Você está na página 1de 519

■ Os autores deste livro e a LIVRARIA SANTOS EDITORA COM . IM P. LTDA.

empenharam seus melhores esforços para


assegurar que as informações e os procedimentos apresentados no texto estejam em acordo com os padrões aceitos à época
da publicação, e todos os dados foram atualizados pelos autores até a data da entrega dos originais à editora.
Entretanto, tendo em conta a evolução das ciências da saúde, as mudanças regulamentares governamentais e o constante
fluxo de novas informações sobre terapêutica medicamentosa e reações adversas a fármacos, recomendamos enfaticamente
que os leitores consultem sempre outras fontes fidedignas, de modo a se certificarem de que as informações contidas neste
livro estão corretas e de que não houve alterações nas dosagens recomendadas ou na legislação regulamentadora.
Adicionalmente, os leitores podem buscar por possíveis atualizações da obra em http://gen-io.grupogen.com.br.

■ Os autores e a editora se empenharam para citar adequadamente e dar o devido crédito a todos os detentores de direitos
autorais de qualquer material utilizado neste livro, dispondo-se a possíveis acertos posteriores caso, inadvertida e
involuntariamente, a identificação de algum deles tenha sido omitida.

■ Direitos exclusivos para a língua portuguesa


Copyright © 2015 by
LIVRARIA SANTOS EDITORA COM. IMP. LTDA.
Uma editora integrante do GEN | Grupo Editorial Nacional
Rua Dona Brígida, 701 – Vila Mariana
São Paulo – SP – CEP 04111-081
Tel.: (11) 5080-0770
www.grupogen.com.br | editorial.saude@grupogen.com.br

■ Reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, em quaisquer formas
ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição pela Internet ou outros), sem permissão, por
escrito, da LIVRARIA SANTOS EDITORA COM . IM P. LTDA.

■ Capa: Bruno Sales


Produção Digital: Geethik

■ Ficha catalográfica

C351c
2. ed.

Castro, Osmar
Clonagem Terapêutica para Próteses Totais e Overdentures / Osmar Castro, Tomaz Gomes. - 2. ed. - São Paulo : Santos, 2015.
232 p.: il.; 28 cm

Inclui bibliografia
ISBN 978-85-277-2696-2

1. Prótese dentária. 2. Odontologia. I. Gomes, Tomaz. II. Título.

CDD: 617.69
13-02937 CDU: 616.314-089.843
Dedicatória

Dedicamos este livro a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram com a evolução
de nosso aprendizado.

Os autores
Sobre os autores

Prof. Dr. Osmar Castro


Osmar Castro é Especialista, Mestre e Doutor em Prótese Dentária pela Universidade de São
Paulo. Na área acadêmica foi Professor Adjunto de Prótese Dentária da Universidade Camilo
Castelo Branco de 2000 a 2002 e Professor Titular de Prótese Dentária da Universidade de
Santo Amaro de 1990 a 2008. Atualmente é o professor responsável pela área de Prótese Total
do Curso de Mestrado da Faculdade São Leopoldo Mandic em Campinas e São Paulo, e
professor do curso de Especialização de Prótese Dentária da INEPO. Para melhorar a
comunicação aluno-professor, tornou-se ator profissional (DRT-10040) e hoje ministra cursos
sobre próteses e palestras de oratória em várias cidades do Brasil. Como clínico, mantém um
consultório particular restrito à área de prótese há 29 anos, em São Paulo.
Prof. Tomaz Gomes
Tomaz Gomes, natural de Cajuru, São Paulo, é Técnico em Prótese Dentária, tendo concluído
seu curso em 1970 pelo Senac. Pesquisador e ministrador de cursos em todo o Brasil e outros
países, é Diretor do Laprodent – Laboratório de Prótese Dental S/C Ltda., desde 1980. Foi
laureado com os prêmios “Lecron de Ouro”, em 1993, “Dr. Guilherme Contesini”, em 1995, e
“João de Barro”, em 2007. Criador da marca STG® (Sistema Tomaz Gomes de Caracterização)
que conta com produtos como: STG em Prótese Total e em Prótese Parcial Removível®, STG
em Dentes Artificiais®, STG de Opacificação para Estruturas Metálicas (Vipi-Tone)® e Mufla
Vipi-STG®. O Prof. Tomaz Gomes é um dos autores do Atlas de Caracterização em Prótese
Total e Prótese Parcial Removível, publicado pela Editora Santos em 1998, e Coautor do livro
Prótese Total Híbrida do Prof. Gerson A. Corrêa, também publicado pela Editora Santos, em
1996.
Colaboradores

Tânia e Silva Pulicano Lacerda


Especialista em Odontogeriatria e em Prótese Dentária pelo Conselho Federal de Odontologia.
Mestre em Prótese Dentária pela Faculdade de Odontologia da USP. Professora Adjunta da
Disciplina de Prótese Dentária do Curso de Graduação da Universidade Cidade de São Paulo.
Professora do Curso de Mestrado da Disciplina de Prótese Dentária do Centro de
Pósgraduação São Leopoldo Mandic.

Bráulio Paolucci
Graduado em Odontologia pela Escola Federal de Odontologia de Alfenas, Minas Gerais.
Especialista em Implantodontia pela Universidade de Lavras, Minas Gerais. Master in
Implantology and Oral Rehabilitation pela European School of Oral Rehabilitation
Implantology and Biomaterials, em Valença, Espanha.

Fabiano Leoni Gomes


Cirurgião-Dentista e Técnico em Prótese Dental pelo Curso Técnico de Prótese Dentária da
Escola Municipal Derville Allegretti, em 1993. Graduado em Odontologia pela Universidade
de Santo Amaro (Unisa), em 1999. Pósgraduado em Implantodontia e Próteses sobre Implantes
pela Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Odontologia (Fundecto –
USP), em 2003. Especialista em Implantodontia e Reabilitação Oral pela Faculdade de
Odontologia de Piracicaba da Universidade de Campinas (Unicamp), em 2004. Ganhador do
prêmio “Professor João Sampaio Dória”, em 2000, como homenagem do Conselho Regional de
Odontologia de São Paulo. Autor de publicações científicas nacionais em conceituadas
revistas odontológicas. Proprietário e gestor clínico da Spazio Specialità – Odontologia
Especializada, clínica situada na cidade de Taboão da Serra, SP.

Frederico Leoni Gomes


Técnico em Prótese Dentária pelo Curso de Prótese Dentária do Colégio das Américas, em
1998, São Paulo. Especialista em Prótese Total, Cerâmica e Prótese sobre Implantes.
Ministrador de cursos de aprimoramento em próteses, no Brasil e no exterior. Professor do
Curso de Especialização em Prótese Total na Unidade de Formação em Aperfeiçoamento e
Especialização (Unifaes). Membro da equipe de cursos de Tomaz Gomes.
Prefácio à 2a Edição

A Técnica da Clonagem Terapêutica teve seu início devido ao meu desconhecimento prático
das fases laboratoriais de uma prótese total. Já ministrava aulas na graduação havia muitos
anos, mas me incomodava só conhecer a parte técnica por teoria. Pedi um estágio para o Tomaz
Gomes, o responsável por acrilizar todas as minhas próteses, e quem considero, com base nos
meus conhecimentos, o melhor protético em resina acrílica do mundo. Esse estágio durou 16
anos. A imprescindível comunicação dentista-protético transcendeu conversas telefônicas,
fotos e anotações em papéis. Brinco com o Tomaz dizendo que ele me apresentou o “esqueleto
da técnica”, e eu fui colocando a “carne”. E nesses anos de convívio, levantamos
questionamentos de problemas e insucessos clínicos que aguçaram nossas mentes para a
melhor solução para cada caso. Mas nenhum de nós é teórico. Colocamos a mão na massa e
fizemos dezenas de próteses com inúmeras técnicas. Próteses sem custo para os pacientes, que
prometiam apenas serem “pacientes”.
Inicialmente publicamos um artigo intitulado Técnica da Clonagem em Prótese Total, no
qual duplicávamos a prótese antiga do paciente (clone) para depois corrigirmos a borda e
fazermos todas as alterações necessárias. Todavia, com a evolução da técnica, percebemos
que, quanto mais promovíamos uma terapia na prótese antiga, eliminando todos os problemas,
menos tínhamos que alterar o clone, e ajustes menores eram necessários nas próteses novas.
O termo Terapêutica foi incluído naturalmente após percebermos que não fazia sentido
nenhum iniciarmos uma reabilitação protética com gengiva inflamada, dimensão vertical
alterada, relação central perdida, área basal insuficiente, oclusão desbalanceada, estética
comprometida e músculos faciais dessincronizados. Terapêutica nada mais é do que tratar as
doenças bucais do paciente, um tratamento exclusivamente clínico, executado inteiramente nas
próteses antigas. A prótese, após corrigida por meio de desgastes e acréscimos em resina
acrílica, servirá como um protótipo que irá promover a cura do paciente, e depois de cumprir
sua função, sua duplicação (clone) irá transferir todas as informações clínicas que foram
testadas pelo paciente e aprovadas pelo dentista; e o clone, uma moldeira individual dentada,
irá nortear o protesista a andar em um terreno claro e previsível.
Como diz meu amigo e conselheiro Tomaz Gomes: “Se fôssemos um trem, a clonagem
terapêutica seria o trilho que nos impediria de sair do nosso objetivo planejado”. Nesse trilho,
estariam inseridos os Protocolos, procedimentos sequenciados e repetitivos, que tanto aprecio.
Esse esforço é para que qualquer dentista disposto a estudar possa obter os mesmos resultados
de sucesso que temos degustado em tantos anos de vida clínica.
Como diz o poeta: “Ninguém é uma ilha”. E este livro não é o resultado de dois homens.
Agradeço a parceria com a Dra. Tânia Lacerda; a Frederico Gomes, que sempre nos
acompanhou; a Tadashi Tamaki, pelas centenas de vezes que consultei o seu livro; a todo o
Departamento de Prótese Dentária da USP pelos 9 anos de convivência na pós-graduação; ao
colega José A. Soares (Toni), pelos anos de aulas que fizemos juntos na graduação; a todos os
novos colaboradores desta segunda edição, que vieram enriquecer ainda mais este conteúdo; e,
com muito carinho, aos pacientes das faculdades que possibilitaram que eu, durante quase 30
anos, ensinasse enquanto aprendia. Peço perdão àqueles que não citei, mas agradeço
sinceramente a todos. E como não poderia esquecer, sou grato a toda a minha família; a meus
pais, pela vida e amor incondicional; a minha irmã e parceira Silvia Helena; a minha esposa
querida, Fabíola; e a meu pequeno, razão do resto de minha vida, meu filhote Felipe. Boa
leitura.

Osmar Castro
Prefácio à 1a Edição

A evolução da resina acrílica tem auxiliado o cirurgião-dentista (CD) a obter efeitos


espetaculares na reabilitação protética. Entre o paciente de prótese e o CD, quase sempre
existe a figura do técnico em prótese dentária (TPD), que trabalha sobre o modelo de gesso,
confecciona e dá vida às próteses que devem recuperar a estética, o conforto e a função do
aparelho mastigador. Uma relação cordial, ética e de cooperação entre CD e TPD é a base
para o desenvolvimento harmônico do tratamento. A ciência pesquisa e desenvolve os
materiais, e uma mente observadora e criativa pode levar a resultados além dos indicados na
bula. A dedicação, a observação acurada dos fenômenos, a aceitação de desafios, a proposição
de técnicas e os meios para dominar e controlar a essência dos materiais respeitando suas
características fizeram Tomaz Gomes tomar isso como seu meio de vida e de busca da
felicidade, esse profissional que aprendemos a gostar e a respeitar, o ser humano que sempre
dividiu seus conhecimentos com seus amigos. Seu trabalho de caracterização impressiona a
todos que se dedicam à prótese dentária, e foi a democratização dessa técnica que ofereceu a
todos a possibilidade de personalizar a prótese. Assim, a caracterização não era mais o
segredo de poucos. A observação de seu pai lavrando a terra, cobrindo-a com camadas
sucessivas de folhas secas para manter a umidade, levou-o a utilizar camadas sucessivas de
resina pigmentada e, por fim, a obter a profundidade na cor e no volume, a translucidez e o
aspecto natural na base da prótese total. A união de forças com o Dr. Osmar Castro, dedicado
professor de prótese, amante da Odontologia, frequentador assíduo do laboratório de prótese,
mestre na arte da comunicação e do ilusionismo, resultou neste livro, que indubitavelmente
brindará os CDs e os TPDs com soluções e técnicas que conduzirão a resultados estéticos e
funcionais altamente satisfatórios, com enorme benefício aos nossos pacientes. Este livro é o
fruto e a mensagem de que a dedicação, a cooperação e o compartilhar dos conhecimentos
ampliam horizontes, transcendem e levam a patamares aparentemente difíceis de se alcançar.

Matsuyoshi Mori
Assistente Doutor do Departamento
de Prótese Dentária da USP
Histórico

Etimologicamente, prótese significa a colocação de uma coisa sobre outra ou em lugar de


outra. A palavra deriva do grego: pro, diante, em lugar de; e thesis, colocar. A origem da
prótese total não é tão antiga como a das próteses unitárias e fixas. Foi encontrada uma prótese
total de uma sacerdotisa budista, feita em madeira de buxo, datada de 1598; e Antón Nuck, em
1692, construiu uma prótese total inferior utilizando um molar de hipopótamo. Essas próteses
eram confeccionadas por artistas que as esculpiam artesanalmente. A evolução dos materiais
usados nas moldagens possibilitou a melhora na adaptação das próteses, as quais anteriormente
eram obtidas por tentativa e erro. Essa evolução passou pela cera de abelha, que foi usada
durante 50 anos como material de moldagem, até a introdução do uso do gesso. Em 1885,
Charles Stent introduziu no mercado um material resinoso ao qual deu o nome de godiva,
utilizado até hoje. Atualmente, as maiores inovações nos materiais de moldagem são
encontradas na área dos materiais elásticos, como os silicones de adição e condensação. Com
relação às bases, em 1884, Charles Goodyear Jr. aperfeiçoou o processo de vulcanização da
borracha e, em 1885, esse material foi aplicado na Odontologia. Finalmente, em 1937, a resina
acrílica foi introduzida como material para base de prótese total, melhorando a estabilidade
dimensional, o conforto e a estética. Apesar de todos os avanços no campo dos materiais, da
ciência e da tecnologia na Odontologia, ainda é grande o número de desdentados totais. O
Brasil tinha, em 2004, 26 milhões de desdentados totais (15% da população), e os Estados
Unidos, cerca de 18 milhões (10,5% da população adulta).
Introdução

O planejamento e a confecção de uma prótese total, tendo em vista que o paciente totalmente
desdentado perdeu muitas referências que poderiam nortear o profissional, diferem do
planejamento e da execução das próteses parciais fixas e próteses parciais removíveis, pois os
pacientes destas últimas ainda têm dentes para auxiliar no planejamento. A diminuição das
referências aumenta o tempo clínico para a confecção desse tipo de prótese, porém simplificar
uma técnica para economizar tempo poderá levar a resultados insatisfatórios.
Na confecção de próteses totais maxilomandibulares são encontradas dificuldades com
relação aos dentes, pois nem sempre se conhecem suas cores, formas, texturas superficiais,
larguras e alturas, posições, disposições e seu alinhamento no arco. Da mesma maneira, a
perda da dimensão vertical de oclusão (DVO) constitui um dos maiores obstáculos na
reabilitação de um paciente totalmente desdentado. Essa dimensão é responsável pela altura do
terço inferior da face e sua perda promove um verdadeiro colapso estético-funcional no
sistema estomatognático, com diminuição da eficiência mastigatória. No sentido horizontal, a
ausência dos dentes leva à perda da posição da oclusão habitual, cabendo ao cirurgião-dentista
o restabelecimento dessa posição na confecção das próteses novas. Apesar dessas
dificuldades, esse tipo de prótese oferece a possibilidade de, por meio da resina acrílica,
restabelecer todas as estruturas perdidas do terço inferior da face, tanto dos dentes quanto do
osso.
Por outro lado, a prótese total convencional é submetida a um regime de trabalho
mucosossuportado, ou seja, toda a carga recebida pela mastigação e deglutição é transmitida
diretamente aos tecidos de suporte (mucosa de revestimento e osso), o que pode resultar em
dores e grandes reabsorções ósseas, principalmente durante a mastigação. Além disso, a
mucosa de revestimento pode se apresentar saudável, mas, muitas vezes, possui áreas de
flacidez ou hiperplasias, o que dificulta ainda mais o planejamento.
Tendo em vista as dificuldades de tratamento e o planejamento de próteses totais
maxilomandibulares, os autores propõem a utilização da Técnica da Clonagem Terapêutica.
Terapêutica significa tratamento das doenças. Segundo essa técnica, as doenças existentes são
tratadas por meio da modificação da prótese antiga e, sob uma condição saudável, a prótese
modificada é clonada (duplicada) no sentido de perpetuar essa saúde, seguindo como
referência todas as informações contidas no clone. Em muitos casos a mucosa de revestimento
apresenta-se inflamada, tornando-se obrigatório um tratamento prévio para devolver ao tecido
fibromucoso a sua cor, sua forma e o seu tamanho fisiológico.
Para isso, lança-se mão de reembasamentos terapêuticos, com o objetivo de devolver o
íntimo contato da fibromucosa com a prótese, aumentando a adesão, a coesão e a tensão
superficial, e recuperando a retenção e a estabilidade. Essa readaptação da base da prótese à
fibromucosa diminuirá a quantidade de placa bacteriana que se interpõe entre a prótese e a
fibromucosa, o que muitas vezes leva a uma inflamação, associada ou não à infecção por
Candida albicans. Nos casos de infecção por Candida albicans, além do reembasamento
terapêutico, uma medicação antifúngica poderá ser indicada. Se houver grande perda da DVO
na prótese antiga, um restabelecimento gradual deverá ser indicado, o que é benéfico, pois o
paciente não sofrerá com a transformação abrupta de sua imagem na entrega das próteses
novas.
A maioria dos pacientes portadores de prótese total apresenta oclusões habituais
excêntricas, principalmente aqueles com grande perda de DVO. Por isso o reposicionamento
mandibular no sentido horizontal, antes da confecção das novas próteses, é necessário, devido
à dificuldade de manipular para uma posição cêntrica um paciente com a musculatura alterada.
Por meio da recuperação da DVO, os músculos restabelecerão os seus vetores ideais de força
e tonicidade muscular, o que permitirá um acompanhamento para a remissão de possíveis
sintomas dolorosos da articulação temporomandibular. Esses tratamentos prévios deverão ser
realizados sempre que houver necessidade, para que se possa obter, no ato da moldagem
funcional, tanto uma mucosa com características fisiológicas quanto uma musculatura com
tonicidade e contratura normais. Especificamente para a Técnica da Clonagem Terapêutica em
prótese total, parte-se do princípio de que a prótese a ser clonada deverá ser a mais próxima
possível da prótese nova. Por isso, na maioria das vezes, modificações na prótese antiga são
necessárias. Se o aproveitamento da área basal da prótese antiga for insuficiente, esta deverá
ser recuperada antes da clonagem. O material de moldagem funcional necessita de suporte para
moldar corretamente a área basal, e, em função disso, a prótese a ser clonada deve ter sua área
basal próxima do ideal, para que o material de moldagem tenha suporte e molde corretamente o
fundo de sulco. Essa técnica visa à confecção de próteses com o máximo de retenção e
estabilidade, dentro da DVO preestabelecida, resultando em uma maior eficiência mastigatória
e boa manutenção do tecido ósseo. Os autores acreditam que o planejamento e a terapia devam
ser aplicados, independentemente da técnica escolhida, mas consideram um verdadeiro
desperdício não duplicar a prótese antiga modificada, que contém informações importantes
clinicamente testadas e comprovadas.
A ideia de se duplicar próteses antigas não é nova. Vários autores indicaram sua
reprodução, mas a Técnica da Clonagem Terapêutica visa orientar o cirurgião-dentista e o
protético utilizando protocolos com o intuito de facilitar o planejamento e a execução das
próteses por meio de procedimentos específicos, possibilitando uma flexibilidade de
individualização, dependendo da exigência de cada caso. Essa técnica apresenta três fases:
planejamento, terapia e execução. Os autores acreditam que as duas fases iniciais devam fazer
parte não apenas da Técnica da Clonagem Terapêutica, mas também de qualquer tratamento de
reabilitação por próteses totais, sejam elas convencionais ou híbridas (overdentures),
independentemente da técnica empregada, pois são análises obrigatórias para o diagnóstico e o
planejamento das mesmas. As três fases distintas estão relacionadas a seguir.

Fase 1 – Planejamento. Essa fase envolve análise do grau de cognição do paciente


(aquisição de um conhecimento) e do seu perfil psicológico, análise da indicação de
tratamentos prévios, modelos de estudo e de modificações na prótese antiga, anamnese da
história médico-odontológica, exames intra e extrabucais, exames radiográficos e traçado do
prognóstico do caso. No Capítulo 1, encontram-se algumas sugestões de fichas utilizadas nessa
fase.

Fase 2 – Terapia. Nessa fase são executados os tratamentos prévios planejados, com o
objetivo de promover uma condição fisiológica de todo o sistema estomatognático e devolver
o máximo de retenção, estabilidade e conforto durante o tratamento. Esse tratamento realizado
na prótese antiga é de fundamental importância para diminuir a ansiedade do paciente quanto à
entrega das próteses novas, permitindo ao profissional realizar seu trabalho com tranquilidade
e estabelecer um melhor relacionamento paciente-profissional.

Fase 3 – Execução. Após o planejamento e a terapia (Fases 1 e 2), dados importantes


estarão contidos nas próteses modificadas; por isso elas devem ser clonadas (duplicadas) e é
necessário que se sigam os protocolos de execução das próteses novas. Os clones funcionarão
como moldeiras individuais dentadas e deverão conter as informações experimentadas e
aprovadas clinicamente nas próteses modificadas, como DVO, área basal, oclusão, fonética,
estética e conforto.
Sumário

Capítulo 1 Fase 1 – Planejamento

Capítulo 2 Fase 2 – Terapia

Capítulo 3 Fase 3 – Execução: da Clonagem à Instalação da Prótese

Capítulo 4 Estética em Prótese Total

Capítulo 5 Anatomia do Paciente Totalmente Desdentado

Capítulo 6 Odontogeriatria para Portadores de Prótese Total

Capítulo 7 Prótese Total Híbrida / Overdenture

Capítulo 8 Ajuste Oclusal em Prótese Total

Capítulo 9 Visagismo em Prótese Total

Capítulo 10 Prótese Tipo Protocolo de Branemark com Carga Imediata

Capítulo 11 Comentários dos Autores sobre Técnicas Diversas

Considerações Finais
Capítulo 1
Fase 1 – Planejamento

Ficha clínica
A ficha clínica é um instrumento de extrema importância para orientar o profissional a traçar
o planejamento e o prognóstico do caso. Ela deve conter as informações pertinentes ao
tratamento e que possam influenciar no prognóstico. As análises de itens importantes que
devem constar da ficha clínica estão descritas a seguir.

Análise da pressão arterial


A aferição da pressão arterial é fundamental para que se possa detectar os pacientes
hipertensos ou com suspeita de hipertensão, principalmente aqueles que deverão passar por
cirurgia pré-protética ou de implantes dentários.

Análise da queixa principal


A indagação sobre a queixa principal adquire importância nos casos em que o profissional
precisa optar por melhorar um fator em detrimento de outro. Por exemplo, quanto mais se
recupera o suporte labial superior através da vestibularização dos dentes anteriores
superiores, mais diminui a estabilidade anteroposterior da prótese. O desejo principal do
paciente deve ser priorizado e o profissional deve orientá-lo sobre o prognóstico e o plano de
tratamento, conscientizando-o dos limites e dificuldades de seu caso, para uma melhor
aceitação do planejamento sugerido.

Análise da atitude mental


É imprescindível um bom relacionamento paciente-profissional. Uma maneira didática para
avaliar o estado psíquico do paciente em relação ao tratamento profissional foi descrita por
•Fox, que subdividiu os pacientes em quatro classes: Receptivos – Pacientes calmos, que
compreendem as nossas explicações e que cooperam com o profissional durante o tratamento.
• Céticos – Pacientes descrentes e desconfiados, que gostam de impor sua opinião em todas as
fases do tratamento.
• Histéricos – Pacientes extremamente agitados, nervosos, pessimistas e principalmente
ansiosos quanto ao tempo e resultado do tratamento.
Indiferentes – Pacientes com baixa autoestima, conformados, que geralmente não se
• importam com a própria aparência.

Sem dúvida, o paciente mais fácil de lidar é o paciente receptivo, mas também é
gratificante, profissionalmente, transformar um paciente de perfil cético, histérico ou
indiferente em um receptivo. O paciente cético é aquele que já passou por muitos profissionais,
e não raro traz consigo, na primeira consulta, várias próteses que diz não terem ficado boas. É
importante explicar para esse paciente o diagnóstico e o prognóstico, para que ele tenha uma
expectativa realista do resultado final. Se seus desejos quanto à retenção forem maiores do que
o prognóstico sugerido é melhor recorrer a outros tratamentos, como próteses implantorretidas.
Também é comum pacientes histéricos trazerem experiências negativas de tratamentos
anteriores. Para esses pacientes, as sessões devem ser mais curtas e deve-se começar com os
procedimentos mais simples, sempre explicando antecipadamente o que vai ser feito.
Promover um ambiente agradável, tanto na sala de espera quanto no consultório, é benéfico
principalmente para tais pacientes, pois eles se sentem mais confortáveis, e as impressões
traumáticas de outros tratamentos são minimizadas. Para os pacientes indiferentes, deve-se
trabalhar na tentativa de recuperar a sua autoestima e motivá-los a se cuidarem melhor. É
importante que todos os pacientes sejam fotografados antes e depois do tratamento,
principalmente os pacientes com esse perfil, para que eles mesmos comprovem a melhora de
seu sorriso e do seu rosto como um todo. Sem dúvida, quando se institui uma terapia nas
próteses antigas, devolvendo o conforto e a segurança, aumenta-se a confiança do paciente no
profissional, diminuindo sua ansiedade quando da entrega das próteses. Os autores acreditam
que compreender as necessidades e anseios de cada paciente, estar sempre atualizado
cientificamente e manter uma parceria com um bom profissional laboratorial é o melhor
caminho para um bom relacionamento entre profissional e paciente.

Análise da necessidade de conserto


Próteses fraturadas são achados comuns na clínica. Vários fatores podem levar uma prótese
à fratura: mau assentamento da base, falta de oclusão balanceada bilateral, fadiga do material
ou queda.
A realização de um conserto na prótese antiga, quando necessário, é importante para
melhorar o conforto nos casos de áreas ásperas, para devolver a retenção e a estabilidade nos
casos em que houve quebra do selamento periférico ou diminuição da área de contato entre a
prótese e a fibromucosa, e para recuperar a estética nos casos de comprometimento dos dentes
anteriores. A realização de um conserto na prótese antiga também visa diminuir a ansiedade do
paciente quanto à entrega das próteses novas, permitindo que o novo trabalho seja realizado
sem pressa. Os consertos, de preferência, devem ser realizados no consultório. Muitas vezes o
paciente não possui outra prótese e não pode ficar sem ela. É necessário que o cirurgião-
dentista tenha um domínio da resina acrílica autopolimerizável para poder realizar consertos
imperceptíveis e rápidos, diminuindo os custos, ganhando tempo e a confiança do paciente.

Análise da necessidade de reembasamento


O termo reembasar significa readaptar a base. O reembasamento direto é a readaptação da
base diretamente na boca do paciente, através de materiais próprios para esse fim. De acordo
com Craig e Powers, os materiais para reembasamentos diretos são sempre considerados
provisórios por serem porosos e passíveis de manchamento ou contaminação por
microrganismos, além de a maioria não ter estabilidade de cor. A indicação correta de um
material para reembasamento direto está intimamente ligada ao objetivo desse reembasamento.
Reembasa-se uma prótese para devolver retenção e estabilidade, diminuir as cargas sobre o
rebordo, readaptar uma área cirúrgica e eliminar a inflamação ou infecção dos tecidos. Pode-
se reembasar pela necessidade de uma ou mais de uma dessas indicações. Basicamente três
tipos de materiais são utilizados no reembasamento direto: os rígidos, os resilientes (resinas
ou silicones) e os condicionadores de tecido. A indicação desses materiais está relacionada
aos objetivos a serem alcançados, pois, muitas vezes, precisa-se utilizar vários
reembasamentos com materiais diferentes. Visa-se com o reembasamento devolver um íntimo
contato da fibromucosa com a prótese, possibilitar a ausência de inflamação dos tecidos, além
de promover estabilidade, retenção e conforto. Se houver falta de estabilidade e retenção
causada por diminuição de contato da prótese com a fibromucosa, mas ausência de áreas
flácidas, inflamação e infecção, as resinas rígidas são as mais indicadas. O uso de resina
rígida específica para o reembasamento direto, geralmente, não requer outros reembasamentos
durante a confecção da prótese nova, pois ela suporta alguns meses de uso, embora fatores
como tipo de saliva, alimentação e uso de tabaco possam alterar a durabilidade do material.
Essas resinas apresentam características diferentes daquelas convencionais, sobretudo, com
relação à temperatura de polimerização mais baixa, adequada para a readaptação direta na
cavidade bucal, sem causar danos aos tecidos. As resinas autopolimerizáveis convencionais
contêm metametilmetacrilato (MMA) no monômero e o calor gerado durante a polimerização é
irritante para a mucosa bucal.
O uso das resinas resilientes ou silicones é mais indicado pela necessidade de diminuição
da pressão sobre os tecidos da área de suporte. Um exemplo disso é sua indicação no período
de osseointegração de implantes, a fim de minimizar as forças oclusais sobre estes. A adesão
dos materiais resilientes à base da prótese não é tão eficiente quanto a dos materiais rígidos,
por isso alguns fabricantes desenvolveram adesivos específicos para aumentar essa união.
Normalmente esses materiais necessitam reembasamentos frequentes, devido à contaminação,
ao desprendimento do material reembasador da base e endurecimento.
Os condicionadores de tecido são materiais viscoelásticos, que possuem a propriedade de
escoar sob grandes pressões e serem elásticos sob pressões pequenas. Essa característica do
material permite melhor distribuição das forças mastigatórias nos tecidos, diminuindo a
inflamação e devolvendo ao tecido fibromucoso sua cor e seu volume originais. Esses
materiais são os mais instáveis entre os reembasadores diretos, pois além de não possuírem
uma boa adesão à resina da base da prótese, sofrem um processo denominado lixiviação, no
qual perdem constituintes solúveis para o meio aquoso bucal, resultando em endurecimento
progressivo do material macio. Como consequência, este se torna irregular e poroso,
aumentando o acúmulo de placa bacteriana, levando a irritações da mucosa. Por essas razões,
esse é um material em que os controles clínicos devem ser maiores, assim como ele necessita
de substituições periódicas mais frequentes que as resinas resilientes e silicones, em torno de 3
em 3 dias. Após a remissão da inflamação e se os tecidos estiverem com uma coloração
fisiológica, deve-se retirar esse material e realizar um reembasamento com uma resina rígida,
que deverá ser controlada até a entrega das próteses novas. Muitas vezes as inflamações dos
tecidos de suporte estão associadas a infecções fúngicas, principalmente aquelas causadas por
Candida albicans. Nem toda estomatite protética é causada por Candida albicans, mas toda
infecção por Candida provoca estomatite protética. Independentemente do material utilizado
para os reembasamentos diretos, o uso de antifúngicos deve ser indicado quando se constatar
infecção por Candida albicans. O paciente também deve ser alertado sobre a importância da
higienização da parte interna da prótese com o uso de escova de cerdas macias e sabonete de
glicerina, e uma desinfecção química deve ser indicada.
A readaptação da prótese antiga, além de aumentar a retenção e a estabilidade, proporciona
maior eficiência mastigatória, conforto e segurança para o paciente. Outro resultado importante
do reembasamento é o de aumentar (recuperar) a borda da prótese, para que o clone promova
um selamento periférico e possibilite estabilidade e retenção nos procedimentos que
antecedem à moldagem, como por exemplo, o registro oclusal que necessita de bases estáveis
para sua correta obtenção.

Análise da necessidade de cirurgia pré-protética


Na troca de próteses totais antigas, avalia-se sempre a necessidade de uma cirurgia pré-
protética. Entre as alterações dos tecidos bucais mais frequentes nos portadores de próteses
totais, estão: hiperplasias inflamatórias e irritativas, úlceras traumáticas e hiperplasias
provocadas por câmara de sucção. A hiperplasia inflamatória ocorre, em sua maioria, em
pacientes idosos devido à falta de informações quanto a adaptação, uso e manutenção das
próteses totais. É obrigação do profissional, após a confecção das mesmas, instruir o paciente
sobre como manter as próteses em bom estado de conservação e recorrer a um cirurgião-
dentista se porventura a prótese fraturar. A hiperplasia fibrosa inflamatória caracteriza-se por
um aumento volumétrico nodular com caráter fibroso devido à elevação do número de células.
Desenvolve-se em associação com fatores irritantes crônicos de baixa intensidade, como
traumatismos mecânicos constantes provocados por próteses mal-ajustadas, câmara de sucção,
dentes fraturados ou raízes residuais sobre a mucosa bucal. Apresenta consistência firme,
formas e tamanhos variados, coloração semelhante ao tecido original, sendo geralmente
assintomática, o que pode levar o paciente a não procurar o cirurgião-dentista. O diagnóstico é
confirmado com o exame histopatológico e o seu tratamento consiste em realizar
reembasamentos terapêuticos, remoção cirúrgica da lesão e confecção de uma nova prótese.
Além das hiperplasias, a indicação de uma cirurgia pré-protética pode ser devido a retenções
bilaterais do rebordo que impeçam um bom aproveitamento da área basal. A cirurgia pré-
protética também está indicada nas extrações de raízes, sem ou com pouco suporte ósseo, que
não se prestem como suporte de uma prótese total híbrida. Deve ser planejada de modo que os
dentes a serem extraídos sejam repostos na prótese antiga logo após a cirurgia para não
comprometer a estética do paciente.

Análise da necessidade de base macia


• Indicações para próteses com base macia: Retenções bilaterais que venham dificultar um
eixo de inserção da prótese com o correto aproveitamento da área basal.
• Pacientes com fibromucosa hipersensível que não se adaptaram a próteses de base rígida.
• Próteses bucomaxilares que necessitam de retenção adicional através das cavidades
retentivas.

Análise da necessidade de recuperação da área basal


Quanto maior a área de uma prótese, maior a distribuição das forças oclusais sobre o
rebordo. Por isso, deve-se planejar a obtenção da maior extensão possível da prótese que não
interfira na função.
Muitas vezes o paciente apresenta uma prótese com aproveitamento insuficiente da área
basal, principalmente nas próteses inferiores. Nesses casos não adianta clonar tais próteses,
pois os materiais de correção da borda e de moldagem necessitam de um suporte de moldeira,
e estes não têm a capacidade de restabelecer a área basal por si só no procedimento de
moldagem funcional. Da mesma maneira, não se consegue um resultado eficiente em
reembasamentos se a área basal da prótese antiga for muito deficiente. Próteses sobre-
estendidas também não permitem um reembasamento adequado, nem uma correta moldagem
funcional pelo clone. Para esses casos torna-se imprescindível a moldagem anatômica para a
obtenção de um modelo de estudo, delimitação da área basal da prótese, recuperação da área
basal no modelo e readaptação na boca através do reembasamento direto. Esse procedimento
aumentará a estabilidade e retenção da prótese e permitirá clinicamente a confirmação da área
basal planejada. Durante os controles, se ocorrer o aparecimento de áreas hiperemiadas ou
úlceras traumáticas, as próteses antigas modificadas deverão ser ajustadas até a remissão total
dessas patologias. Esse procedimento invariavelmente faz com que as próteses novas
necessitem de um número menor de controles, pois a área basal é testada e ajustada antes, e
através da clonagem essas informações são transmitidas para a prótese nova.
Se a região posterior da prótese maxilar está subestendida, esta deve ser recuperada, a
tolerância máxima dessa extensão analisada e só depois clonada.

Análise da necessidade de restabelecimento gradual da DVO


O restabelecimento gradual da dimensão vertical de oclusão (DVO) na prótese antiga é
indicado para os casos em que houve grande perda da altura do terço inferior da face, e
também para os casos em que o paciente apresenta sintomatologia de disfunção
temporomandibular por perda de dimensão vertical. Os principais fatores etiológicos da DTM
são a má oclusão, o estresse emocional, a má postura e a hiperfunção muscular. Desses fatores,
aqueles em que o dentista pode influir diretamente são a oclusão e a hiperfunção muscular. Em
prótese total normalmente o procedimento é o restabelecimento da DVO e da relação cêntrica.
Esse restabelecimento deverá ser gradual, através de acréscimos de resina na oclusal dos
dentes, até a remissão total dos sintomas, e só depois a prótese deverá ser clonada. Com essa
conduta, os músculos trabalharão nos seus vetores ideais, dando tempo para a recuperação da
tonicidade muscular e para a remissão dos sintomas dolorosos. O restabelecimento gradativo
da dimensão também é benéfico psicologicamente, pois a transformação de sua imagem será
alterada aos poucos, ao invés de uma mudança abrupta que ocorreria na troca de uma prótese
total com uma DVO muito baixa. A recuperação gradativa do terço inferior da face faz com que
a imagem antiga vá se “apagando” aos poucos da lembrança das pessoas de seu convívio
social, e no momento em que as próteses novas forem entregues, o paciente já estará usando
suas próteses antigas na mesma DVO das próteses novas, minimizando o impacto de uma
mudança visual muito abrupta.
Raras vezes encontraremos pacientes com a DVO aumentada, e para esses casos a superfície
oclusal dos dentes das próteses antigas deverá ser desgastada até o restabelecimento do espaço
funcional livre. Os sinais clínicos que podem estar presentes em pacientes com DVO
aumentada são: dificuldade de deglutição e fonação, cansaço muscular, excesso de visibilidade
dos dentes, dificuldade de manter o selamento labial e sinais e sintomas de disfunção
temporomandibular (DTM).

Análise do reposicionamento mandibular no sentido horizontal


O reposicionamento mandibular no sentido horizontal é indicado para pacientes com
assimetria facial provocada por uma oclusão excêntrica e em casos de disfunção
temporomandibular em que houve grande perda de DVO. Realiza-se promovendo uma
superfície oclusal plana, com o intuito de desprogramar a musculatura. Esse procedimento é
muito importante, pois se o negligenciarmos poderão ocorrer erros no posicionamento
horizontal maxilomandibular, registrando a mordida habitual viciada, normalmente excêntrica e
protruída, o que poderá levar a disfunções da ATM, dores, cansaço muscular, aumento da
reabsorção óssea e instabilidade da prótese. Embora a superfície oclusal deva ser plana, deve-
se promover sulcos com uma broca de ponta fina que não atinjam os pontos de parada cêntrica,
aumentando assim a função mastigatória por manter o alimento por mais tempo na mesa
oclusal.
Sempre que for necessário recuperar gradativamente a dimensão vertical de oclusão, deve-
se reposicionar a mandíbula no sentido horizontal através da superfície oclusal plana.

Análise da necessidade de reforço metálico


Uma das maiores causas de emergências na área de prótese total são as fraturas. Estudos
clínicos têm demonstrado que fraturas na linha mediana são problemas comuns em próteses
totais maxilares. As fraturas podem ocorrer devido a sucessivas cargas aplicadas às bases
durante a mastigação e a sorção de água, que contribui para a baixa resistência à flexão das
resinas acrílicas.
Embora algumas próteses tenham reforço, este, muitas vezes, acaba aumentando a espessura
do palato, podendo causar desconforto, náuseas e problemas fonéticos. Os autores indicam um
reforço metálico feito em níquel-cromo que não invada a área palatina ou lingual, em que seis
pinos penetram no interior de cada um dos seis dentes anteriores. Ligados a esses pinos,
estende-se uma barra horizontal até a região de primeiro molar. Sobre esse reforço são
aplicados opacos específicos no sentido de mascarar o metal e não alterar a cor dos dentes.
Existem indicações específicas para o uso de reforço metálico: próteses unimaxilares, próteses
overdentures (sejam elas sobre raízes ou implantes) (Desenho 1), pacientes com histórico de
fraturas, pacientes com dificuldade motora, pacientes que optem por prótese com diastemas
anteriores, próteses com inserção baixa do frênulo lingual ou do frênulo labial anterior
(principalmente associado a diastema anterior) (Desenho 2) e próteses com base macia (seja
em resina resiliente ou silicone). Os autores indicam um reforço personalizado que não
interfira nas áreas do palato e lingual (Figuras 1.1 a 1.17).
Na fase 1, ou fase do planejamento, o uso de fichas específicas auxilia o profissional na
condução do planejamento. A seguir serão apresentadas algumas sugestões dessas fichas.
Figura 1.1 Na confecção do reforço metálico antes da acrilização é realizado um
teste de espaço disponível, através da colocação de um filete de cera na região dos
dentes.
Figura 1.2 Mufla fechada.

Figura 1.3 Observar a região amassada da cera indicando limitação de espaço nesta
região.
Figura 1.4 Desgastes nos dentes são realizados promovendo espaço suficiente para
o reforço.

Figura 1.5 Pinos de resina são testados no espaço dos dentes anteriores.
Figura 1.6 O enceramento da barra é completado e unido aos 6 pinos anteriores.

Figura 1.7 Reforço com o enceramento finalizado.


Figura 1.8 Peça pronta para a fundição.

Figura 1.9 Peça fundida em níquel-cromo.

Figura 1.10 Reforço finalizado.


Figura 1.11 O peso dos reforços normalmente está entre 3 e 4 gramas.

Figura 1.12 Kit Vipi-Tone STG® de opacificadores é utilizado para mascarar o reforço
no interior da prótese.
Figura 1.13 Aplicação do opaco da cor do dente nos 6 pinos anteriores.

Figura 1.14 O opaco é fotopolimerizado.


Figura 1.15 Aplicação do opaco rosa na região da barra.

Figura 1.16 O opaco é fotopolimerizado.


Figura 1.17 Reforço caracterizado pronto para ser fixado nos dentes no interior da
mufla.

Análise da necessidade de terapia estética


Em alguns casos clínicos pode haver necessidade de se realizar uma modificação estética na
•prótese antiga. Basicamente, são três as indicações para se fazer a terapia estética: Pacientes
com alto índice de exigência estética.
• Pacientes que necessitam de uma terapia no músculo orbicular do lábio devido à grande
reabsorção óssea anterior e, consequentemente, uma necessidade maior de suporte dos
lábios através da flange vestibular das prótese.
• Nos casos em que o profissional precisa trabalhar na estética para resolver dúvidas através
de comprovação clínica, visando melhorar o prognóstico do caso.

Se não houver necessidade de se realizar modificações estéticas diretamente na prótese


antiga, todas as alterações estéticas necessárias serão transferidas para o clone superior após a
moldagem funcional e, deste, para o plano de orientação superior, que irá orientar a montagem
dos dentes na nova proposta estética.

Ficha de anamnese Estas questões têm por finalidade conhecer sua história médico-
odontológica. Pedimos que responda as mesmas e, em caso de dúvida, ou se não quiser
responder algumas delas, deixe-as em branco.
1. Qual o principal motivo desta consulta? _________________________
2. Já teve alguma doença? (ex.: hepatite, meningite etc.) □ Sim □ Não Qual? _____________________________
3. Você já fez alguma cirurgia? ________________________________
□ Sim □ Não Especifique qual(is) e ano da realização: ____________________________
4. Já tomou anestesia geral?
□ Sim □ Não Se houve algum problema ou intolerância descreva: _____________________
____________________________
5. Já tomou anestesia em tratamento odontológico?
□ Sim □ Não Comente sobre eventuais problemas: ______________________________
______________________________
6. Já recebeu transfusão de sangue?
7. □ Sim □ Não Já foi internado alguma vez?
□ Sim □ Não Especifique o motivo: ________________________________________
8. Quando se machuca, existe dificuldade para cicatrização?
9. □ Sim □ Não Já teve hemorragias associadas a extrações dentárias, cirurgias ou traumatismos?
10. □ Sim □ Não Teve alguma complicação durante tratamento odontológico?
□ Sim □ Não Em caso afirmativo, descreva: ___________________________________
11. Você tem ou teve anemia?
12. □ Sim □ Não Tem ou teve problema de pressão arterial, coração, diabetes ou câncer?
□ Sim □ Não Especifique: _____________________________________________
13. Usa marca-passo?
14. □ Sim □ Não Tem algum parente com problemas de pressão, coração, diabete ou câncer?
□ Sim □ Não Especifique: _____________________________________________
15. Quando foi sua última visita ao médico? ________________________
16. Você está fazendo algum tratamento médico?
□ Sim □ Não Comente: ______________________________________________
17. Nome e telefone do(s) médico(s): ____________________________
_______________________________
18. Já sofreu desmaios?
□ Sim □ Não Comente: _________________________________
19. Você tem alergia a algum tipo de medicamento, alimento ou outras substâncias?
□ Sim □ Não Especifique: _________________________________
20. Está tomando algum tipo de medicamento?
□ Sim □ Não Qual(is)? Qual o motivo? _____________________________________
___________________________________
21. Você toma algum medicamento por conta própria?
□ Sim □ Não Se sim, qual(is)? __________________________________
___________________________________
22. Sendo mulher, há a possibilidade de estar grávida?
23. □ Sim □ Não Sendo mulher, está na menopausa?
24. □ Sim □ Não Você tem problema de coluna, problema articular ou dificuldade motora?
□ Sim □ Não Especifique: _____________________________________________
25. Você escuta estalos na articulação ao abrir e fechar a boca?
26. □ Sim □ Não Você tem algum hábito parafuncional? (ex.: roer unhas, fumar cachimbo, levar objetos à boca etc.) □ Sim □ Não Especifique:
_____________________________________________
27. Faz uso de algum tipo de droga? (ex.: álcool, tabaco etc.) □ Sim □ Não Especifique:
_____________________________________________
28. Você range ou aperta os dentes durante o dia ou a noite?
29. □ Sim □ Não Sente dificuldade para abrir a boca?
30. □ Sim □ Não Apresenta dificuldade para dormir?
31. □ Sim □ Não Como é seu sono? (ex.: tranquilo, interrompido etc.): _________________
32. Você dorme de travesseiro?
□ Sim □ Não Como ele é? (ex.: fino, espesso etc.) _______________________________
33. Seu colchão é ortopédico?
34. □ Sim □ Não Você ronca?
35. □ Sim □ Não Sente a boca seca?
36. □ Sim □ Não Sente a boca ou a língua arder?
37. □ Sim □ Não Já tomou vacina contra gripe?
38. □ Sim □ Não Já sofreu algum acidente em que tenha batido a boca?
39. □ Sim □ Não Você tem dores de cabeça?
□ Sim □ Não Com que frequência? Especifique a região: ______________________________
40. Pratica atividades físicas regulares?
□ Sim □ Não Quais, e há quanto tempo? _______________________________________
41. Quando foi sua última visita ao dentista? ___________________________
42. Quantas vezes você escova os dentes por dia? ________________________
43. Você está satisfeito(a) com o seu sorriso?
□ Sim □ Não Se não, por quê? ____________________________________________
44. Se portador de prótese removível total ou parcial, há quanto tempo usa e quantas já fez?
_________________________________________

São Paulo, ___ de ____________ de _____


Nome do paciente: ___________________________________________

Assinatura do paciente: ________________________________________

Ficha clínica A ficha clínica deve ser concisa, de fácil preenchimento e dela devem constar
as informações necessárias para que um bom planejamento seja realizado, além do
registro de informações necessárias para consulta durante os retornos.
PLANEJAMENTO CLÍNICO DA CLONAGEM TERAPÊUTICA EM PRÓTESE TOTAL
Paciente: _____________________________________________
Data: ____/____/____

Pressão: 1)____/____ 2)_____/_____ 3)_____/____ 4)____/_____

Queixa principal: Estética ( ) Mastigação ( ) Dor ( ) Falta de retenção ( ) Atitude mental: Receptivo ( ) Cético ( ) Histérico ( ) Passivo ( ) Exame clínico
extrabucal

Aumento gradativo da DVO: Sim ( ) Não ( ) Quanto? _____

Queilite angular: Sim ( ) Não ( )


Queilite solar: Sim ( ) Não ( )

Assimetria facial: Sim ( ) Não ( )

Falta de suporte labial: Sim ( ) Não ( )

Perfil: Classe I ( ) Classe II ( ) Classe III ( )

Forma do rosto: Triangular ( )

Ovoide ( )

Quadrado ( )

Exame clínico intrabucal

Língua: Saburrosa ( ) Geográfica ( ) Fissurada ( ) Pilosa ( )

Método de Turner: Normal ( ) Falta espaço posterior ( ) Falta espaço anterior ( )

Rebordo maxilar: Alto ( ) Médio ( ) Baixo ( ) Extremamente reabsorvido ( )

Rebordo mandibular: Alto ( ) Médio ( ) Baixo ( ) Extremamente reabsorvido ( )

Fase I – A maxila necessita:

Reembasamento: Sim ( ) Não ( )

Qual? Rígido ( ) Resiliente ( ) Condicionador ( )

Estomatite protética? Sim ( ) Não ( )

Hiperemia puntiforme ( ) Hiperemia difusa ( ) Hiperemia granular ( )

Tratamento antifúngico? Sim ( ) Não ( )

Cirurgia pré-protética? Sim ( ) Não ( )

Necessita de reforço metálico? Sim ( ) Não ( )

Recuperação da área basal? Sim ( ) Não ( )

Correção de bordo? Sim ( ) Não ( )

Base macia? Sim ( ) Não ( )


Observações ___________

____________________________
_______________________________
________________________________

Fase I – A mandíbula necessita:

Reembasamento: Sim ( ) Não ( )

Qual? Rígido ( ) Resiliente ( ) Condicionador ( )

Necessita de reforço metálico? Sim ( ) Não ( )

Estomatite protética? Sim ( ) Não ( )

Hiperemia puntiforme ( ) Hiperemia difusa ( ) Hiperemia granular ( )

Tratamento antifúngico? Sim ( ) Não ( )

Cirurgia pré-protética? Sim ( ) Não ( )

Recuperação da área basal? Sim ( ) Não ( )

Correção de bordo? Sim ( ) Não ( )

Base macia? Sim ( ) Não ( )

Observações ___________

_______________________________
__________________________________
___________________________________

Relações maxilomandibulares

DVR: ______ DVO inicial: ______ DVO final: ______


Distância intercondilar: P ( ) M ( ) G ( ) Ângulo de Bennett D ______º E ________º
Guia condilar D ______º E ________º

Dentes/gengiva
Marca dente ____________ Forma ___________ Cor ___________________
Tamanhos ____________________________________________
Caracterização de dentes: Não ( ) Sim ( ) Quais? ____________ Onde? _________
Cor da gengiva: _______________________________________________

Alterações estéticas
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________

Região para implantes sugeridos: ____________________________


Marca: _____________________________________________
Tamanho dos implantes: _____________________________
Tipo de conectores: _________________________________

Controles

24 horas ______________________________________
1 semana ______________________________________
1 mês ____________________________________
6 meses _______________________________________
1 ano _________________________________________

Sessões

1) ___________________________________________
2) ___________________________________________
3) ___________________________________________
4) ___________________________________________
5) ___________________________________________
6) ___________________________________________
7) ___________________________________________
8) ___________________________________________
9) ___________________________________________
10) ___________________________________________

Ficha de dados pessoais Nome completo:


_________________________________________________
Data de nascimento: ____/____/______ Naturalidade: ______________________

