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Maria Eduarda Arrais – S6

e/ou hipertrofia compensatória do VE.


Essa resposta compensatória envolve
Objetivo Geral: Diagnosticar e tratar a
ativação neuro-hormonal (sistema
insuficiência cárdica com ênfase nas com
adrenérgico, sistema renina-angiotensina-
fração de ejeção reduzida das
aldosterona), e é justamente a
miocardiopatias.
hiperatividade neuro-hormonal a
Objetivos específicos: responsável direta pelas alterações
deletérias observadas no cardiomiócito
1. Estabelecer a definição e
(isto é, há cardiotoxicidade de mediadores
epidemiologia
como epinefrina, angiotensina II e
2. Descrever a fisiopatologia
aldosterona). Na ausência de tratamento
3. Identificar as principais etiologias
adequado (bloqueio farmacológico da
4. Classificar a ICC e as
hiperativação neuro-hormonal), a IC será
miocardiopatias de acordo com as
progressiva e levará o paciente a óbito!
últimas diretrizes
5. Estabelecer o diagnóstico diferencial
6. Descrever o tratamento geral da
ICC e as principais complicações
7. Identificar as manifestações clínicas No Brasil, a principal etiologia de IC é a
e compreender a história natural da cardiopatia isquêmica crônica, com
miocardiopatia chagásica frequência associada à HAS. Estudos ainda
mostraram como principal causa de re-
hospitalizações a má aderência à
terapêutica básica para IC, além de
elevada taxa de mortalidade intra-
IC é uma condição na qual o coração não
consegue bombear o sangue de acordo hospitalar, posicionando o Brasil como uma
das mais elevadas taxas no mundo
com a demanda tecidual ou o faz a custa
ocidental. Nosso país ainda apresenta
de aumentos na pressão de enchimento
controle inadequado de hipertensão arterial
(pressão diastólica final).
e diabetes, e a persistência de doenças
Tal síndrome pode ser causada por negligenciadas está entre causas
alterações estruturais ou funcionais frequentes da IC.
cardíacas e caracteriza-se por sinais e
Nosso país ainda apresenta controle
sintomas típicos que resultam da redução
inadequado de hipertensão arterial e
do DC e/ou elevadas pressões de
diabetes, e a persistência de doenças
enchimento no repouso ou esforço. negligenciadas está entre causas
Tais fenômenos se acompanham de frequentes da IC. A doença reumática e a
sintomas correlatos (aumento na pressão doença de chagas (DC), embora menos
de enchimento do VE = síndrome relevantes do que no passado, continuam
presentes, gerando quadros graves. Esta
congestiva pulmonar; baixo débito =
última esteve relacionada ao atendimento
exaustão, síncope ou mesmo choque ambulatorial de até 21% de portadores de
cardiogênico). IC.
A maioria dos casos é devida à perda de
massa miocárdica, cursando com dilatação A cardiopatia chagásica causou IC em
pacientes mais jovens com pior qualidade
de vida e anos de vida quando comparada a noturna, dispneia paroxística noturna,
outras etiologias. ortopneia e crepitações pulmonares.
As peculiaridades sociais e culturais da - MISTA: A disfunção de VE pode causar
américa latina fazem um perfil clínico disfunção de VD; Ex: doença de chagas
distinto ser encontrado, baixo investimento
na saúde, inadequado acesso ao - IC de VD: sinais e sintomas de congestão
atendimento e acompanhamento sistêmica – estase jugular, edema de
insuficiente nos serviços em nível primário MMII, hepatomegalia dolorosa e ascite. Ex:
ou terciário são potenciais fatores de risco, cor pulmonale, doença restritiva
e, consequentemente, inúmeros processos
fisiopatológicos favorecem o
desenvolvimento da IC. 3. QUANTO AO DÉBITO:

De acordo com publicações internacionais, o Embora a maioria das doenças que levam à
perfil clínico da IC crônica envolve IC caracterizem-se pela presença de
indivíduos idosos portadores de etiologias baixo débito cardíaco (muitas vezes
diversas, sendo a isquêmica a mais compensado) no repouso ou no esforço
prevalente, com alta frequência de (IC de baixo débito), que se caracteriza por
comorbidades associadas. sinais de má perfusão (pele fria, sudorese)
e congestão.
Algumas situações clínicas de alto débito
também podem levar a IC, como
1. QUANTO A DURAÇÃO: tireotoxicose, anemia, fístulas
- AGUDA: < 6 meses. Reservado para arteriovenosas e beribéri (IC de alto
alterações rápidas ou graduais de sinais e débito). Sinais e sintomas de IC,
sintomas resultando em necessidade de caracterizando uma síndrome de alto
terapia urgente. débito, que pode ser reconhecida pela
perfusão aumentada de pele. Nesse caso,
a estratégia terapêutica é totalmente
diferente da de baixo débito.

