia tem suas propriedades comparáveis
ao dente, sendo extremamente biocompatíveis, já comprovado clinicamente, com uma
boa integração nos ossos e tecidos moles da boca (Fig. 86). A experiência prática
com a Zr mostra outra importante vantagem: a formação da placa, em sua superfície,
é inferior à do Ti. Ainda faltam, porém, estudos clínicos de longo prazo que forneçam
informações sobre a resistência à fratura deste novo material e seu comportamento
nos maxilares. O autor citou que estão em andamento muitas pesquisas nas
Universidades de Freiburg, Colónia e Zurique, como o desenvolvimento de implantes
cerâmicos em duas peças, pela empresa Zurich Dentalpoint, a primeira no mundo a
oferecer o implante e o pilar separados, apresentando uma tampa de roscas (Fig.90).
Essa inovação foi realizada em colaboração com a empresa Heberlein, no St. Wattwil
gaulês, onde o óxido de zircônio tem sido trabalhado para peças de precisão em alta
tecnologia. A empresa Metoxit em Schaffhausen Thayngen é um centro de excelência
desde 1980 na cerâmica de óxido de base médica e referência para o material
odontológico na Europa. Segundo o autor, trata-se de um mercado altamente
competitivo, devido a concorrência suíça, mas lucrativo, citando como exemplo os
cerca de 100.000 implantes já instalados. O envelhecimento da população pode
aumentar as vendas, além da pressão crescente dos pacientes que não desejam mais
metal na boca. Concluiu afirmando que, as exigências e a maturidade dos pacientes
na escolha do material para implantes dentários, falarão mais alto.

FIGURA 90 −Caso clínico apresentado com implante de Zircônia em duas peças, com a coroa.
FONTE: Catrina, (2009).
113

Além do sistema Zit-Varioz (Ziterion), recentemente foi apresentado para o


continente europeu, já está disponível no mercado o sistema Zeramex® (Fig. 91).
Trata-se de uma nova concepção de implantes dentários feitos com óxido de
zircônia em duas partes, apresentando uma conexão estável e cilíndrica entre o
implante e a prótese. Este sistema não permite a infiltração de bactérias no seu
corpo, graças ao encaixe de precisão, além da característica da própria cerâmica de
zircônia de proporcionar menor adesão da placa bacteriana. A combinação com o
pilar de zircônia permite uma perfeita integração dos tecidos, semelhante aos dentes
naturais. Os pilares são versáteis e podem ser individualizados. Eles oferecem um
alto nível de flexibilidade na aplicação, de acordo com a certificação ISO 13485 de
2007. Como dispositivos médicos, foram aprovados de acordo com o regulamento
da EU- EWG 93/42 (CE). Contudo, a patente internacional em Zeramex ® está
pendente. Este sistema é fornecido pela Dental Point, parceira da Fundação Suíça
de Implantes e tem o apoio de diversas associações e universidades da Suíça
(Informativo DentalPoint, 2010).

FIGURA 91 − À esq., Implante cerâmico de forma triangular, sistema de proteção anti-rotação, com forma
cilíndrica com diâmetro de 4,2 e 5,5 mm, apresentando superfície rugosa, com comprimentos de 8,0 a 14,0 mm.
À dir. implante Zeramex® com cerâmica TZP-HIP - destaque da macro-estrutura da Zr e micrografia SEM da
superfície do implante. FONTE: Catálogo Zeramex (2010).
114

FIGURA 92 − Caso clínico apresentado com o implante Zeramex ® em duas peças. 1) ausência do primeiro pré-
molar; 2) Inserção do Implante Zr; 3) vista oclusal;4) radiografia periapical; 5) relação com antagonistas; 6)
impressão com transferência; 7) modelo de trabalho com o pilar e coroa de Zr; 8) instalação do pilar. À dir., vista
do implante com o componente em duas peças e o caso finalizado. FONTE: Informativo Dental Point (2010).

3 DISCUSSÃO

O enfoque principal da revisão bibliográfica realizada foi destacar os resultados


mais relevantes dos principais estudos sobre implantes de zircônia, procurando atingir
os objetivos do presente trabalho. Desta forma, o primeiro aspecto analisado relaciona-
se à motivação que poderia levar à substituição do titânio como material de eleição em
Implantodontia.
Os implantes dentários e seus pilares intermediários, normalmente são
fabricados com titânio comercialmente puro, em virtude de sua histórica
biocompatibilidade e de suas ótimas propriedades mecânicas. Estes implantes ainda
são considerados padrão-ouro na Implantodontia mundialmente conhecida
(BRANEMARK; ZARB; ALBREKTSSON, 1987); (WATAHA, 1996); (OLIVA, OLIVA,
OLIVA, 2010). No entanto, em casos locais, relacionados com periodontos finos,
sempre foram considerados um desafio o uso dos implantes de titânio. Nestas
situações, existe o risco de transparecer a cor acinzentada através da mucosa gengival,
quando comparada com dentes naturais adjacentes ou de ocorrerem retrações
gengivais que deixam transparecer a cabeça do implante ou a base do pilar. A presença
de uma gengiva com coloração acinzentada pode ser atribuída a um fenótipo gengival
fino, no qual a pouca espessura tecidual não é capaz de bloquear a luz reflexiva a partir
115

da cabeça do implante ou da base do pilar metálico. A mudança do biótipo gengival,