Nacionalidade: _______________ RG: _____________ CPF: ________________

Estado civil: ( ) solteiro ( ) divorciado ( ) viúvo ( ) casado – nome do cônjuge: _________________________

Mora sozinho(a)? ( ) sim ( ) não /acompanhado(a) de quem? ____________________

Indicado(a) por: ________________________________________________

Endereço residencial: ______________________________________________


Complemento: ________________ Bairro: ________________ CEP: __________

Cidade: _______________________ Estado: _________________________

Telefones: Residencial: ___________________ Fax: _______________________

Comercial: ____________________ Recado: _____________________

Celular: ______________________ (Outro): _____________________

E-mail: ______________________________________________

Profissão: _______________________________________

Local de trabalho: ________________________________________________

Endereço comercial: _______________________________________________

Complemento: _______________ Bairro: _______________ CEP: ____________

Cidade: _____________________ Estado: ____________________________

Data: ____/ ____/ ______ Assinatura: ________________________________

Bibliografia
ABBO, B.; RAZZOOG, M.E. Transferring the existing occlusal vertical dimension using a duplicate denture. J Prosth Dent,
v.98, July, p.68-69, 2007.
ANDREOPOULOS, A.G.; ENG C.; POLYZOIS, G.L. Repair of denture base resins using visible light-cured materials. J
Prosth Dent, v.72, n.5, Nov, 1994.
BOUCHER, C.O. Complete denture prosthodontics – the state the art. J Prosth Dent, v.92, n.4, Octob, p.309-315, 2004.
CARDOSO, E.I.; PARDI, G.; PERRONE, M.; SALAZAR, E. Estúdio de la eficácia del miconazol tópico (daktarin jalea oral)
em pacientes com estomatitis subprotesica inducida por Candida. Acta Odontol Venez, v.39, n.3, 2001.
COELHO, C.M.; ZUCOLOTO, S. Hiperplasia fibroepitelial inflamatória da cavidade oral. Rev Assoc Paul Cir Dent, v. 52, n.5,
p. 383-387, set/out. 1998.
CRAIG, R.G.; POWERS, J.M. Materiais dentários restauradores. 11a ed. São Paulo: Ed. Santos, 2004.
CREDDO, R.C.; BONACHELA, W.C.; VALLE, A.L.; BONFANTE, G.; ASCKAR, E.M. Desdentados – moldagem
funcional. Rev Assoc Paul Cir Dent, v.44, n.1, jan/fev, 1990.
CUCCI, A.L.M.; VERGANI, C.E.; GIAMPAOLO, E. T.; PAVARINA, A.C. BERCIAL, M.E. Resinas para reembasamento
imediato: resistência à tração e alongamento. Rev Odontol UNESP, v.27, n.1, p. 299-309, 1998.
CUNHA, C.C.; CORONATTO, E.A.S.; BATAGLION, C.; PEREIRA, A.C.C.I. Importância da terapia miofuncional na
reabilitação de paciente portador de prótese total. Rev Assoc Paul Cir Dent, v.57, n.2., mar/abr, 2003.
DARBAR, U.R.; HARRISON, A. Denture fracture – a survey. Brit Dent J, v.176, May, 1994.
ELLIS, J.S.; PELEKIS, N.D.; THOMASON, M. Convencional rehabilitation of edentulous patients: the impact on oral health-
related quality of life and patient satisfaction. Journal of Prosthodont, v.16, n.1, Jan/Feb, p.37-42, 2007.
ESPÓSITO, S.I. Esthetics for denture patients. J Prosth Dent, v.44, n.6, p. 608-15, Dec, 1980.
FERREIRA, A.B.H. Pequeno dicionário brasileiro da língua portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 10a ed,
1972.
FOLHA DE SÃO PAULO – 19/5/2004
GOMES, T.; GOMES, F.L.; MELLO, J.A.S.; CASTRO JR, O.V.C. Técnica de reparo em prótese total fraturada. Rev Odont
UNISA, v.4, n.2, Jul./dez, p.59-61, 1999.
GRANT, A.A, HEATH, J.R., MCCORD, J.F. Prótese odontológica completa– problemas, diagnóstico e tratamentos.
Capítulo 4: Resolvendo problemas. Rio de Janeiro: Medsi, 1996.
JOHNSON, D.L.; STRATTON, R.J. Fundamentos da prótese removível. Cap. Quarta consulta: a prova, pág. 421. Trad.
Patrícia Resende, São Paulo: Quintessence, 1988.
KIMOTO, S.; KIMOTO, K.; GUNJI, A.; KAWAI, Y.; MURAKAMI, H.; TANAKA, K.; SYU, K.; AOKI, H.; TOYODA,
M.; KOBAYASHI, K. Clinical effects of acrylic resilient denture liners appied to mandibular complete dentures on the alveolar
ridge. J Oral Reab, v.34, n.11, p.862-89, Nov, 2007.
LEDGER E. On preparing the mouth for the reception of a full pit of artificial teeth. Br J Dent SGI, v.1, p. 90, 1856.
LEMOS, M.M.C.; MIRANDA, J.L. Estudo clínico, microbiológico e histopatológico da estomatite por dentadura. Rev Bras
Patol Oral, v. 2, n.1, p.3-10, jan/mar, 2003.
MATSUMURA, H.; TANOUE, N.; KAWASAKI, K.; ATSUTA, M. Clinical evolution of a chemically cured hard denture
relining material. J Oral Rehab, v.28, n.7, p. 640-44, July 2001.
MC CORD, J.F; GRANT, A.A. Impression making. Brit Dent J, v.188, n. 9, p.484-92, May. 2000.
MC CORD, J.F.; GRANT, A.A. Tratamento pré-protético: Reabilitação protética. Britsh Dental Journal, v.38, n.138, April,
2000.
MISCH, C.E. Prótese sobre implantes. Cap. Razão para os implantes dentários, pág. 4. São Paulo: Ed. Santos, 2006.
NAVARRO, H.; ARAÚJO, N.S. Lesões decorrentes de prótese com câmara de sução: aspectos clínicos e terapêuticos com
comprovação histológica. RPG, v.2, n.3, jul/ago, p.161-67, 1995.
PLAINFIELD, S. Myofunctional therapy for complete denture patinents. J Prosth Dent, v. 38, n.2, Aug, p.131-37, 1977.
PRADO, C.J.; GONÇALVES, L.C.; GOMES, V.T. Uma técnica para a confecção de reforço para prótese removível total.
PCL, v.3, n.12, p.147-154, mar/abril, 2001.
RUYTER, L.E.; SVENDSEN, C. Flexural properties of denture base polymers. J Prosth Dent, v.1, n. 43, Jan, p.95-104, 1980.
SATO, Y.; HOSOKAWA R.; TSUGA, K.; YOSHIDA, M. Immediate maxillary denture base extension for posterior palatal
seal. J Prosth Dent, v. 83, n.3, p.371-373, March 2000.
SCOTT, B.J.J.; FORGIE A.H.; DAVIS, D.M. A study to compare the oral health impact profile and satisfaction before and
after having replacement complete dentures constructed by either the copy on the conventional technique. Gerodont, v.23,
p.79-86, 2006.
SILVA, J.M.B.; KIMPARA, E.T. Disfunção temporomandibular em portadores de próteses totais. Revista EAPAPCD, v.1, n.1,
dez 1999.
SOUZA; R.F.; PATROCÍNIO, L.; PERO, A.C.; MARRA, J.; COMPAGNONI, M.A. Reliability and validation of a Brazilian
version of the oral health impact profile for assessing edentulous subjects. J Oral Reab, v.34, n.11, Nov, p.821-26, 2007.
WALBER, L.F.; RADOS, P.V. Estudo comparativo de tratamento da estomatite protética pelo reembasamento ou substituição
das próteses totais. Rev Fac Odontol Porto Alegre, v.41, n.1, p.22-28, jul, 2000.
WEINTRAUB, G. S. Establishing the posterior palatal seal during the final impression procedure: a functional approach. J Amer
Dent Assoc, v.94, n.3, March, p.507-510, 1977.
ZAPPINI, G.; KAMMANN, A.; WACHTER, W. Comparison of fracture tests of denture base materials. J Prosth Dent, v.90,
n.6, p.578-85, Dec, 2003.
Capítulo 2
Fase 2 – Terapia

Após identificar, na fase do planejamento, as terapias a serem executadas, deve-se seguir


•uma sequência lógica na execução dessas terapias: Consertos.
• Recuperação da área basal.
• Reembasamentos.
• Cirurgia pré-protética.
• Restabelecimento gradual da dimensão vertical de oclusão (DVO).
• Reposicionamento mandibular no sentido horizontal.
• Correções estéticas na prótese antiga.

Consertos
As resinas acrílicas de próteses totais são suscetíveis a fraturas após um período de uso
clínico. Muitas são as causas dessas fraturas, entre elas quedas e problemas oclusais.
Os consertos devem ser priorizados na terapia e, de preferência, realizados na primeira
sessão. Fraturas interferem no selamento periférico quando atingem a área basal, diminuindo a
retenção e estabilidade, e interferem na estética quando comprometem os dentes. O ideal é que
o conserto seja realizado no consultório, para que o paciente não fique sem sua prótese ou
tenha de usar uma prótese antiga. Dominar uma técnica correta de conserto e realizá-la no
consultório permite ao paciente, já no início do tratamento, comprovar uma melhora de suas
próteses, aumentando a confiança no profissional. O conserto de próteses que ainda apresentam
boas condições de uso pode ser realizado com resina acrílica de auto ou termopolimerização,
e a polimerização deve ser planejada para se obter uma resina de alta qualidade, com
polimento suficiente para dar durabilidade à prótese (Figuras 2.1 a 2.33).
No Fluxograma 2.1 é apresentado o protocolo de conserto da área basal.
Fluxograma 2.1 Protocolo de conserto da área basal.

Sequência de conserto de uma prótese fraturada


Figuras 2.1A e B Prótese fraturada envolvendo área incolor e caracterizada.

Figura 2.2 Materiais necessários para conserto.

Figura 2.3 Atualmente o silicone de laboratório substitui o gesso nos consertos.


Figura 2.4 A cola instantânea é usada quando é possível unir os dois pedaços na
posição original.

Figura 2.5 Análise da possibilidade de unir o pedaço na sua posição original.


Figura 2.6 São realizados traços de referência para não colar fora da posição
original.

Figura 2.7 Traços de referência já executados.


Figura 2.8 Os traços servem para guiar a colagem na posição correta.

Figura 2.9 Aplicação da cola instantânea.


Figura 2.10 União das partes fraturadas.

Figura 2.11 Colagem executada na posição original.

Figura 2.12 Guias de quantidade de catalisador impressas no silicone.


Figura 2.13 Catalisador sendo depositado nas guias impressas no silicone pela pá
dosadora.

Figura 2.14 Após a homogeneização do silicone, este é modelado para copiar a


parte interna da prótese.
Figura 2.15 Modelagem finalizada.

Figura 2.16 Após a cura do silicone separa-se o modelo da prótese.


Figura 2.17 Promove-se um desgaste em bisel da área de fratura.

Figuras 2.18A e B Biséis finalizados nas áreas externa e interna da linha de fratura.
Figura 2.19 Um filete de cera forma uma barreira protegendo o ataque do monômero
nas áreas que não pertencem ao conserto.

Figura 2.20 Preparo da resina transparente (Palato STG®).


Figuras 2.21A e B A resina transparente é acomodada na área delimitada.
Figura 2.22 Leva-se a polimerizadora termopneumática a 60 graus e 60 libras por 15
minutos.

Figura 2.23 Resina Palato STG® polimerizada ainda com a barreira de proteção.
Figura 2.24 Conserto do palato após acabamento e polimento.

Figura 2.25 O conserto da área vestibular caracterizada inicia-se pela seleção,


através da escala de gengiva, das cores de caracterização da prótese.
Figura 2.26 Utiliza-se no conserto o mesmo kit de caracterização STG® usado na
caracterização da prótese.

Figura 2.27 São selecionadas as cores utilizadas na caracterização da gengiva da


prótese.
Figura 2.28 Uma mistura dos pigmentos é preparada, utilizando-se monômero
autopolimerizável e termopolimerizável na proporção 3 para 1.
Figuras 2.29A-C A mistura é aplicada na área do conserto, e novamente leva-se a
polimerizadora termopneumática a 60 graus e 60 libras por 15 minutos.

Figura 2.30 Conserto da área vestibular após acabamento e polimento.


Figura 2.31 Comparação da cor da resina do conserto com a da escala de gengiva
STG® selecionada.
Figuras 2.32 e 2.33 Área interna após o conserto. A região reparada após um
conserto deve ser imperceptível.

Recuperação da área basal


Se houver necessidade de recuperação da área basal, esta deve ser realizada antes do
reembasamento direto. Se a prótese antiga estiver com uma área basal pouco aproveitada,
jamais conseguiremos um reembasamento direto adequado sem antes recuperar a área basal.
Os materiais reembasadores diretos, devido ao seu alto escoamento, não possuem “corpo”
suficiente para atingir a área basal adequada se não estiverem sendo suportados por resina
rígida, o que pode resultar em áreas afinadas, com grande possibilidade de levar ao
aparecimento de úlceras traumáticas, fraturas ou desprendimento do material reembasador. A
recuperação da área basal é realizada através de uma moldagem anatômica, com a obtenção de
um modelo de estudo, delimitação da área basal planejada, isolamento do modelo, adaptação
da prótese antiga sobre o modelo e acréscimo com resina de rápida polimerização um pouco
aquém (em torno de 2 mm) da área basal. Essa subextensão de 2 mm permitirá um espaço para
o extravasamento do material reembasador, para que, após o reembasamento, a área basal
esteja próxima da área delimitada planejada e as bordas da prótese arredondadas (Figuras
2.34 a 2.68).
Figuras 2.34A-C Materiais necessários para a moldagem anatômica e recuperação
da área basal.
Figuras 2.34D e E Para evitar a evaporação do monômero, deve-se utilizar um pote
de vidro com tampa.
Figura 2.35 Moldagem anatômica da mandíbula.

Figura 2.36 Molde anatômico de gogiva.


Figura 2.37 Molde preenchido com gesso comum espatulado com água gessada
para acelerar a cristalização.

Figura 2.38 Umidificação do gesso em água fria para evitar que a godiva grude no
modelo na separação.

Figura 2.39 O uso de um ebulidor elétrico aquece rapidamente a água usada para
separar o molde do modelo.
Figura 2.40 Modelo anatômico mandibular.

Figura 2.41 Lápis cópia utilizado para delimitar a área basal.


Figura 2.42 Delimitação da área basal com uma linha contínua e uma linha tracejada
que corresponde a uma área basal reduzida em torno de 2 mm.

Figura 2.43 Testando a adaptação da prótese mandibular antiga ao modelo


anatômico.

Figura 2.44 Uso de um carbono fino (Accufilm®) para a análise das áreas que
interferem no assentamento da prótese ao modelo.
Figura 2.45 Marcas de carbono transferidas para a prótese.

Figura 2.46 Desgaste das áreas marcadas com carbono.


Figuras 2.47A e B Prótese completamente assentada sem básculas sobre o modelo.

Figuras 2.48A e B Análise da área basal da prótese e do modelo. Observar a falta


de aproveitamento da área posterior na prótese antiga.

Figura 2.49 Identificação de excesso de resina na escultura lingual posterior


esquerda interferindo na posição da língua.

Figura 2.50 O excesso de resina da área lingual esquerda foi desgastado.


Figura 2.51 Isolamento do modelo anatômico.

Figura 2.52 Espátulas utilizadas para o aumento da área basal no modelo anatômico.
Figura 2.53 Acréscimo de resina de rápida polimerização diretamente no modelo
anatômico nas áreas subestendidas da prótese antiga.
Figuras 2.54A-C A resina é acrescentada até a linha tracejada que corresponde a
uma área 2 mm aquém da área basal planejada.

Figuras 2.55A e B Marcação com lapiseira de frênulos e bridas que possam interferir
nos movimentos funcionais.
Figuras 2.56 e 2.57 Desgastes das regiões demarcadas dos frênulos e das bridas.

Figura 2.58 O dentista confere se os desgastes foram suficientes para a motricidade


dos frênulos e das bridas durante o reembasamento direto.

Figura 2.59 Carregando a prótese com resina específica para reembasamento


direto.

Figura 2.60 Paciente executando os movimentos linguais funcionais enquanto a


prótese é estabilizada pelo profissional.
Figura 2.61 Solicita-se para o paciente entrar em oclusão e procede-se os
movimentos funcionais vestibulares.
Figuras 2.62A-C Prótese com a área basal recuperada.

Figura 2.63 Pequena área hiperemiada no controle de 3 dias.


Figura 2.64 O ajuste é realizado secando a área inflamada com jato de ar.

Figura 2.65 Marcação da área com um pouco da pasta branca de óxido de zinco e
eugenol.

Figura 2.66 Assentamento da prótese e pressão manual.


Figura 2.67 Transferiu-se para a prótese a área responsável pela inflamação.

Figura 2.68 Desgaste da região responsável pela inflamação.

Reembasamentos
Quando necessários, podem ser feitos reembasamentos diretos, que são realizados no
•consultório. São indicações para o reembasamento direto: Devolver retenção e estabilidade à
prótese.
• Eliminar estomatites protéticas que são inflamações causadas pelo uso de próteses.
• “Engrossar” a borda da prótese.
• Eliminar ou diminuir hiperplasias.
• Minimizar as forças oclusais após cirurgias de implantes ou pré-protéticas.

Após o reembasamento, aumentam-se os pontos de contato entre a mucosa e a prótese,


melhorando, assim, a retenção e a estabilidade e promovendo mais confiança ao paciente.
A indicação de um reembasamento terapêutico é imprescindível na presença de inflamação
na mucosa. Além do reembasamento, o paciente deve ser orientado quanto à higienização da
prótese e, quando da presença de Candida albicans, uma terapia antifúngica deve ser indicada.
Somente após a eliminação completa da inflamação pode-se realizar a moldagem funcional.
O reembasamento com a intenção de minimizar as forças oclusais sobre o rebordo é
realizado com resinas resilientes ou silicone e possibilita maiores chances de sucesso na
osseointegração de implantes dentários, melhorando o conforto do paciente e evitando
hiperplasias, que ocorrem quando a prótese somente é aliviada na região dos implantes.
Também deve-se indicar um reembasamento antes de cirurgias pré-protéticas quando há
presença de hiperplasia, com o intuito de eliminála, evitando a cirurgia, ou diminuí-la em seu
tamanho, tornando a cirurgia menor e menos cruenta.

Reembasamento Direto Seletivo


Propomos, para fazer um reembasamento direto, uma nova técnica, utilizando a filosofia da
moldagem funcional do tipo seletiva, a qual aplicamos há muito tempo no consultório com
excelentes resultados. Em muitas situações clínicas, após um reembasamento direto, as
próteses adquirem uma posição mais para frente e para baixo em relação a posição inicial,
resultando em uma maior exposição da gengiva artificial e, consequentemente, um aumento da
DVO. Isso pode ser evitado ou minimizado com a técnica do Reembasamento Direto Seletivo.
A proposta dessa técnica consiste em seguir dois tópicos básicos: 1. Utilizar o material
reembasador em uma fase anterior à fase plástica (mais fluido).
Ao reembasarmos utilizando o reembasador em uma fase anterior à plástica, o material
estará mais fluido e consequentemente escoará mais, e também exercerá uma menor pressão
sobre os tecidos. A ideia é usar o material reembasador da mesma maneira que são utilizados
os materiais fluidos para moldagens funcionais, suportados pela moldeira individual. Nesta
técnica, após a introdução e a compressão inicial, devemos esperar com a prótese na boca o
material atingir a fase plástica, quando removeremos a prótese e recortaremos todo o excesso,
para novamente retornar à boca e proceder a simulação dos movimentos funcionais com o
material ainda na fase plástica.
2. Promover desgastes internos específicos, tomando como referência o tipo da mucosa de
revestimento.
Os desgastes internos, que precedem o Reembasamento Direto Seletivo, seguem a mesma
filosofia aplicada na Técnica Mioestabilizada. Inicialmente, toda parte interna da prótese é
desgastada 1 mm para promover um mínimo de espaço para o material reembasador. O restante
•dos desgastes são feitos após a análise das áreas indicadas para serem aliviadas: Áreas
flácidas – As áreas flácidas não devem ser deformadas. Quanto mais consistente o material, e
quanto mais próxima a prótese estiver da mucosa durante o reembasamento, maiores serão as
deformações das áreas flácidas. Se a flacidez for muito grande, deve-se fazer pequenas
perfurações com broca esférica na região que ficará em contato com as áreas flácidas para
promover um escoamento do material pelos orifícios e diminuir ainda mais a pressão do
material reembasador sobre os tecidos.
• Áreas duras circunscritas por mucosa de revestimento não dura – O torus é um exemplo
de região a ser aliviada, se tiver áreas de mucosa resiliente ou flácida ao seu redor.
• Áreas sensíveis – Espículas ósseas e forames mentuais sensíveis à palpação são alguns
exemplos de áreas que devem ser aliviadas para diminuir a pressão nessas regiões durante o
reembasamento direto.

A quantidade de alívio necessária deve seguir as mesmas regras para uma moldagem do tipo
•seletiva: O alívio das áreas flácidas deve ser um pouco maior do que a sua deformação.
• O alívio das áreas duras deve ser feito na área dura um pouco a mais do que a resiliência
das áreas vizinhas.
• O alívio das áreas sensíveis deve ser feito nas áreas sensíveis um pouco a mais do que a
resiliência das áreas circunvizinhas.

O Reembasamento Direto Seletivo visa manter a DVO e também equalizar as forças sobre
os tecidos durante o reembasamento. Ao transferir a filosofia da moldagem seletiva para
reembasamento, evita-se deformar áreas flácidas, pressionar áreas sensíveis e possíveis
básculas da prótese por sobrecompressão de mucosas duras circunscritas por mucosas
resilientes, mantendo a mucosa de revestimento em condições fisiológicas e estáveis até o
momento da moldagem funcional seletiva. Se após o reembasamento a prótese for duplicada e
realizarmos a mesma filosofia de desgastes internos no clone, no momento da moldagem
funcional, estaremos mais próximos de obter uma maior retenção da prótese, pois estaremos
mantendo os tecidos em posições estáveis desde o ato do reembasamento até a entrega da
prótese nova, obtendo-se, assim, um maior número de pontos de contato entre a prótese e a
mucosa de revestimento e, consequentemente, maior retenção e estabilidade (Figuras 2.69 a
2.81).

Cirurgia pré-protética
Algumas vezes, antes da confecção da prótese total, uma cirurgia é indicada. Próteses com
bordas finas e cortantes, com instabilidade e falta de retenção, podem levar à formação de
hiperplasias. A falta de estabilidade da prótese pode estar relacionada com o aproveitamento
insuficiente da área basal, oclusão incorreta, falhas na moldagem, erros na dimensão vertical e
no posicionamento da mandíbula no sentido horizontal. Antes da cirurgia pré-protética o
reembasamento é indicado no sentido de diminuir a inflamação, de modo a reduzir a
hiperplasia e tornar a cirurgia menos cruenta. Na região da hiperplasia fibrosa inflamatória
papilomatosa, resultante de câmara de vácuo, devem ser realizados reembasamentos parciais
até o preenchimento total da câmera com resina acrílica. Embora exista normalmente uma
redução da hiperplasia, histologicamente as células ainda se apresentarão alteradas,
necessitando de indicação cirúrgica.

Figura 2.69 Marcação da região da ação do frênulo labial anterior para posterior
desgaste.

Figura 2.70 Marcação da região da ação do frênulo lateral para posterior desgaste.
Figura 2.71 O desgaste das áreas flácidas é um pouco maior do que suas
deformações.

Figuras 2.72A e B Somente devem ser usadas resinas específicas para o


reembasamento direto.

Figura 2.73 Material necessário para o reembasamento direto.

Figura 2.74 Umedecimento da parte interna da prótese com o líquido do


reembasador.
Figuras 2.75A-C Após carregar a prótese com a resina e a compressão do material,
faz-se os movimentos funcionais iniciais com a boca aberta.
Figura 2.76 Pede-se para o paciente ocluir.

Figura 2.77 Ainda em oclusão, pede-se para o paciente realizar movimentos


funcionais.
Figura 2.78 Os movimentos funcionais também podem ser complementados pelo
profissional.
Figuras 2.79A-D Prótese maxilar reembasada. Notar que no Reembasamento Direto
Seletivo, as áreas de maior compreensão (que foram menos aliviadas) apresentam
finíssimas espessuras de material reembasador.
Figura 2.80 Notar a recuperação da área basal posterior.

Figura 2.81 Vista frontal da prótese reembasada; notar o recorte funcional do frênulo
labial anterior.

Outra indicação para cirurgia pré-protética é a presença de áreas retentivas bilaterais que
possam impedir um eixo de inserção da prótese, resultando em perda do aproveitamento da
área basal. Na mandíbula, muitas vezes, a região lingual posterior apresenta-se retentiva.
Normalmente essa retenção pode e deve ser aproveitada, alterando-se o eixo de inserção de
posterior para anterior, se a região anterior permitir, usando essa retenção bilateral
favoravelmente na estabilidade da prótese. Já retenções bilaterais do tuber da maxila não
permitem um eixo de inserção para o correto aproveitamento da área basal, em geral,
necessitando uma correção cirúrgica, mesmo que unilateral.

Restabelecimento gradual da DVO


É indicado para os casos em que houve grande perda da altura do terço inferior da face, e
para os casos em que o paciente apresenta sintomatologia de disfunção temporomandibular
(DTM) por perda de dimensão vertical. A recuperação gradativa da DVO promove uma
readaptação muscular gradual, e permite alterar a imagem do paciente aos poucos,
minimizando o impacto visual drástico que ele teria com a troca por próteses novas em uma
dimensão vertical muito maior. Um achado clínico que muitas vezes indica a perda de DVO é a
queilite angular, associada ou não à infecção por Candida albicans.
A recuperação da DVO só deve ser iniciada com um bom aproveitamento da área basal.
Próteses subestendidas devem primeiramente ter suas áreas basais recuperadas para depois se
recuperar a DVO. A tonicidade muscular decresce com a idade e com a perda da DVO. O
restabelecimento da DVO aumenta a força mastigatória, por isso, necessita uma área basal
adequada, permitindo um apoio melhor à nova DVO planejada. Para a nova DVO ser aceita,
deve ser avaliada quanto aos seus requisitos estéticos, fonéticos e fisiológicos. Não existe um
método infalível para determinar com precisão a DVO. O ideal é a combinação de vários
métodos (fonético, da aparência facial, métricos, registros pré-extrações e julgamento pela
experiência profissional).
No caso da DVO da prótese antiga estar boa, ou muito próxima (faltando em média 2 a 3
mm) e o paciente não apresentar DTM, não há necessidade de uma terapia de aumento da DVO
na prótese antiga. A recuperação da DVO poderá ser restabelecida durante o procedimento do
registro de mordida no clone mandibular, usando-se como referência o compasso de Willis
fixado na nova DVO planejada.
Procedimento: o restabelecimento da DVO será realizado diretamente na prótese através de
resina quimicamente ativada na superfície oclusal dos dentes. Inicialmente deve-se asperizar
as oclusais dos dentes da prótese inferior. Pode-se optar por fazer retenções com uma broca
esférica pequena, porém a resina áspera já terá uma adesão química suficiente à nova resina.
Prepara-se resina de rápida polimerização da cor do dente em um pote de vidro. Após a
mistura do pó e líquido, deve-se acrescentar sobre a massa acrílica uma quantidade extra de
monômero. Esse excesso de monômero servirá como barreira mecânica entre o ar e a massa
acrílica, resultando em zero de evaporação e permitindo que todos os polímeros sejam
incorporados pelo monômero. Além de melhorar a qualidade da resina, o “excesso” de
monômero aumentará o tempo de trabalho. Os dentes da prótese superior deverão ser
lubrificados com vaselina em pasta. Atingida a fase plástica, acrescenta-se resina nas oclusais
dos dentes pré-molares e molares e a prótese mandibular é introduzida na boca. Com uma
manipulação não forçada da mandíbula, o paciente é instruído para fechar lentamente a boca
até a nova DVO predeterminada pelo compasso de Willis. Após a polimerização da resina, os
pontos mais profundos registrados (correspondentes às cúspides palatinas dos dentes
superiores posteriores) são demarcados com grafite. Planifica-se a oclusal respeitando as
marcações em grafite e, consequentemente, não alterando a nova DVO planejada. A superfície
plana funcionará como uma placa miorrelaxante, pois permitirá movimentações da mandíbula
no sentido horizontal anteroposterior e laterolateral promovendo um reposicionamento
fisiológico. A superfície plana dos dentes permitirá uma ação tônica bilateral dos músculos da
mastigação e, através desse mecanismo, a recondução mandibular para uma posição mais
estável (Figuras 2.82 a 2.93).

Figura 2.82 A prótese mandibular abaixo da linha úmida-seca do lábio sugere uma
DVO diminuída.

Figura 2.83 Mensuração da DVO da prótese antiga com o uso do compasso de


Willis para planejamento da nova DVO.
Figura 2.84 Após a determinação da nova DVO, promove-se um desgaste leve na
oclusal dos dentes.
Figuras 2.85A e B Materiais necessários para a recuperação da DVO.

Figura 2.86 A resina da cor do dente é acrescentada na fase plástica sobre as


superfícies oclusais.

Figura 2.87 O paciente é orientado para fechar a boca até a nova DVO
preestabelecida.
Figura 2.88 Prótese mandibular com a DVO restabelecida.

Figura 2.89 Os excessos laterais devem ser removidos deixando uma superfície
plana e sem alterar a nova DVO.
Figura 2.90 Perfil antes da recuperação da DVO.

Figura 2.91 Perfil após recuperação da DVO.


Figura 2.92 Paciente de frente com a DVO da prótese antiga.

Figura 2.93 Paciente de frente com a DVO recuperada.

Nessa reposição muscular espera-se que a mandíbula estabilize-se em relação cêntrica.


Entretanto, algumas articulações temporomandibulares estruturalmente deformadas podem
funcionar confortavelmente, embora elas não preencham os requisitos de uma relação cêntrica.
Vários desarranjos internos das articulações temporomandibulares suportam carga com
conforto. Essa posição da ATM é denominada de PCA (postura cêntrica adaptada).
Os autores acreditam que principalmente em pacientes que sofreram muitas intervenções
odontológicas, como são os casos de portadores de próteses totais, a reabilitação em PCA
estável e assintomática dentro de uma DVO correta reabilita funcionalmente esses pacientes.

Reposicionamento mandibular no sentido horizontal


É indicado para o paciente com DVO muito diminuída, com uma oclusão excêntrica ou com
sintomatologia de DTM.
O reposicionamento mandibular será obtido através da confecção de uma superfície plana na
oclusal dos dentes da prótese antiga, restabelecendo o relacionamento da maxila e da
mandíbula no sentido horizontal. Ao relacionar a mandíbula com a maxila corretamente,
minimiza-se a possibilidade de registrar uma mordida habitual viciada excêntrica, e muitas
vezes protruída, através da contração dos músculos pterigoideos laterais, evitando-se assim
uma remontagem do modelo inferior no articulador.
Como visto anteriormente, esse reposicionamento mandibular é obtido da mesma forma que
no paciente dentado que usa um dispositivo interoclusal (placa miorrelaxante), apenas com a
diferença de que se promove uma superfície oclusal plana na própria prótese. Alguns autores
indicam o uso de uma placa miorrelaxante sobre a prótese, mas esta irá aumentar a largura
vestibulolingual, interferindo no apoio muscular (lábios e língua), diminuindo o conforto e
prejudicando a estética. Além disso, a resina acrílica ativada quimicamente sofre alterações
dimensionais e pode resultar em dificuldades de retenção da placa à prótese, ou a presença de
básculas, que dificultaria o reposicionamento mandibular. Também não há vantagem nenhuma
em se ter uma placa removível, pois, muitas vezes, devido ao prejuízo estético, o paciente
acaba retirando-a em algumas situações sociais. A justificativa de que ao aumentar demais a
DVO o paciente poderia remover a placa não procede, pois, clinicamente, é muito difícil, ao
realizar o aumento gradativo da DVO, de aumentar até esse ponto. O que normalmente acontece
é restabelecer até um ponto em que o paciente estiver com uma estética e função satisfatória e
parar o restabelecimento. Por isso, os autores acreditam que só haja vantagens em restabelecer
a DVO em resina acrílica de rápida polimerização da cor dos dentes sobre a oclusal dos
dentes em relação ao uso de uma placa: melhor estética, não altera a largura vestibulolingual
dos dentes, é mais estável, o paciente não consegue remover e é mais confortável.
Esse reposicionamento mandibular no sentido horizontal torna-se sempre necessário,
independentemente da DVO da prótese antiga, naqueles pacientes com DTM, já que é
necessário promover uma superfície oclusal plana para um reposicionamento da cabeça da
mandíbula na fossa articular. Somente após a remissão dos sintomas pode-se dar continuidade
ao tratamento, com a vantagem de que, ao clonar as próteses, pode-se reproduzir a posição da
mandíbula nos sentidos vertical e horizontal que clinicamente promoveram a remissão dos
sintomas da DTM.
Correções estéticas na prótese antiga
A indicação de corrigir a estética de uma prótese antiga pode ser realizada quando o
paciente tem uma alta exigência estética, quando se necessita promover uma terapia nos
músculos peribucais em pacientes com grande perda de suporte labial e, também, quando as
alterações estéticas forem grandes a ponto de existirem dúvidas quanto ao planejamento
proposto. Outra indicação para corrigir a estética é a mordida aberta, que aparece quando há
um grande restabelecimento da DVO na prótese antiga, e que irá resultar em comprometimento
estético e fonético.
Basicamente existem duas maneiras de se realizar as alterações estéticas: pela técnica direta
e pela técnica indireta.
A técnica direta consiste em acrescentar resina da cor do dente diretamente sobre os dentes
da prótese antiga ou acrescentar dente(s) a uma prótese parcial removível (PPR) que está
sendo transformada em uma prótese total. O acréscimo de resina nas áreas vestibulares dos
dentes pré-fabricados supõe bom adestramento e conhecimento anatômico, para reesculpir
esses dentes, e uso de materiais de abrasão e polimento adequados, para restabelecer o brilho
e a textura ideal da resina acrílica. Uma outra alternativa direta é a de fixar facetas de resina
nas áreas vestibulares dos dentes (facetas estéticas pré-fabricadas – VIPI®), mas esse
procedimento nem sempre supre as necessidades do caso pois os dentes antigos precisam ser
de largura próxima às das facetas selecionadas.
A técnica indireta consiste em esculpir, em cera sobre os dentes anteriores, todas as
alterações estéticas necessárias e, após a prova na boca e confirmação clínica das alterações,
confeccionar um guia de silicone extraduro de laboratório sobre o enceramento. Após a cura
do silicone, remove-se o guia, toda a cera da prótese e carrega-se o guia com resina da cor do
dente selecionada, encaixando-se na prótese, transformando o que era cera em resina. Esse
procedimento tem como vantagem um tempo maior para o enceramento do que o tempo
limitado de trabalho da polimerização da resina no caso da técnica direta.
Se alterações estéticas não são indicadas previamente na prótese antiga, as alterações
planejadas para a prótese nova devem ser anotadas na ficha clínica, demarcadas
posteriormente no clone, transferidas para o plano de orientação, comprovadas na prova dos
dentes em cera e consolidadas na prótese nova.
Veja, a seguir, um caso em que alterações estéticas foram realizadas na prótese antiga
através da técnica direta (Figuras 2.94 a 2.100) e outro em que as alterações estéticas foram
realizadas através da técnica indireta (Figuras 2.101 a 2.109).
Figura 2.94 Os dentes apresentam-se desgastados no lado direito da prótese
maxilar antiga.

Figura 2.95 Seleciona-se uma resina autopolimerizável similar à cor do dente da


prótese.
Figura 2.96 Com a resina na fase plástica acrescenta-se sobre os dentes
desgastados.

Figura 2.97 A curva anteroposterior está em desarmonia.


Figura 2.98 A curva é regularizada através de desgaste.

Figura 2.99 Curva regularizada.


Figuras 2.100A e B Sorriso antes (A) e após as modificações realizadas (B). Notar o
grande desvio da linha mediana na prótese antiga, que será corrigido posteriormente
na prótese nova.

Figura 2.101 Sorriso da paciente antes das alterações estéticas.


Figura 2.102 Prótese antiga da paciente antes das alterações estéticas. Observar
grande desgaste dos dentes e que a prótese já foi reembasada o que melhorou a
espessura da borda anterior.

Figura 2.103 Escultura dos dentes realizada com cera 7.


Figura 2.104 Prova da escultura dos dentes em boca.

Figura 2.105 Muralha de silicone após cópia do enceramento e remoção da prótese.


Figura 2.106 Colocação de resina da cor do dente autopolimerizável no interior do
guia de silicone.

Figura 2.107 Retorno da guia de silicone com a resina na fase plástica para a
prótese após a remoção de toda a cera.

Figura 2.108 Estética em resina transferida para a prótese.


Figura 2.109 Sorriso da paciente após as alterações estéticas.

Bibliografia
ATES, M.; ÇILINGIR, A.; SULUM, T.; SUNBULOGLU, E.; BOZDAG, E. The effect occlusal contact localization on the
stress distribution in complete maxillary denture. J Oral Reab, v.33, n.7, jul, p.509-13, 2006.
BATISTA, J.M.; BIRMAN, E.G.;CURY, A.E. Susceptibilidade a antifúngicos de cepas de Candida albicans isoladas de
pacientes com estomatite protética. Rev Odontol USP, v.13, n.4, p.343-348. out./dez 1999.
DAWSON, P.E. J Prosth Dent, v.64, n.6, p.619-627, 1995.
FIGUEIRAL, M.H.; AZUL, A.; PINTO, E.; FONSECA, P.A.; BRANCO, F.M.; SCULLY, C. Denture-related stomatitis:
identification of aetiological and predisposing factors – a large cohort. J Oral Reab, v.34, n.6, p.448-55, jun, 2007.
GOMES, T., CASTRO Jr., O.V.; GOMES, F.L.; MELLO, J.A.S. Técnica de reparo em prótese total fraturada. Rev Odont
UNISA, v.4, n.2, p.59-61, jul/dez, 1999.
IKEBE, K.; MORII, K.; MATSUDA, K.; HATA, K.; NOKUBI, T. Association of Candida activity with denture use and
salivary flow in symptom-free adults over 60 years. J Oral Reab, v.33, n.1, p. 36-42, Jan, 2006.
KAVALESKI, W.C. Influence of occlusal splints on jaw position and musculature in patients with temporomandibular joint
dysfunction. J Prosht Dent, v.33, p.321, 1975.
KRAJICEK, D.D. Dental art in prosthdontics. J Prosth Dent, v.21, n.2, p122-131, Feb, 1969.
KULAK, Y.; ARIKAN, A.; KAZAZOGLU, E. Existence of Candida albicans and microorganisms in denture stomatitis
patients. J Oral Reab, v.24, p.788-790, 1997.
MAGRI, D.A.W.; GOMES, F.L.; GOMES, T. Prótese total em três sessões clínicas: uma alternativa inovadora. Estética
Contemporânea. São Paulo: Ed. Santos, v.1, n.2, p.161-166, 2000.
MISCH, C.E. Prótese sobre implantes. Cap. 1 – Razão para os implantes dentários. São Paulo: Ed. Santos, 1a ed. 2006, São
Paulo-SP.
NOGUEIRA, S.S. O método da respiração para o estabelecimento da D.V. em desdentados totais. Rev Brás Odontol, v.50, n.6,
nov/dez, p.46-50, 1993.
POULOPOULOS, A.; BELAZI, M.; EPIVATIANOS, A.; MARRA, J.; VELEGRAKI, A.; RACHED, R.N.; POWERS, J.M.;
DEL BEL CURY, A.A., T. The role of Candida in inflammatory papillary hyperplasia of the palate. J Oral Reab, v.34, n.9,
Sept, p.685-92, 2007.
RACHED, R.N.; POWERS, J.M.; DEL BEL CURY, A.A. Repair strength of autopolymerizing, microwave, and convencional
heat-polymerized acrylic resins. J Prosth Dent, v.92, n.1, p.79-82, July, 2004.
SHANAHAN, T. Physiologic vertical dimension and centric relation. J Prosth Dent, v.91, n.3, March, p.206-09, 2004.
SILVA, F.A.; SILVA, W.A.B. Reposicionamento mandibular. Rev APCD, v.44, n.5, set/out, p. 283-286, 1990.
Capítulo 3
Fase 3 – Execução: da Clonagem à Instalação da Prótese

Protocolo de execução
1. Confecção do clone.
2. Prova do clone na boca do paciente. Instalar o clone na boca do paciente e promover um
ajuste oclusal procurando obter contatos bilaterais simultâneos em oclusão.
3. Abertura de frênulos e bridas e recuperação da borda do clone maxilar e mandibular
(se não foi realizado na fase da terapia). Promover a abertura do frênulo labial anterior, dos
frênulos laterais e das bridas. A recuperação da borda é realizada com resina foto para
moldeira individual.
4. Registro oclusal. Fixar godiva de alta temperatura de plastificação ou resina
fotopolimerizável para moldeira individual na oclusal dos dentes do clone mandibular,
vaselinar levemente a oclusal dos dentes do clone maxilar e registrar a posição de oclusão.
Para o caso de se usar a resina fotopolimerizável para moldeira individual, fazer pequenas
perfurações na oclusal dos dentes do clone mandibular para melhorar a adesão da resina
fotopolimerizável à resina acrílica (essas perfurações não devem atingir os pontos oclusais de
parada cêntrica).
5. Preparação para a Moldagem Mioestabilizada maxilar. Com uma broca Maxicut®,
remover as áreas retentivas internas do clone maxilar, 1 mm de toda área interna e as áreas que
deverão ser aliviadas (moldagem com pressão seletiva), de acordo com o planejamento de
cada caso.
6. Moldagem Mioestabilizada maxilar. Proceder à moldagem de boca fechada,
estabilizando os clones no registro de mordida mandibular. Após a moldagem, executar a
moldagem complementar (selamento posterior) com resina fotopolimerizável ou pasta zinco-
eugenólica.
7. Preparação para a Moldagem Mioestabilizada mandibular. Com uma broca Maxicut®,
remover as áreas retentivas internas do clone mandibular, 1 mm de toda área interna e as áreas
que deverão ser aliviadas (moldagem com pressão seletiva) de acordo com o planejamento de
cada caso.
8. Moldagem Mioestabilizada mandibular. Proceder à moldagem da mandíbula de boca
fechada, estabilizando os clones no registro de mordida.
9. Marcações estéticas no clone maxilar (quando não realizadas anteriormente na fase 2
da terapia). Com caneta de marcação permanente ou lápis de ponta fina proceder às
marcações das modificações estéticas necessárias. Essas alterações estéticas também devem
ser transcritas na ficha clínica do paciente.
10. Referência oclusal na forquilha. Preencher com godiva de alta temperatura de
plastificação toda a superfície da forquilha e registrar a oclusal dos dentes do clone maxilar
(que agora contém o molde funcional maxilar).
11. Determinação da distância intercondilar média e ajuste prévio do articulador. Com o
uso do arco facial, determinar a distância intercondilar média do paciente (pequena, média ou
grande) e realizar o ajuste prévio do articulador semiajustável (guias condilares a 30°, ângulos
de Bennett a 0° e ajuste dos postes condilares e dos estojos condilares de acordo com a
distância intercondilar média predeterminada).
12. Tomada do arco facial com o uso do clone maxilar (que contém o molde funcional
maxilar) fixado no registro da forquilha.
13. Preparo do molde funcional maxilar e mandibular através da fixação de filetes de cera
utilidade com 6 a 8 mm de espessura, colocados a cerca de 2 a 3 mm abaixo da borda externa
do molde em toda a sua periferia, a fim de evidenciar e proteger a futura canaleta do modelo
que corresponderá à espessura da borda da futura prótese.
14. Confecção dos modelos de trabalho. Manipular gesso-pedra melhorado (tipo IV), verter
no interior dos moldes funcionais maxilar e mandibular com o auxílio de um vibrador para
gesso e fazer pequenas irregularidades superficiais simulando “suspiros” que posteriormente
irão auxiliar na união com o gesso utilizado na montagem dos modelos no articulador.
15. Montagem do modelo de trabalho maxilar no ramo superior do articulador. Fixar o
clone maxilar com cera 7 (que contém o modelo de trabalho maxilar) no registro oclusal da
forquilha. Encaixar os estiletes metálicos do ramo superior do articulador nos orifícios das
olivas plásticas do arco facial. Umidificar a parte do modelo maxilar que ficará em contato
com o gesso da montagem, espatular gesso-pedra (tipo III), colocar entre a placa de montagem
e o ramo superior do articulador e fechar até que o ramo superior do articulador toque o arco
facial. Fixar, então, a morsa que unirá o arco facial ao ramo superior do articulador. Após a
cristalização, remover a morsa de fixação e o arco facial do ramo superior do articulador.
16. Montagem do modelo de trabalho mandibular no ramo inferior do articulador.
Encaixar o registro oclusal do clone mandibular nos dentes do clone maxilar e fixar com cera
utilidade e 7. Umidificar a parte do modelo mandibular que entrará em contato com o gesso da
montagem, espatular gesso-pedra (tipo III), colocar entre a placa de montagem e o modelo,
fechar o articulador até que o pino guia incisal toque a mesa incisal e esperar a cristalização
do gesso.
Utiliza-se um peso em torno de 2 kg sobre o ramo superior do articulador para evitar a
expansão do gesso.
17. Promover as alterações estéticas planejadas no clone maxilar. Se alterações estéticas
foram planejadas, mas não realizadas na fase da terapia, elas deverão ser realizadas nesta fase.
Por exemplo: aumento ou diminuição de altura da posição incisal dos dentes anteriores
superiores, correção da inclinação anterior ou posterior e vestibularização ou palatinização
dos dentes anteriores. As alterações são realizadas com fresas, se forem necessários desgastes,
ou com cera, se necessários acréscimos.
18. Separação do modelo de trabalho mandibular do clone mandibular. Desparafusar a
placa de montagem inferior do ramo inferior do articulador e deixar o clone mandibular em um
gral com água fria durante 10 minutos. Levar para um recipiente com água quente e, após o
amolecimento da pasta de óxido de zinco e eugenol, com o auxílio de uma espátula, separar o
clone mandibular do modelo de trabalho mandibular.
19. Confecção do plano de orientação mandibular. Fazer uma base de prova mandibular e
um rolete de cera 7, seguindo o formato do arco dental vestibular do clone maxilar. Manter a
dimensão vertical de oclusão (DVO) através do toque do pino guia incisal na mesa incisal.
20. Transferências das linhas de orientações do clone maxilar para o plano de orientação
mandibular. Transferir as linhas (e preenchê-las com cera azul) das marcações planejadas no
clone maxilar para o plano de orientação mandibular.
21. Separação do modelo de trabalho maxilar do clone maxilar. Desparafusar a placa de
montagem do ramo superior do articulador e deixar o clone maxilar em um gral com água fria
durante 10 minutos. Levar para um recipiente com água quente e, após o amolecimento da pasta
de óxido de zinco e eugenol, com o auxílio de uma espátula, separar o clone maxilar do
modelo de trabalho maxilar.
22. Confecção do plano de orientação maxilar. Fazer uma base de prova maxilar e um
rolete de cera 7, seguindo o formato do arco dental vestibular do plano de orientação
mandibular. Manter a DVO através do toque do pino guia incisal na mesa incisal.
23. Transferência das linhas de orientação (linha dos caninos e linha mediana) do plano de
orientação mandibular para o plano de orientação maxilar, preenchendo-as com cera azul.
Marcação da linha da altura do incisivo central no plano de orientação maxilar através da
mensuração da linha que foi delimitada no clone maxilar.
24. Prova dos planos de orientação na boca do paciente. Instalação dos planos de
orientação na boca do paciente e confirmação da estética, oclusão e DVO.
25. Seleção de marca, cor, tamanho e forma dos dentes artificiais.
26. Seleção da cor da gengiva artificial inserida e mucosa alveolar do paciente, utilizando
o kit de escalas de gengivas do sistema STG.
27. Individualização da curva de compensação do paciente através da técnica de
amassamento da cera com parada anterior.
28. Individualização do articulador. Ajustes individuais das guias condilares e ângulos de
Bennett do articulador através da curva individual de compensação.
29. Duplicação em silicone extraduro de laboratório da curva individual de
compensação. Retirar o plano de orientação inferior e vaselinar discretamente a oclusal do
plano de orientação superior. Adaptar silicone extraduro em excesso sobre o modelo inferior e
fechar o articulador até que o pino incisal toque a plataforma incisal copiando a curva
individual de compensação do plano de orientação superior. Após a cura do silicone, recortar
os excessos e transferir as linhas de referência do plano de orientação maxilar para o plano
duplicado em silicone.
30. Montagem dos dentes artificiais pela técnica da Montagem Regressiva e enceramento
utilizando o sistema STG de caracterização em cera, de acordo com a cor da gengiva artificial
selecionada.
31. Prova dos dentes em cera na boca do paciente. Confirmação da cor da gengiva
artificial selecionada, oclusão, estética e DVO e análise da exposição dos dentes na escultura
gengival. Aprovação do paciente para a conclusão do trabalho.
32. Vedamento e inclusão das próteses totais em muflas para microondas (Vipi-STG®).
33. Demuflagem e preparo para acrilização.
34. Acrilização das próteses totais através do sistema STG.
35. Demuflagem e elaboração final das próteses.
36. Instalação das próteses totais, ajuste oclusal e entrega do protocolo de cuidados
posteriores e controles periódicos.

Etapa 1 – Confecção do Clone

O início da Fase 3, ou da Execução, se dá pela clonagem das próteses.


Após proceder às terapias necessárias na prótese antiga e comprovar clinicamente o
planejamento, deve-se clonar (duplicar as próteses). Diversas técnicas e materiais foram
propostos para duplicar próteses. A técnica indicada pelos autores, apesar de ser um pouco
mais trabalhosa, reproduz a prótese com maior fidelidade e menor alteração dimensional que
outras mais simples e rápidas. Os autores acreditam que todas as referências que estão
contidas na prótese total modificada devam ser reproduzidas fielmente, para que o clone possa
funcionar como uma moldeira individual dentada, e servir como um gabarito da área basal,
DVO, posição horizontal da mandíbula e referências estéticas. Uma técnica de duplicação mais
elaborada propicia maior facilidade no encaminhamento das etapas posteriores. O que se
busca é que os clones apresentem a mesma retenção e estabilidade que as próteses antigas
modificadas. Foram testadas várias técnicas e optou-se por aquela em que inicialmente é feita
uma matriz em silicone extraduro de laboratório, e depois a inclusão em mufla. Esse
procedimento permite que o profissional possa fazer a matriz rapidamente, diminuindo o tempo
clínico. Além disso, o dentista não necessita possuir as muflas, já que essas matrizes podem
ser incluídas no laboratório e os clones entregues já prontos. Assim, o profissional é capaz de
fazer vários casos, necessitando ter apenas o silicone extraduro de laboratório.
A duplicação da região dos dentes com a utilização do silicone fluido Vipi-Sil® permite
melhor reprodução dos detalhes oclusais, evitando bolhas e irregularidades.

