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Insuficiência Cardíaca

Síndrome caracterizada por sintomas típicos (ex: cansaço/dispneia,


edemas membros inferiores) que podem ser acompanhados por
sinais (ex: turgescência venosa jugular, crepitações pulmonares,
edema periférico) causada por uma anomalia estrutural e/ou
funcional cardíaca, resultando numa redução do débito cardíaco
e/ou elevação das pressões intracardíacas em repouso ou durante
períodos de stress.

Pode ser classificada de acordo com:


o Classificação de Killip-Kimball aplicável no contexto de
• A fração de ejeção do VE: parâmetro de avaliação da função
SCA, baseada em achados do exame físico e com mau
sistólica mais amplamente estudado e usado na prática clínica
prognóstico associado a Killip III e IV;;
seja para diagnóstico, para seleção de terapêutica, na
estratificação e definição de prognóstico;
o Pode ser determinado por ecoTT (mais rápido e
acessível) mas é preferida a RM (gold standard). Outros
que o permitem são a angiografia e a ventriculografia;
o Estando presentes sintomas e sinais é classificada em
ICFEr se o FEVE<40%, ICFEi se FEVE entre 40-49%,
aumento dos péptidos natriuréticos e pelo menos um
outro critério [HVE, DAE ou disfunção diastólica] e ICFEp o Conceito de IC avançada (1-10% dos casos):
se FEVE>50%, temos PN aumentados e um dos critérios ▪ Sintomas persistentes e severos (NYHA III ou
acima; IV);
▪ NP aumentados implica BNP>35pg/mL ou NT- ▪ Evidência de disfunção cardíaca severa
proBNP>25pg/mL; (FEVE<30%, disfunção isolada do VD,
o É também usado porque grande parte dos ensaios valvulopatia não operável, cardiopatia
clínicos foi baseado não em comorbilidades, congénita, PN consistentemente elevados e
demografia, etiologia ou prognóstico mas sim a FEVE; alts estruturais do VE);
o Surge também após tratamento e reclassificação uma ▪ >1 internamento no último ano por episódios de
nova definição de ICFErecuperada, recuperamos FE não congestão (necessitando diuréticos EV), baixo
porque curamos mas sim porque estabilizamos, ou seja, débito (requerendo
caso paremos o tratamento vai recidivar; inotrópicos/vasodilatadores) ou arritmias
• O tempo de evolução; malignas;
o ICaguda consiste no aparecimento ou agravamento da ▪ Compromisso da capacidade funcional severo
sintomatologia de IC requerendo tratamento urgente; de etiologia cardíaca (pico VO2<12ml/kg/min;
▪ Pode ser uma descompensação de IC crónica prova da marcha <300m);
(+ frequente e definida como a presença desta
semiologia só que estável por mais de 1 mês) Consiste numa epidemia global com incidência crescente afetando
ou de novo (mais frequentemente por SCA); cerca de 2% da população adulta nos países desenvolvidos. A
• A severidade temos várias: prevalência vem a aumentar em parte pelas melhores terapias e
o Classificação funcional da NYHA, uma escala subjetiva maior sobrevida associada.
baseada em sintomas mas que ajuda na decisão de
• Maior parte dos casos são mulheres dada a EMV
estratégias terapêuticas e a definir prognósticos;
aumentada;
• IC é uma das principais causas de hospitalização naqueles
com >65a e cerca de 44% das IC são readmitidas no 1º ano
após a alta;
o O tempo de internamento varia entre os 5-10 dias
com taxa de readmissão de 24% após 3 meses e
mortalidade 30 dias pós-alta até 10%;
o Grande parte dos custos está relacionado aos
internamentos e MCDTs realizados numa DesIC;
o Algo inesperado é que taxa de mortalidade aos 5a é
maior na IC do que em neoplasias como leucemia;
• ICFEp corresponde a 50% dos casos de IC, mais prevalente
no idoso e na mulher sendo comorbilidades comuns HT, DM,
o Classificação de estadios da ACC que enfatiza o
obesidade, FA e com menor quantidade de doentes com
desenvolvimento e progressão da doença. São estadios
DAC;
progressivos, ou seja, se sobe (associado a redução do
5ysr e aumento dos PN) a regressão não é observada; Quanto a etiologia, DAC constitui a principal causa de IC (60-75% dos
casos) mas não existe uma classificação de causas consensual:
• HTA é fator predisponente em cerca de 75% sendo a
principal causa de ICFEp;
• 25% dos casos de ICFEr são idiopáticos;
o 35% dos casos de IC não isquémica parece estar
relacionada a fatores genéticos (ex: MCP);
• Valvulopatia reumárica continua a ser causa imporante de IC
nos países subdesenvolvidos;