através de enxertia, exige um procedimento cirúrgico adicional, o que é desagradável
para a maioria dos pacientes, além dos riscos de recidivas. Para alcançar melhor
estética mucogengival, vários autores sugeriram pilares cerâmicos à base de alúmina
de alta pureza (Al2O3) ou o uso de abutments de zircônia (GEENSPAN, 1999);
(AZEVEDO, 2007); (KOHAL et al., 2008); (ZEMBIC et al., 2009).
A diferença na aparência óptica dos tecidos moles na região vestibular
relacionada aos implantes metálicos foi analisada por Park et al. (2007). Foi utilizado um
espectrofotômetro para avaliar os efeitos das cores transmitidas pelos implantes de
titânio, na região do pescoço, através da mucosa marginal. Eles confirmaram que a cor
do tecido mole ao redor do implante de titânio foi significativamente diferente em
comparação com a gengiva dos dentes naturais. Outros trabalhos publicados também
concordam com esses achados (WILFANG et al.2009); (KOHAL et al. 2008).
No entanto, Nagai et al. (2007) propuseram uma solução para este problema
estético. Eles analisaram o fenômeno óptico dos tecidos periimplantares e os efeitos
indesejáveis dos implantes de titânio na mucosa, sugerindo um implante otimizado na
região do pescoço e, baseados num método objetivo e quantificável, obtiveram bons
resultados na tonalidade gengival. Segundo esses autores, colorindo-se o implante na
região do pescoço, sendo mais eficaz com a cor rosa, pode-se mascarar o impacto
subjacente da cor acinzentada do titânio na mucosa periimplantar.
Os efeitos prejudiciais dos materiais metálicos no organismo humano têm sido
demonstrados, tanto no nível periimplantar, como no sistêmico, principalmente pelos
seguidores da Medicina holística (WATAHA, 2000); (VOLZ, 2003); (KOLLMAR, 2005);
(REPENNIG, 2005); (TSCHERNITSCHEK; BORCHERS; GEURTSEN, 2005); (LANGE,
2006); (VOLZ, 2007); (ARLOM, 2008); (STOLL, 2008); (HISBERGUES; VENDEVILLE;
VENDEVILLE, 2008); (ANDREIOTELLI; WENZ; KOHAL, 2009); (SARKIS, 2009);
(OLIVA; OLIVA; OLIVA, 2007, 2008, 2010).
As possíveis interferências dos íons de titânio nos vasos linfáticos foram
relatadas, desde a pesquisa de Wataha (1996), numa ampla revisão dos materiais
utilizados como implantes endósseos, porém, com mecanismos até então
desconhecidos pela comunidade científica. Tschernitschek; Borchers; Geurtsen, (2005)
confirmaram interações químico-biológicas do titânio, como a descoloração de tecidos e
reações alérgicas nos pacientes. Repenning (2005) relatou casos com reações de
corpo estranho, relacionadas com a corrosão de ligas metálicas, a curto e longo prazos,
116

devido ao desprendimento de partículas metálicas e íons no sistema linfático, em


órgãos distantes e nos nociceptores dos pacientes estudados.
Nessa mesma linha, Andreiotelli; Wenz; Kohal (2009) citaram alguns
problemas com o Ti, que poderiam induzir a uma resposta inespecífica na
imunomodulação e na auto-imunidade do organismo. No entanto, as repercussões
clínicas e os processos que conduzem a estes fenômenos, não estão ainda
esclarecidos.
Arslan et al. (2008) analisaram o comportamento de corrosão dos materiais
odontológicos relacionados ao titânio, tais como: ouro (Au), ligas de cromo-niquel (CrNi)
e cobalto-cromo (CoCr). Os parâmetros de corrosão do Ti /CoCr e o conjunto Ti / CrNi
ficaram com índices semelhantes. Segundo esses autores, o titânio sofre uma
transformação alotrópica a partir de uma estrutura de fase. A corrosão dos materiais
metálicos utilizados nos implantes in vivo pode ser uma fonte nociva ao organismo. A
resistência à corrosão e deterioração dos biomateriais deve-se a camada passiva
formada sobre as superfícies, principalmente pelo dióxido de titânio amorfo.
Para os pacientes com hipersensibilidade aos metais, um diagnóstico de
alergia, como o LTT (teste de transformação de linfócitos) deveria ser considerado.
Segundo Oliva; Oliva; Oliva (2010) esse teste , além do Melissa®, têm provado ser o
melhor caminho para um amplo diagnóstico de alergias sistêmicas ao Ti. Através de
exames complementares e da análise dos materiais dentários utilizados, estes autores
sinalizaram sérias intolerâncias a metais, destacando alguns sinais e sintomas. Alguns
autores preconizam, para todos os pacientes, exames de sangue, de urina, mas
principalmente, o teste EAV e, para alguns casos de ensaio, a cinesiologia ou LTT.
Recentes testes de ensaios têm mostrado uma excelente aceitação da cerâmica de
zircônia pelo corpo humano. (ANDYS,2009); (OLIVA; OLIVA; OLIVA, 2010).
A evolução dos materiais dentários é um fato inegável e tem ocorrido de forma
exponencial nos últimos anos. A cerâmica de zircônia ocupou um lugar de destaque
entre os materiais cerâmicos pelas suas excelentes propriedades físicas e químicas e
por ser considerada metal free. Este material tem várias vantagens sobre as demais
cerâmicas, devido à transformação dos mecanismos de tenacidade que operam em sua
microestrutura, que podem dar aos componentes externos a ela, interessantes
propriedades mecânicas. (FLORIO, 1998); (PICONI e MACCAURO, 1999); (MORAES,
2004); (DENRY; HOLLOWAY, 2005); (LANGE, 20060; (DENRY; KELLY, 2007);
(DUARTE, 2007); (AZEVEDO, 2007); (PINHEIRO, 2008); (BONFANTE, 2009).
117