Protocolo de execução do clone


1. Misturar 3 a 4 conchas de silicone extraduro de laboratório com catalisador e modelar a parte interna da prótese, recobrindo em torno de 2 mm da
borda externa. Após a cura do silicone, recortar os excessos com um estilete e fazer guias referenciais em “V”.
2. Vaselinar com uma fina camada o silicone já catalisado que entrará em contato com a segunda parte a ser modelada.
3. Misturar silicone fluido Vipi-Sil® com o catalisador e aplicar com o dedo sobre os dentes.
4. Após a cura do silicone fluido, modelar a parte externa da prótese com o silicone extraduro recobrindo as guias em “V”.
5. Após a cura do silicone, remover os excessos com estilete, separar as duas partes e retirar a prótese.
6. Incluir na base da mufla STG a primeira parte da matriz, que corresponde à parte interna da prótese com cerca de 120 g de gesso comum,
verificando antes da cristalização do gesso o correto encaixe da segunda parte da matriz.
7. Após a cristalização do gesso, isolá-lo com isolante adequado.
8. Encaixar a segunda parte da matriz, que corresponde à parte externa da prótese na primeira parte que já está incluída. Se necessário, fixar com
um pouco de cola instantânea.
9. Fechar a base com a contramufla, colocar e apertar os 4 parafusos.
10. Verter cerca de 180 g de gesso comum (o gesso deve estar bem cremoso para ter bom escoamento) pelo orifício da contramufla, evitando falhas
na inclusão.
11. Após a cristalização do gesso, desapertar os 4 parafusos e separar a base da contramufla. Isolar todo o gesso visível na base da mufla e
contramufla.
12. Entulhar resina rosa de rápida polimerização na fase plástica (em média 40 g para a maxila e 35 g para a mandíbula), prensar a 1.000 kl/f na
prensa hidráulica e aguardar por mais ou menos 15 minutos. Obs.: é possível fazer um “clone estético” se primeiro colocar resina da cor do dente e
depois a rosa.
13. Abrir a mufla, remover o clone e realizar o acabamento. Para isto são utilizadas fresas e tiras de lixas para eliminar as rebarbas e asperezas
(Figuras 3.1 a 3.18E).
Obs.: próteses com base resiliente também são clonadas por esta técnica, tomando-se o cuidado de vaselinar bem a base resiliente para evitar
aderência do silicone no ato da duplicação.
Figura 3.1 Catalisador sendo colocado nas marcações do dosador sobre o silicone
extraduro de laboratório.

Figura 3.2 Após a homogeneização do material, realiza-se a moldagem da parte


interna da prótese.
Figura 3.3 Primeira “caixa” de silicone que corresponde à duplicação da parte
interna.

Figura 3.4 Guias de referência em “V” são realizadas na plataforma horizontal.


Figura 3.5 Primeira “caixa” finalizada e observação da fidelidade da reprodução.

Figura 3.6 Após vaselinar o silicone da plataforma horizontal que contém as guias em
“V”, aplica-se o silicone fluido com o próprio dedo preenchendo todos os dentes.
Figuras 3.7A e B Após a manipulação do material molda-se a parte externa da
prótese.
Figura 3.8 Remove-se a prótese e analisa-se a fidelidade da duplicação da parte
externa (“tampa da caixa”).

Figuras 3.9A e B Inclui-se a primeira “caixa” de silicone que corresponde à parte


interna e após a cristalização do gesso adaptar a segunda caixa nas guias de
referência. Obs.: pode-se unir a “caixa” com a “tampa” com uma pequena quantidade
de cola instantânea.
Figura 3.10 Isola-se com isolante a parte exposta do gesso da inclusão, aparafusa-
se a contramufla com os quatro parafusos e verte-se gesso pelo orifício da
contramufla.

Figura 3.11 Após a cristalização realiza-se a abertura da mufla.


Figura 3.12 Entulha-se a resina rosa de rápida polimerização na mufla.

Figura 3.13 Leva-se a mufla para prensa e quando a resina atingir a fase plástica,
prensa-se a 1.000 kg/f e apertam-se os quatro parafusos.
Figuras 3.14A e B Após a polimerização, desaparafusam-se os quatro parafusos,
abre-se a mufla e realiza-se a remoção das rebarbas, o acabamento e o polimento.
Figuras 3.15A-C A clonagem da prótese inferior segue os mesmos princípios.

Figura 3.16 Clones superior e inferior somente em resina rosa.


Figura 3.17 Prótese maxilar modificada pela terapia (à direita), e seu respectivo
clone estético (à esquerda).
Figuras 3.18A-E Também é possível clonar as próteses com resina da cor do dente
na área dentada.

Bibliografia
ELLIS, J.S.; PELEKIS, N.D.; THOMASON, M. Convencional rehabilitation of edentulous patients: the impact on oral health-
related quality of life and patient satisfaction. J Prosth, v.16, n.1, Jan./Feb., p.37-42, 2007.
GOMES, T.; CASTRO Jr., O.V. Técnica da clonagem em prótese total. PCL (Revista Brasileira de Prótese Clínica &
Laboratorial), v.5, n.24, mar/abr, 2003.
MC CORD, J.F; HEATH, J.R.; GRANT, A.A. Prótese odontológica completa. Problemas, diagnóstico e tratamento.
Capítulo 7: Manejo da prótese existente. p. 115-128. Rio de Janeiro: Medsi, 1996.
SERAIDARIAN, P.I.; PAES-JUNIOR, Y.J.A.; UEMURA, E.S.; KIMPARA, E.T. Técnica do erro conhecido: uma variação da
técnica de confecção de prótese total. PCL (Revista Brasileira de Prótese Clínica & Laboratorial), v.3, n. 12, mar./abr.,
p.99-107, 2001.

Etapas 2 a 4 – Prova dos Clones e Registro de Mordida

Após a instalação dos clones, utilizam-se duas pinças para carbono com um carbono fino
(Hanel okklusions folie®, Accufilm® ou similar), e marcam-se os pontos de oclusão do
paciente. A intenção desse ajuste é o de corrigir pequenas imperfeições ou alterações
dimensionais que possam ter ocorrido durante o processo de duplicação. Normalmente, apenas
um pequeno refino é necessário para se obter toques bilaterais simultâneos semelhantes aos da
prótese antiga (Figuras 3.19 a 3.21).
Em alguns casos, as próteses antigas possuem boa área basal, retenção, estabilidade e
ausência de inflamações gengivais, mas apresentam bordas finas. Para esses casos, é possível
clonar e após o ajuste oclusal, realizar a correção da borda com resina fotopolimerizável para
moldeira individual, analisar a necessidade de recorte dos frênulos e das bridas e, em seguida,
fazer o registro de mordida. Veja a seguir um exemplo de um caso que necessitou de correção
de borda do clone (Figuras 3.22 a 3.34).

Figura 3.19 Ajuste oclusal para contatos simultâneos bilaterais.


Figura 3.20 Contatos iniciais antes do ajuste oclusal.

Figura 3.21 Contatos finais após ajuste oclusal.


Figura 3.22 Marcação intrabucal no clone das áreas de ação dos frênulos e das
bridas.

Figura 3.23 Desgastes das áreas demarcadas.

Figura 3.24 Recortes realizados na região dos frênulos e das bridas.


Figura 3.25 Os recortes no clone na região dos frênulos permitirão sua impressão
dinâmica na moldagem funcional.

Figura 3.26 Resina fotopolimerizável para moldeira é colocada nas bordas e na


região posterior.
Figuras 3.27A-C O clone é levado para a boca e são executados os movimentos
funcionais.
Figura 3.28 Remove-se a resina que escoou para dentro.

Figura 3.29 Polimeriza-se a resina em uma caixa fotopolimerizadora específica para


a resina fotopolimerizável para moldeira.
Figura 3.30 Borda do clone recuperada.

Figura 3.31 Uma primeira Moldagem Mioestabilizada é realizada, mas foi obtido um
molde funcional com áreas de sobrecompressão.
Figura 3.32 Desgasta-se as áreas de compressão e realiza-se uma segunda
moldagem.

Figura 3.33A Obtenção do molde funcional definitivo sem áreas compressivas.


Figura 3.33B A borda do molde funcional corresponderá à borda da futura prótese.

Figura 3.34 Notar que a abertura dos frênulos e das bridas permitiu que o material
de moldagem promovesse o correto recorte na prótese respeitando sua motricidade.

Se a correção da borda e o ajuste de frênulos e bridas já foram realizados na prótese antiga


(que é o ideal), após o ajuste oclusal faz-se o registro de mordida com resina
fotopolimerizável para moldeira ou godiva de alta temperatura de plastificação na oclusal do
clone mandibular. O registro em cera é mais passível de sofrer distorções, por isso, os autores
dão preferência a um material que se torne rígido, como é o caso da resina fotopolimerizável
para moldeira ou a godiva. Utiliza-se para esse registro o método guiado não forçado. Com os
dedos polegar e indicador da mão direita prende-se suavemente o mento do paciente em sua
região mediana, realizam-se então rápidos e pequenos movimentos de abertura e fechamento da
boca, buscando com isso obter o relaxamento da musculatura interessada e o bloqueio de
possíveis reflexos de fechamento habitual. Atingido esse objetivo, o paciente oclui sobre o
registro em resina sob guia manual não forçada.
O registro oclusal é realizado antes dos desgastes internos preconizados na Moldagem
Funcional Mioestabilizada, pois, assim, têm-se os clones com maior número de pontos de
contato com a mucosa, resultando em retenção e estabilidade, o que irá favorecer um registro
oclusal com menores possibilidades de erros. Se a DVO da prótese antiga estiver correta ou se
uma recuperação da DVO foi obtida na prótese antiga, esse registro oclusal é realizado até a
perfuração do material na sua oclusão habitual, registrando a mesma DVO obtida pela oclusão
dos clones (Figuras 3.35 a 3.41). Se por acaso foi planejada uma pequena correção da DVO, a
nova dimensão deve ser fixada no compasso de Willis e o paciente deverá ser conduzido pelo
profissional a registrar essa nova dimensão. Para esses casos, o ajuste oclusal inicial torna-se
dispensável já que esse registro não chegará a tocar a oclusal dos dentes do clone. Para isso,
os autores indicam a manipulação guiada não forçada de Celenza e a posição da cabeça do
paciente deve estar o mais vertical possível. Veja, adiante, o protocolo clínico de registro de
mordida da Técnica da Clonagem Terapêutica (TCT).

Figura 3.35 São feitas retenções na oclusal dos dentes do clone mandibular evitando
as marcas dos contatos oclusais.

Figura 3.36 Acréscimo de resina fotopolimerizável para moldeira na oclusal do clone


mandibular.
Figura 3.37 Paciente em oclusão realizando o registro oclusal (os dentes maxilares
foram vaselinados com vaselina em pasta).

Figura 3.38 Polimerização inicial com aparelho fotopolimerizável com o paciente


ainda em DVO.
Figura 3.39 Finalização da fotopolimerização durante 3 minutos (caixa
fotopolimerizável da Sterngold®).

Figura 3.40 Registro de mordida já polimerizado.


Figura 3.41 Vista lateral dos clones e registro. É importante que não haja básculas.

Protocolo de registro de mordida da TCT

DVO Sintomatologia Procedimentos

Registro de mordida em oclusão até a perfuração do


OK Não
material

Promover remoção das pontas cúspides sem alteração da


OK Sim DVO e após remissão dos sintomas registro de mordida
em oclusão até a perfuração do material

Diminuída em até 3 mm Não Registro de mordida até a nova DVO predeterminada

Recuperação gradativa da DVO e após remissão dos


Diminuída em até 3 mm Sim sintomas, registro de mordida em oclusão até a
perfuração do material

Recuperação gradativa da DVO e registro de mordida em


Diminuída mais que 3 mm Sim ou não
oclusão até a perfuração do material

Promover desgastes dos dentes até a DVO planejada e


Aumentada Sim ou não após remissão dos sintomas, registro de mordida em
oclusão até a perfuração do material

Etapas 5 a 8 – Preparação para a Moldagem Mioestabilizada da Maxila,


Moldagem Mioestabilizada da Maxila, Preparação para a Moldagem
Mioestabilizada da Mandíbula, Moldagem Mioestabilizada da
Mandíbula

A fase da moldagem envolve uma série de manobras clínicas em que se lança mão de
diferentes instrumentos, materiais e técnicas. No paciente desdentado, a resiliência dos
tecidos, as características físicas dos materiais de moldagem, bem como a técnica de
moldagem, influenciarão na qualidade final do molde, e, por consequência, da prótese.
Basicamente existem três filosofias de técnicas para moldagem funcional em prótese total:
técnica da mínima pressão, técnica funcional e técnica da pressão seletiva. A técnica da
mínima pressão recomenda que a moldeira individual e o material de moldagem exerçam uma
mínima pressão sobre os tecidos bucais no ato da moldagem. A técnica funcional recomenda
alívio da parte interna da prótese antiga, reembasamento da parte interna com um
condicionador de tecidos, e seu uso por alguns dias, para que o material registre os tecidos
“em função”. Completados esses dias, verte-se gesso dentro do “molde” obtido pelo
condicionador de tecidos e obtém-se o modelo de trabalho. A técnica da pressão seletiva
recomenda o uso de moldeira individual com áreas aliviadas predeterminadas por um
planejamento. Idealiza uma equalização de forças selecionando áreas que receberão mais ou
menos pressão, e recomenda um material de moldagem não compressivo. A TCT utiliza o
método da pressão seletiva. A pasta de óxido de zinco e eugenol utilizada é um material de
moldagem que provoca uma das menores pressões sobre os tecidos, devido ao seu alto grau de
escoamento. Os alívios propostos no planejamento das técnicas convencionais são realizados
em cera sobre um modelo anatômico e confecciona-se a moldeira individual aliviada nas
regiões onde estava a cera. Na TCT, esses alívios são realizados com fresas internamente no
clone antes da moldagem funcional (Fluxograma 3.1).
Pendlenton dividiu a boca desdentada em quatro zonas: principal de suporte, secundária de
suporte, de alívio e de selamento periférico. As áreas de alívio devem ser planejadas para
cada caso, mas normalmente estão localizadas na região anterior da maxila e crista do rebordo
mandibular (Figuras 3.42A e B).
Basicamente existem três indicações de alívio para a moldagem seletiva: 1. Áreas flácidas –
não devem ser deformadas, pois uma pressão exagerada na moldagem pode provocar
deslocamento dos tecidos e levar à inf lamação e aceleração da reabsorção óssea, além de
poder provocar a instabilidade da prótese.
2. Áreas duras circunscritas por mucosa de revestimento não dura. Exemplo: torus
palatino com fibromucosa resiliente ao seu redor. O torus, que é revestido por uma mucosa
lisa e dura, precisa ser aliviado para que a fibromucosa ao redor, ao deformar-se em função,
não funcione como fulcro provocando báscula na prótese ou úlcera traumática no torus.
3. Áreas sensíveis. Exemplo: uma mandíbula extremamente reabsorvida pode levar a uma
posição ectópica do forame mentual sobre o rebordo e deiscência de porções do canal
mandibular. Em geral, esses pacientes queixam-se de parestesia do lábio inferior,
principalmente durante a mastigação.

• Quanto à região e quantidade de alívio necessário vão depender de sua indicação: O alívio
das áreas flácidas deve ser um pouco maior do que a sua deformação.
• O alívio das áreas duras deve ser feito na área dura, um pouco a mais do que a resiliência
das áreas vizinhas.
• O alívio das áreas sensíveis deve ser feito nas áreas sensíveis, um pouco a mais do que a
resiliência das áreas circunvizinhas.

Na técnica convencional, o alívio da moldeira individual é realizado indiretamente,


acrescentando-se cera no modelo de estudo nas áreas a serem aliviadas e depois confecciona-
se a moldeira individual. Na TCT, transferem-se as áreas a serem aliviadas diretamente para o
clone (moldeira individual dentada). Marcações intrabucais com lápis-cópia são realizadas
nas áreas a serem aliviadas; em seguida o clone é introduzido na boca, transferindo para a
parte interna as regiões a serem desgastadas (Figuras 3.43 a 3.45). Além do alívio, muitas
vezes a própria pressão hidrostática do material de moldagem pode levar áreas extremamente
flácidas a se deformarem. Nesses casos, pode ser indicado, além do alívio, fazer com uma
broca esférica pequena, perfurações no clone na região flácida para diminuir ainda mais a
pressão nos tecidos no ato da moldagem. A associação de alívio e perfurações pode reduzir em
95% a pressão sobre os tecidos no ato da moldagem, contra 84% só com o uso de alívios.
Além dos alívios, o paciente deve ser orientado anteriormente para, se possível, um dia
antes da moldagem funcional, não dormir com as próteses antigas, ou que fique algumas horas
sem usá-las no dia, principalmente nos casos de mucosa resiliente ou flácida. Sabe-se que,
quando uma carga é aplicada sobre os tecidos bucais, eles se deformam. Após liberada a
carga, o tecido se recupera parcialmente de forma quase instantânea. Depois dessa
recuperação parcial inicial, há uma recuperação retardada que demora em torno de 3 horas
para completar-se. Quanto mais idoso o paciente, mais tempo os tecidos demoram para
recuperarem-se da deformação. Mc Cord et al. acreditam que 90 minutos devem ser
aguardados após a remoção da prótese antiga, para realizar a moldagem funcional. De qualquer
maneira, a diminuição do tempo de uso das próteses antigas no dia da moldagem funcional
permitirá, aliada ao alívio e às perfurações (quando indicadas), a reprodução de uma posição
mais fisiológica dos tecidos bucais.
Antes da moldagem propriamente dita, além dos desgastes internos para o alívio das áreas
planejadas pela moldagem do tipo seletivo, são necessários mais dois tipos de preparos
internos: desgaste das áreas retentivas (já que posteriormente o modelo deverá ser separado do
clone sem fraturas) e desgaste uniforme em torno de 1 mm, para promover um espaço para o
material de moldagem (já que o clone está perfeitamente adaptado ao rebordo) (Figura 3.46).
Esses preparos deverão ser realizados inicialmente somente no clone maxilar para que o clone
mandibular se mantenha estável durante a moldagem superior. Após a preparação do clone
maxilar (os 3 tipos de desgastes internos), o paciente é solicitado a fazer bochechos com água
e cuspir para a remoção do excesso de saliva mucilaginosa. Em seguida, procede-se à
Moldagem Mioestabilizada da maxila. Ela é assim chamada por ser de boca fechada, na DVO
predeterminada e com a musculatura do paciente exercendo uma pressão sobre o material de
moldagem. Muitos autores acreditam que a atividade muscular transcende em importância
todos os outros fatores responsáveis pela retenção das próteses, principalmente as inferiores
com rebordos muito reabsorvidos. Além dessa moldagem ser estabilizada pela força muscular
da DVO do paciente, a pasta de óxido de zinco e eugenol, devido ao seu alto escoamento,
comprime pouco os tecidos. A posição do paciente e do operador para a moldagem da maxila
deve ser de tal maneira que a comissura bucal do paciente encontre-se na altura da metade
inferior do braço do operador (Desenho 3). A seguir, espatulam-se as pastas, que deverão estar
em proporções iguais, e carrega-se o clone. Faz-se uma compressão inicial para o
assentamento do mesmo. Essa compressão, para melhor entendimento, pode ser chamada não
de pressão, mas de um posicionamento da moldeira, pois o material de moldagem está bem
fluido, servindo esta “compressão” apenas para promover o escoamento e remoção do excesso
de material. A seguir, coloca-se o clone mandibular na boca do paciente e em seguida faz-se a
Moldagem Mioestabilizada da maxila. Para isso pede-se para o paciente entrar em oclusão
(DVO) no registro mandibular, pedindo para que ele não mais desencoste os dentes. Aguarda-
se até a fase em que a pasta esteja “guardando imagem”, que corresponde ao momento que ela
tem a capacidade de moldar uma impressão digital. Nessa fase reproduzem-se os movimentos
labiais funcionais no intuito de promover bordas arredondadas no molde, com as espessuras
funcionais. Quando a pasta atinge a fase de “guardar imagem”, a parte interna do molde estará
sob a ação dos músculos de fechamento em DVO, e, assim, a compressão dos tecidos se dará
de forma equalizada.

Desenho 3 A posição do paciente e do operador para a moldagem da maxila deve


ser de tal maneira que a comissura bucal do paciente encontre-se na altura da
metade inferior do braço do operador.

Análise do molde maxilar. Se a primeira moldagem não resultar em um bom molde, este
servirá como um “molde de análise”. Deve-se desgastar as possíveis áreas sobre-estendidas e
de sobrecompressão e aumentar as áreas subestendidas. Em seguida, coloca-se uma segunda
camada de pasta de óxido de zinco e eugenol e uma nova Moldagem Mioestabilizada será
realizada. Aprovando-se o molde, realiza-se o selamento posterior. Este selamento é uma
moldagem complementar da região posterior do molde funcional maxilar. A região posterior é
glandular e aceita um novo acréscimo de material de moldagem, contanto que essa nova
compressão seja fisiológica. O objetivo desse selamento é o de impedir a entrada de ar na
prótese total maxilar pela região posterior, aumentando a retenção e a estabilidade
anteroposterior da prótese. Além disso, sempre existirá, durante a polimerização da resina
acrílica termoativada, uma contração inerente ao material. Um espaço ínfimo entre a resina da
parte posterior da prótese e a fibromucosa pode provocar a quebra do selamento periférico,
diminuindo drasticamente a retenção. O material preconizado pelos autores é a pasta de óxido
de zinco e eugenol em uma fase mais adiantada (fase em que a pasta está “guardando
imagem”), quando ela não está pegajosa, ficando mais consistente e com a propriedade de
pressionar fisiologicamente a região posterior. Na mistura, um pouco mais da pasta vermelha
do que da branca é recomendado, para permitir uma visualização, pelo contraste de cores, das
regiões para onde a pasta escoou. Um outro material que os autores também indicam é a resina
fotopolimerizável usada em restaurações. A vantagem desse material é que o tempo de trabalho
é ilimitado, podendo o profissional levar o molde com a resina várias vezes à boca do
paciente, corrigindo imperfeições, até que não exista mais movimentação desse material, e só
aí então fotopolimerizar. A resina possui uma boa adesão à pasta de óxido de zinco e eugenol,
não necessitando de nenhum procedimento para uni-las. O tipo de resina indicada vai depender
da resiliência da mucosa da região do selado, sendo que pouca resiliência exige resinas com
maior escoamento e vice-versa.
Após a Moldagem Mioestabilizada maxilar, procede-se o mesmo protocolo para a
moldagem mandibular, que é o preparo do clone mandibular: desgasta-se 1 mm uniformemente,
nas áreas retentivas e nas áreas planejadas de alívio. A posição do paciente e do operador
para a moldagem da mandíbula deve ser de tal maneira que a comissura bucal do paciente
encontre-se na altura da metade superior do braço do operador (Desenho 4). Com o clone
maxilar em posição na boca, espatula-se a pasta, carrega-se o clone mandibular, introduz-se na
boca, pede-se para o paciente fazer movimentos com a língua para frente e para os lados, e
depois pede-se para o paciente entrar em oclusão até encaixar o registro. Com o paciente em
DVO, sem desocluir os dentes do registro, simulam-se os movimentos funcionais vestibulares
na intenção de obter bordas arredondadas em toda a sua extensão.

Desenho 4 A posição do paciente e do operador para a moldagem da mandíbula


deve ser de tal maneira que a comissura bucal do paciente encontre-se na altura da
metade superior do braço do operador.
A equalização da compressão dos tecidos pelos músculos levará a uma maior estabilidade e
retenção da prótese, principalmente no ato da deglutição, que é a “imagem funcional dos
tecidos” capturada durante a moldagem em DVO. Isso significa que o momento em que as
próteses estarão mais adaptadas, com equalização máxima das forças, será no momento da
deglutição. Durante as 24 horas do dia, as deglutições correspondem a cerca de 20 minutos,
contra 9 minutos da mastigação. Nas 23 horas e 31 minutos restantes do dia, a mandíbula estará
em DVR ou abrindo e fechando para falar ou deglutir. É importante ressaltar que para a
estabilidade das próteses, além das forças equalizadas em DVO, é necessário também que a
mandíbula seja estabilizada em um único ponto de oclusão. Se o ponto de oclusão for preciso e
único, os movimentos de abertura e fechamento durante a deglutição e fonética também serão
retos e únicos. Essa precisão de abertura e fechamento faz com que a mandíbula “caminhe” no
movimento para a DVR sempre por um mesmo “corredor” de abertura e fechamento sem
desvios laterais. Esse equilíbrio muscular trará retenção, estabilidade e conforto para o
paciente, permitindo reduzir ao mínimo os controles após a instalação. Tal equilíbrio é
principalmente favorável à prótese inferior, normalmente a mais difícil de se obter retenção e
estabilidade (Figuras 3.47 a 3.72).
Figuras 3.42A e B Modelo maxilar das zonas de Pendlenton modificado: verde –
zona principal de suporte; azul – zona secundária de suporte; vermelho – zona de
alívio; preto – zona de selamento periférico.

Figura 3.43 Marcação intrabucal com lápis-cópia da área flácida a ser aliviada.
Figura 3.44 Após a inserção e remoção do clone da boca, as marcações são
transferidas para a parte interna do clone maxilar.

Figura 3.45 O desgaste é realizado entre as linhas que delimitaram a área flácida.
Figura 3.46 Desgaste das áreas retentivas e 1 mm de toda a área basal.

Figura 3.47 Clone após o desgaste das regiões de frênulos e bridas.


Figura 3.48 Material para a Moldagem Funcional Mioestabilizada.

Figura 3.49 Preenchimento do clone maxilar com a pasta de óxido de zinco e


eugenol.

Figura 3.50 Após a adaptação do clone o paciente é orientado para ocluir no registro
de mordida (DVO).
Figuras 3.51A e B O paciente também é orientado a fazer a simulação dos
movimentos funcionais.
Figura 3.52 Molde funcional apresentando áreas de compressão na região do palato.

Figura 3.53 Desgaste do molde nas áreas de sobrecompressão.

Figura 3.54 Para uma nova moldagem com uma segunda camada de pasta é preciso
remover a pasta das áreas que foram aliviadas para não comprimir as áreas de
alívio.
Figura 3.55 Clone preparado para uma nova moldagem.

Figura 3.56 Uma segunda Moldagem Mioestabilizada é realizada.


Figura 3.57 Movimentos funcionais sendo realizados pelo profissional com o paciente
em DVO.

Figura 3.58 Molde funcional obtido na segunda moldagem.

Figura 3.59 Análise com um instrumento de ponta arredondada do limite para o


selamento posterior.
Figura 3.60 Marcação com lápis-cópia da região limite para o selamento posterior.

Figura 3.61 Após a inserção e remoção do molde da boca, a região demarcada é


transferida para o molde funcional.
Figura 3.62 Visão interna do molde funcional após o selamento posterior com pasta
de óxido de zinco e eugenol. Notar que se aproveitou para obter um melhor
arredondamento da região posterior esquerda da borda no mesmo procedimento, e
que a pasta do selamento possui cor diferente para análise do escoamento do
material.

Figura 3.63 Preparo do clone mandibular para a Moldagem Mioestabilizada: remoção


das áreas retentivas, 1 mm de toda a área e as áreas planejadas de alívio pela
moldagem seletiva.
Figura 3.64 Moldagem Mioestabilizada mandibular em DVO.

Figura 3.65 Molde funcional mandibular após a primeira moldagem. Notar a região de
sobre-extensão na região lingual direita e afilada na região posterior.
Figura 3.66 Desgaste das áreas de sobrecompressão.

Figura 3.67 Reabertura das áreas de frênulos e bridas.


Figura 3.68 Acréscimo com resina fotopolimerizável para moldeira na região lingual
que ficou fina.
Figuras 3.69A-C O molde é inserido na boca e é solicitado ao paciente colocar a
língua para fora e para os lados.

Figura 3.70 Molde com área basal lingual recuperada em resina para moldeira.

Figura 3.71 A caixa fotopolimerizável por 3 minutos polimeriza a resina.


Figura 3.72 Molde funcional mandibular finalizado, após uma nova moldagem com
uma segunda camada de pasta. Notar que se trata de uma prótese total híbrida na
qual foi mantida a raiz do dente 43.
Fluxograma 3.1 Comparação da Moldagem Mioestabilizada seletiva e moldagem
convencional seletiva.

Bibliografia
ANUSAVICE, K.J. Phillips – Materiais dentários. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 10a ed., Cap.11. Resina para base de
dentadura, p.151, 1996.
BOHNENKAMP, D.M.; GARCIA, L.T. Phonetics and tongue position to improve mandibular denture retention: a clinical
report. J Prosth Dent, v.98, n.5, p.344-347, Nov, 2007.
CELENZA, F.V. The centric position: replacement and character. J Prosth Dent, v.30, p.591-98, 1973.
CORRÊA, G.A; RANA, C.; CASTILLA, M.; CABRAL, A.R.; GOMES, T. Prótesis total – impresión funcional com mínima
presión de la maxila utilizándose silicona de adición: caso clínico. Rev Inst Ciênc Saúde, v.19, n.1, jan/jun, p.57-62, 2001.
FATTORE, L.; MALORE, W.F.; SANDRIK, J.; MAZUK, B.; HART, T. Clinical evolutions of the accuracy of interoclusal
recording materials. J Prosth Dent, v.51, n.2, p.152-57, 1984.
FELTON, D.A.; COOPER, L.F; SCURRIA, M.S. Predictable impression procedures for complete dentures. Dental Clinics of
North America, v.40, n.1, Jan, 1996.
FRANK, R.P. Analysis of pressures produced during maxillary edentulous impression procedures. J Prosth Dent, v.22, n.4,
p.400-413, Oct, 1969.
GABAW, M.J.; WALMSLEY, A.D. The neutral zone impression revisited. Britsch Dental J, v.198, n.5, March 2005.
GEE, A.J.; HARKEL, E.C.; DAVIDSON, C.L. Measuring procedure for the determination of the three-dimensional shape of
dentures. JPD, v. 42, n.2, Aug, p.149-53, 1979.
GENNARI FILHO, H.; ASSUNÇÃO, W.G.; GOIATO, M.C. Moldagem de borda com silicone Zetalabor. Rev Bras Odont,
v.59, n.3, mai./jun., 2002.
GOMES, V.L.; FERNANDES, J.; LOPES, C.A.A. Estudo comparativo da moldagem do vestíbulo bucal (selado periférico),
usando godiva de baixa temperatura de plastificação ou pasta zinco-eugenólica. Rev Cent Bio Univ Fed Uberlândia, v.6, n.1,
p.28-30, dez, 1990.
IKEBE, K.; OKUNO, I.; NOKUBI, T. Effect of adding impression material to mandibular denture space in Piezography. J Oral
Reab, v.33, n.6, p. 409-15, June 2006.
KYDD, W.L.; DALY, C.H.; WHEELER, J.B. The thickness measurement of masticatory mucosa in vivo. Int Dent J, v.21, n.4,
March, p.430-44, 1971.
MARCHEZAN, W.; FELTRIN, P.P.; ZANETTI, R.V.; ZANETTI, A.L. Moldagens funcionais em prótese total. RGO, Porto
Alegre, v.53, n.1, p.12-16, jan./mar. 2005.
MC CORD, J.F; HEATH, J. R.; GRANT, A.A. Prótese odontológica completa. Problemas, diagnóstico e tratamento.
Capítulo 4: Resolvendo problemas. p. 33-38. Rio de Janeiro: Medsi: 1996.
MISH, C. Prótese sobre implantes. Cap.6. Fatores de estresse: influência no plano de tratamento, p.83, São Paulo: Ed. Santos,
2006.
MISH, C. Prótese sobre implantes. Cap.8. Osso disponível e implantologia, p.122, São Paulo: Ed. Santos, 2006.
OMPAGNONI, M.A. Relação central em desdentados totais. Rev APCD v.41, n.1, jan./fev, 1987.
USUMEZ, A.; USUMEZ, S.; ORHAN, M. Effect of complete denture on dynamic measurement of changing head position: a
pilot study. J Prosth Dent, v. 90, n.4, Oct, p. 394-400, 2003.

Etapa 9 – Marcações Estéticas no Clone

Após as moldagens, deve-se proceder às marcações das alterações estéticas necessárias


como: suporte do lábio, linha mediana, altura do incisivo central superior, inclinações anterior
e posterior e altura da posição da incisal dos dentes incisivos centrais superiores. Essas
alterações são demarcadas com lapiseira ou caneta de ponta fina (Figuras 3.73A e B).
Acréscimos vestibulares para melhorar o suporte labial podem ser feitos com cera ou resina.
Todas essas modificações necessárias devem ser anotadas também na ficha clínica do paciente
(ver mais informações no Capítulo Estética em Prótese Total.)

Figura 3.73A Marcações das alterações estéticas são demarcadas no clone maxilar
com lápis ou caneta de ponta fina. Notar a marcação da posição da nova linha
mediana.

Figura 3.73B As marcações das alterações estéticas são conferidas durante o


sorriso da paciente.

Etapas 10 a 12 – Referência Oclusal na Forquilha, Determinação da


Distância Intercondilar Média, Ajuste Prévio do Articulador e Tomada
com Arco Facial

Antes de dar continuidade ao protocolo, para melhor entendimento, os autores apresentam


uma sequência completa do uso de um articulador semiajustável em um paciente dentado
(Figuras 3.74.A a 3.74HH).

Figura 3.74A Articulador semiajustável tipo Arcon.

Figura 3.74B Pino guia incisal. A única marca que o contorna 360 graus é
denominada de marca zero.
Figura 3.74C Arco facial simples.

Figura 3.74D Dispositivo nasal.


Figura 3.74E Detalhe de como o dispositivo nasal se acopla no arco facial.

Figura 3.74F O arco facial determina a distância intercondilar média do paciente.

Figura 3.74G As olivas plásticas devem ser posicionadas nos meatos acústicos
externos e o paciente deve ser orientado a mantê-las em posição.
Figura 3.74H Observa-se a distância intercondilar (neste caso média) e anota-se na
ficha clínica do paciente.

Figura 3.74I Os estojos condilares são ajustados de acordo com a distância


intercondilar predeterminada, no caso distância intercondilar pequena.
Figura 3.74J Distância intercondilar média.

Figura 3.74K Distância intercondilar grande.


Figura 3.74L Os postes condilares são ajustados de acordo com a distância
intercondilar predeterminada, no caso distância intercondilar pequena.

Figura 3.74M Distância intercondilar média.

Figura 3.74N Distância intercondilar grande.


Figura 3.74O No início da montagem os ângulos de Bennett devem ser ajustados em
0 grau.

Figura 3.74P No início da montagem as guias condilares devem ser ajustadas em 30


graus.
Figura 3.74Q Para a tomada com o arco facial, inicialmente o paciente segura
firmemente com os polegares a forquilha que contém o registro de mordida.

Figura 3.74R Adapta-se o cabo da forquilha no orifício da junta universal do arco


facial.
Figura 3.74S Posiciona-se as olivas plásticas nos meatos acústicos externos.

Figura 3.74T O paciente mantém as olivas nos meatos enquanto o dentista estabiliza
o conjunto.
Figura 3.74U O dentista aperta os três parafusos do arco facial. Nesta foto, o
central.

Figura 3.74V O dentista aperta o parafuso lateral direito.


Figura 3.74W O dentista aperta o parafuso lateral esquerdo.

Figura 3.74X O paciente volta a estabilizar a forquilha e o dentista posiciona o


dispositivo nasal.
Figura 3.74Y O dentista apoia o dispositivo nasal na glabela.

Figura 3.74Z O dentista aperta o parafuso do dispositivo nasal.


Figura 3.74AA O dentista aperta a borboleta que estabiliza o arco na vertical.

Figura 3.74BB O dentista aperta a borboleta que estabiliza o arco na horizontal,


travando qualquer tipo de movimento da forquilha.
Figura 3.74CC Desaperta-se o parafuso do dispositivo nasal, desencosta-o da
glabela e o retira.

Figura 3.74DD Desapertam-se os três parafusos do arco facial.


Figura 3.74EE Remove-se o arco facial da boca do paciente.

Figura 3.74FF As olivas plásticas do arco facial possuem uma perfuração na parte
interna.
Figura 3.74GG As olivas plásticas devem ser encaixadas nos estiletes metálicos
presentes nos estojos condilares. Obs.: nesta imagem a forquilha com o registro
foram removidos do arco facial para melhorar a visualização.

Figura 3.74HH Vista aproximada da oliva plástica encaixada no estilete metálico.

Determinação da distância intercondilar


Após as marcações estéticas no clone maxilar, faz-se o registro oclusal do clone maxilar
sobre a godiva colocada na forquilha para a tomada com o arco facial. Essa montagem com o
arco facial assemelha-se à montagem em paciente dentado, já que serão usados os dentes do
clone maxilar fixados no registro da forquilha. Dessa maneira, obtêm-se vantagens em relação
•à técnica convencional, cuja fixação é realizada através da cera do plano de orientação: A
fixação do plano de orientação na forquilha através da cera é muito mais passível de erros por
movimentações do que a dos dentes do clone sobre a godiva.
• A godiva usada para o registro da forquilha é muito mais estável do que a cera.
• Na Técnica da Clonagem Terapêutica monta-se diretamente o modelo de trabalho maxilar no
articulador, para depois fazer a base de prova. Na técnica convencional, o modelo de
trabalho é montado indiretamente através da base de prova. A base de prova não está
totalmente adaptada ao modelo, pois é aliviada com cera nas áreas retentivas, e, além disso,
pode apresentar básculas devido a alterações dimensionais da resina acrílica quimicamente
ativada.

A seguir, com o uso do arco facial, determina-se a distância intercondilar média do paciente,
que em um articulador semiajustável poderá ser pequena, média ou grande (Figura 3.75). Em
seguida, ajustam-se os dispositivos condilares e os estojos condilares. Inicialmente os ângulos
de Bennett devem estar a 0 grau (para promover estabilidade dos dispositivos condilares com
a parede interna dos estojos condilares) e as guias condilares a 30 graus (para que o arco
facial esteja paralelo ao ramo superior do articulador), transferindo corretamente a inclinação
da maxila em relação à base do crânio (Plano de Frankfurt).

Tomada com o arco facial


Após os ajustes prévios do articulador faz-se a tomada com o arco facial (Figuras 3.76 a
3.78).
Figura 3.75 Determinação da distância intercondilar média do paciente.

Figura 3.76 Materiais necessários para a tomada com o arco facial.

Figura 3.77 O molde funcional é fixado no registro em godiva da forquilha.


Figura 3.78 Arco facial já posicionado e estabilizado.

Bibliografia
MEDEIROS, J.S. Oclusão. São Paulo: Ed. American Med 214p. 1991.
PAIVA, H.J. Oclusão – Noções e conceitos básicos. Capítulo 11: Oclusão: integração clínico-protética, 336p. São Paulo: Ed.
Santos, 1197.
SANTOS Jr, J. Oclusão – Princípios e conceitos. 4a ed., Cap. 5. Utilização dos articuladores, 213p. São Paulo: Ed. Santos,
1196.
TAMAKI, T. ATM, Noções de interesse protético. 2a ed., Cap. 4 Articulador, 148p. São Paulo: Savier, 1991.

Etapas 13 e 14 – Preparo dos Moldes Funcionais e Confecção dos


Modelos Maxilar e Mandibular

Após a tomada com o arco facial, realiza-se a preparação dos moldes funcionais para a
obtenção dos modelos de trabalho. Essa preparação é feita com um filete de cera utilidade com
largura em torno de 7 a 8 mm e fixada de 2 a 3 mm abaixo da borda externa do molde
funcional. Essa cera tem como objetivo reproduzir e transferir a espessura das bordas do
molde funcional para o modelo de trabalho através da formação de uma canaleta. A fixação
dessa cera vai resultar em uma plataforma horizontal que protegerá a canaleta do modelo de
trabalho até a confecção final da prótese, e permitirá ao protético uma visão clara do limite
periférico do modelo. No clone mandibular a cera deve também ser fixada na região lingual de
forma a promover uma superfície plana que facilitará a confecção da base de prova. Após a
preparação dos moldes funcionais, com o auxílio de um vibrador para gesso, verte-se gesso
especial (tipo IV) no interior dos moldes e aguarda-se a cristalização, que se processa em
torno de uma hora (Figuras 3.79 a 3.86).

Figura 3.79 Material necessário para o preparo do molde funcional.

Figura 3.80 Molde funcional mandibular preparado.


Figura 3.81 Molde funcional maxilar preparado.

Figura 3.82 Observação do espaço entre a placa de montagem e o molde funcional


maxilar. Quanto menor for a quantidade de gesso utilizado para a montagem,
menores serão as alterações dimensionais; por isso, o modelo de trabalho deve ser
confeccionado o mais próximo possível da placa de montagem.
Figura 3.83 Confecção do modelo de trabalho maxilar.

Figura 3.84 Modelo de trabalho maxilar.


Figura 3.85 Confecção do modelo de trabalho mandibular.

Figura 3.86 Espera-se a cristalização total do gesso dos modelos.

Bibliografia
JOHNSON, D.L.; STATTON, R.J. Fundamentos da prótese removível. Cap.40. Engrossamento de bordas, encaixes e
vazagem das moldagens finais, 501p. São Paulo: Quintessence, 1988.
STOLF, D.P.; ZANI, I.M.; VOLPATO, C.A.; STOETERAU, R.L. Textura da superfície de gessos especiais e reforçados.
PCL-Prótese-Clínica-Laboratorial, v.31, n.6, p. 297-305, mai./jul. 2004.

Etapas 15 e 16 – Montagens do Modelo de Trabalho Maxilar no Ramo


Superior do Articulador e Montagem do Modelo Mandibular no Ramo
Inferior do Articulador

Após a obtenção dos modelos de trabalho maxilar e mandibular, realiza-se primeiramente a


montagem do modelo maxilar no articulador através do arco facial.
O uso do arco facial é imprescindível para reabilitações bucais completas, como é o caso
das próteses totais maxilomandibulares. Para a montagem do modelo superior, inicialmente
deve-se observar se há espaço entre o modelo e a placa de montagem fixada no ramo superior
do articulador. Se não houver espaço, desgastar o modelo até permitir que o arco facial toque o
ramo superior do articulador. Fixa-se o clone maxilar no registro da forquilha, umidifica-se o
gesso do modelo, espatula-se gesso-pedra (tipo III), e verte-se entre a placa de montagem e o
modelo. Fecha-se o ramo superior do articulador até ocorrer o toque anterior da parte
horizontal do arco facial com o ramo superior do articulador e removem-se os excessos.
Pode-se utilizar um dispositivo de fixação para manter encostado o ramo superior do
articulador ao arco facial (Figura 3.90).
Após a cristalização do gesso, remove-se o arco facial e encaixa-se o registro de mordida
do clone mandibular nos dentes do clone maxilar, fixando-o com ceras 7 e utilidade. Para
montar o modelo inferior no articulador, deve-se umidificar o gesso do modelo mandibular que
entrará em contato com o gesso da montagem, espatular gesso-pedra (tipo III), coloca-se entre
o modelo e a placa de montagem inferior e fecha-se o articulador até que o pino guia incisal
(que está fixado na marca zero) toque a mesa incisal. Deve-se colocar sobre o ramo inferior do
articulador um peso em torno de 2 kg para evitar que a expansão do gesso resulte em alteração
da DVO. Após a cristalização do gesso, obtêm-se os dois modelos de trabalho montados no
articulador, na DVO planejada e com as marcações das alterações estéticas necessárias, as
quais serão transferidas para os futuros planos de orientação (Figuras 3.87 a 3.95).

Figura 3.87 A altura do modelo de trabalho maxilar proporcionou um pequeno espaço


entre o modelo e a placa de montagem, necessitando de pouco gesso para a
montagem.
Figura 3.88 Materiais necessários para a montagem dos modelos no articulador.

Figura 3.89 Montagem com gesso-pedra (tipo III) do modelo superior no articulador.
Figura 3.90 Uso de uma morsa para evitar o afastamento da plataforma horizontal do
arco facial do ramo superior do articulador.

Figura 3.91 Fixação no clone maxilar do registro de mordida do clone mandibular


com ceras 7 e utilidade.

Figura 3.92 Análise do espaço entre o modelo e a placa de montagem para a fixação
do modelo inferior. Note que a altura do modelo mandibular é maior que a do maxilar
para diminuir a quantidade de gesso para a montagem.
Figura 3.93 Montagem com gesso-pedra (tipo III) do modelo inferior no articulador.

Figura 3.94 Uso de uma placa metálica (envolvida por um papel) para evitar a
alteração da DVO pela expansão do gesso.
Figura 3.95 Clones montados no articulador.

Bibliografia
BOWLEY, J.F.; BOWMAN, H.C. Evolution of variables associated with transverse horizontal axis. J Prosth Dent, v.68, n.3, p.
537-41 Sept, 1992.
LAING, D.P.; WISE, M. D. Split cast discrepancies and arbitrary axis dental cast articulador mounting. J Oral Rehab, v.5, n.3,
p. 249-59, Jul, 1978.
LOPES, L.A.Z. Alteração dimensional de diferentes tipos de gesso na fixação do modelo superior no articulador.
Dissertação de mestrado – FOUSP, 2000, 69p.
PAIVA, H.J. Oclusão – Noções e conceitos básicos. Cap. 11, Oclusão: integração clínico-protética. 336p. São Paulo: Ed.
Santos, 1997.
PAREL, S.M. Using the whip-mix face-bow with condylar articulactors. J Prost Dent, v.28, n.2, p.200-04, Aug, 1972.
SANTOS Jr., J. Oclusão – Princípios e conceitos. 4a Ed., Cap. 5. Utilização dos articuladores, 213p. São Paulo: Ed. Santos,
1196.
TETERUCK, W.R.; LUNDEEN, H.C. The accuracy of an ear face-bow. J Prost Dent, v.16, n.6, p.1039-46, Nov./Dec., 1966.
WEINBERG, L.A. An evolution of the face–bow mounting. J Prosth Dent, v.11, p.32-42, 1961.
WHITSETT, L.D.; SHILLINGBURG, H.T; KEENAN, M.P. Modification of a new semi-ajustable for use with a caliper style
ear face-bow. J Cal Dent Assoc, v.5, n.4, p.32-38, Apr 1977.

Etapas 17 a 23 – Promoção das Alterações Estéticas do Clone Maxilar,


Separação do Modelo de Trabalho Mandibular do Clone Mandibular,
Confecção do Plano de Orientação Mandibular, Transferência das
Linhas de Orientação do Clone Maxilar para o plano de Orientação
Mandibular, Separação do Modelo de Trabalho Maxilar do Clone
Maxilar, Confecção do Plano de Orientação Maxilar, Transferência das
Linhas de Orientação (Linha dos Caninos e Linha Mediana) do Plano
de Orientação Mandibular para o Plano de Orientação Maxilar,
Marcação da Linha da Altura do Incisivo Central no Plano de
Orientação Maxilar através da Mensuração da Linha Delimitada no
Clone Maxilar

Se foi planejado, procede-se às alterações estéticas necessárias nos clones através de


acréscimos ou desgastes e separa-se o clone mandibular do modelo. Para isso, desparafusa-se
o conjunto inferior e o mergulha em água fria durante 10 minutos. Esse procedimento de
umidificar o modelo impede que, ao receber o calor da água, a pasta de óxido de zinco e
eugenol penetre no gesso dificultando a limpeza. Após os 10 minutos, mergulha-se o conjunto
em água quente e espera-se o amolecimento da pasta de óxido de zinco e eugenol, e com o
auxílio de uma espátula separa-se o modelo do clone. Após essa etapa, confecciona-se uma
base de prova mandibular. Para isso, isola-se o modelo com isolante específico, aguardando
sua secagem. Em seguida, para proteção do modelo, coloca-se cera fluida nas áreas retentivas.
Essa cera é uma mistura de 50% de cera 7 e 50% de cera utilidade (se for usada somente a
cera utilidade, esta se deformará e se usada somente a 7, ela pode ser muito dura, prejudicando
o modelo na remoção da base). Após o isolamento e a proteção do modelo com cera, utiliza-se
a técnica do pó e líquido para a confecção da base de prova. Essa técnica apresenta algumas
•vantagens em relação a outras: Maior economia de material, pois não há sobras.
• Maior controle da espessura, pois é feita em camadas.
• Ausência de contato direto com o monômero, evitando reações alérgicas. O monômero do
acrílico pode causar reações na mucosa e na pele, irritações locais, descamações, alergia ou
uma associação dessas três reações.
• Melhor tempo de trabalho (pode-se interromper a confecção, contanto que se deixe uma
“nuvem de pó” para impedir a evaporação do monômero).
• Maior estabilidade dimensional, pois as resinas são depositadas diretamente sobre o
modelo, diminuindo a indução de forças.

Após a polimerização da resina, remove-se a base de prova do modelo e realiza-se o


acabamento. A cera utilizada na proteção do modelo sairá aderida na parte interna da base de
prova e não deverá ser removida, pois permitirá melhor adaptação e estabilidade quando da
prova dos planos na boca do paciente.
Após a confecção da base de prova, confecciona-se o arco de cera. A altura do plano já está
determinada, pois os modelos estão em DVO no articulador, bastando, portanto, vaselinar a
oclusal dos dentes do clone maxilar, plastificar a cera 7, colocá-la sobre a base de prova,
levá-la ao articulador e fechá-lo, mantendo o pino guia incisal na marca zero, que é a DVO
preestabelecida. A cera deverá seguir como referências as incisais dos dentes superiores
anteriores e as cúspides vestibulares dos dentes superiores posteriores. Antes de confeccionar
o plano de orientação superior, transferem-se as linhas de referências (mediana e dos caninos)
do clone maxilar para o plano de orientação inferior. Utiliza-se para esse fim uma cera azul
que contrastará com o vermelho da cera do plano, melhorando a visibilidade das linhas durante
a prova dos planos na boca. Em seguida, desparafusa-se o conjunto superior e mergulha-se em
água fria durante 10 minutos. Após esse tempo mergulha-se em água quente e, após o
amolecimento da pasta, com o auxílio de uma espátula, separa-se o modelo de trabalho maxilar
do clone maxilar. Em seguida, confecciona-se uma base de prova maxilar. Procede-se
inicialmente o isolamento do modelo com isolante e coloca-se cera nas áreas retentivas. Após
o isolamento e a proteção do modelo com cera, utiliza-se a técnica do pó e líquido para a
confecção da base de prova maxilar da mesma maneira que a mandibular. Reposiciona-se no
ramo superior do articulador a placa de montagem que contém o modelo de trabalho maxilar
com a base de prova maxilar e vaselina-se a oclusal do plano de orientação inferior. Com o
pino incisal na marca zero (DVO) preenche-se com cera 7 plastificada o espaço entre a base
de prova maxilar até a coincidência da borda vestibular do plano de orientação inferior.
Para maior facilidade, podem ser utilizados arcos de cera pré-confeccionados através de
uma matriz de silicone.
Transfere-se a linha mediana e dos caninos do plano de orientação inferior para o plano de
orientação superior. Nesta fase têm-se os modelos de trabalho montados no articulador com
seus respectivos planos de orientação já contendo as linhas de referências (Figuras 3.96 a
3.118). O próximo passo será a prova dos planos na boca do paciente.

Figura 3.96 Materiais necessários para a separação do clone que contém o molde
funcional do modelo.
Figura 3.97 Devido ao fato de o clone maxilar conter as informações estéticas do
suporte vestibular, inicia-se a separação primeiro do modelo mandibular para que o
plano de orientação mandibular possa reproduzir o planejamento estético demarcado
no clone maxilar.

Figura 3.98 Umidificar o gesso em água fria por cerca de 10 minutos.


Figura 3.99 Esquentar a água com um ebulidor elétrico é rápido e fácil.

Figura 3.100 Mergulhar o conjunto na água quente.


Figura 3.101 Com o auxílio de uma espátula, separa-se o modelo de trabalho
mandibular do clone mandibular.

