Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CRÓNICA) A
by David Romão e Pedro Brás
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
DEFINIÇÃO
Síndrome clínica em que há uma incapacidade por parte do coração de bombear o sangue em
quantidade suficiente para suprir as necessidades metabólicas do organismo.
FISIOPATOLOGIA
MEDICINA - CARDIOVASCULAR
[MD]
Principais causas de IC: doença cardíaca isquémica, HTA, doenças valvulares, miocardiopatias
(hereditárias, tóxicas, infiltrativas, infeciosas, idiopáticas).
IC pode ser sistólica (FEr) ou diastólica (FEp). Esta última relaciona-se com a diminuição da
compliance ventricular, HVE, aumento das pressões de enchimento a montante (consequente aumento
de pressão e dilatação auricular esquerda e congestão pulmonar), com capacidade contrátil do VE
mantida.
Na IC sistólica: Evento de lesão inicial → mecanismos adaptativos → consequências deletérias e
remodeling ventricular.
Principais mecanismos adaptativos:
• Com a diminuição da contratilidade, ocorre o aumento da pré-carga na tentativa de manutenção do
[D]
DC → dilatação ventricular progressiva.
• Sistema nervoso simpático anormalmente ativado em resposta à diminuição do DC → taquicardia.
• Hipoperfusão renal → ativação SRAA → retenção de água e sódio e aumento da resistência vascular
periférica (pós-carga). Aldosterona tem efeitos promotores do remodeling ventricular.
• Peptídeos natriuréticos → promovem a excreção de água e sal sendo também vasodilatadores. Não
se tornam maladaptativos, mas com a progressão da doença deixam de ser suficientes para evitar a
sobrecarga de volume.
III Limitação grave da atividade física. Atividade abaixo do normal causa sintomas.
MEDICINA - CARDIOVASCULAR
Estadio D IC terminal. Sintomas em repouso.
Tabela 2: Estadiamento American Heart Association da IC.
APRESENTAÇÃO CLÍNICA
• Sintoma cardinal é fadiga e dispneia de esforço!
• Dispneia de esforço → ortopneia → dispneia paroxística noturna.
• Noctúria, edema dos membros inferiores, saciedade precoce, distensão abdominal.
• Tardiamente: confusão, caquexia, respiração Cheyne-Stokes, diminuição da pressão arterial
sistólica e da pressão de pulso.
• PVJ aumentada, refluxo hepatojugular , crepitações bilaterais, deslocamento lateral e inferior do
PIM, S3/S4, sopro de IM e IT.
CHAVE: ortopneia e crepitações bibasais como sintoma e sinal específico de insuficiência cardíaca.
CHAVE: IC direita → sinais e sintomas de congestão sistémica. IC esquerda → sinais e sintomas de
congestão pulmonar.
CHAVE: Principal causa de IC direita é IC esquerda.
CHAVE: Sintomas e sinais de congestão pulmonar derivados de IC esquerda, podem melhorar quando
se instala disfunção sistólica direita.
DIAGNÓSTICO
[D]
CHAVE: Sem sintomas não se faz diagnóstico de IC.
MEDICINA - CARDIOVASCULAR
• Rx torácico deve ser realizado para excluir outras causas de dispneia. Pode demonstrar
cardiomegalia e congestão pulmonar.
• Deve ser realizado estudo analítico com pelo menos: hemograma, ionograma, função renal, função
tiroideia, perfil lipídico, HbA1c, ferritina.
CHAVE: Sintomas de IC → ECOCARDIOGRAMA.
CHAVE: Num doente a apresentar -se com dispneia de novo ou agravada, um valor normal de BNP tem
potencial para excluir insuficiência cardíaca como a causa.
CHAVE: Surgimento de hiponatremia é considerado um fator de mau prognóstico na IC avançada.
TRATAMENTO
IC com FE preservada: Não existe tratamento que tenha demonstrado alterar o prognóstico ou melhorar
[T]
a sobrevida. Tratamento foca-se na causa, e no alívio sintomático com diuréticos. Devem ser tratados
também, caso estejam presentes, todos os fatores que podem contribuir para a progressão da doença
ou do risco CV global → HTA, DCI, dislipidemia, ...