4. QUANTO A ANORMALIDADE SISTOLICA


OU DIASTÓLICA:
- IC SISTÓLICA: anormalidade na função
- CRÔNICA: > 6 meses (quanto maior o sistólica produzindo redução no volume
tempo mais completa é a ativação neuro- sistólico.
hormonal e o remodelamento cursando - IC DIASTÓLICA: anormalidade diastólica
com manifestações mais típicas de levando a defeito no enchimento
retenção hídrica). Reflete a natureza ventricular.
progressiva e persistente da doença.
Contudo, muitos pacientes tem disfunção
de ambas logo convencionou-se definir os
2. MANIFESTAÇÃO DE VE, VD ou MISTA: pacientes com IC de acordo com a FE do
VE.
- IC de VE: sinais e sintomas de congestão
pulmonar (dispneia aos esforços, tosse
5. DE ACORDO COM A FE:
A diferenciação dos pacientes de acordo
com a FEVE tem particular importância,
uma vez que eles diferem em relação às
suas principais etiologias, às comorbidades
associadas e, principalmente, à resposta à
terapêutica.
• IC com FE preservada (≥50%) (ICFEp)
• IC com FE intermediária (40-49%)
• IC com FE reduzida (<40%) (ICFEr)
6. CLASSE FUNCIONAL: NYHA PROGNÓSTICO: Conforme a NYHA
Classificação do NYHA é usada para Os pacientes com sintomas em repouso
descrever e classificar a gravidade dos (classe IV da New York Heart Association
sintomas. Se baseia no grau de tolerância [NYHA]) apresentam taxa de mortalidade
ao exercício e varia desde a ausência de anual de 30 a 70%, enquanto aqueles com
sintomas até a presença de sintomas sintomas surgidos durante atividades
mesmo em repouso. Ela permite avaliar o moderadas (classe II da NYHA) têm taxa
paciente clinicamente, auxilia no manejo de mortalidade anual de 5 a 10%. Assim, o
terapêutico e tem relação com o estado funcional é um preditor importante
prognóstico. Valoriza a capacidade de da evolução do paciente.
exercício e gravidade dos sintomas.
CLASSE DEFINIÇÃO DESCRIÇÃO
I Sintomas Assintomático 7. CLASSIFICAÇÃO CONFORME A
ausentes PROGRESSÃO DA DOENÇA:
II Atividades físicas
habituais causam Sintomas leves Classificação por estágios da IC proposta
sintomas leves: pela American College of
limitação leve Cardiology/American Heart Association
III Atividades físicas
menos intensas Sintomas ACC/AHA enfatiza o desenvolvimento e a
que as habituais moderados progressão da doença. Esta classificação
causam sintomas. inclui desde o paciente com risco de
Limitação desenvolver IC, cuja abordagem deve ser
importante,
porém, feita no sentido de prevenir seu
confortável no desenvolvimento, quanto o paciente em
repouso estágio avançado da doença, que requer
IV Incapacidade de
terapias específicas, como transplante
realizar qualquer Sintomas
atividade sem Graves cardíaco e/ou dispositivos de assistência
apresentar ventricular.
sintomas:
sintomas no
repouso
Estágios da insuficiência cardíaca.
Exemplo de A: hipertensão arterial,
coronariopatia, etilismo, sorologia postiva
para Chagas;
B: infarto agudo do miocárdio, hipertrofia
ventricular;
C: insuficiência cardíaca sintomática;
D: classe funcional IV persistente, choque
cardiogênico.

8. ESTABILIDADE:
De acordo com a estabilidade e as
manifestações clínicas da IC pode ser
classificada como:
- Compensada
- Descompensada: Entende-se por
descompensação o aparecimento de
sinais/sintomas, como edema ou
hipoperfusão ou hipotensão, que
determinam uma nova estratégia
terapêutica de ambulatório ou a partir de
admissão hospitalar. Seu reconhecimento
tem importância para uma terapêutica
adequada e possíveis fatores precipitantes
devem ser investigados.
- Persistentemente descompensada:
sinais e sintomas descompensam
persistentemente.
Conforme o perfil do paciente podem ser
necessários diuréticos ou volume ou drogas
inotrópicas ou drogas vasodilatadoras.

10. DISTÚRBIO MECÂNICO:


Tem importância no diagnóstico e
tratamento reconhecer se há obstrução ou
disfunção mecânica das válvulas cardíacas,
como estenose aórtica ou estenose mitral,
insuficiência aórtica ou mitral, obstrução,
como tromboembolismo pulmonar agudo
ou crônico.

