Cardiovasculares
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO................................................................................................................................... 4
INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 7
UNIDADE ÚNICA
CRISE HIPERTENSIVA/ EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
CRISE E EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA......................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
EDEMA AGUDO DE PULMÃO.................................................................................................. 13
CAPÍTULO 3
SÍNDROMES CORONARIANAS ................................................................................................ 17
CAPÍTULO 4
DISTÚRBIOS DO RITMO CARDÍACO......................................................................................... 32
CAPÍTULO 5
REANIMAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA.................................................................................... 54
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 69
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
6
Introdução
O presente caderno de estudos apresenta como objetivo enriquecer seus conhecimentos relativos
às urgências e emergências cardiovasculares. Vale lembrar que as intercorrências cardiovasculares
são consequências de problemas clínicos e pós-cirúrgicos, portanto a abordagem multiprofissional
rápida e eficaz é de suma importância.
Nosso objetivo é direcioná-lo e despertar seu lado crítico. Para tanto, ao final de cada patologia,
segue indicações de textos complementares.
Um profissional com bom embasamento teórico e em constante busca pela atualização de seus
conhecimentos terá destaque no mercado de trabalho.
Objetivos
»» Aprofundar os conhecimentos teóricos sobre emergências e urgências cardiológicas.
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CRISE
HIPERTENSIVA/ UNIDADE ÚNICA
EMERGÊNCIA
HIPERTENSIVA
CAPÍTULO 1
Crise e Emergência Hipertensiva
Hipertensão Arterial
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) acomete grande parte da população, consistindo em uma
síndrome multifatorial diretamente relacionada à lesão orgânica associada. É considerada como um
dos principais fatores de risco controláveis para as doenças cardiovasculares.
Dessa forma, mediante os efeitos deletérios, evitáveis a longo prazo, causados por essa patologia
silenciosa, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) traçou novas diretrizes para o problema.
Entre elas, os novos parâmetros pressóricos a serem considerados.
Quando as pressões sistólica e diastólica situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser
utilizada para classificação da pressão arterial
* Pressão normal-alta ou pré-hipertensão são termos que se equivalem na literatura
Diretrizes SBC (2010).
9
UNIDADE ÚNICA │ CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA
Emergências Hipertensivas
As emergências hipertensivas são descritas como eventos agudos graves de hipertensão arterial,
nos quais o paciente pode apresentar lesão de órgãos-alvo e risco iminente de morte (SBC, 2010).
É classificada como aumento súbito da Pressão Arterial (PA > 180 x 120 mmHg), podendo ser
sintomática grave, com sintomas de dispneia e precordialgia, ou sintomática leve, associada a
cefaléia, distúrbios visuais, confusão mental. (MORTON et al., 2007)
»» Dissecção aórtica
»» Queimaduras extensas
»» Períodos pós-operatórios
»» Eclampsia
Diagnóstico
O exame físico deve ser direcionado à investigação de lesão em orgãos-alvo, compondo a palpação
de pulsos periféricos; a mensuração da pressão arterial; a ausculta cardíaca, em busca de sopros
e galopes; a ausculta pulmonar, em busca de sinais de congestão; a pesquisa de sopros renais; e o
exame de fundo de olho. É importante verificar algum outro evento desencadeador, como o uso de
catecolaminas, hipervolemia, e a dor.
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CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA │ UNIDADE ÚNICA
Tratamento
É sugerido a redução gradual da pressão arterial, visto o risco de hipoperfusão tissular em quedas
abruptas da pressão arterial. Segundo Feitosa Filho et al. (2008), a PA deve ser reduzida entre 10
a 20% na primeira hora com o uso de drogas endovenosas e, posteriormente a 6 horas, iniciar a
terapia anti hipertensiva de manutenção, via oral. A PA adequada deve ser obtida em 24 a 48 horas
de tratamento.
