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• Este evento pode ter início abrupto (ex: EAM), ser gradual (ex:
sobrecarga de volume), ou ser hereditário (ex: MCP congénitas);
• No ínicio os pacientes permanecerão assintomáticos ou
minimamente sintomáticos com o declínio da função sistólica;
• A partir do momento em
que os mecanismos
compensatórios (que
mantiveram o doente
subclínico com função
VE dentro do fisiológico)
começam a ter efeitos
deletérios, o chamado
remodeling ventricular
(alts da massa, volume e
forma VE para 1 de 2 respostas):
o Excesso de pressão (HT, EA) o que aumenta a
tensão sistólica e via sinais intracelulares leva a
adição de sarcómeros em paralelo espessando a
parede e resultando numa hipertrofia concêntrica;
o Sobrecarga de volume (insuficiências) o que
aumenta a tensão diastólica o que aumenta o
comprimento do miócito e adiciona sarcómeros
em série resultando na hipertrofia excêntrica;
• O aumento do stress na parede (pós-carga) leva a:
o Compressão de vasos e hipoperfusão
subendocárdica o que aumenta o stress oxidativo;
o Estiramento dos músculos papilares e dilatação
do anel mitral associada a IM e ativação do
sistema neuro-hormonal;
• O remodeling contribui de forma independente para a
progressão da IC o que significa que é reversível até certo
ponto sendo possível melhoria dos endpoints;
o Há um subgrupo de doentes que com TMO modificadora No que toca ao diagnóstico:
de prognóstico e com ressincronização tem reversão;
• Na história clínica procuramos FRCV, antecedentes de MCP O exame objetivo pouco se correlaciona com a gravidade da IC onde
isquémica, antecedentes familiares (morte súbita, MCP, podemos encontrar galopes (S3→sobrecarga de volume;
poiineuropatia), exposição a tóxicos (álcool, QT) e S4→disfunção diastólica) e sopros.
comorbilidades (sarcoidose, amiloidose, hemacromatose);
• Procuramos sintomas: • O problema é que nada do que foi dito é 100% sensível ou
o De congestão pulmonar (associado a IC esquerda): específico para diagnóstico de congestão severa e muito
▪ Dispneia: para esforços progressivamente menores até em menos distinguem ICFEr de ICFEp.
repouso (resultado da elevação da pressão venosa e • Para diagnóstico de IC sistólica, dispneia de esforço tem S
capilar pulmonar); de 100% e distensão jugular e galopes tem E de 99%;
▪ Ortopneia: numa fase mais avançada, pela redistribuição
do volume em decúbito respira melhor em ortostatismo; O ECG é geralmente anormal mas com alterações inespecíficas mas
▪ Dispneia paroxística noturna: (acorda, 1-3h após se ter pode sugerir etiologia ou fator que precipite descompensação de IC!
deitado, decorrente de reabsorção do edema em
decúbito); Os PN são úteis
▪ Asma cardíaca: equivalente de DPN, com dispneia e pieira para exclusão do
havendo predomínio de broncospasmo; diagnóstico dada da
▪ Tosse: equivalente de dispneia de esforço por vezes sua elevada
subvalorizado (tosse com expetoração espumosa); sensibilidade (alto
▪ Edema agudo do pulmão: forma mais grave, caracterizada VPN) mas como
por dispneia súbita condicionado IR e associa-se a aumentam por
taquicardia; muitas outras
• Emergência médica, diagnóstico rápido; causas não
o De congestão sistémica (associado a IC direita ou decorrente
diagnosticam (ex:
de doença pulmonar crónica [cor pulmonale]):
idade avançada,
▪ Anorexia, enfartamento pós-pandrial, desconforto
DRC, SAOS,