9. PERFIL HEMODINÂMICO: Qualquer condição que leve a alterações na


A partir da presença de congestão e da estrutura ou na função VE pode predispor
hipoperfusão, foi desenvolvida a o paciente evoluir com IC. As etiologias dos
classificação clínico-hemodinâmica, sendo pacientes com FE preservada é diferente
dividida em 4 situações distintas que das de FE reduzida, contudo, há
apresentam implicação terapêutica e considerável sobreposição de etiologias.
prognóstica.
é herdada de forma autossômica
dominante.
A miocardiopatia dilatada também está
associada às distrofias musculares de
Duchenne, de Becker e da cintura pélvica.
As condições que levam a aumento do
débito cardíaco (p. ex., fístula
arteriovenosa, anemia) raramente são
responsáveis pelo desenvolvimento de IC
em um coração normal. Entretanto, na
presença de cardiopatia estrutural
subjacente, tais condições podem
desencadear IC franca.
A cardiopatia reumática continua sendo
uma das principais causas da IC na África
e na Ásia, especialmente entre os jovens.
A hipertensão arterial é uma causa
importante da IC nas populações africanas
e nos afrodescendentes norte-
americanos.
A doença de Chagas ainda é uma grande
causa de IC na América do Sul. Não é
Nos países industrializados a DAC se tornou surpreendente que a anemia seja um fator
a principal causa entre homens e mulheres concomitante frequente em muitos países
sendo responsável até por 60-75% dos em desenvolvimento.
casos de IC. A HAS contribui para o
desenvolvimento de IC em 75% dos
pacientes sendo a maioria com DAC. DAZ e
HAS interagem para aumentar o risco de
IC assim como a DM.
Em 20 a 30% dos casos de IC com
redução da FE, a etiologia exata não é
conhecida. Quando a causa é desconhecida,
os pacientes são referidos como
portadores de miocardiopatia dilatada não
isquêmica ou idiopática.
Infecção viral prévia e exposição a toxinas
(álcool ou quimioterápicos) também podem
levar à miocardiopatia dilatada. Além disso,
está se tornando cada vez mais evidente
que muitos casos de miocardiopatia Causada pelo protozoário trypanosoa cruzi
dilatada são secundários a problemas que causa uma miocardite aguda e
genéticos específicos, em particular posteriormente uma miocardite crônica
aqueles no citoesqueleto. A maioria das FIBROSANTE, e, de baixa intensidade e
formas de miocardiopatia dilatada familiar incessante, que produz dano miocárdico
progressivo e resulta tardiamente na linfadenopatia e o aumento do baço e
cardiomiopatia crônica da doença de Chagas fígado devem-se à reação imunológica
(CCDC). sistêmica e correlacionam-se com a
elevada parasitemia.
O acometimento cardíaco da doença, na
fase crônica, envolve relevante morbidade
e mortalidade, sendo a principal causa de
SINAIS E SINTOMAS:
cardiomiopatia não-isquêmica na América
Latina.  A maioria é ASSINTOMÁTICO
 Chagomas e sinal de Romanã
(decorrem do edema de mucosa ou
EVOLUÇÃO: cutâneo no local da inoculação)
 Sintomas sistêmicos infecciosos
(febre, hepato-esplenomegalia,
diaforese, mialgia)
 Alterações laboratoriais não
especificas: leucocitose, com
linfocitose absoluta
 Minoria tem um quadro de
miocardite com sinais e sintomas
semelhantes às miocardites de
outras causas: dispneia, fadiga e
outros comemorativos de
insuficiência cardíaca. Nestes casos,
o ECG pode mostrar taquicardia
sinusal, batimentos ectópicos
ventriculares, baixa voltagem dos
complexos QRS, bloqueios de ramo,
alterações difusas da repolarização
ventricular, bloqueio A-V de primeiro
grau ou mais avançado. A radiografia
do tórax pode mostrar aumento do
índice cardiotorácico nos casos mais
graves, que pode estar associado ao
aumento das câmaras cardíacas
• Fase aguda: e/ou efusão pericárdica. O
ecocardiograma mostra
São assintomáticos ou têm apenas
frequentemente derrame
sintomas leves e inespecíficos de uma
pericárdico, alterações segmentares
síndrome infecciosa, sendo raro um quadro
da mobilidade parietal e insuficiência
de miocardite ou meningoencefalite
das válvulas mitral e tricúspide,
sintomática. Se inicia após um período de
sendo menos comum a dilatação
incubação de 1-4 semanas e dura em
cavitária e queda do desempenho
geral 4 a 8 semanas.
sistólico global. Essas anormalidades
O dano orgânico é nitidamente associado à usualmente se resolvem, na vasta
infestação e multiplicação parasitária no maioria dos pacientes, ao longo do
miocárdio, além de outros tecidos primeiro ano de seguimento.
comumente acometidos como o sistema
nervoso e aparelho digestivo. A
• Fase crônica: de baixa intensidade; e à agressão
miocárdica causada por reação imune
Após a fase aguda ocorre a fase crônica adversa direcionada e, continuamente
passando primeiro pela indeterminada e alimentada, pela reiterada apresentação de
depois pela determinada contudo pode antígenos vinculada ao parasitismo cardíaco
acontecer evolução direta da fase aguda persistente.
para a fase crônica, sem que ocorra uma
forma indeterminada, em 5 a 10% dos Adicionalmente, há evidências para apoiar a
casos. noção de que existam ainda dois
mecanismos auxiliares e amplificadores da
- Forma indeterminada [latente ou pré- lesão miocárdica: distúrbios da perfusão
clínica]: a compreende os pacientes com miocárdica pela presença de anormalidades
evidências de infecção pelo T cruzi (testes da microcirculação coronária e
sorológicos positivos, baseados na presença anormalidades da inervação autonômica
