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PROPÓSITO
Conhecer o embasamento teórico dos diversos procedimentos injetáveis que o biomédico esteta está
apto a realizar, bem como suas técnicas e aplicações, permite que o profissional tenha domínio de suas
atividades na área da Estética, sendo capaz de realizá-las com segurança.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
INTRODUÇÃO
Atualmente, existe uma enorme demanda pela realização de procedimentos estéticos minimamente
invasivos. Devido aos avanços nas técnicas estéticas, além de maior qualificação dos profissionais
biomédicos habilitados, os procedimentos injetáveis vêm sendo executados com muito sucesso,
fomentando uma crescente visibilidade da profissão.
Neste tema, conheceremos os procedimentos estéticos injetáveis que os biomédicos podem realizar.
Abordaremos as diferentes técnicas, suas indicações, mecanismos de ação, aplicações, bem como seus
efeitos adversos e possíveis complicações.
É muito importante que o biomédico esteta compreenda e tenha domínio absoluto das técnicas
injetáveis para evitar intercorrências e trabalhar com segurança e destreza. Vamos lá?
MÓDULO 1
RESUMINDO
Os fármacos são substâncias químicas bem definidas, que apresentam a capacidade de alterar mecanismos
bioquímicos e a fisiologia de um organismo vivo, e podem apresentar efeito benéfico/terapêutico ou maléfico.
Para o sucesso dos procedimentos injetáveis, além dos fármacos, faz-se necessário também o
conhecimento sobre as suas vias e técnicas de administração, bem como a assepsia da área a ser
tratada, além do conhecimento do produto e dosagem utilizada. Dessa forma, garantimos a eficiência e
segurança nesses procedimentos.
Para a aplicação de injetáveis, algumas regras precisam ser consideradas:
Se tiver qualquer dúvida sobre o medicamento, não o administrar e conhecer cada fármaco e seus
efeitos adversos e/ou colaterais.
Antes de começarmos a comentar sobre essas vias, vamos conhecer as diferentes seringas e agulhas
que podemos utilizar?
Existem diferentes tipos de seringas e graduações, e a escolha varia de acordo com a via de
administração e quantidade de fármaco a ser administrado (Figura 2).
Figura 2. Tipos de seringa.
Existem diversos tamanhos de agulhas, cujo uso também varia de acordo com a via de administração
escolhida. Tamanho das agulhas de acordo com o tamanho (mm) x calibre (mm):
Agulhas 13 mm x 0,30 mm que são utilizadas para as vias intradérmicas e subcutâneas (hipodérmica).
Na estética, essa via é muito utilizada para aplicações de substâncias na derme ou epiderme, e a agulha
de escolha deve ser a hipodérmica. Para este tipo de aplicação, deve-se considerar o ângulo de
inclinação da agulha entre 10° e 15° em relação à superfície da pele; e a injeção de pequenos volumes
(0,1-0,5 mL, mas na prática é injetado até 0,2 mL) de medicamentos (Figura 4).
Para a aplicação, a mão dominante deve segurar a seringa quase paralelamente à superfície da pele e a
penetração da agulha não deve ultrapassar de 2 mm da mesma (apenas o bisel, voltado para cima, é
introduzido). Em seguida, deve-se injetar levemente a solução de maneira a formar uma pequena
pápula sob a pele. Para esta aplicação, deve-se fazer a assepsia do local (em geral, com álcool, de
preferência a 70%); pode-se ainda utilizar água e sabão.
PÁPULA
Na via de administração subcutânea, o objetivo é alcançar o tecido adiposo. Na estética, essa via é
muito utilizada para tratamento de lipodistrofia. As regiões mais comuns de aplicação incluem
abdômen, flancos e braços.
Para que alcancemos o tecido subcutâneo, a agulha de escolha deve ser a hipodérmica, assim como
vimos na via ID, porém, com angulação de 45° ou 90° em relação à superfície da pele (Figura 5).
LIPODISTROFIA
A aplicação na via SC é indicada quando as substâncias não necessitam ser rapidamente absorvidas,
ou seja, a absorção ocorrerá lentamente, através de capilares sanguíneos, de forma contínua e segura.
O volume injetado geralmente varia de 0,1 a 0,5 mL, e não é recomendado passar dessa quantidade.
RECOMENDAÇÃO
Para esta aplicação, deve-se fazer a assepsia do local (em geral, com álcool, de preferência a 70%; pode-se,
ainda, utilizar água e sabão), segurar a seringa com a mão dominante, fazer uma prega na pele da região e
introduzir a agulha com firmeza e rapidez.
Em seguida, injetar o líquido lentamente, retirar agulha rapidamente e fazer uma ligeira pressão no local com
algodão.
VIA DE ADMINISTRAÇÃO INTRAMUSCULAR (IM)
No caso da via de administração intramuscular, o objetivo é injetar substâncias no tecido muscular, cuja
absorção é mais rápida e sistêmica (atinge todo o organismo).
Para a escolha adequada do local de aplicação, torna-se necessário levar em consideração a distância
em relação a nervos e vasos sanguíneos importantes, a musculatura suficiente da região para absorção
dos medicamentos, a espessura do tecido subcutâneo, a idade do paciente e a irritabilidade dos ativos.
As regiões indicadas são o músculo deltoide e o músculo dorso-glúteo. A agulha de escolha deve ser a
intramuscular, com tamanho de 25 a 30 mm de comprimento por 0,7 mm de calibre.
O ângulo de inserção deve ser perpendicular à pele, ou seja, a 90° em relação à superfície da pele.
Na estética, utiliza-se amplamente a região dorso-glútea, por ser uma região indicada para aplicação em
qualquer idade, além de ser considerada mais confortável.