Figura 3.102 Modelo de trabalho mandibular retorna ao articulador.

Figura 3.103 Procede-se as alterações estéticas planejadas, neste caso, elevar os


dentes anteriores. Metade das marcações estéticas demarcadas a lápis foram
desgastadas.
Figura 3.104 Desgaste concluído. Esta será a nova altura do plano de orientação
superior.

Figura 3.105 Isolamento do modelo mandibular.


Figura 3.106 Proteção do modelo com cera nas áreas retentivas.

Figura 3.107 Técnica do pó e líquido.


Figura 3.108 Base de prova concluída. Note que o fato de se isolar antes da
colocação da cera permite que esta saia unida à base, deixando o modelo limpo e
melhorando a retenção durante a prova dos planos na boca; por isso, essa cera
interna não deve ser removida.

Figura 3.109 Modelo de trabalho mandibular; note a presença da raiz do dente 43.

Figura 3.110 Base de prova mandibular no modelo; observe que as bordas estão
levemente aliviadas na canaleta para evitar fraturas nessa região.
Figura 3.111 Uma matriz em silicone pode ser utilizada para facilitar a confecção do
plano de orientação.

Figura 3.112 O arco de cera é ajustado e completa-se com cera plastificada.


Figura 3.113 Plano de orientação finalizado. A altura é determinada pelo pino guia
incisal (DVO), e as linhas de orientação são transferidas do clone maxilar para o
plano mandibular.

Figura 3.114 O mesmo procedimento é realizado para separar o molde maxilar do


modelo.
Figura 3.115 Modelo maxilar com o plano inferior no articulador. Observe que o plano
de orientação inferior e a DVO orientam agora a confecção do plano de orientação
superior.

Figura 3.116 Seguem-se os mesmos procedimentos para a confecção da base de


prova maxilar.
Figura 3.117 O plano pré-fabricado é ajustado no espaço e completa-se o restante
com cera.

Figura 3.118 Planos concluídos. Observe que as linhas de referências foram


transferidas do plano inferior para o superior.

Bibliografia
HOCHMAN, N.; ZALKING, M. Hypersensitivity to methylmethacrylate: made of treatment. J Prosth Dent, v.17, n.1, p.93-6,
Jan, 1977.
JOHNSON, D.L.; STATTON, R.J. Fundamentos da prótese removível. Cap.41., Fabricação das bases de registro e roletes de
oclusão, 501p. São Paulo: Quintessence, 1988.
NYQUIST, G. The biological effect of monomeric acrylic. Odont Revy, v.4, n.2, p. 242-45, 1964.

Etapas 24 e 25 – Prova dos Planos de Orientação na Boca do Paciente


e Seleção de Marca, Cor, Tamanho e Forma dos Dentes Artificiais

A prova dos planos de orientação na boca do paciente é uma fase em que se tem a
oportunidade de verificar se o planejamento estético-funcional está correto ou se é necessário
fazer alguma modificação. Existe a vantagem de os planos estarem montados em articulador,
pois realizam-se com facilidade alterações de aumento ou diminuição da DVO ou
modificações de inclinações do plano.

Protocolo das análises a serem realizadas na prova dos planos de cera na


boca do paciente
1. Análise da oclusão
A coincidência das bordas dos planos na boca do paciente confirma que a posição
mandibular foi corretamente registrada e transferida para o articulador. Para esse
procedimento, com os planos na boca do paciente, pede-se a ele para fazer pequenos
movimentos de abertura e fechamento. Deverá haver coincidência das linhas dos planos, sem
desvios laterais nem protrusivos. Para evitar erros, planos que não possuem retenção suficiente
devem ser fixados com adesivos para prótese (Figura 3.119).
Desvios entre as linhas superiores e inferiores indicam necessidade de remontagem do
modelo inferior.

2. Análise da DVO
Testes fonéticos (Silvermann). Observa-se a presença do EFP (espaço funcional de
pronúncia). Quando o paciente pronunciar a palavra “Mississipi” os planos devem se separar
em torno de 1 mm, e quando forem pronunciadas as palavras “sessenta e seis”, os planos
devem se separar em torno de 3 mm. Para evitar conclusões erradas, se os planos não
estiverem com retenção, indica-se o uso de fixador para não levar a falsas interpretações do
espaço funcional de pronúncia (Figura 3.120).
Testes visuais estéticos. Observa-se o paciente de frente e de perfil (Método de Turner &
Fox). Uma dificuldade para selar os lábios e uma contração exagerada dos músculos mentuais
em DVO pode sugerir uma DVO aumentada. Já um “encurtamento” do terço inferior da face e a
mandíbula protruída em relação à maxila pode sugerir uma DVO diminuída (Figuras 3.121A e
B).
Método de Lytle. DVO 5 DVR 2 EFP (espaço funcional de pronúncia). Inicialmente, com o
uso do compasso de Willis, deve-se registrar a DVR do paciente.
Cuidados com a tomada da DVR:

• O paciente não deve estar deitado, e sim em pé ou sentado com uma postura o mais vertical
possível.
• O paciente deve estar relaxado. Pode-se pedir para ele abrir bem a boca e fechar várias
vezes para que haja um cansaço muscular.
• O paciente deve estar com os planos na boca.

Após o registro do valor da DVR subtrai-se 3 mm, determina-se o valor da DVO e confere-
se com a DVO dos planos (Figura 3.122).

Figura 3.119 Na boca os planos devem ficar absolutamente coincidentes,


confirmando a correta montagem no articulador.
Figura 3.120 Durante a pronúncia das palavras os planos nunca devem se tocar.
Figuras 3.121A e B Análise da DVO através da observação do paciente de frente e
de perfil com os planos se tocando.

Figura 3.122 Conferência da DVO planejada com o uso do Compasso de Willis.

Observar se o plano de orientação inferior está na altura da linha úmida-seca do lábio


inferior na região anterior e próximo à metade da papila retromolar na região posterior (Figura
3.123).
Observar a proporção de altura entre o plano superior e inferior (planos muito
desproporcionais podem significar erros na altura dos planos ou erros na DVO). O ideal é a
obtenção dos planos com tamanhos proporcionais (Desenho 5). Quando o plano superior tem
uma altura muito maior que o inferior (Desenho 6), ou a DVO está baixa e é preciso aumentar o
inferior, ou estando a DVO correta, é necessário verificar se não há necessidade de subir o
plano superior e o inferior, mantendo a mesma DVO. Quando o plano inferior está muito maior
em relação ao superior (Desenho 7), é preciso analisar se a DVO está baixa, e é preciso
aumentar o superior, ou estando a DVO correta, se não há necessidade de aumentar a altura do
superior e diminuir a do inferior.
Observar a presença do espaço funcional livre. Quando o paciente está em DVR a
ausência do EFL sugere uma DVO alta. A presença de EFL muito grande sugere DVO baixa
(Figura 3.124).
A análise desses seis itens deve nortear o profissional em alterar ou não a DVO registrada
no articulador. Como é grande a dificuldade de se obter a DVO de um paciente desdentado, o
melhor procedimento é a análise de vários fatores para alcançar uma DVO estética e funcional.

Desenho 5 Planos com tamanhos proporcionais sugerem uma correta determinação


da DVO.
Desenho 6 Plano superior muito maior que o inferior sugere uma DVO baixa ou
excesso de altura do superior e falta no inferior.

Desenho 7 Plano superior muito menor que o inferior sugere uma DVO baixa ou
excesso de altura do inferior e falta no superior.
Figura 3.123 O plano de orientação inferior deve estar na altura da linha úmida-seca
do lábio.

Figura 3.124 Em DVR deve-se observar a presença do espaço funcional livre.

Nesta fase é importante que o profissional tenha feito uso do arco facial para a montagem do
modelo superior no articulador, pois, algumas vezes, durante a prova dos planos na boca,
percebe-se a necessidade de realizar algum ajuste na DVO. De acordo com Johnson &
Stratton: “Se uma transferência de arco facial arbitrária foi usada para orientar a montagem do
modelo maxilar no articulador, aumentar ou diminuir a dimensão vertical irá introduzir somente
um erro muito leve. Acha-se que uma mudança de 3 mm irá criar um erro que seria pequeno
suficiente para ser facilmente corrigido durante o ajuste da entrega.”
Normalmente, se o planejamento da DVO foi executado corretamente nas próteses antigas,
não há necessidade de se ajustar a DVO, mas se for necessária uma alteração, para mais ou
para menos no articulador, pode-se fazer esse ajuste no pino guia incisal e remover ou
acrescentar no plano a ser alterado.

3. Análise dos suportes labiais


O lábio superior deve estar bem suportado pelo plano de orientação superior, pois na
montagem dos dentes será seguido aquele contorno vestibular. Nesta fase existe excesso de
cera no plano de orientação inferior, pois os dentes inferiores (salvo nos casos Classe III, que
normalmente são montados em topo) serão montados mais para lingual do que a vestibular do
plano de orientação inferior. Por isso, o lábio inferior pode, nesta fase, apresentar-se mais
suportado. A observação do suporte do lábio inferior só deve ser avaliada na prova dos dentes
montados em cera quando o overbite e overjet dos dentes estiverem definidos.

4. Análise da inclinação anterior do plano superior


A região anterior do plano superior deve estar paralela à linha bipupilar. Essa condição é
fundamental para um sorriso harmônico com o rosto do paciente.

5. Seleção dos dentes artificiais e confirmação das linhas de referência


Conferir a linha mediana e a linha dos caninos. Observar a posição e inclinação da linha
mediana e do espaço ocupado entre a linha dos caninos (que corresponderá ao espaço ocupado
pelos seis dentes anteriores superiores) (Figuras 3.125A e B).
Além da seleção de cor, tamanho e forma dos dentes, deve-se conversar com o paciente
sobre o seu interesse em caracterizar os dentes artificiais (ver Capítulo Estética em Prótese
Total) (Figuras 3.126 a 3.135).
Figuras 3.125A e B O dentista confere as linhas de referência durante o sorriso.

Figura 3.126 Kit STG® de caracterização de dentes.


Figura 3.127 Perfura-se o dente internamente.

Figura 3.128 A profundidade da perfuração depende do efeito que se quer obter da


caracterização. Observe pela transparência a perfuração realizada.
Figura 3.129 A cavidade é umidecida com líquido fotopolimerizável do kit STG®.

Figura 3.130 Pulveriza-se na cavidade o pó da cor desejada.


Figuras 3.131A e B A polimerização pode ser realizada por aparelho
fotopolimerizável intrabucal ou em uma caixa fotopolimerizável.
Figura 3.132 Dente caracterizado com discreta simulação de descalcificação na face
distal.

Figura 3.133 Notar uma caracterização de simulação de acinzentamento causado por


amálgama na face mesial do dente 26. Esse efeito transfere uma naturalidade muito
interessante para a prótese, mas deve ser previamente discutido e aceito pelo
paciente.
Figura 3.134 Um mostruário com alguns exemplos de possibilidades de dentes
caracterizados é extremamente útil na comunicação dentista-paciente.

Figura 3.135 Se o paciente optar por dentes caracterizados, estes já devem ser
aprovados na prova em cera na boca do paciente.

Bibliografia
GOMES.T.; MORI, M.; CORRÊA, G.A. Atlas de caracterização em prótese total e prótese parcial removível. Cap. 2.
Enceramento normal e caracterizado. Cap. 1 Montagem, São Paulo: Ed. Santos, 1998.
HOUSE, M.M. A scientific technic in the construction of artificial dentures in wich the latest and most approved methods have
been organized in a methodical sequence. J Nat Dent Assoc, v. 5, n. 12, Dec, p. 1211-1238, 1918.
JOHNSON, D.L.; STRATTON, R.J. Fundamentos da prótese removível. Cap. 45: 4a consulta: a prova. Trad. Patrícia
Resende, São Paulo: Quintessence, 1988.
MORLEY, J.; EUBANK, J. Elementos macroestéticos da análise do sorriso. JADA, v. 4 n. 1, jan./feb., p.7-12, 2001.
SHANAHAN, T. Physiologic jaw relations and occlusion of complete dentures. J Prosth Dent, v.91, n.3, March, p.203-05, 2004.
SINGER, B. Principles of esthetics. Curr Opin Cosmet Dent, v.6, n.12, 1994.
SOUZA, R.F.; MARRA, J.; PERO, A.C.; COMPAGNONI, M.A. Effect of denture fabrication and wear on closest speaking
space and interoclusal distance during deglutition. J Prosth Dent, v.97, n. 6, p.381-88, 2007.
TAMAKI, T. Dentaduras completas. Cap. 11: Relações intermaxilares em desdentados completos. 4a ed. rev. ampl.. São
Paulo: Savier, 1988.
TELLES, D.; HOLLWEG, H.; CASTELLUCCI, L. Prótese total – convencional e sobre implantes. Cap. III: Estética e
relações intermaxilares em prótese total. São Paulo: Ed. Santos, 2003.

Etapas 26 a 29 – Seleção da Cor da Gengiva Artificial, Individualização


da Curva de Compensação, Duplicação em Silicone Extraduro de
Laboratório da Curva Individual de Compensação e Individualização
do Articulador

Após a prova dos planos de orientação, seleciona-se a cor da gengiva. Principalmente em


um país miscigenado como o nosso, é de grande importância trabalhar com um sistema que
consiga reproduzir as diferentes cores existentes. Utiliza-se o sistema STG que possui 14
escalas com variações de cores. A cor selecionada deve harmonizar com os lábios e a gengiva
do paciente (Figuras 3.136A e B).
A etapa seguinte é a curva individual de compensação. A sua finalidade é a obtenção de uma
oclusão balanceada bilateral. Basicamente, 4 tipos de oclusões já foram sugeridos para
próteses totais: balanceada bilateral, não balanceada, linear ou monoplana e lingualizada.
Embora ainda não exista um consenso sobre o melhor tipo de oclusão para próteses totais
maxilomandibulares mucosossuportadas, muitos autores acreditam que a oclusão balanceada
bilateral apresenta vantagens sobre as outras, já que tem como objetivo estabilizar as bases das
próteses, desenvolvendo uma boa eficiência mastigatória e reduzindo o risco de traumatismo,
dor e desconforto.
Uma das técnicas para se obter um balanceamento das próteses é através de um método
fisiológico para a obtenção da curva individual de compensação (CIC) do paciente. Essa curva
tem duas finalidades: a primeira é individualizar o articulador (ângulos de Bennett e guias
condilares), e a segunda é orientar a montagem dos dentes superiores posteriores (as cúspides
palatinas deverão tocar essa curva). Os dentes montados na curva individual e o articulador
individualizado farão com que, após o ajuste oclusal, se obtenha a oclusão balanceada
bilateral. Para a individualização da curva, usa-se a técnica do amassamento em cera com
parada anterior (Figuras 3.137A a 3.146). Meyer, em 1935, escreveu a primeira proposta de se
utilizar a cera utilidade para individualizar a CIC. As vantagens de se obter a curva individual
em cera, ao invés do uso de gesso e abrasivo, são: técnica mais limpa, mais conforto para o
paciente, material mais fácil de ser encontrado no mercado e rapidez. A cera utilidade é
adequada para isso, tendo em vista que o padrão da curva de compensação se aproxima
bastante daquele obtido com a Técnica de Paterson, que utiliza abrasivos. Uma desvantagem
dessa técnica é a menor estabilidade dimensional da cera, por isso, obrigatoriamente, deve-se
duplicá-la.

Figura 3.136A A seleção da cor da gengiva é realizada através do sistema STG.

Figura 3.136B Seleção da gengiva artificial utilizando-se a escala.


Figura 3.137A Remove-se em torno de 2 mm de cera do canino para trás.

Figura 3.137B Plano superior após a remoção da camada de cera posterior.


Figura 3.138 Cera amarela para articulação é recortada para completar a área
removida.

Figura 3.139 A cera amarela é fixada e ajusta-se no articulador até que os planos na
região anterior estejam afastados em torno de 2 mm.
Figura 3.140 O mesmo procedimento é realizado no plano inferior.

Figura 3.141 Os planos são vaselinados e levados para a boca, mostrando um


aumento da DVO.
Figura 3.142 O paciente é orientado para fazer movimentos de protrusão.

Figura 3.143 O paciente é orientado para fazer movimentos de lateralidade para a


direita e esquerda.
Figura 3.144 Os movimentos são cessados quando se retorna para a DVO
planejada, que corresponde ao toque dos planos na região anterior. A curva de
compensação não é necessária na região anterior, pois a oclusão balanceada será
obtida através do overbite dos dentes anteriores.

Figura 3.145 Vista oclusal dos planos contendo a curva individual de compensação.
Figura 3.146 No articulador, os planos devem repetir a mesma posição obtida na
boca. O pino guia incisal tocando na mesa incisal confirma a manutenção da DVO
planejada.

A curva é obtida apenas na região posterior. A região anterior deve ser preservada, pois
contém inclinações obtidas pelo planejamento estético que não deverão ser alteradas.

Individualização do articulador
A individualização do articulador em próteses totais maxilomandibulares é uma fase logo
após a individualização da curva de compensação e antes da duplicação da mesma.
Inicialmente, com os planos no articulador, desencosta-se o pino guia incisal da mesa incisal.
As guias condilares, que previamente foram ajustadas em 30º, devem ser ajustadas em 0º
(Figura 3.147), assim como os ângulos de Bennett, inicialmente ajustados em 0º, devem ser
abertos no ângulo máximo (Figura 3.148). Inicia-se a individualização pelas guias condilares.
Para isso, simula-se no articulador um movimento protrusivo, mantendo-se em contato a
oclusal dos planos de orientação (Figura 3.149). No movimento protrusivo os côndilos
descrevem um movimento para baixo e para frente (Figura 3.150). O quanto os côndilos
“descem” no movimento protrusivo determina as guias condilares individuais. Após o
movimento protrusivo, afrouxam-se os parafusos correspondentes das guias condilares,
descendo os estojos condilares até que toquem nos dispositivos condilares do articulador
(Figura 3.151). Apertam-se os parafusos e anota-se na ficha clínica os ângulos obtidos das
guias condilares individuais direita e esquerda. Retornam-se os planos ao articulador para a
posição inicial e simula-se um movimento de trabalho para o lado direito. O côndilo do lado
de não trabalho ou balanceio (lado esquerdo) descreve um movimento para frente, para baixo e
para dentro. O quanto ele “caminha” para dentro corresponde ao ângulo de Bennett. Afrouxa-se
o parafuso do lado esquerdo correspondente ao ângulo de Bennett, movimentando até que ele
toque o dispositivo condilar; aperta-se o parafuso e anota-se o ângulo na ficha clínica. O
mesmo procedimento é executado para a obtenção do ângulo de Bennett do lado direito, só que
por meio do movimento de lateralidade para o lado esquerdo (Figuras 3.152 a 3.154).
Se durante o movimento de lateralidade os planos se desencostarem, isto pode indicar
limitação do articulador semiajustável na reprodução dos movimentos mandibulares. Durante o
movimento de lateralidade, o côndilo do lado de trabalho executa o movimento de Bennett, que
corresponde à “saída” do côndilo da fossa articular do lado de trabalho. O movimento de
Bennett não consegue ser reproduzido no articulador semiajustável, visto que o dispositivo
condilar está encostado na parede distal do estojo condilar. A dificuldade de reproduzir esse
movimento também pode estar relacionada com o ângulo de Fischer, que não pode ser
individualizado nesse articulador semiajustável. Para compensar essa limitação, se no
movimento de lateralidade os planos se desencostarem, sugere-se a remoção do dispositivo
condilar do lado de trabalho durante o movimento de lateralidade no ajuste dos ângulos de
Bennett, a fim de compensar a limitação mecânica do articulador.

Figura 3.147 Para iniciar a individualização do articulador, posicionam as guias


condilares em 0o.
Figura 3.148 Inicia-se a individualização com os ângulos de Bennett no maior ângulo
possível.

Figura 3.149 Simula-se o movimento protrusivo no articulador.


Figura 3.150 Com o movimento protrusivo ocorre o afastamento dos côndilos do teto
do estojo condilar.

Figura 3.151 O ajuste das guias condilares consiste em inclinar os estojos condilares
até restabelecer o toque com os postes condilares.

Figura 3.152 Simulação da lateralidade direita.

Além da anotação dos ângulos individuais na ficha clínica, os autores sugerem também
anotálos em fita crepe no ramo superior do articulador e na ficha a ser enviada ao laboratório
(Figura 3.155). No laboratório, durante a montagem dos dentes, é mais seguro retornar os
ângulos de Bennett a zero, evitando pequenos movimentos laterais que poderiam levar a erros
na montagem. Após a montagem dos dentes em oclusão, quando forem necessários os ajustes
em lateralidade, através das anotações dos ângulos na fita crepe, reajusta-se no articulador os
valores individuais do paciente e finaliza-se o ajuste em lateralidade.
Após a individualização do articulador procede-se a duplicação da curva, que é indicada
por vários autores. A duplicação será feita em silicone extraduro de laboratório. O silicone é
um material estável e vários trabalhos têm comprovado sua eficiência na substituição do
gesso-pedra na confecção de muralhas para inclusão de próteses totais, por ter boa reprodução
de detalhes, aliado à grande dureza. As vantagens de duplicar a curva são: pode-se conferir,
após a montagem, se os dentes foram montados na curva, e, no caso de necessitar remontagem,
ela servirá de referência (Figuras 3.156 a 3.163).

Figura 3.153 Na lateralidade direita o côndilo do lado esquerdo se dirige para frente,
para baixo e para dentro.

Figura 3.154 Para ajustar o ângulo de Bennett, movimenta-se a aleta até ela tocar no
côndilo. O ajuste do outro lado se processa de forma similar.
Figura 3.155 É importante anotar no ramo superior do articulador os ângulos
individualizados.

Figura 3.156 Para duplicar a curva de compensação, após a homogeneização do


silicone extraduro de laboratório com o catalizador, ele é adaptado diretamente sobre
o modelo inferior.
Figura 3.157 O articulador é fechado até que o pino guia incisal toque a mesa incisal.

Figura 3.158 Removem-se os excessos e transferem-se as linhas de referência do


plano superior para a duplicada de silicone inferior, após a cura do silicone.
Figura 3.159 Plano inferior duplicado em silicone contendo a curva individual de
compensação.

Figura 3.160 Plano de orientação superior e duplicata em silicone inferior.


Figura 3.161 Para a transferência ao plano de silicone da linha principal do esforço
mastigatório, um arame é modelado sobre a crista na forma do rebordo tendo como
referência posterior o centro da papila piriforme.
Figuras 3.162 e 3.163 Após a colocação da guia em silicone o arame servirá como
guia para a transferência da linha principal do esforço mastigatório.

Bibliografia
BARNABÉ, W. Processamento de próteses totais: Influência de quatro técnicas na alteração da posição dos dentes
artificiais. Dissertação de Mestrado. Bauru: Faculdade de Odontologia da USP, 2000.
BUGET, J. Contributo allo studio del metodo di Paterson. Dental Cadmos, v.12, n.2, p. 193-202, Feb. 1974.
CAMPOS, R.P. Balanceio oclusal nas dentaduras completas. Rev Odontoestomatol, v.11, n.3, p.15-20, jul./set., 1970.
CHRISTENSEN, F.T. The compensating curve for complete dentures. J Prosth Dent, v.10, n.4, p.637-42, Jul./Aug., 1960.
CORRÊA, G.A. Prótese total - passo a passo. São Paulo: Ed. Santos, 2005.
GOMES, T.; MORI, M.; CORRÊA, G.A. Atlas de caracterização em prótese total e prótese parcial removível. Cap.1
Montagem, São Paulo: Ed. Santos, 1998.
GOMES. T.; CASTRO Jr., O.V.; MORI, M.; CORRÊA, G.A., GOMES, F.L. Reprodução em gesso da curva de compensação
do paciente de prótese total. PCL (Revista Brasileira de Prótese Clínica & Laboratorial), v.1, n.2, p.151-161, 1999.
GOMES. T.; CASTRO Jr., O.V. Reprodução em silicone da curva individual de compensação do paciente de prótese total. PCL
(Revista Ibero-americana de Prótese Clínica & Laboratorial), v.6, n.32, jul./ago., 2004.
GRATY, T.C. Some observations on the articulation of teeth by means intraorally ground bite blocks. Br Dent J, v.97, n.11,
p.295-99, Dec, 1954.
GYSI, A. Practical application of research results in denture construction. I Am Dent Assoc, v.16, p.199-223, 1929.
HEARTWELL, C.M.; RAHN, A.O. Syllabus em dentaduras completas. Cap.16 – Inclinações dos dentes relativa aos
conceitos de oclusão, 523p, São Paulo: Ed. Santos. 1990.
HOUSE, M.M. Art - A fundamental in denture Prosthesis. JADA, v.24, p. 406-422, March 1937.
HVANOV, Z.V. Curva de compensação atípica - estudo da morfologia e freqüência. Tese (Livre-docência), Faculdade de
Odontologia da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1993. 60p.
KIAUSINIS, V.; TAMAKI, S.T.; HVANOV, Z.V.; YAMADA, R.N. Avaliação clínica de duas orientações de montagem de
dentes em prótese total: uma com curva de compensação e outra sem. Rev Odont Univ São Paulo, v.10, n.4, out./dez. p.287-
293, 1996.
MARCROFT, K.R.; TENCATE, R.L.; HURST, W.W. Use of silicone rubber mold technique for processing. J Prosth Dent,
v.11, n.4, p. 657-664, 1961.
MEYER, F.S. Balanced and functional occlusion in relation to denture work. J Amer Dent Assoc, v.22, n.7, p. 1156-1164, 1935.
NAKAMAE, A.E.; CUNHA, E.F.S.; TAMAKI R.; GUARNIERI, T.C. Avaliação da retenção de próteses totais bimaxilares
em função das características da área basal. RPG Rev Pós-grad, v.13, n.1, p.69-76, 2006.
PAIVA, H.J. Oclusão – Noções e conceitos básicos. Capítulo 11: Oclusão: integração clínico-protética. São Paulo: Ed. Santos,
1997.
PATERSON, A.H. Construction of artificial dentures. Dent Cosmo, v.65, n.7, p.679-89, July, 1923.
PATERSON, A.H. Influences of mandibular movements on balanced occlusion. J Am Dent Assoc, v.15, n.6. p.1118-23, June,
1928.
RODRIGUES, R.S. Estudo da alteração da posição dos dentes artificiais durante a fase de acrilização da prótese total
em função do tipo de muralha de contenção utilizada. Dissertação de Mestrado. São Paulo: Faculdade de Odontologia da
USP, 2002.
SANTOS JR, J. Oclusão – princípios e conceitos. 4a ed., Cap. 5. Utilização dos articuladores, São Paulo: Ed. Santos, 1996.
SOARES, P.B.N.B.; TAMAKI, S.T.; TAMAKI, T. Estudo comparativo entre a curva de compensação obtida com a técnica de
Paterson e com cera utilidade. RPG, v.3, n.3, jul./ago./set., p.151-156, 1995.
TANAKA, C.S.; TAMAKI, S.T. Estudo in vitro da influência do ângulo de Fischer nas inclinações vestíbulolingual e ântero-
posterior da curva de compensação em desdentados completos. RPG, v.1, n.1, jan./mar., p.12-16, 1994.
TAMAKI, T. Dentaduras completas. 4a ed. rev. ampl. São Paulo: Savier, 1988.
TUCKER, K.M.; FREEMAN, B.J. The effect of investing material on processing changes in complete denture. J Prosth Dent,
v.52, n.2, p.206-210, 1971.
ZANI, D., HUGGETT, R., HARRISON, A. Mensuraments methods used for determination of dimensional accuracy of stability
of denture base materials. J Prosth Dent, 1991; v.19, n.6, p. 199-206.

Etapa 30.1 – Técnica Regressiva de Montagem de Dentes em Próteses


Totais Maxilomandibulares para Obtenção da Oclusão Balanceada
Bilateral

Muitos autores indicam a oclusão balanceada bilateral como o melhor tipo de oclusão para
próteses maxilomandibulares mucosossuportadas. Para se conseguir esse tipo específico de
oclusão é necessária a obtenção da curva individual de compensação, que tem como objetivos
determinar as inclinações das guias condilares e dos ângulos de Bennett do paciente e orientar
a montagem dos dentes. Muitos autores que preconizam esse tipo de oclusão começam a
montagem dos dentes inferiores pela região anterior, mas esse procedimento pode resultar
inicialmente em uma montagem com overbite anterior arbitrário. Esse overbite pode não
corresponder ao necessário para se obter o balanceamento anteroposterior, com a consequente
eliminação do espaço de Christensen, que é a perda de contato dos dentes posteriores durante
o movimento de protrusão. Nesses casos, após a montagem dos dentes posteriores inferiores,
se no movimento protrusivo ocorrer uma mordida aberta anterior, é necessária a remontagem
dos dentes anteriores inferiores elevandoos, ou, se no movimento protrusivo ocorrer a
presença do espaço de Christensen, é necessário abaixá-los para se obter o balanceamento
protrusivo. Na Técnica da Montagem Regressiva, os dentes anteriores inferiores serão os
últimos a serem montados, o que será feito somente após o balanceamento dos posteriores. Isso
faz com que o overbite dos dentes inferiores anteriores seja determinado pela posição e
inclinação das cúspides dos dentes posteriores superiores e inferiores já montados. Além
disso, o uso de um espaçador, antes da montagem dos dentes inferiores (ver protocolo da
montagem regressiva), permite melhor engrenamento através do ajuste oclusal após a retirada
do espaçador sem diminuição da DVO. A montagem por essa técnica visa à máxima
intercuspidação dos dentes, redução dos ajustes oclusais intrabucais, eliminando quase que
totalmente as remontagens.

Protocolo da montagem regressiva de dentes em próteses totais


maxilomandibulares para obtenção da oclusão balanceada bilateral
Esse protocolo de montagem de dentes para próteses maxilomandibulares visa à obtenção da
oclusão do tipo balanceada bilateral e baseia-se no enunciado das quatro leis de Gomes &
•Castro: Lei no 1 – Quem rege a montagem dos dentes anteriores superiores é a estética (região
anterior do plano de orientação superior).
• Lei no 2 – Quem rege a montagem dos dentes posteriores superiores é a curva individual de
compensação e a linha principal do esforço mastigatório, que representa a parte mais alta da
crista do rebordo alveolar inferior.
• Lei no 3 – Quem rege a montagem dos dentes posteriores inferiores são os dentes superiores
posteriores já montados.
• Lei no 4 – Quem rege a montagem dos dentes anteriores inferiores são as inclinações das
cúspides e o overbite dos dentes posteriores, no movimento protrusivo.

A montagem deve iniciar-se em um hemiarco pelos dentes anteriores superiores (incisivo


central, incisivo lateral e canino), seguindo-se os parâmetros do plano de orientação superior
obtidos diretamente no paciente pelas referências estéticas (lei no 1) (Figuras 3.164 a 3.167).
A disposição dos dentes deve ser definida juntamente com o paciente (ver capítulo Estética em
Prótese Total). A seguir, procede-se a montagem dos dentes superiores posteriores procurando
direcionar as cúspides palatinas para o centro da crista do rebordo inferior (linha de Pound ou
linha principal do esforço mastigatório). Ao mesmo tempo, as cúspides palatinas e
vestibulares devem tocar o plano de silicone que contém a curva individual de compensação,
com exceção dos primeiros pré-molares, em que esse toque é opcional (lei no 2) (Figuras
3.168 a 3.170 e 3.173A-C). Completa-se da mesma maneira a montagem do outro hemiarco
superior (Figuras 3.171, 3.172 e 3.174A-C). Antes da montagem dos dentes inferiores,
substitui-se o plano de silicone pelo plano de orientação inferior, e acrescenta-se à mesa
incisal um espaçador com cerca de 0,5 mm (a espessura aproximada de dois cartões de visita)
fixado por um pedaço de fita crepe, que será removido depois da montagem de todos os dentes
posteriores inferiores e antes do ajuste oclusal (Figura 3.175). A anatomia dos dentes
artificiais, na maioria das vezes, não promove uma perfeita intercuspidação dos dentes, o que
pode levar à instabilidade das próteses e mordidas na língua e bochechas (Figura 3.183). Esse
espaçador provocará inicialmente um pequeno aumento da DVO, que será restabelecido com o
ajuste oclusal em MIC até o restabelecimento da DVO inicial. A sequência de montagem dos
dentes posteriores inferiores, que tem como referência os dentes superiores posteriores (lei no
3) é: primeiro molar, segundo molar, segundo pré-molar e primeiro pré-molar. No outro
hemiarco procede-se da mesma maneira (Figuras 3.176 a 3.182). Em alguns casos podem-se
encontrar dificuldades na montagem, devido ao fato de a maxila apresentar uma reabsorção
centrípeta e a mandíbula centrífuga, levando-se muitas vezes à necessidade de uma montagem
cruzada. Logo após a montagem dos dentes posteriores, o espaçador da mesa incisal é
removido e procede-se o ajuste oclusal, primeiro em oclusão, até que o pino guia incisal volte
a tocar a mesa incisal (restabelecendo-se a DVO), e depois em lateralidade, até a obtenção de
toques bilaterais simultâneos (Figuras 3.184 a 3.186 e 3.187A e B). A montagem dos dentes
inferiores anteriores é realizada simulando no articulador um movimento protrusivo até que as
cúspides dos dentes posteriores superiores e inferiores encontrem-se em topo (lei no 4). Em
protrusão, posiciona-se primeiramente o incisivo central inferior topo a topo, direcionando o
seu longo eixo para o centro da crista alveolar inferior (Figura 3.188); retornando-se o
articulador para a posição de relação central, determinam-se automaticamente o overbite e o
overjet necessários para que ocorram toques posteriores e anteriores no movimento protrusivo
(Figura 3.189). Procede-se, assim, à montagem do restante dos dentes anteriores inferiores
pelos movimentos de protrusão e lateralidade (Figura 3.190).

Figura 3.164 Recorte inicial para a montagem dos dentes anteriores superiores.
Observe que restou um pouco de cera do plano na região posterior para manter a
estabilidade durante a montagem.
Figura 3.165 A vestibular do incisivo central superior segue a mesma vestibularidade
da região anterior do plano de orientação superior para devolver o suporte adequado
para o lábio.

Figura 3.166 Montagem do 21, 22 e 23. Note que a distal do canino deve coincidir
com a linha dos caninos e a disposição do 22 com características femininas se
sobrepondo sobre o 21.
Figura 3.167 Montagem dos dentes anteriores superiores completada; a orientação
desta montagem é guiada pela estética (lei no 1).

Figura 3.168 As cúspides palatinas dos dentes superiores posteriores devem ser
direcionadas para a linha principal do esforço mastigatório e as cúspides apoiadas no
plano seguindo a curva individual de compensação (lei no 2).
Figura 3.169 Montagem dos posteriores superiores do lado esquerdo concluída.

Figura 3.170 O alinhamento dos dentes posteriores deve estar em harmonia com os
sulcos principais dos dentes.
Figura 3.171 A montagem dos dentes posteriores superiores do lado direito segue
os mesmos princípios.

Figura 3.172 Montagem dos dentes superiores completada.

Figura 3.173A As cúspides palatinas, com exceção do primeiro pré-molar, tocam a


linha principal do esforço mastigatório o que resulta no seu direcionamento para a
crista do rebordo inferior.
Figuras 3.173B e C Observar o prolongamento da direção das cúspides palatinas
com o fio de cera azul coincidindo com o centro do rebordo inferior.
Figuras 3.174A-C Se voltarmos a colocar o plano de orientação inferior em cera
devemos obter os mesmos toques obtidos no silicone.

Figura 3.175 O plano de orientação inferior é posicionado no modelo e um


espaçador é acrescentado na mesa incisal.
Figura 3.176 Recorte na cera para o início da montagem dos dentes inferiores
posteriores.

Figura 3.177 Montagem do primeiro molar inferior esquerdo (lei no 3).


Figura 3.178 Montagem do segundo molar inferior esquerdo.

Figura 3.179 Montagem do segundo pré-molar inferior esquerdo.


Figura 3.180 Montagem do primeiro pré-molar inferior esquerdo.

Figura 3.181 A montagem dos dentes inferiores posteriores do lado direito segue os
mesmos princípios.

Figura 3.182 Final da montagem dos dentes inferiores posteriores.


Figura 3.183 Após a montagem dos dentes pré-fabricados posteriores, é comum
eles apresentarem uma desadaptação; o ajuste oclusal após a remoção do
espaçador melhorará o engrenamento dos dentes sem perda de DVO.

Figura 3.184 Remoção do espaçador e ajuste oclusal em MIC. O ajuste é realizado


até que o pino guia incisal toque novamente a mesa incisal retornando a DVO
preestabelecida.
Figura 3.185 Ajuste oclusal em lateralidade.

Figura 3.186 Notar o melhor engrenamento entre os dentes artificiais após o ajuste
oclusal.
Figuras 3.187A e B Após o ajuste oclusal, os dentes posteriores já estarão
balanceados.
Figura 3.188 O movimento de protrusão é utilizado para o posicionamento em topo
do incisivo central inferior (lei no 4).

Figura 3.189 Ao retornar em oclusão, o overbite ideal para o balanceamento


anteroposterior é obtido.
Figura 3.190 Montagem de todos os dentes finalizada dentro da filosofia da oclusão
balanceada bilateral.

A montagem balanceada bilateral, devido ao grande número de planos inclinados nos


movimentos de lateralidade, se não ajustada corretamente, pode ser prejudicial à estabilidade,
provocar úlceras traumáticas, aumento da atividade muscular e induzir a hábitos
parafuncionais. A montagem dos dentes artificiais sobre a curva individual de compensação é
apenas uma das etapas para a obtenção desse tipo de oclusão. O uso de um articulador
semiajustável, o cuidado na montagem dos dentes, o ajuste oclusal e a técnica de acrilização
das próteses são fundamentais para que se obtenha um balanceamento, já no dia da instalação,
com um mínimo de ajuste clínico, apenas para compensar a resiliência da fibromucosa e as
limitações do articulador semiajustável. Muitas técnicas iniciam a montagem dos dentes
inferiores pelos anteriores, não conseguindo obter diretamente o balanceamento bilateral,
necessitando de remontagens. A Técnica Regressiva tem por objetivo apresentar uma
montagem de dentes com o uso de um espaçador, para permitir melhor engrenamento entre eles
sem a perda da dimensão vertical de oclusão e a obtenção direta de uma oclusão balanceada
bilateral, eliminando, na maioria dos casos, a necessidade de remontagens.

Bibliografia
AMORIM, V.C.P.; LACERDA, T.S.L.; MAURI FILHO, A.C.; ZANETTI, A.L. Remontagem das próteses totais em
articulador utilizando os dispositivos Zanetti para realização do ajuste oclusal. PCL (Revista Ibero-Americana de Prótese
Clínica & Laboratorial), v.6, n.31, p. 283-94, maio/jun, 2004.
CASTRO Jr, O.V.; HVANOV, Z.V; FRIGERIO, M.L.M. Avaliação estética da montagem dos seis dentes superiores e
anteriores em prótese total. Pesq Odont Bras, v.14, n.2, p.177-182, abr./jun., 2000.
CHRISTENSEN, C. The problem of the bite. Dent Cosmos, v.47, n.10, p. 1186-1195, 1905.
CORRÊA, G.A. Prótese total – passo a passo. São Paulo, Ed. Santos; 2005.
CUNHA, V.P.P.; MARCHINI, L. Prótese total: procedimentos clínicos e laboratoriais. Cap 10 – Posicionamento do padrão
de cera inferior no articulador (registro das relações maxilomandibulares). São Paulo: Ed. Maio; 2002.
CUNHA, V.P.P.; MARCHINI, L. Prótese total: procedimentos clínicos e laboratoriais. Cap. 11 – Montagem dos dentes
artificiais. São Paulo: Ed. Maio; 2002.
DOMITTI, S.S. Sistematização do ensino integrado da prótese total. Cap. XXI – Colocação dos modelos no articulador,
montagem dos dentes, São Paulo: Ed. Santos, 1990.
DUBOJSKA; A.M, WHITE, G.R., PASIEK, S. The importance of occusal balance in the control of complete dentures.
Quintessence Int, v.29, n.6, p.389-394, 1998.
FERREIRA, D.F.; SILVA, F.A.P.; MESQUITA, M.F.; NÓBILO, M.A.A.; HENRIQUES, G.E.P. Obtenção do equilíbrio
funcional em prótese total com a utilização de rampas posteriores. Rev APCD, v.59, n.4, p.277-281, 2005.
GOMES, T.; GOMES, F.L.; CASTRO Jr, O.V.; MORI, M.; CORRÊA, G.A. Reprodução em gesso da curva individual de
compensação do paciente de prótese total. PCL (Revista Brasileira de Prótese Clínica & Laboratorial); v.1, n.2, p. 151-161,
1999.
GOMES, T.; CASTRO Jr.; O.V. Técnica regressiva de montagem de dentes em próteses totais maxilomandibulares para
obtenção de oclusão balanceada bilateral. PCL, v.8, n.42, 2006.
GRATY, T.C. Some observations on the articulation of teeth by means of intraorally ground bite blocks. Brit Dent J, v.97, n.11,
p. 205-209, 1954.
HEARTWELL, C.M.; RAHN, A.O. Syllabus em dentaduras completas. Cap. 15 – Montando os dentes artificiais. São Paulo:
Ed. Santos, 1990.
HEARTWELL, C.M.; RAHN, A.O. Syllabus em dentaduras completas. Cap. 16 – Inclinações dos dentes relativas aos
conceitos de oclusão, São Paulo: Ed. Santos, 1990.
JOHNSON, D.L.; STRATTON, R.J. Fundamentos da prótese removível. Cap. 43: Seleção e montagem dos dentes artificiais.
Trad. Patrícia Resende, São Paulo: Quintessence, 1988.
MEYERS, F.S. Balanced and functional occlusion in relation to denture work. JADA, p.1156-1164, July, 1935.
MIRALLES, R.; BULL, R.; MANNS, A.; ROMAN, E. Influence of balanced occlusion and canine guidance on
electromyographic activity of elevador muscles in complete denture wearers. J Prosth Dent, v. 61, n.4, April, p. 494-98, 1989.
PATERSON, A.H. Construction of artificial dentures. Dent Cosmos, v.65, n.7, p. 679-689, 1923.
PATERSON, A.H. Influences of mandibular movements on balanced occlusion. J Amer Dent Assoc, v.15, n.6, p.1118-1123,
1928.
PIETROKOVSKI, J.; STARINSSKY, R.; ARENSBURG, B.; KAFFE, I. Morphologic characteristics of bony edentulous jaws.
J of Prosth, v.16, n.2, March/April, p.141-47, 2007.
POUND, E. Applying harmony in selecting and arranging teeth. Dental Clin N. Amer, p.241-58, 1962.
SOUZA, C. Prothese Dentaria – dentaduras. 6a ed., 531p, Juiz de Fora: Companhia Dias Cardoso, 1926.
TAMAKI, T. Dentaduras completas. 4a ed. Cap. 11 – Relações intermaxilares em desdentados completos. São Paulo: Savier,
1988.
TAMAKI, T. Dentaduras completas. 4a ed. Cap. 14 – Dentes artificiais. São Paulo: Savier, 1988.
TELLES, D.; HOLLWEG, H.; CASTELLUCCI, L. Prótese total – convencional e sobre implantes. Cap. III: Estética e
relações intermaxilares em prótese total. São Paulo: Ed. Santos, 2003.
TURANO, J.C.; TURANO, L.M. Fundamentos de prótese total. 2a ed., Cap. 18: Montagem de dentes artificiais, São Paulo:
Ed. Quintessence, 1990.
TURNER, C.R.; ANTHONY, L.P. The american textbook of prosthetic dentistry. 5a ed. Philadelphia: Lea & Febiger, 1928.
WALISZEWSKI, M.; SHOR, A.; BRUDVIK, J.; RAIGRODSKI, A. A survey of edentulous patient preference among
different denture esthetic concepts. J Esthe Rest Dent, v.18, n.6, p.352-53, Nov/Dec, 2006.
WÖSTMANN, B.; SCHULZ, H.H. Prótese total – Atlas colorido. São Paulo: Ed. Santos, 1991.

Etapa 30.2 – Enceramento Caracterizado


Após a montagem dos dentes, procede-se ao enceramento e à escultura da gengiva artificial.
Essa fase tem como principais objetivos a obtenção de uma superfície polida para promover
conforto na prova em cera na boca do paciente e a análise do suporte labial da futura prótese.
O enceramento caracterizado possibilita a confirmação da cor da gengiva selecionada e a
aprovação dela pelo paciente. Recomenda-se esse procedimento, principalmente para aqueles
pacientes com linha de lábio alta, que expõem uma faixa gengival durante o sorriso, e para os
que se enquadraram no perfil psicológico, quanto à atitude mental, em céticos ou histéricos,
que possuem grande expectativa e um alto grau de exigência. A não realização da prova em
cera caracterizada poderá causar um grande desprazer ao paciente, e levá-lo a não aceitar a
cor da gengiva na prótese concluída. A visualização da cor da gengiva selecionada, em
contraste com a cor dos dentes, fornece uma visão muito próxima da estética final da
composição do conjunto dentes-gengiva. Esse sistema de caracterização baseia-se em simular
na cera a cor natural da mucosa do paciente, cuja leitura foi feita através das escalas em resina
do sistema STG.
Com relação à quantidade de exposição dos dentes na escultura, essas devem ser
previamente repassadas ao protético antes do enceramento. O dentista deve analisar a
exposição dos dentes durante o sorriso com o plano de orientação, e informar ao protético, se
na escultura deve ou não haver exposição dos colos dos dentes artificiais.
A simulação das rugosidades palatinas na prótese maxilar também deve ser analisada, pois
elas auxiliam o posicionamento da língua no palato durante a deglutição. Algumas vezes essa
escultura não é bem aceita pelo paciente, e uma conduta interessante, para minimizar essa
possibilidade, é realizar a escultura das rugosidades e instalar a prótese. Se o paciente não se
adaptar, deve-se removê-las após alguns dias.
Uma atenção especial deve ser dada à escultura das papilas, que devem ser totalmente
preenchidas com cera e recortadas em um ângulo de 45º, propiciando uma “autolimpeza” e
evitando o acúmulo de resíduos alimentares na futura prótese. Uma outra observação é com
relação à área lingual inferior, cuja escultura deve ser aconcavada, evitando-se invadir o
espaço funcional da língua (Figuras 3.191 a 3.201).
Figura 3.191 Montagem dos dentes com cera comum.

Figura 3.192 Na região palatina realiza-se o enceramento da simulação das


rugosidades palatinas. Note a escultura da palatina dos dentes.
Figura 3.193 O enceramento caracterizado é realizado com as ceras indicadas no
guia para a cor da gengiva selecionada.

Figura 3.194 Parte da cera vestibular é removida.

Figura 3.195 Ceras do kit de caracterização e escala da gengiva selecionada em


acrílico.
Figura 3.196 Hemiarcada com cera caracterizada.
Figuras 3.197, 3.198 e 3.199 Para a simulação das artérias usa-se um bisturi para
promover ranhuras acrescenta-se cera vermelha e remove-se o excesso de cera.
Note que a cor da cera é similar à da resina selecionada.
Figuras 3.200A-C Enceramento caracterizado concluído.

Figura 3.201 Note que nas montagens de próteses mucosossuportadas os dentes


anteriores não devem se tocar em oclusão.

Bibliografia
GOMES.T.; MORI, M.; CORRÊA, G.A. Atlas de caracterização em prótese total e prótese parcial removível. Cap. 2.
Enceramento normal e caracterizado. Ed. Santos, 1a ed. Cap.1: Montagem, 1998.
GOMES, T.; ADOLFI, D.; MORI, M.; CORRÊA, G.A.; BRAUNWARTH, J.J. The importance of patient’s satisfaction
during trial wax denture. Quintessence dental tech (Japan), v. 21, n.1, p.16-19, Ago, 1996.

Etapa 31 – Prova em Cera

Sem dúvida, a prova em cera é uma etapa importante na confecção de próteses totais.
Qualquer descuido do profissional pode levar à insatisfação do paciente e frustrar todo o
tratamento. Apesar de todos os cuidados, a prova em cera é apenas uma “sugestão estética”. O
profissional deve entender que o conceito do belo é subjetivo, e deve se esmerar, dentro dos
limites funcionais, em confeccionar próteses que satisfaçam os desejos estéticos do paciente.
Esses desejos são de caráter pessoal e sofrem influências do seu meio social. Querer impor o
conceito estético do profissional, muitas vezes, leva ao insucesso e a não aprovação das
próteses. Além da opinião do paciente, observações funcionais devem ser analisadas durante a
prova dos dentes em cera. Estas estão sugeridas a seguir em forma de protocolo.

Protocolo de análise da prova dos dentes em cera


Confirmação da DVO
• Observação do paciente de frente e de perfil em DVO (Método de Turner & Fox) (Figuras
3.202 e 3.203).
Figura 3.202 Observação do paciente de frente.

Figura 3.203 Observação do paciente de perfil.

• Com o paciente em repouso observar se há espaço funcional livre. A ausência desse espaço
sugere DVO aumentada, e um espaço muito grande, DVO diminuída.
• Por meio dos testes fonéticos, observar a presença do espaço funcional de pronúncia.
Normalmente ao se pronunciar a palavra “Mississipi” deve-se observar um espaço
(separação entre os dentes) em torno de 1 mm, e das palavras “sessenta e seis” um espaço
em torno de 3 mm (método de Silvermann).
• Analisar se os dentes inferiores anteriores estão na altura da linha úmida seca do lábio
inferior.

Confirmação da oclusão
• Solicitar para o paciente ocluir (DVO) e analisar a coincidência de sua oclusão com a da
obtida no articulador.
• Solicitar para o paciente fazer movimentos (sem muita força) de protrusiva, lateralidades
direita e esquerda para a análise da coincidência da mesma oclusão balanceada bilateral
obtida no articulador.

A utilização na montagem dos dentes de uma cera especial que possua um adesivo é de
fundamental importância para manter a fixação dos dentes nesse procedimento.

Confirmação da estética
• Análise da cor dos dentes artificiais.
• Análise da cor da gengiva artificial (cera caracterizada) (Figura 3.207).
• Análise da estética do repouso (ver Capítulo Estética em Prótese Total) (Figura 3.204).
• Análise da estética da fala (ver Capítulo Estética em Prótese Total).
• Análise da estética do sorriso (Figura 3.205) que contém: observação da escultura gengival
(exposição ou não dos colos dos dentes), paralelismo dos dentes anteriores com a linha
bipupilar, linha mediana, posição e disposição dos dentes, harmonia das incisais dos dentes
anteriores superiores com a forma do lábio inferior durante o sorriso (Desenho 8).

Um detalhe importante é que, muitas vezes, as bases de prova não promovem uma retenção
adequada durante a prova em cera, visto que estão aliviadas com o objetivo de se proteger os
modelos de trabalho. Essa falta de retenção, muitas vezes, leva a interpretações errôneas, tanto
dos testes estéticos quanto dos funcionais. Se o profissional perceber que as bases estão
instáveis, é indicado o uso de fixadores para aumentar a retenção e realizar o protocolo de
prova estético e funcional com segurança.
Após as análises estéticas e funcionais e a aprovação da estética pelo paciente (Figura
3.206), a próxima etapa é o vedamento e a inclusão.
Figura 3.204 Observação da estética do repouso.

Figura 3.205 Observação da estética do sorriso.


Figura 3.206 A opinião do paciente é de extrema importância e deve-se usar um
espelho grande para que ele tenha uma visão geral da estética: rosto e dentes.