de anticorpos antiparasitários circulantes), cardíaca.
mas sem manifestações clínicas de doença
cardíaca ou do trato digestório. No entanto, a) Digestiva:
exames complementares mais acurados - Acalásia chagásica ocorre devido a um
(i.e. ecocardiografia, angiocardiografia distúrbio de motilidade do esôfago no qual o
nuclear, estudo hemodinâmico e avaliação esfíncter esofágico inferior (próximo à
autonômica cardíaca) podem demonstrar cárdia) não consegue relaxar acarretando
alterações cardíacas. obstrução funcional e disfagia (pode ter
Cerca de 30 a 50% dos pacientes com a também engasgos). Caracteriza-se por um
forma indeterminada, que usualmente esôfago grosseiramente contorcido e
pode durar de 10 a 30 anos, desenvolverão dilatado (megaesôfago).
a CCDC ao longo de suas vidas. A causada pelo trypanosoma cruzi é
Se acredita que, desde a forma caracterizada pela destruição das células
indeterminada, ocorra um processo de ganglionares musculares lisas dos plexos
miocardite focal de baixa intensidade, mas mioentéricos de Auerbach, resultando em
incessante, que causa destruição de fibras disfunção motora e dilatação progressiva,
e fibrose reparativa miocárdica não apenas do esôfago, mas também do
progressivas. Isso provoca dano cólon, ureteres e outras vísceras.
miocárdico cumulativo, e resulta
tardiamente em um quadro de
miocardiopatia dilatada, usualmente b) Cardiodigestiva:
acompanhada de arritmias graves,
c) Cardíaca:
complicações tromboembólicas e morte
1. Condição assintomática na
súbita em elevada proporção dos casos.
cardiomiopatia crônica da doença de
Chagas:
- Forma determinada [com expressão A ausência de sintomas é particularidade
clínica]: marcante nos indivíduos que se encontram
em estágios incipientes da doença crônica,
Acredita-se que a miocardite crônica da quando dano miocárdico - discreto - pode
doença de Chagas deva-se a dois ser detectado apenas por alterações em
processos patogenéticos principais: dano
exames complementares.
miocárdico, associado diretamente à
inflamação, causada por parasitismo de
fibras cardíacas, em múltiplos focos, mas
2. Síndrome da IC: vascular cerebral embólico e outras
morbidades.
Inicialmente as manifestações são de
fadiga e dispneia aos esforços sendo
incomum sintomas mais intensos de
4. Arritmias
congestão pulmonar como DPN e ortopneia.
Na evolução da doença, somam-se os
sintomas de congestão venosa sistêmica 5. Morte súbita
(turgência jugular, hepatomegalia, edema
de membros inferiores e ascite), e a
evolução pode ainda progredir para 6. Manifestações anginosas:
anasarca, adinamia, ou caquexia cardíaca, à
Queixa de precordialgia é bastante comum.
semelhança de outras cardiopatias com
Esta dor tem características muitas vezes
disfunção ventricular avançada.
atípicas para isquemia miocárdica, descrita
Os sinais de baixo débito sistêmico podem como em pontada, fugaz, ou, ao contrário,
estar presentes em casos avançados, de muito longa duração (horas ou até dias),
como pulsos filiformes, perfusão mal localizada, geralmente não relacionada
periférica lentificada e oligúria. a esforços, algumas vezes causada por
estresse emocional e com padrão
Em contraposição a estas semelhanças, na
recidivante ao longo do dia. Porém, algumas
insuficiência cardíaca de etiologia da doença
vezes, os episódios podem ser mais
de Chagas, a congestão pulmonar é
agudos, com características tipicamente
comumente discreta nos estágios
isquêmicas, dificultando ainda mais o
avançados da doença, frente a mais
diagnóstico.
exuberante congestão sistêmica, podendo
ser a semiologia pulmonar mais afetada
pelos sinais de derrame pleural que por
crepitações, assim como por níveis
pressóricos sistêmicos mais baixos neste As causas de cardiopatia dilatadas são
grupo de pacientes. Mais rara ainda é a múltiplas, mas predomina-se causas
evolução para edema agudo de pulmão secundárias à HAS e doença isquêmica.
nestes casos. Doenças valvares são comuns também
0 Estas particularidades na apresentação principalmente devido a febre reumática
clínica podem estar relacionadas a mais comum no nosso meio, três valvopatias
frequente concomitância de disfunção levam a sobrecarga de VE: estenose
aórtica, insuficiência aórtica e insuficiência
biventricular, com insuficiência ventricular
direita às vezes mais precoce e mitral.
pronunciada do que a esquerda nos Contudo, há causas primárias, uma doença
pacientes com a infecção por T. Cruzi. intrínseca do miocárdio, devendo ser
suspeitada em indivíduos com dilatação de
ventrículo sem histórico de HAS, valvopatia
3. Manifestações tromboembólicas ou coronariopata. Nesses casos há 3
diagnósticos principais (1) cardiomiopatia
Embolias pulmonares e sistêmicas são
dilatada IDIOPÁTICA (2) cardiomiopatia
manifestações comuns de pacientes com
ALCOÓLICA e (3) cardiomiopatia
CCDC, originadas de tromboses murais em
CHAGÁSICA.
câmaras cardíacas e em veias sistêmicas,
sendo importante causa de acidente
IC pode ser vista como um distúrbio
progressivo iniciado quando um evento-
índice lesa o músculo cardíaco, resultando Após o declínio inicial na capacidade de
em perda da função dos miócitos cardíacos bombeamento, diversos mecanismos
ou, alternativamente, diminuição da compensatórios são ativados:
capacidade do miocárdio de gerar força,
impedindo, assim, que o coração se contraia - SRAA: mantem o DC com aumento na
normalmente. retenção de sal e água.

