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Resumo
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 134 Maringá, v. 10, n. 4, p. 134-142, jul./ago. 2005
PEREIRA, c. C.; FELÍCIO, c. m.
negativa no equilíbrio do sistema estomatognáti- tos (placa reeducadora durante o dia e placa com
co. Isso já era reconhecido por Angle (1907 apud grade palatina à noite), para o tratamento da de-
JANKELSON1,1990) e vem sendo reafirmado glutição atípica, e concluíram que o método misto
continuamente2,3,4,5,6,7,8,9,10,11,12,13. mostrou-se mais eficiente.
O fonoaudiólogo da área da Motricidade Oral Para Silva Filho et al.3, o sucesso do tratamento
é o “profissional responsável e competente no que em casos de hábitos bucais deletérios depende do
se refere à avaliação, diagnóstico e tratamento das diagnóstico e planejamento realizados em equipe.
pessoas com distúrbios miofuncionais orofaciais e Foi apresentado um caso de uma paciente de 5
cervicais” (Documento Oficial do Comitê de Mo- anos com mordida aberta anterior, hábito de suc-
tricidade Oral, 02/2002 da Sociedade Brasileira de ção ininterrupta do dedo polegar e interposição
Fonoaudiologia-SBFa). lingual secundária. Segundo os autores, a grade pa-
As primeiras especialidades da Odontologia a latina fixa empregada funciona como um aparelho
interagirem com a Fonoaudiologia foram a Odon- passivo impedidor de hábito, sendo que, a corre-
topediatria e a Ortodontia. Posteriormente, outras ção do desvio morfológico da oclusão depende da
como: Oclusão, Cirurgia Ortognática, Prótese e musculatura perioral. Posteriormente, foi instala-
Periodontia passaram a considerar o papel da mus- da uma placa de contenção removível tipo Haw-
culatura e funções como fatores etiológicos, per- ley, e a paciente foi encaminhada para avaliação
petuantes ou agravantes de problemas antes con- fonoaudiológica, visando uma análise fonoarticu-
siderados apenas de competência da Odontologia, latória minuciosa.
que, portanto, passaram a ser também do escopo Correia15, com base na observação do índice
da Fonoaudiologia. significativo de pacientes com disfunção da arti-
O número de equipes compostas por odon- culação têmporo-mandibular que necessitavam
tólogos e fonoaudiólogos cresceu consideravel- de tratamento complementar na área fonoau-
mente nos últimos anos, e os resultados clínicos diológica, investigou a incidência de distúrbios
e de pesquisas se mostram promissores. Contu- fonoaudiológicos. Foram constatadas alterações
do, no cenário geral, de acordo com a opinião nas funções de respiração (tipo), deglutição e
de diversos profissionais que atuam no âmbito fala; e a estrutura do sistema estomatognático
clínico, ainda há dificuldade de comunicação e que apresentou maior comprometimento foi a
integração, pois muitos não consideram os be- mandíbula, no que se refere aos seus movimen-
nefícios da parceria. tos, e o órgão fonoarticulatório mais comprome-
Neste contexto, o objetivo do presente estudo tido foi a língua.
foi realizar um levantamento bibliográfico de tra- Segundo Okeson16, nas desordens têmporo-
balhos veiculados na área odontológica, em língua mandibulares (DTM) o tratamento definitivo
portuguesa, visando verificar como são considera- é direcionado para alterar ou reduzir os fatores
dos os distúrbios miofuncionais orofaciais e, por etiológicos. A terapia oclusal é realizada pelo
conseqüência, como se dá a relação entre a Odon- cirurgião-dentista, e o psicólogo atua sobre o
tologia e a Fonoaudiologia. estresse emocional. Já terapia de suporte é di-
recionada aos sintomas. Dois tipos foram des-
REVISÃO DE LITERATURA critos, sendo uma para o alívio da dor (farmaco-
Souza e Muller de Araújo14 compararam os lógica e fisioterápica) e a outra para o alívio da
métodos mecânicos (placa com grade palatina), disfunção (técnicas e exercícios que colaboram
funcionais (placa reeducadora, visando a execu- para ajudar a estabelecer uma função mandibu-
ção de exercícios reeducadores da língua) e mis- lar normal).