IC com FE reduzida – tratamento crónico:
• Medidas não farmacológicas: restrição da ingestão de sódio e fluidos, manutenção da atividade
física adaptada.
• Terapêutica modificadora de prognóstico centrada no antagonismo dos mecanismos neuro-
hormonais.
• Diuréticos como medidas terapêuticas sintomáticas para diminuir a sobrecarga hídrica, mas sem
influência no prognóstico.
MD, D, P, T
MEDICINA - CARDIOVASCULAR
Figura 1: Algoritmo terapêutico na IC com fração de ejeção preservada.
CHAVE: Fármacos que aumentam a sobrevida → IECA/ARA, BB, antagonistas dos recetores
mineralocorticóides (espironolactona/eplerenona), ARNI (Sacubitril/valsartan), ivabradina (se em ritmo
sinusal e FC ≥ 70 bpm).
CHAVE: Diuréticos e digoxina não alteram prognóstico nem melhoram a sobrevida – medidas
sintomáticas. Correção do défice de Fe com Fe EV como medida de melhoria sintomática.
CHAVE: BB aprovados para o uso no tratamento da IC → metoprolol, bisoprolol, carvedilol.
CHAVE: Alguns fármacos a evitar na IC → AINEs, BCC não dihidropiridínicos (verapamil e diltiazem),
tiazolidinedionas (“glitazonas”), antiarrítmicos para além da amiodarona.
MD, D, P, T
• Indicação classe I para TRC: NYHA II-III + FEVE ≤ 35% + ritmo sinusal + bloqueio ramo esquerdo +
QRS ≥ 150ms + terapêutica médica otimizada (TMO) durante 3-6 meses.
NOTA: Também há benefício em instituir TRC nos doentes com QRS 130-150ms, mesmo sem bloqueio de
ramo esquerdo.
• Indicações classe I para implantação de CDI: Cardiopatia dilatada ou isquémica + FEVE ≤ 35% +
NYHA II-III + TMO 3-6 meses; 40 dias após EAM + FEVE < 30% + NYHA I + TMO 3-6 meses.
MEDICINA - CARDIOVASCULAR
[D]
• Investigação etiológica para instituição de terapêutica específica!
• Todos os doentes devem realizar ECG, Rx torácico e doseamento péptidos natriuréticos.
• MNM, função renal, ionograma, glucose, hemograma, perfil hepático e TSH, são importantes numa
abordagem inicial.
• Doentes com instabilidade hemodinâmica → ecocardiograma imediato.
• Todos em que a função sistólica prévia seja desconhecida → ecocardiograma até as 48h.
Abordagem terapêutica geral: [T]
MD, D, P, T
MEDICINA - CARDIOVASCULAR
da enzima conversora da angiotensina; IM = insuficiência mitral; IN = inibidor da neprilisina; IT =
insuficiência tricúspide; LVAD = left ventricular assist device; NYHA = New York Heart Association;
PAS = pressão arterial sistólica; PIM = ponto de impulso máximo; PVJ = pressão venosa jugular; Rx =
radiografia; SCA = síndrome coronário agudo; SRAA = sistema renina-angiotensina-aldosterona; TEP =
tromboembolismo pulmonar; TMO = terapêutica médica otimizada; TRC = terapêutica de
ressincronização cardíaca; VE = ventrículo esquerdo.
REFERÊNCIAS
Kasper, D., Fauci, A., Hauser, S., Longo, D., Jameson, J., & Loscalzo, J., Harrison’s Principles of Internal Medicine, Mc Graw Hill,
Education
Choo, H., Chung, J.-E., & Pysarchik, D. T. (2004). Antecedents to new food product purchasing behavior among innovator groups in
India. European Journal of Marketing, 38(5/6), 608-625.
Doe, J. (2012, December 31). Statistics and analysis [Web page]. Retrieved from
http://www.onlinestats.com/12312012/analysisofstats
MD, D, P, T