RECOMENDAÇÃO
Para a aplicação nessa região, preconiza-se que o paciente esteja em decúbito ventral, com a cabeça de
preferência voltada para o aplicador e com os braços esticados ao longo do corpo. Em seguida, divide-se o
glúteo em 4 quadrantes e a aplicação deve ser realizada no quadrante superior externo (Figura 6), para evitar
atingir o nervo ciático, fundamental para a motricidade dos membros inferiores.
Figura 6. Aplicação intramuscular dorso-glútea (esquerda) e posição da agulha a 90° (direita). Fonte:
EnsineMe.
DECÚBITO
Para executar a técnica, deve-se realizar a assepsia do local, como já abordamos anteriormente.
Introduzir rapidamente a agulha com o bisel virado no sentido das fibras musculares.
Aspirar puxando o êmbolo para verificar se lesionou algum vaso (se houver retorno sanguíneo,
retirar e aplicar em outro local adjacente).
Retirar a agulha rapidamente e, por fim, fazer pressão no local massageando em movimentos
circulares.
VOCÊ SABIA
Nessa via de administração, é preconizado utilizar o volume de 5-10 mL. Na região glútea, a aplicação para
fins estéticos é normalmente feita com 5 mL de cada lado.
ATENÇÃO
Importante ressaltar que antes de injetar qualquer substância por essa via, sempre devemos aspirar para
confirmar que o conteúdo não seja introduzido em nenhum vaso, comprometendo, assim, a irrigação local.
Quando atingimos um vaso, ao aspirar, a seringa fica suja com sangue. Se o sangue atingir apenas o canhão
da agulha, esta deve ser trocada. Se ao aspirarmos, o sangue atingir o conteúdo da seringa, devemos
descartar a seringa e preparar uma nova solução.
Agora que conhecemos as vias de administração, é importante sabermos como preparar as soluções
injetáveis.
Primeiro passo importante é que o material de uso seja descartável e estéril (seringas e agulhas).
Para o preparo, devemos realizar a desinfecção da tampa do frasco ou do gargalo da ampola com
algodão e álcool 70%, em seguida colocar o frasco/ampola posicionado na mão entre os dedos
indicador e médio e, com a outra mão, pegar a seringa e retirar o conteúdo necessário para aplicação
(Figura 7).
INTRADERMOTERAPIA
Agora podemos conhecer um pouquinho sobre a intradermoterapia.
Originalmente conhecida como mesoterapia, por tratar tecidos oriundos do mesênquima embrionário, foi
desenvolvida por Michel Pistor, médico francês, em 1952.
Nos seus estudos, o médico observou uma melhora do quadro de surdez em um paciente após
aplicações locais de cocaína e procaína na região auricular.
A partir de então, o médico se motivou a tratar diversos outros pacientes nesse mesmo conceito. Assim,
foram relatados benefícios dessa técnica para o tratamento de doenças agudas, como tendinite e dor
perioral.
A intradermoterapia chegou ao Brasil na década de 1990, e, por apresentar ação local dos fármacos,
tornou-se bastante inovadora, e hoje é amplamente utilizada na Estética.
DOR PERIORAL
Qualquer dor na região da boca. Pode estar presente na dermatite perioral (uma erupção na face, ao
redor da boca, formando pequenas pápulas avermelhadas ou rosadas, com ressecamento e
descamação da pele).
É uma técnica de injeção minimamente invasiva, na qual os princípios ativos são injetados diretamente
no local da afecção. Por apresentar doses baixas, não causam efeitos sistêmicos consideráveis.
Gordura localizada.
Estrias.
Flacidez tissular.
Discromias e alopecia.
A aplicação da intradermoterapia é realizada a partir da injeção de substâncias ativas na epiderme,
derme ou tecido subcutâneo, de acordo com a finalidade do tratamento. Para isso, é necessário o uso
de seringas (1 mL até 10 mL) e agulhas hipodérmicas.
São feitas múltiplas aplicações ponto a ponto, com espaços de 1 a 5 cm entre elas, em ângulo variável
de 15° a 90°, penetrando em uma profundidade geralmente de 4 mm a 13 mm. O plano de aplicação
será definido de acordo com a finalidade, podendo ser intradérmico (para afecções de pele) ou
subcutâneo (para gordura localizada ou FEG).
Vale ressaltar que a aplicação em plano intramuscular, para acelerar o metabolismo objetivando perda
de peso de forma sistêmica, e ganho muscular, também pode ser considerada uma forma de
intradermoterapia.
Com relação aos medicamentos que podem ser administrados, a associação deles denomina-se mescla
ou melange.
Preferência que as soluções sejam hidrossolúveis, com o objetivo de serem menos dolorosas,
além de evitar necrose celular.
ALOPECIA
ATENÇÃO
Para a montagem das mesclas, são utilizados produtos manipulados, comercializados por laboratórios de
manipulação, e selecionados especificamente para cada disfunção estética.
Agora, vamos conhecer algumas substâncias principais utilizadas para o tratamento das diferentes
disfunções:
FORMA LIOFILIZADA
Processo de desidratação em que o produto é congelado sob vácuo e o gelo formado, sublimado,
podendo durar por muitos anos antes de ser reconstituído.
CAFEÍNA
Ativo lipolítico, é uma metilxantina (uma substância estimulante), que tem a capacidade de inibir a
fosfodiesterase, ocasionando um aumento da adenosina monofosfato cíclica (AMPc) no interior do
adipócito, ativando a lipase, uma enzima capaz de converter os triglicerídeos em glicerol e ácidos graxos
livres. A cafeína é considerada um termogênico, pela sua capacidade de manter o metabolismo
acelerado.