Dividimos, mesmo assim, as causas em:

• Notas importantes sobre o SRAA: AngII tem outra via de


produção que não envolve a renina renal e ECA pulmonar; o
recetor AT1 predomina nos vasos e AT2 no coração mantendo, a
curto prazo, homestasia circulatória e, a longo, fibrose orgânica,
hiperativação do SNS e produção de aldosterona – desiquilibrio
neuro-hormonal;

IC consiste num distúrbio progressivo iniciado após um evento que


danifica o miocárdio:

• Este evento pode ter início abrupto (ex: EAM), ser gradual (ex:
sobrecarga de volume), ou ser hereditário (ex: MCP congénitas);
• No ínicio os pacientes permanecerão assintomáticos ou
minimamente sintomáticos com o declínio da função sistólica;
• A partir do momento em
que os mecanismos
compensatórios (que
mantiveram o doente
subclínico com função
VE dentro do fisiológico)
começam a ter efeitos
deletérios, o chamado
remodeling ventricular
(alts da massa, volume e
forma VE para 1 de 2 respostas):
o Excesso de pressão (HT, EA) o que aumenta a
tensão sistólica e via sinais intracelulares leva a
adição de sarcómeros em paralelo espessando a
parede e resultando numa hipertrofia concêntrica;
o Sobrecarga de volume (insuficiências) o que
aumenta a tensão diastólica o que aumenta o
comprimento do miócito e adiciona sarcómeros
em série resultando na hipertrofia excêntrica;
• O aumento do stress na parede (pós-carga) leva a:
o Compressão de vasos e hipoperfusão
subendocárdica o que aumenta o stress oxidativo;
o Estiramento dos músculos papilares e dilatação
do anel mitral associada a IM e ativação do
sistema neuro-hormonal;
• O remodeling contribui de forma independente para a
progressão da IC o que significa que é reversível até certo
ponto sendo possível melhoria dos endpoints;
o Há um subgrupo de doentes que com TMO modificadora No que toca ao diagnóstico:
de prognóstico e com ressincronização tem reversão;
• Na história clínica procuramos FRCV, antecedentes de MCP O exame objetivo pouco se correlaciona com a gravidade da IC onde
isquémica, antecedentes familiares (morte súbita, MCP, podemos encontrar galopes (S3→sobrecarga de volume;
poiineuropatia), exposição a tóxicos (álcool, QT) e S4→disfunção diastólica) e sopros.
comorbilidades (sarcoidose, amiloidose, hemacromatose);
• Procuramos sintomas: • O problema é que nada do que foi dito é 100% sensível ou
o De congestão pulmonar (associado a IC esquerda): específico para diagnóstico de congestão severa e muito
▪ Dispneia: para esforços progressivamente menores até em menos distinguem ICFEr de ICFEp.
repouso (resultado da elevação da pressão venosa e • Para diagnóstico de IC sistólica, dispneia de esforço tem S
capilar pulmonar); de 100% e distensão jugular e galopes tem E de 99%;
▪ Ortopneia: numa fase mais avançada, pela redistribuição
do volume em decúbito respira melhor em ortostatismo; O ECG é geralmente anormal mas com alterações inespecíficas mas
▪ Dispneia paroxística noturna: (acorda, 1-3h após se ter pode sugerir etiologia ou fator que precipite descompensação de IC!
deitado, decorrente de reabsorção do edema em
decúbito); Os PN são úteis
▪ Asma cardíaca: equivalente de DPN, com dispneia e pieira para exclusão do
havendo predomínio de broncospasmo; diagnóstico dada da
▪ Tosse: equivalente de dispneia de esforço por vezes sua elevada
subvalorizado (tosse com expetoração espumosa); sensibilidade (alto
▪ Edema agudo do pulmão: forma mais grave, caracterizada VPN) mas como
por dispneia súbita condicionado IR e associa-se a aumentam por
taquicardia; muitas outras
• Emergência médica, diagnóstico rápido; causas não
o De congestão sistémica (associado a IC direita ou decorrente
diagnosticam (ex:
de doença pulmonar crónica [cor pulmonale]):
idade avançada,
▪ Anorexia, enfartamento pós-pandrial, desconforto
DRC, SAOS,
abdominal por congestão esplâncnica e hepática;