O sucesso das cerâmicas TZP (zircônia tetragonal policristalina) alcançado na


Odontologia é ilustrado pelo fato de que, já em 2006, mais de 100 toneladas foram
utilizadas para aplicações dentárias. Devido à facilidade de usinagem, com os novos
mecanismos de produção, que utilizam máquinas computadorizadas, como os sistemas
CAD/CAN, tem reduzido o tempo de processamento da zircônia na obtenção de
instrumentais, tais como: pinças, bisturis e brocas de alta resistência (KELLY; DENRY,
2008); (RIEGER; KÖBEL; WEBER, 2007); (KIM et al., 2010).
A vantagem de utilizar a zircônia relaciona-se com o fato de serem materiais
que muito se assemelham ao tecido ósseo, apesar das baixas propriedades mecânicas,
quando comparadas aos metais. Na literatura consultada, também foram destacadas as
seguintes propriedades deste material, considerado uma biocerâmica: boas
propriedades químicas (como a pureza), estabilidade dimensional, a ausência de
corrosão, a alta resistência à compressão (2000 Mpa), a dureza Vickers (1200 Mpa) e
um baixo módulo de elasticidade (210 GPa), semelhante ao da liga de aço inoxidável
(193 GPa). Os estudos in vitro de amostras de dióxido de zircônio (ZrO2) demonstram
uma resistência à flexão de 900 a 1200 MPa e uma tenacidade à fratura de 9 a
10MPa/m2. (MORAES, 2004); (CHEVALIER; GREMILLARD; DEVILLE, 2007); (DENRY
e KELLY, 2008).
A principal razão para a resistência superior da zircônia encontra-se na
estabilização pelo óxido de ítrio (Y-TZP), que permite o processamento da zircônia
cristalina meta-estável para a fase tetragonal, à temperatura ambiente. Essa
transformação produz um estresse de compressão, como resultado da expansão
volumétrica e retarda a propagação de trincas, proporcionando melhoria nas
propriedades mecânicas. Esta propriedade representa um mecanismo eficiente contra
a propagação da falhas ou trincas na cerâmica Y-TZP (AZEVEDO, 2007);
(MANICONE; IOMMETTI; RAFAELLI, 2007); (YOHIMURA, 2007); (LAZAR; CUNHA,
2008); (DENRY; KELLY, 2008); (KOHAL et al. 2008); (HISBERGUES; VENDEVILLE;
VENDEVILLE, 2008); (CHEVALIER; GREMILLARD, 2009). Deste modo, as
propriedades mecânicas da cerâmica de zircônia, são consideradas as mais altas já
relatadas em qualquer outra cerâmica dental (ÖZKURT; İSERİ; KAZAZOĞLU, 2010).
Quando comparadas com as propriedades mecânicas do titânio, os implantes
de zircônia ficam em desvantagem, não sendo uma boa alternativa para suportar
cargas oclusais elevadas, pois sua resistência à flexão é inferior à do titânio. Essa
característica inviabiliza o uso da zircônia para reabilitações em pacientes com
118

bruxismo (WATAHA, 1996). No entanto, o módulo de elasticidade da zircônia é duas


vezes superior ao do titânio; além disto, ela apresenta boa tenacidade à fratura. Desta
forma, na normalidade funcional do sistema estomatognático, esta propriedade leva a
suportar melhor as forças de cisalhamento e a distribuição do stress na área de
implante (KOHAL et al. 2002); (KOHAL et al. 2008).
A viabilidade dos implantes de zircônia, como material substituto do titânio, está
diretamente ligada com a compatibilidade funcional da mastigação. Segundo
Andreiotelli e Kohal, (2009), os valores normais das forças de mordida em humanos na
região posterior variam de 110N a 125N e, entre 60N e 75N, para a região anterior da
boca. Contudo, os fatores patológicos ou para-funcionais, como o bruxismo ou
apertamento dental, podem elevar essas demandas de forças a 170N, na região
anterior, chegando a 400N, nos molares. A colocação de implantes de zircônia,
portanto, implica numa cuidadosa seleção de casos, uma vez que algumas marcas
comerciais estão suceptiveis a fraturas, devido às cargas oclusais excessivas (OLIVA,
OLIVA; OLIVA, 2007); (OLIVA, OLIVA; OLIVA, 2008).
O óxido de zircônia é também bem tolerado pelo stress cíclico. Experimentos in
vitro mostraram que o esse material é capaz de suportar uma carga de longo prazo nos
simuladores (KOHAL et al., 2002); (KOHAL; KINKE; KLAUS, 2009). Porém, para alguns
autores, a exposição dos implantes de zircônia em boca artificial não tem demonstrado
efeitos significativos sobre os valores médios da força de fratura dos implantes. As
propriedades mecânicas parecem ser influenciadas pela preparação mecânica do
material (MANICONE et al., 2007); (SILVA, 2008); (NOTHDURFT et al., 2010).
Um fator que diminui a resistência da cerâmica de ZrO2 é a sua preparação
clínico-laboratorial. Para Andreiotelli, Wenz e Kohal (2009), a realização dos
chanfros ou acabamentos por meio de brocas selecionadas e com alta rotação, gera
muito calor e, ao mesmo tempo, um arrefecimento brusco pela refrigeração
empregada. Esse procedimento facilmente produz falhas na superfície do material,
diminuindo a resistência à flexão, ou seja, proporciona maior transformação de fases
t→m (tetragonal para a monoclínica), reduzindo ainda mais as propriedades
mecânicas e a fiabilidade do material (SILVA, 2008).
Todavia, um estudo comprovou que o acabamento por usinagem no
material, não teve significativos efeitos negativos sobre as forças de flexão na
zircônia. A média das forças de flexão ficaracam entre 796,7 a 950,2 MPa. Os
resultados sugeriram que os procedimentos e os tratamentos com polimentos
119

utilizados não reduziram as forças de flexão das barras de zircônia e o jateamento