L-CARNITINA
É um aminoácido, que atua realizando o transporte dos ácidos graxos para o interior da mitocôndria,
onde serão oxidados, resultando na formação de ATP (aumento de AMPc), processo chamado de
oxidação lipídica que ocorre durante a prática de atividades físicas.
IOIMBINA
É um fármaco lipolítico, que tem ação antagonista dos receptores alfa-2-adrenérgicos, aumentando a
excitabilidade do adipócito, e, portanto, aumentando o consumo energético celular promovendo a
diminuição de gordura localizada na região.
BENZOPIRONA
É conhecida também como cumarina, tem origem vegetal, mas pode ser obtida sinteticamente. Por ser
uma substância venotrófica, apresenta propriedades antiedematosa e anti-inflamatória.
PENTOXIFILINA
Substância venotrófica, mas também pode desencadear a lipólise. Muito utilizada para tratamento de
FEG devido a sua capacidade vasoativa, melhorando a nutrição em áreas de comprometimento de fluxo
sanguíneo.
AMPC
Ácido alfa-lipoico: é um ativo eutrófico, com atividade antioxidante, ou seja, atua no combate dos
radicais livres produzidos pelo nosso organismo e auxilia na regeneração tecidual.
D-pantenol: ao ser administrado na pele, logo converte-se em vitamina B5, sua forma bioativa. Tem
efeito eutrófico no tecido conjuntivo, acelerando a regeneração celular e na reparação dos tecidos
danificados. Promove a queratinização além da pele, também de cabelos.
Silício: é um ativo eutrófico, que tem a capacidade de reestruturar o tecido conjuntivo. Essa substância
é fundamental para a formação de fibras de colágeno de tecidos conjuntivos, ossos, além de manter a
organização da pele e seus anexos epidérmicos. Além disso, é um potente estimulante do sistema
imunológico.
ATIVO EUTRÓFICO
DISCROMIAS
TRATAMENTO CAPILAR:
Minoxidil: fármaco que estimula a vascularização do couro cabeludo, permitindo uma melhor
oxigenação da região onde encontram-se os folículos capilares; além de atuar prolongando a fase
anágena (fase de crescimento) do ciclo de crescimento capilar.
Finasterida: é uma substância inibidora da enzima 5-alfa-redutase, responsável por aumentar os níveis
de DHT (di-hidrotestosterona), hormônio que atrofia o folículo capilar.
RECOMENDAÇÃO
É recomendado que as sessões sejam realizadas em intervalos semanais para tratamentos de FEG e
gordura localizada, e intervalos de 15-21 dias para tratamentos intradérmicos de revitalização e flacidez de
pele. Com relação à duração do tratamento, geralmente os resultados começam a surgir após a quinta
sessão, e a quantidade de sessões necessárias depende do tipo de disfunção e de cada indivíduo, mas
geralmente varia entre 10 a 15 sessões. É importante que o paciente não realize outro tratamento estético
simultaneamente sem o conhecimento do profissional esteta responsável.
Gestantes e lactantes.
Os efeitos adversos mais comuns são hematomas e edema na região. Alguns pacientes também
sentem um leve ardor após a aplicação, bem como prurido. Esses efeitos são esperados e desaparecem
em poucas horas ou dias, principalmente com a aplicação de gelo no local.
ATENÇÃO
É importante ressaltar que a maioria dos ativos utilizados nas mesclas são aminoácidos, extratos de enzimas,
vitaminas ou substâncias já produzidas pelo nosso organismo, logo, raramente processos alérgicos são
suscitados. Contudo, durante a anamnese do paciente, é importante investigar se ele tem alergia a algum
componente da mescla, por exemplo, naqueles que relatam alergia à frutos do mar não devemos aplicar a
substância DMAE. Na dúvida, é possível realizar um teste prévio antes do início das aplicações.
Caso o paciente apresente alguma reação alérgica local, recomenda-se aplicação de compressas de
gelo e condução a um hospital para tratamento médico.
INTRADERMOTERAPIA
CARBOXITERAPIA
A carboxiterapia consiste em um método injetável de gás carbônico medicinal (CO2 puro) nos planos
cutâneos e subcutâneos (Figura 8) e tem como finalidade promover efeitos fisiológicos benéficos no
tratamento de diversas disfunções estéticas, tais como flacidez tissular, estrias, FEG, gordura localizada
e alopecia (perda de cabelo em parte da cabeça ou do corpo).
O CO2 por ser um gás não embólico, não tóxico, não inflamável, e principalmente, por estar presente no
Além disso, sua aplicação é fácil, apresenta uma ótima eficácia, além de baixo custo operacional. Por
ser um gás apolar, é de fácil difusão entre os meios hidrofóbicos, ou seja, atravessa facilmente as
membranas celulares.
Existem vários efeitos fisiológicos, são eles:
Essa resposta irá desencadear respostas teciduais para a recuperação da região, como a angiogênese;
e proliferação de fibroblastos, células responsáveis pela produção das fibras do tecido conjuntivo e os
elementos da matriz extracelular.
EFEITO BOHR
A administração do CO2 promove uma vasodilatação persistente e um aumento considerável da
concentração de oxigênio (O2), e por consequência, um aumento da pressão parcial de O2. Na presença
de CO2, há uma diminuição da afinidade da hemoglobina pelo oxigênio, tornando-o disponível para as
processo de cicatrização local, e por consequência, estímulo de recuperação do tecido a ser tratado.