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Os distúrbios miofuncionais orofaciais na literatura odontológica: revisão crítica
Oliveira17 analisou a validade dos métodos fo- entre 8 e 12 anos, que foram divididas aleato-
néticos, aplicados em próteses para a determina- riamente em dois grupos (GA – tratamento me-
ção da dimensão vertical de oclusão, com enfoque cânico com mioterapia; GB – apenas tratamen-
multidisciplinar, em conjunto com a Fonoaudiolo- to mecânico). Cada indivíduo recebeu a placa
gia e a Lingüística. A autora concluiu ser adequa- reeducadora (uso diurno) e a impedidora (uso
do o uso do fonema /s/, e que este método requer noturno). A correção do padrão de deglutição
conhecimento de fonética para que se alcance ocorreu em 60% dos indivíduos do GA e 20%
bons resultados. dos indivíduos do GB. Os autores concluíram
Cardoso et al.5 relataram um caso clínico de que o uso isolado de placas é ineficiente, e os
uma paciente de 28 anos, apresentando proble- resultados se mostraram mais favoráveis com a
ma estético, dentre outras coisas com intrusão do associação da mioterapia.
elemento 21, relacionada à sucção de língua e à Farret et al.20 avaliaram o índice de recidi-
fonação atípica. O tratamento incluiu especiali- va de deglutição atípica após 3 anos a contar
dades, tais como Fonoaudiologia, Oclusão, Orto- do final do tratamento, comparando crianças
dontia, Periodontia, Dentística e Prótese, a fim de submetidas à terapia miofuncional associada
que fossem atendidas as necessidades da paciente. à mecânica (GA) e apenas ao tratamento me-
Os autores concluíram que o dentista tem uma cânico (GB). Concluíram que a associação da
grande responsabilidade para com o paciente que terapia miofuncional à mecânica favoreceu as
o procura, e deve organizar a ação cooperativa de condições para mudanças da deglutição e da po-
um plano de tratamento com abordagem multi- sição de repouso.
disciplinar. Moraes et al.7 empregaram Ortodontia, im-
De acordo com Correia18, o adequado funcio- plante e terapia miofuncional em um caso de
namento da ATM depende da harmonia entre a tratamento corretivo dentofacial com ausência
neuromusculatura, a articulação propriamen- de dentes. Os autores se pautaram na idéia de
te dita e a oclusão dentária. Dentre os pacientes que os implantes osseointegrados estão sujeitos
acometidos pela desordem da ATM, 62,9% apre- a uma série de fatores, dentre eles o “ambiente
sentavam algum tipo de alteração nos órgãos fo- muscular” (lábios, língua e bochechas). Assim,
noarticulatórios – lábios, língua e bochechas e nas a terapia miofuncional, além da normalização
funções de deglutição, mastigação, respiração e da neuro-musculatura, permite uma melhor es-
fala, necessitando da atuação fonoaudiológica para tabilidade para o tratamento corretivo ortodôn-
sua completa reabilitação. tico e para a fisiologia do complexo estomatog-
Andrade e Justiniano6 apresentaram casos nático-facial como um todo.
clínicos de mordida aberta, tratados com a apa- Almeida et al.21 explicaram que, com relação
ratologia Ortopédica Maxilar. Esclareceram que, à etiologia da mordida aberta anterior, qualquer
devido à diversidade etiológica, todos os pacien- interferência no período de crescimento ativo das
tes com mordida aberta, de qualquer natureza, estruturas da face, pode alterar a morfologia e a
são rotineiramente avaliados e tratados pelo função do sistema estomatognático, prejudicando
ortopedista funcional, otorrinolaringologista e o desenvolvimento oclusal e esquelético normal.
fonoaudiólogo. Com isso, têm evitado as recidi- Quanto ao tratamento, os autores acreditam que a
vas que comumente ocorrem em terapias menos abordagem ideal deva ser de caráter multidiscipli-
abrangentes. nar – odontológo, fonoaudiólogo, otorrinolaringo-
Farret et al.19 investigaram os resultados do logista e psicólogo.
tratamento da deglutição atípica em 20 crianças, Mongini22 escreveu a respeito do tratamento
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fisioterápico e de exercícios para a musculatura nos atípica o fonoaudiólogo tráz grande auxílio com
casos de DTM. Dentre as técnicas citou: a eletroes- o emprego de métodos reeducativos, porém, o or-
timulação transcutânea (TENS), o soft-laser, a apli- todontista e o odontopediatra devem estabelecer
cação de calor ou frio e as injeções anestésicas. Com uma terapêutica clínica imediata. Por melhor que
relação aos exercícios para os músculos elevadores sejam os resultados obtidos com outros métodos,
e a ATM, recomendou movimentos de abertura e todos os pacientes devem ser submetidos a trata-
fechamento da boca, estabilização rítmica, exercí- mento reeducativo, pois sem isso, após remoção
cio de contra-resistência e de tração articular. do dispositivo, a deglutição atípica poderá recidi-
Silva Filho et al.23 relataram a reabilitação fa- var. Para tanto, propôs o uso da placa reeducadora
cial e oclusal de um paciente portador de fissura e a realização de exercícios.