com partículas aumentou a resistência à flexão dos espécimes (PAPANAGIOTOU et
al., 2006).
Segundo Daguano, Santos e Rogero (2006), a tecnologia da sinterização com
o sistema ZrO2-Al2O3 (33% de zircônia) propiciou uma cerâmica combinada com
alumina, mantendo as características mecânicas desejadas, possibilitando a sua
preparação manual. Assim, os pilares podem ser personalizados de forma mais
conveniente ao caso clínico, possibilitando manuseio da cerâmica no próprio pilar e
mantendo as características originais de biocompatibilidade.
Na mesma linha de pesquisa, Silva et al. (2008), comprovaram que o preparo
da parte coronária dos implantes cerâmicos de peça única não influenciou a
confiabilidade ou na fadiga do material, assim como no tempo de vida dos implantes de
cerâmica com cargas de até 600 N.
Rieger; Köbel; Weber (2007) confirmaram o grande incremento anual na
utilização da zircônia em Odontologia. Concluíram que o uso das cerâmicas dentais,
tais como TZP HIP-BIO e TZP-A, HIP-BIO Ziraldent®, apresentam excelentes
resultados e, a adição de Al2O3 (0,25%, TZP-A) é benéfica para a estabilidade a longo
prazo. Contudo, estes autores recomendaram a evitar danos causados por cortes
indevidos no material, bem como a escolha de instrumentais adequados.
Um estudo recente avaliou a resistência à fratura dos implantes de ZrO2 e da
zircônia associada com alúmina, com um envelhecimento e exposição em boca artificial
de 120 peças, fazendo a comparação com implantes de titânio, num grupo controle.
Das 120 amostras, 7 falharam no simulador de mastigação. Os implantes de ZrO2
fraturaram com 725-850 N, quando a cerâmica não foi preparada para receber uma
coroa total, e com 539-607 N, quando o preparo foi executado. As amostras com
implantes de Ti fraturaram ao nível do parafuso do pilar. Todos os implantes de ZrO2
fraturaram ao nível da resina de cimentação. Nenhuma fratura ocorreu nos implantes de
zircônia com alumina, sem o preparo de chanfro. Portanto, a média dos valores de
resistência à fratura obtidos, permaneceu dentro dos limites de aceitação clínica
(ANDREIOTELLI; WENZ; KOHAL, 2009).
Com a finalidade de proporcionar maior longevidade aos sistemas cerâmicos,
diversos autores apresentaram alternativas com implantes dentários mistos ou híbridos
feitos de zircônia e titânio de uma peça (REPENNING, 2005); (MORAES, 2004);
(DAGUANO; SANTOS; ROGERO, 2007); (HISBERGUES; VENDEVILLE; 2008).
120

Repenning (2005) propôs o uso alternativo de sistemas híbridos, ou seja,


parafuso de titânio com colar de zircônia, como o Biocer®, onde as camadas nano-
estruturadas são densas, não porosas e conectadas metalurgicamente com adesivante
para maior resistência à corrosão microbiana. Devido à sua dureza e espessura estável
do material cerâmico, apresentam comportamento ósseo eletricamente neutro para os
tecidos moles e duros, com taxa de corrosão 2 a 3 vezes menor que a do titânio e sem
causar reação tecidual detectável.
Maeda et al. (2007) desenvolveram uma cerâmica à base de ZrO2, utilizando a
rota de sinterização via fase líquida, usando um biovidro como aditivo para redução das
temperaturas finais de sinterização, mantendo a biocompatibilidade e atingindo
propriedades mecânicas suficientes exigidas para sua aplicação como implante. Outros
estudos também corroboram a idéia de agregar vidros bioativos à zircônia
(FERRARRIS, 2000); (STANIC et al., 2002); (KIM et al., 2004); (ZHU, YANG, MA,
2010).
A grande maioria dos implantes de zircônia é de uma só peça, o que
proporciona mais resistência ao material. Porém, o posicionamento no espaço
tridimensional no arco dentário exige muita habilidade do profissional e planejamento
mais preciso do caso, além de não proporcionar reversibilidade do implante instalado e
dificultar o tempo de cura (ANDREIOTELLI; KOHAL, 2009). Contudo, já estão
disponíveis implantes biocerâmicos em duas peças, como o Zit-Varioz (Ziterion) e o
Zeramex® (Dental Point), os quais proporcionam maior versatilidade aos
planejamentos, bastante semelhante aos tradicionais sistemas com implantes de titânio
(CATRINA, 2009). Porém, poucos estudos sobre estes sistemas estão disponíveis na
literatura.
Kohal; Finke; Klaus, (2009) fizeram um estudo piloto in vitro sobre a
estabilidade de um protótipo de duas peças em zircônia e nos implantes de titânio, após
envelhecimento artificial das amostras, justificando a pesquisa pelos poucos dados
disponíveis sobre o comportamento biomecânico deste tipo de conexão. Para eles, o
protótipo ensaio de estabilidade biomecânica, em comparação com as forças
possivelmente exercidas pela oclusão, ficou no borderline para uso clínico. Um elevado
número de falhas surgiu durante o carregamento artificial, no grupo do titânio ao nível
do parafuso do pilar; e, no grupo da zircônia, ocorreram fraturas da cabeça do implante
sob cargas relativamente baixas, causando danos irreparáveis. Portanto, aqueles
121