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UNIDADE ÚNICA │ CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA
Emergências hipertensivas Tratamento dos níveis pressóricos (em ordem cronológica de administração)
Edema agudo de pulmão Nitrato sublingual
Furosemida por via venosa
Morfina por via venosa
Nitroprussiato de sódio, por via venosa, (se PAS > 180 mmHg) ou nitroglicerina
(se PAS < 180 mmHg)
Síndrome coronária aguda Nitrato por via sublingual
Morfina por via venosa
Betabloqueador por via venosa
Nitroprussiato de sódio por via venosa (se PAS > 180 mmHg) ou nitroglicerina
por via venosa (se PAS < 180 mmHg)
Dissecção aguda de aorta Betabloqueador por via venosa
Morfina por via venosa
Nitroprussiato de sódio por via venosa
Encefalopatia hipertensiva Nitroprussiato de sódio por via venosa
Hipertensão maligna Nitroprussiato de sódio por via venosa
Acidente vascular encefálico isquêmico Nitroprussiato de sódio por via venosa
candidato à trombólise ou hemorrágico Acrescentar nimodipina por via oral, se HSA
Eclampsia Hidralizina por via venosa
Excesso de catecolaminas Alfa-bloqueador (fentolamina) por via venosa
Benzodiazepínico
Betabloqueador por via nenosa
PAS - pressão artcrial sistólica, HSA - hemorragia subaracnóidca
Após o controle do quadro agudo, é necessária a continuidade do tratamento de acordo com a causa
subjacente, e, se pertinente, a introdução ou readequação das medicações anti hipertensivas orais,
para a manutenção do controle pressórico.
<http://www.anad.org.br/profissionais/images/VI_Diretrizes_Bras_Hipertens_
RDHA_6485.pdf>
<www.scielo.br/pdf/rbti/v20n3/v20n3a14.pdf>
<www.cienciasdasaude.famerp.br/racs_ol/Vol-11.../11%20-%20id%2075.pdf>
<http://scholar.google.com.br/scholar?start=10&q=crise+hipertensiva&hl=pt-
BR&as_sdt=0,5&as_ylo=2008>
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CAPÍTULO 2
Edema Agudo de Pulmão
O edema agudo de pulmão consiste no acúmulo anormal de líquido nos pulmões, decorrentes de
causas cardíacas ou não cardíacas. Assim, o líquido pode acumular-se nos espaços intersticiais ou
nos alvéolos.
Fisiopatologia
CAUSAS CARDÍACAS – Resultante de uma diminuição da capacidade de bombeamento do
Ventrículo Esquerdo (VE).
Assim, quando o VE não consegue ejetar o sangue para a artéria aorta, devido a um aumento na
Resistência Vascular Sistêmica (RVS), ou devido a contratilidade ineficaz do músculo cardíaco, ocorre
aumento da pressão nas câmaras cardíacas esquerdas (AE e VE), subsequente aumento na pressão
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UNIDADE ÚNICA │ CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA
venosa pulmonar e aumento da pressão hidrostática. O líquido intravascular é empurrado para fora
dos capilares, extravasando para o interstício e para os alvéolos. Dessa forma, há comprometimento
da troca gasosa, resultando em hipoxemia.
As fibras cardíacas possuem grande elasticidade, e quanto maior o volume de enchimento, dentro
de limites fisiológicos, maior será o volume ejetado.
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CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA │ UNIDADE ÚNICA
»» Ansiedade e agitação
»» Dispneia súbita
»» Sensação de sufocação
»» Confusão mental
»» Torpor
»» Dessaturação de O2
Cuidado básico: posição ereta, sentado, com MMII pendentes, pois reduz o retorno venoso, a
pré-carga e, consequentemente, o trabalho cardíaco.
Tratamento
»» Menmônico MOND = Morfina, oxigênio, nitrato, diurético
O uso da ventilação não invasiva, com PEEP (pressão expiratória final positiva)
mais elevado, diminui o retorno venoso, diminuindo o líquido extravasado para
o interstício, melhorando a oxigenação. É uma alternativa utilizada para reduzir
o desconforto respiratório e diminuir o trabalho cardíaco.
2. Morfina (EV) – é uma droga opiácea forte, utilizada com o intuito de diminuir a
resistência periférica, por meio da vasodilatação, diminuir o retorno venoso, pela
venodilatação, e melhorar a ansiedade. A morfina diminui a pressão dos capilares
pulmonares e do extravasamento de líquido.
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UNIDADE ÚNICA │ CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA
<www.laeme.ufba.br/Slides/EDEMA%20AGUDO%20DE%20PULMÃO.ppt>
<www.perspectivasonline.com.br/revista/.../volume%203(9)%20artigo8.pdf>
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CAPÍTULO 3
Síndromes Coronarianas
Em decorrência da transição epidemiológica das doenças, ocorrida nos últimos anos, houveram
mudanças referentes ao perfil do paciente crítico. Assim, houve o declínio de doenças infecto
contagiosas, e o aumento exponencial das afecções por doenças crônicas não transmissíveis, entre
elas, vale destacar, as doenças cardiovasculares.
Considerando as doenças cardiovasculares, a doença da artéria coronária deve ser citada. Assim, o
aumento de sua prevalência faz com que novas modalidades terapêuticas sejam desenvolvidas, com
o intuito de minimizar os danos clínicos decorrentes das síndromes isquêmicas. Para tanto, faremos
uma breve recordação sobre as Síndromes Coronarianas Agudas (SCA), para, enfim, abordarmos a
terapêutica de reperfusão percutânea e cirúrgica.
»» Angina instável
»» Cardiomiopatia isquêmica
»» Morte súbita
Os fatores de riscos associados a doenças são descritos como fatores não modificáveis e fatores
modificáveis.
»» Idade
»» Sexo (masculino)
»» Etnia
»» Hiperlipidemia
»» Hipertensão
»» Tabagismo
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UNIDADE ÚNICA │ CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA
»» Obesidade
»» Inatividade física
»» Hiper-homocisteinemia
»» Lipoproteína elevada
Segue uma breve síntese sobre as variações clínicas, para melhor compreensão da terapêutica.
Angina Pectoris
Síndrome clínica caracterizada por desconforto torácico resultante de uma isquemia miocárdica
transitória.
Fisiopatologia
A angina está associada a uma obstrução significante de uma artéria coronária importante,
resultando no seguinte.
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CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA │ UNIDADE ÚNICA
Fatores Precipitantes
»» Esforço físico = resulta em demanda de O2 para o miocárdio
»» Falta de ar
»» Palidez
»» Vertigem
»» Náuseas e vômitos
»» Ansiedade
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UNIDADE ÚNICA │ CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA
A principal característica do IAM , é o fato da isquemia ser refratária ao uso de nitratos, e que
há alterações nos marcadores de lesão cardíaca. O diagnóstico é igual ao utilizado para a angina,
vistas as diferenças citadas referentes à dor e aos marcadores. É importante ressaltar que as
alterações eletrocardiográficas podem evidenciar infradesnivelamento do segmento ST ou supra
desnivelamento do segmento ST, indicando uma oclusão total do vaso.
Cuidado Hospitalar
»» Determinar se há supradesnivelamento de ST, por meio do ECG 12 derivações.
5. Segunda avaliação dos marcadores séricos para lesão miocárdica (em > 6 horas
após o início da dor torácica).
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CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA │ UNIDADE ÚNICA
»» Onda T apiculada
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UNIDADE ÚNICA │ CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA
»» Não oclusivos
»» Tratar complicações agudas e com risco de vida da SCA, como FV, TV sem
pulso, taquicardias instáveis, bradicardias sintomáticas.
»» ECG 12 derivações
»» Raio-X tórax
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CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA │ UNIDADE ÚNICA
›› Aspirina 162-325 mg
›› Nitroglicerina SL
Não é necessário fornecer oxigênio suplementar para pacientes sem evidência de desconforto
respiratório, e caso a saturacao de oxi-hemoglobinas seja ≥ 94%, administre morfina com cautela a
pacientes com angina instável. Há evidência insuficiente para sustentar seu uso rotineiro em SCA
sem complicações.
A morfina é indicada em IAMST (sem supra) /EAMCSST (com supra), quando o desconforto
torácico não responde a nitratos. Deve-se usar morfina com cautela em angina instável/não-
IAMSST/ EAMCSST, visto que sua administração esteve associada a uma maior mortalidade em
grande registro.
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UNIDADE ÚNICA │ CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA
Em casos de IAM com supra, com sintomas inferiores a 6 horas, considerar a possibilidade de
reperfusão farmacológica rápida com a Terapêutica fibrinolítica.
›› Terapia até 12 horas do início dos sintomas (até 6 horas EV, após 6 horas
intra-arterial)
›› Determinação da elegibilidade
Contraindicação de Trombólise
»» Sangramento ativo
Portanto, em determinadas situações nas quais não se aplica o uso de trombolíticos, seja por clínica
ou por tempo, fará necessária a identificação da oclusão, bem como seu tratamento definitivo.
Assim, é importante considerar a intervenção percutânea por meio da cineangiocoronariografia, ou
revascularização miocárdica aberta.
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CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA │ UNIDADE ÚNICA
O CAT, nas primeiras 24 horas, é indicação prioritária em alguns casos, sendo considerado um
procedimento seguro.
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UNIDADE ÚNICA │ CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA
»» Menor mortalidade
»» Menor re-infarto
»» Comunicar alterações.
»» Manter curativo oclusivo após 12 horas, se dissecção braquial (sutura por 8 dias), se
punção femoral (curativo compressivo por 12 horas).
O paciente submetido a angioplastia, requer cuidados ainda mais específicos, pois estes retornam
à UTI, ainda com a bainha introdutora, pois no ínterim do procedimento recebem medicamentos
anticoagulantes.
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CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA │ UNIDADE ÚNICA
»» Dieta leve.
Vale considerar que, embora a reperfusão possa se dar por mecanismos intervencionistas, em alguns
casos há a necessidade de procedimentos cirúrgicos mais invasivos, para que seja estabelecida a
circulação coronariana. Nesses casos, faz-se necessário a cirurgia de revasularização miocárdica.
Os vasos utilizados para o bypass: são a veia safena, artéria mamária, artéria radial e artéria
gastroepiploíca.
»» Angina instável
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UNIDADE ÚNICA │ CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA
»» Teste de esforço positivo, com lesões e bloqueios que não podem ser tratados por
intervenções percutâneas
A maioria dos procedimentos cirúrgicos cardíacos são possíveis devido ao bypass cardiopulmonar,
também conhecido como circulação extracorpórea (CEC). Através da CEC é possível circular
e oxigenar o sangue mecanicamente, desviando a passagem pelo coração e pelos pulmões. Esse
procedimento possibilita um campo cirúrgico viável, sem alterar a perfusão tissular.
A derivação (desvio) ocorre quando se introduz uma cânula no átrio direito, na veia cava ou na veia
femoral, com o intuito de drenar o sangue. Acoplado à cânula, é conectado uma solução de irrigação,
com solução isotônica. Esse sangue é, então, filtrado, oxigenado, resfriado ou aquecido e devolvido
ao paciente por uma cânula inserida na aorta ascendente. Para evitar a coagulação no sistema, o
paciente recebe uma solução de heparina e, após o procedimento, é feito o sulfato de protamina,
para antagonizar os efeitos da heparina. A hipotermia (28º a 32ºC) é necessária durante todo o
procedimento, na tentativa de diminuir a demanda metabólica.
Após o procedimento, é importante monitorar o débito urinário, para avaliar a perfusão tissular,
mensurar a pressão arterial, mensurar os gases arteriais, os eletrólitos, os fatores de coagulação
e o eletrocardiograma.
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CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA │ UNIDADE ÚNICA
›› Instabilidade hemodinâmica
›› Arritmias
›› Hipotermia
›› Sangramentos
›› Distúrbios neurológicos
Para uma assistência adequada, é necessários alguns requisitos básicos, inerentes ao profissional
que assiste ao paciente.
»» Débito cardíaco
»» Fração de ejeção
»» Circulação coronariana
»» Equilíbrio miocárdico de O2
»» Patologias valvulares
»» ECG – eletrocardiograma
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UNIDADE ÚNICA │ CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA
»» DC – débito cardíaco
»» Modo ventilatório
»» Oximetria de pulso
»» Gasometria arterial
Além de cuidados relativos ao débito urinário, ao débito de sangue pelos drenos, e à temperatura
corporal, as complicações relacionadas também devem ser evidenciadas.
»» Complicações cardiovasculares
›› Arritmias
»» Complicações neurológicas
›› Defeitos focais
›› Confusão mental
›› Coma
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CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA │ UNIDADE ÚNICA
›› Pancreatite
»» Complicações respiratórias
<http://www.revespcardiol.org/sites/default/files/elsevier/pdf/255/255v60n10a131
14129pdf001.pdf>
<http://www.scielo.br/pdf/abc/v80n3/p06v80n3.pdf>
<http://www.scielo.br/pdf/rbccv/v21n4/a08v21n4.pdf>
<http://www.scielo.br/pdf/bjcvs/v19n3/v19n3a05.pdf>
<http://www.scielo.br/pdf/abc/v83n2/v83n2a02.pdf>
31
CAPÍTULO 4
Distúrbios do Ritmo Cardíaco
São evidenciadas pelo efeito hemodinâmico que produzem, ou seja, pela influência na frequência
cardíaca e na pressão arterial, fatos estes consequentes da redução do débito cardíaco. As arritmias
são diagnosticadas pela análise do ECG, e nomeadas de acordo com o mecanismo de formação ou
de condução envolvido.
Em situação homeostática (equilíbio), o SA é estimulado numa frequência que varia entre 60 a 100
batimentos por minuto, tendo a função de marcapasso fisiológico. Esse estímulo percorre tecidos
especializados fazendo com que os potenciais de ação percorram todo trajeto através das células,
tecido estes condutores especializados, as fibras internodais até chegaram no nodo AV.
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CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA │ UNIDADE ÚNICA
Assim, mediante a estimulação elétrica do coração, ocorre a resposta mecânica, com consequente
sístole e diástole cardíaca. Esses fatos, simultaneamente, são responsáveis pelo bombeamento
cardíaco. Para tanto, o eletrocardiograma registra as atividades elétricas do coração em forma de
ondas, que mostram o seguinte.
»» A despolarização (contração)
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UNIDADE ÚNICA │ CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA
Interpretação do ECG
Algumas correlações
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CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA │ UNIDADE ÚNICA
Nas bradiarritmias, a frequência cardíaca lenta resulta em fluxo anterógrado insuficiente, resultando
em uma redução perfusional significativa. Nos distúrbios de alta frequência, essa reduz o tempo
de enchimento diastólico, ocasionando congestão pulmonar e redução do débito cardíaco. Assim,
mediante essas desordens, há modificações na perfusão coronariana, bem como no consumo
miocárdio de oxigênio.
A perda dessa sequência AV reduz a função de bomba do coração. Essa relação é mais importante
nos pacientes portadores de cardiopatias, pois estes dependem de um enchimento ventricular
adequado, para não reduzir o débito cardíaco que, muitas vezes, é insuficiente.
3 – Bomba Atrial
4 – Bomba Ventricular
As arritmias recorrentes determinam o efeito depressor sobre a função do ventrículo, o que pode
prolongar a duração do distúrbio do ritmo.
É o ritmo normal do coração, em que o impulso é originado no NSA, em um ritmo regular, e em uma
frequência de, aproximadamente 60 a 100 bpm.
1 - Onda P
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UNIDADE ÚNICA │ CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA
Arritmias Sinusais
Taquicardia Sinusal
Ocorre quando o NA gera frequências aceleradas. Com frequência FC > 100bpm, as características
ECG = ao ritmo sinusal, exceto a FC.
»» Substâncias estimulantes
»» Febre
»» Anemia
»» Hipertireoidismo
»» Insuficiência cardíaca
Devido ao aumento da FC, alguns eventos consequentes acontecem, podendo afetar o débito
cardíaco em caso de taquicardia persistente e doenças subjacentes.
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CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA │ UNIDADE ÚNICA
Bradicardia Sinusal
Ocorre quando o NA gera frequências lentas, com FC < 60 bpm. O ritmo (intervalo RR) é regular,
bem como outros parâmetros, que também são normais. Pode estar presente em corações saudáveis
e doentes.