Esse evento-índice pode ter instalação Há ativação de sistemas NEURO-


súbita, como no caso de IM; início gradual HORMONAIS.
ou insidioso, como nos casos acompanhados A diminuição do débito cardíaco nos
por sobrecarga de pressão ou de volume; pacientes com IC produz uma “descarga”
ou ser hereditário, como nos casos das dos barorreceptores de alta pressão
diversas miocardiopatias genéticas. (círculos) localizados em VE, seio carotídeo
Independentemente da natureza do e arco aórtico. Essa descarga dos
evento desencadeante, o fator comum a barorreceptores periféricos leva à perda
todos esses episódios é a ocorrência, de do tônus parassimpático inibitório para o
algum modo, de declínio na capacidade de sistema nervoso central (SNC), resultando
bombeamento do coração. Na maioria dos em aumento generalizado no tônus
casos, os pacientes mantêm-se simpático eferente e em liberação não
assintomáticos ou minimamente osmótica de arginina-vasopressina (AVP)
sintomáticos após o declínio inicial na sua pela hipófise.
capacidade de bombear ou desenvolvem A AVP (ou hormônio antidiurético [ADH]) é
sintomas apenas algum tempo após a um vasoconstritor potente que aumenta a
instalação da disfunção. permeabilidade dos ductos coletores
renais, levando à reabsorção de água.
Esses sinais aferentes ao SNC também
ativam vias eferentes do sistema nervoso
simpático que inervam o coração, os rins, a
vasculatura periférica e os músculos
esqueléticos.
nítrico (NO), os quais compensam a
vasoconstrição vascular periférica
excessiva.
Em curto prazo esses sistemas são
capazes de manter a capacidade da função
cardiovascular dentro do limite da
homeostase normal diante de uma lesão
cardíaca/disfunção de VE fazendo o
paciente se manter assintomático e
permitindo estes a manter e modular a
função do VE por meses ou anos.
Entretanto, com o passar do tempo, a
ativação mantida de tais sistemas causa
danos secundário no órgão-alvo do
ventrículo, com agravamento do
remodelamento ventricular e subsequente
descompensação cardíaca e os sintomas
A transição para IC sintomática é
acompanhada por ativação crescente dos
sistemas neuro-hormonal, adrenérgico e
das citocinas, levando a uma série de
alterações adaptativas dentro do
A estimulação simpática dos rins leva à miocárdio, as quais são conhecidas, em seu
liberação de renina, produzindo aumento conjunto, como remodelamento VE.
nos níveis circulantes de angiotensina II e
aldosterona. A ativação do sistema renina-
angiotensina-aldosterona promove
retenção de água e sal e leva à
O remodelamento do VE ocorre em
vasoconstrição da vasculatura periférica,
resposta a uma série de eventos
hipertrofia dos miócitos, morte celular de
complexos nos níveis celular e molecular.
miócitos e fibrose miocárdica.
Tais alterações consistem em:
Embora os mecanismos neuro-hormonais
facilitem a adaptação em curto prazo, (1) hipertrofia de miócitos;
mantendo a pressão arterial e perfusão
(2) alterações das propriedades contráteis
dos órgãos vitais, acredita-se que também
dos miócitos;
contribuam para as alterações observadas
nos órgãos-alvo, no coração e na circulação, (3) perda progressiva de miócitos em
bem como para a retenção excessiva de razão de necrose, apoptose e morte
água e sal nos casos avançados de IC celular autofágica;
- SN adrenérgico: responsável por (4) dessensibilização β-adrenérgica;
aumentar a contratilidade miocárdica.
(5) alterações no metabolismo energético
- Sistema das citocinas: há ativação de do miocárdio;
uma família de moléculas vasodilatadoras
compensatórias, incluindo os peptídeos (6) reorganização da matriz extracelular
natriuréticos atrial e cerebral (ANP e BNP), com dissolução da estrutura organizada da
as prostaglandinas (PGE2 e PGI2) e o óxido trama do colágeno ao redor dos miócitos e
substituição subsequente por matriz do contração e a interação das pontes
colágeno intersticial incapaz de prover apoio cruzadas.
estrutural aos miócitos.
Entre as alterações que regulam o
Os estímulos biológicos para essas processo de excitação-contração estão
alterações profundas são estiramento redução na função da Ca2+ adenosina
mecânico dos miócitos, neuro-hormônios trifosfatase do retículo sarcoplasmático
circulantes (p. ex., norepinefrina, (SERCA2A), resultando em redução da
angiotensina II), citocinas inflamatórias (p. absorção de cálcio para o retículo
ex., fator de necrose tumoral [TNF]), sarcoplasmático (RS), e hiperfosforilação
outros peptídeos e fatores de crescimento do receptor de rianodina, levando à saída
(p. ex., endotelina), bem como espécies de cálcio do RS. Entre as alterações que
reativas do oxigênio (p. ex., superóxido). ocorrem nas pontes cruzadas estão
redução na expressão de α-miosina de
Acredita-se que a sobre expressão
cadeia pesada e aumento na expressão de
mantida dessas moléculas biologicamente
ativas contribua para a evolução da IC em β-miosina de cadeia pesada, com
razão dos seus efeitos deletérios sobre o miocitólise e rompimento das ligações no
coração e a circulação. citoesqueleto entre os sarcômeros e a
matriz extracelular. Em conjunto, essas
Essa percepção embasa o raciocínio clínico alterações prejudicam a capacidade de
que justifica o uso de agentes contração do miócito e, consequentemente,
farmacológicos antagonistas a tais contribuem para a deprimir a função
sistemas (p. ex., inibidores da enzima sistólica VE observada nos pacientes com
conversora de angiotensina [ECA] e β- IC.
bloqueadores) no tratamento dos
O relaxamento do miocárdio é um processo
pacientes com IC.
dependente de ATP, regulado pela
absorção do cálcio citoplasmático para o RS
pelo SERCA2A e pela liberação do cálcio
pelas bombas do sarcolema. Em
consequência, reduções na concentração do
ATP, como as observadas na isquemia,
podem interferir nesses processos e
causar retardo do relaxamento miocárdico.
Por outro lado, se o enchimento do VE for
retardado em razão da redução na
complacência (p. ex., por hipertrofia ou
fibrose), as pressões de enchimento VE se
manterão elevadas no final da diástole.