autores afirmaram que o uso clínico dos implantes cerâmicos de duas peças, nas
condições do estudo protótipo apresentado, tem que ser questionado.
Uma das principais vantagens do uso da zircônia em Implantodontia, depois de
citar as suas imbatíveis qualidades estéticas e boas propriedades mecânicas, é a sua
biocompatibilidade.
As culturas de células fornecem uma importante ferramenta na determinação
da biocompatibilidade in vitro ou das interações na interface biomaterial-tecido. Os
primeiros estudos foram realizados com zircônia em pó, cultivadas principalmente com
fibroblastos ou linfócitos. Contudo, nas avaliações mais recentes, as experiências são
focadas em osteoblastos humanos, uma vez que estas células estão diretamente
envolvidas na reação tecidual, na interface dos implantes ou com substratos compactos
de zircônia (BACHLE et al., 2007); (DAGUANO; SANTOS; ROGERO, 2007);
(DEPPRICH et al, 2008); (GAHLERT et al., 2007); (GAHLERT et al., 2009); (HEMPEL
et al., 2009), (KOHAL et al., 2009).
Alguns autores concordam com a equivalência da BIC (Bone Interface
Connecting) nos implantes de zircônia e titânio. As superfícies modificadas da zircônia
resultaram em uma osseointegração que é comparável com a de implantes de titânio ao
nível ultra-estrutural (HEMPEL et al., 2009); (COSTA, 2009); (DEPPRICH et al., 2008);
(KOCH et al., 2010).
Numa ampla revisão bibliográfica de Andreiotelli; Wenz e Kohal, (2009),
identificaram estudos histológicos em animais, mostrando BIC semelhantes entre
alumina, zircônia e titânio. Nas investigações clínicas com alumina, em diferentes tipos
de implantes bucais, por até 10 anos, mostraram sobrevida com taxas de sucesso na
faixa de 23 a 98% para diferentes indicações. Os resultados para os implantes de
zircônia demonstraram uma taxa de sobrevivência de 84%, após 21 meses e de 98%,
após um ano de acompanhamento.
Outra questão que ainda não existe um concenso nas pesquisas sobre com os
implantes de zirconia é no que diz respeito ao tempo para o carregamento do mesmo.
Stadlinger et al. (2010) demonstraram que, tanto para os implantes de zircônia
submersos, como para os implantes de titânio, as superfícies dos implantes mostraram
uma íntima ligação com o osso vizinho, nas mesmas proporções, ou seja, uma BIC de
53%. Para os implantes de zircônia não-submersos, a BIC resultante foi de 48%. Os
maiores valores de BIC foram encontrados para a zircônia submersa (80%), seguido do
titânio (74%) e da zircônia não-submersa (63%). Os resultados sugeriram que os
122

implantes de zircônia sem carga, ou seja, sem submetê-los à função mastigatória


imediata, e os implantes de titânio, osseointegraram comparativamente, dentro do
período de cura estudado.
Uma desvantagem do uso clínico dos implantes de zircônia é apontada
pela necessidade de postergar a carga sobre os mesmos, com o uso de artifícios
protéticos durante o período de cicatrização. O uso correto da proteção ou stents,
parece ser um fator decisivo para osseointegração regular, principalmente para os
casos onde não se consiga a estabilidade primária, ou seja, um torque de inserção
próximo ou maior que 35 Ncm (LAMBRICH, 2006); (LAMBRICH; IGHAUT, 2008).
O protocolo de carregameto para o sistema Z Systems, com os implantes Z
Look 3 é de 3 a 4 meses para a mandíbula e de 5 a 6 meses para a maxila.
Durante este período, é de fundamental importância o uso correto de artifícios
protéticos com alívio interno e em infra-oclusão (Z SYSTEMS, 2008).
Um estudo destacou ainda mais a osseointegração e periointegração da
zircônia na Implantodontia. Para Arzt (2009) é possível que os implantes de cerâmica
ZrO2 se comportem de acordo com os critérios da chamada “osteogênese-compósito-
biofuncional”, ao contrário dos implantes de titânio usados atualmente. Segundo esse
autor, a osseointegração entre a superfície da cerâmica de zircônia e o estoque ósseo
biológico, parece apresentar uma histomorfologia mais realista da anquilose, graças à
incorporação óssea presente. O resultado histológico encontrado levou à suposição de
que, nos implantes de ZrO2, existem "padrões bi-direcionais de integração óssea”, ou
seja, uma neo-ossificação bilateral na interface.
Volz (2007) descreve em seu artigo, não só a excelente osseointegração da
zircônia, mas a considera mesmo superior ao dente natural, afirmando que os implantes
dentários estão no limiar da natureza biológica. Segundo o autor, desde que surgiram
os implantes de zircônia, agora é a primeira vez que as necessidades da Biologia e da
Biotecnologia são compatíveis com os desejos dos pacientes, cada vez mais
conscientes na busca por estética com materiais metal free e segurança.
Dois estudos investigaram os efeitos genéticos a curto prazo em osteoblastos
cultivados sobre a cerâmica de zircônia e titânio. Utilizaram o micro RNA na regulação
da interface das células osteoblásticas com o óxido de zircônia. Os autores optaram por
realizar o experimento após 24 h, a fim de obter informações sobre a fase inicial de
estimulação, uma vez que esses eventos de interação são fundamentais para a
osseointegração dos implantes. Além disso, este tempo inicial apresenta maior
123

relevância, quando se considera que a carga imediata é, atualmente, o principal tema