Figura 3.207 Comparação da gengiva em cera caracterizada com a escala em


gengiva da cor selecionada para aprovação do paciente.
Desenho 8 As incisais dos dentes superiores no sorriso devem acompanhar a forma
do lábio inferior para a obtenção de uma estética agradável.

Bibliografia
CASTRO Jr, O.V.; FRIGÉRIO, M.L.A. Avaliação estética da montagem dos seis dentes superiores anteriores em prótese total.
Pesquisa Odontológica Brasileira, v.14, n.2, abr./jun., 2000.
GOMES, T.; ADOLFI, D.; MORI, M.; CORRÊA, G.A.; BRAUNWARTH, J.J. The importance of patient’s satisfaction during
trial wax denture. Quintessence Dental Tech (Japan), v.21, n.1, p.16-19, Ago, 1996.
HEART WELL, C. Psychologic consideration in complete denture prosthodontics. J Prosth Dent, v.24, n.1, p. 5-10, July, 1970.
HIRSCH, B.; LEVIN, B.; TIBER, N. Effeccts of dentist authoritarianism on patient evolution of dentures. J Prosth Dent, v.30,
n.5, p.746-748, 1973.
SILVERMAN, S.; SILVERMAN, S.; SILVERMAN B.; GARFINKEL, L. Self-image and its relation to denture acceptance. J
Prosth Dent, v.35, n.2, p.131-141, Feb, 1976.
TAMAKI, T. Dentaduras completas. 4a ed., Cap. 11: Relações intermaxilares em desdentados completos. São Paulo: Savier,
1988.

Etapa 32 – Vedamento e Inclusão

Vedamento e inclusão das próteses totais em muflas para microondas (Vipi-STG®).

Vedamento periférico
O vedamento periférico deve ser feito com cera quente preenchendo toda a canaleta do
modelo. Esse procedimento, obrigatoriamente, deve ser realizado com os dentes em oclusão no
articulador para não se perder o correto engrenamento entre eles (Figuras 3.208 e 3.209).

Preparo e inclusão na mufla com muralha de silicone fluido (Vipi-Sil®)


• A mufla deverá ser previamente preparada com a aplicação de uma fina camada de vaselina
em toda a superfície interna, inclusive nos orifícios onde vão os parafusos.
• O modelo para inclusão deverá ser desgastado o máximo possível (em torno de 2 mm da
canaleta) fazendo-se um bisel para evitar um degrau entre o gesso da borda do modelo e o
da inclusão (Figuras 3.210 a 3.214).

Figura 3.208 A delimitação com lápis do limite do final da canaleta com a plataforma
horizontal auxilia na identificação dos limites da prótese.

Figura 3.209 É importante que o vedamento com cera seja feito em oclusão.

• Confeccionar pequenas retenções (sulcos) na lateral do modelo.


• Para incluir o modelo na base usa-se em torno de 120 g de gesso. Verter o gesso, posicionar
o modelo centralizando-o e promover o alisamento.
• Após a cristalização do gesso, preparar uma porção de silicone fluido (Vipi-Sil®) de acordo
com a orientação do fabricante.
• Aplicar com o dedo sobre os dentes e a área gengival externa, tendo cuidado de recobrir as
pontas de cúspides dos dentes com uma espessura de 2 a 3 mm.
• Fixar retenções em toda a superfície, principalmente na região sobre os dentes. Essas
retenções podem ser pedaços de silicone já catalisados de muralhas usadas em outros
trabalhos.
• Isolar a parte exposta do gesso da base da mufla com isolante específico.
• Fechar a contramufla, posicionar e apertar os 4 parafusos.
• Preparar e verter cerca de 180 g de gesso comum através do orifício superior até o seu
preenchimento total, tomando o cuidado de vibrar bem para evitar a formação de bolhas de
ar (Figuras 3.215 a 3.231).

Figura 3.210 Close do vedamento com cera, orientando-se pelo limite da marcação
do lápis.
Figura 3.211 Após o vedamento com cera em oclusão, os modelos são retirados do
articulador.

Figura 3.212 Uso do demuflador pneumático para remoção do gesso de montagem


dos modelos.
Figura 3.213 Os modelos devem ser reduzidos no recortador de gesso até que a
plataforma horizontal fique com cerca de 2 mm de distância da canaleta.

Figura 3.214 Modelos reduzidos prontos para a inclusão na mufla.


Figura 3.215 Materiais necessários para a inclusão dos modelos na mufla.

Figura 3.216 Mufla Vipi-STG® com seus quatro parafusos.


Figura 3.217 Deve-se vaselinar toda parte interna da mufla com vaselina em pasta.

Figura 3.218 Análise do espaço para a inclusão.


Figura 3.219 Modelo maxilar incluído na base da mufla.

Figura 3.220 Essa inclinação dada ao modelo facilita a caracterização da gengiva.


Figuras 3.221 e 3.222 A inclusão do modelo mandibular segue os mesmos
princípios. É importante que o gesso apresente uma superfície extremamente lisa,
que é obtida com um pincel para remoção dos excessos e uma tira de lixa.

Figura 3.223 Modelos incluídos na base da mufla.

Figura 3.224 Material necessário para a confecção da muralha de contenção.


Figura 3.225 Após a manipulação do silicone, ele é aplicado com os dedos sobre os
dentes e a cera.

Figura 3.226 Muralha em silicone concluída.


Figura 3.227 Pequenos pedaços de silicone extraduro de laboratório utilizados em
outros trabalhos são aplicados sobre o silicone fluido para aumentar a sua retenção
no gesso.

Figura 3.228 Isola-se a parte de gesso com isolante.


Figura 3.229 Muflas prontas para serem fechadas.

Figura 3.230 Após o aparafusamento dos 4 parafusos verte-se gesso comum pelo
orifício.
Figura 3.231 Inclusão concluída esperando a cristalização total do gesso.

Bibliografia
GOMES, T.; MORI, M.; CORRÊA, G.A. Muralha de silicone para prótese total e prótese parcial removível. Odonto Pop, v.1,
n.2, abr./jun., 1997.
RODRIGUES, R.S. Estudo da alteração da posição dos dentes artificiais durante a fase da acrilização da prótese total
em função do tipo de muralha de contenção utilizada. Dissertação de mestrado. Faculdade de Odontologia da USP, São
Paulo, 2002.

Etapa 33 – Demuflagem da Cera e Preparo para Acrilização

Remoção da base de prova e da cera


• Remover os parafusos da mufla, levar ao microondas em um recipiente de vidro com um
pouco de água e programar por 2 minutos a 100% de potência (para um forno de microondas
de 900 W) (Figura 3.232).
• Abrir a mufla e remover a base de prova com a cera (Figura 3.233).
• Limpar os resíduos restantes com removedor específico (Figura 3.234).
• Retirar todos os dentes, limpar com removedor e retornar para sua posição no silicone.
• Completar a limpeza e verter água fervente sobre a mufla e contramufla (Figuras 3.235 e
3.236).
Figura 3.232 Muflas no microondas.

Figura 3.233 Remoção da base de prova. Notar que a temperatura programada


permitiu um modelo e dentes com o mínimo de cera aderida. Essa temperatura deve
ser alterada e experimentada pelo técnico dependendo da marca de cera utilizada.
Figura 3.234 Uso do removedor para eliminar resíduos de cera.

Figura 3.235 Banhos de água quente para completar a eliminação de cera dos
dentes e modelos.

Isolamento dos modelos


• Iniciar o isolamento dos modelos quando a sua temperatura atingir mais ou menos 50°C.
• Aplicar o isolante com pincel adequado até que toda a superfície do gesso apresente um
aspecto brilhante (Figura 3.237).
• Conservar em um umidificador até o momento da acrilização.
Figura 3.236 Muflas prontas para a acrilização.

Figura 3.237 O isolamento dos modelos deve ser realizado quando a temperatura
destes atingir cerca de 50oC.

Etapa 34 – Acrilização das Próteses Totais Através do Sistema STG

Esta fase da confecção de uma prótese total é vital para que todos os resultados obtidos até
então sejam mantidos até sua instalação. O não cumprimento de protocolos específicos desta
fase pode resultar em alterações dimensionais da resina com resultados imprevisíveis na DVO,
oclusão e posição dos dentes. Ciclos de polimerização inadequados podem levar a
porosidades, fragilizando a resina e prejudicando a estética, além de resultarem em liberação
de monômero residual, podendo ocasionar inflamações bucais.
Atualmente, a polimerização através de energia de microondas tem sido bastante empregada.
A sua eficiência já foi comprovada por diversas pesquisas, que confirmaram ser esta uma
técnica limpa, rápida e que resultou em uma resina com excelentes propriedades mecânicas.

Protocolo de acrilização pelo sistema STG com polimerização em forno


de microondas
• Promover cavidades retentivas nas bases internas de todos os dentes com uma broca
troncocônica invertida.
• Para não haver risco de movimentação dos dentes, fixar com cola instantânea na incisal ou
oclusal para evitar que eles saiam de suas posições originais durante a acrilização.

1. Preenchimento das cavidades com resina da cor dente


Nesta fase a base da mufla deve estar no umidificador.
No caso do uso do reforço metálico, o mesmo é fixado nesta fase.

2. Aplicação das artérias (de acordo com a indicação do manual contido no sistema STG)
• Desfiar, com o auxílio de um Le Cron, numa placa de vidro, as fibras que imitam as artérias
ou veias.
• Fixar as artérias ou veias na metade superior vestibular da muralha de silicone, que
corresponde à região da fibromucosa móvel, com o auxílio de uma finíssima camada de
vaselina em pasta aplicada com pincel.

3. Seguir a orientação do manual do sistema STG e realizar a caracterização do primeiro


hemiarco vestibular
• Umedecer a metade vestibular com monômero de lenta polimerização.
• Aplicar a 1a camada de resina caracterizada, de acordo com a orientação do manual, e
umedecer.
• Aplicar a 2a camada e umedecer.
• Aplicar a 3a camada e umedecer.
• Aplicar uma nuvem de resina em pó e não umedecer.

4. Teste de espessura de camada


• Colocar uma folha fina de plástico entre a mufla e a contramufla, levar para a prensa
hidráulica e prensar gradativamente até atingir 1.000 kg/f.
• Abrir a mufla e retirar com Le Cron os possíveis excessos de resina que escoaram para o
palato ou para a lingual. Usar um pincel de ponta chata para completar a limpeza (as áreas
que ficaram úmidas devem ser renovadas com uma nova camada de nuvem de pó).

5. Caracterização do segundo hemiarco vestibular


• Umedecer a metade vestibular com monômero de lenta polimerização.
• Aplicar a 1a camada e umedecer.
• Aplicar a 2a camada e umedecer.
• Aplicar a 3a camada e umedecer.
• Aplicar uma nuvem de resina em pó e não umedecer.

6. Teste de espessura de camada


• Colocar uma folha fina de plástico entre a mufla e a contramufla, levar para a prensa
hidráulica e prensar gradativamente até atingir 1.000 kg/f.
• Abrir a mufla e retirar com Le Cron os possíveis excessos de resina que escoaram para o
palato ou para a lingual. Usar pincel de ponta chata a fim de completar a limpeza (as áreas
que ficaram úmidas devem ser renovadas com nova camada de nuvem de pó). Ao terminar
cada procedimento, a parte da mufla que não está sendo utilizada deve voltar ao
umidificador para conservar o isolante, evitando ressecamentos.
• Levar a contramufla ao umidificador e retirar a base da mufla.

7. Caracterização da canaleta do modelo de trabalho


• Na canaleta do modelo que está na base da mufla, aplicar, de maneira intercalada, uma
primeira camada de todas as resinas utilizadas na caracterização e umedecer.
• Aplicar uma segunda camada da mesma maneira e não umedecer (essa última camada
funcionará como uma nuvem de pó, evitando a evaporação). As duas camadas deverão ter
volume suficiente para preencher toda a canaleta no fundo de sulco vestibular do modelo.
Não se faz prensagem de prova para a resina colocada na canaleta.
• Voltar ao umidificador a base da mufla enquanto se aguarda o preparo da resina transparente
do palato.

8. Preparo da resina transparente do palato


• Preparar a resina STG® para o palato (em média 30 g) e aguardar até a fase pegajosa.

9. Umedecimento das nuvens de pó


• Retirar a base e contramufla do umidificador.
• Vaselinar a borda plástica da mufla e contramufla para facilitar a remoção da rebarba da
resina após a prensagem.
• Umedecer com monômero de lenta polimerização a vestibular caracterizada e eliminar com
um papel absorvente o excesso de líquido.
• Umidificar a resina da canaleta do modelo.

10. Prensagem de prova


• Remover a resina transparente do pote e entulhar na contramufla com o auxílio de uma
espátula 31 e de um Le Cron. É importante que nesse momento a fase da resina seja próxima
da fase pegajosa inicial.
• Reforçar a umidificação com monômero, colocar duas folhas de plástico, uma na horizontal
e outra na vertical e fechar a mufla. Colocar na prensa, sem prensar, e aguardar a fase
plástica. Normalmente a resina atinge essa fase entre 5 e 7 minutos (esse tempo depende da
temperatura do ambiente de trabalho).
• Para identificar a fase plástica, retirar o excesso que está por fora da mufla, dar um pequeno
aperto na prensa hidráulica e com o excesso que extravasou apertar entre os dedos, testando
se essa resina não está aderindo (o que corresponde à fase plástica).
• Na fase plástica, fazer a prensagem de prova, lentamente, para a resina ir se acomodando,
primeiro até 500 kg/f, depois até 750 kg/f e, por fim, até 1.000 kg/f. A prensagem só termina
quando o ponteiro do manômetro da prensa não se movimentar mais.
• Esperar cerca de 15 minutos para a retirada das rebarbas, dos excessos e do corte da resina
da borda que provocaria uma faixa transparente.

11. Remoção das rebarbas e da faixa transparente da resina da borda


• Retirar a mufla da prensa e abrir.
• Eliminar com Le Cron os excessos (rebarbas) da base da mufla e da contramufla, e, com um
bisturi, recortar 2 mm do transparente que está na borda do fundo do sulco vestibular da
contra mufla.
• Acrescentar intercaladamente na canaleta do modelo (base da mufla), as resinas
pigmentadas em uma quantidade proporcional aos 2 mm cortados da borda vestibular na
contramufla e umedecer.

12. Prensagem final


• Fechar a mufla sem o plástico separador, colocar na prensa aguardando de 5 a 7 minutos
para que essa nova resina da canaleta chegue à fase plástica. Depois disso, prensar
lentamente até 1.000 kg/f e esperar por 12 horas.
• Após completar as 12 horas, verificar a perda de pressão que varia de acordo com a
espessura da resina de cada prótese e apertar novamente até 1.000 kg/f. Com a mufla ainda
na prensa, colocar os 4 parafusos e apertar. Retirar a mufla da prensa e iniciar a
polimerização por energia de microondas (Figuras 3.238 a 3.281).
Figuras 3.238A e B A cor da caracterização selecionada segue os critérios do
manual de caracterização STG®.
Figura 3.239 Após o isolamento os modelos devem ser colocados no umidificador e
a tampa bem fechada.

Figura 3.240 Dentes antes dos orifícios.


Figura 3.241 Dentes com os orifícios que vão promover retenção mecânica à base
da prótese.

Figura 3.242 No caso de inclusão com reforço metálico, a resina da cor do dente
deve ser a quimicamente ativada que é colocada nos orifícios dos dentes.
Figura 3.243 O reforço é fixado impedindo que ele se desloque da posição durante
os procedimentos da acrilização.
Figuras 3.244 e 3.245 Realiza-se um teste do espaço ocupado pelo reforço
colocando-se uma folha de plástico entre a mufla e a contramufla.

Figura 3.246 Leva-se à prensa hidráulica a uma tonelada.


Figura 3.247 Inicia-se a caracterização da primeira hemiarcada seguindo o manual
de caracterização.

Figura 3.248 Realiza-se um teste de espessura de camada levando-se à prensa


hidráulica a uma tonelada.
Figura 3.249 Observa-se se a quantidade das resinas pigmentadas foi adequada.

Figura 3.250 Caracteriza-se a segunda hemiarcada.


Figura 3.251 Novamente procede-se um teste de espessura de camada. A seguir,
leva-se a contramufla para o umidificador.

Figura 3.252 Inicia-se a caracterização da canaleta do modelo que corresponderá à


borda da futura prótese.

Figura 3.253 Umidifica-se com monômero a vestibular caracterizada da contramufla


e a resina da canaleta do modelo da base da mufla, enxuga-se os excessos e
realiza-se o entulhamento da resina Palato STG®.
Figura 3.254 Dois plásticos finos são interpostos entre a mufla e a contramufla.

Figura 3.255 A mufla e a contramufla são levadas para a prensa. Após a resina
atingir a fase plástica, realiza-se uma prensagem de prova a uma tonelada.
Figura 3.256 Após alguns minutos remove-se da prensa, abre-se a mufla e retiram-
se os plásticos.
Figuras 3.257 e 3.258 Removem-se os excessos e a camada de incolor que
extravasou sobre a área caracterizada que deverá ser reposta na canaleta do
modelo na base da mufla.

Figura 3.259 Leva-se à prensa, espera-se de 5 a 7 minutos para prensar e aguarda-


se por 12 horas. Após esse tempo a prensa deve ser reapertada a uma tonelada e
os parafusos da mufla reapertados.

Figura 3.260 Nos casos em que não há reforço metálico, a perfuração dos dentes é
preenchida com resina da cor do dente termoativada com líquido de lenta.
Figura 3.261 Para cores gengivais que preconizam simulações de artérias, uma
discreta camada de vaselina em pasta é pincelada sobre a face vestibular que será
caracterizada e as artérias são fixadas nas regiões desejadas.

Figura 3.262 Caracteriza-se a primeira hemiarcada.


Figura 3.263 Procede-se o teste de espessura de camada a uma tonelada com um
plástico interposto entre a base e a contramufla.

Figura 3.264 O excesso de resina que extravasou para a área palatina deve ser
removido.
Figura 3.265 Caracteriza-se a segunda hemiarcada.

Figura 3.266 Dois plásticos são interpostos entre a base e a contramufla.


Figura 3.267 Um segundo teste de espessura de camada a uma tonelada é
realizado, a mufla é aberta e os excessos são removidos.

Figura 3.268 A contramufla deve ser colocada no umidificador.


Figura 3.269 A caracterização da canaleta deve ser feita utilizando-se
intercaladamente todas as cores utilizadas da escala selecionada e, a seguir, a base
da mufla deve ser levada ao umidificador.

Figura 3.270 Após o preparo da resina Palato STG®, umidifica-se a vestibular


caracterizada e a resina da canaleta do modelo.
Figura 3.271 Com a utilização de uma espátula e papel deve-se eliminar todo o
monômero que tenha extravasado para a área palatina.

Figura 3.272 Entulhamento da resina Palato STG®.


Figura 3.273 Dois plásticos são interpostos entre a base e contramufla.

Figura 3.274 Espera-se a fase plástica da resina; enquanto não atingir essa fase, a
prensa hidráulica mantém-se em zero. Observar na imagem que a resina ainda está
na fase pegajosa.
Figura 3.275 Na fase plástica a resina é prensada a uma tonelada.

Figura 3.276 Após 15 minutos retira-se da prensa e separa-se a base da


contramufla.
Figura 3.277 Removem-se os excessos da rebarba.

Figura 3.278 Remove-se a faixa de incolor que invadiu a região caracterizada.


Figura 3.279 A faixa de incolor deverá ser reposta na canaleta na base da mulfa.

Figura 3.280 Após a umidificação dessa nova resina fecha-se a mufla.

Figura 3.281 Leva-se a mufla à prensa, espera-se de 5 a 7 minutos, prensa-se a


uma tonelada por 12 horas. Após esse período reaperta-se a uma tonelada e
reaperta-se os 4 parafusos.

Etapa 35 – Polimerização, Demuflagem da Resina e Elaboração Final


das Próteses

Nishi, em 1968, foi o primeiro a utilizar a energia de microondas com a finalidade de


polimerizar a resina acrílica. Até os dias atuais muitos pesquisadores estudaram a técnica
desse processo rápido, fácil e limpo. Vários autores comprovaram que a utilização do
microondas é um método eficiente para a polimerização das resinas de próteses totais e
próteses parciais removíveis.

Ciclos de polimerização em microondas


• Ciclo indicado para a maioria das próteses. Para uma mufla: 10 minutos a 30% de potência.
• 5 minutos a 0% de potência.
• 10 minutos a 40% de potência.

Para duas muflas:

• 10 minutos a 30% de potência.


• 5 minutos a 0% de potência.
• 10 minutos a 40% de potência.
• 10 minutos a 50% de potência.

Esses ciclos são indicados para um microondas com potência de 900 W.


Para próteses com grande espessura de resina, polimeriza-se aumentando o tempo e
diminuindo a potência, de modo a evitar a formação de porosidade.

1. Demuflagem da resina
• Esperar o resfriamento total da mufla até atingir a temperatura ambiente.
• Com a chave da mufla separar a base da contramufla (Figura 3.282).
• Com a utilização de um demuflador (martelete) pneumático, separar a prótese já
polimerizada do gesso (Figuras 3.283 a 3.287).

2. Protocolo de elaboração final da prótese


• Com uma fresa Maxicut®, remover as rebarbas, promover os retoques na escultura e com a
fresa Minicut® fazer as texturas vestibulares através de sulcos verticais até as proximidades
da gengiva marginal livre. Essa textura permite a reflexão da luz em diferentes direções,
evitando um brilho excessivo, o que denunciaria a gengiva artificial. A borda da gengiva
marginal livre deverá ser lisa e polida.
• Caso haja necessidade, com um estilete bem fino, remover pequenas bolhas intrassulculares
(limite entre a cervical do dente e a gengiva).
• Remover também, com uma lâmina de bisturi, algum possível excesso interproximal.
• Usar tira de lixa no 150 nas áreas linguais e palatinas para a remoção de todos os riscos e
irregularidades.

3. Protocolo de polimento
• Fazer o polimento com escova 10 de pelo e pedra-pomes.
• A seguir, utilizar uma roda de flanela e pedra-pomes. Pode-se também utilizar um cone de
feltro nas regiões palatinas e linguais de difícil acesso.
• A seguir, dar brilho com uma roda de flanela impregnada de pasta para brilho.

Antes do brilho final, é importante promover uma lavagem da prótese com água para a
remoção completa de resíduos dos abrasivos.

4. Desinfecção da prótese
• Em uma cuba plástica imergir a prótese em ácido peracético a 0,25% durante 10 minutos,
pegar com uma pinça estéril e selar em um plástico (Figuras 3.288 a 3.309).

Figura 3.282 Após a polimerização da resina e o esfriamento, separa-se a base da


contramufla.
Figura 3.283 Com o demuflador pneumático separa-se o gesso da inclusão e do
modelo.

Figura 3.284 Um bom isolamento do modelo resulta em uma superfície interna livre
de gesso e brilhante.
Figura 3.285 Deve-se usar um martelo para separar o gesso da contramufla.

Figura 3.286 Remoção da muralha de silicone. Observe que o uso do silicone


permite que a prótese saia da demuflagem sem resíduos de gesso.
Figura 3.287 Uma técnica correta resulta em uma rebarba extremamente fina.

Figura 3.288 Prótese demuflada. Notar as simulações de descalcificações nos


dentes anteriores e a presença de artérias restritas à área de fibromucosa móvel.
Figura 3.289 O mesmo processo de demuflagem é usado para a prótese inferior.

Figura 3.290 Prótese inferior demuflada. Notar as simulações de retrações gengivais


e simulação de acinzentamento por amálgama na mesial do 36.
Figuras 3.291A e B A estabilidade oclusal das próteses demufladas confirmam
alterações dimensionais mínimas durante o processo de inclusão e polimerização.
Figura 3.292 Algumas fresas e lixas usadas para o acabamento e polimento.

Figura 3.293 Remoção da rebarba.

Figura 3.294 Refinamento da escultura da gengiva marginal com fresa.


Figura 3.295 Confecção da textura superficial da gengiva artificial.

Figura 3.296 Acabamento com tira de lixa.


Figura 3.297 Materiais necessários para o polimento.

Figura 3.298 Inicia-se o polimento com escova de pelo tamanho 10 e pedra-pomes.

Figura 3.299 O uso do cone de feltro ajuda a atingir as áreas palatinas e linguais.
Figura 3.300 Uso da roda de flanela com pedra-pomes.

Figuras 3.301A e B Para o polimento e brilho final impregna-se com bastão polidor
uma outra roda de pano que só deverá ser utilizada para esse fim.

Figura 3.302 Comparação após o polimento da resina da prótese com a escala de


gengiva selecionada.

Figura 3.303 Próteses finalizadas.


Figura 3.304 Vista posterior das próteses finalizadas. Notar a espessura fina do
palato na região palatina preparada para não interferir no conforto e na fonética.
Notar também que a oclusão dos dentes permanece igual à da montagem no
articulador.

Figura 3.305 Vista oclusal da prótese maxilar finalizada.


Figura 3.306 Vista interna da prótese maxilar finalizada.

Figura 3.307 Prótese mandibular finalizada. Notar a região lingual côncava de modo
a permitir uma correta acomodação da língua.
Figuras 3.308A-C Próteses finalizadas e ocluídas. A obtenção frequente de próteses
que após a acrilização repetem a oclusão balanceada bilateral obtida no articulador é
que faz com que os autores não indiquem as remontagens para próteses totais.
Figura 3.309 Próteses desinfectadas e seladas.

Fatores que os autores consideram essenciais para a obtenção de


próteses com mínimas alterações dimensionais
1. Preparo das próteses para inclusão: vedamento com cera em oclusão no articulador.
Comentário: se as bases de prova apresentarem algum tipo de movimento, ao vedá-las
separadamente, e não em oclusão, as próteses, após a polimerização, poderão perder a correta
oclusão dos dentes.
2. Inclusão em muflas com boa adaptação e correta confecção das muralhas de silicone
sobre os dentes.
Comentário: muflas desadaptadas invariavelmente resultam em rebarbas grossas e
alteração da DVO. Da mesma maneira, se a modelagem para a muralha de silicone não for bem
executada, poderá levar à formação de espaços entre o silicone e os dentes artificiais, os quais
poderão ter suas posições alteradas durante o processo de polimerização, resultando em
alterações oclusais e de DVO.
3. Entulhamento da resina transparente na fase inicial pegajosa, aguardando a fase plástica
dentro da mufla (geralmente em torno de 5 a 7 minutos).
Comentário: a resina acrílica possui uma memória de armazenamento. Esperar a fase
plástica da resina no pote de vidro a levará a ter uma memória molecular, que será modificada
ao ser entulhada na mufla e prensada, criando tensões que ficarão armazenadas no material, as
quais serão posteriormente liberadas, provocando alterações dimensionais.
4. Aguardar antes da polimerização na prensa hidráulica por 12 horas.
Comentário: devido à acomodação molecular, sempre haverá diminuição da pressão de
prensagem. Essa diminuição está intimamente relacionada com a quantidade de resina usada
para a confecção da prótese. Quanto maior a quantidade de resina, maior será a queda da
pressão de prensagem. É de extrema importância a espera da estabilização da pressão de
prensagem, que ocorre após o período de 12 horas, quando existe uma acomodação molecular.
Após esse período, a prensa deve ser reapertada para 1.000 kg/f e os parafusos reapertados,
transferindo essa pressão para a mufla. Se uma prótese for polimerizada antes desse período
de espera de acomodação molecular, haverá alterações dimensionais.
5. Esfriamento total da mufla sobre a bancada de trabalho após a polimerização.
Comentário: qualquer tentativa para promover um resfriamento mais rápido do que o natural
resultará em choque térmico, com alterações dimensionais da resina, e, consequentemente,
distorções na prótese.

Bibliografia
AL HAMBALI E.; KELLEWAY, J.P.; HOWLETT, J.A. Acrylic denture distortion followings double processing with
microwaves or heat. J Dent, v.19, n.3, p.176-180, 1991.
AL KHATIB, M.B.; GOODACRE, C.J.; SWARTZ, M.L.; MUNOZ-VIVEROS, C.A.; ANDRES, C.J. Comparasion of
microwave – polimeryzed denture base resins. Int J Prosth, v.3, n.3, p.249-253, 1990.
BARBOSA, C.M.R.; NADIN, P.S.; CURY, A.A.D.; CUNHA, R.; GARCIA, M.R. Uso de la energia de microondas em el
procesamiento de prótesis odontológicas. Rev Assoc Odontol Argentina, v.86, n.2, p.105-108, Mar./jun., 1998.
BARBOSA, D.B.; COMPAGNONI, M.A.; LELES, C.R. Changes in occlusal vertical dimension in microwave processing of
complete denture. Braz Dent J, v.13, n.3, p.197-200, 2002.
BRAUN, K.O.; DEL BEL AIRY, A.A.; CURY, J.A. Avaliação in vitro da efetividade da polimerização da resina acrílica dental
ativada através de energia de microondas, quando em contato com metal. Rev Odont Univ, São Paulo, v.12, n.2, p.173-180,
abr./jun., 1998.
GOMES, T.; ADOLFI, D.; MORI, M.; CORRÊA. G.A.; BRAUNWARTH, J. Caracterización gengival de prothesis completa
mediante escala cromática de resina segun Tomaz Gomes. Quintessence Tecnic (ed. Espec), v.6, n.2, p.63-72, 1995.
GOMES, T.; MORI, M.; CORRÊA, G.A.; MATSON, E. Alternativas técnicas para o controle das alterações dimensionais das
resinas acrílicas em prótese total. Rev Odont Univ São Paulo, v.12, n.2, p.181-187, abr./jun., 1998.
GOMES. T., CASTRO Jr., O.V.; MORI, M.; CORRÊA, G.A. Prótese total caracterizada e polimerizada por energia de
microondas. Odonto POPE, v.2, n.2, p.359-370, abr./jun. 1998.
GOMES, F.L.; GOMES, T.; MORI, M.; CORRÊA, G.A. Prótese total oca impermeabilizada por fotopolimerização. PCL
(Revista Brasileira de Prótese Clínica & Laboratorial), v.2, n.5, p. 177-182, 2000.
LEVIN, B.; SANDERS, J.; REITZ, P.V. The use of microwave energy for processing acrylic resins. JPD, v. 61, n.3, p.381-83,
March, 1989.
NETTO, J.M.; MUENCH, A. MIRANDA Jr, W.G. Influência dos tipos de polimerização na resistência transversal da resina
para base de prótese total. RPG Rev Pos-grad, v.6, n.3, p.245-248, jul/set, 1999.
PFEIFFER, P; ROSENBAUER, E. Residual methyl methacrylate monomer, water sorption, and water solubility of
hypoallergenic denture base materials. J Prosth Dent, v.92, n.1, p.72-78, July, 2004.
SAMUEL, S.M.W.; POISL, M.I.P.; CHASSOT, A.L.C. In vivo and in vitro evaluation of the efficacy of a peracetic acid-based
disinfectant for decontamination of acrylic resins. Braz Dent J, v.17, n.2, p.117-121, 2006.
SANDERS, J.L; LEVIN, B.; REITZ, P.V. Comparison of the adaptation of acrylic resin cured by microwave energy and
convencional water bath. Quintessence International, v.22, n.3, p. 181-186, 1991.
TURCK, M.D.; LANG, B.R.; WILCOX, D.E.; MEIERS, J.C. Direct measurement of dimensional accuracy with three
denture-processing techniques. Int J. Prosth, v.5, n. 4, p.367-372, Jul./Ago., 1992.
VASCONCELOS, L.M.R.; FEITOSA, M.A.L.; DEL BEL CURY, A.A.; GARCIA, R.C.M.R. Avaliação de um ciclo
alternativo de polimerização para resina acrílica de microondas. RPG Rev Pós-grad, v.10, n.2, p.108-12, abr./jun., p.108-112,
2003.

Etapa 36 – Instalação das Próteses Totais, Ajuste Oclusal, Entrega do


Protocolo de Cuidados e Controles Posteriores

Instalação das próteses


O protocolo de cuidados posteriores deve ser lido e entregue no dia da instalação das
próteses. Ele é de extrema importância para a durabilidade das mesmas e para a manutenção
da saúde bucal do paciente. Infelizmente, existe um número muito alto de pacientes
desinformados no que se refere às normas de higiene bucal e cuidados posteriores com suas
próteses (Figuras 3.310 a 3.327). O retorno para controles é fundamental para análise da
oclusão e da possível presença de áreas inflamadas ou ulceradas. Kikovics relatou, em sua
pesquisa, que 87% das próteses necessitaram de ajustes e ressaltou a importância dos
controles periódicos. É recomendado que o primeiro controle seja feito após 24 h da
instalação (Figuras 3.328 a 3.340). Esse controle é especialmente importante para evitar a
formação de úlceras traumáticas, que se desenvolvem de um a três dias, por ação irritante,
geralmente por sobre-extensão da prótese. Úlceras traumáticas são lesões doloridas,
recobertas por uma membrana necrótica de coloração esbranquiçada e circundadas por um
halo eritematoso de bordas finas e elevadas.

Figura 3.310 Próteses antigas modificadas pela terapia e próteses novas.

Figura 3.311 O paciente é classe II, então as próteses foram planejadas para
acompanhar essa posição maxilomandibular.
Figuras 3.312A e B Observação da cor da gengiva para analisar se está em
harmonia com lábios e gengiva.
Figuras 3.313A e B Observação do paciente de frente em DVO com as próteses
novas (A), com as próteses antigas (B).
Figuras 3.314A-C Observação do paciente de perfil em DVO com as prótese novas
(A), com as próteses antigas (B) e sem as próteses (C).
Figuras 3.315A e B Observação do paciente de perfil sorrindo com as próteses
novas (A) e com as antigas (B).

Figura 3.316 Observação do paciente de frente sorrindo com as próteses novas.


Figura 3.317A Observação do paciente de frente sorrindo com as próteses antigas;
notar que a linha mediana encontra-se bastante descentralizada.

Figura 3.317B Análise da estética do repouso.


Figuras 3.318A e B Observação da oclusão dos lados direito e esquerdo.
Figuras 3.319A e B Testes de estabilidade anteroposterior e laterolateral.

Figura 3.320 O ajuste oclusal deve feito com duas pinças para carbono.
Figura 3.321 Contatos iniciais obtidos no dia da instalação.
Figuras 3.322A-D Oclusão balanceada bilateral obtida já no dia da instalação.

Figura 3.323 A aprovação do paciente é de extrema importância, mas através do


relacionamento e esclarecimento do profissional, os resultados já foram previsíveis,
diminuindo a ansiedade do paciente.
Figura 3.324 O espelho deve ser grande para que o paciente tenha uma visão
completa da harmonia da prótese com seu rosto.

Figura 3.325 Um papel com recomendações quanto aos cuidados posteriores à


instalação deve ser entregue no dia da instalação das próteses.
Figura 3.326 É interessante fornecer caixas para o paciente guardar suas próteses
antigas ressaltando a importância de não se desfazer delas.

Figura 3.327 É importante entregar um kit inicial para o paciente que contenha
materiais necessários para que ele já adquira o hábito dos cuidados posteriores com
suas próteses.
Figura 3.328 Material necessário para o controle posterior.

Figura 3.329 O ajuste oclusal em MIC deve ser feito sempre bilateralmente.
Figura 3.330 Os contatos oclusais desde o dia da instalação não devem ser muito
diferentes dos que estavam no articulador, para que um pequeno ajuste oclusal
intrabucal resulte em contatos bilaterais simultâneos. Notar que não existem contatos
em MIC nos dentes anteriores.

Figura 3.331 No controle de 24 horas uma pequena úlcera traumática do lado inferior
esquerdo foi detectada.
Figura 3.332 A úlcera foi demarcada com a pasta branca de óxido de zinco e
eugenol.

Figura 3.333 A prótese é colocada em posição.


Figura 3.334 A região que está provocando a úlcera é evidenciada na prótese e
deverá ser ajustada.

Figura 3.335 No controle de 24 horas, detectou-se uma úlcera na região de frênulo


lateral.
Figura 3.336 A úlcera foi demarcada com a pasta branca de óxido de zinco e
eugenol.

Figura 3.337 A prótese foi colocada em posição.


Figura 3.338 A região que está provocando a úlcera é evidenciada na prótese e
deverá ser ajustada.

Figura 3.339 Tira de lixa e borrachas abrasivas são utilizadas para remover os riscos
provocados pelas fresas.
Figura 3.340 Uma roda de camurça impregnada com bastão polidor é um ótimo
recurso para devolver o brilho final à resina. O dentista deve ter em mente que a
resina ajustada deverá ter o mesmo polimento anterior, pois áreas mal polidas
resultarão em mais controles posteriores e diminuição da retenção da prótese por
diminuição da área basal.

Embora o ideal seja que o paciente durma sem as próteses, muitas vezes isso não é aceito.
Deve-se enfatizar para esses pacientes a necessidade da remoção das próteses por algumas
horas a fim de permitir maior oxigenação e descompressão dos tecidos. Nesse período, elas
devem ser secas e guardadas em recipiente próprio. A ausência de umidade inibe a
proliferação da Candida albicans. Outra alternativa é guardá-las em água com o uso de
pastilhas efervescentes próprias para a limpeza de próteses.
Com relação à limpeza das próteses, a higiene adequada previne a formação do biofilme,
diminui o acúmulo de material orgânico, evita a halitose e a proliferação de bactérias e fungos,
prevenindo a formação de tártaro e o aparecimento da estomatite protética. Pesquisas têm sido
feitas sobre a complementação da higienização mecânica como a esterilização física e química.
Vários métodos de desinfecção química para próteses totais têm sido estudados: hipoclorito de
sódio a 5,25%, dióxido cloroso e oxidantes tetravalentes. As pesquisas sobre o uso de
produtos químicos estão centradas em: eficiência de desinfecção, potencialidade patogênica
para o paciente pela absorção do produto pela resina acrílica e alteração dimensional ou da
cor da prótese. A atenção a esses itens é importante, principalmente porque esses produtos são
indicados para uso contínuo pelo paciente.
Uma sugestão de protocolo de cuidados posteriores a ser entregue para o paciente no dia da
instalação das próteses está descrita a seguir.

Protocolo de cuidados posteriores


• A prótese deverá permanecer na boca nas primeiras 24 horas, sendo retirada apenas para ser
limpa.
• Não use creme dental para limpá-la; use um sabonete transparente de glicerina. A limpeza
deverá ser feita tanto interna quanto externamente, segurando com firmeza, pois se cair no
chão poderá se quebrar. Use uma tampa no ralo da pia, deixe com um pouco de água e limpe
sobre ela, pois se a prótese escorregar cairá sobre a água e não se quebrará. Uma escova de
cabeça pequena (no 30) e com cerdas macias é recomendada. Uma vez por semana use uma
gaze umedecida em solução de clorexidina incolor a 2%, durante 15 minutos para limpar a
parte interna (lave bastante em água corrente antes de voltá-la para a boca). Use pastilhas
efervescentes limpadoras de 1 a 3 vezes por semana, deixando-as submersas o maior tempo
possível (8 horas de preferência). Não esqueça de escovar também a língua.
• Nos primeiros dias evitar mastigar alimentos duros.
• Em caso de ferimento, deixar de usar a prótese por algumas horas, e fazer bochechos (e
cuspir) com ½ copo de água morna com uma colher de sal várias vezes ao dia (se o paciente
não tiver problemas de pressão alta); ou pingue diretamente na boca (3 vezes ao dia) 5 gotas
de calêndula 6ch e de arnica 6ch (homeopatia) ou dilua em meio copo d’água 10 gotas de
tintura de calêndula e faça bochechos 3 a 4 vezes ao dia.
• No dia marcado para o retorno é importante recolocar a prótese pelo menos 8 horas antes do
horário marcado.
• Tenha paciência e força de vontade, pois com os ajustes necessários você se adaptará às
próteses novas.
• Nunca, em hipótese alguma, desgaste a sua prótese nova. Você poderá desgastar no lugar
errado e ela perderá pressão, comprometendo todo o trabalho. O profissional é a pessoa
indicada para proceder a tantos ajustes quanto forem necessários.
• É recomendável dormir sem as próteses. Se não for possível, procure tirá-las por algumas
horas durante o dia, para dar um “descanso” para a gengiva. Se ela não permanecer imersa
em solução limpadora, deve ser seca com papel e ficar fora da água em um recipiente
plástico.
• Dificuldades com a pronúncia de certas palavras é normal com próteses novas, mas procure
anotar as que tem dificuldade de pronunciar e informe ao dentista no seu retorno.
• Nunca se desfaça de suas próteses antigas. Você poderá precisar delas no caso de consertos
ou readaptações de sua prótese nova.
• É importante um retorno a cada 6 meses para observação da gengiva, da oclusão (mordida)
e dos cuidados com a higiene.
• As próteses devem ser trocadas ou readaptadas normalmente a cada 4 ou 5 anos. Cuidado!
Pois usar uma prótese por muitos anos, sem readaptá-la, pode levar a uma rápida perda do
osso.
Bibliografia
BARBOSA, J.R.A.; BARBOSA, C.M.R. Lesões traumáticas associadas ao uso de prótese. Odontólogo Moderno, v.15, n.4,
p. 16-21, Maio, 1988.
BOHNENKAMP, D.M.; GARCIA, L.T. Phonetics and tongue position to improve mandibular denture retention: a clinical
report. J Prosth Dent, v.98, n.5, p.344-347, Nov, 2007.
BRACE, M.; PLUMMER, K. Practical denture disinfection. J Prosth Dent, v.70, n.6, p. 538-540, Dec 1993.
BUDTZ, E.; KNUDSEN, A.M. Cholorexidine gel and Steradent employed clening dentures. Acta Odont Scand, v.36, p.
83-87, 1978.
CASTRO JR, O.V.; CARVALHO, M.M.; KOBAYASHI, A.S. Nível de conhecimento de pacientes portadores de próteses
totais sobre os cuidados posteriores à instalação. PCL (Revista Ibero Americana de Prótese Clínica & Laboratorial), v.8,
n.39, jan/mar, 2006.
CHRISTENSEN, G.J. Por que limpar a língua. JADA-Brasil, v.2, p.74-76, Fev, 1999.
CONCEIÇÃO, M.D.; MAROCCHIO, L.S.; FAGUNDES, R.L. Uma nova técnica de limpeza de língua. Rev APCD, v.59, n.6,
p.465-69, 2006.
GOULART, G.; MARÇAL, L.M.T; NUNES, M.F.; FREIRE, M.C.M. Avaliação dos hábitos de higiene bucal de pacientes das
clínicas de Prótese de Faculdades de Odontologia de Goiás. PCL, v.6, n.29, p.45-53, jan/ fev, 2004.
KIVOVICS, P.; JÁHN, M.; BORBÉLY, J.; MÁRTON, K. Frequency and location of traumatic ulcerations following placement
of complete denture. Int J Prosth, v.20, n.4, p.397-401, Jul-Aug, 2007.
LIMA, E.M.C.X.; MOURA, J.S.; DEL BEL CURY, A.A.; GARCIA, R.C.M.R.; CURY, J.A. Effect of enzymatic and NAOCL
treatments on acrylic roughness and on biofilm accumulation. J Oral Reab, v.33, n.5, May, p.356-62, 2006.
MAZZETTO, M.O.; ABRÃO, W.; RODRIGUES DA SILVA, M.A. Importance of periodic control after fitting a total
prosthesis – case report. Braz Dent J, v.1, n.1, p. 51-54, 1990.
NAKAMOTO, K.; TAMAMOTO, M. In vitro study on the effects of trial denture cleaners with berberine hydrochloride. J
Prosth Dent, v.73, n.6, p.530-33, June 1995.
PARANHOS, H.F.O. Comparative analysis of biofilm levels in complete upper and lower dentures after brushing associated
with specific denture paste and neutralsoap. Gerodontology, v.24, n., p.217-223, 2007.
SANT ANNA, A.T.; PARANHOS, H.F.; ABRÃO, W.; MALACHIAS, A.; PARDIN, L.C. Higienização de prótese total pelo
método mecânico. Odonto 9 Caderno Documento, v.2, n.3, p. 280-4, 1992.
SEO, R.S.; VERGANI, C.E.; PAVARINA, A.C.; COMPAGNONI, M.A.; MACHADO, A.L. Influence of microwave
disinfection on the dimensionsl stability of intact and relined acrylic resin denture bases. J Prosth Dent, v.98, n.3., Sept, p.216-
23, 2007.
SESMA, N. Avaliação da eficiência dos métodos de desinfecção de bases protéticas, irradiação por microondas e
imersão em solução efervescente enzimática, por meio de análise microbiológica, clínica e microscopia eletrônica de
varredura: estudo in vivo. Tese de doutorado da FOUSP, 152p, 2002.
SHUKOR, S.S.; JUSZCZYK, A.S.; CLARK, R.K.F.; RADFORD, D.R. The effect of cyclic drying on dimensional changes of
acrylic resin maxillary complete dentures. J Oral Reab, v.33, n.9, Sept, p. 654-59, 2006.
VASCONCELOS, L.C.S. Tempo de uso e higiene das próteses em portadores de estomatite protética. Rev Bras Cienc Saúde,
v.7, n.1, p.25-32, 2003.
YEOMAN, L.R.; BEYAK, B.L. Patient’s ability to localize adjustment sites on the mandibular denture. J Prosth Dent, v.73, n.6,
p.542-47, June-1995.
Capítulo 4
Estética em Prótese Total

Muitos são os fatores que influenciam na estética de uma prótese total. Devido à
complexidade do assunto, os autores dedicaram um capítulo à parte sobre a estética com uma
abordagem multifatorial.

Fatores que influenciam a estética da prótese total


Aprovação do paciente
O conceito do belo é subjetivo, pois a noção de estética é pessoal e sofre influência da
sociedade. Há alguns anos era comum a indicação e a utilização de incrustações metálicas
fundidas nos dentes e o aparecimento do metal era aceito pela maioria dos pacientes. Hoje, a
exigência da maioria das pessoas são trabalhos com materiais estéticos que simulem as cores
dos dentes naturais. Já os povos ciganos orgulham-se de mostrar suas incrustações de ouro, e,
ainda hoje, alguns pacientes pedem um “filete” de ouro em sua prótese total superior. Devido à
subjetividade do conceito do belo é interessante iniciar este capítulo realçando que a opinião
do paciente não deve ser renegada durante o trabalho, pois se corre o risco de, ao não
satisfazê-lo, levá-lo a não usar a prótese e, consequentemente, ao fracasso. Todos os esforços
devem ser direcionados no sentido de compreender os anseios e expectativas estéticas do
paciente, e é obrigação do profissional explicar as possibilidades existentes. O resultado
estético deve nascer de um entrosamento entre dentista, protético e paciente. A prova em cera
dos dentes deve ser para o paciente uma “proposta estética”, cuja aprovação final caberá a ele
decidir. Quando o paciente aprova a estética de sua prótese, automaticamente estará
aumentando sua autoestima e aceitando os dentes artificiais como parte integrante de seu corpo.

Dimensão vertical de oclusão (DVO)


Indiscutivelmente, o aumento ou diminuição da DVO interfere na estética e na função.
Algumas das alterações provocadas pelo aumento são: dificuldade de deglutição, cansaço
muscular e DTM. Uma diminuição da DVO provoca várias alterações estéticas. Na análise do
perfil, verifica-se que o mento adquiriu uma posição mais anteriorizada, aproximando-se da
ponta do nariz, resultando em um aspecto de Classe III. Na análise frontal observa-se que a
musculatura do terço inferior da face apresenta-se encurtada provocando aspecto de boca
espraiada, aumento de rugas, pronunciamento do sulco labiogeniano e, muitas vezes, assimetria
facial. Além disso, devido à mastigação em uma posição mandibular mais anteriorizada, o
músculo mentual pode apresentar-se hipertrofiado.
Apenas com o restabelecimento correto da DVO a estética será totalmente recuperada.

Relacionamento da mandíbula com a maxila no sentido horizontal


Oclusões excêntricas da mandíbula alteram a estética facial. Há estiramento muscular de um
lado e “sobra” do outro. Muitas vezes, o paciente com uma oclusão habitual excêntrica está tão
condicionado que é difícil levá-lo à relação cêntrica através da manipulação. Nesses casos, a
terapia de restabelecimento da DVO, se necessária, associada à planificação das cúspides,
resulta em reposicionamento da mandíbula e consequentemente dos vetores de ação muscular
ideal, resultando em correção da assimetria, conforto e melhora na função mastigatória.

Plano de orientação superior


A confecção correta do plano de orientação superior e a seleção dos dentes são os maiores
responsáveis pela estética de uma prótese total.
A prótese total maxilar antiga auxilia no planejamento estético com relação à altura anterior,
suporte de lábio e inclinações dentárias. Mas o profissional tem de conhecer os prérequisitos
para a elaboração de um plano de orientação superior, para que saiba como proceder às
alterações que forem necessárias. Para isso alguns pontos devem ser analisados.

Características do plano de orientação superior


Na confecção de próteses totais, as referências contidas no plano de orientação superior são
as maiores responsáveis para a obtenção de um bom resultado estético. Por isso, este deve
conter todas as referências para a seleção e montagem dos dentes superiores. Deve ser
confeccionado com cera dura (7 ou 9), que possui rigidez suficiente para não se deformar,
evitando que as informações nele contidas se percam. A utilização da cera utilidade é
condenável, pois impossibilita a confecção de ângulos vivos estáveis, um dos requisitos finais
do plano de orientação. Outras características são: reproduzir a forma do arco, ser paralelo na
região anterior à linha bipupilar, a curva anteroposterior deve ser ascendente para distal, a
vestibularização anterior do plano deverá dar suporte adequado para o lábio superior, o
sorriso deve acompanhar a forma do lábio inferior (Desenho 9), deve conter a linha mediana, a
linha da altura dos incisivos centrais superiores, as linhas que determinam o espaço
compreendido para a montagem dos seis dentes anteriores superiores e, para quem segue o
padrão da oclusão balanceada bilateral, a oclusal do plano deve conter a curva individual de
compensação.
Desenho 9 O plano de orientação no sorriso deve acompanhar a forma do lábio
inferior para a obtenção de um sorriso harmônico.

Na técnica convencional, normalmente, inicia-se a confecção do plano de orientação


superior determinando sua altura anterior. A seguir os autores sugerem uma nova abordagem
para a determinação dessa altura.

Determinação da altura anterior do plano de orientação superior


Os autores classificaram didaticamente três tipos de situações quanto à visibilidade dos
dentes na estética bucal: estética do repouso, estética da fala e estética do sorriso. O
profissional deve ter isso em mente ao determinar a altura anterior do plano de orientação
superior, já que não é raro optar por melhorar uma em detrimento das outras.
A primeira situação, a estética do repouso, diz respeito à visibilidade dos dentes anteriores
quando o indivíduo está com os lábios em repouso. O não aparecimento dos dentes denota uma
estética mais envelhecida, o indivíduo parece não ter dentes. Por outro lado, a exposição dos
dentes denota um ar mais jovem, embora uma exposição exagerada possa resultar em aparência
artificial e ser prejudicial à estética. Os indivíduos jovens geralmentte expõem até 5 mm ou
mais dos dentes em repouso, já os indivíduos idosos muitas vezes não expõem os dentes em
repouso.
Frush & Fischer comentaram: “Quanto maior a exposição dos incisivos anteriores com os
lábios em repouso, maior a sensação de jovialidade e até sensualidade.”
Essa exposição dos dentes em repouso também é influenciada pela posição dos dentes
anteriores, que corresponde à vestibularização anterior do plano superior, sendo que, quanto
maior o suporte determinado pela vestibularização anterior, maior será a exposição dos dentes
e vice-versa. A exposição dos dentes inferiores em repouso em geral prejudica a estética,
principalmente nas mulheres, e pode ser causada por uma DVO aumentada, altura do plano
superior pequena e excesso no inferior em uma DVO correta ou hipotonia do músculo
orbicular do lábio inferior.
A segunda situação é a estética da fala, que corresponde ao aparecimento dos dentes
durante a pronúncia das palavras e, consequentemente, a observação do espaço funcional de
pronúncia. Procura-se sempre a exposição dos dentes durante a fala e essa condição
dificilmente não é alcançada.
A terceira situação é a estética do sorriso, que corresponde à exposição dos dentes durante
o sorriso. É óbvio que se deve buscar a visibilidade dos dentes no sorriso, pois uma exposição
pequena dos dentes resulta em um ar envelhecido, mas uma exposição excessiva da gengiva
artificial pode prejudicar a estética. É bom lembrar que na dentição natural a exposição dos
dentes no sorriso pode ser classificada em três tipos: o primeiro tipo é a linha de lábio alta
(Desenho 10), quando no sorriso ocorre a exposição da gengiva acima do colo dos dentes.
Para esses casos a gengiva caracterizada é indicada, mas a textura superficial da gengiva
natural é difícil de ser obtida, já que o pontilhamento na gengiva artificial simulando o aspecto
“casca de laranja” é condenável, pois inviabiliza um polimento adequado, favorecendo o
acúmulo de placa bacteriana e cálculos salivares. O segundo tipo é a linha de lábio média
(Desenho 11), quando no sorriso aparecem apenas as papilas interdentais coincidentes com os
colos dos dentes. E, finalmente, a linha de lábio baixa (Desenho 12), quando durante o sorriso
aparece apenas parte da coroa dental.
O planejamento de qual das três situações o paciente se enquadrará vai ser o resultado da
determinação da altura anterior do plano de orientação superior e da seleção da altura dos
dentes anteriores superiores.

Desenho 10 Linha de lábio alta.


Desenho 11 Linha de lábio média.

Desenho 12 Linha de lábio baixa.

A análise das três situações estéticas – repouso, fala e sorriso – é importante para se obter
um bom resultado final. É claro que sempre se deve buscar o melhor resultado nas três
situações, mas o profissional deve ter em mente que, tendo em vista todas as variáveis a que a
estética está sujeita, muitas vezes é necessário fazer opções que devem ser discutidas e
explicadas para o paciente, para se decidir pela melhor.
A maioria dos autores determina inicialmente, na confecção do plano de orientação superior,
a altura anterior. A borda da região anterior desse plano corresponde às bordas incisais dos
incisivos centrais superiores. Grande parte dos autores determina a altura do plano baseando-
se na análise da visibilidade dos dentes quando o paciente está em repouso (estética do
repouso). Tadashi afirmou que normalmente o plano deverá ficar 2 mm abaixo do tubérculo do
lábio em repouso; Corrêa, que a altura anterior do plano deve localizar-se de 0 a 2 mm abaixo
do tubérculo do lábio, dependendo da idade do paciente; Saide, que o plano de orientação
superior deve estar na altura do tubérculo do lábio; Johnson & Statton determinam a altura de
acordo com o sexo e a idade: mulher jovem (3 mm abaixo), homem jovem (2 mm abaixo), meia
idade (de 1 a 1,5 mm abaixo), idoso (–2 a 0 mm); Telles et al. sugerem de 1 a 2 mm abaixo do
lábio, porém, no idoso menos, mas nunca acima do lábio. É interessante ressaltar que, apesar
de todos os esforços dos profissionais para a visualização dos dentes anteriores em repouso,
isso na realidade ocorre mais em uma faixa de pacientes jovens. Araújo encontrou, em uma
faixa de pacientes dentados entre 20 e 30 anos, uma média de 4 mm na exposição dos dentes
em repouso.
A dificuldade em se obter próteses totais estéticas ainda é potencializada pela falta de
concordância entre os autores sobre a altura do plano, ou seja, sobre a visibilidade dos dentes
em repouso. Essa grande divergência nos levou a pensar que a determinação dessa altura
através da análise da área visível do plano com o tubérculo do lábio em repouso pode induzir
o profissional a erros. Muitos fatores interferem na exposição dos dentes anteriores em
repouso: o suporte do lábio, a postura do paciente, a idade e a forma do lábio superior. Quanto
maior o suporte do lábio, maior será a exposição dos dentes em repouso e vice-versa. Uma
mudança corretiva na postura, ou uma alteração desta durante o envelhecimento, pode interferir
na visibilidade dos dentes anteriores pela mudança da posição da cabeça. Com a idade, a
abrasão e atrição dos dentes associadas à diminuição da elasticidade da pele que ocorre com o
envelhecimento, também tendem a diminuir a exposição dos dentes superiores em repouso.
Com relação à forma do lábio, a diferença entre as formas labiais altera completamente a área
visível dos dentes com os lábios em repouso. Lábios arqueados em repouso expõem mais os
dentes do que os lábios horizontais; e com o passar do tempo, o lábio arqueado pode ir se
transformando em horizontal, diminuindo a exposição dos dentes anteriores. De acordo com
essa análise, talvez a divergência entre os autores quanto à determinação dessa altura esteja
relacionada com o grande número de fatores que altera a visibilidade dos dentes anteriores
superiores em repouso. Por outro lado, os autores que preconizam o início da confecção dos
planos de orientação pelo plano inferior, devido ao fato de serem encontradas referências
anatômicas mais precisas, como por exemplo, o plano oclusal geralmente estar situado na
altura da metade da papila retromolar e a incisal dos dentes anteriores inferiores na altura da
linha úmida-seca do lábio inferior, acaba determinando a altura do plano superior pela DVO,
que é uma das maiores incógnitas na confecção de uma prótese total. É importante comentar
que sempre, independentemente de se começar o plano pelo superior ou inferior, a altura do
plano superior só deve ser definida com os dois planos confeccionados, pois se obtivermos
uma discrepância de tamanho entre os dois, provavelmente errou-se ou na dimensão vertical de
oclusão ou na proporção entre eles (ver Desenhos 5 a 7, no Capítulo 3, p. 76).
Tendo em vista a grande dificuldade de se determinar a altura do plano de orientação
superior pela posição dos lábios em repouso ou através da DVO, os autores propõem uma
nova abordagem desse assunto. O princípio dessa nova proposta para a determinação da altura
do plano superior é que ela não deve se basear inicialmente pela estética do repouso, e sim
pela estética do sorriso. O primeiro passo para se determinar a altura do plano de orientação
superior, quando se opta por priorizar a estética do sorriso, é colocar o plano superior na boca
e pedir para o paciente sorrir. Wood Clapp, em 1910, indicou a linha alta do sorriso para
determinar a altura do incisivo central superior, técnica que através dos tempos e até hoje vem
sendo utilizada por muitos autores, embora isso não tenha nenhum fundamento. Os incisivos
centrais mais altos presentes no mercado brasileiro estão em torno de 11 a 13 mm, e muitas
vezes os protéticos recebem planos com marcações da linha alta do sorriso com valores muito
maiores, o que corresponde a um erro na altura do plano ou se trata de um indivíduo com a
linha do lábio alta. Já uma linha do sorriso muito pequena pode ser em decorrência de um erro
para menos na altura do plano superior ou se trata de um paciente com a linha do lábio baixa.
Apesar de a linha alta do sorriso não ser uma referência para se determinar a altura do
incisivo central superior (com exceção de pacientes com linha de lábio média), pode ser uma
boa referência para auxiliar na determinação da altura do plano de orientação superior.
Pede-se com o plano superior na boca para o paciente sorrir.

Desenho 13 Pequena exposição do plano superior durante o sorriso.

• Se a exposição do plano ao sorrir for muito pequena (Desenho 13), pode-se suspeitar que:
Estando a DVO correta, precisa-se alterar a proporção de altura entre os planos aumentando a
altura do plano superior e diminuindo o do inferior.
• A DVO está baixa e precisa-se aumentar a altura do plano superior.
• Realmente trata-se de um paciente que possui uma linha de lábio baixa, e é preciso
selecionar um dente maior que a linha alta do sorriso.
Se durante o sorriso aparecer muito o plano superior (acima de 11 mm) (Desenho 14), pode-
•se suspeitar que: A DVO está alta e é necessário diminuir a altura do plano superior.
• Estando a DVO correta, precisa-se alterar a proporção de altura entre os planos e é
necessário diminuir a altura do superior e aumentar a do inferior.
• Realmente trata-se de um paciente com a linha de lábio alta, que provavelmente expunha
uma grande quantidade de gengiva quando era dentado.

Para essas análises, é de grande valia solicitar ao paciente, se ele possuir, fotos antigas dele
sorrindo com seus dentes naturais.
Se durante o sorriso aparecer uma quantidade do plano de orientação na média de altura dos
•dentes em torno de 9 mm (Desenho 15), pode-se suspeitar que: Trata-se de um paciente de
linha de lábio média.
• Se dentes mais curtos e mais estreitos se harmonizarem melhor com a forma do rosto, a
prótese resultará em um sorriso de linha de lábio alta.

Só após a determinação da altura do plano pelo sorriso deve-se pedir ao paciente para
relaxar o lábio para a análise da estética do repouso. É importante lembrar, como comentado
anteriormente, que a postura interfere na visibilidade dos dentes. Por isso o paciente deve estar
o mais vertical possível, pois pequenas inclinações na cadeira podem levar a falsas
interpretações. Se em repouso o plano ficar acima do tubérculo do lábio (Desenho 16), deve-
se analisar se não falta suporte do lábio superior. Através de uma maior vestibularização do
plano pode-se expor mais os dentes anteriores, contanto que isso não traga um aspecto forçado
pelo excesso de suporte do lábio.
É importante lembrar que alguns pacientes, mesmo dentados, não expõe seus dentes em
repouso e esta condição deverá ser mantida na prótese total.
Outro fator que deve ser abordado é que a altura do plano de orientação superior está
diretamente relacionada com as alturas dos dentes superiores anteriores. Sempre que se opta
em aumentar ou diminuir a altura do plano, deve-se analisar a altura dos dentes anteriores
superiores. De preferência, uma prévia seleção desses dentes deve ser realizada antes da
confecção do plano superior, para facilitar a determinação dessa altura. Também é importante
salientar que cabe ao cirurgião-dentista a seleção dos dentes artificiais, e essa tarefa nunca
deve ser delegada ao protético, que não possui as informações necessárias para tal seleção.
Tendo em vista esses comentários, os autores propõem um protocolo de determinação da altura
do plano de orientação superior para nortear os profissionais a alcançarem um bom resultado
estético na confecção de próteses totais.

Protocolo de determinação da altura anterior do plano de orientação superior


• Colocar o plano de orientação superior (com excesso de altura, por exemplo, 15 mm) na
boca do paciente.
• Pedir para o paciente dar um sorriso forçado (Desenho 17).
• Marcar na cera a linha alta do sorriso.
• Marcar a linha de corte (que é uma linha situada abaixo da linha alta do sorriso, paralela à
linha bipupilar), seguindo a forma do lábio inferior no sorriso. Essa linha deverá estar
distante da linha alta do sorriso na região mediana da altura dos incisivos centrais: 9,4 mm
para mulheres e 10,2 mm para homens (Desenho 18).

Desenho 14 Grande exposição do plano superior durante o sorriso.

Desenho 15 Exposição do plano superior em torno de 9 mm durante o sorriso


normalmente obtém-se uma linha de lábio média.
Desenho 16 Em repouso não há visualização do plano de orientação superior.

Em pacientes com linha de lábio baixa muitas vezes a visualização do plano é menor que
essas medidas; nesses casos, a linha de corte deve seguir a altura do lábio inferior no sorriso.
Após a determinação dessa medida, cortar o excesso de cera a partir da linha de corte
(Desenho 19).
Fazer uma análise da estética do repouso. Para isso, solicita-se ao paciente para ficar com
os lábios em repouso e observa-se a área visível do plano (estética do repouso) e, caso seja
necessário, procede-se às correções.
Didaticamente, os autores classificaram em três hipóteses a altura anterior do plano em
relação ao tubérculo do lábio em repouso: 1. Exposição do plano acima de 3 mm (Desenho
20). Deverá ser analisada de acordo com a idade do paciente, pois quanto mais jovem maior a
exposição. Se a exposição for grande, acima de 3 mm, deve-se questionar em manter ou
diminuir a altura, principalmente em indivíduos idosos. Deve-se considerar que sempre ao
diminuir a altura do plano de orientação altera-se a área visível durante o sorriso. Isso levará a
um questionamento sobre a seleção dos dentes. Outros fatores estão intimamente ligados a essa
seleção, como, por exemplo, a largura e a altura do rosto, que é diretamente proporcional à
largura e à altura dos dentes. Toda vez que se sobe o plano, o profissional deve ficar atento se
selecionará dentes mais curtos do que a medida previamente escolhida e manterá esse paciente
com um sorriso de linha média (com exposição total da coroa dental durante o sorriso), ou
manterá a altura dos dentes previamente selecionada e transformará esse paciente em um de
linha de lábio baixa, e somente uma porção da coroa dental ficará exposta no sorriso. Essa
decisão está ligada à largura e altura dos seis dentes anteriores superiores que melhor se
harmonizar com o paciente.
2. Exposição do plano de 0 a 2 mm (Desenho 21). Essa visibilidade leva a uma pequena
exposição dos dentes em repouso, que é a mais favorável. A decisão de se aumentar ou
diminuir um pouco o plano está diretamente relacionada com a seleção da largura e altura dos
dentes anteriores superiores.
3. Não ocorreu exposição do plano, ficando de 0 a 3 mm acima do tubérculo do lábio
(Desenho 16).

Desenho 17 Plano de orientação com excesso de altura durante o sorriso forçado.

Desenho 18 A linha de corte é a linha tracejada e deve estar distante da linha alta do
sorriso na região mediana, 9,4 mm para mulheres e 10,2 para homens, e deve seguir
a forma do lábio inferior.
Desenho 19 Após a remoção da cera abaixo da linha de corte, o plano superior
apresenta a forma do lábio inferior.

Desenho 20 Em repouso, com grande visualização do plano de orientação superior.


Desenho 21 Em repouso, com pequena visualização do plano de orientação superior.

Primeiramente confere-se se existe falta de suporte do lábio superior. Se o suporte estiver


correto, analisa-se a opção de aumentar a altura do plano. Aumentar o plano significa
selecionar dentes mais altos, perpetuando a linha de lábio média, ou manter a altura do dente e
expor a gengiva artificial durante o sorriso, transformando o paciente em linha de lábio alta.
Outra opção é manter a altura do plano; com isso, dependendo da seleção dos dentes, o
paciente terá uma estética do sorriso com linha de lábio média, mas os dentes não aparecerão
na estética do repouso.

Outras considerações sobre o plano de orientação superior


O plano de orientação superior vai nortear o profissional a montar os dentes. A altura do
plano determinará a visibilidade dos dentes anteriores em repouso, na fala e no sorriso. Outras
informações importantes contidas no plano são: vestibularização dos dentes anteriores (que é
responsável pelo suporte do lábio); alinhamento dos dentes (que deverá acompanhar a forma
do arco para uma melhor distribuição das forças sobre a crista do rebordo), paralelismo da
região anterior com a linha bipupilar e marcação da linha mediana e do espaço que será
ocupado pelos seis dentes anteriores superiores. Todas essas informações contidas no plano
estão diretamente relacionadas com o resultado estético final. Além disso, as linhas de
referências contidas no plano superior auxiliam a seleção dos dentes artificiais através da
determinação da altura do incisivo central superior e da largura dos seis dentes anteriores
superiores.

Seleção de dentes
A seleção dos dentes artificiais envolve a escolha da cor, marca, forma e do tamanho.

Cores dos dentes


Um dos fatores que afeta a estética nas próteses totais é o que se refere às cores dos dentes
artificiais, sendo que a naturalidade das mesmas está diretamente relacionada à cor dos dentes
selecionados.
A cor não tem existência material. Ela é, tãosomente, uma percepção provocada pela
sensação da luz sobre o órgão da visão.
A cor dos dentes está intimamente relacionada com a idade, sexo e raça do paciente e, para
a seleção das cores dos dentes da prótese, esses fatores devem ser levados em consideração
(Figura 4.1).
Teoricamente, quanto mais idoso o paciente, mais escuro deverão ser os dentes. A atrição e
a abrasão, associadas à formação de dentina secundária, vão tornando maior a exposição da
dentina que consequentemente leva a um escurecimento dos dentes. Mulheres possuem dentes
mais claros que os homens, e indivíduos de raça negra possuem dentes mais escuros que os da
raça branca. Embora essas características devam ser analisadas na seleção das cores dos
dentes, atualmente existe a tendência de selecionar dentes mais claros devido ao conceito em
nossa sociedade de que quanto mais claros, mais bonitos os dentes. Com o uso dos
clareadores, muitas pessoas possuem dentes mais claros do que eram os seus naturais,
minimizando a artificialidade que outrora dentes claros causavam nas próteses totais.

Figura 4.1 A cor do dente deve se harmonizar com pele, cabelo, olhos e com a idade
do paciente.

Caracterização de dentes
Na seleção dos dentes, o ideal seria a venda dos incisivos centrais, laterais e caninos, em
placas separadas, pois assim seria possível, pelo mesmo custo, selecionar cores e formas
diferentes, aumentando a possibilidade do número de combinações. Infelizmente, no Brasil, as
placas de dentes só são vendidas com o jogo dos seis dentes anteriores. Uma maneira de
individualizar as cores dessa placa é através da caracterização dos dentes (kit STG de
caracterização de dentes®). Através do uso de pigmentos é possível caracterizar restaurações,
descalcificações, trincas, transparência da borda e pigmentações da raiz. Nos dentes
posteriores ainda é possível simular o acinzentamento provocado pelo amálgama e
pigmentações dos sulcos oclusais. Essas caracterizações devem ser planejadas de comum
acordo com o paciente. Essa personalização dos dentes é especialmente eficaz quando os
antagonistas naturais possuem alguma das características anteriormente citadas e que
necessitam ser incorporadas na prótese para que os dentes artificiais não destoem dos naturais.
O uso de um mostruário é benéfico para melhorar a comunicação com o paciente e para que ele
visualize antes o resultado da caracterização (ver Figura 3.134, no Capítulo 3, p. 79).

Marca do dente
A marca do dente deverá ser selecionada pelo número de prensagens e pela resistência à
abrasão. Quanto maior o número de prensagens maior será a similaridade com os dentes
naturais. Com relação à resistência à abrasão, quanto mais alta, maior será a manutenção da
oclusão e da DVO. Um pouco de desgaste dos dentes com o passar dos anos é até benéfico,
visto que parte das forças oclusais são absorvidas pelos dentes e a restante transmitida ao
osso. Dentes de porcelana são contraindicados para próteses totais mucosossuportadas, por
não sofrem desgaste, transmitindo ao osso toda força oclusal, gerando maiores reabsorções.
Além deste problema, eles também dificultam a montagem e apresentam percolações na
cervical dos dentes por não possuírem adesividade química com a resina da base da prótese.

Seleção da forma do dentes


Berry foi o primeiro a sugerir que a forma do dente está relacionada com a forma da face.
Willian apresentou uma continuidade desse estudo. Nelson sugeriu que, além da face, a forma
do incisivo central estaria relacionada com a forma do arco, e essa correlação foi definida
como Triângulo Estético de Nelson. Frush & Fischer também correlacionaram a forma e a
disposição dos dentes com idade, sexo e personalidade. Apesar da praticidade em se
relacionar a forma do rosto com a forma dos dentes, muitas vezes, essa técnica não
corresponde à forma dos dentes naturais, por isso outros fatores devem ser levados em
consideração. Por exemplo, um paciente com linha de lábio alta e rosto triangular não deveria
receber dentes triangulares, pois estes aumentam a visibilidade da gengiva artificial (Desenho
22).
Desenho 22 Dentes triangulares (lado direito da boca) aumentam a visibilidade da
gengiva artificial e devem ser evitados em pacientes com linha de lábio alta.

Seleção da largura e altura dos dentes


Largura dos dentes
A seleção da largura dos dentes é realizada inicialmente pela largura dos seis dentes
anteriores superiores. Após a seleção da largura e do modelo dos dentes anteriores, as cartas-
moldes apresentam o correspondente para os dentes posteriores e inferiores anteriores. Uma
das técnicas mais empregadas é a relação da largura da boca com a largura dos seis dentes
anteriores superiores em curva.
Para isso, coloca-se o plano de orientação superior na boca e marca-se com o auxílio de um
Le Cron a região das comissuras bucais em repouso, que correspondem às linhas dos caninos.
Com uma régua flexível, determina-se a largura dos seis dentes anteriores superiores em curva.
Estudos que tentaram comprovar a correlação da largura da boca com a largura dos dentes não
encontraram correlação entre essas duas variáveis. Principalmente em um país miscigenado
como o Brasil, pesquisas que utilizam medidas antropométricas muitas vezes não obtêm os
mesmos resultados de correlação que em países com pouca miscigenação de raças, como
também é o caso do uso da largura do nariz para a seleção da largura dos dentes anteriores. Da
mesma maneira que a determinação da DVO exige a observação de várias técnicas diferentes,
a determinação da largura dos dentes não deve estar vinculada a apenas uma única técnica.

Protocolo de determinação da largura dos dentes


1. Análise da largura da boca, do rosto e do nariz (são diretamente proporcionais).
2. Análise da visibilidade dos dentes anteriores no sorriso (normalmente, com o paciente de
frente, durante o sorriso, deve-se observar os seis anteriores e parcialmente o primeiro e o
segundo pré-molares (Desenho 23).
3. Análise da extensão da boca durante o sorriso (está relacionada com a visibilidade dos
dentes do item anterior).
4. Análise dos dentes da prótese antiga (Figura 4.2).
5. Análise de fotos antigas do paciente, se houver.
6. Análise de dentes remanescentes do paciente, se houver (Figura 4.3).
7. Análise dos dentes de parentes próximos, se houver.

Desenho 23 Normalmente, com o paciente de frente durante o sorriso, deve-se


observar os seis anteriores e parcialmente o primeiro e o segundo pré-molares.

Figura 4.2 A largura dos dentes da prótese antiga deve ser analisada como
referência inicial.
Figura 4.3 Um dente extraído do paciente também pode servir como orientação na
seleção da forma, tamanho e da cor do dente.

Figura 4.4 Pode-se fazer em cera um suporte para a observação direta.


Figura 4.5 A observação direta é extremamente útil para analisarmos o tamanho e a
cor selecionada.

8. Análise pela observação direta do modelo selecionado através de um provador (Figuras


4.4 e 4.5).
9. Uso correto das cartas-moldes. Algumas empresas fornecem somente medidas dos dentes
em curva, outras só em reta, e outras ainda em curva e em reta. Os autores entendem que os
fabricantes que apresentam em suas cartas-moldes somente as medidas em curva deveriam
também fornecê-las em reta, já que algumas técnicas de seleção de dentes também são em reta.
Os dentes em curva ocupam um espaço maior do que em reta. Castro Jr. encontrou uma média
de 5,76 mm maior para os dentes montados em curva do que em reta. Esse valor deve ser
utilizado como parâmetro inicial, visto que o aumento do tamanho ocupado pelos dentes em
curva está diretamente relacionado com as inúmeras variações de formas do arco.

Altura dos dentes


Muitos autores tentaram estabelecer, através de estudos antropométricos, uma relação entre
a altura da face e a altura do incisivo central superior. Berry, em 1906, disse que a altura do
ICS corresponderia a 1/16 da altura da face. House sugeriu que a altura do ICS seria 1/20 da
altura da face. Independentemente da proporção métrica, o profissional deve saber que dentes
longos harmonizam-se com faces longas, e dentes curtos com faces curtas. Entretanto, um item
importante que o profissional deve levar em conta é se o paciente tem a linha de lábio baixa,
normal ou alta. O paciente de linha de lábio baixa não expõe todo o dente durante o sorriso,
por isso cabe ao profissional selecionar uma altura do incisivo central superior maior que a
linha alta do sorriso. Nesses casos, a largura selecionada terá uma importância muito maior
que a altura no resultado estético final.
Já o paciente de linha de lábio média, que no sorriso expõe todo o dente, a linha alta do
sorriso corresponderá à altura do ICS.
O paciente com linha de lábio alta é o caso mais complexo, pois cabe ao profissional
determinar a altura do dente, se haverá ou não a exposição do colo do dente na escultura e o
quanto de gengiva artificial aparecerá no sorriso.
A prótese antiga do paciente também pode servir de referência na seleção da altura dos
dentes (Figuras 4.6 e 4.7).

Linhas de referência
Wood Clapp, em 1910, sugeriu a marcação, no plano de orientação superior, de linhas de
referência para a seleção e a montagem dos dentes superiores. Essas linhas são: linha mediana,
linha alta do sorriso e linha dos caninos (Desenho 24). Teoricamente, essas linhas deveriam
ser utilizadas na seleção dos dentes pelo dentista, mas, infelizmente, a maioria dos
profissionais delega essa tarefa para o protético. A única informação que eles possuem são as
linhas de referência. Muitos erros acontecem no caminho que vai da demarcação das linhas
pelo dentista até a seleção dos dentes pelo protético. Isso se deve ao fato de que a maioria dos
autores repetiram o enunciado de Woop Clapp de que a linha alta do sorriso corresponde à
altura do incisivo central superior. A linha alta do sorriso corresponde à altura do ICS apenas
nos casos de pacientes com linha de lábio média. Nos pacientes com linha de lábio baixa, os
dentes selecionados seriam muito curtos e consequentemente estreitos, e nos pacientes de linha
de lábio alta os dentes selecionados seriam muito longos ou a altura selecionada seria tão
grande que não corresponderia a nenhum modelo da carta-molde dos dentes do mercado. Os
dentes mais altos, dependendo da marca comercial, têm em torno de 12 a 13 mm, e o paciente
com linha de lábio alta pode superar essas medidas. A linha alta do sorriso deve ser
delimitada no plano de orientação superior apenas como referência, para que o profissional
possa demarcar uma outra linha que corresponderá à altura do incisivo central superior. Os
autores sugerem que essa outra linha seja chamada de linha do central, que efetivamente
corresponderá à altura do ICS. A medida dessa linha até a borda do plano corresponderá à
altura do incisivo central superior. Outro erro de comunicação entre o dentista e o protético,
com relação às linhas de referência, deve-se ao fato de a maioria dos autores afirmar que a
distância entre as linhas dos caninos corresponde à largura dos seis dentes anteriores
superiores. A distância entre a linha dos caninos não corresponde à largura dos seis dentes
anteriores superiores, e sim ao espaço em curva que deverá ser ocupado para a montagem dos
seis dentes anteriores superiores. Para o planejamento de diastemas, dentes mais estreitos
deverão ser selecionados e para apinhamentos, dentes mais largos, para que sempre após a
montagem dos dentes a distal dos caninos coincida com a linha dos caninos. Os autores
sugerem que essas linhas sejam denominadas linha espacial dos caninos para melhor
compreensão didática e melhor comunicação dentista-protético (Desenhos 25 a 27).

Figuras 4.6 e 4.7 A análise da altura dos dentes da prótese antiga pode auxiliar na
decisão de manter, diminuir ou aumentá-lo na prótese nova.
Desenho 24 Linhas mediana, alta do sorriso e dos caninos.

Disposição dos dentes


A disposição dos dentes anteriores é um fator que influencia na estética da prótese,
resultando em um aspecto mais natural. Frush & Fischer, na década de 1950, publicaram
artigos relacionando sexo, idade e personalidade no arranjo dos dentes anteriores.
Basicamente, mulheres possuem dentes mais arredondados e homens dentes com ângulos mais
vivos; nos jovens, há discrepância entre as alturas de incisivos laterais e centrais e, nos
idosos, essas alturas estão no mesmo nível, devido ao processo de abrasão e atrição que pode
ocorrer nos indivíduos dentados com o passar do tempo. Caninos mais proeminentes
determinam um aspecto mais agressivo, laterais sobre os centrais denotaria uma montagem
mais feminina, e laterais mais recuados com relação aos centrais, um aspecto mais masculino.
Muitas vezes é solicitada ao profissional a simulação de diastemas, acreditando que o
diastema imprime uma maior naturalidade à prótese. É preciso explicar para o paciente que a
presença do diastema aumenta o risco de fratura na linha mediana da prótese, principalmente
se associada a uma inserção pronunciada do frênulo labial anterior. Para esses casos,
necessariamente indica-se um reforço metálico.
A utilização de apinhamentos nos dentes é uma outra maneira de personalizar a prótese. A
maioria das arcadas naturais possui algum tipo de apinhamento. Outra vantagem desse
procedimento é que através da reflexão de luz, o apinhamento dá a sensação de cores
diferentes dos dentes, resultando em maior naturalidade, visto que os naturais possuem cores
diferentes entre si. A disposição dos dentes deve ser definida juntamente com o paciente.
Possuir no consultório um mostruário de próteses com diversas disposições dos seis dentes
anteriores superiores é interessante para melhorar a comunicação profissional-paciente e
ajudá-lo a entender as possibilidades estéticas existentes. Basicamente existem cinco
disposições para montagens dos seis dentes superiores anteriores: montagem clássica,
montagem com características masculinas, montagem com características femininas, montagem
com diastemas e montagem com características senis. Essas montagens estão descritas a seguir.

Desenho 25 Em indivíduos com linha de lábio média, a linha alta do sorriso coincide
com a linha do central.

Desenho 26 Em indivíduos com linha de lábio alta, a linha alta do sorriso é mais alta
que a linha do central.
Desenho 27 Em indivíduos com linha da lábio baixa, a linha alta do sorriso está
abaixo da linha do central.

Montagem clássica. Essa montagem apresenta desníveis entre as bordas dos incisivos
centrais e laterais, correspondendo aos arcos dentais de indivíduos na primeira fase da
maturidade.
Incisivo central superior. A face mesial fica em contato com a linha mediana; a face
vestibular acompanhando a superfície vestibular do plano de cera; seu longo eixo no sentido
mesiodistal é paralelo à linha mediana.
Incisivo lateral superior. A face mesial em contato com a face distal do IC já montado; a
borda incisal deve ficar ligeiramente acima do plano inferior, e o seu longo eixo, no sentido
mesiodistal, deverá ser ligeiramente inclinado para distal.
Canino superior. A face mesial em contato com a face distal do IL; a face vestibular
acompanhando a face vestibular do plano de cera; a ponta da cúspide deve tocar o plano
inferior; no sentido mesiodistal seu longo eixo deve ser ligeiramente inclinado para distal,
apresentando uma giroversão de tal forma que observando-se de frente visualiza-se somente a
metade da face vestibular.
Montagem com características femininas. A distal dos ICS ligeiramente deslocada para
palatina e os ângulos mesioincisais dos incisivos laterais superiores devem estar sobrepostos
sobre a distovestibular dos incisivos centrais, colocando em evidência os incisivos laterais.
Montagem com características masculinas. A distal dos ICS ligeiramente deslocada para
vestibular e os ângulos mesioincisais dos incisivos laterais superiores devem estar deslocados
para palatina sob as distovestibulares dos incisivos centrais. Com essas alterações, salientam-
se os incisivos centrais e os caninos, tornando a montagem com características masculinas e
mais agressiva.
Montagem com diastemas. Montam-se os dentes com espaços entre as faces mesiais e
distais.
Montagem com características de senilidade. Promovem-se desgastes nas bordas incisais
dos ICS, ILS e nas cúspides dos CS, deixando-se os dentes com ângulos mais vivos e
nivelados, simulando abrasão.

Alinhamento dos dentes


O alinhamento dos dentes é obtido após a montagem e sua forma deve seguir a forma do arco
dentário. Na região anterior o alinhamento resulta no suporte adequado do lábio, definido no
plano de orientação. Na região posterior, o alinhamento dos dentes é obtido através do
direcionamento das cúspides palatinas para o centro do rebordo inferior (linha principal do
esforço mastigatório).
Um alinhamento incorreto dos dentes pode eliminar ou acentuar demais o corredor bucal
prejudicando a estética.

Altura dos dentes anteriores inferiores


A visibilidade dos dentes anteriores inferiores durante o repouso, a fala e o sorriso é um
fator importante na estética. O homem geralmente expõe um pouco mais os dentes inferiores
que as mulheres. A visibilidade exagerada dos dentes inferiores prejudica a estética. Isso pode
ser resultado de erros na proporção dos planos, DVO aumentada, vestibularização exagerada
dos dentes anteriores inferiores ou hipotonia do músculo orbicular do lábio (Figura 4.8). Na
definição da altura do plano de orientação inferior, a sua borda vestibular deve coincidir com
a linha úmida-seca do lábio.

Escultura gengival
A escultura gengival pode influenciar principalmente na estética dos pacientes de linha de
lábio alta. Papilas “esburacadas” e esculturas muito côncavas levam ao acúmulo de alimentos
e placa bacteriana e formação de tártaro. Por outro lado, esculturas muito convexas refletem
muita luz da gengiva artificial para o olho do observador, resultando em artificialidade. O
ideal é promover uma escultura rasa, papilas preenchidas facilitando a higienização, e gengiva
com sulcos verticais e discretamente inclinados, de tal forma a promover uma superfície
prismática, favorecendo a incidência e refração da luz em várias direções, diminuindo, assim,
o brilho da gengiva artificial.
Figura 4.8 Foi recomendado para essa paciente uma terapia muscular através de
exercícios diários de sopro (“língua de sogra”) para melhorar a tonicidade do
orbicular dos lábios devido ao excesso de visibilidade dos dentes inferiores em
repouso.

Caracterização da gengiva artificial


Os pacientes com linha de lábio alta são os que mais necessitam de uma gengiva
caracterizada, devido a sua visibilidade no sorriso. Apesar disso, os autores acreditam que
todas as próteses deveriam ser caracterizadas, porque mesmo os pacientes de linha de lábio
normal e baixa, podem, em determinado momento, fazer um movimento extremo, expondo a
parte gengival da prótese. A caracterização da gengiva também traz benefícios psicológicos ao
paciente, que percebe uma similaridade entre sua gengiva natural com a da prótese,
aumentando sua confiança e segurança ao sorrir.

Polimerização da prótese
A polimerização correta de uma prótese é de suma importância, não só para a obtenção de
uma boa resistência do acrílico, mas também pela estética. Erros técnicos no processamento
podem provocar porosidades na resina acrílica, levando ao acúmulo de pigmentação e placa
bacteriana. Existe, atualmente, ampla literatura sobre os ciclos de polimerização, tanto por
energia de micro-ondas como por água quente, e somente a falta de conhecimento e a
negligência podem levar o técnico a confeccionar próteses de resina acrílica com porosidades.

Polimento da prótese
O polimento da prótese é fundamental para promover uma superfície lisa, com pouca
possibilidade de acúmulo de alimentos, deposição da placa e formação de tártaro. Próteses
mal polidas agregam mais facilmente corantes alimentícios, pigmentando sua superfície e
prejudicando a estética.

Cuidados posteriores
A falta de informações sobre os cuidados posteriores à instalação pode levar não só ao
comprometimento estético, mas também funcional, muitas vezes inviabilizando o uso da
prótese. O uso de escovas com cerdas duras, cremes dentais que contêm abrasivos e força de
escovação exagerada podem levar a grandes desgastes na resina acrílica, modificando a
anatomia dos dentes e a escultura gengival. Além disso, o uso incorreto de substâncias
químicas, como água oxigenada e hipoclorito de sódio, utilizadas na desinfecção das próteses,
pode “atacar” os pigmentos da resina, alterando sua cor.
Como se observou, devido à grande quantidade de fatores que influenciam a estética de
próteses totais, o planejamento deve ser feito com muito critério. O resultado final do trabalho
está intimamente ligado ao relacionamento dentista-paciente para atender seus anseios e
expectativas, e ao relacionamento dentista-protético, para que, através de uma boa
comunicação, seja realizado um trabalho que resulte em próteses estéticas e funcionais, com
durabilidade e conforto para o paciente.

Bibliografia
ALI, A.; HOLLISEY-MC LEAN, D. Improving aesthetics in patients with complete dentures. Dental Update, v.26, n.5, p.
198-202, Jun, 1999.
ARAÚJO, C.U.; TAMAKI, T. Posição labial, em repouso e sorriso e sua relação com os incisivos centrais superiores. Rev
Odont USP, v.1, n.2, p. 28-34, abr/jun 1987.
BELL, R.A. The geometric theory of selection of artificial teeth: is it valid? JADA, v.97, n.4, p. 637-640, Oct,.1978.
BERRY, F.H. Is the theory of temperament the foundation to the study of prosthetic art? Dent. Mag, Cleveland, v.1, p. 405-503,
1906.
BONACHELA, W.C.; ROSSETTI, P.H.O. Overdentures. São Paulo: Ed. Santos, 2002, 216p.
BOUCHER, C. O. Protesis para el desdentado total. Buenos Aires: Mundi, 1977, 610p.
CASTRO Jr, O.V. Estudo comparativo entre as larguras mesiodistais de dentes naturais e artificiais. Tese de Doutorado,
FOUSP, 102 p.2002.
CORRÊA, G.A. Prótese Total Híbrida. São Paulo: Ed. Santos, 1996, 133p.
DENT, A.H.L.; MILLER, G.D.; DENT, J.G.P. Some esthetic factors in a smile. J Prosth Dent, v.51, n.1, p.24-29, Jan, 1984.
DOMITTI, S.S. Sistematização do ensino integrado da prótese total. Cap. XXI – Colocação dos modelos no articulador,
montagem dos dentes, 227p. São Paulo: Ed. Santos, 1990.
FRUSH, J.P.; FISHER, R.D. Introduction to dentogenic restorations. J Prosthet Dent, v.6, n. 2, p. 160-172, July, 1955.
FRUSH, J.P.; FISHER, R.D. How dentogenic restorations interpret the sex factor. J Prosthed Dent, v.6, n.2, p.160-172, July
1956.
FRUSH, J.P.; FISHER, R.D. How dentogenic interprets the personality factor. J Prosthed Dent, v.6, n.4, p.441-449, July, 1956.
HEARTWELL C.M.; RAHN, A.O. Syllabus em dentaduras completas. Cap.16 – Inclinações dos dentes relativa aos
conceitos de oclusão, 523p, São Paulo: Ed. Santos, 1990.
JOHNSON, D.L.; STATTON, R.J. Fundamentos da prótese removível. Cap.41: Fabricação das bases de registro e roletes de
oclusão. São Paulo: Quintessence, 1988, 501p.
MAVROSKOUFIS, F.; RITCHIE, G.M. The face-form as a guide for the selection of maxillary central incisors. J Prosth Dent,
v.43, n.5, p. 501-505, May, 1980.
MISH, C. Prótese sobre implantes. Cap.18. Planos de tratamento com implantes na maxila parcial e completamente edêntula:
próteses fixas e overdentures, pág.299, São Paulo: Ed. Santos, 2006.
PEDROSA, I. O universo da cor. Ed. SENAC, pág.19, 2003.145p.
RUSSI, S.; LOMBARDO, J.G; COMPAGNONI, M.A.; NOGUEIRA, S.S. Seleção de cor nos dentes artificiais. Rev APCD,
v.44, n.5, set./out., 1990.
SAITO, T.; CORRÊA, G.A.; MORI, M.; YOSCHIDA, H.; MORAES, S;L.; TAMAKI, R.; GOMES, T. Caracterização de
dentes de estoque para prótese total. Revista ABO Porto Alegre, v.1, n.1, p.46-49, jul. /set, 1993.
SCANDRETT, F.R.; KERBER, P.E.; UMRIGAR, Z.R. A clinical evaluation of techniques to determine the combined width of
the maxillary anterior teeth and the maxillary central incisor. J Prosthet Dent, St.Louis, v. 48, n. 1, p. 15-22, July, 1982.
SOUZA, C. Prothese dentaria - dentaduras. 6a Ed., 531p, Juiz de Fora: Ed. Companhia Dias Cardoso, 1926.
TAMAKI, R.; GOMES, T. Caracterização de dentes de estoque para prótese total. Rev Assoc Bras Odontol, v.1, n.1, jul./set,
p. 46-49, 1993.
TAMAKI, T. Dentaduras completas. 4a ed. São Paulo: Savier, 1988.
TAMAKI, S. T. Determinação da largura dos dentes para pacientes edentados. 117 f. Tese (Doutorado em Prótese
Dentária) – Faculdade de Odontologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1969.
TELLES, D.; HOLLWEG, H.; CASTELLUCCI, L. Prótese total – convencional e sobre implantes. Cap. III, Estética e
relações intermaxilares em prótese total. São Paulo: Ed. Santos, 2003.
TURANO, J. C.; TURANO L. M. Seleção dos dentes artificiais – Estética em prótese total. In: Fundamentos de prótese
total. 2a ed. São Paulo: Quintessence, 1990. Cap.17, p. 311-344.
VARJÃO, F.M.; NOGUEIRA, S.S. Intercommissural width in 4 racial groups as a guide for the selection of maxillary anterior
teeth in complete dentures. Int Prosth, v.18, n.6, p.513-15, 2005.
VARJÃO, F.M.; NOGUEIRA, S.S. Nasal width as a guide for the selection of maxillary complete denture anterior teeth in four
racial groups. J of Prosth, v.15, n.6, Nov-Dec, p.353-358, 2006.
WALISZEWSKI, M.; SHOR, A.; BRUDVIK, J.; RAIGRODSKI, A.J. A survey of edentulous patient preference among
different denture esthetic concepts. J of Esthe Rest Dent, v.18, n.6, p.353, Nov/Dec, 2006.
WEHNER, P.J.; HICKEY, J.C.; BOUCHER, C.O. Selection of artificial teeth. J Prosth Dent, v.18, n.3, p.223-232, Sept.1967.
WHIGHT, W.H. Selection and arrangement of artificial teeth for complete prosthetic dentures. JADA, v.23, pg. 2291-2307, Dec.,
1936.
Capítulo 5
Anatomia do Paciente Totalmente Desdentado

Anatomia
Neste capítulo, os autores apresentam uma revisão da anatomia no que se refere às estruturas
intimamente relacionadas à confecção de uma prótese total e seu relacionamento com o
planejamento. É importante salientar que outros músculos ou estruturas também participam,
direta ou indiretamente, na função de próteses totais, já que o corpo humano é um sistema
complexo e deve ser considerado como um todo. Os livros especializados de anatomia
cumprem com muito mais maestria a descrição das estruturas anatômicas, mas a intenção deste
capítulo é selecionar apenas as estruturas indispensáveis para a delimitação da área basal e do
planejamento específico de próteses totais.

Estruturas anatômicas de interesse para confecção de próteses totais


A prótese maxilar é suportada por dois pares de ossos: os ossos maxilares e palatinos,
enquanto a prótese mandibular é suportada por um osso, o mandibular.

Osso maxilar
Fossa incisiva (forame incisivo). Interesse no planejamento: a papila incisiva que protege a
fossa incisiva muitas vezes assume uma posição ectópica mais anterior e superior em
consequência da reabsorção óssea da maxila ser centrípeta. Nesses casos, a moldeira deve ser
aliviada para evitar uma compressão dessa região, que poderia causar dores, “choques” e
sensação de queimação na região anterior.
Espinha nasal anterior. Reabsorções extremamente avançadas podem atingir essa região. É
importante lembrar que em prótese total os dentes anteriores superiores não devem tocar nos
anteriores inferiores quando em oclusão, visto que as cargas oclusais decorrentes desses
contatos aumentam a reabsorção óssea, principalmente em pacientes dentados inferiores e
usuários de prótese total superior. Essa condição é conhecida como “Síndrome da
Combinação.”
Sutura palatina mediana. Em alguns pacientes a existência de uma fissura palatina
pronunciada nessa região pode comprometer a retenção de uma prótese maxilar, a não ser que
esta seja obliterada pela base da prótese total. Outra condição que pode comprometer a
retenção de prótese maxiliar são suturas palatinas muito pronunciadas circunscritas por
fibromucosa resiliente que podem levar a básculas da prótese, se essa região não for aliviada
para a moldagem. Nessa região também pode ser encontrado um torus palatino, que também
deverá ser aliviado na moldeira, se ao redor existir fibromucosa resiliente.
Sutura palatina transversa. Consequência da fusão dos ossos maxilares com os palatinos.
Forames palatinos maiores. Por onde passa a artéria palatina maior que nutre todo o palato.
Um dos terminais da artéria palatina maior, denominado ramo nasopalatino, penetra pelo canal
incisivo. Compressões exageradas nessa região podem dificultar a irrigação, levando ao
aparecimento de estomatite protética.
Forames palatinos menores. Por onde passa a artéria palatina menor que nutre o palato
mole e as tonsilas palatinas.
Sulco hamular. Uma sobre-extensão da prótese nessa região pode levar ao deslocamento,
quebra do selamento periférico ou úlceras traumáticas.
Frênulo labial anterior. É um tecido conjuntivo fribroso, contendo, na sua posição central,
capilares linfáticos e nervos, não existindo praticamente nenhuma fibra muscular e que deve
ser contornado na prótese.
Frênulos laterais. Inserção conjuntiva próxima à inserção do músculo bucinador, que deve
ser contornado na prótese. Sua ação é maior quando há extensão lateral das comissuras bucais,
por exemplo, durante o sorriso. Se não contornado poderá causar úlceras traumáticas ou
deslocamento da prótese.
Tuber da maxila. Deve ser recoberto integralmente pela prótese superior. Quando existir
retenções bilaterais pode ser necessária uma cirurgia pré-protética para permitir um eixo de
inserção com melhor aproveitamento da área basal.
Fóveas palatinas. Referência posterior para delimitar a extensão posterior da prótese
superior. A prótese total superior normalmente se estende pouco mais de 1 mm dessa estrutura
anatômica. De acordo com Lye, as fóveas palatinas estão posicionadas, em média, 1,31 mm da
linha vibratória anterior que é uma referência para o limite posterior da prótese maxilar.

Osso mandibular
Forame mentual. Devido a uma reabsorção centrífuga do osso mandibular associada a uma
grande reabsorção em altura do processo alveolar, pode assumir uma posição ectópica sobre a
crista do rebordo alveolar. O paciente pode relatar “um choque” nessa região. Nesses casos a
moldeira deverá ser aliviada.
Linha oblíqua (antiga linha oblíqua externa). Área basal que serve como referência na
delimitação da moldeira individual. Ultrapassar essa região com a prótese normalmente leva à
hiperemia da região e a musculatura tende a levantar a prótese. Terminar a prótese aquém
dessa região transmite cargas maiores ao osso alveolar, podendo ocasionar maiores
reabsorções.
Linha milo-hioidea (antiga linha oblíqua interna). Os moldes anatômicos devem
ultrapassar essa região. Região anatômica que deverá ser ultrapassada o máximo possível,
dentro de um limite fisiológico funcional e suportável, para se obter mais retenção em próteses
inferiores.
Trígono retromolar. O seu aproveitamento parcial ou total deve ser analisado através de
sua resiliência, inclinação do rebordo, sensibilidade e DVO.
Frênulo labial anterior. Geralmente não tão evidenciado como o superior. Deve ser
contornado na prótese caso interfira na retenção durante os movimentos funcionais.
Frênulos laterais. Deve ser contornado na prótese se interferir nos movimentos funcionais.

Alguns músculos e ligamentos que podem interferir nos limites da área basal
Bucinador. É um músculo que não participa diretamente dos movimentos mandibulares,
porém, tem importância fundamental na confecção das próteses totais, uma vez que parte de sua
inserção se dará na zona limítrofe de suporte das referidas próteses. É um músculo largo que
emerge em forma de ferradura de uma superfície à outra da maxila e da mandíbula, na altura
dos primeiros molares. É na mandíbula que o músculo pode se aproximar da área de suporte
da prótese. Se existir uma perda extrema do rebordo residual, o bucinador e o milo-hioideo
têm demonstrado que cobrem o suporte ósseo desde a área do 1o molar até o trígono
retromolar. Felizmente a ação das fibras do bucinador não desloca a prótese, pois sua ação é
paralela ao plano de oclusão, e as fibras paralelas ao plano oclusal estão em ângulo reto com
as fibras do músculo masseter. Quando este músculo (masseter) está ativado, ele empurra o
bucinador medialmente contra a borda da prótese na área da papila retromolar, podendo
ocorrer um deslocamento desta. A base da prótese deve ser contornada para acomodar essa
ação. Tal contorno da base é chamado de sulco messeterino.
Músculo temporal. Quando há contração das fibras que constituem o feixe profundo e que
terminam na altura do trígono retromolar, pode haver o deslocamento de uma prótese total que
tenha ultrapassado seus limites de inserção.
Ligamento pterigomandibular. A invasão dessa área pela base da prótese pode levar a
deslocamentos da inferior ou superior, e se essas se mantiverem retentivas, pode haver a
formação de úlceras traumáticas e dores na abertura bucal.
Frênulo da língua. A inserção do músculo genioglosso muitas vezes leva à necessidade de
recorte na prótese inferior para evitar seus deslocamentos em função. Seu recorte é
determinado através dos movimentos linguais durante a moldagem funcional.

Bibliografia
DOMITTI, S.S. Sistematização do ensino integrado da prótese total. Cap. XXI: Colocação dos modelos no articulador,
montagem dos dentes. São Paulo: Ed. Santos, 1990, 227p.
GRANT, A.A.; HEATH, J.R.; MC CORD, J.F. Prótese odontológica completa – Problemas, diagnóstico e tratamento.
Capítulo 2 – Considerações básicas, Rio de Janeiro: Medsi, – RJ, 1996.
HEARTWELL, C.M.; RAHN, A.O. Syllabus em dentaduras completas. Cap. 16: Inclinações dos dentes relativa aos
conceitos de oclusão. São paulo: Ed. Santos, 1990, 523p.
HEIDEGGER, W. Atlas de anatomia humana. 4a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1981.
KELMAN, M.B.; DUARTE, C.A. O freio labial superior e a sua influência na ortodontia e periodontia. Revisão da literatura.
Rev APCD, v.45, n.5, set./out., 1991.
KOSHINO, H.; HIRAI, T.I.; ISHIJIMA, T.; IKEDA, Y. Tongue motor skills and masticatory performance in adult dentates,
elderly dentates, and complete denture wearers. J Prosth Dent, v.77, n.2, p.147-52, Fev, 1997.
LYE, T.L. The significance of the fovea palatini in complete denture prosthodontics. J Prosth Dent, v.33, n.5, May, p.504-510,
1975.
SICHER, H.; TANDLER, J. Anatomia para dentistas. Cap. V: Sistema vásculo-sanguíneo da cabeça e da porção cervical
superior. São Paulo: Atheneu, 1981.
WATT, D.; LIKEMAN, P.R. Morphological changes in the denture bearing area following the extraction of maxillary teeth. Brit.
Dent J, v.136, n.6, March, 1974.
Capítulo 6
Odontogeriatria para Portadores de Prótese Total

Tânia e Silva Pulicano Lacerda

O número de pessoas idosas tem crescido muito nos últimos anos e o dentista precisa estar
preparado para fazer um bom atendimento a essa população, que será cada vez mais frequente
nos consultórios.
A Organização Mundial da Saúde define como idoso o indivíduo com idade a partir de 60
anos em países em desenvolvimento, como o Brasil, e 65 anos em países desenvolvidos.
O Brasil, em 1950, era o décimo sexto país com o maior número de idosos no mundo (2
milhões). Em 2025, o Brasil deverá ter 32 milhões de idosos, tornando-se o sexto com o maior
número de idosos no mundo.
Entre as áreas promissoras sugeridas aos estudantes no futuro próximo encontra-se a saúde
dos idosos. O curso de Odontologia não se encontra em alta no mercado brasileiro, porém, a
Odontologia passa a ser então citada quando é lembrada a saúde bucal desses indivíduos.
Vale a pena lembrar alguns conceitos a respeito desses assuntos.
Gerontologia é a ciência que estuda os problemas do idoso sob os aspectos psicológicos,
clínicos, histórico, econômico e social.
Geriatria é a parte da gerontologia que se ocupa do diagnóstico e do tratamento das doenças
dos idosos.
Odontogeriatria é especialidade odontológica reconhecida recentemente pelo Conselho
Federal de Odontologia.
Todo cirurgião-dentista está autorizado a atender pacientes de todas as idades, e, assim
sendo, não é necessário ser odontogeriatra para atender o idoso, bem como não é necessário
ser odontopediatra para se atender uma criança. O que muda é a forma de entender e atender
esses pacientes.
O paciente idoso comumente é atendido por diferentes profissionais, como, por exemplo,
médicos de diferentes especialidades, dentistas, fisioterapeutas e outros. Esses profissionais
muitas vezes trabalham de forma independente e desconhecem o trabalho do outro, ou seja, o
paciente recebe um trabalho multidisciplinar mas de forma fragmentada.
O que sugere a odontogeriatria é um maior entrosamento entre os profissionais, para que o
paciente seja visto e tratado como um todo, caracterizando, assim, um atendimento
interdisciplinar, e não multidisciplinar.
Várias disciplinas devem ser consideradas de grande importância quando se reabilita o
idoso com próteses totais. A fonoaudiologia é uma especialidade que muito contribui na
execução das próteses totais. A fonoaudióloga pode ajudar desde o início do tratamento,
melhorando a mobilidade e tonicidade da musculatura orofacial adequando às funções de
mastigação, deglutição e fala, e até o final do tratamento, ajudando na retenção e melhora das
funções da mesma.
O restabelecimento da fisiologia muscular proporciona uma atividade muscular compatível
com o padrão funcional do paciente, permitindo que este exerça uma atividade regular do
sistema estomatognático sem comprometer o funcionamento da prótese total, caso contrário,
poderia haver perda da função mastigatória da prótese.
A prótese total convencional associada aos exercícios faciais é, muitas vezes, a melhor
opção terapêutica para pacientes idosos no que diz respeito também à estética. Atualmente, a
fonoaudiologia e a estética orofacial têm ganhado atenção especial por parte das diversas
especialidades, pois são uma forma de atuação que, por meio de exercícios e massagens
faciais associados à instalação de novas próteses, têm mostrado resultados bastante
satisfatórios (Figuras 6.1A a C).
Esta área da fonoaudiologia trabalha os músculos do rosto e do pescoço por meio de
manipulações, alongamentos, exercícios de força, resistência e reorganização muscular. É
comum no envelhecimento a diminuição do olfato e do paladar, o que pode causar falta de
apetite, podendo ocorrer casos de desnutrição, desidratação, depressão e até mesmo morte. A
fonoaudióloga pode ajudar a motivar esse idoso, adequando o tônus e a mobilidade da
musculatura orofacial. Estimulá-lo a comer alimentos coloridos, com diferentes consistências,
e orientar a maneira correta de mastigar, também é papel da fonoaudióloga, e, algumas vezes,
associarse ao trabalho da nutricionista. É importante que o idoso encontre prazer em comer,
falar e sorrir. Por isso, o diário alimentar, que é uma rotina comum em odontopediatria, pode
ter grande valia para os pacientes idosos que utilizam próteses. O diário alimentar consiste em
pedir ao paciente que anote tudo o que ingere (comidas, bebidas e medicamentos) durante uma
semana. Com isso, o profissional terá condições de conhecer os hábitos alimentares do
paciente e avaliar a necessidade de encaminhálo ou não para um nutricionista.
Em tratamentos com implantes, por exemplo, logo após a cirurgia, o paciente usa uma
prótese temporária sobre a ferida cirúrgica, o que muitas vezes não devolve adequadamente
sua função mastigatória. Comumente indica-se uma dieta líquido-pastosa e cuidados especiais
devem ser tomados para que o paciente não se desnutra nesse momento em que é muito
importante uma recuperação favorável. Muitas vezes, os pacientes fazem uso de chás e
bolachas e acabam não só piorando o seu estado físico, como geralmente entram até em
quadros depressivos pela falta de nutrientes adequados na sua dieta. Frente a essa realidade, é
necessário entender melhor o idoso e as modificações fisiológicas que são decorrentes do
próprio processo do envelhecimento. Em casos de pacientes idosos, a dieta deve ser
balanceada para proporcionar um ótimo estado nutricional, prevenindo ou tratando disfunções
orgânicas e problemas de saúde. Para isso, todos os nutrientes devem ser ingeridos e a
alimentação deve estar adequada, quantitativa e qualitativamente.
Figuras 6.1A-C Manipulações faciais executadas pela fonoaudióloga.

Spirduso afirmou que: “A primeira verdade sobre envelhecimento é que todos envelhecem.
A segunda verdade é que todos envelhecem de forma diferente”. É comum o idoso ficar doente,
mas não é normal ficar doente. O que se deve buscar é um envelhecimento saudável e ativo.
Busca-se um envelhecimento com boa qualidade de vida e, para tal, o indivíduo desdentado
deve ser corretamente reabilitado.
Com o advento dos implantes, muitos imaginaram que a prótese total estaria com os dias
contados, mas as estatísticas sobre o crescimento populacional não foram consideradas.
Sabendo-se que a faixa populacional que mais vai crescer é a dos idosos, e lembrando que à
medida que se envelhece a saúde geral é modificada, pode-se pensar que muitos dos
indivíduos desdentados totais serão pacientes idosos e que, portanto, as cirurgias de implante
devem ser preferencialmente evitadas devido a doenças sistêmicas. Como consequência, a
prótese total convencional passa a ser uma das alternativas de grande valor para a reabilitação
odontológica desses pacientes, considerando-se também tudo que já foi citado nos capítulos
anteriores a respeito dos conceitos básicos sobre prótese total que podem e devem ser
utilizados nas reabilitações totais das mais diferentes especialidades da Odontologia.
A prótese convencional apresenta a vantagem de ter menor custo e esse fator costuma ser
muito importante para tais pacientes, que já não estão exercendo suas atividades profissionais
e, portanto, têm mais probabilidade de enfrentar dificuldades financeiras. Outra vantagem que
deve ser citada é a facilidade de higienização das próteses convencionais para aqueles com
dificuldades visual, motora e/ou cognitiva.
Não existe prótese para terceira idade e sim as que conhecemos para qualquer faixa etária
para serem aplicadas em indivíduos idosos com condições sistêmicas, sociofinanceiras e de
locomoção diversas das que tinham até a meia-idade.
O envelhecimento causa alterações importantes no organismo do idoso, em que se observa
perda ou diminuição da capacidade funcional devido às doenças crônicas degenerativas, como
artrite reumatoide, ou até mesmo perdas cognitivas, como perda de memória. Observa-se
também um grande número de pacientes com depressão nessa faixa etária.
Assim sendo, o paciente idoso deve ter um atendimento diferenciado no consultório
odontológico, desde sua chegada para os primeiros atendimentos até os cuidados posteriores à
instalação das próteses.
Devem-se perceber alguns aspectos importantes logo no primeiro contato, quando o paciente
liga para o consultório para agendar sua primeira consulta, como: Ele mesmo ligou? Consegue
falar ao telefone? Necessita de alguém para anotar data e horário? Consegue ouvir e repetir
com clareza as informações quanto ao dia e horário agendado?
Ser cordial é tarefa importante, bem como dirigir-se ao idoso usando senhor, senhora,
doutor, doutora, de acordo com a ocupação desempenhada por ele durante sua vida
profissional. Não se deve chamar o idoso de tio, tia, vovô e vovó caso não sejam realmente
parentes de quem a ele se dirige. Nunca tratar o idoso como criança.
Quando a primeira consulta for agendada, pode-se pedir ao idoso que faz uso de algum
medicamento para trazê-lo, mesmo aqueles medicamentos que eventualmente sejam tomados
por conta própria. Isso será importante para o diagnóstico e prognóstico do tratamento.
Ao agendar a consulta, informar sempre o trajeto, se há lugar para estacionar, perguntar se
ele tem preferência por algum horário e ao final da consulta, ajudá-lo a pegar um táxi, se
necessário. Essas são condutas importantes, que diferenciam o profissional.
A sala de recepção deve ser adequada para o atendimento ao idoso, de preferência não deve
ter degraus e, se tiver, deve possuir corrimão. Se houver portas de vidro estas devem ser
sinalizadas com faixa de cores fortes para evitar colisões (Figura 6.2).
O piso do consultório não deve ser encerado para evitar quedas e não deve haver tapetes
para que o paciente não tropece. Deve-se oferecer uma cadeira mais alta e com braços laterais
para facilitar a movimentação do idoso (Figura 6.3).
Caso haja som ambiente, colocar músicas suaves e se o paciente apresentar dificuldades
auditivas o ideal é desligar o som.
Os livros e as revistas da sala de espera devem ser adequados para essa faixa etária e a
presença de uma lupa na recepção pode ser muito agradável para os pacientes com
dificuldades visuais (Figura 6.4).
Flores naturais na recepção podem ser uma demonstração de atenção e carinho que agrada o
paciente e enfeita o ambiente do consultório.
O paciente deve ser acompanhado até a cadeira odontológica. O tempo de consulta deve
prever o ritmo de locomoção do idoso, que geralmente é maior do que o tempo para um
paciente jovem.
O paciente deve conhecer onde está localizado o banheiro, para que possa usá-lo caso
necessite. O acesso deve ser facilitado e o piso deve estar sempre limpo e seco. Um vaso
sanitário alto é mais adequado e barras metálicas ajudam o paciente a sentar e levantar. Caso a
torneira do banheiro seja automática, a auxiliar deve informálo quanto ao funcionamento
(Figura 6.5).
Deve-se cumprimentar o idoso com aperto de mão firme, pois este ato transmite segurança
ao mesmo. Se possível, atender o paciente na recepção sem EPI (equipamento de proteção
individual) e colocar o EPI somente no momento do atendimento clínico (Figuras 6.6A e B).
Caso o paciente tenha dificuldades de locomoção, oferecer o braço para que ele se apoie.
Se o idoso for subir escadas, posicione-se atrás dele e na descida à sua frente, para que o
ampare caso seja necessário.
Os pacientes idosos podem ser classificados, de acordo com a capacidade funcional, em:
totalmente dependentes, parcialmente dependentes e independentes. Os independentes são
aqueles que podem apresentar alguma doença crônica não grave ou declínio sensorial, mas
mantêm preservadas as habilidades físicas e a autonomia. Os parcialmente dependentes
apresentam perda da capacidade funcional causada por problemas físicos debilitantes. Os
totalmente dependentes têm a capacidade funcional afetada por problemas físicos debilitantes
ou apresentam alguma perda cognitiva (memória).

Figura 6.2 Uma pequena inclinação na junção dos pisos e portas mais largas
facilitam o acesso de cadeiras de rodas ao consultório.
Figura 6.3 Para espaços pequenos móveis com rodízios facilita a remoção para a
passagem de cadeiras de rodas. Cadeiras mais altas e com braços são preferíveis
em relação aos sofás.

Figura 6.4 Paciente utilizando lupa para leitura na sala de espera.

Os pacientes parcialmente dependentes podem vir ao consultório, desde que tenham suas
necessidades atendidas, isto é, se o paciente utilizar cadeiras de rodas, deve haver portas com
largura suficiente para a passagem da cadeira, tanto no consultório quanto no banheiro.
A cadeira odontológica deve ter apoio lombar e, na ausência deste, pode-se improvisar
adaptando encostos removíveis à mesma (Figuras 6.7A a C).
Caso o paciente tenha problemas na coluna, como cifose, deve-se utilizar apoios cervicais
para que se sintam confortáveis na cadeira (Figuras 6.8A e B).
Entre as doenças que acometem o idoso, a deficiência pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)
é comum. Para os pacientes com dificuldade respiratória, deve-se evitar inclinar muito a
cadeira. Essa conduta também favorece aqueles que engasgam com facilidade.
Em dias muito frios, caso não se tenha aquecedor de ambiente, um cobertor ou uma manta
podem deixar o paciente mais confortável. E em dias muito quentes evitar que o ar
condicionado frio incomode o paciente. A temperatura do consultório deve ser agradável.
Como já citado, na primeira consulta o profissional deve informar-se, por meio da
anamnese, quais as doenças que o paciente possui, bem como quais os medicamentos que ele
toma. É aconselhável que o paciente traga os remédios e que explique ao dentista como e por
que usa cada um. É muito comum o paciente usar algum medicamento por conta própria ou não
suspender o uso de outros por não ter retornado à consulta médica como deveria. Quando
necessário, cabe ao dentista encaminhar o paciente ao médico e conversar com o mesmo caso
haja algum medicamento cujo efeito colateral comprometa a confecção das próteses totais.
Alguns medicamentos que causam movimentos musculares involuntários, por exemplo, podem
interferir no planejamento das próteses totais.

Figura 6.5 Barras metálicas garantem maior segurança ao idoso no banheiro. Vasos
mais altos e com abertura na região anterior também são preferíveis. Modelo de pia
que facilita a entrada de cadeira de rodas em espaço pequeno.
Figura 6.6A Auxiliares vestidas para receber os pacientes na sala de espera.

Figura 6.6B Auxiliares paramentadas para atender o paciente.

Figura 6.7A Cadeira sem apoio lombar.


Figura 6.7B Apoio lombar adaptado à cadeira.

Figura 6.7C Colchão massageador adaptado à cadeira.


Figura 6.8A Paciente com cifose.

Figura 6.8B Apoio extra para cabeça.


Figura 6.9 Adaptação do cabo da escova para dentadura para paciente com
dificuldade de apreensão da mesma.

A saliva artificial é outro recurso importante que deve ser citado como alternativa para ser
usado nas prótese totais de indivíduos com diminuição de salivação, quer seja por problemas
sistêmicos como a diabetes ou por uso de medicamentos que causem redução da salivação
como efeito colateral.
Para pacientes que tenham seus rebordos inferiores reabsorvidos e apresentem sensibilidade
devido à proximidade das próteses aos foramens mentuais, bem como nos casos em que os
rebordos são retentivos e as cirurgias são contraindicadas por questões sistêmicas, os
materiais macios podem ser indicados. Se esses materiais forem utilizados, deve-se lembrar ao
paciente que estes têm durabilidade inferior às resinas acrílicas e que reembasamentos
laboratoriais deverão ser mais frequentes.
O fator mais crítico na parte operacional da prótese para pacientes idosos é a higienização
dos trabalhos a serem realizados e a manutenção dos já existentes.
Se o paciente sofrer de artrose, haverá a necessidade de se verificar se ele é capaz de
segurar o cabo da escova. Adaptações de escovas podem ser sugeridas caso o paciente tenha
dificuldades motoras (Figura 6.9).
Pacientes institucionalizados devem guardar suas próteses removíveis (total ou parcial) em
caixas plásticas identificadas para evitar que sejam trocadas.
Para lidar bem com o paciente idoso é necessário compreendê-lo, lembrando-se das suas
limitações e fornecendo condições para que ele possa vencê-las.
Um fator simples e de grande relevância para a prótese total é a higiene das mesmas e dos
tecidos bucais. É necessário, portanto, que o paciente compreenda as informações dadas pelo
profissional e que tenha capacidade para executá-las. Para tal, é necessário lembrar que se o
idoso sofre de um déficit cognitivo, é importante reconhecer o grau de comprometimento para
identificar se será necessária a ajuda de um cuidador, que muitas vezes é um ente familiar.
Nesse caso, as orientações devem ser direcionadas aos cuidadores.
Sempre que possível, as orientações devem ser dadas por escrito, evitando confusões ou
problemas posteriores.
Existem vários testes cognitivos que servem como auxílio para o planejamento das próteses
totais, bem como para um possível encaminhamento do paciente para tratamento, e que também
podem ser aplicados no consultório odontológico.
O Mini Mental (miniexame do estado mental) é um exemplo de teste bastante usado e
estudado. Ele pode auxiliar na detecção de possível déficit cognitivo, mas não é um teste de
diagnóstico. A partir do resultado pode-se perceber a necessidade de encaminhamento médico
para tratamento ou prevenção.
Outro teste de relevância para o planejamento dos tratamentos reabilitadores é o GDS
(Geriatric Dentistry Scale) que nos permite avaliar, de forma simplificada, se o paciente está
motivado para o tratamento e se tem condições para executar as tarefas de manutenção do
trabalho protético proposto e da saúde dos tecidos bucais.
É importante ainda saber se a decisão de vir até o consultório à procura de atendimento
partiu do próprio paciente, se foi sugerida ou mesmo imposta por algum membro da família ou
pessoa do seu convívio social, pois esse fator também afetará no ato e após a instalação das
próteses, na aceitação e satisfação do mesmo.
Oliveira, em 1990, relatou que o sucesso das próteses confeccionadas com grande critério e
técnica depende das condições psicológicas do paciente que irá utilizá-la, tendo de submeter-
se à apreciação e à crítica daqueles com os quais convive no meio social a que pertence.
Um fator de grande relevância é saber o motivo pelo qual o paciente está querendo fazer o
tratamento. Ouvir com atenção as queixas do paciente é uma atitude sábia.
Tudo o que for dito antes do tratamento é diagnóstico e, depois da instalação, as explicações
soarão como desculpa.
Tratar o paciente respeitando sua individualidade, observando suas necessidades, ajudando-
o a manter os seus trabalhos protéticos e sua saúde bucal são atitudes dignas daqueles que
escolheram uma profissão que tem como objetivo o cuidado de outro ser humano. Tratar os
pacientes com carinho e executar o trabalho com amor são ferramentas tão importantes quanto
aplicar corretamente as técnicas.

Bibliografia
Anais do I Encontro Interdisciplinar de Odontologia em Gerontologia. São Paulo: Ed. Casa do Novo Autor 1999, p.73.
BERTELLI, L.G. Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE. Profissões 2005: Guia para ajudar os jovens estudantes na
escolha da carreira / Centro de Integração Empresa-Escola. São Paulo: CIEE, 2004.
RUNETTI, R.F.; MONTENEGRO, L.F.B. Odontogeriatria - noções de interesse clínico. São Paulo. Artes Médicas: 2002,
481 p.
INOUE, L.T.; LACERDA, T.S.P.; PRICOLI, V.M.S.; ZANETTI, A.L. Psicanálise e Odontologia: uma trajetória em
construção. Revista de Odontologia da Universidade de São Paulo, v.18, n.1, p.87-92, jan/abr, 2006.
LOBAS, C.F.S.; RITA, M.M.; DUARTE, S.; ROMERO. M.; ORTEGA, K.L. THD e ACD - Odontologia de qualidade.
Cap. 29: Método de higienização e manutenção das próteses. LACERDA, T.S.P.; AMORIM, V.C.P. São Paulo: Ed. Santos, p.
429-438, 2004.
MARTINS, R.G.; LACERDA, T.S.P.; CARVALHO, J.A.; MAURI, A.C.;. ZANETTI, A.L. Método para higienização de
próteses totais e sua importância - Revisão de literatura. Revista de Odontologia da Unicid, v. 16, n. 2, p.169-176, 1993.
OLIVEIRA, J.A.F. A importância da abordagem psicológica dos desdentados no exame clínico com finalidade protética.
Odontol Mod, v.17, n. 7, p. 17-18, jul 1990.
REIS, C.L. Análise comparativa do índice CPOD, placa bacteriana e déficit cognitivo de idosos institucionalizados e
não institucionalizados. Monografia (Especialização) - Escola de Aperfeiçoamento Profissional da Associação Paulista de
Cirurgiões Dentistas - Curso de Odontogeriatria, São Paulo, 2005, 79p.
SPIRDUSO, W.W. Dimensões Físicas do Envelhecimento. São Paulo: Manole, 490p., 2005.
Word Health Statistics Annuais, 1982.
Capítulo 7
Prótese Total Híbrida / Overdenture

Overdentures ou próteses totais híbridas são próteses removíveis, parcialmente suportadas


por raízes naturais ou implantes. Na clínica diária o uso do termo prótese total híbrida está
mais relacionado com próteses totais retidas ou suportadas por raízes, e o termo Overdenture
com próteses totais que possuam algum sistema de retenção por implantes. A preservação de
raízes e a instalação de implantes visa à manutenção óssea e, algumas vezes, ao aumento da
retenção. A manutenção de raízes para suporte de próteses não é um conceito novo e já era
defendida, em 1856, por Ledger.

Prótese total híbrida


Da mesma maneira que os implantes, a manutenção de um ou alguns dentes na confecção de
uma prótese total é extremamente benéfica (Figuras 7.1 a 7.10). A presença da raiz de um
dente, através do ligamento periodontal, permite ao paciente um melhor controle das forças
mastigatórias (propriocepção), diminui a reabsorção óssea e atua positivamente no psicológico
do paciente que não se considera um desdentado total. Os dentes preservados devem ter seus
canais tratados, ausência de inflamação gengival e há necessidade de uma boa inserção óssea
de, pelo menos, um terço da raiz. Para pacientes com menor poder aquisitivo essas raízes
podem ser desgastadas ao nível gengival, o conduto desobturado até 3 mm do ápice, e
confeccionado um núcleo estojado com uma plataforma horizontal. Esses dentes terão somente
a função de suporte. Já para pacientes com maior poder aquisitivo, e se o espaço da DVO
permitir, essas raízes poderão, além de dar suporte à prótese, fornecer retenção. Nesses casos,
um núcleo estojado com plataforma horizontal é confeccionado para recobrir a raiz, fundido
com uma liga metálica específica do sistema para a atração de magnetos. O magneto
promoverá retenção, sem levar cargas laterais ao dente, diminuindo a perda óssea ao redor da
raiz. O uso de sistemas mais retentivos em dentes naturais como o o’ring é contraindicado
pois, através de forças laterais, leva invariavelmente à perda do dente, à soltura do copping ou
à fratura da raiz.

Overdenture
Do ponto de vista biomecânico, o pior regime de trabalho para uma prótese, sem dúvida
nenhuma, é o mucosossuportado. Todas as cargas oclusais são direcionadas para o rebordo,
provocando algum grau de reabsorção óssea. Devemos considerar que uma reabsorção óssea
avançada está relacionada muito menos com as cargas oclusais normais da mastigação e mais
com próteses mal adaptadas, aproveitamento incorreto da área basal, oclusão instável, contato
dos dentes anteriores em máxima intercuspidação (MIC), DVO incorreta para mais ou para
menos e hábitos parafuncionais. Apesar disso, sempre que a instalação de implantes for
possível, ela deve ser realizada. A presença de implantes altera completamente a biomecânica
da prótese total, que passa a trabalhar em um regime mucosossuportado implantorretida ou
totalmente implantorretida. A reabsorção óssea diminui ou cessa e a retenção adicional
proporcionada pelos implantes aumenta o conforto e a segurança do paciente. Como dissemos
anteriormente, para a confecção de uma prótese do tipo Overdenture, todos os conceitos de
uma prótese total convencional devem ser aplicados, independentemente da presença dos
implantes: aproveitamento ideal da área basal, DVO funcional, estética, montagem dos dentes
em RC e uma moldagem funcional. A não observação desses requisitos poderá sobrecarregar
os implantes e levar ao insucesso do trabalho. Basicamente podemos classificar as
Overdentures em dois tipos quanto ao regime de trabalho: mucosossuportada-implantorretida
ou totalmente implantorretida. As próteses removíveis mucosossuportadas-implantorretidas
são próteses em que a mucosa de revestimento também participa da absorção das cargas
mastigatórias. Devido à mobilidade da fibromucosa, é importante que o sistema de retenção
dos implantes permita compensar esses movimentos, evitando cargas laterais excessivas que
poderiam vir a comprometer a osseointegração dos implantes. A partir de dois implantes, já é
possível fazer uma Overdenture desse tipo. Já para as próteses removíveis implantorretidas, as
cargas mastigatórias são totalmente suportadas pelos implantes. Para isso, é necessário mais
do que dois implantes, estrategicamente posicionados, para permitir “movimento zero” da
prótese durante a função. A decisão entre o tipo de regime de trabalho da prótese e o grau de
retenção obtido pelos diferentes sistemas vão depender da quantidade e qualidade do osso,
poder aquisitivo do paciente e sua habilidade motora. Carl Misch citou algumas vantagens de
se utilizar uma prótese removível suportada por implantes, em relação a uma prótese fixa:
Figura 7.1 Paciente com dente 44 condenado e o 43 que será utilizado para suporte
de prótese total híbrida.

Figura 7.2 Moldagem dos dentes remanescentes e preenchimento do molde com


resina de rápida polimerização da cor do dente.
Figura 7.3 Após a polimerização da resina remove-se os dentes copiados.

Figuras 7.4A e B Adapta-se os dentes na PPR antiga do paciente orientando-se pelo


grampo vestibular, e estes são fixados com resina acrílica de rápida polimerização.

Figuras 7.5A e B O dente 43 que possuía tratamento endodôntico foi desgastado


até o nível gengival.
Figuras 7.6A e B O dente 44 que não possuía inserção óssea suficiente foi extraído.

Figura 7.7 É realizada uma proteção da ferida cirúrgica com um pedaço de lençol de
borracha.

Figura 7.8 Realiza-se o acréscimo de resina resiliente na vestibular da região do 34 e


43 para reembasamento direto da região.

Figura 7.9 O lençol de borracha protege a penetração do reembasador dentro da


ferida cirúrgica.
Figura 7.10 Aspecto estético provisório até a cicatrização da região extraída.
Somente após a estabilização dos tecidos será confeccionada a prótese nova.

• A estética facial pode ser melhorada com flanges labiais.


• A prótese pode ser removida à noite para controlar a parafunção noturna.
• São necessários poucos implantes.
• O tratamento pode ser menos oneroso para o paciente.
• O tratamento das complicações a longo prazo é facilitado.
• Os cuidados diários de higienização são mais fáceis.

• Didaticamente podemos classificar os sistemas de retenção para Overdenture em 5 tipos:


Sistema do tipo MK1 (Figuras 7.11 e 7.16).
• Magnético (Figura 7.12).
• Por anel de retenção (ex: o’ring, Dalla Bona, Era) (Figura 7.13).
• Barra-clipe (Figura 7.14).
• Associação entre eles (através de barras) (Figura 7.15).
Figura 7.11 Sistema MK1.

Figura 7.12 Overdenture com quatro magnetos.


Figura 7.13 Modelo demonstrativo de uma Overdenture com dois o’rings.

Figura 7.14 Overdenture com clipe (conexão) à esquerda e barra instalada sobre
dois implantes (direita).
Figura 7.15 Overdenture com um clipe e dois o’rings (esquerda) e a barra instalada
na boca (direita).

Figura 7.16 Vista lingual de uma prótese com sistema MK1 (esquerda) e barra
instalada na boca (direita).

Planejamento do sistema de retenção de uma Overdenture


Para planejarmos o melhor sistema de retenção para uma Overdenture precisaremos analisar
três itens importantes: 1. Tamanho dos implantes/tipo do osso.
Quanto maior e mais largo for o implante e melhor a qualidade do osso, mais cargas laterais
e força de tração eles suportarão.

2. Espaço disponível.
Cada sistema necessitará de um espaço que deverá ser conhecido pelo profissional. Somente
através do Planejamento Reverso poderemos optar pelo sistema que caberá no espaço de cada
caso. Normalmente, são necessários em torno de 14 mm para se posicionar uma barra com
espaço suficiente para higienização e os dentes. O sistema de magnetos Dyna possui magnetos
com duas alturas diferentes (1,7 mm e 2,7 mm), mas o mais baixo possui uma menor atração de
força. Alguns fabricantes fornecem modelos de mini-o’ring, mas, normalmente, quando
diminui-se o tamanho dos sistemas, também diminuiremos a retenção. O Planejamento Reverso
consiste em primeiro definir a posição dos dentes antes do planejamento do sistema de
retenção. Após a prova dos dentes em cera e aprovação do paciente e do profissional, através
de muralhas de silicone, o técnico conseguirá analisar o espaço disponível e, em conjunto com
o dentista, optar sobre qual será o melhor sistema para aquele caso (Figuras 7.17 a 7.22).

Figura 7.17 Posição definida nos dentes montados em cera.

Figura 7.18 Perfurações esféricas não retentivas na vestibular plana do modelo


ajudarão a posicionar o guia de silicone vestibular.
Figura 7.19 Guia lingual de silicone é realizado.

Figura 7.20 Para o guia vestibular inicialmente utiliza-se um silicone fluído (Vipi-Sil®).

Figura 7.21 Em seguida a guia é finalizada com silicone extra duro de laboratório.
Observar que ao remover os dentes da base e levar para a guia é possível observar
o espaço entre os análogos e os dentes.
Figura 7.22 O uso de duas guias em silicone permite planejar com segurança o
sistema de retenção da prótese dentro do espaço disponível para cada caso.

3. Habilidade motora do paciente.


Sistemas com muita retenção podem dificultar pacientes com problemas de coordenação
motora, como nos casos de indivíduos com mal de Parkinson ou artrites nas mãos. Para esses
pacientes, muitas vezes, a melhor indicação seria a opção do uso de magnetos, que são as
Overdentures mais fáceis de serem colocadas e removidas.

Planejamento no uso de barras para Overdentures mucosossuportadas-implantorretidas


Para o planejamento de barras para Overdentures mucosossuportadas-implantorretidas, é
necessário observar os aspectos biomecânicos envolvidos em cada caso. Didaticamente
dividiremos em aspectos mecânicos e aspectos biológicos.

Aspectos mecânicos:

• Uso ou não de Cant lever – não deveremos usar barras mesiais ou distais em um único
implante, ou barras distais usando dois implantes (Figura 7.23).
• Inclinação do rebordo – rebordos ascendentes para distal têm, como resultantes, as forças
para a região anterior, diminuindo as forças laterais sobre os implantes; ao contrário,
rebordos descendentes para distal têm como resultantes forças posteriores, levando mais
cargas laterais sobre os implantes, por isso são os mais desfavoráveis (Figura 7.24).

Aspectos biológicos:
• Biotipo do rebordo – podemos classificar didaticamente o rebordo em três tipos: liso e
duro, resiliente e flácido. Um mesmo rebordo pode apresentar diferentes tipos dependendo
de fatores biológicos e resultante do uso de próteses inadequadas. Quanto maior for a
mobilidade do rebordo, mais cargas serão geradas para os implantes, portanto, o melhor
biotipo de rebordo para suportar uma Overdenture seria o liso e duro, que apresenta uma
fibromucosa firmemente aderida ao osso, diminuindo o movimento da prótese durante a
oclusão dos dentes (Figura 7.25).
• Forma do rebordo (vista oclusal e frontal): Vista oclusal – os rebordos ovais e quadrados
permitem um posicionamento mais favorável da barra sobre a crista do rebordo, já nos
rebordos triangulares, a barra pode se localizar em regiões funcionais, como a da papila
incisiva na maxila ou na região de inserção do músculo genioglosso na mandíbula, podendo
levar a desconforto e problemas fonéticos (Figura 7.26).
Vista frontal – quanto mais alto o rebordo em uma vista frontal, menores serão os
movimentos laterais da prótese e, consequentemente, menores serão as cargas laterais
transmitidas para os implantes (Figura 7.27).

Figura 7.23 Não devemos planejar um implante apoiando uma barra, nem extensões
distais em barra unindo apenas dois implantes.
Figura 7.24 Os rebordos mais favoráveis são os ascendentes para distal, pois
resultam em cargas na direção dos implantes (F = força).

Figura 7.25 Esquema de diferentes tipos de fibromucosa, a mais favorável é a lisa e


dura.

Figura 7.26 Rebordos triangulares planejados com barra são os mais desfavoráveis,
pois a barra no superior invadirá a área palatina, engrossando a prótese e ocupando
um espaço de repouso da língua e, no inferior, poderá invadir uma área funcional do
genioglosso.
Figura 7.27 Quanto mais alto o rebordo, menor será os movimentos laterais da
prótese e, consequentemente, menores serão as cargas laterais sobre os implantes.

Resumindo, para realizarmos um bom planejamento do sistema de retenção de uma prótese


do tipo Overdenture é preciso analisar o tamanho dos implantes, o tipo de osso e o espaço
disponível (que deverá ser analisado somente após a definição da posição dos dentes pelo
planejamento reverso).
E, no planejamento de barras para Overdentures mucosossuportadas, devemos analisar os
aspectos mecânicos e biológicos: uso de Cant lever, biotipo da fibromucosa de revestimento,
forma e inclinação do rebordo.

Bibliografia
ASSUNÇÃO, W.G.; BRITTO, R.C.; CARDILLI, C.; GENNARI FILHO, H.; GARCIA JUNIOR, I.R.; SILVA, J.L.
Sepultamento radicular como opção para overdentures. PCL Rev Brasileira Clínica & Laboratorial, v.6, n.31, p.233-44,
mai./jun., 2004.
CORRÊA, G.A. Prótese Total Híbrida. Ed. Santos, 1a ed. 1996, 133p.
DONG, J.; Ikebe, K.; GONDA, T.; NOKUBI, T. Influence of abutment height on strain in a mandibular overdenture, J Oral
Reab, v.33, n.8, Aug., p.594-99, 2006.
FERNANDES, C.T.; FRIGERIO, M.L.M.A.; SILVA, D.P. Análise fotoelástica das tensões transmitidas a raízes e rebordos
alveolares por diferentes sistemas de retenção utilizados em sobredentaduras. RPG Rev Pós-graduação, v.10, n.3, p. 211-16,
2003.
GROSSI, M.L., MAINIERI, E.T. Técnica simples de confecção de próteses totais suportadas por dentes naturais. Odontólogo
moderno, v.16, n.3, mar. 1989.
JANNESAR, S.; SIADAT, H.; ALIKHASI, M. A dual impression technique for implant overdentures. J of Prosth, v.16, n.4,
Jul./Aug., p.327-29, 2007.
LEDGER, E. On preparing the mouth for the reception of a full pit of artificial teeth. Br J Dent, Sci, v.1, n.90, 1856.
MISCH, C. Prótese sobre Implantes, Ed. Santos, 1a ed. 2006, 625p.
RUTKUNAS, V.; MIZUTANI, H.; TAKAHASHI, H. Influence of attachment wear on retention of mandibular. J of Rehab,
v.34, p.41-51, 2007.
7.1 – Prótese Total Oca

Casos clínicos com reabsorções ósseas maxilares muito avançadas podem requerer a
indicação de uma prótese total oca. O uso prolongado de próteses totais mucosossuportadas
inadequadas, cirurgias mutilantes extensas devido à infecção, tumor ou acidentes traumáticos,
e, ultimamente, remoção de implantes mal-sucedidos, podem levar a grandes perdas ósseas.
Para o restabelecimento estético-funcional desses pacientes, devido ao grande volume da
prótese, a prótese total oca pode ser indicada com o objetivo de diminuir seu peso, e,
consequentemente, minimizar a atuação da gravidade que poderia interferir negativamente na
retenção, podendo levar à quebra do selamento periférico.
A seguir, vamos mostrar um caso de uma Overdenture bucomaxilo oca superior com uma
Overdenture inferior realizada no CEIO (Centro de Estudos de Implantes Osseointegrados),
pelo CD Osmar Castro e pelo laboratório Laprodent (Figuras 7.1.1 a 7.1.60).

Figura 7.1.1 Estética inicial.


Figura 7.1.2 Radiografia panorâmica inicial.

Figura 7.1.3 Prótese bucomaxilo superior e Overdenture inferior antigas.


Figura 7.1.4 Fotografias Intrabucais iniciais.

Figura 7.1.5 Acréscimo de resina na região anterior, mais do lado direito, na tentativa
de deixar o lábio superior mais simétrico.
Figura 7.1.6 Melhora da assimetria labial após a terapia estética.

Figura 7.1.7 Acréscimo de resina acrílica quimicamente ativada diretamente nos


dentes para melhorar o paralelismo do plano anterior com a linha bipupilar (terapia
estética).

Figura 7.1.8 Clone superior e inferior confeccionados.


Figura 7.1.9 Uma adaptação foi realizada no articulador para aumentar a distância
entre o ramo superior e inferior, com o acréscimo de 3 arruelas de cada lado antes
de parafusar o dispositivo condilar.
Figuras 7.1.10A e B Próteses antigas readaptadas (A) e com os clones na boca (B).

Figura 7.1.11 Após o uso de adesivo foi realizada a Moldagem Mioestabilizada com
poliéter (Impregum®) e o molde funcional foi obtido.
Figura 7.1.12 Após a tomada com arco facial o preparo do molde foi feito com
silicone extra duro de laboratório (Labormass®). Foi removido o material de
moldagem referente à cavidade bucal da comunicação para obter uma prótese com
essa região mais uniforme e lisa.

Figura 7.1.13 Um “encaixotamento” com cera 7 foi realizado para obter um modelo o
mais próximo possível do ramo superior.
Figura 7.1.14 Análise da altura da cera para se utilizar o mínimo possível de gesso
na montagem do modelo superior.

Figura 7.1.15 Após a cristalização do gesso do modelo superior uma pequena


quantidade de gesso foi necessária para a montagem no articulador. Devido à
impossibilidade de moldar o inferior no mesmo dia, para não perder as referências
dos dentes superiores, um registro em silicone nos dentes foi feito após a remoção
do arco facial.
Figura 7.1.16 Modelo funcional superior após a separação do clone.

Figura 7.1.17 Observar que com o guia de silicone é possível confeccionar um plano
de orientação com as mesmas posições planejadas na prótese antiga através das
terapias estéticas.
Figura 7.1.18 Plano de orientação superior confeccionado tendo como referência o
guia de silicone.

Figura 7.1.19 Registro de mordida com pasta de óxido de zinco e eugenol no plano
de orientação superior com o clone inferior.
Figura 7.1.20 Plano de orientação superior com o registro de mordida obtido pelo
clone inferior.

Figura 7.1.21 Após o uso de adesivo no clone, um primeiro molde com poliéter é
obtido sem remoção dos machos dos o’rings antigos. Esse molde serve para
avaliarmos áreas de compressão ou subextensão para procedermos ajustes antes da
transferência com os transfers.
Figura 7.1.22 Molde inicial após desgastes das áreas de compressão e aberturas
para a passagem dos transfers.

Figura 7.1.23 Transfer em posição. Os parafusos dos transfers laterais foram


cortados e realizadas fendas para não invadir o espaço do plano superior no ato da
moldagem de boca fechada.
Figura 7.1.24 Análise dos espaços realizados no clone para a passagem dos
transfers.

Figura 7.1.25 Moldagem Miostabilizada inferior com poliéter. Antes da moldagem as


áreas retentivas dos transfers foram envolvidas com resina quimicamente ativada
para que esta se aderisse à resina do clone, promovendo maior fixação dos transfers
ao clone.
Figura 7.1.26 Molde funcional inferior obtido. Notar que as áreas de compressão
desapareceram devido ao ajuste inicial do primeiro molde.

Figura 7.1.27 Moldes funcionais após o aparafusamento dos análogos aos transfers.
Notar inclinações desfavoráveis dos implantes.
Figura 7.1.28 Preparo do molde funcional com silicone extraduro de laboratório e
aplicação de gengiva artificial ao redor dos análogos.

Figura 7.1.29 Molde funcional após a cristalização do gesso do modelo.


Figura 7.1.30 Fixação dos dentes do clone inferior ao registro de mordida do plano
de orientação superior.

Figura 7.1.31 Articulador após a montagem do modelo inferior no ramo inferior.


Figura 7.1.32 Modelo de trabalho inferior após separação do molde funcional.

Figura 7.1.33 Um transfer é mantido parafusado e uma pequena quantidade de


algodão é colocada na entrada dos outros análogos, anteriormente à confecção da
base de prova.
Figura 7.1.34 Base de prova inferior. O transfer vai permitir conferir a fidelidade da
posição desse análogo e estabilizar o plano de orientação inferior durante as
próximas etapas.

Figura 7.1.35 Plano de orientação com o transfer. O parafuso foi seccionado até a
altura do plano e uma fenda foi feita.
Figura 7.1.36 Planos de orientações no articulador. O plano inferior foi feito tomando-
se como base o plano superior, mantendo-se a DVO pelo pino-guia incisal.

Figura 7.1.37 Após a prova dos planos, a seleção dos dentes e a realização da
curva individual de compensação, o plano inferior foi duplicado em silicone.
Figura 7.1.38 Dentes montados em cera com gengiva caracterizada.

Figura 7.1.39 Prova dos dentes em cera na boca.

Figura 7.1.40 Componentes para a realização do trabalho laboratorial: Synocta®,


calcináveis (Straumann®) e barra-clipe (Conexão®).

Figura 7.1.41 Um guia vestibular em silicone é realizado para a análise do espaço


existente para a barra.

Figura 7.1.42 Barra fundida e polida.


Figura 7.1.43 Nessa técnica trabalha-se com 2 clipes, um que será utilizado como
espaçador nas fases laboratoriais e outro que será capturado em boca. Notar que o
clipe foi cortado no tamanho máximo permitido por esse caso clínico.

Figura 7.1.44 Selamento em oclusão das próteses em cera aos modelos.


Figura 7.1.45 Reforço metálico caracterizado (Vipi-Tone®) na base da mufla após
inclusão da prótese. Obs.: todas as Overdentures devem possuir um reforço
metálico.

Figura 7.1.46 Uma muralha em silicone sobre o modelo inferior vai promover espaço
para a barra no interior da prótese.
Figura 7.1.47 Próteses totais caracterizadas e polimerizadas. Obs.: a prótese
bucomaxilo superior é oca para diminuir o seu peso.

Figura 7.1.48 Prótese total bucomaxilo superior oca.


Figura 7.1.49 Oclusão obtida após a acrilização das próteses. Notar que a oclusão
não foi alterada pelos processos laboratoriais.

Figura 7.1.50 Prótese inferior e barra com o clipe para a captura com o mesmo
tamanho do planejado no laboratório que foi usado como espaçador.
Figura 7.1.51 Barra instalada na boca. Obs.: notar que, devido à posição
desfavorável dos três implantes, uma correção de posição da barra foi feita onde se
encaixará o clipe para permitir o movimento anteroposterior da Overdenture.

Figura 7.1.52 O clipe em posição. Obs.: o uso de uma barreira gengival


fotopolimerizável é utilizada para remover as retenções da barra durante a captura do
clipe. Notar que para esse caso existe pouco espaço para o braço vertical do clipe.
Figuras 7.1.53A e B Pode também ser usado um pedaço de lençol de borracha
envolvendo a barra no processo de captura do clipe (A) e clipe capturado com resina
incolor quimicamente ativada (B).

Figura 7.1.54 Barreira gengival fotopolimerizável nas áreas retentivas da barra


superior para a captura do clipe superior. Obs.: na avaliação do caso optou-se
manter a barra superior antiga.
Figura 7.1.55 Próteses em oclusão.

Figura 7.1.56 Balanceamento obtido em lateralidade esquerda.


Figura 7.1.57 Balanceamento obtido em lateralidade direita.

Figura 7.1.58 Balanceamento obtido em protrusiva.

Figura 7.1.59 Resultado estético. Observar a melhora na simetria do suporte labial.


Figura 7.1.60 Resultado estético antes e depois.

Bibliografia
GOMES, T.; CASTRO JR, O.V.; GOMES, F.L.; CORRÊA, G. A.; MORI, M. Prótese total oca impermeabilizada por
fotopolimerização. PCL (Revista Brasileira de Prótese Clínica & Laboratorial), v.2, n.5, p. 45-55, 2000.
Capítulo 8
Ajuste Oclusal em Prótese Total

O tipo de oclusão que o profissional deve selecionar dependerá do regime de trabalho, e


não do tipo de prótese. Por exemplo, uma prótese total que seja totalmente mucosossuportada,
a maioria dos autores concordam que deva ter uma oclusão balanceada bilateral. Se pensarmos
em uma prótese total do tipo Overdenture totalmente implantorretida, esta poderá ter um tipo
de oclusão do tipo guia canino se os antagonistas forem dentes naturais.
Após a definição do melhor tipo de oclusão para cada caso, o ajuste dos pontos de contato
oclusal em máxima intercuspidação irá contribuir com a estabilidade da prótese. Uma boa
oclusão em uma reabilitação completa se inicia, no mínimo, com o uso de um articulador
semiajustável que visa reproduzir uma inclinação similar da maxila em relação a base do
crânio. Isso só é possível com o uso do arco facial. O articulador semiajustável reproduz
apenas parcialmente os movimentos laterais mandibulares, mas já é o suficiente para minimizar
os ajustes intrabucais. A oclusão obtida na montagem dos dentes deve ser refinada ainda no
articulador, para que somente pequenos ajustes oclusais intrabucais sejam necessários para se
obter uma oclusão estável. Para isso, indicamos a Montagem Regressiva (ver Capítulo 3, Etapa
30.1 de montagem de dentes) que melhorará o engrenamento dos dentes artificiais pré-
fabricados e a oclusão entre eles. Após isso, é importante que se siga a risca os protocolos de
polimerização para que as alterações dimensionais durante o processo laboratorial não
incluam grandes mudanças que possam comprometer um rápido ajuste oclusal intrabucal.
Seguindo esses cuidados, espera-se que o ajuste oclusal seja apenas o necessário para
compensar as alterações dimensionais inerentes aos materiais, como a expansão do gesso e a
contração de polimerização da resina. É importante no ajuste oclusal de uma prótese total que
exista na mente do clínico um protocolo lógico específico, para que o ajuste resulte em uma
distribuição uniforme dos pontos de contato e em um fechamento mandibular estável em uma
única posição, o que contribuirá principalmente na estabilidade e conforto durante as inúmeras
deglutições que ocorrem de dia e à noite.

Ajuste oclusal para próteses totais


Para fazer um ajuste oclusal, a primeira coisa que o dentista deve saber é interpretar os
contatos oclusais. Basicamente, os contatos podem ser ponta de cúspide em fundo de fossa ou
crista marginal ou contatos do tipo A, B, C.

Contatos A, B, C
As cúspides dos dentes possuem o formato de uma pirâmide de base quadrada, o que resulta
em uma vista lateral dos dentes posteriores, seguindo suas vertentes, na forma da letra “M”,
para os dentes inferiores, e da letra “W”, para os dentes superiores (Figura 8.1).
Os contatos do tipo A, B, C tocam nas vertentes dos dentes sem encostar na ponta da cúspide
ou no fundo da fossa (Figura 8.2). Portanto, para localizarmos contatos A, B, C em dentes
inferiores posteriores, deveremos pensar na letra “M” formada pela vista lateral; sendo assim,
se contarmos iniciando pela vestibular, todos contatos no primeiro segmento (vertente) serão
contatos em A, no segundo segmento, em B e, no terceiro segmento, em C (Figuras 8.3, 8.4 e
8.5). O quarto e último segmento da letra “M”, que é a vertente lisa lingual, em oclusão normal
(sem ser mordida cruzada), não possui contato, somente a função de manter a língua afastada,
longe da área de trituração do alimento, evitando, assim, a sua mordedura. Da mesma maneira,
se observarmos os dentes superiores posteriores, para localizarmos os contatos A, B, C,
deveremos pensar na letra “W” formada pela vista lateral, iniciando pela vestibular, todos os
contatos do segundo segmento serão contatos em A, no terceiro segmento, em B, e no quarto
segmento, em C (Figuras 8.6, 8.7, 8.8 e 8.9). Portanto, no primeiro segmento, que corresponde
a vertente vestibular lisa, em oclusão normal (sem ser mordida cruzada), não possui contato,
somente a função de manter a bochecha afastada da área de trituração, evitando, assim, a sua
mordedura. Quando os contatos AB ou BC estão tão próximos que se unem em um único ponto,
deixa-se de ter contatos em vertentes ABC e aparecem os contatos pontas de cúspide em fundo
de fossa ou crista marginal (Figura 8.10).

Figura 8.1 Vista lateral de um dente inferior com linhas traçadas acompanhando suas
vertentes, que resultam na forma da letra “M”, e em um dente superior na forma de
um “W”.
Figura 8.2 Vista esquemática lateral de molares com contatos do tipo A, B, C.

Figura 8.3 Vista lateral de um dente inferior com a vertente, onde poderemos
encontrar contatos em A.
Figura 8.4 Vista lateral de um dente inferior com a vertente, onde poderemos
encontrar contatos em B.

Figura 8.5 Vista lateral de um dente inferior com a vertente, onde poderemos
encontrar contatos em C.
Figura 8.6 Vista lateral de um dente superior com a vertente, onde poderemos
encontrar contatos em A.

Figura 8.7 Vista lateral de um dente superior com a vertente, onde poderemos
encontrar contatos em B.
Figura 8.8 Vista lateral de um dente superior com a vertente, onde poderemos
encontrar contatos em C.

Figura 8.9 Vista oclusal de alguns possíveis contatos ABC.


Como dissemos anteriormente, basicamente, os contatos podem ser ponta de cúspide em
fundo de fossa ou crista marginal ou contatos do tipo A, B, C (Figura 8.11).
Outra imagem que o dentista deve saber interpretar é em relação ao tipo de contato quanto a
sua área. Didaticamente, poderemos encontrar 3 tipos de marcas de contatos oclusais (Figura
8.12), descritos a seguir.
Contato em anel. Os contatos prematuros possuem a imagem de contatos em anel, ou seja, no
centro do contato não temos a marca do carbono, somente nas laterais. Esses contatos devem
ser os primeiros a serem ajustados (Figura 8.13). Por serem contatos prematuros, são os únicos
que podem necessitar de uma remoção de toda marca do contato durante o ajuste oclusal.
Contatos largos. Os contatos largos podem levar à resultantes laterais, provocando a
instabilidade da prótese e, por isso, devem ser “arrastados” na tentativa de afiná-los. O
“arraste” de um contato é obtido desgastando-se apenas parcialmente o contato, deixando-se
um ponto sem desgaste.

Figura 8.10 Quando os contatos AB ou BC se unem em um único ponto teremos um


contato ponta de cúspide e fundo de fossa ou crista marginal.
Figura 8.11 Alguns exemplos de possíveis contatos oclusais.

Figura 8.12 Didaticamente poderemos encontrar três tipos de marcas de contatos


oclusais.
Figura 8.13 Exemplo de um contato em anel.

Contatos puntiformes. Os contatos puntiformes são os contatos na forma de um ponto e são os


contatos mais estáveis, tanto se forem contatos do tipo ABC, quanto contatos ponta de cúspides
e fundo de fossa ou crista marginal. Após um ajuste oclusal ideal, espera-se obter contatos
oclusais do tipo puntiforme.
Após a eliminação dos contatos prematuros (em anel), deveremos ajustar os contatos largos
para que se transformem em contatos puntiformes. Para isso deveremos “arrastar” os contatos
largos através de desgastes. Nunca deveremos desgastar todo o contato e, sim, o suficiente
para que ele se transforme em um contato puntiforme. Para isso deveremos desgastar o contato
largo, deixando uma pequena marca circular, isso preservará a DVO e evitará a infraoclusão.
A decisão em desgastar o superior ou o inferior segue a filosofia de evitar desgastar as
cúspides vestibulares dos inferiores e palatinas dos superiores e a direção do desgaste sempre
será na direção do centro do dente, procurando “levar” os contatos mais próximos ao sulco
principal, na intenção de direcionar as forças oclusais para o centro do rebordo inferior,
obtendo-se mais estabilidade para as próteses (Figuras 8.14 a 8.17).
Após a obtenção de somente pontos puntiformes e em movimentos de abertura e fechamento,
se não ocorrer nenhum tipo de deslizamento, ou seja, se o paciente conseguir repetir os
mesmos pontos de contato sem deslizes, deveremos fazer o ajuste em lateralidade e protrusiva.
De nada adianta iniciar esses ajustes, se o dentista não tiver em mente os sulcos por onde
passarão as cúspides nos movimentos excursivos. Para isso, ele precisa estudar a posição dos
sulcos nos dentes superiores e inferiores (Figuras 8.18 a 8.21). O objetivo final para próteses
mucosossuportadas é a oclusão balanceada bilateral, na qual teremos contatos simultâneos no
lado de trabalho e balanceio nos movimentos de lateralidade, e contatos posteriores
harmônicos com os anteriores nos movimentos protrusivos. Em casos de Overdenture ou
prótese tipo protocolo, cada caso deve ser avaliado individualmente através da análise do
tamanho dos implantes, qualidade óssea, força muscular, antagonista e a presença ou não de
Cant lever, para que se possa optar pelo melhor sistema oclusal.