abdominal por congestão esplâncnica e hepática;
▪ Distensão abdominal secundária a ascite; pneumonia severa)
▪ Edemas dos membros inferiores;
• São péptidos libertados pelos ventrículos em resposta ao
o De baixo débito:
stress da parede e correlacionam-se ao volume e pressão
▪ Astenia/fadiga secundária a hipoperfusão muscular;
VE, classe NYHA e extensão de isquemia reversível
▪ Noctúria numa fase inicial devido a um aumento do DC e
redução da vasoconstrição renal com o decúbito; (irreversível aumentaria a troponina);
▪ Oligúria verifica-se numa fase posterior em que pela o Na IC crónica BNP>35 e proBNP>25 e na aguda
redução marcada do DC ocorre uma redução do débito BNP>100 e proBNP>300;
renal; ▪ Obesidade causa falsos negativos;
▪ Alteração do estado mental mais nos idosos com • Ajudam também, seja na descompensação ou fora desse
dificuldade de concentração, memória, insónia e contexto para comparar, para determinar severidade ao
raramente delírios; serem proporcionais com a escala NYHA (168, 398,678,978) e
• Procuramos sinais: no prognóstico estando relacionados a menor sobrevida
o De congestão pulmonar: quanto mais aumentados;
▪ Sinais de dificuldade respiratória e dependência com o o Pretende-se uma queda de 30% ou mais para dar
decúbito (aumento da PCWP [ddx com ARDS]);
alta;
▪ Na auscultação temos crepitações inspiratórias cuja
• Naqueles em que excluímos não será preciso ecoTT;
extensão depende da congestão;
▪ Temos também abolição do MV devido a derrame pleural Por fim, o ECO é o método de eleição para avaliação estruturo-
(frequente na disfunção biventricular, +bilateral mas pode funcional cardíaca:
ser unilateral à direita);
▪ A sua ausência não excluir a pressão venosa elevada • Avaliação da função sisto-diastólica, da dimensão de
(aumento crónico da drenagem do edema); câmaras, espessura de paredes, avaliação valvular e
o De congestão sistémica: discussão da etiologia da IC;
▪ Turgescência venosa jugular: reflete PAD e inicialmente
podemos apenas ver reflexo abdominojugular; O raio X tem utilidade
▪ Edema dos membros inferiores (simétrico nas zonas limitada na IC mas útil
pendentes); para diagnóstico
▪ No abdómem podemos ter hepatomegalia (dolorosa e diferencial com
pulsátil se ITric), ascite e icterícia mais tardios decorrente causas extra-
de insuficiência hepática secundária a hipoxemia; cardíacas e para ver
o De baixo débito:
sinais de congestão
▪ Hipotensão, taquicardia, diaforese, extremidades frias,
pulmonar (linhas de
pele marmoreada, tempo de perfusão capilar aumentado;
Kerley B, cefalização
▪ Pulso carotídeo alternante (sinal de gravidade, apenas
valorizado se temos ritmo de vasos e padrão de
sinusal); asas de morcego).
▪ Respiração de Cheyne-Stokes
(hiperpneia seguida de apneia
em ciclo, presente em 40% de
IC avançada);
Estudos analíticos incluem hemograma, ionograma, perfil renal / • Diuréticos de ansa (furosemida, torsemida) representam a
hepático / lipídico / glicémico / tiroideio, PN e cinética do ferro para classe mais potente sobre a excreção renal de sódio, úteis
avaliar comorbilidades, fatores precipitantes e decidir tratamento. em todos os estadios da IC mesmo na presença de TFG
diminuída e efeito potenciado por outros diuréticos;
Outros MCDTs incluem prova de esforço, eco de stress, angioTAC
• Tiazidas são eficazes em monoterapia apenas na IC ligeira
coronário, cateterismo, RM, ecoTE e biópsia endomiocárdica.