▪ Distensão abdominal secundária a ascite; pneumonia severa)
▪ Edemas dos membros inferiores;
• São péptidos libertados pelos ventrículos em resposta ao
o De baixo débito:
stress da parede e correlacionam-se ao volume e pressão
▪ Astenia/fadiga secundária a hipoperfusão muscular;
VE, classe NYHA e extensão de isquemia reversível
▪ Noctúria numa fase inicial devido a um aumento do DC e
redução da vasoconstrição renal com o decúbito; (irreversível aumentaria a troponina);
▪ Oligúria verifica-se numa fase posterior em que pela o Na IC crónica BNP>35 e proBNP>25 e na aguda
redução marcada do DC ocorre uma redução do débito BNP>100 e proBNP>300;
renal; ▪ Obesidade causa falsos negativos;
▪ Alteração do estado mental mais nos idosos com • Ajudam também, seja na descompensação ou fora desse
dificuldade de concentração, memória, insónia e contexto para comparar, para determinar severidade ao
raramente delírios; serem proporcionais com a escala NYHA (168, 398,678,978) e
• Procuramos sinais: no prognóstico estando relacionados a menor sobrevida
o De congestão pulmonar: quanto mais aumentados;
▪ Sinais de dificuldade respiratória e dependência com o o Pretende-se uma queda de 30% ou mais para dar
decúbito (aumento da PCWP [ddx com ARDS]);
alta;
▪ Na auscultação temos crepitações inspiratórias cuja
• Naqueles em que excluímos não será preciso ecoTT;
extensão depende da congestão;
▪ Temos também abolição do MV devido a derrame pleural Por fim, o ECO é o método de eleição para avaliação estruturo-
(frequente na disfunção biventricular, +bilateral mas pode funcional cardíaca:
ser unilateral à direita);
▪ A sua ausência não excluir a pressão venosa elevada • Avaliação da função sisto-diastólica, da dimensão de
(aumento crónico da drenagem do edema); câmaras, espessura de paredes, avaliação valvular e
o De congestão sistémica: discussão da etiologia da IC;
▪ Turgescência venosa jugular: reflete PAD e inicialmente
podemos apenas ver reflexo abdominojugular; O raio X tem utilidade
▪ Edema dos membros inferiores (simétrico nas zonas limitada na IC mas útil
pendentes); para diagnóstico
▪ No abdómem podemos ter hepatomegalia (dolorosa e diferencial com
pulsátil se ITric), ascite e icterícia mais tardios decorrente causas extra-
de insuficiência hepática secundária a hipoxemia; cardíacas e para ver
o De baixo débito:
sinais de congestão
▪ Hipotensão, taquicardia, diaforese, extremidades frias,
pulmonar (linhas de
pele marmoreada, tempo de perfusão capilar aumentado;
Kerley B, cefalização
▪ Pulso carotídeo alternante (sinal de gravidade, apenas
valorizado se temos ritmo de vasos e padrão de
sinusal); asas de morcego).
▪ Respiração de Cheyne-Stokes
(hiperpneia seguida de apneia
em ciclo, presente em 40% de
IC avançada);
Estudos analíticos incluem hemograma, ionograma, perfil renal / • Diuréticos de ansa (furosemida, torsemida) representam a
hepático / lipídico / glicémico / tiroideio, PN e cinética do ferro para classe mais potente sobre a excreção renal de sódio, úteis
avaliar comorbilidades, fatores precipitantes e decidir tratamento. em todos os estadios da IC mesmo na presença de TFG
diminuída e efeito potenciado por outros diuréticos;
Outros MCDTs incluem prova de esforço, eco de stress, angioTAC
• Tiazidas são eficazes em monoterapia apenas na IC ligeira
coronário, cateterismo, RM, ecoTE e biópsia endomiocárdica.
mas ineficaz se taxa de filtração glomerular <50% exceto a
metolazona (apenas em combinação com os de ansa);
Tratamento:
• Poupadores de K+ são de ação fraca (só usado em
Os objetivos com o tratamento passm pela melhoria do prognóstico associação) e contra-indicados na insuficiência renal grave
(prevenir progressão de IC) e alívio ou controlo sintomático (com • EA: hipocaliemia/magnesemia (maior risco de arritmias),
subsequente melhoria da qualidade de vida). alcalose metabólica, hipotensão, reações alérgicas;
o Nas tiazidas adicionamos a hiperglicemia e
Além disso de acordo com o diagnóstico deverão ser consideradas hiperuricemia;
terapêuticas específicas (revascularização, substituição ou o Nos de ansa a ototoxicidade;
reparação valvular e tratamento de doença subjacente). o Nos poupadores a ginecomastia, impotência e
Neste caso, baseamos o tratamento de acordo com a FEVE. Na ICFEr: alterações menstruais;
• Inibidores da enzima conversora da angiotensina:
• Terapêutica não farmacológica: • Inibem a conversão da ANG e degradação da bradicinina;
o Abstinência alcoólica (reversível até certo ponto) e • Papel central na prevenção e tratamento da IC porque
cessação tabágica; atrasam o começo/progressão de IC assintomática,
o Restrição de sal (importante na resolução de melhoram os sintomas (NYHA) e reduzem a mortalidade;
sintomas congestivos) e líquidos (1,5L/dia na IC • Contraindicações: história de angioedema, hipotensão,
grave) e controlo do peso (registo para avaliar peso gravidez, estenose bilateral das artérias renais, insuficiência
em água); renal e hipercaliemia;
o Evicção de certos fármacos (AINE’s, corticóides), • EA: hipotensão, IR, tosse, angioedema, leucopenia e rash;
que podem aumentar a retenção de líquidos; • Antagonistas dos recetores da angiotensina:
o Repouso na IC descompensada mas atividade física • Atuam ao nível do recetor AT1 onde bloqueiam os efeitos da
regular (sem provocação de sintomas) na angiotensina (com efeito similar ao dos IECAs sem aumento
compensada para reabilitação cardíaca; da bradicinina);
o Cuidados com viagens em altitude, devido à • EA: menos efeitos laterais (tosse, angioedema) e mesmas
hipoxemia e vacinação (infuenza, pneumococcus contraindicações dos IECAs podendo ser usados em
por serem doentes em que esperamos respostas alternativa (mas não devem ser usados em combinação);
graves à infeção prevenível); • Beta bloqueadores:
o Educação paciente e família • Agem de acordo com o nome e possuem valor na IC ao
• Terapêutica farmacológica (passamos de apenas alívio reduzirem o remodeling, melhorarem a função cardíaca,
sintomático para uma modificadora de prognóstico com reduzindo a hospitalização/morte/sintomas;
antagonismo neuro-hormonal com 4 PILARES); • Possuem efeito anti-isquémico/hipertensor/arrítmico;
o Titulamos até á dose máxima (dado o efeito ser • Contraindicações: choque cardiogénico, bradicardia
maior quanto maior a dose) e se não tolerados extrema, BAV >2ºG, asma e claudicação intermitente;
existe mau prognóstico; • EA: bradicardia, broncospasmo, hipotensão e fatigabilidade;
• Enquanto qualquer IECA demonstra benefício (efeito de
classe) apenas alguns BB o tem (bisoprolol, carvedilol,
metoprolol);
o Os benefícios são dose dependentes, ou seja, se
tolerado aumentamos doses 2/2 semanas;
• Antagonista dos recetores de aldosterona:
• Adicionam ao IECA e BB e monitorizam a função renal, mais
especificamente o potássio, poir impedir a ligação da
aldosterona produzida pelo SRAA ao seu recetor;
• Impede a retenção de água, ativação do SNS e fibrose
mediada pela mesma do coração;
• Usamos a espironolactona (EA: ginecomastia) e eplerenona
em alternativa;
• Inibidor do recetor da angiotensina e da neprilisina (ARNI):
• LCZ 696 (valsartan+sacubitril) consiste na associação de um
ARA com um inibidor da neprilisina;
• Diuréticos • É benéfico com inicio precoce de tratamento e
• Também úteis no tratamento de sintomas ao reduzirem a recomendado como 1ª linha ou em troca pelo IECA nos que
congestão pulmonar, PVJ e edema periférico; se mantém sintomáticos apesar da TMO;
• A sua utilização é ajustada à volémia: existem doses • Superior ao IECA no que toca a morte e hospitalização por
crescentes e associação com outros diuréticos com IC, não pode ser associado a ele e caso queiramos trocar
progressão da IC; precisamos de esperar 36h;
Para as arritmias:

• CDI como prevenção 2ª (independentemente da FE) perante PCR,


TVMS ou EAM á menos de 48h e como prevenção 1ª na IC
sintomática com FE<35 apesar de >3 meses de TMO caso tenha
MCP isquémica ou não (EAM>40 dias) – critério aplicável caso a
EMV seja superior a um ano;
o Não existe benefício nos NYHA IV;
• Ressincronização é recomendada em 25% das IC dado o atraso
na condução intraventricular (QRS alargado e causa de atraso
interventricular) que prejudica a contração/enchimento e, por
sua vez, agrava a IC – comummente vista como BRCE;
o Recomendada nos sintomáticos com RS que apesar de
TMO mantém FE<35 e QRS>140ms;

Com os 4 pilares reduzimos o risco relativo em 73%, o absoluto em


• Inibidor da SGLT2 (canal de reabsorção de 90% da glucose 25% e o NNT é de 4 em 24 meses.
localizado no TCD arrastando água com o seu movimento):
Definimos IC terminal como um doente persistentemente em classe
• Seja o estudo DAPA ou EMPA, nos pacientes com ou sem
III-IV apesar de terapia otimizada (médica e dispositivos) e na
DM2 e com TMO mostraram redução do endpoint primário;
ausência de fator precipitante. Nestes casos a opção passa pelos:
• Outros:
• Hidralazina e dinitrato de isossorbida que são • Transplante cardíaco considerado nos terminais mas motivados,
vasodilatadores com benefício comprovado redução de bem informados, emocionalmente estáveis e capazes de cumprir
mortalidade numa população específica (raça negra, FEVE tratamento intensivo pós-op;
reduzida, NYHA III-IV já sób IECA+BB+MRA); o Contraindicações: DAPO ou DCV severa, etilismo, abuso
• Ivabradina, inibidor dos canais If do nó SA reduzindo a FC de droga, neoplasia maligna tratada nos últimos 5 anos,
(apenas se temos ritmo sinusal), também com efeito na TEP recente, úlcera não curada, doença sistémica,
mortalidade e sintomas e são usados caso intolerância a BB IRenal grave, depressão,
ou sintomático já com IECA+BB+MRA, RS com FC>70; hipertensão pulmonar fixa;
• Digoxina é inotrópica, atenua os barorrecetores e é simpato- o Além disso também é
inibitórios; com papel reduzido na IC (apenas reduz necessária compatibilidade ABO
hospitalização); possui uma janela terapêutica estreita e ter em conta o tamanho
exigindo baixas doses e monitorização do seus níveis; corporal
o Apenas usado nalguém com TMO e sintomas caso o Existe sobrevida de 83% a um
ivabradina esteja fora de questão (ritmo não ano, 76% a 3 e EMV de 10 anos;
sinusal); o Usamos esquemas de imunossupressão agressivos
• BCC não DHP estão contraindicados na ICFEr devido ao seu (CTT+ciclosporina/tacrolimus+MF/azitoprina/sirolimus);
efeito inotrópico negativo; o Complicações incluem rejeição (aguda/crónica), DAC do
• Hipocoagulação realizada, devido ao risco elevado de transplantado, neoplasias (linfoproliferativas e
embolia, nos seguintes: IC grave (estado de cutâneas) e infeções;
hipercoaguabilidade adquirido) FA; trombo do VE; história de • Dispositivo de assistência