Nesse processo, na primeira fase, chamada fase inflamatória, ocorre a adesão plaquetária,
degranulação e liberação de substâncias vasodilatadoras e quimiotáticas. Uma rede de fibrina é
formada, a partir da conversão de protrombina em trombina, que irá converter fibrinogênio em
fibrina. Essa rede provocará a migração de células como macrófagos e fibroblastos para o local
para iniciar o de reparação tecidual. Essa fase inflamatória dura de 24 a 36 horas.
A terceira fase, chamada de fibroplasia, ocorre por volta do segundo ou terceiro dia, com intensa
proliferação de fibroblastos, constituindo o principal tipo celular presente no local. Dessa maneira,
a produção de colágeno atinge seu pico.
A quarta fase, e última, é conhecida como fase de remodelação, e dura pelo menos 20 a 30 dias,
para que o tecido formado na fase anterior seja remodelado, realinhando suas fibras e
aumentando a resistência.
É importante salientar que a técnica não deve ser realizada com intervalos curtos, deve-se aguardar
pelo menos 25 dias para que se aguarde acontecer a completa produção de colágeno.
CARBOLIPÓLISE
A carbolipólise é o nome do tratamento da gordura localizada com CO2, sendo um tipo de
carboxiterapia.
A infusão de CO2 tem a capacidade de ativar adenilciclase, que aumenta os níveis de AMP cíclico
(AMPc), e, no metabolismo do tecido adiposo, irá ativar a enzima lipase hormônio-sensível na hidrólise
do triacilglicerol, para então liberar ácidos graxos livres e glicerol do adipócito e caírem na circulação
capilar.
HIPEREMIA
ADENILCICLASE
ANGIOGÊNESE
Para a realização da carboxiterapia, utiliza-se um aparelho unido a um cilindro de ferro (que abriga o
CO2), e, por meio de um regulador de pressão do gás, o CO2 é injetado na pele a partir de um equipo
Dependendo da disfunção, o plano de aplicação pode ser intradérmico (tratamento de flacidez e estrias,
por exemplo) ou subcutâneo (tratamento de FEG e gordura localizada).
Geralmente, o fluxo de gás infundido permanece entre 20 e 150 mL/min, e o volume total varia entre 600
mL e 1000 mL.
A carboxiterapia apresenta boa segurança, portanto, complicações não são comuns. Os efeitos
adversos esperados restringem-se à dor, hiperemia, ardor, pequenos hematomas, edema e sensação
de peso na região de aplicação.
Apesar de sabermos que é um procedimento considerado seguro, devemos nos atentar para algumas
contraindicações, como:
Em pacientes com alguma dessas condições de saúde, não podemos realizar a técnica!
MICROAGULHAMENTO
O microagulhamento é um procedimento minimamente invasivo que promove microperfurações na
pele por meio de um equipamento conhecido como roller.
Esse aparelho é formado por um rolo de polietileno composto por 192 até 540 agulhas finas, estéreis, e
de aço inoxidável ou de titânio (Figura 10).
Figura 10. Roller de microagulhamento.
ATENÇÃO
Essas agulhas podem ser de diversos tamanhos, podendo variar de 0,2 mm até 3 mm de comprimento.
Porém, é importante ressaltar que nós, biomédicos estetas, só podemos utilizar agulhas de até 2 mm.
Após o uso, é necessário o descarte em lixo específico para perfurocortantes, por ser um
equipamento descartável.
A caneta funciona por meio de refis de agulhas descartáveis (de 12 a 36 agulhas), que são encaixadas
na sua extremidade.
A partir da regulagem manual na própria caneta, é possível controlar o tamanho da agulha para uso,
entre 0,2 mm e 2,5 mm.
Figura 11. Caneta elétrica de microagulhamento.
Como podemos observar, esse dispositivo é uma evolução do roller convencional, e apresenta algumas
vantagens, tais como:
A aplicação é pontual, facilitando o acesso a pequenas áreas como ao redor de lábios, olhos e
nariz; é possível alterar a profundidade da agulha durante o procedimento e é mais econômico.
A partir desse procedimento, é possível tratarmos algumas disfunções estéticas, como: cicatrizes
(principalmente atróficas), flacidez tissular, estrias, rejuvenescimento, linhas de expressão (ou rugas),
alopecia, discromias e melasma.
De acordo com a agulha utilizada, é possível lesionar a epiderme, camada mais superficial da pele; ou
até mesmo a derme, localizada mais profundamente.
Quando o objetivo é ativar a produção de colágeno e elastina, substâncias que conferem firmeza e
elasticidade da pele, é necessário que seja provocada uma inflamação controlada na região para
promover o estímulo às células produtoras dessas substâncias, que são os fibroblastos. Então, a perda
da integridade do tecido provocada pelo trauma da entrada das agulhas desencadeia uma nova
produção de fibras colágenas, no sentido de reparar as fibras danificadas.
Esse processo acontece pela vasodilatação dos vasos sanguíneos, a liberação de citocinas pelas
células e fagócitos residentes, e migração de leucócitos do sangue para o local da injúria para combater
o processo inflamatório.
Assim, com a resolução dessa inflamação, há a chegada dos queratinócitos na região para o
reestabelecimento do tecido lesionado.
Dessa maneira, conseguimos entender como esse procedimento pode ser eficaz para o tratamento de
lesões de pele onde há perda de sustentação do tecido conjuntivo, como flacidez, cicatrizes e estrias.
PASSAGEM TRANSDÉRMICA
CICATRIZ ATRÓFICA
Depressão na pele causada por perda de tecido cicatricial associada geralmente à acne.
MELASMA
Produção de melanina em excesso pelos melanócitos, fazendo com que apareçam manchas marrons
acastanhadas na pele.
Analgesia tópica (geralmente lidocaína 20%) por 30-40 minutos antes da aplicação.
