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Verticalização da Face com a Técnica 3S

Ana Carolina Bientinez Basile,

Cintia de Melo Braga,

Waleska Vieira Demps Jorge,

A técnica de verticalização 3S foi desenvolvida com objetivo de Suspender, Sustentar


e Suavizar os terços médio e inferior da face, reestruturando os tecidos e devolvendo a harmonia
facial. Trata-se de um conjunto de procedimentos não cirúrgicos que envolvem o uso de fios de
polidioxanona (PDO) e ácido hialurônico. Previamente, é aplicada Toxina Botulínica no
músculo platisma, em suas bandas central, lateral e medial, a fim de reduzir a tração exercida
pelo músculo e favorecer o efeito lifting conseguido com o protocolo da técnica. A avaliação
funcional do paciente também poderá indicar a necessidade de bloqueio dos músculos da
mastigação.

Técnica 3S

Suspensão

Na primeira etapa da técnica, os terços médio e inferior da face são reposicionados


utilizando fios PDO (COG 19G, 3D, de 160 mm com cânula) em direções protocoladas. Para
tanto é realizada marcação da pele nos pontos de entrada e fim da trajetória dos fios. Após
criação do pertuito, a inserção é feita com a cânula posicionada formando ângulo de 40° em
relação à face até encontrar a hipoderme. A partir deste ponto posiciona-se a cânula em 10º,
deslocando-a até a posição marcada. Esse procedimento é realizado após anestesia local
aplicada com uma seringa de insulina no início, meio e fim da trajetória. O ponto de inserção
dos fios, o pertuito, está no ponto médio da linha traçada do tragus à cauda da sobrancelha.
Quatro outros pontos direcionam os fios em sua trajetória de inserção (figura 1):

• Ponto 1: Localiza-se anteriormente ao ponto médio da linha traçada da cartilagem alar


até a comissura labial, anterior ao sulco nasolabial
• Pontos 2 e 3: Localizados em uma linha que traçada da comissura labial ao mento, com
espaçamento aproximado de 10 mm entre os mesmos.
• Ponto 4: Está no centro da bolsa de Jawls, 10 mm acima do contorno mandibular.
Figura 1 - Marcação dos pontos de origem (A) e trajetória de inserção dos fios de PDO (B) na Técnica 3S.

Fonte: Atlas de Anatomia e Preenchimento Global da Face, André Braz e Thais Sakuma, 2017.

Após a inserção de todos os fios é preconizada a ativação, com tração ascendente promovendo
o travamento na posição desejada, assim como, suave reposicionamento tecidual do terço
inferior para médio. O fio deve ser sepultado em hipoderme com auxilio de uma tesoura. É
recomendado minimizar a sobrecarga funcional, a mímica facial e excessiva abertura bucal por
quinze dias.

Sustentação

A Sustentação é realizada com ácido hialurônico (AH) de média densidade quinze dias
após a etapa de Suspensão. O objetivo de volumizar e sustentar as áreas da Maxila, Zigomático,
Órbitas e Modíolo é alcançado utilizando cânula calibre 22G ou agulha e três seringas de
material preenchedor. A técnica é iniciada com preenchimento do terço médio da face, sendo a
anestesia local aplicada com seringa de insulina apenas na área do pertuito, onde a cânula é
inserida a 40 graus, para em seguida deslizar a 10º pelo percurso definido. Inicialmente são
traçadas linhas de orientação para delimitar as áreas a serem preenchidas (figura 2):

• Linha 1 - Tragus ao canto do olho,


• Linha 2 - Tragus à asa do nariz
• Linha 3 - Tragus à comissura labial
• Linha 4 - Canto do olho à comissura labial
A interseção das linhas 2 e 4 determina o local do pertuito, localizado no espaço de Ristow.
Após criação do pertuito, a deposição do AH é feita seguindo protocolos distintos para cada
região anatômica.

Região infraorbitária:

Nesta região o preenchedor é aplicado com cânula (40/10°), inicialmente através de


retroinjeção de 0,1ml de AH na calha lacrimal. Após essa etapa, três pontos marcados na
margem inferior da órbita são preenchidos com injeção em coxim profundo, em bolus de 0,1ml
de AH. Vale lembrar que é indispensável a utilização do dedo indicador pressionando e
protegendo a margem infraorbitária durante o preenchimento. Um quarto ponto, central e
inferior em relação aos demais, também é volumizado com ilustra a figura 3. Este ponto
corresponde à região de maior de deficiência maxilar individual.