embolia; TVP ou aneurisma ventricular; ventricular (LVAD) substitui
a função ventricular e,
Comorbilidades incluem:
muitas vezes, serve como
• Apneia do sono: comum sendo os episódios de hipoxemia e compasso de espera para
despertares fatores de descompensação e uso de CPAP noturno transplante, decisão,
associa-se a melhoria sintomática; recuperação ou tx optado
• Anemia: fator de agravamento do NYHA e o ferro EV corrige (por exemplo, nas IC
melhorando também a capacidade funcional (carboximaltose férrica) terminais não elegíveis
• Depressão: comum na IC e fator de agravamento do estado para transplante);
funcional e qualidades de vida associado a aumento de o O estudo
mortalidade; REMATCH
• Arritmias auriculares: frequentes e causa de descompensação concluiu que LVAD está associado a maior
(principalmente FA), para o qual fazemos controlo de ritmo com sobrevivência e qualidade de vida em relação a TMO,
amiodarona ou intervenções invasivas; o São candidatos aqueles com >2 meses com sintomas
• DM: frequente, lidamos com ele com iSGLT2 sendo as glitazonas severos apesar de terapia ótima e pelo menos um dos
contraindicadas na IC porque a agravam; seguintes:
• Arritmias ventriculares: a morte súbita de causa arrítmica é 50% ▪ FEVE<25% e pico VO2<12 ml/kg/min;
da mortalidade na IC e, portanto, é preciso corrigir fatores ▪ >3 hospitalizações por IC;
precipitantes (alts hidro-eletrolíticas, ácido-base, evitar anti- ▪ Dependente de inotrópicos;
arrítmicos) e melhorar a função cardíaca para, assim, reduzir a ▪ Disfunção de órgão devido a hipoperfusão;
atividade neuro-hormonal causadora destes eventos; ▪ Deterioração progressiva da fVE;
No outro extremo temos a ICFEp em que ao contrário a anterior, o É necessário monitorizar débito urinário, ionograma, peso e
nenhuma terapia medicamentosa permitiu redução da mortalidade BNP com o objetivo de euvolémia;
exceto o ARNI e os iSGLT2 (visto que aqueles cuja ação é dependente • Vasodilatadores reduzem as pressões de enchimento das
de inflamação como iPDE4 e nitratos são inúteis). câmaras e RVP (menor pré e pós carga);
o Nitroglicerina EV (20ug/min até 400) tem efeito venodilatador
• O estudo PARAGON que comparou ARNI com ARA mostrou
apenas reduzindo a pré-carga;
melhoria significativa daqueles com FEVE mais baixa dentro
o Nitroprussiato de sódio EV (0,2 ug/kg/min) com efeito
do critério de preservado e nas mulheres;
vasodilatador arterial e venoso que reduz ambas as cargas
• O estudo DELIVER/EMPEROR comprovaram que a
aumentando o DC;
dapaglifozina/empaglifozina reduzem o risco de
o Têm inicio rápido e semi-vida curta mas implicam
agravamento e morte por ICFEp;
monitorização PA pelo risco de hipotensão;
Como a terapia farmacológica não tem tanto peso o objetivo é: o Nesiritide: análogo dos PN com efeito intermediário entre os
anteriores sem efeito na mortalidade (uso não
• Controlo dos sintomas congestivos com restrição de sal e recomendado);