Causas
»» Sono
»» Dor intensa
»» TRM agudo
»» Medicamentos
A bradicardia sinusal pode ser assintomática, e, em geral, é bem tolerada em pacientes hígidos, portanto
pacientes cardiopatas podem apresentar maior repercussão, visto que não conseguem compensar a
diminuição do FC, com aumento no volume de ejeção, e, consequentemente, apresentam diminuição
do DC;
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UNIDADE ÚNICA │ CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA
Tratamento
Os pacientes assintomáticos não requerem tratamento, sendo este restrito aos casos sintomáticos,
ou seja, com repercussão hemodinâmica.
A escolha farmacológica pauta-se na atropina, na dose de 0,5 a 1 mg EV, pois ela bloqueia a
estimulação vagal. Em caso refratários, o paciente é submetido ao implante de marca-passo
temporário. A bradicardia crônica sintomática requer o implante de marcapasso definitivo.
Arritmias atriais
Complexo único que ocorre quando um impulso elétrico se inicia no átrio antes que o próximo
impulso normal se inicie NSA. Assim, o impulso atrial ectópico descarrega prematuramente,
podendo ser conduzido integralmente para os ventrículos ou bloqueado pelo sistema AV. O QRS
pode ser bizarro e amplo, dependente da regulação temporal.
»» Emoções
»» Fumo
»» Álcool
»» Cafeína
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CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA │ UNIDADE ÚNICA
Tratamento
Usualmente, as extrassístoles atriais não necessitam de tratamento, este deve ser direcionado
à erradicação do evento precipitante. Assim, faz-se necessário a monitoração e o registro das
extrassístoles (ocorrência temporal).
Para pacientes sintomáticos e com taqui supraventricular, utiliza-se como terapêutica farmacológica,
o verapamil e o propranolol.
Como característica, essa arritmia apresenta ritmo atrial rápido, com FC entre 150 e 250 bpm. Tem
início e fim abrupto, com ondas P que precedem o QRS ou as onda P podem estar ocultas.
Geralmente, ocorre em indivíduos sem cardiopatia estrutural, portanto álcool, cafeína, aminas
simpatomiméticas são fatores precipitantes. Pode estar associada à doenças cardíacas, hipóxia,
alterações eletrolíticas, hipertireoidismo e embolia pulmonar.
»» Palpitações e tonteiras
»» Dispneia, precordialgia
Tratamento
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UNIDADE ÚNICA │ CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA
Nos pacientes estáveis, atos simples podem converter a arritmia, como a estimulação vagal
(massagem carotídea). Quando refratária as manobras de estimulação vagal, também pode ser
necessário a terapêutica farmacológica, utilizando a adenosina, digitálicos e betabloqueadores.
Flutter Atrial
Consiste em um ritmo ectópico atrial rápido, no qual os átrios disparam frequências de 250 a 300
bpm. A frequência ventricular é variável de acordo com o bloqueio do NAV, pois este funciona como
filtro ventricular, podendo produzir bloqueio nas sequintes proporções: 2:1, 3:1 e 4:1.
As ondas P apresentam-se serrilhadas ou “cerca de piquete” no ECG, com QRS normal, a não ser
que haja condução aberrante.
O flutter atrial, normalmente, ocorre em pessoas sem cardiopatias, porém sua forma crônica
está associada a doenças cardíacas, como valvulopatias, miocardiopatias, doenças congênitas e
insuficiência coronariana.
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CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA │ UNIDADE ÚNICA
Tratamento
Para pacientes instáveis, o tratamento de escolha é a cardioversão elétrica, para pronta restauração
do ritmo, seguida do controle da causa e administração de medicação anti arrítmica. Para pacientes
estáveis, os digitálicos são uma boa opção terapêutica, pois aumenta o período refratário do NAV e
reduz a resposta ventricular. Outra opção é o verapamil, este pode ser associado ao digital, para controle
adequado de frequência.
Fibrilação Atrial
A fibrilação atrial é caracterizada por um ritmo ectópico atrial rápido, com frequências atriais
que variam de 350 a 500 bpm. Consiste em uma atividade atrial caótica, com ausências de ondas
P definíveis, ondas fibrilatórias rápidas; a frequência ventricular irá depender da capacidade de
bloqueio da junção AV.
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UNIDADE ÚNICA │ CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA
A taquiarritmia atrial mais frequente pode ocorrer de forma paroxística com duração menor do que
48 horas, persistente com duração de 2 dias a semanas; ou crônica, com duração de meses ou anos.
