O espasmo coronariano pode ser localizado ou mesmo amplo, e ocorrer em repouso ou não.
Afeta, em geral, artérias com aterosclerose, porém pode ocorrer também em artérias sem
doença. Acredita-se que o principal mecanismo fisiopatológico seja uma hiperreatividade da
célula muscular lisa da vasculatura. Outros fatores como disfunção endotelial e distúrbios do
sistema nervoso autônomo podem estar implicados na fisiopatologia do quadro.
Apresentação Clínica
Anamnese
Fatores de risco:
Tabagismo;
Exame Físico
O exame físico fora das crises tende a ser normal. Durante os episódios de dor os pacientes
podem apresentar diaforese, hipertensão, taquicardia, ritmo de galope e, dependendo do vaso
acometido, pode ocorrer até mesmo bradicardia.
Abordagem Diagnóstica
Eletrocardiograma (ECG): O ECG fora da crise tende a ser normal, porém se o exame for
realizado no momento da dor pode apresentar alterações no segmento ST, como supra ou
infradesnivelamento. Sempre que o paciente apresentar dor e for possível, um ECG deve ser
providenciado.
Cateterismo: O cateterismo serve não só para o diagnóstico, mas também para a exclusão
de obstrução fixa. Está indicado nesses pacientes tanto para documentar o vasoespasmo,
quanto para excluir aterosclerose significante. Testes provocativos com acetilcolina ou
hiperventilação podem ser tentados quando há dúvida diagnóstica e quando foi afastado
doença aterosclerótica importante.
Critérios Diagnósticos
Diagnóstico Diferencial
Doença Arterial Coronariana; * INFO
Síndrome Coronariana Aguda; * INFO
Doença do Refluxo Gastroesofágico; * INFO
Espasmo de Esôfago; * INFO
Síndrome X Cardíaca. * INFO
Complicações e Prognóstico
Pode ocorrer infarto agudo do miocárdio em 25% dos pacientes não tratados, o tratamento
tende a reduzir esses eventos. A depender do vaso acometido pelo espasmo, o paciente pode
apresentar bradiarritmia ou taquiarritmias culminando inclusive em morte súbita.
Em geral, o prognóstico desses pacientes a longo prazo é bom, principalmente dos pacientes
em tratamento. Os pacientes com doença coronariana e vasoespasmo tendem a ter
desfechos piores.
Abordagem Terapêutica
A terapia se baseia em nitratos de ação rápida, assim como nos de ação longa e nos
bloqueadores de canal de cálcio.
Todo episódio de dor com alteração eletrocardiográfica deve ser estratificado para doença
coronariana com coleta de curva enzimática e testes provocativos. Feito o diagnóstico, os
episódios de dor podem ser aliviados com dinitrato de isossorbida 5 mg sublingual.
As estatinas podem ter papel importante na doença ao melhorar a utilização do óxido nítrico
endotelial, principalmente em pacientes portadores de aterosclerose.
Guia de Prescrição
Autoria
Equipe adjunta:
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