mas ineficaz se taxa de filtração glomerular <50% exceto a
metolazona (apenas em combinação com os de ansa);
Tratamento:
• Poupadores de K+ são de ação fraca (só usado em
Os objetivos com o tratamento passm pela melhoria do prognóstico associação) e contra-indicados na insuficiência renal grave
(prevenir progressão de IC) e alívio ou controlo sintomático (com • EA: hipocaliemia/magnesemia (maior risco de arritmias),
subsequente melhoria da qualidade de vida). alcalose metabólica, hipotensão, reações alérgicas;
o Nas tiazidas adicionamos a hiperglicemia e
Além disso de acordo com o diagnóstico deverão ser consideradas hiperuricemia;
terapêuticas específicas (revascularização, substituição ou o Nos de ansa a ototoxicidade;
reparação valvular e tratamento de doença subjacente). o Nos poupadores a ginecomastia, impotência e
Neste caso, baseamos o tratamento de acordo com a FEVE. Na ICFEr: alterações menstruais;
• Inibidores da enzima conversora da angiotensina:
• Terapêutica não farmacológica: • Inibem a conversão da ANG e degradação da bradicinina;
o Abstinência alcoólica (reversível até certo ponto) e • Papel central na prevenção e tratamento da IC porque
cessação tabágica; atrasam o começo/progressão de IC assintomática,
o Restrição de sal (importante na resolução de melhoram os sintomas (NYHA) e reduzem a mortalidade;
sintomas congestivos) e líquidos (1,5L/dia na IC • Contraindicações: história de angioedema, hipotensão,
grave) e controlo do peso (registo para avaliar peso gravidez, estenose bilateral das artérias renais, insuficiência
em água); renal e hipercaliemia;
o Evicção de certos fármacos (AINE’s, corticóides), • EA: hipotensão, IR, tosse, angioedema, leucopenia e rash;
que podem aumentar a retenção de líquidos; • Antagonistas dos recetores da angiotensina:
o Repouso na IC descompensada mas atividade física • Atuam ao nível do recetor AT1 onde bloqueiam os efeitos da
regular (sem provocação de sintomas) na angiotensina (com efeito similar ao dos IECAs sem aumento
compensada para reabilitação cardíaca; da bradicinina);
o Cuidados com viagens em altitude, devido à • EA: menos efeitos laterais (tosse, angioedema) e mesmas
hipoxemia e vacinação (infuenza, pneumococcus contraindicações dos IECAs podendo ser usados em
por serem doentes em que esperamos respostas alternativa (mas não devem ser usados em combinação);
graves à infeção prevenível); • Beta bloqueadores:
o Educação paciente e família • Agem de acordo com o nome e possuem valor na IC ao
• Terapêutica farmacológica (passamos de apenas alívio reduzirem o remodeling, melhorarem a função cardíaca,
sintomático para uma modificadora de prognóstico com reduzindo a hospitalização/morte/sintomas;
antagonismo neuro-hormonal com 4 PILARES); • Possuem efeito anti-isquémico/hipertensor/arrítmico;
o Titulamos até á dose máxima (dado o efeito ser • Contraindicações: choque cardiogénico, bradicardia
maior quanto maior a dose) e se não tolerados extrema, BAV >2ºG, asma e claudicação intermitente;
existe mau prognóstico; • EA: bradicardia, broncospasmo, hipotensão e fatigabilidade;
• Enquanto qualquer IECA demonstra benefício (efeito de
classe) apenas alguns BB o tem (bisoprolol, carvedilol,
metoprolol);
o Os benefícios são dose dependentes, ou seja, se
tolerado aumentamos doses 2/2 semanas;
• Antagonista dos recetores de aldosterona:
• Adicionam ao IECA e BB e monitorizam a função renal, mais
especificamente o potássio, poir impedir a ligação da
aldosterona produzida pelo SRAA ao seu recetor;
• Impede a retenção de água, ativação do SNS e fibrose
mediada pela mesma do coração;
• Usamos a espironolactona (EA: ginecomastia) e eplerenona
em alternativa;
• Inibidor do recetor da angiotensina e da neprilisina (ARNI):
• LCZ 696 (valsartan+sacubitril) consiste na associação de um
ARA com um inibidor da neprilisina;
• Diuréticos • É benéfico com inicio precoce de tratamento e
• Também úteis no tratamento de sintomas ao reduzirem a recomendado como 1ª linha ou em troca pelo IECA nos que
congestão pulmonar, PVJ e edema periférico; se mantém sintomáticos apesar da TMO;
• A sua utilização é ajustada à volémia: existem doses • Superior ao IECA no que toca a morte e hospitalização por
crescentes e associação com outros diuréticos com IC, não pode ser associado a ele e caso queiramos trocar
progressão da IC; precisamos de esperar 36h;
Para as arritmias: