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De acordo com publicações internacionais, o Embora a maioria das doenças que levam à
perfil clínico da IC crônica envolve IC caracterizem-se pela presença de
indivíduos idosos portadores de etiologias baixo débito cardíaco (muitas vezes
diversas, sendo a isquêmica a mais compensado) no repouso ou no esforço
prevalente, com alta frequência de (IC de baixo débito), que se caracteriza por
comorbidades associadas. sinais de má perfusão (pele fria, sudorese)
e congestão.
Algumas situações clínicas de alto débito
também podem levar a IC, como
1. QUANTO A DURAÇÃO: tireotoxicose, anemia, fístulas
- AGUDA: < 6 meses. Reservado para arteriovenosas e beribéri (IC de alto
alterações rápidas ou graduais de sinais e débito). Sinais e sintomas de IC,
sintomas resultando em necessidade de caracterizando uma síndrome de alto
terapia urgente. débito, que pode ser reconhecida pela
perfusão aumentada de pele. Nesse caso,
a estratégia terapêutica é totalmente
diferente da de baixo débito.
8. ESTABILIDADE:
De acordo com a estabilidade e as
manifestações clínicas da IC pode ser
classificada como:
- Compensada
- Descompensada: Entende-se por
descompensação o aparecimento de
sinais/sintomas, como edema ou
hipoperfusão ou hipotensão, que
determinam uma nova estratégia
terapêutica de ambulatório ou a partir de
admissão hospitalar. Seu reconhecimento
tem importância para uma terapêutica
adequada e possíveis fatores precipitantes
devem ser investigados.
- Persistentemente descompensada:
sinais e sintomas descompensam
persistentemente.
Conforme o perfil do paciente podem ser
necessários diuréticos ou volume ou drogas
inotrópicas ou drogas vasodilatadoras.
1) EXAME FISICO:
- Geral e sinais vitais: Na IC leve a
moderada, o paciente não aparenta
desconforto em repouso, exceto quando pacientes com IC crônica, mesmo nos
estiver deitado sem inclinação por alguns casos com pressões de enchimento
minutos. Nos casos mais graves de IC, o elevadas, em razão do aumento na
paciente deve sentar ereto, sendo possível drenagem linfática do líquido alveolar.
que apresente dificuldade respiratória e,
talvez, impossibilidade de terminar uma • Sibilos expiratórios = asma cardíaca
frase por estar ofegante. • Derrame pleural = MV diminuído ou
abolido e FTV diminuído, percussão
A pressão sistólica pode estar normal ou maciça, expansibilidade diminuída.
elevada na IC inicial, mas geralmente
encontra-se reduzida nos casos avançados É causado por elevação da pressão capilar
com disfunção VE grave. A pressão de pleural que produz transudação para a
pulso pode se mostrar reduzida, refletindo cavidade pleural. Considerando que as veias
redução do volume sistólico. pleurais drenam tanto para as veias
sistêmicas quanto para as pulmonares, o
A taquicardia sinusal é um sinal inespecífico derrame pleural ocorre mais comumente
causado por aumento da atividade quando há insuficiência biventricular.
adrenérgica. Embora o derrame pleural costume ser
A vasoconstrição periférica, que leva ao bilateral na IC, quando unilateral, é mais
esfriamento das extremidades e cianose frequente no espaço pleural direito.
dos lábios e leitos ungueais, também é
causada por atividade adrenérgica
excessiva. - Exame cardiológico:
• Ictus cordis deslocado inferiormente
- Jugulares: turgência jugular a 45º (ICC D) abaixo do 5º EIC e/ou lateralmente
para linha clavicular média passando o
batimento a ser palpável sobre dois
espaços. A hipertrofia grave de VE leva
a íctus sustentado.
• B3 (galope protodiastólico) em ápices
cardíacos costuma estar mais presente
nos pacientes com sobrecarga
volumétrica que tenham taquicardia ou
taquipneia e em geral implica
comprometimento hemodinâmico.
- Exame pulmonar: • B4 não é indicativo de IC mas
Ruídos respiratórios adventícios normalmente está presente em
(estertores ou crepitação) resultam de pacientes com disfunção diastólica
transudação de líquido do espaço • Os sopros característicos de
intravascular para os alvéolos. regurgitação mitral e tricúspide com
frequência encontram-se presentes
• Edema pulmonar = estertores nos pacientes com IC avançada.
amplamente escutados bilateral (sinais
vem específicos de IC se o paciente
não tiver doença pulmonar - Abdome:
concomitante)
• Hepatomegalia dolorosa
É importante ressaltar que os estertores
• Ascite, é um sinal tardio, ocorre como
com frequência estão ausentes nos
consequência de aumento da pressão
nas veias hepáticas e nas veias que 2) CRITÉRIOS DE FRAMIGHAM:
drenam o peritônio.
• Icterícia também é um sinal tardio, é
causada por disfunção hepática
secundária à congestão do fígado e à
hipoxemia hepatocelular, estando
associada a aumento das bilirrubinas
direta e indireta.
- Extremidades:
• Edema periférico: é uma das principais
manifestações da IC, porém constitui
um sinal inespecífico e em geral está
ausente nos pacientes tratados
adequadamente com diuréticos. O
edema periférico costuma ser
simétrico e postural, ocorrendo
predominantemente nos tornozelos e
na região pré-tibial nos pacientes
ambulatoriais. Nos restritos ao leito, o
edema pode ser observado nas regiões
sacral (edema pré-sacral) e escrotal. O
edema de longa duração pode estar
associada com pele endurecida e
pigmentada.
- Caquexia cardíaca:
Nos casos de IC crônica grave, pode haver
perda evidente de peso e caquexia. Ainda
que o mecanismo da caquexia não tenha
sido completamente compreendido,
provavelmente há diversos fatores
envolvidos, como elevação da taxa de
metabolismo em repouso; anorexia, náusea 3) EXAMES LABORATORIAIS:
e vômitos causados pela hepatomegalia
Hemograma completo, perfil dos
congestiva, bem como pela plenitude
eletrólitos, dosagem de ureia sanguínea, da
abdominal; elevação da concentração das
creatinina sérica e das enzimas hepáticas,
citocinas circulantes, como o TNF; e
bem como análise de urina.
dificuldade de absorção intestinal causada
pela congestão das veias intestinais. Quando Alguns pacientes devem ser investigados
presente, a caquexia implica prognóstico para detecção de diabetes melito (glicemia
reservado. em jejum ou teste de tolerância à glicose),
dislipidemia (perfil lipídico em jejum) e
disfunção tireoidiana (nível do hormônio
estimulante da tireoide [TSH]).
4) ECG: estrutura do VE quanto para determinação
das causas da IC (p. ex., amiloidose,
Seu principal objetivo é avaliar o ritmo
miocardiopatia isquêmica, hemocromatose).
cardíaco, determinar a presença de
hipertrofia VE ou de IM prévio (presença O indicador mais utilizado da função VE é a
ou ausência de ondas Q), assim como FE (volume sistólico dividido pelo volume
determinar a largura do QRS para avaliar diastólico final). Como a FE é fácil de medir
se o paciente pode ser beneficiado com a com exames não invasivos e fácil de
terapia de ressincronização. O ECG normal conceituar, ela se tornou muito popular na
praticamente exclui disfunção sistólica do clínica diária. Infelizmente, a FE apresenta
VE. uma série de limitações para ser
considerada um indicador confiável para
avaliar a contratilidade, uma vez que é
5) RX TÓRAX: influenciada por alterações na pós-carga
e/ou na pré-carga. De qualquer forma, com
A radiografia do tórax fornece
as exceções indicadas anteriormente,
informações úteis acerca das dimensões e
quando a FE é normal (≥ 50%), a função
da forma do coração, assim como sobre o
sistólica em geral está preservada, e,
estado da vasculatura pulmonar, podendo,
quando a FE está significativamente
ainda, identificar causas não cardíacas para
reduzida (< 30 a 40%), a contratilidade está
os sintomas do paciente. Embora os
reduzida.
pacientes com IC aguda apresentem
evidências de hipertensão pulmonar, de
edema intersticial e/ou de edema
7) BIOMARCADORES:
pulmonar, a maior parte dos pacientes
com IC crônica não apresenta quaisquer BNP (peptídeo natriurético do tipo B) e NT-
desses sinais radiográficos. A ausência de pro-BNP são liberados no coração
tais achados nos pacientes com IC crônica insuficiente são marcadores relativamente
reflete o aumento da capacidade dos sensíveis para a presença de IC com
linfáticos de remover o líquido intersticial redução da FE; ainda que em menor grau,
e/ou o pulmonar. também se encontram elevados nos
pacientes que têm IC com FE preservada.
Nos pacientes ambulatoriais com dispneia,
6) AVALIAÇÃO DA FE:
a dosagem é útil para corroborar a decisão
O exame mais útil é o ECO bidimensional clínica acerca do diagnóstico de IC,
com doppler, capaz de fornecer uma especialmente em quadro de incerteza
avaliação semiquantitativa das dimensões e clínica. Além disso, a dosagem é útil para
função do VE, assim como sobre a definir o prognóstico ou a gravidade da
presença ou ausência de anormalidades doença em caso de IC crônica e pode ser
valvares e/ou na mobilidade da parede útil para se chegar na dose ideal da terapia
(indicativas de IM prévio). medicamentosa em pacientes euvolêmicos
clinicamente selecionados.
A RM também fornece uma análise
abrangente da anatomia e da função No entanto, é importante ressaltar que os
cardíacas, sendo atualmente considerado o níveis dos peptídeos natriuréticos
padrão-ouro para a avaliação da massa e aumentam com a idade e com a disfunção
dos volumes VE. A RM também vem se renal, são mais elevados nas mulheres e
tornando uma modalidade de imagem útil e podem estar aumentados em IC de
precisa para a avaliação de pacientes com qualquer etiologia. Os níveis podem estar
IC, tanto em termos de investigação da falsamente baixos em pacientes obesos.
Outros biomarcadores mais recentes,
como ST-2 solúvel e galectina-3, podem
ser usados para definir o prognóstico de
pacientes com IC.