Figura 8.14 Um contato largo em (A) devemos “empurrar” o contato desgastando no


dente superior em direção ao centro do dente.

Figura 8.15 Um contato largo em (B) devemos “empurrar” o contato desgastando no


dente o inferior em direção ao centro do dente.
Figura 8.16 Um contato largo em (C) devemos “empurrar” o contato desgastando no
dente o inferior em direção ao centro do dente.

Figura 8.17 Esse tipo de ajuste visa direcionar as cargas na direção do centro dos
rebordos.
Figura 8.18 Sulcos de trabalho.

Figura 8.19 Sulcos protrusivos.


Figura 8.20 Sulcos de balanceio ou não trabalho.

Figura 8.21 Sulcos trabalho, protrusivos e balanceio.

Ajuste oclusal e úlceras traumáticas


Após a instalação de próteses totais não é incomum o aparecimento, durante os controles
posteriores, de úlceras traumáticas ocasionadas pela prótese. É muito importante que, antes
que se proceda qualquer desgaste acreditando-se que a área machucada possa ser resultante de
uma sobreextensão, se realize uma análise dos contatos oclusais que possam estar provocando
movimentos horizontais nas próteses e podem ser estes contatos desestabilizantes a causa das
úlceras traumáticas.
Análise de contatos prematuros na causa de úlceras traumáticas
As próteses totais mandibulares clinicamente possuem maiores movimentos horizontais em
função quando comparadas com as próteses maxilares. Isso ocorre porque ela apresenta uma
área menor, normalmente maiores reabsorções e também porque os músculos linguais tendem a
instabilizá-la. Se associarmos esses fatores a algum contato prematuro, provavelmente os
machucados irão ser encontrados com maior frequência nas próteses mandibulares. Por isso,
didaticamente, faremos uma análise apenas dos contatos prematuros com os machucados das
próteses mandibulares, mas todo o conceito pode ser aplicado nas próteses maxilares com
regras inversas das aplicadas nas próteses mandibulares. Para fins didáticos, vamos considerar
que os dentes maxilares estão fixos. Contatos prematuros do tipo A ou C terão como resultante
uma força na prótese mandibular em direção a linha mediana. Esse movimento poderá resultar
em machucados na borda vestibular do mesmo lado ou compressão exagerada na lingual do
lado oposto. Já o contato prematuro do tipo B resultará em movimento da prótese inferior para
vestibular do mesmo lado do contato, levando uma compressão exagerada na região lingual do
mesmo lado e na vestibular do lado oposto (Figuras 8.22 e 8.23). Resumindo, clinicamente, se
tivermos uma úlcera traumática na borda vestibular dos dentes posteriores da prótese inferior,
poderemos suspeitar de um contato prematuro do tipo A ou C do mesmo lado ou um B do lado
oposto e, se tivermos uma úlcera traumática na região lingual posterior, poderemos suspeitar
de um contato prematuro do tipo B do mesmo lado ou A ou C do lado oposto.
Um ajuste oclusal bem realizado permitirá uma estabilização mandibular estável durante as
deglutições, diminuição de movimentações laterais das próteses e, consequentemente,
diminuição do número de controles, principalmente na formação de úlceras traumáticas
decorrentes de deslizes laterais por falta de uma MIC estável.
É importante lembrar que esta busca por uma oclusão estável se inicia por uma terapia de
desprogramação de uma oclusão viciada excêntrica, recuperação da DVO, registro de mordida
estável que consiga reproduzir uma posição cêntrica não forçada, no uso de um articulador
semiajustável com tomada do arco facial, uma Montagem Regressiva melhorando o
engrenamento dos dentes através de uma aproximação das cúspides das fossas, e culminando
com um ajuste oclusal que estabilizará a mandíbula em um único ponto de oclusão,
direcionando as forças para o centro do rebordo inferior e resultando em uma maior
estabilidade e retenção das próteses.
Figura 8.22 Um contato prematuro em (A) ou (C) terá como resultante um movimento
da prótese inferior para a linha mediana, podendo machucar na área vestibular do
mesmo lado ou na área lingual, do lado oposto.

Figura 8.23 Um contato prematuro em (B) terá como resultante um movimento da


prótese inferior para área vestibular, podendo machucar na área lingual do mesmo
lado ou na área vestibular, do lado oposto.

Bibliografia
BUGET, J. Contributo allo studio del metodo di Paterson. Dental Cadmos, v.12, n.2, p. 193-202, Feb. 1974.
CAMPOS, R.P. Balanceio oclusal nas dentaduras completas. Rev. Odontoestomatol, v.11, n.3, p.15-20, jul./set., 1970.
CHRISTENSEN, F.T. The compensating curve for complete dentures. J Prosth Dent, v.10, n.4, p.637-42, Jul./Aug., 1960.
GOMES.T.; CASTRO JR., O.V.; MORI, M.; CORRÊA, G.A., GOMES, F.L. “Reprodução em gesso da curva de
compensação do paciente de prótese total”. PCL Revista Brasileira de Prótese clínica & laboratorial, v.1, n.2, p.151-161,
1999.
GOMES.T.; CASTRO JR., O.V. Reprodução em silicone da curva individual de compensação do paciente de prótese total. PCL
Revista Ibero americana de Prótese clínica & laboratorial, v.6, n.32, jul./ago., 2004.
GRATY, T.C. Some observations on the articulation of teeth by means intraorally ground bite blocks. Br Dent J, v.97, n.11,
p.295-99, Dec, 1954.
GYSI, A. Practical application of research results in denture construction. I Am Dent Assoc, v.16, p.199-223, 1929.
HEARTWELL, C.M.; RAHN, A.O. Syllabus em dentaduras completas. Ed. Santos, 1a ed., Cap.16 – Inclinações dos dentes
relativa aos conceitos de oclusão, 523p, 1990.
HOUSE, M.M. Art - A fundamental in denture Prosthesis. JADA, v.24, p. 406-422, March 1937.
HVANOV, Z.V. Curva de compensação atípica - estudo da morfologia e freqüência. São Paulo, 1993. Tese (livre-
docência), Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, 60p.
MEYER, F.S. Balanced and functional occlusion in relation to denture work. J Amer Dent Assoc, v.22, n.7, p. 1156-1164, 1935.
NAKAMAE, A.E.; CUNHA, E.F.S.; TAMAKI R.; GUARNIERI, T.C. Avaliação da retenção de próteses totais bimaxilares
em função das características da área basal. RPG Rev Pós Grad., v.13, n.1, p.69-76, 2006.
PATERSON, A.H. Construction of artificial dentures. Dent Cosmo, v.65, n.7, p.679-89, July, 1923.
PATERSON, A.H. Influences of mandibular movements on balanced occlusion. J Am Dent Assoc, v.15, n.6. p.1118-23, June,
1928.
ZANI, D., HUGGETT, R., HARRISON, A. Mensuraments methods used for determination of dimensional accuracy of stability
of denture base materials. J Prosth Dent, 1991; v.19, n.6, p. 199-206.
Capítulo 9
Visagismo em Prótese Total

Tânia e Silva Pulicano Lacerda e Bráulio Paolucci

Introdução
A evolução constante dos materiais e o desenvolvimento técnico têm possibilitado a prática
de uma odontologia protética que consegue resultados excelentes do ponto de vista estético e
funcional. Algumas vezes, porém, o resultado estético final fica aquém das expectativas do
paciente, não propriamente pelos aspectos técnicos, mas pela falta de integração do desenho
estético do novo sorriso às suas características de personalidade. Sem o conhecimento
adequado, a origem dessa desarmonia é difícil de se identificar, causando uma sensação dos
dentes não pertencerem àquela boca, àquela face ou àquela pessoa.
Por décadas a Odontologia tem buscado harmonizar as formas dos dentes com a face,
baseada em diversas referências como sexo, personalidade e idade, mas os resultados têm se
mostrado inconsistentes. Nesse contexto, o visagismo busca colaborar com a equipe operatória
quanto à correta escolha e montagens de dentes.

O conceito
O termo visagismo se deriva da palavra francesa visage que significa rosto, e seu conceito
foi ampliado e desenvolvido pelo artista plástico Philip Hallawell com o objetivo de aplicar,
de forma consciente, os elementos fundamentais da linguagem visual (linhas, ângulos, formas e
cores) na transformação intencional de uma imagem préconcebida – o rosto humano – a partir
da associação de conhecimentos de várias disciplinas, como antropologia, psicologia e
sociologia.
O visagismo pode ser definido como a arte de personalizar a imagem pessoal, por meio da
atribuição de significados psicológicos e emocionais às linhas, ângulos, formas e cores, do
rosto, lábios, dentes e tecidos gengivais do paciente, auxiliando o dentista e o técnico na
elaboração do desenho da prótese total, tendo como finalidade a harmonia psicodentofacial.
O dentista ou técnico em prótese dentária que utiliza o visagismo como ferramenta de
diagnóstico e de planejamento busca uma harmonização do trabalho protético à face e
personalidade do paciente, ao que este gostaria de expressar com seu sorriso e às suas
necessidades e desejos pessoais. Atuando dessa maneira, evita-se a criação de sorrisos
impessoais, artificiais, seguindo-se apenas as regras estéticas préconcebidas ou a intuição dos
envolvidos.
Na prova dos dentes em cera, espera-se que o paciente, ao olhar no espelho, encontre-se.
Para isso é necessário lembrar que o paciente de prótese total possui, além dos dentes, um
corpo e que esse corpo também tem espírito e emoções.

Os temperamentos
A identidade começa a ser definida por volta dos dois anos de idade, quando a criança
começa a perceber que é separada de tudo o que está à sua volta e que tem um corpo que é só
seu, um nome, um sexo e um rosto que reconhece no espelho.
Somente no espelho, o indivíduo é capaz de enxergar o próprio rosto, e assim, se ver por
inteiro.
Para que o sorriso esteja adequado ao paciente, além de se considerar tudo o que foi citado
no capítulo Estética em Prótese Total, leva-se em conta o temperamento dele.
Um dos sistemas mais antigos de classificação dos temperamentos é o de Hipócrates.
Hipócrates, médico grego do século 4 a.C., usava quatro tipos básicos de temperamento, que
chamou de: sanguíneo, colérico, melancólico e fleumático.
Para cada temperamento, alguns elementos visuais (linhas e formas) devem ser incorporadas
à prótese (Figura 9.1).
Para facilitar o entendimento desses tipos, podemos resumir em algumas características
desses indivíduos.
O paciente colérico é do tipo forte, o líder. O sanguíneo é o dinâmico, comunicativo. O
melancólico é o sensível, metódico, pode ser artístico ou científico. O fleumático é o
temperamento mais calmo, diplomático.

Linguagem arquetípica
O psicanalista suíço, Carl G. Jung, explicou que os símbolos arquetípicos (que mantinham
seu significado em todas as culturas, em todos os tempos) agem subliminarmente no
inconsciente das pessoas, provocando sensações e reações emocionais, mas não racionais, e
também fazem parte da linguagem dos sonhos.
Por meio da associação da teoria dos símbolos arquetípicos de Carl Jung com os elementos
de linguagem visual amplamente estudados no mundo da arte, Hallawell atribuiu significados
psicológicos e emocionais às linhas, ângulos, formas e cores, permitindo que qualquer
profissional que trabalhe com imagem, possa aplicar esses elementos de forma consciente,
para conseguir resultados que expressem certas características de uma personalidade.
O cérebro humano interpreta o que vê, incosncientemente. Phillip Hallawell exemplifica da
seguinte forma: um triângulo invertido é traduzido pelo nosso cérebro como perigo. Esse
símbolo é utilizado como sinal de advertência no trânsito. Na natureza é encontrado no formato
da cabeça da maioria das cobras venenosas. Essa forma pode ser identificada nas capas e no
formato do rosto da madrasta malvada da “Branca de Neve” e na gola da capa do “Drácula”.

Visagismo aplicado à prótese total


O sorriso, como estrutura visual, também é constituído por várias linhas, ângulos, formas e
cores, sendo de responsabilidade da equipe restauradora a compreensão e o domínio desses
elementos para intervir com segurança e previsibilidade em suas reabilitações.
Basicamente, temos quatro formas de dentes: retangular, quadrado, triangular e ovoide. A
utilização das formas de dentes, entendendo como cada forma é interpretada, facilita a sua
escolha.
Seguindo esse raciocínio, o que se pensa quando se define alguém como uma pessoa
quadrada?
Pensa-se, geralmente, em uma pessoa rígida, conservadora. Pode-se pensar em alguém com
princípios rígidos, sem flexibilidade. Pode-se pensar nas linhas que compõem a forma
quadrada.
Linhas horizontais podem ser traduzidas como linhas de estabilidade, imobilidade.
Representam passividade em relação à lei da gravidade.
Já as linhas verticais, que contrariam a gravidade, simbolizam força. O retângulo, pelo
domínio das linhas verticais, expressa força. O equilíbrio entre essas linhas determina o
quadrado. É um símbolo de monotonia, estabilidade e imobilidade.

Figura 9.1 Os quatro tipos de arranjos dentais segundo o visagismo.


Na seleção de dentes para prótese total, pode-se então pensar em escolher dentes
retangulares, para fortalecer a imagem de um indivíduo. Deve-se observar ainda a disposição
desses dentes.
Dentes retangulares são geralmente ligados à pessoa de temperamento colérico. Os
pacientes coléricos geralmente não mostram a gengiva ao sorrir. O formato do rebordo desses
pacientes é geralmente quadrado. A disposição desses dentes também são importantes de
serem observadas. Nesse caso os dentes devem ser dispostos seguindo as características retas
do rebordo.
O fato de se trabalhar com dentes retangulares não significa trabalhar somente com linhas
retas. Ao se inclinar o dente retangular, a linha vertical, que expressava força, desaparece e dá
lugar a uma linha inclinada. A linha inclinada gera a sensação de movimento, transmite
dinamismo.
Os dentes de forma triangular expressam dinamismo. Pacientes de temperamento sanguíneo
são dinâmicos e geralmente têm dentes triangulares e seus rebordos têm forma triangular.
O desenho do zênite gengival também pode reforçar essa característica, se formar linhas
inclinadas na sua disposição. A gengiva aparece ao sorrir.
São pessoas comunicativas e a boca é bastante presente no seu rosto. Na montagem dos
dentes, pode-se deixar a expressão mais dinâmica se as incisais dos dentes superiores
estiverem dispostas em forma de “V”.
Os incisivos centrais são dentes extremamente importantes na estética de uma prótese total,
quando esses são dispostos mais projetados, transmitem extroversão. No entanto, se as faces
mesiais dos incisivos centrais estiverem palatinizadas em relação às faces distais, transmite-se
introversão.
Linhas curvas são suaves e transmitem sensibilidade. Dentes ovoides são indicados para
suavizar a imagem e caracterizam o indivíduo melancólico.
Cuidados devem ser tomados para não se confundir o indivíduo de temperamento
melancólico com a palavra melancolia.
O indivíduo de temperamento melancólico pode ter características artísticas ou científicas
em sua personalidade e é geralmente perfeccionista, detalhista, discreto e sensível. Essas
linhas curvas podem ser vistas na incisal e no terço distal dos dentes ovoides.
A montagem fleumática geralmente é caracterizada pela horizontalidade de plano incisal e
linha dos zênites, e pode ser feita uma montagem com os eixos dentais mais vestibularizados.
Os conceitos do visagismo contribuem muito para a confecção de próteses totais. Nas
Figuras 9.2 a 9.5, pode-se observar diferentes montagens para a mesma paciente. Modificando-
se modelos e disposição de dentes, modifica-se a imagem do indivíduo.
A seleção dos dentes artificiais é um dos requisitos mais importantes para um resultado
estético satisfatório na prótese total.
Nesse caso, para a prova em cera, foram escolhidos dentes retangulares e a disposição dos
dentes também foi realizada seguindo a mesma forma. A intenção foi seguir uma montagem com
características coléricas, expressando força, poder (Figura 9.2).
Numa segunda montagem, foram escolhidos dentes com formato triangular, a gengiva fica
mais exposta, e a intenção foi realizar uma montagem sanguínea, expressando dinamismo,
alegria e extroversão (Figura 9.3).
Na Figura 9.4 pode-se observar uma montagem suave com dentes ovoides e formas
arredondadas. A intenção foi executar uma montagem com características melancólicas,
expressando sensibilidade, suavidade, delicadeza.
Na última montagem, os dentes foram dispostos com desenho de segmento anterossuperior
horizontalizado (plano incisal e linha dos zênites), com dominância de centrais quase ausente,
caracterizando o paciente fleumático. O “bonachão”, diplomático, calmo (Figura 9.5).
Para que se realize uma montagem adequada para o paciente é necessário que seja feita uma
consultoria inicial. Deve-se identificar o temperamento do paciente, lembrando que o
indivíduo é único. Não dá para “encaixotar” as pessoas, dividi-las em quatro grandes grupos e
procurar enquadrá-las nos mesmos.
Conhecer os quatro temperamentos puros e suas características principais bem como
entender como as formas e disposições dos dentes podem revelar as características dos
temperamentos podem facilitar na montagem dos dentes artificiais. Essa leitura deve, no
entanto, considerar, como já foi dito anteriormente, o que é bom para cada um.
O ideal é utilizar os diferentes “temperos” para que se caracterize adequadamente a prótese
total.
Pode-se, por exemplo, suavizar uma imagem muito forte de um indivíduo colérico,
arredondando seus dentes. Pode-se arredondar os quatro incisivos ou apenas os incisivos
laterais; isso varia de acordo com a intenção. É importante buscar harmonia e equilíbrio nesse
momento. Conhecendo a intenção, fica fácil utilizar esses recursos.
Para um mesmo paciente colérico, se os incisivos laterais tiverem seus longos eixos
inclinados para distal, pode-se imprimir à sua imagem força, dinamismo. Cria-se, assim, um
estilo personalizado. Pode-se dizer que a imagem do paciente foi customizada.
Muitos dentistas criam as próteses para seus pacientes conforme as suas próprias
preferências estéticas, em relação a forma e posicionamento dos dentes, sem considerar a
influência que o sorriso pode ter na imagem que se expressa. No entanto, o objetivo deve ser
além de restabelecer a oclusão, a função e a estética, oferecer ao paciente um sorriso
personalizado.
Na imagem pessoal, várias características revelam traços do temperamento do indivíduo,
como formato do rosto, perfil, sobrancelha, testa, olhos, nariz, boca, queixo, ombros e
pescoço. E, ainda, a constituição física, modo de andar, sentar, gestos, preferências pessoais e
comportamento.
A constituição da imagem pessoal pode envolver o cabelo, a maquiagem, o vestuário e
também o sorriso. Um trabalho conjunto com especialistas de outras áreas pode contribuir para
a construção da intenção proposta. O “encontro” entre a imagem exterior e a personalidade da
pessoa é fundamental para o sucesso do tratamento.

Figura 9.2 Montagem colérica.


Figura 9.3 Montagem sanguínea.

Figura 9.4 Montagem melancólica.


Figura 9.5 Montagem fleumática.

Bibliografia
HALLAWELL P. Visagismo: harmonia e estética. 6ª edição São Paulo: Editora Senac São Paulo; 2010.
HALLAWELL P. Visagismo integrado: identidade, estilo e beleza. 2ª edição São Paulo: Editora Senac São Paulo; 2008.
INOUE L.T.; LACERDA T.S.P.; PRICOLI V.M.S.; ZANETTI A.L. Psicanálise e odontologia: uma trajetória em construção.
Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo 2006 jan-abr; 18(1) 87-92.
PAOLUCCI B. Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso. Editora: VM Cultural, São Paulo-2011.
Capítulo 10
Prótese Tipo Protocolo de Branemark com Carga Imediata

Frederico Leoni Gomes, Fabiano Leoni Gomes, Tomaz Gomes e Osmar Castro

A prótese do tipo protocolo de Branemark é uma prótese total fixa totalmente


implantorretida. Como vantagem desse tipo de prótese em relação a uma prótese total
removível implantorretida (Overdenture), podemos citar a manutenção óssea e o benefício
psicológico de ser uma prótese fixa; como desvantagem, a maior dificuldade de higienização,
possível perda de suporte labial (principalmente nas próteses maxilares) e possibilidade de
visibilidade dos componentes metálicos. O planejamento de uma prótese do tipo protocolo
envolve a análise de vários fatores que, em conjunto, levarão ao melhor plano de tratamento.
Muitas vezes, áreas anatômicas inviabilizam a instalação de implantes, principalmente devido
à pneumatização dos seios maxilares e afloramento dos forames mentuais na mandíbula. Por
isso, o pedido de uma tomografia computadorizada do tipo Cone Beam deve ser indicada.
Muitas vezes é necessário o planejamento de Cant lever para evitar essas áreas anatômicas, e,
para isso, é preciso analisar a distância anteroposterior ou distância A-P, que é a distância
entre o centro do implante mais anterior com uma linha que passa pelas distais dos implantes
mais posteriores (Desenho 28). Em condições favoráveis, pode-se planejar o Cant lever
contanto que este não ultrapasse uma vez e meia essa distância, embora a presença e o tamanho
do Cant lever deve ser decidido após a análise dos fatores de estresse: ausência ou presença
de parafunção, densidade óssea, direção das forças, altura da coroa, largura, número e posição
dos implantes. A quantidade de implantes necessários para se indicar uma prótese do tipo
protocolo também está intimamente relacionada com a forma do rebordo. Rebordos com a
forma quadrada invariavelmente necessitam de implantes mais posteriores para que estes não
fiquem muito alinhados com os anteriores, resultando em uma distância A-P muito pequena, o
que geraria cargas laterais muito intensas sobre os implantes quando Cant levers forem
planejados. O alinhamento dos dentes também deve seguir a forma do arco, por exemplo, em
um rebordo triangular, planejar o alinhamento dos dentes na forma quadrada para dar mais
suporte ao lábio acabará por resultar em cargas laterais funcionando como um Cant lever
anterior. No caso de uma prótese protocolo inferior antagonizada com uma prótese total
superior mucosossuportada, vale relembrar que os incisivos não devem ocluir em MIC, pois
poderia resultar na síndrome da combinação. Esse é um erro comum quando se reabilita um
paciente com protocolo, diminui-se o Cant lever mas mantém-se os toques anteriores. Se não
for possível a extensão do Cant lever, deve-se indicar ou uma Overdenture inferior, ou
planejar implantes na região maxilar para minimizar a reabsorção óssea da maxila. Outro
ponto que devemos analisar é o tratamento da superfície do implante, pois esse também
interfere no sucesso da osseointegração. Implantes com superfícies rugosas apresentaram
maior sucesso quando comparados com superfícies lisas.

Desenho 28 Distância anteroposterior ou A-P.

O tempo de espera para osseointegração, desde a introdução do conceito da prótese tipo


protocolo idealizada por Branemark resultou em alguns incovenientes tanto para o paciente,
como para o profissional. A necessidade de reembasamentos com materiais macios durante a
fase de espera da osseointegração e a necessidade de uma nova intervenção para a exposição
dos implantes são algumas delas. É considerada carga, ou função imediata, a instalação da
prótese em oclusão com o antagonista em até 48 horas após a colocação dos implantes. Carga
imediata e precoce tem sido utilizada particularmente em mandíbulas com boa densidade
óssea. As vantagens da prótese tipo protocolo com carga imediata são: a não necessidade de
uso de uma prótese removível durante a osseointegração, não é necessária a segunda etapa
cirúrgica, abrandamento dos fatores psicológicos e melhora do funcionamento e da
estabilidade durante o período de transição. Para isso, assim como na carga tardia, é
necessário uma análise da qualidade óssea, do tamanho dos implantes, da quantidade de
implantes e da posição dos implantes no arco. Na carga imediata deve-se reduzir ou eliminar
os Cant levers e, no ato cirúrgico, necessita-se de uma estabilidade inicial dos implantes. O
ideal seria que os implantes apresentassem pelo menos 35 Ncm para a aplicação de carga
imediata, pois espera-se um mínimo de micromovimentos dos implantes para que ocorra a
osseointegração. Por isso, nesse protocolo de carga imediata que apresentamos, indicamos que
a prótese provisória possua uma barra de reforço metálica interna, pois qualquer fratura no
acrílico poderia levar ao insucesso do caso pela perda da osseointegração. Outro ponto
importante para o sucesso do caso é que tanto a prótese provisória quanto a prótese definitiva
apresentem passividade e uma ótima adaptação para não levar tensões deletéricas aos
implantes. A passividade pode ser comprometida em várias fases do tratamento protético;
podemos citar algumas delas: uso de resinas que não sejam de baixa contração na união dos
transferentes, fundições imprecisas dos componentes protéticos, fixação falha dos transferentes
no guia multifuncional que levaria à mudança de posição durante o parafusamento do análogo,
à remoção do guia multifuncional antes da polimerização completa da resina de união e à falta
de acuidade na manipulação do gesso do modelo de trabalho.
Como vimos, o uso da carga imediata é uma alternativa viável quando o planejamento é
realizado dentro de critérios biomecânicos e estéticos, podendo se obter um sucesso ao
eliminar as desvantagens do tempo de espera para o segundo tempo cirúrgico com próteses
removíveis.
A seguir apresentaremos uma sequência ilustrativa passo a passo de nosso protocolo de
carga imediata (Figuras 10.1 a 10.120).

Figura 10.1 Foto intrabucal sem as próteses antigas. O paciente possui três raizes
que serão utilizadas como suporte para a prótese total híbrida superior.
Figura 10.2 Foto intrabucal inicial com as próteses antigas.

Figuras 10.3A e B Próteses antigas (A) e seus respectivos clones (B).


Figuras 10.4A e B Prova dos clones na boca (A) e clones já com linhas de referência
da MIC (B).

Figuras 10.5 Registro de mordida realizado no clone inferior com resina


fotopolimerizável para moldeira individual. Obs.: o registro poderia ser feito também
em godiva de alta temperatura de plastificação.
Figura 10.6 Preparo (desgastes internos) do clone maxilar para a moldagem
mioestabilizada.

Figuras 10.7A e B Moldagem Mioestabilizada da maxila (A) e molde funcional maxilar


após o selamento posterior com resina fotopolimerizável (B).
Figura 10.8 Preparo (desgastes internos) do clone mandibular para a Moldagem
Mioestabilizada.

Figuras 10.9A e B Moldagem Mioestabilizada da mandíbula (A) e molde funcional


mandibular (B).
Figura 10.10 Moldes funcionais obtidos pelas moldagens mioestabilizadas.

Figura 10.11 Clones montados no articulador. Obs.: o superior pela tomada com o
arco facial e o inferior pelo registro de mordida no clone mandibular.
Figura 10.12 Separação do modelo funcional maxilar do clone maxilar.

Figura 10.13 Montagem dos dentes maxilares. Obs.: o planejamento estético foi
realizado nessa fase com uma ascendência maior da curva dos dentes posteriores
superiores.
Figura 10.14 Após a separação do clone mandibular do modelo funcional mandibular,
foram feitas uma base de prova mandibular e montagem dos dentes inferiores.

Figura 10.15 Prova dos dentes em cera.


Figuras 10.16A e B São confeccionados dois clones incolores dos dentes inferiores:
um guia multifuncional (A) e um guia tomográfico, com perfurações preenchidas com
gutapercha, para a realização da tomografia computadorizada (B).

Figura 10.17 Clone incolor dos dentes inferiores (guia tomográfico) na boca, para a
realização da tomografia.

Figura 10.18 As áreas radiopacas (gutapercha) na tomografia orientam o


planejamento para a melhor localização dos implantes.

Figura 10.19 A área lingual do guia multifuncional é desgastada.

Figura 10.20 Após a confecção de um modelo em silicone é realizado o planejamento


da altura dos coppings calcináveis dos minipilares para evitar interferências oclusais
no ato da moldagem.
Figura 10.21 Após a fundição dos coppings calcináveis dos minipilares, estes são
envolvidos em resina de baixa contração e numerados de acordo com a região
planejada dos implantes.

Figura 10.22 Uma linha de referência é demarcada no guia multifuncional


referenciando a linha mediana.
Figura 10.23 O dentista receberá a prótese total superior provisória acrilizada, o guia
multifuncional com a referência anterior e os coppings fundidos dos minipilares
envolvidos com resina.

Figuras 10.24A e B No guia tomográfico foram demarcadas em azul as posições


selecionadas para a instalação dos implantes (A) e os implantes foram posicionados
(PI Branemark) pela orientação do guia tomográfico (B).
Figuras 10.25A e B Implantes após instalação dos minipilares, parafusamento das
tampas de cicatrização e realização das suturas (A) e após a remoção das tampas,
os coppings fundidos dos minipilares recobertos com resina de baixa contração
parafusados aos implantes (B).

Figura 10.26 O guia multifuncional é testado para observar a presença de espaço


entre os coppings dos minipilares e o guia.

Figuras 10.27A e B A ferida cirúrgica e as suturas são protegidas com uma lâmina
de cera azul para articulação (A) e resina de baixa contração é acrescentada na
vestibular interna do guia multifuncional, que é levado à boca para uni-lo aos coppings
dos minipilares (B).
Figura 10.28 Após a polimerização da resina, um silicone pesado é usado para
completar os espaços linguais e fazer um registro de mordida.

Figura 10.29 Guia multifuncional removido após o desparafusamento dos coppings.

Figuras 10.30A e B Preparo do molde (A) e parafusamento dos análogos dos


minipilares (B).

Figura 10.31 Guia multifuncional montado no articulador com a prótese total superior
provisória em oclusão.

Figura 10.32 Um guia de silicone na vestibular é confeccionado.


Figura 10.33 O guia servirá para a análise do espaço existente para a confecção da
barra do protocolo provisório.

Figura 10.34 Os coppings fundidos que serviram como transferentes são removidos
do guia multifuncional.

Figura 10.35 Os coppings são parafusados nos análogos correspondentes, e inicia-


se a confecção da barra.

Figura 10.36 A barra contornará os coppings para posterior fundição.


Figura 10.37 A seguir, com uma máquina de pontos elétricos une-se com fio
ortodôntico a barra aos coppings fundidos.

Figura 10.38 A remontagem dos dentes inferiores em cera para o modelo de


transferência da posição dos implantes é feita ocluindo-se os dentes inferiores nos
superiores.
Figura 10.39 Um novo guia de silicone de laboratório é confeccionado sobre os
dentes artificiais tanto na vestibular quanto na oclusal.

Figura 10.40 O novo guia possibilitará, com a barra em posição e os dentes


artificiais presos a ele, que se faça um novo enceramento.
Figura 10.41 Prótese com enceramento finalizado em vista oclusal e lingual. Obs.:
notar a escultura plana da superfície que ficará em contato com o tecido em
cicatrização.

Figura 10.42 Próteses provisórias acrilizadas.


Figura 10.43 Instalação da prótese com carga imediata após 24 horas.

Figura 10.44 Acesso aos parafusos selados com gutapercha.

Figura 10.45 Radiografia panorâmica com a prótese provisória parafusada,


demonstrando o assentamento da barra.
Figura 10.46 Sorriso com as próteses provisórias instaladas.

Figura 10.47 Aspecto intrabucal, após 15 dias da cirurgia.

Figura 10.48 Após a osseointegração dos implantes (3 meses), clonou-se a prótese


superior para a realização da prótese definitiva.
Figura 10.49 O mesmo guia multifuncional é usado como auxílio para a confecção do
protocolo definitivo.

Figura 10.50 Diversos componentes pré-fundidos para serem utilizados em cargas


imediatas ou transferência da posição de implantes.
Figura 10.51 Componentes pré-fundidos selecionados para o caso através do guia
multifuncional.

Figura 10.52 Componentes unidos em resina no modelo de trabalho utilizado para a


prótese provisória, para conferência em boca.
Figura 10.53 Registro de mordida do clone maxilar na forquilha.

Figura 10.54 Prova do clone com o guia multifuncional.


Figuras 10.55A e B Moldagem Mioestabilizada superior (A) e obtenção do molde
funcional maxilar (B).

Figura 10.56 Vista intrabucal dos minipilares, após a cicatrização dos tecidos.
Figura 10.57 Conferência da adaptação da união dos coppings em boca. Obs.: caso
haja alguma desadaptação, recomenda-se seccionar com um disco e unir com uma
pequena quantidade de resina de baixa contração.

Figura 10.58 Conferência de espaço entre a resina e o guia multifuncional. Obs.: as


regiões da entrada dos parafusos dos minipilares deve ser protegida com algodão.
Figuras 10.59A e B Resina de baixa contração é acrescentada na vestibular interna
do guia multifuncional (A) e, após injetar silicone de adição fluido ao redor dos
minipilares e na região basal do guia multifuncional, o paciente entra em oclusão até a
polimerização final (B).

Figuras 10.60A e B Silicone de adição fluido é injetado para se obter um registro de


mordida (A). Guia multifuncional removido após desparafusamento (B). Obs.: esse
registro também pode ser obtido anteriormente com godiva de alta temperatura de
plastificação.

Figuras 10.61A e B Molde após desparafusamento dos coppings fundidos usados


como transferentes (A) e molde após preparo com cera e parafusamento dos
análogos (B).
Figura 10.62 Silicone específico é injetado ao redor dos análogos para resultar em
uma gengiva artificial.

Figura 10.63 O correto preparo em cera do molde resulta em um modelo plano na


área lingual e uma plataforma horizontal vestibular que protege o modelo de fraturas
e facilita as etapas subsequentes.
Figuras 10.64A e B O molde funcional maxilar é encaixado no registro oclusal da
forquilha (A) e realiza-se a tomada com arco facial (B).
Figuras 10.65A e B O modelo de soldagem (index) é obtido com transferentes para
moldeira aberta unidos em boca (A) e transferentes com os análogos parafusados
(B). Obs.: após a polimerização da resina em boca (A) secciona-se com disco fino e
realiza-se uma nova união com pequena quantidade de resina de baixa contração.

Figuras 10.66A e B Index após vazamento com gesso tipo IV (A) e modelo pronto
para soldagem da estrutura após a remoção dos transferentes (B).

Figura 10.67 Por se tratar de uma reabilitação completa, o mínimo que se deve
utilizar é um articulador semiajustável.
Figuras 10.68A e B Ajuste inicial do Bennett em 0 grau (A) e guia condilar em 30
graus (B).

Figura 10.69 Preparo com cera do molde funcional maxilar.

Figura 10.70 Confecção do modelo de trabalho maxilar. Notar que a altura do modelo
foi planejada para se utilizar a menor quantidade de gesso possível para a montagem
no articulador.
Figura 10.71 Montagem do modelo maxilar no articulador. Obs.: a morsa utilizada
(em vermelho) mantém o contato do ramo superior do articulador com a plataforma
horizontal durante a cristalização do gesso.

Figura 10.72 Através do registro de mordida no guia multifuncional monta-se o


modelo inferior no articulador.
Figura 10.73 Um registro em protrusiva, um de lateralidade direita e um de
lateralidade esquerda são obtidos para a individualização dos ângulos do articulador.
Obs.: papel alumínio foi interposto entre a cera antes do registro para aumentar a
sua estabilidade.

Figura 10.74 Com o registro da protrusiva, individualiza-se as guias condilares


esquerda e direita.
Figura 10.75 Com o registro da lateralidade esquerda, individualiza-se o ângulo de
Bennett direito.

Figura 10.76 Com o registro da lateralidade direita, individualiza-se o ângulo de


Bennett esquerdo.

Figura 10.77 Remoção do clone superior para confeção da base de prova.


Figura 10.78 Modelo de trabalho maxilar. Notar a presença de três raízes (prótese
total híbrida).

Figura 10.79 Base de prova maxilar. Notar que, como o modelo foi isolado antes da
colocação da cera, esta permanece em seu interior, melhorando a retenção durante a
prova na boca.
Figura 10.80 Montagem dos dentes superiores em cera.

Figura 10.81 Remoção do guia multifuncional do modelo inferior.

Figuras 10.82A e B Três coppings com cinta de cobalto-cromo (A) são fixados na
base de prova (B).
Figuras 10.83A e B Montagem regressiva com uso de um espaçador antes da
montagem dos dentes inferiores posteriores (A) e montagem dos dentes posteriores
inferiores concluída (B). Obs.: recomenda-se utilizar uma cera especial nessa fase
para aumentar a adesividade dos dentes à base (cera de fixação de dentes Wilson®).

Figura 10.84 Montagem dos dentes em cera concluída.


Figura 10.85 Ceras utilizadas para enceramento caracterizado (STG Wax®).

Figura 10.86 Comparação da cor da escala de gengiva selecionada com a cor do


enceramento.

Figura 10.87 Marcações com caneta de retroprojetor indicam o local dos acessos
aos parafusos. Esse procedimento é especialmente importante para não perfurar os
dentes artificiais antes da prova dos dentes em cera. O dentista deverá remover o
dente, parafusar a peça e recolocá-lo. Vale lembrar que uma cera dura deve ter sido
usada na escultura.

Figuras 10.88A e B Após a remoção dos dentes demarcados, acessa-se os


parafusos que são parafusados aos implantes (A) e a peça parafusada para a prova
em cera (B).
Figura 10.89 Prova dos dentes em cera caracterizada.

Figura 10.90 Muralha de silicone com Vipi-Sil® e Labormass®.


Figura 10.91 A muralha de silicone permite planejar a altura dos componentes para a
confecção da barra.

Figura 10.92 A muralha de silicone também auxilia na observação do espaço


existente para a confecção do reforço metálico.

Figura 10.93 Os componentes são unidos entre si com resina e o reforço é unido ao
conjunto para resultar em uma peça única.
Figuras 10.94A e B Conferência no guia de silicone após a fundição com o uso do
revestimento Heat Shock (Polidental®) (A) e peça fundida no modelo (B).

Figura 10.95 Abertura de canaletas na estrutura para facilitar a difusão do metal da


solda.

Figura 10.96 Modelo (index) que será utilizado para a solda.


Figuras 10.97A e B Solda elétrica sendo realizada (A) e peça após soldas elétricas
(B).
Figuras 10.98A e B Uso do maçarico para solda final (A) e soldas completadas (B).

Figura 10.99 Peça soldada no modelo index. Obs.: a região polida ficará exposta
para diminuir o volume lingual e promover maior conforto para o paciente.
Figuras 10.100A e B Muralha vestibular reposicionada no modelo (A) e novamente
encera-se a peça (B).

Figura 10.101 Dentes inferiores reposicionados através da muralha de silicone.


Figuras 10.102A e B Vista interna da prótese encerada (A) e vista vestibular da
prótese com enceramento caracterizado (B).

Figura 10.103 Enceramento caracterizado superior e inferior finalizado.

Figura 10.104 Prova em boca das próteses caracterizadas em cera (STG Wax® -
Formaden®).
Figura 10.105 Uso de uma broca fissura carbide 701 com a ponta afinada, o que
facilitará o acesso ao parafuso e a abertura da resina, após acrilização.

Figura 10.106 Posição de acesso aos parafusos. Observar que o tamanho das
aberturas é apenas o suficiente para a passagem do parafuso.

Figura 10.107 O uso de três análogos é suficiente para a acrilização.


Figura 10.108 Silicone de laboratório fluido (Vipi-Sil®) é utilizado para reproduzir a
escultura interna. Obs.: pequenos pedaços de silicone utilizados em outros trabalhos
são presos ao silicone fluido para melhor a retenção ao gesso.

Figuras 10.109A e B Inclusão na base da mufla Vipi-STG® (A) e, novamente, usa-se


o silicone fluido com pedaços de silicone para a confecção da muralha (B).
Figuras 10.110A e B Estrutura metálica parafusada aos análogos na base da mufla
(A) e os dentes artificiais presos na muralha de silicone na contramufla (B).
Figuras 10.111A e B A estrutura metálica é desparafusada dos análogos (A),
opacificada com o opaco fotopolimerizado Vipi-Tone®, e reparafusada ao modelo (B)
Obs.: a entrada dos parafusos é fechada com silicone.

Figura 10.112 A inclusão da prótese superior segue os protocolos contidos neste


livro.
Figura 10.113 Reforço metálico personalizado e opacificado (Vipi-Tone®) fixado aos
dentes com RAAT. Obs.: para toda prótese total, quando antagonizada por um
protocolo, é indicado um reforço metálico.

Figura 10.114 Próteses acrilizadas pelo sistema STG.


Figuras 10.115A e B Próteses provisórias (A) e próteses definitivas (B).

Figuras 10.116A e B Próteses superior provisória (A) e prótese superior definitiva


(B).
Figuras 10.117A e B Próteses inferior provisória (A) e prótese inferior definitiva (B).
Obs.: notar que a estrutura metálica polida permitiu uma área lingual mais livre para a
ação do músculo genioglosso.

Figura 10.118 Próteses instaladas na boca.

Figura 10.119 Orientação ao paciente quanto aos cuidados com a higiene.


Figura 10.120 Panorâmica com a prótese tipo protocolo definitiva instalada.

Bibliografia
BRANEMARK, P.I.; HANSSON, B.O.; ADELL, R.; BREINE, U.; LINDSTROM J.; HALLÉN, O. Osseointegrated implants
in the treatment of the edentulous jaw. Experience from a 10-years period. Scand J Plast Reconstr Surg 1977, 16 Suppy: 7-
132.
COCHRAN, D.L.; MORTON, D.; WEBER, H.P. Concensus statements and recommended clinical procedures regarding
loading protocols for endosseos dental implants. Int J Oral Maxillofac Implants 2004, 19:109-113.
RENOUARD, F.; RANGERT, B. Fatores de risco em Implantodontia. Cronologia e Protocolo de tratamento. Capítulo 6 -
Quintessence, 2a Edição, 193p, 2008.
GORANSSON, A.; WENNEBERG, A. Bone Formation at titanium implants prepared with iso-anisotropic surfaces of similar
roughness: an in vivo study. Clin Implant Dent Relat Res, 7: 2005, p.17-23.
DAVARPANAH, M.; MARTINEZ, H.; KEBIR, M.; TECUCIANU, J. Manual de Implantodontia clínica. 1a Edição, Capítulo 9
- Edentualismo total, 337p., 2006.
MISCH, C. Prótese sobre implantes. 1a Edição, Capítulo 27 - Carga Imediata - Aplicações na Implantodontia, 625p, 2006.
Capítulo 11
Comentários dos Autores sobre Técnicas Diversas

11.1 – Prótese Total Imediata

Prótese total imediata é aquela que é instalada imediatamente após a extração dos dentes
remanescentes e no mesmo ato clínico. Na maioria dos casos, em prótese total imediata indica-
se primeiramente a extração dos dentes posteriores, aguarda-se a cicatrização, faz-se uma
prova em cera com os dentes posteriores, e, em seguida, confecciona-se a prótese com todos
os dentes, a qual é instalada logo após as extrações dos dentes anteriores. Alguns
inconvenientes podem ocorrer:

• Existe a dificuldade em se obter a espessura da borda funcional na região dos dentes.


• O anestésico utilizado no fundo do sulco na região dos dentes a serem extraídos dificulta a
inserção da prótese que, em geral, é aliviada internamente, causando quebra do selamento
periférico após a normalização do volume tecidual.
• Após a recomposição dos tecidos, a prótese necessita de reembasamento devido à
desadaptação que ocorre após a cicatrização.

No entendimento dos autores, quando for indicada uma prótese total e o paciente ainda
possuir alguns dentes remanescentes que necessitam ser extraídos, e este não possui uma
prótese, indica-se primeiramente a confecção de uma prótese parcial removível (PPR)
provisória para o espaço desdentado. À medida que as extrações forem sendo realizadas, os
dentes vão sendo incluídos na PPR, até a transformação desta em uma prótese total. O mesmo
procedimento é realizado se o paciente já possui uma PPR, ou seja, transforma-se a mesma em
uma prótese total provisória. Após a reparação total dos tecidos, um reembasamento direto é
indicado. A partir daí, com os tecidos estabilizados, confecciona-se a prótese total mediata.
Se essas orientações forem seguidas várias vantagens serão obtidas:

• A prótese total provisória, após o reembasamento, estará em íntimo contato com os tecidos
já estabilizados.
• Não é necessário extrair todos os dentes de uma única vez, permitindo ao profissional
planejar a melhor conduta para cada caso.
A prótese total provisória poderá ser modificada, a partir da necessidade, pelas terapias da

técnica da clonagem terapêutica, tais como: análise da área basal, dimensão vertical,
tolerância do paciente ao limite posterior, recobrimento do palato, estética e fonética.
• Possibilidade de confeccionar a nova prótese utilizando-se o clone através da Técnica da
Clonagem Terapêutica.

Bibliografia
CERVEIRA NETTO, H. Prótese total imediata. Cap. 1, Introdução ao estudo das próteses totais imediatas. São Paulo:
Pancast, 1987.

11.2 – Remontagem

Remontagem significa montar novamente. Alguns autores indicam a remontagem em


articulador das próteses totais maxilomandibulares. Basicamente existem dois tipos de
remontagem. A primeira é realizada logo após a acrilização das próteses, quando estas não são
separadas dos modelos de trabalho e remontadas no articulador. É possível retornar os
modelos na mesma posição do articulador através de guias realizadas nos modelos antes da
montagem no articulador. O objetivo desse tipo de remontagem é a análise de um possível
aumento da DVO após a polimerização, observada através do afastamento do pino-guia incisal
da mesa incisal. Nesse caso, seria realizado um ajuste oclusal até que o pino-guia incisal
voltasse a tocar na mesa incisal do articulador. Depois as próteses seriam removidas dos
modelos de trabalho e realizados os procedimentos de acabamento e polimento. Após a
finalização das mesmas, uma segunda remontagem seria indicada. Essa nova remontagem seria
realizada através de nova tomada do arco facial, registros de mordida em RC, lateralidade
direita, lateralidade esquerda e protrusiva. Como os modelos de trabalho são destruídos para o
acabamento e polimento das próteses, novos modelos seriam confeccionados em gesso ou
silicone, utilizando-se como referência a parte interna das próteses. A indicação dessa segunda
remontagem seria para promover um ajuste oclusal, compensando todas as alterações
dimensionais da resina no processo de polimerização e minimizando as possíveis diferenças
oclusais provenientes da resiliência da fibromucosa.
Na Técnica da Clonagem Terapêutica (TCT) os autores não indicam nenhuma das duas
remontagens. A primeira remontagem é desnecessária se forem utilizados os protocolos
laboratoriais corretos.
A alteração da dimensão vertical pode acontecer por vários motivos: o selamento da
canaleta com cera não foi realizado com as próteses no articulador em oclusão; tempo
incorreto de espera na prensa para a polimerização (no mínimo deverá ser de 12 horas); uso de
prensas não hidráulicas; remoção da mufla da prensa para a polimerizadora sem transferir a
pressão da prensagem; erros na confecção da muralha em silicone; retorno incorreto da
posição do dente na muralha de silicone, resfriamento induzido após a polimerização e erros
no ciclo de polimerização. Seguindo-se corretamente os protocolos laboratoriais, a primeira
remontagem torna-se desnecessária, já que as alterações dimensionais ficam restritas
exclusivamente às alterações inerentes aos materiais, tais como a expansão do gesso e a
contração da resina; entretanto, essas alterações são tão pequenas que não são perceptíveis
clinicamente. A segunda remontagem torna-se desnecessária porque na instalação das próteses,
onde foram seguidos os protocolos da TCT, estas se apresentam em máxima oclusão com
contatos bilaterais simultâneos, sem deslizamentos laterais, com balanceamento bilateral e sem
alteração clínica perceptível da DVO.
Para a obtenção desses resultados clínicos três fatores são de grande importância:

• Que no final da montagem dos dentes em cera as próteses já estejam balanceadas no


articulador. De nada adianta obter uma curva individual de compensação se ao final da
montagem dos dentes no articulador não obtivermos o balanceamento bilateral. A Técnica da
Montagem Regressiva, além de propiciar o balanceamento anteroposterior e laterolateral
das próteses no articulador, permite uma máxima intercuspidação com engrenamento maior
entre os dentes em uma única posição de abertura e fechamento. Se for detectada qualquer
variação ou desvio na prova em cera é indicado um novo registro e uma nova montagem do
modelo inferior antes de dar continuidade ao trabalho.
• No enceramento, deve-se utilizar uma cera que dê segurança para a prova dos dentes
para a comprovação da oclusão e balanceio. Dentes mal fixados na cera e que se soltam
com facilidade impedem que o profissional tenha a segurança de realizar todos os testes
estéticos e funcionais necessários, podendo levar a erros só detectáveis no dia da
instalação.
• Protocolos laboratoriais corretos. Após a prova em cera e a comprovação estética e
funcional, os processos laboratoriais não devem alterar as condições encontradas na prova
em cera. Para isso, o protético deve ter o domínio e um conhecimento profundo do
comportamento da resina acrílica. Nos capítulos anteriores das fases laboratoriais foram
descritos os procedimentos passo a passo para se obter esse resultado.

Se esses três fatores forem observados e seguidos, serão evitados os problemas que levam à
necessidade de remontagens, otimizando o trabalho. Esses resultados só serão obtidos com
uma comunicação dentista-protético eficiente, sempre com o objetivo de entregar o melhor
trabalho possível para o paciente.
Considerações Finais

Toda reabilitação bucal envolve um conhecimento profundo da função e da estética.


Especificamente as reabilitações por próteses totais mucosossuportadas envolvem desafios
ainda maiores devido à perda de referências importantes como a dimensão vertical de oclusão
(DVO), a relação cêntrica, a forma, a cor e o tamanho dos dentes. Contar exclusivamente com a
mucosa de revestimento para promover um correto selamento periférico, e consequentemente
retenção e estabilidade da prótese, requer conhecimento da anatomia protética, da moldagem
anatômica e da moldagem funcional. Uma oclusão estável associada a uma musculatura
paraprotética em harmonia com a prótese possibilitarão restabelecer a função e a estética
adequadamente. Muitos livros apresentam técnicas para a confecção desse tipo de prótese, que
muitas vezes funcionam bem em outros países, mas não funcionam tão bem aqui no Brasil, um
país tão miscigenado. As dificuldades clínicas nos levaram a propor Protocolos que se
adaptassem a todos os pacientes, de todas as raças, e por isso, neste livro, muitos Protocolos
sugeridos partem da análise de vários autores para se chegar a uma conclusão, como é o caso
da determinação da DVO e da seleção dos dentes. Os implantes dentários vieram auxiliar o
suporte e a retenção desse tipo de prótese e, sem dúvida, hoje são uma realidade, mas os
clínicos jamais devem esquecer dos princípios básicos da prótese total ao fazerem uma
Overdenture. Os implantes, com certeza, aumentarão a retenção das próteses, mas sua
durabilidade estará intrinsecamente relacionada com os conceitos básicos científicos da
prótese total mucosossuportada. Por isso, este livro não tem, em hipótese alguma, a pretensão
de esgotar o assunto de reabilitações bucais através de próteses totais, e sim de propor a
utilização de técnicas que norteiem os profissionais por caminhos conhecidos, por meio de
procedimentos específicos para cada fase, com o objetivo de obter bons resultados com a
elaboração e a execução de um planejamento protético preciso.

Você também pode gostar