diuréticos; o Seralaxina: análago da relaxina com efeito benéfico em
• Modular FC para evitar taquicardia com BB ou BCC não DHP; endpoints secundários (redução de sintomas e congestão)
• Assegurar perfil HT normotenso para prevenir HVE; mas sem efeito na mortalidade (uso não aprovado);
• Controlo de outras comorbilidades (obesidade, DPOC, anemia e o Falharam? Apesar do estabilidade hemodinâmica? É porque
DRC); existe LRA;
• Inotrópicos positivos naqueles com DC persistentemente baixo
Agora relativamente ao tratamento da IC aguda dado que qualquer IC
com má perfusão tecidular:
independentemente da FE pode, pela retenção de fluídos,
o Aminas simpaticomiméticas:
descompensar:
▪ Dopamina em dose baixa (<2ug/kg/min, estimulo
• Podemos estar presentes uma descompensação típica dopaminérgico, ef. vasodilatador);
(normotensa [hipervolémia] ou hipertenso [euvolémia]), sob a ▪ D em dose médica (2-5, estímulo beta1, ef. inotrópico +);
forma de EAP, associada a baixo DC ou a choque cardiogénico; ▪ D em dose alta (>5, estímulo alfa, ef. vasoconstritor);
• Objetivos gerais incluem identificar a causa, fatores ▪ Dobutamina estímula betas ½ e alfa tendo efeito
precipitantes (ex: incumprimento terapêutico) e estabilização inotrópico + e vasodilatador ligeiro;
hemodinâmica para instalar TMO; o Inibidores PDE3:
• O diagnóstico e tratamento são quase simultâneos e incluem RX, ▪ Amrinona e Milrinona (ajuste renal e mais potente) que
ECG, ecoTT, análises e gasimetria entre outros como MCD e potenciam o efeito das aminas simpaticomiméticas;
como TX orxigenoterapia (se SpO2<90%), opiáceos (morfina EV, o Sensibilizadores ao cálcio:
também venodilatadora e ansiolítica), diuréticos (furosemida EV ▪ Levosimendan com os mesmos efeitos sem aumentar o
pela ação venodilatadora imediata e diurese tardia), cálcio nem o consumo de O2;
vasodilatadores e inotrópicos; o As suas primeiras classes atuam ao aumentar a
concentração de AMPc o que eleva a concentração de
cálcio e contração muscular;
o O seu uso é concomitante com maior risco de arritmias e por
isso apenas são usados em situação específica (choque) ou
por curta duração (transplante);
• Vasopressores com dopamina a >5 e noradrenalina que estimula
os recetores alfa e beta;
• Para suporte circulatório nos que não respondem a tx médico:
o Balão de
contrapulsação
intraórtica;
o Impelia – bomba
intraventricular
que substitui a sua
função;
o Membrana de oxigenação extracorpórea (ECMO)

• Diuréticos possuem efeito rápido no alívio sintomático mas


devido á absorção oral prejudicada prefere-se EV;
Após estabilização introduzimos TMO modificadora de prognóstico
o Combinam-se 2 classes (ansa+tia) o que traz maior
antes da alta, aconselhamos melhoras no estilo, técnicas de
eficácia mas aumenta risco de hipocaliemia;
autovigilância da IC (edemas) e avaliamos a curto prazo.

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