O aumento na frequência cardíaca encurta
desproporcionalmente o tempo de
enchimento diastólico, o que pode levar à
elevação das pressões de enchimento VE,
A ativação neuro-hormonal mantida e a em particular nos ventrículos não
sobrecarga mecânica resultam em complacentes. A elevação das pressões de
alterações transcricionais e pós- enchimento VE ao final da diástole resulta
transcricionais nos genes e nas proteínas em aumento da pressão capilar pulmonar,
que regulam o acoplamento excitação- contribuindo para a dispneia experimentada
por pacientes com disfunção diastólica.
Além do déficit no relaxamento do essa valva que, por sua vez, agrava
miocárdio, também podem contribuir para sobrecarga hemodinâmica sobre o
a insuficiência diastólica, o aumento na ventrículo. Em seu conjunto, as cargas
rigidez do miocárdio secundário à mecânicas produzidas pelo remodelamento
hipertrofia e o aumento no conteúdo de VE contribuem para a evolução progressiva
colágeno no miocárdio. da IC.
É importante ressaltar que a disfunção Trabalhos recentes demonstraram que o
diastólica pode ocorrer isoladamente ou em remodelamento VE pode ser revertido
combinação com a disfunção sistólica nos com tratamento medicamentoso e com
pacientes com IC. dispositivos e que a essa reversão está
associada à melhora da evolução clínica nos
pacientes com ICFER. De fato, uma das
metas do tratamento da IC é prevenir
e/ou reverter o remodelamento VE.
Refere-se a alterações na massa, no
volume, na forma e na composição do VE
que ocorrem após lesão cardíaca e/ou em
condições com sobrecarga hemodinâmica.
Os principais sintomas são FADIGA (baixo
O remodelamento do VE pode contribuir de
DC) e DISPNEIA.
forma independente para a evolução da IC
em razão das cargas mecânicas produzidas - DISPNEIA: inicialmente observada
pelas alterações na geometria do VE apenas com exercícios porem a medida que
remodelado. a doença evolui o sintoma passa a ser
observado por atividades cada vez
Além do aumento do volume diastólico final
menores ocorrendo por fim em repouso.
no VE, observa-se afinamento da parede
conforme o ventrículo se dilata. O Seu mecanismo na IC é provavelmente
afinamento crescente da parede, somado multifatorial porem o mais importante é a
ao aumento da pós-carga produzido pela congestão pulmonar com acúmulo de líquido
dilatação do VE, leva a um descompasso no interstício ou dentro dos alvéolos, o que
funcional na pós-carga que pode diminuir ativa os receptores J justacapilares,
ainda mais o volume sistólico. estimulando a respiração rápida e
superficial característica da dispneia
Além disso, a tensão elevada na parede ao
cardíaca.
final da diástole pode causar (1)
hipoperfusão do subendocárdio com a Outros fatores podem contribuir para
consequente piora da função VE; (2) dispneia de esforços como redução na
aumento do estresse oxidativo com complacência pulmonar, aumento da
ativação resultante das famílias de genes resistência nas vias respiratórias, fadiga
sensíveis à geração dos radicais livres (p. dos músculos respiratórios ou do
ex., TNF e interleucina 1β); (3) expressão diafragma e anemia.
sustentada dos genes ativados por
estiramento (angiotensina II, endotelina e
TNF) e/ou ativação por estiramento das - ORTOPNEIA: Dispneia que ocorre em
vias de sinalização hipertrófica. decúbito, é uma manifestação tardia da IC.
A dilatação crescente do VE causa É causada pela redistribuição de volume da
travamento dos músculos papilares e circulação esplâncnica e dos MMII para
consequente insuficiência do aparelho circulação central quando o paciente
valvar mitral e regurgitação funcional por
permanece deitado, com o consequente
aumento da pressão capilar pulmonar.
A tosse noturna é uma manifestação
comum desse processo, sendo um sintoma
muitas vezes negligenciado.
A ortopneia costuma ser aliviada quando o A respiração de Cheyne-Stokes é causada
paciente se senta ereto com pernas pela redução da sensibilidade do centro
pendentes ou quando dorme recostado respiratório à PCO2 arterial. Observa-se
sobre muitos travesseiros. uma fase de apneia durante a qual a PO2
Ainda que seja um sintoma relativamente arterial cai e a PCO2 arterial aumenta.
específico da IC, também pode ocorrer Essas alterações nos gases arteriais
em pacientes com obesidade abdominal ou estimulam o centro respiratório,
com ascite e naqueles com doença resultando em hiperventilação e hipocapnia,
pulmonar cuja mecânica favoreça a seguidas de apneia recorrente. A
postura ereta. respiração de Cheyne-Stokes costuma ser
percebida pelo paciente ou por sua família
como uma dispneia grave com suspensão
- DISPNEIA PAROXÍSTICA NOTURNA: se transitória da respiração.
refere aos episódios agudos de dispneia e
tosse que costuma ocorrer a noite e
despertam o paciente cerca de 1 a 3 horas - EDEMA AGUDO DE PULMÃO:
após deitar-se.
Pode se manifestar na forma de tosse ou - SINTOMAS TGI: Anorexia, náuseas e
de sibilos (mantem mesmo com paciente saciedade precoce, associadas à dor
ereto), possivelmente em razão de abdominal e plenitude, são queixas comuns,
aumento da pressão nas artérias podendo estar relacionadas com edema na
brônquicas, levando à compressão das vias parede intestinal e/ou congestão hepática.
respiratórias junto com edema intersticial A congestão do fígado com estiramento de
pulmonar, o que produz aumento da sua cápsula pode produzir dor no
resistência nas vias respiratórias. quadrante superior direito.
A asma cardíaca está relacionada com a
DPN, é caracterizada por sibilos
secundários ao broncospasmo e deve ser - CEREBRAIS: confusão, desorientação,
diferenciada da asma primária, bem como além de distúrbios no sono e humor, pode
das causas pulmonares para os sibilos. ser observados em pacientes com IC
grave, em particular nos mais idosos com
arteriosclerose cerebral e perfusão
- CHEYNE-STOKES: respiração periódica ou cerebral deficiente. A nictúria é comum na
cíclica esta presente em 40% dos IC, podendo contribuir para a insônia.
pacientes com IC avançada e esta
associada a baixo DC.