da Implantodontia. Foi detectado o efeito global das cerâmicas de ZrO2 na formação
óssea e os dados relatados representaram um modelo de comparação de diferentes
substâncias com efeitos semelhantes. Os autores sugeriram que as superfícies de Ti
poderiam fornecer algumas vantagens para carga imediata em Implantodontia. Os
dados comunicados nestes estudos representam o pioneirismo sobre a
regulamentação da tradução genética em osteoblastos expostos à zircônia na qual a
formação óssea foi detectada. (PALMIERI et al., 2008).
Vários estudos demonstraram que os materiais de zircônia não apresentam
caráter citotóxico, independentemente do tempo de sinterização utilizado e da
composição amostras, comprovando a grande biocompatibilidade do material. Pelos
resultados obtidos, os autores consideram as cerâmicas de zircônia como fortes
candidatas para aplicações em sistemas de próteses ou implantes dentários
(DAGUANO; SANTOS; ROGERO, 2007); (BACHLE et al., 2006); (BACHLE et al.,
2007); ( LAZAR et al., 2008).
Semelhante ao processo de osseointegração do titânio, o sucesso clínico dos
implantes de zircônia depende muito do tipo de superfície. Dependendo do processo de
fabricação, a superfície da cerâmica pode agir pela química ou pelas irregularidades
mecânicas, fator este, determinante na diferenciação e maturação celular (BACHLE et
al, 2006); (SENNERBY et al, 2005); (HOFFMANN et al., 2007); (LANGHOFF et
al.,2008); (ROCCHIETTA et al., 2009); (ZHU; YANG; MA, 2010).
Para Kohal et al. (2008) os implantes de zircônia só foram tratados com
partículas jateadas por ar comprimido, uma vez que o condicionamento ácido não teve
efeito sobre zircônia. Segundo os autores, o jateamento por partículas abrasivas, tem
sido o método escolhido para aumentar a rugosidade da superfície de zircônia. Outros
estudos também confirmam que o ataque ácido não demonstrou potencial efetivo nas
superfícies dos implantes de zircônia (BACHLE et al., 2006); (SENNERBY et al., 2005).
No entanto, Casucci et al. (2009) avaliaram o efeito de diferentes tratamentos
químicos e mecânicos na superfície da zircônia na tentativa de melhorar o seu potencial
de ligação. O delineamento experimental, com uma solução ácido à quente, melhorou a
rugosidade de superfície da cerâmica, independentemente do tempo de aplicação,
permitindo maior aderência de retenção micromecânica.
O tratamento de superfície nos implantes de titânio é mais efetivo, quando
comparado à zircônia. Alguns estudos mostraram adesão e dispersão celular
124

semelhantes; porém, existindo uma maior facilidade das células osteoblásticas se


desprenderem da superfície da zircônia, quando submetidas ao ataque ácido. Desta
forma, é fundamental para a osseointregração, um tratamento de superfície da
cerâmica com jato de arreia ou substâncias formadoras de poros (KOHAL et al., 2004);
(SENNERBY et al., 2005); (DEPPRICH et al., 2008).
Sennerby et al. (2005) demonstraram, num estudo em coelhos, maior
resistência no torque de remoção (RTQ) dos implantes de zircônia com a superfície
porosa. Resultados semelhantes foram obtidos por Gahlert et al. (2007). Esses autores
desenvolveram uma técnica diferente de jateamento para abrasionar e conseguir uma
superfície porosa no revestimento dos implantes de zircônia, utilizando uma pasta
contendo zircônia em pó. Durante a sinterização do revestimento, o pó inicial foi
queimado e resultou numa superfície porosa. Dessa forma, eles concluíram que a
osseointegração da cerâmica Y-TZP pode ser comparável à dos implantes de titânio.
A outra grande vantagem dos materiais cerâmicos à base de zircônia é a baixa
adesividade bacteriana, propriedade essa que está relacionada com a longevidade das
reabilitações. Em diversos estudos, as superfícies do óxido de zircônia mostraram uma
significativa redução de bactérias patogênicas, fator de muita relevância para a saúde
dos tecidos moles periimplantares (SCARANO et al., 2004); (STUBINGER et al., 2008);
(BAYNE, 2005); (AZEVEDO, 2007); (BONFANTE, 2009).
A busca por propriedades físicas ótimas, além de parâmetros químicos das
superfícies dos implantes cerâmicos, em vista da redução da colonização por bactérias
patógenas foi investigada por diversos autores (LIMA et al., 2008); (TOLSTUNOV,
2006); (RIEGER; KÖBEL; WEBER, 2007); (SCARANO et al., 2004); (GUERSPACH;
STUBINGER; MEYER, 2010).
O desenvolvimento da periimplantite pode ocorrer por diferentes motivos, sendo
o principal fator etiológico, a falta de higiene bucal adequada do paciente. Para o
tratamento da periimplantite, o laser surge como uma forma promissora. Contudo, as
pesquisas são escassas neste campo, quando relacionadas à zircônia. Porém, alguns
estudos desaconselham o uso do Er:YAG e do CO2, apontando o laser de diodo como
um eficiente meio auxiliar na terapia periimplantar (NAGAI et al., 2007); (PARK et al.,
2007); (STUBINGER et al., 2008); (GERSPACH; STUBINGER; MEYER, 2010).
Num estudo sobre o espaço biológico relacionado com implantes de zircônia,
foram encontradas profundidades de sondagem médias de 2 a 3 mm. Quanto à
presença de placa e sangramento, os resultados foram melhores do que a média dos
125

implantes de titânio em geral. Além disso, mesmo nos casos clínicos de resoluções
difíceis, com os implantes de zircônia, o periodonto de proteção se apresentou
esteticamente atraente e com resultados animadores (MELLINGHOFF, 2010).
Existem também diversas desvantagens atribuídas aos implantes de zircônia,
tais como: custos mais elevados e uma documentação científica limitada, pela curta
experiência clínica em termos de longevidade. Além disso, a condição da superfície
ideal para este tipo de implante não foi ainda bem esclarecida (WITFANG et al., 2009);
(YOSHIMURA, 2007); (LAZAR; CUNHA, 2008).
Visando primordialmente diminuir os custos da matéria-prima, Yoshimura et al.
(2007) verificaram a possibilidade de se produzir cerâmica PSZ, utilizando um pó de
zircônia monoclínica comercial, com a adição de MgO, Y2O3 e/ou CaO por meio de
mistura mecânica de pós. Os resultados mostraram que é possível produzir cerâmicas
PSZ com propriedades mecânicas aceitáveis e desempenho satisfatório com a
mistura mecânica de pós de zircônia monoclínica de baixo custo com 0,5% de sílica.
Contudo, são necessários maiores teores de aditivos do que os usualmente
empregados nos pós comerciais pré-aditivados, para manter o tamanho de grão
pequeno e obter a zircônia com uma baixa temperatura de sinterização.
Outro problema relacionado com a zircônia, desde o seu uso como material
biomédico é a sua degradação à baixa temperatura (LTD). Chevalier et al. (2004)
propuseram a utilização de moagem de grãos e tensões de compressão para
aumentar a resistência à degradação da zircônia meta-estável à baixa temperatura.
Em outro estudo, Chevalier et al. (2006) avaliaram as falhas de cabeças das
próteses femorais, abrindo uma questão polêmica sobre o futuro da zircônia como
um biomaterial. A degradação lenta do material poderia gerar uma superfície
áspera, com microtrincas que, potencialmente, levariam ao desgaste da peça e à
liberação de debris no organismo. Para os autores, a interação das partículas com
o sistema imune poderia estimular a reabsorção óssea osteoclástica, com resposta
inflamatória e afrouxamento asséptico da prótese. Contudo, novos conceitos na
moagem de grãos e diversos agentes estabilizadores para zircônia estão agora
disponíveis. Também, a associação de alumina com a zircônia, oferece melhores
propriedades mecânicas e estabilidade, principalmente em ambientes úmidos
(CHEVALIER et al., 2007); (CHEVALIER; GREMILLARD, 2009).
Como a zircônia procede de diferentes fornecedores, apresenta processos
distintos relacionados à sua microestrutura. Há a necessidade de avaliar o seu
126