Figura 2 – Demarcação do espaço de Ristow, na interseção das linhas 2 e 4 (A), marcações dos pontos e área de
preenchimentos infraorbital (B).

Fonte: Atlas de Anatomia e Preenchimento Global da Face, André Braz e Thais Sakuma, 2017

Região Zigomática

A volumização dessa área é delimitada por linhas de orientação que formam um


triângulo (figura 03). A cânula 22G é usada para divulsionar, através de movimentos de vai e
vem, o tecido subcutâneo, preparando para o preenchimento. Após a definição deste triângulo,
cinco linhas são traçadas a partir do ponto de Ristow, formando um leque que será preenchido
por retroinjeção com 0,1ml de AH

• Linha 1 - Tragus até asa do nariz, na extensão de Tragus a Ristow,


• Linha 2 - de Ristow ao ponto mais alto do arco Zigomático
• Linha 3 - de Tragus ao ponto mais alto do arco Zigomático

Figura 3 – Marcação das linhas de preenchimento na região zigomática (A), e áreas a serem preenchidas nas
regiões infraorbitária e zigomática (B).

Fonte: Atlas de Anatomia e Preenchimento Global da Face, André Braz e Thais Sakuma, 2017.

Modíolo

Para sustentação local desta região, quatro linhas são traçadas a partir de um ponto
distando, lateralmente, 5 mm da comissura do labial. Essas linhas de orientação formam um
leque que deve ser preenchido por retroinjeção de 0,1ml, para cada linha, de AH com agulha,
como ilustra a figura 4. A trajetória de preenchimento, que se encontra paralela ao lábio inferior,
deve estar 0,5mm de distância do vermelhão.

Figura 4 - Direções de aplicação do AH no Modíolo

Fonte: Atlas de Anatomia e Preenchimento Global da Face, André Braz e Thais Sakuma, 2017.
Após o término das retro aplicações, massagear todas as áreas preenchidas com firmeza, sempre
em direção ascendente até que todo material esteja completamente homogêneo. Neste momento
utiliza-se 0,2 ml restantes da seringa para nivelamento onde necessário.

Suavização

A Suavização é realizada quinze dias após a Sustentação e envolve o preenchimento


do corpo e ângulo da mandíbula, além do mento. O AH utilizado é de média densidade com
cânulas 22G ou agulha, a depender da região tratada. A necessidade de realização desta etapa
do processo é avaliada de acordo com características individuais de cada paciente, observando
o padrão esquelético, grau de envelhecimento, lipoatrofia e ptose dos tecidos moles, e
reavaliada após a repercussão das etapas anteriores na face.

Mandíbula

Para suavização do ângulo e corpo mandibular faz-se o pertuito posterior à artéria


facial, palpada na sua chanfradura. O contorno mandibular é iniciado com inserção da cânula
22G, direcionada para região do ângulo, onde é depositado 0,3ml de AH em bolus. Partindo do
ângulo mandibular, mais 0,3 ml é retroinjetado até a região do pertuito. Outros 0,4 ml são
aplicados, também por retroinjeção, com a cânula orientada anteriormente (figura 5).
Massagem modeladora é feita até que todo material esteja distribuído homogeneamente,
harmonizando o contorno mandibular

Figura 5 – Definição do pertuito (preto) e área de preenchimento em bolus no ângulo da mandíbula (círculo azul)
e retroaplicações nas linhas azuis como descrito.
Fonte: Atlas de Anatomia e Preenchimento Global da Face, André Braz e Thais Sakuma, 2017.

Mento

A verticalização da face é finalizada com volumização do mento. Três linhas são


traçadas paralelas ao longo eixo nasal. Duas delas, tangenciando a asa do nariz, e a terceira,
passando pelo ponto subnasal. Estes traçados dividem a região mentual em quatro partes. A
volumização é realizada com agulha a partir de retroaplicação de 0,2 ml de AH por toda a
extensão apontada pelas setas na figura 8. Uma massagem modeladora é realizada até que todo
material esteja distribuído homogeneamente, harmonizando o contorno do mento. Utiliza-se
0,2 ml restantes da seringa para nivelamento quando necessário.

Figura 8 – Marcação das áreas de preenchimento na região mentual. A posição de introdução da agulha (A) e as
quantidades aplicadas na retroaplicações de AH (B).

Fonte: Atlas de Anatomia e Preenchimento Global da Face, André Braz e Thais Sakuma, 2017.

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