1) EXAME FISICO:
- Geral e sinais vitais: Na IC leve a
moderada, o paciente não aparenta
desconforto em repouso, exceto quando pacientes com IC crônica, mesmo nos
estiver deitado sem inclinação por alguns casos com pressões de enchimento
minutos. Nos casos mais graves de IC, o elevadas, em razão do aumento na
paciente deve sentar ereto, sendo possível drenagem linfática do líquido alveolar.
que apresente dificuldade respiratória e,
talvez, impossibilidade de terminar uma • Sibilos expiratórios = asma cardíaca
frase por estar ofegante. • Derrame pleural = MV diminuído ou
abolido e FTV diminuído, percussão
A pressão sistólica pode estar normal ou maciça, expansibilidade diminuída.
elevada na IC inicial, mas geralmente
encontra-se reduzida nos casos avançados É causado por elevação da pressão capilar
com disfunção VE grave. A pressão de pleural que produz transudação para a
pulso pode se mostrar reduzida, refletindo cavidade pleural. Considerando que as veias
redução do volume sistólico. pleurais drenam tanto para as veias
sistêmicas quanto para as pulmonares, o
A taquicardia sinusal é um sinal inespecífico derrame pleural ocorre mais comumente
causado por aumento da atividade quando há insuficiência biventricular.
adrenérgica. Embora o derrame pleural costume ser
A vasoconstrição periférica, que leva ao bilateral na IC, quando unilateral, é mais
esfriamento das extremidades e cianose frequente no espaço pleural direito.
dos lábios e leitos ungueais, também é
causada por atividade adrenérgica
excessiva. - Exame cardiológico:
• Ictus cordis deslocado inferiormente
- Jugulares: turgência jugular a 45º (ICC D) abaixo do 5º EIC e/ou lateralmente
para linha clavicular média passando o
batimento a ser palpável sobre dois
espaços. A hipertrofia grave de VE leva
a íctus sustentado.
• B3 (galope protodiastólico) em ápices
cardíacos costuma estar mais presente
nos pacientes com sobrecarga
volumétrica que tenham taquicardia ou
taquipneia e em geral implica
comprometimento hemodinâmico.
- Exame pulmonar: • B4 não é indicativo de IC mas
Ruídos respiratórios adventícios normalmente está presente em
(estertores ou crepitação) resultam de pacientes com disfunção diastólica
transudação de líquido do espaço • Os sopros característicos de
intravascular para os alvéolos. regurgitação mitral e tricúspide com
frequência encontram-se presentes
• Edema pulmonar = estertores nos pacientes com IC avançada.
amplamente escutados bilateral (sinais
vem específicos de IC se o paciente
não tiver doença pulmonar - Abdome:
concomitante)
• Hepatomegalia dolorosa
É importante ressaltar que os estertores
• Ascite, é um sinal tardio, ocorre como
com frequência estão ausentes nos
consequência de aumento da pressão
nas veias hepáticas e nas veias que 2) CRITÉRIOS DE FRAMIGHAM:
drenam o peritônio.
• Icterícia também é um sinal tardio, é
causada por disfunção hepática
secundária à congestão do fígado e à
hipoxemia hepatocelular, estando
associada a aumento das bilirrubinas
direta e indireta.