unilateral completa de lábio e palato, por meio Rakosi et al.26 realizaram um estudo acerca
de Ortodontia, cirurgia ortognática e cirurgia de tratamentos ortodônticos e ortopédicos. Nos
plástica. Entretanto, esclareceram que neste tra- três casos apresentados, foram constatadas dis-
balho foi citado apenas um dos pilares do longo funções orofaciais. O primeiro caso apresenta-
processo reabilitador do paciente fissurado que va deglutição atípica e sucção labial; o segundo
deve sempre incluir, entre outras especialidades, respiração bucal, deglutição atípica, onicofagia e
a Fonoaudiologia, para que a reabilitação seja sigmatismo interdental; e o terceiro sucção digi-
completa e consiga reintegrar o indivíduo no tal de longa duração, disfunção lingual (função e
seu universo social. repouso), bem como sinais e sintomas de DTM.
Comin e Passos Filho24 apontaram que há De acordo com o plano de tratamento proposto,
dúvidas quanto à indicação de tratamento fo- apenas para o primeiro caso foi sugerida terapia
noaudiológico para o restabelecimento das fun- miofuncional, se a interposição lingual persistis-
ções orais em pacientes que utilizam aparelhos se após a correção morfológica.
ortopédicos funcionais. Baseados na literatura, Tukasan et al.27 descreveram um caso clínico de
concluíram que a terapia miofuncional realizada mordida aberta anterior, devido ao hábito de suc-
pelo fonoaudiólogo não é substitutiva dos apa- ção digital, associado à mordida cruzada posterior
relhos funcionais, tão pouco os aparelhos por si unilateral, na fase de dentição mista. A paciente
só podem assegurar resultados satisfatórios, sen- apresentava deglutição atípica, problemas rino-
do necessária a integração de áreas para a nor- faríngeos, respiração do tipo mista e dificuldades
malização morfológica e funcional. Acrescenta- em alguns fonemas. Foi realizada a correção da má
ram, que a avaliação, o diagnóstico funcional e a oclusão e indicado um aparelho removível com
indicação da terapia miofuncional competem ao escudo palatino de resina acrílica, para controle
fonoaudiólogo. do hábito de sucção digital e da postura de língua,
Felício e Mazzetto10 apontaram as metas te- possibilitando a correção da mordida aberta.
rapêuticas e sugestões de condutas para os casos Segundo Henriques et al.11, para que o trata-
de DTM, que de modo geral visam favorecer o mento ortodôntico da mordida aberta anterior seja
equilíbrio do sistema estomatognático, propiciar efetivo e estável, uma abordagem multidisciplinar,
uma harmonia côndilo-disco e minimizar a dor. incluindo a Psicologia, a Otorrinolaringologia e a
Esclareceram que há condutas diferenciadas e es- Fonoaudiologia é necessária, pois não basta apenas
pecíficas, devendo existir uma real correspondên- a correção do problema morfológico. A conduta te-
cia entre as metas e procedimentos realizados pelo rapêutica a ser seguida está diretamente relacionada
cirurgião-dentista e o fonoaudiólogo. com a etiologia e com a época de intervenção.
Lino25 escreveu que em casos de deglutição Ritter28 relatou um caso clínico de um paciente
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Os distúrbios miofuncionais orofaciais na literatura odontológica: revisão crítica
de 17 anos, com fonação e deglutição atípica, por- o equilíbrio será conseguido através do tratamento
tador de uma deformidade dentofacial, com má ortodôntico-cirúrgico e também da correção das
oclusão de Classe II, divisão 1, e mordida aberta funções do sistema estomatognático.
anterior, apresentando também ausência do sela- Kuramae et al.33 classificaram a deglutição
mento labial e excesso de exposição dos incisivos atípica com interposição lingual em alta, média
superiores. O tratamento realizado envolveu Or- e baixa. Para o tratamento da deglutição atípica
todontia e cirurgia ortognática. com interposição alta e média utilizam placas
Segundo Zarb et al.29, o primeiro objetivo reeducadoras-impedidoras convencionais, na
do tratamento das DTMs é o controle da dor e arcada superior. Os casos com postura lingual
do desconforto, obtidos através de tratamento baixa ou mesmo média, são tratados com placa
medicamentoso e de exercícios, visando obter reeducadora-impedidora inferiores (placa ge-
o relaxamento muscular; treinar uma função niana). Acrescentaram que, associam exercícios
muscular rítmica e coordenada; aumentar a mioterápicos para reeducar a postura da língua,
amplitude do movimento mandibular e a força visando o restabelecimento do padrão normal
muscular. da deglutição.