envelhecimento com maior sensibilidade, por técnicas avançadas e precisas, bem


como a revisão das normas ISO, especialmente para ganhar a confiança dos
clínicos. Hoje há uma tendência ao desenvolvimento de materiais compósitos
alumina-zircônia, como uma alternativa à alumina e zircônia monolíticas.
(CHEVALIER, 2006); (CHEVALIER; GREMILLARD; DEVILLE, 2007).
A zircônia é sensível aos diferentes processos de fabricação e ainda não
há consenso sobre qual método de processamento é menos nocivo até o produto
final. Atualmente, as restaurações de zircônia são fabricadas por diversos
processos de moagem a soft ou hard, cada qual evidenciando suas vantagens
sobre o concorrente (AMLEH; LYONS; SWAIN, 2010).
Fromme e Gutwald (2008) pesquisaram documentações científicas,
coletando dados clínicos sobre o comportamento e tempo de cura dos implantes
cerâmicos. Os autores encontraram uma taxa de perda maior destes implantes,
com menor RTQ, quando comparados aos de titânio grau 4 com superfície Ti SLA,
considerado padrão top na literatura mundial. Para esses autores, apenas os
implantes de zircônia com tratamento adequado de superfície e com duas peças,
poderiam desempenhar satisfatoriamente a demanda clinica que é cada dia maior.
Apesar disso, alguns autores confirmam que a demanda por implantes de
zircônia tem aumentado consideravelmente e, os resultados mais recentes são
promissores, sobretudo pelo processo de cicatrização e o comportamento dos
tecidos moles e duros. Em cerca de 60% dos casos, a instalação pode ser
simultânea à extração dentária, contudo, com seu cargamento após seis meses ou
mais. A experiência clínica com esses implantes tem demonstrado menos dor e
desconforto no pós-operatório (RIEGER; KOBEL; WEBER, 2007); (HASS, 2008);
(ANDYS, 2009); (ARZT, 2009); (CATRINA, 2009); (AYDIN; YLMAZ; ATA 2010);
(MELLINGHOFF, 2010).
Há uma tendência de mercado em inovar na fabricação dos pilares
estéticos, especialmente com os da cerâmica Y-TZP. As indústrias oferecem novos
produtos, com cromas e fluorescências, assim como tratamentos químicos e
revestimentos mais específicos, com o objetivo de aumentar a união com as
porcelanas, melhorando a estabilidade e proporcionando superfícies mais
ajustadas, reduzindo as interações com o meio bucal (DENRY; KELLY 2008).
Em relação ao futuro dos biomateriais, Wataha (1996) já afirmava que, o
progresso da Implantodontia prosseguirá com a compreensão mais clara da
127

interface biomaterial-osso, além do desenvolvimento da biologia molecular e dos


tecidos artificiais. Greenspan (1999) enfatizou que, a caracterização completa dos
biomateriais e o conhecimento científico sobre suas interações com a célula viva,
estão sendo canalizados para a criação de novos biomateriais, os quais portarão
células vivas ou fatores de crescimento, que não só repararão, mas regenerarão
estruturas e tecidos danificados ou desgastados do organismo humano.
A Engenharia de tecidos pode ser vista como a próxima etapa a ser
pesquisada, quando o dano é muito extenso. Para os ossos, dentes e cartilagens, a
Engenharia tecidual em humanos, ainda está longe de ser aplicada clinicamente, em
grande escala. A necessidade de cerâmicas bioinérteis, resistentes e estáveis deve ser
substituída por cerâmicas e compósitos de alumina e zircônia nano-estruturados, ou
por óxidos não-cerâmicos. As cerâmicas nano-estruturadas de fosfato de cálcio e
de vidros bioativos porosos, possivelmente combinados com uma fase orgânica,
devem apresentar as propriedades desejadas para substituição óssea do futuro. A
regeneração de tecidos pode ser aplicada, quando possível, com drogas capazes
de promoverem a restauração de tecidos e / ou limitar as conseqüências funcionais
do dano tecidual. Na opinião dos autores, deve demorar ainda 5 anos, para que a
técnica seja dominada em escala de laboratório na produção de cartilagem e
ainda, pelo menos 10 anos, na produção de ossos, pelos poucos relatos
disponíveis na literatura (CHEVALIER; GEMILLARD, 2009 ).
Futuros empreendimentos possibilitarão a produção de pilares mais
resistentes e restaurações com maior qualidade, com menor tempo e custos de
fabricação. Sistemas computadorizados com tecnologia de produção de ponta,
como o CAD/CAN, melhorarão o design nos processos de fabricação de pilares
cerâmicos e próteses implanto-suportadas. Todas as restaurações de cerâmica e
pilares cerâmicos serão mais rápidas nos processos de confecção, simplificados e
eficientes (KOHAL et al., 2008); (DENRY; KELLY, 2008).
Estavam comercialmente disponíveis, até 2008, cinco sistemas de
implantes em zircônia: o Sigma Sistema de Implantes (IncerMed, Lausanne,
Suíça), os implantes CeraRoot (Barcelona, Espanha), o Whitte Sky (Bredent
Medical, Senden, Alemanha), o Z-Systems (Konstanz, Alemanha) e os sistemas
Zit-z Cerâmica Implant (Ziterion GmbH, Alemanha) (KOHAL et al., 2008).
Catrina (2009) citou a empresa Zurich Dental Point como a primeira a
oferecer implantes cerâmicos de duas peças, com implante e o pilar separados. O
128