- Extremidades:
• Edema periférico: é uma das principais
manifestações da IC, porém constitui
um sinal inespecífico e em geral está
ausente nos pacientes tratados
adequadamente com diuréticos. O
edema periférico costuma ser
simétrico e postural, ocorrendo
predominantemente nos tornozelos e
na região pré-tibial nos pacientes
ambulatoriais. Nos restritos ao leito, o
edema pode ser observado nas regiões
sacral (edema pré-sacral) e escrotal. O
edema de longa duração pode estar
associada com pele endurecida e
pigmentada.

- Caquexia cardíaca:
Nos casos de IC crônica grave, pode haver
perda evidente de peso e caquexia. Ainda
que o mecanismo da caquexia não tenha
sido completamente compreendido,
provavelmente há diversos fatores
envolvidos, como elevação da taxa de
metabolismo em repouso; anorexia, náusea 3) EXAMES LABORATORIAIS:
e vômitos causados pela hepatomegalia
Hemograma completo, perfil dos
congestiva, bem como pela plenitude
eletrólitos, dosagem de ureia sanguínea, da
abdominal; elevação da concentração das
creatinina sérica e das enzimas hepáticas,
citocinas circulantes, como o TNF; e
bem como análise de urina.
dificuldade de absorção intestinal causada
pela congestão das veias intestinais. Quando Alguns pacientes devem ser investigados
presente, a caquexia implica prognóstico para detecção de diabetes melito (glicemia
reservado. em jejum ou teste de tolerância à glicose),
dislipidemia (perfil lipídico em jejum) e
disfunção tireoidiana (nível do hormônio
estimulante da tireoide [TSH]).
4) ECG: estrutura do VE quanto para determinação
das causas da IC (p. ex., amiloidose,
Seu principal objetivo é avaliar o ritmo
miocardiopatia isquêmica, hemocromatose).
cardíaco, determinar a presença de
hipertrofia VE ou de IM prévio (presença O indicador mais utilizado da função VE é a
ou ausência de ondas Q), assim como FE (volume sistólico dividido pelo volume
determinar a largura do QRS para avaliar diastólico final). Como a FE é fácil de medir
se o paciente pode ser beneficiado com a com exames não invasivos e fácil de
terapia de ressincronização. O ECG normal conceituar, ela se tornou muito popular na
praticamente exclui disfunção sistólica do clínica diária. Infelizmente, a FE apresenta
VE. uma série de limitações para ser
considerada um indicador confiável para
avaliar a contratilidade, uma vez que é
5) RX TÓRAX: influenciada por alterações na pós-carga
e/ou na pré-carga. De qualquer forma, com
A radiografia do tórax fornece
as exceções indicadas anteriormente,
informações úteis acerca das dimensões e
quando a FE é normal (≥ 50%), a função
da forma do coração, assim como sobre o
sistólica em geral está preservada, e,
estado da vasculatura pulmonar, podendo,
quando a FE está significativamente
ainda, identificar causas não cardíacas para
reduzida (< 30 a 40%), a contratilidade está
os sintomas do paciente. Embora os
reduzida.
pacientes com IC aguda apresentem
evidências de hipertensão pulmonar, de
edema intersticial e/ou de edema
7) BIOMARCADORES:
pulmonar, a maior parte dos pacientes
com IC crônica não apresenta quaisquer BNP (peptídeo natriurético do tipo B) e NT-
desses sinais radiográficos. A ausência de pro-BNP são liberados no coração
tais achados nos pacientes com IC crônica insuficiente são marcadores relativamente
reflete o aumento da capacidade dos sensíveis para a presença de IC com
linfáticos de remover o líquido intersticial redução da FE; ainda que em menor grau,
e/ou o pulmonar. também se encontram elevados nos
pacientes que têm IC com FE preservada.
Nos pacientes ambulatoriais com dispneia,
6) AVALIAÇÃO DA FE:
a dosagem é útil para corroborar a decisão
O exame mais útil é o ECO bidimensional clínica acerca do diagnóstico de IC,
com doppler, capaz de fornecer uma especialmente em quadro de incerteza
avaliação semiquantitativa das dimensões e clínica. Além disso, a dosagem é útil para
função do VE, assim como sobre a definir o prognóstico ou a gravidade da
presença ou ausência de anormalidades doença em caso de IC crônica e pode ser
valvares e/ou na mobilidade da parede útil para se chegar na dose ideal da terapia
(indicativas de IM prévio). medicamentosa em pacientes euvolêmicos
clinicamente selecionados.
A RM também fornece uma análise
abrangente da anatomia e da função No entanto, é importante ressaltar que os
cardíacas, sendo atualmente considerado o níveis dos peptídeos natriuréticos
padrão-ouro para a avaliação da massa e aumentam com a idade e com a disfunção
dos volumes VE. A RM também vem se renal, são mais elevados nas mulheres e
tornando uma modalidade de imagem útil e podem estar aumentados em IC de
precisa para a avaliação de pacientes com qualquer etiologia. Os níveis podem estar
IC, tanto em termos de investigação da falsamente baixos em pacientes obesos.
Outros biomarcadores mais recentes,
como ST-2 solúvel e galectina-3, podem
ser usados para definir o prognóstico de
pacientes com IC.

8) TESTE COM EXERCICIO:


Esteira ou bicicleta ergométrica não são
rotineiramente recomendados aos
pacientes com IC, mas podem ser úteis na
avaliação da necessidade de transplante
cardíaco em pacientes com IC avançada.
Níveis de consumo máximo de oxigênio
(VO2) < 14 mL/kg/min estão associados a
um prognóstico relativamente pior. Os
pacientes com VO2 < 14 mL/kg/min têm
apresentado melhor sobrevida quando
submetidos a transplante do que quando
tratados clinicamente.

9) SOROLOGIAS E DIAGNÓSTICO DE Benzonidazol para fase aguda de chagas,


CHAGAS: na crônica não faz.
RT-PCR: Fase aguda da doença
ELISA, IFI, HAI: indicados pata fase
crônica da doença devido a baixa
parasitemia, testes sorológicos que 1. Medicina interna do Harrison capítulo
detectam os anticorpos. Como ELISA e 279 - IC: fisiopatologia e diagnóstico
IFI têm características semelhantes e 280 – Tratamento
quanto à acurácia, com sensibilidade maior, 2. Diretriz brasileira de IC 2018
mas especificidade levemente menor que 3. Apostila MEDCURSO
HAI, positividade em dois destes três 4. Manual de clínica medica Volume 2
testes é recomendada para o diagnóstico. USP – Cap. 19 Insuficiência cardíaca
Entretanto, quando o primeiro teste é 5. Artigo cardiomiopatia da doença de
negativo, na prática atual embasada na alta chagas de Marcus Vinicius Simões de
sensibilidade de todos os testes 2018
sorológicos, não se faz necessário um
segundo teste

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