Diante do que vimos, a técnica parece ser muito simples, mas requer bastante conhecimento,
principalmente de Biossegurança, Fisiologia e Anatomia; além da importância de ser ter o domínio do
manuseio do instrumento, visando a evitar lesões e infecções.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
Provoca um processo inflamatório no endotélio vascular que ao cicatrizar origina a oclusão do vaso.
Existem vários tipos de varizes, porém, os biomédicos estetas podem tratar apenas as microvarizes (ou
telangiectasias), que apresentam menos de 1 a 3 mm de calibre, resultantes da dilatação de uma
vênula, capilar ou arteríola. Existem vários fatores que levam ao aparecimento dos microvasos, dentre
eles o uso de hormônios femininos como o estrógeno, pessoas que ficam muito tempo em uma mesma
posição ou em pé e gravidez.
O Procedimento Estético Injetável para Microvasos (PEIM) é um tratamento que consegue eliminar
esses vasos de pequenos calibres e vem sendo cada vez mais procurado, principalmente pelas
mulheres. O tratamento consiste na aplicação de uma substância esclerosante na luz do vaso, que
provocará a indução de um processo inflamatório com intuito de obter a fibrose do microvaso, e deste
modo, seu desaparecimento do caminho da circulação (Figura 13).
ATENÇÃO
A solução esclerosante permitida para uso por biomédicos estetas é a glicose a 50% ou 75%, por ser
segura, eficaz, não apresentar reações alérgicas, ser de fácil obtenção e baixo custo.
Vale ressaltar que além dessas vantagens, a glicose apresenta uma elevada viscosidade, dificultando o
refluxo venocapilar, que causa úlcera isquêmica.
1. O paciente deve estar em decúbito dorsal ou ventral, de acordo com a localização da punção a ser
lesionada.
2. As seringas mais indicadas são as de 1 mL e 3 mL, e a agulha deve ser a hipodérmica, superfina,
com angulação entre 15° e 30° em relação à superfície da pele.
3. A injeção do produto deve ser feita de forma lenta, com o mínimo de pressão na luz do vaso e não se
deve exceder 0,3 mL por punção e 10 mL de volume total por sessão.
RECOMENDAÇÃO
Com relação aos efeitos adversos, podem ocorrer reações de dor e ardência no local. O principal é a
hiperpigmentação, que pode acontecer em decorrência do acúmulo de hemossiderina, produto da
degradação das hemácias que extravasaram do espaço intravascular.
TOXINA BOTULÍNICA
Agora, vamos conhecer o procedimento mais comentado na Biomedicina Estética, a aplicação de toxina
botulínica, que com seu uso cosmético e terapêutico, representa um avanço científico nas pesquisas
com microrganismos.
O “Botox” tornou-se sinônimo de glamour, beleza e bem-estar, o que comprova a evolução e o longo
caminho percorrido ao longo dos anos de estudos e pesquisas publicadas sobre a toxina botulínica
(Figura 14).
BOTOX
A toxina botulínica é um complexo proteico hidrofílico de origem biológica, produzido pela bactéria
Clostridium botulinum. Essas bactérias são Gram-positivas, anaeróbias, formam esporos e são
causadoras do botulismo, uma forma de intoxicação alimentar que causa dificuldade de engolir, fraqueza
visual, dentre outros sintomas.
Desde a descrição do botulismo como doença, há mais de um século, à obtenção da toxina e a
descoberta de que esta bloqueava a liberação de acetilcolina das terminações nervosas motoras,
inúmeros estudos foram realizados.
Somente a partir de 1978 o uso terapêutico da toxina foi liberado e na década de 1990 ocorreu a
liberação do uso estético.
Os sorotipos A e B são comercialmente disponíveis, sendo toxina botulínica do tipo A (TBA) a utilizada
para fins estéticos (Figura 15).
A TBA é composta por uma cadeia polipeptídica simples, com uma cadeia pesada que se relaciona com
a internalização da toxina e transporte, e uma cadeia leve, ativa, que bloqueia a liberação de acetilcolina
(neurotransmissor responsável por enviar mensagens elétricas do cérebro ao músculo e realizar a
contração muscular) (Figura 16).
Com relação ao seu mecanismo de ação, quando aplicada em pequenas doses, a TBA é internalizada
na terminação nervosa por endocitose e tem a capacidade de inibir a liberação exocitótica da
acetilcolina nos terminais nervosos motores, provocando a diminuição da contração muscular.
Figura 16. Ação da toxina botulínica no neurotransmissor acetilcolina.
ENDOCITOSE
A aplicação de TBA é indicada para suavizar as rugas dinâmicas da face (aquelas que aparecem
quando fazemos a mímica facial) (Figura 18) e rugas estáticas (que já estão estabelecidas independente
da mímica facial), tais como rugas frontais, mentonianas (região do queixo), periorbitais (“pés de
galinha”), da glabela (entre as sobrancelhas, músculos prócero e corrugadores do supercílio), rugas
platismais, dentre outras regiões da face.
Figura 18. Mímica facial.
RUGAS PLATISMAIS
Rugas no músculo platisma, considerado o maior músculo da mímica facial. Está localizado na face
inferior da mandíbula até a altura da segunda costela.
Isso pode ocorrer quando o tratamento é realizado em curtos intervalos de tempo e em doses muitos
superiores ao recomendado.
Dessa forma, tratamentos realizados com pequenas doses realizados com intervalos de, no mínimo 4
meses, diminuem drasticamente o efeito refratário à TBA.
Antes da aplicação, é muito importante verificar se o paciente possui alergia a algum dos componentes
da TBA (algumas toxinas têm como excipiente a albumina, outras, a lactose) e se ele faz uso de
alguma medicação que possa interferir no resultado. Por exemplo, o uso de alguns antibióticos pode
comprometer os efeitos da toxina, bem como bloqueadores de canais de cálcio, e alguns repositores
hormonais.