Zeramex apresenta uma tampa com roscas e distintos componentes protéticos.


Para este autor, os implantes em zircônia representam um mercado altamente
competitivo, mas bastante lucrativo, citando como exemplo, os 100.000 implantes
já instalados. Com o envelhecimento da população, as vendas poderão aumentar,
somando-se a crescente solicitação dos pacientes que não desejam mais metal na
boca. Esse autor afirmou ainda que, as exigências e a maturidade dos pacientes
na escolha do material para os implantes dentários, falarão mais alto.
Numa crítica recente sobre os avanços tecnológicos dos implantes dentais,
Andreiotelli; Wenz; Kohal (2009) descreveram que a zircônia pode ter um potencial
para ser um material alternativo ao titânio, mas não se pode ainda confirmar, com
as investigações clínicas existentes. Além disso, muitos implantes de zircônia são
oferecidos sem critérios científicos e deveriam ter uma análise mais critica. Os
autores argüiram a uma citação de Albrektsson et al. (2007): "[...] em muitos casos,
o hype comercial substituiu a abordagem cuidadosa e científica, uma vez
representada pelos pioneiros da osseointegração”. Para estes autores, não se
pode apenas responsabilizar os órgãos comerciais envolvidos na produção e
comercialização dos implantes dentais, rotineiramente colocados pelos clínicos.
Existe risco maior em não solicitar resultados clínicos de pesquisas, antes de se
testar os vários sistemas cerâmicos. Infelizmente, os órgãos de controle, como o
Food and Drug Administration, têm colocado os implantes dentários na categoria II,
onde as pesquisas clínicas são pouco consideradas. Os europeus seguiram o terno
de procedimento CE marking, o qual não pede qualquer pericia ou estudo clínico
prospectivo, antes de introduzir novos implantes no mercado.
A grande parte dos estudos clínicos desta revisão bibliográfica sugeriu a
indicação da zircônia como substituta do titânio na Implantodontia do futuro,
devendo, contudo, clarificar sua posição com mais estudos clínicos prospectivos e
retrospectivos de longo prazo. Consequentemente, os autores ainda não
recomendaram a utilização dos implantes da cerâmica Y-TZP como rotina clinica.
(KOLLMAR, 2005); (LAMBRICH, 2006); (TULSTUNOV, 2006); (MELLINGHOFF,
2006); (KIENEL, 2007); (LAMBRICH; IGLHAUT, 2008); (KOHAL et al., 2008);
(LAMBRICH; IGHAULT, 2008); (WENZ et al.,2008); (KOHAL; KINKE; KLAUS et al.,
2009); (VENVEVILLE; HISBERGES, 2008); (SARKIS, 2009); (WILTFANG, et
al.,2009); (CATRINA, 2009); (HISBERGUES et al., 2009); (ANDREIOTELLI;
129

WENZ; KOHAL, 2009); (OLIVA; OLIVA; OLIVA, 2007, 2008, 2010);


(ANDREOTELLI; WENS; KOHAL, 2008); (OZKURT; ISERI; KAZAZOGLU, 2010).

4 CONCLUSÃO

Ø A zircônia é considerada um biomaterial, possui ótima citocompatibilidade,


sem efeitos mutagênicos ou carcinogênicos. Ao mesmo tempo, tem
menor adesão bacteriana, apresentando também menores riscos de
periimplantite e de perda óssea na região adjacente aos implantes.
Ø Os implantes em zircônia possuem uma boa osseointegração, com taxa
de BIC comparável com o titânio. Os melhores resultados foram obtidos
com as superfícies modificadas, nas quais a rugosidade da cerâmica
ZrO2 proporciona uma cicatrização inicial mais rápida.
Ø Embora existam muitos casos de reabilitações bucais em regiões
posteriores, os implantes de zircônia (Y-TZP) estão mais indicados para
os dentes anteriores, principalmente nos casos com uma linha de sorriso
elevada e em pacientes com fenótipos gengivais finos.
Ø Os sistemas de implantes em zircônia atualmente disponíveis são: o
Sigma (IncerMed), o CeraRoot, o Whitte Sky, o Z-Systems, o Zit-Z
Ceramic Implant e o Zeramex. É um mercado em plena expansão, com
grandes perspectivas de futuro, principalmente pela crescente busca dos
pacientes por tratamentos metal free na área da saúde integral.
Ø Além dos custos elevados e da necessidade de protetores durante o
período de cura, algumas cerâmicas de zircônia podem sofrer degradação
precoce à baixa temperatura e/ou no preparo clínico-laboratorial. Faz-se
necessário um controle mais rigoroso de produção, com novas normas de
ISO, para padronizar e proporcionar maior confiabilidade no material.
Ø Os implantes dentários de zircônia já são uma alternativa viável para
substituir os implantes de titânio, em casos selecionados. Contudo, com
base nas publicações científicas internacionais, os dados clínicos
relacionados a estes implantes ainda não são suficientes para
recomendá-los como uso clínico de rotina.
130

REFERÊNCIAS

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