Borges et al.30 abordaram o tratamento da de- Kuramae et al.34 sugeriram que para o trata-
glutição atípica com pressionamento lingual. Dos mento da deglutição atípica, o método misto, as-
onze textos revisados, seis indicavam o tratamen- sociando o método mecânico (realizado por or-
to ortodôntico associado à terapia miofuncional, todontistas, através do uso de aparelhos, seja para
realizada por fonoaudiólogos, afirmando que esta impedir que a língua se projete entre os dentes,
interação é essencial para o sucesso e estabilidade seja para guiar a língua para uma posição correta)
do tratamento, eliminando os riscos de recidivas. e os métodos funcionais (executados por fonoau-
Em contrapartida, cinco referências priorizavam a diólogos) é o mais efetivo, devendo haver uma
mecanoterapia. competente interação entre a Fonoaudiologia e
Segundo Cozzani31, a postura e os hábitos a Ortodontia.
incorretos podem levar a alterações na posição De acordo com Mercadante35, no que se refe-
dos dentes e no esqueleto, além de recidiva após re ao plano de tratamento da deglutição atípica,
o tratamento, se não corrigidos. O autor citou deve-se associar exercícios mioterápicos realiza-
um caso clínico de uma paciente de 17 anos dos por fonoaudiólogos, com métodos mecâni-
de idade, tendo como diagnóstico Classe III e cos, executados por ortodontistas. Para os casos
mordida aberta anterior, com pressão lingual de respiração bucal sugeriu o encaminhamento
persistente entre os arcos dentários. O plano ao otorrinolaringologista, e, ainda, que a mus-
terapêutico empregado foi aparelho fixo e uso culatura seja reabilitada por meio de exercícios
de elásticos anteriores. Um resultado razoável funcionais.
foi obtido, em termos da correção da Classe III. Silva Filho et al.4 discutiram os efeitos indu-
No entanto, ocorreu recidiva da mordida aberta zidos pelo uso da grade palatina fixa nos estágios
anterior, após onze anos do término do trata- de dentaduras decídua e mista, sobre a mordida
mento ortodôntico. aberta anterior, e a necessidade de fortalecimento
Kasai e Portella32 discutiram sobre a impor- da musculatura peribucal, com exercícios progra-
tância do tratamento fonoaudiológico do pa- mados e orientados pelo fonoaudiólogo. Os autores
ciente ortodôntico-cirúrgico, pois as correções são adeptos da grade palatina fixa, seguida simul-
ósseas e dentárias ocorrerão, exigindo adaptação taneamente com a atuação fonoaudiológica, que
das funções a esta nova condição. Para as autoras, potencializa o processo corretivo da má oclusão,
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CONCLUSÃO
Em todas as 32 publicações constatou-se que
a relação “forma-função” foi focalizada pelos au-
tores. Alguns consideram necessário o tratamen-
to fonoaudiológico associado ao odontológico
para a adequação e estabilidade do complexo
orofacial, outros empregam aparelhos ortodôn-
ticos/ortopédicos, visando a adequação tanto
morfológica como funcional. Ainda, há aqueles
que apenas mencionam os distúrbios miofun-
cionais orofaciais como fatores etiológicos e/ou
agravantes da má oclusão, mas não apresentam
propostas para resolvê-los no plano de trata-
mento. Enviado em: Agosto de 2004
Revisado e aceito: Fevereiro de 2005
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Abstract
Many studies evidence the relation between the form and the functions of the stomatognathic system. For this
reason, the objective of the present work is to search through the Dentistry Publication, in portuguese langua-
ge, how the Orofacial Myofunctional Disorders are considered, and , as a result, how the relation between the
Dentistry and Speech Therapy works. For this, the method consisted of a bibliographical research in journals
and books of the Dentistry area, congregating twenty and seven publications from 1984 through 2002. As a
result, the survey showed the fact that most of the authors report the needs of favoring the orofacial myofunc-
tional condition, aiming at the correction and the stability of the orofacial complex. When Dentists and Speech
therapists work together, the role of each professional, as well as the involved concepts are clearly presented.
However, some authors report correcting the bad occlusion associated with the muscular and functional altera-
tions only with dentistry apparatuses. Yet, there are some dentists that do not present any proposals to solve it
in the treatment plan. This review lead to the conclusion that there are differences in the behaviors adopted
by the dentists in the treatment of their patients, probably resulting of its formations, what also causes diffe-
rentiated positions the interaction with other health professionals, as the Speech therapists.
Key words: Dentistry. Speech therapy. Interdisciplinary communication. Stomatognathic system. Facial muscles.
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