Durante o pré-procedimento, é indicado que o profissional tire fotos do paciente realizando as mímicas
faciais espontâneas e forçadas para a posterior avaliação dos resultados. Além disso, para a aplicação,
é necessário avaliar a musculatura facial do paciente inicialmente em repouso, para constatarmos o
tônus muscular, assimetrias, linhas de expressão e depois em contração muscular para verificarmos as
expressões e a função motora muscular.
Existem várias marcas comerciais de TBA (Botox®, Dysport, Xeomin, Botulift, dentre outras) disponíveis,
porém, todas se apresentam liofilizadas. Dessa forma, é necessário realizar a reconstituição do produto.
Geralmente, a diluição é feita com solução fisiológica a 0,9%, de acordo com as instruções do
fabricante. Após, recomenda-se deixar a solução em repouso de 3 a 5 minutos refrigerada para garantir
a homogeneização do produto. Assim, a toxina está pronta para uso e, então, o profissional retira do
frasco a quantidade que julgará necessária para utilização, de acordo com a necessidade do paciente,
respeitando sempre os padrões estéticos individuais.
EXCIPIENTE
É uma sustância inócua (farmacologicamente inativa) incorporada como veículo para o princípio ativo,
ajudando na sua preparação ou estabilidade.
RECOMENDAÇÃO
Vale lembrar que após reconstituída, a TBA deve ser armazenada, preferencialmente, em geladeira (2°C a
8°C) por um período de até 72h. Contudo, na prática clínica é armazenada por dias e até semanas, mas
pode ocorrer uma diminuição da eficácia ao longo do tempo.
O protocolo de aplicação é intramuscular, porém, pelo fato de a face apresentar o tecido muscular bem
próximo à derme, pequenas quantidades (até 0,02 mL) são injetadas no músculo, com agulha de calibre
fino (30 G ou 32 G), com angulação de 45° ou 90° em relação à superfície da pele. A seringa
comumente utilizada é a de 1 mL. A aplicação deve ser de maneira lenta e cuidadosa, e pode-se aplicar
uma pomada anestésica na região para minimizar a dor (Figura 20).
Figura 20. Aplicação de toxina botulínica.
Após a aplicação, não passar álcool, não massagear, apenas utilizar gaze seca no local, para o caso de
sangramento. Alguns cuidados são necessários após a aplicação, como permanecer na posição vertical
para evitar a migração da toxina, não massagear a área por 4h pós-procedimento, não realizar atividade
física por 12h e não fazer uso de anti-inflamatório.
O resultado desse procedimento começa a surgir em torno do terceiro dia após a aplicação, tendo sua
ação máxima no 15º dia. A partir de então, recomenda-se que o paciente retorne para a revisão. Caso
seja necessário, mais produto poderá ser aplicado. O resultado perdura entre 3 a 6 meses, a depender
da resposta individual, e nesse momento recomenda-se nova sessão.
ATENÇÃO
Pacientes com distúrbios neuromusculares como a esclerose lateral amiotrófica, miastenia gravis, esclerose
múltipla, além de gestantes, lactantes são contraindicados ao uso de TBA. Aqueles que apresentam
hipersensibilidade ou alergia à toxina ou seus incipientes, além dos pacientes em uso de alguns
medicamentos, que já relatamos anteriormente, também estão excluídos do uso da TBA.
Os efeitos adversos dessa técnica incluem edema, eritema, dor, cefaleia e hematomas, decorrentes do
trauma da agulha. Todos esses efeitos são considerados comuns e desaparecem em poucas horas ou
dias. O caso de complicação se dá quando ocorre a difusão da TBA aplicada na região da glabela para
o septo orbitário, causando a ptose palpebral, que se caracteriza pela queda da pálpebra em 1 a 2 mm.
O produto pode migrar, e, por se tratar de uma toxina paralisante, o músculo responsável pela abertura
da pálpebra pode relaxar, dificultando, assim, a abertura da pálpebra. Essa intercorrência pode
acontecer quando a aplicação é mal localizada, doses excessivas são injetadas ou quando o paciente
não respeita a recomendação de não abaixar a cabeça nas primeiras horas após a aplicação.
SEPTO ORBITÁRIO
É uma membrana fina de tecido conectivo fibroso, que se origina no periósteo da órbita e se insere nas
superfícies anteriores das placas tarsais das pálpebras, formando o limite anterior do compartimento
orbitário.
PREENCHIMENTO DÉRMICO E
BIOESTIMULADORES DE COLÁGENO
Após estudarmos a TBA, conheceremos agora os preenchedores dérmicos e bioestimuladores de
colágeno, procedimentos que fazem parte da famosa harmonização facial. Aliás, você sabe o seu
conceito?
Ao contrário do que muitos pensam, a harmonização não consiste apenas em preencher a face, é um
conjunto de técnicas empregadas para a melhora da harmonia da face. Dessa forma, todos os
procedimentos que recuperam tecidos atingidos pelo processo de envelhecimento e restauram o
contorno da face estão contidos na harmonização facial (Figura 21).
Figura 21. Harmonização da face.
O processo de envelhecimento humano é dinâmico e muitas alterações ocorrem na pele, dentre elas:
Reabsorção óssea.
Intrínseco ou biológico: influência genética, onde observamos uma camada córnea mais espessa,
derme mais fina, perda de tecido subcutânea e diminuição da produção de fibras elásticas e colágenas.
As opções mais procuradas para o tratamento dessas disfunções estéticas são o preenchimento
dérmico e a bioestimulação de colágeno. Vamos a eles?
O preenchimento dérmico facial é uma técnica que consiste na injeção de uma substância abaixo da
pele com o objetivo de eliminar ou suavizar linhas de expressão, sulcos ou depressões do rosto (Figura
22).
Figura 22. Preenchimento facial.
São exemplos:
Bioestimuladores
Os bioestimuladores são substâncias que estimulam os fibroblastos a formarem colágeno, mas não
têm função de preencher as regiões, seu resultado é em longo prazo a partir da reestruturação da derme
(Figura 24).
Com relação aos tipos de preenchedores e/ou bioestimuladores, atualmente existem duas categorias
disponíveis:
BIODEGRADÁVEIS
Biodegradáveis (de origem animal, biológica ou sintética), que são absorvidos pelo organismo.
Exemplos: ácido hialurônico (AH), ácido polilático, hidroxiapatita de cálcio.
NÃO BIODEGRADÁVEIS
Não biodegradáveis ou permanentes (origem sintética) que não são absorvidos pelo organismo.
Exemplos: dextrano (dimetilpolissiloxano), hidrogel, polimetacrilato (PMMA).
Os produtos biodegradáveis, ou absorvíveis, são os liberados para uso pelos biomédicos estetas, vamos
nos ater a eles.
Sua ação na derme, então, é corrigir rugas estáticas e sulcos profundos, tratando o contorno facial. As
estruturas alvo são:
Derme
Tecido subcutâneo
Supraperiostal
EXEMPLO
Para fazer um preenchimento de olheira, utilizamos um produto menos denso, pois a matriz extracelular do
tecido conjuntivo dessa região é mais fina. Agora, em tecidos mais profundos, como acontece no sulco
nasogeniano (“bigode chinês”), a derme é mais espessa, então o produto deve ser mais reticulado, ou seja,
denso!
Dessa forma, quanto maior a profundidade da região a ser preenchida, maior será a densidade da matriz
dérmica, e maior deve ser a partícula de AH a ser aplicada. Com relação à durabilidade, depende do
local preenchido e do material utilizado e pode variar de 8 a 12 meses.
Geralmente, os resultados dependem mais da repetição das aplicações do que do volume injetado,
então, preconiza-se protocolo de no mínimo 3 sessões, com intervalos de pelo menos 30 dias. Após a
sua atividade de estímulo no tecido, o produto é totalmente metabolizado pelo organismo. A reabsorção
total dessa substância no organismo é de até 3 anos, e a vida média realizando a função de estimular a
formação de colágeno é de até 18 meses.
Apesar do estímulo da produção de colágeno ser seu principal objetivo, essa substância também tem
algum efeito preenchedor, pois sua natureza semissólida, constituída por água e glicerina, tem a
capacidade de preencher depressões, e promover um efeito de simulação óssea.
ATENÇÃO
Para a aplicação, é importante considerar os dispositivos de aplicação, as técnicas de injeção e estrutura alvo
da pele. A aplicação de preenchedores pode ser realizada com agulha hipodérmica ou com cânula, de
acordo com a escolha do profissional.
Geralmente, para aplicações mais finas e precisas de AH, como em plano periosteal e contorno labial,
recomenda-se o uso de agulhas. Porém, o risco de sangramento e formação de hematomas é maior.
Linear retrógrada (ou retroinjeção; injeção contínua de produto enquanto se retira a agulha ao longo da
depressão).
O manuseio de preenchedores requer muito estudo anatômico para que possíveis complicações sejam
evitadas.
Os eventos principais que podem ocorrer são os seguintes:
HEMATOMA
Quando ocorre perfuração de vasos presentes no local da aplicação. É recomendado que se faça
compressão imediata.
EDEMA E ERITEMA
Na maioria dos casos são reações imediatas e ocorrem em resposta à agressão provocada pela agulha
ou cânula, mas também pela propriedade hidrofílica do produto aplicado. É recomendado fazer
compressa de gelo na região por 20 minutos, com intervalos de 5 a 10 minutos. Geralmente regridem
em poucas horas ou no máximo um ou dois dias.
ALERGIA
Reações alérgicas são raras pelo fato de trabalharmos com produtos absorvíveis, porém, caso aconteça
um processo alérgico grave imediato, é necessário o transporte imediato a um serviço de emergência.
ISQUEMIA/NECROSE
A isquemia ocorre quando há excesso de produto no local, podendo levar à compressão de algum vaso,
ou injeção de produto na luz do vaso, ocluindo o mesmo. Caso ocorra comprometimento vascular,
ocorre um branqueamento imediato na região, e é necessário realizar massagem com força, aplicar
hialuronidase e indicar compressa quente na região, para induzir vasodilatação. A isquemia exige
diagnóstico rápido e intervenção imediata. Caso não seja detectada imediatamente, pode ocorrer
evolução para necrose tecidual, onde o paciente apresentará dor, alteração de cor na região, formação
de bolhas, e, posteriormente, necrose tecidual. Nesses casos, recomenda-se o uso de anti-inflamatórios
e corticoides tópicos. O acompanhamento do paciente deve ser diário para assegurar os cuidados
adequados das feridas e prevenção de infecções secundárias.
Com relação às contraindicações, deve-se evitar a aplicação em pacientes com histórico prévio de
cicatrizes hipertróficas, inflamação na região, doenças sistêmicas, grávidas e lactantes.
INTERCORRÊNCIAS DE PREENCHEDORES
DÉRMICOS
FIOS DE SUSTENTAÇÃO
Uma excelente opção para o tratamento de flacidez de pele e para contribuir no reposicionamento de
tecidos é a aplicação de fios de sustentação.
A aplicação de fios na face e pescoço promovem um efeito “lifting” natural imediato e restauração
progressiva do colágeno degradado com o processo de envelhecimento. Podem ser implantados em
planos dérmicos, subcutâneos e supraperiostal.
EFEITO LIFTING
FIO SILHOUETTE
É um fio ligado a alguns cones que promovem o tracionamento da pele. É formado de ácido polilático, e
ao longo do tempo vai sendo absorvido, formando uma reserva de colágeno natural e, portanto, estimula
um rejuvenescimento prolongado.
Com a inserção do fio, um trauma é causado na região devido à entrada e percurso da agulha que
contém o fio em seu interior (Figura 26).
Esse procedimento irá desencadear um processo inflamatório, que pode durar por até nove meses,
sendo o estímulo de fibras colágenas por até 18 meses. Nosso organismo repara a presença de um
“corpo estranho”, que até ser completamente absorvido, um tecido cicatricial será formado no local,
estimulando a produção de fibrina, elastina e colágeno.
Após a aplicação, ocorrem efeitos esperados como eritema, edema, hematoma e sensação de pele
“repuxando”. Para a aplicação, devemos conhecer bastante a anatomia da região para evitar a inserção
em plano errado, lesão de nervos sensoriais ou motores e lesão na glândula parótida.
São considerados efeitos adversos: perda de sensibilidade, granuloma (quando ocorre a inserção muito
superficial do fio), infecção, dor ao palpar, assimetria, pele ondulada e extrusão do fio.
HIPOTONICIDADE
ESCLERODERMIA
OZONIOTERAPIA
A Resolução Nº 321, de 16 de junho de 2020 conferiu a prática de ozonioterapia para biomédicos como
prática integrativa complementar de sua atividade profissional.
É uma técnica de baixo custo, segura, e baseia-se na aplicação de uma mistura de gases oxigênio
(95%) e ozônio (5%), por diversas vias de administração, com finalidade terapêutica. A técnica já é
amplamente utilizada há décadas por mais de 50 países, como a Alemanha, Espanha, Portugal e Itália.
A molécula de ozônio está presente na natureza e é produzida pelo nosso organismo. O ozônio
medicinal, quando aplicado em baixas concentrações, pode exercer funções importantes nos
tratamentos estéticos, tais como:
A partir dessa funcionalidade, o ozônio pode ser empregado para rejuvenescimento (flacidez),
tratamento de discromias, controle da acne, estímulo do crescimento capilar, auxilia na diminuição de
FEG, estrias e gordura localizada.
A administração do ozônio tem como principal vantagem o baixo custo do aparelho gerador do gás
utilizado para o procedimento, tanto para investimento quanto para manutenção, e apresenta fácil
aplicação. A técnica consiste em injeções, com agulha hipodérmica, do gás no local a ser tratado (Figura
28).
ATENÇÃO
A técnica é contraindicada para pacientes com diabetes descompensada, hipertensão arterial, anemia grave,
e pacientes com deficiência da enzima Glicose-6-Fosfato Desidrogenase (G6PD), pois existe o risco de
hemólise (destruição das hemácias).
A enzima G6PD é uma enzima citoplasmática que impede as hemácias de sofrerem danos oxidativos e
reduzir a suscetibilidade de hemólise. Pessoas com deficiência nessa enzima tornam-se mais
vulneráveis a danos oxidativos, que levam ao sequestro e destruição dessas células no baço em menos
de 120 dias (tempo normal para a renovação dessas células.)
Sensação de queimação transitória (fato que ocorre quando a inflamação está muito aguda ou
quando o aplicador faz uma pressão maior na hora da ingestão do gás).
Hipotensão ortostática.
Hipoglicemia transitória, motivo pelo qual recomenda-se que o paciente não esteja em jejum.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste tema, conhecemos os diversos procedimentos injetáveis que os biomédicos estetas
estão aptos a realizar, bem como seus conceitos, aplicações, mecanismos de ação e possíveis
complicações.
PODCAST
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALBANO, R. P. S. et al. Microagulhamento – A Terapia Que Induz A Produção De Colágeno – Revisão
De Literatura. In: Revista Saúde em Foco, ed. 10, 2018.
CUNHA, A. L. G. da et al. Técnica de aplicação superficial com ácido hialurônico de matriz coesiva
polidensificada para o tratamento de linhas e rugas. In: Surg. Cosmet. Dermatol., Rio de Janeiro, v.
11 n. 3, jul-set. 2019 p. 205-10.
MACELLARO, M. et al. Sutura com cones absorvíveis para rejuvenescimento facial: Descrição da
técnica e análise de 21 pacientes. In: Surg. Cosmet. Dermatol., Rio de Janeiro, v. 10 n. 4, 2018 p. 327-
32.
OLIVEIRA, R. R. et al. Terapia alternativa para microvarizes e telangiectasias com uso de agulha.
In: J. Vasc. Bras., 2007;6(1):17-24.
SCORZA, F. A.; BORGES, F. S. Carboxiterapia: Uma revisão. In: Revista Fisioterapia Ser, ano 3, n. 4,
out./nov./dez., 2008.
TAVARES, J. P. et al. Rejuvenescimento facial com fios de sustentação. In: Braz. j. otorhinolaryngol.,
v. 83, no. 6, São Paulo, 2017.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, leia:
Os artigos científicos Anatomia da face aplicada aos preenchedores e à toxina botulínica – Parte I
e Anatomia da face aplicada aos preenchedores e à toxina botulínica – Parte II, de Bhertha
Tamura.
Assista:
CONTEUDISTA
Thaysse Cristina Neiva Ferreira Leite
CURRÍCULO LATTES