A falência da contração atrial, a diminuição do tempo de enchimento ventricular e a possibilidade
de formação de trombos podem determinar a repercussão hemodinâmica e os fenômenos
tromboembólicos pulmonares e sistêmicos. A frequência ventricular é uma preocupação imediata.
Tratamento
Após o controle da frequência, pode ser necessária a cardioversão eletiva, a depender do tamanho
do átrio, da duração da arritmia, de cardiopatias subjacentes.
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CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA │ UNIDADE ÚNICA
»» Propafenona: dose única de 300 a 600 mg, converte mais de 50% dos casos.
Cardioversão Elétrica
Iniciar com 50 J e aumentar, gradativamente, (50J) em casos resistentes. Devido ao risco de eventos
tromboembólicos, deve-se usar anticoagulantes antes da cardioversão, em pacientes com fibrilação
atrial superior a 48 horas. Na presença de trombo atrial, o paciente deve ser anticoagulado, e
somente ser cardiovertido após confirmação de ausência de trombo por ecocardiografia.
Cardioversão Eletiva
A anticoagulação oral deve ser realizada 3 semanas antes da cardioversão, a qual deve ser continuada
após a cardioversão, em virtude de a contração atrial retornar completamente em torno de 3 semana
após o início do ritmo sinusal.
Cardioversão de Urgência
Na fibrilação atrial com tempo de ocorrência inferior a 48 horas, a cardioversão pode ser realizada
sem a anticoagulação prévia. Quando a arritmia tem duração de mais de 48 horas e não é possível
realizar o ecocardiograma transesofágico, é recomendado realizar a anticoagulação plena com
heparina.
Profilaxia
Após a conversão da arritimia, seja via faramacológica ou elétrica, é importante que seja
implementada a terapia de manutenção. Um dos fármacos mais utilizados, é a amiodarona, segundo
Pires e Starling (2006), esse fármaco manteve o ritmo sinusal, durante 1 ano, em 66% dos pacientes,
e impediu a recidiva em 53%, com a dose de 300 mg.
Vale ressaltar que pacientes com cardiopatias, com átrios grandes e fibrilação atrial crônica tendem
a apresentar recidiva, mesmo em uso de fármacos profiláticos.
Arritmias Ventriculares
Caracteriza-se por um impulso que se inicia em um ventrículo antes do próximo impulso sinusal
normal. Esses impulsos originam-se no tecido de condução distal ao feixe de His. Não há presença
de onda P precedendo o complexo QRS extra sistólico, os QRS apresentam morfologia bizarra.
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Fatores precipitantes
»» Cafeína
»» Nicotina e álcool
»» Isquemia
»» IAM
»» Sobrecarga cardíaca
»» Intoxicação digitálica
»» Hipóxia
»» Acidose
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Tratamento
Nos pacientes sem cardiopatias com extrassístole isolada, não há, habitualmente, indicação de
tratamento com antiarrítmicos, os pacientes sintomáticos, faz-se importante a correção dos fatores
precipitantes; eventualmente, utiliza-se betabloqueadores.
A conduta terapêutica nas extrassístoles ventriculares nos indivíduos cardiopatas necessita ser
analisada no contexto clínico. Na presença de síndromes isquêmicas agudas, o tratamento da
isquemia, da instabilidade hemodinâmica e das alterações eletrolíticas é prioritário. A lidocaína,
que suprime os impulsos extras, está indicada em pacientes sintomáticos ou com instabilidade
hemodinâmica associada.
Taquicardia Ventricular
Origina-se no sistema de condução cardíaco abaixo do feixe de His, gerando complexos ventriculares
aberrantes, com frequência entre 100 a 250 bpm. Um conjunto de três a cinco extrassístoles
ventriculares ectópicas, com duração inferior a 30 segundos, é denominada taquicardia ventricular
não sustentada; estas, em geral, apresentam conversão espontânea. Define-se como taquicardia
ventricular sustentada, quando a arritmia permanece por mais de 30 segundos ou exige conversão
imediata, devido as repercussões hemodinâmicas.
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Tratamento
Para pacientes estáveis, a droga de escolha é a lidocaína, porém, em caso de refratariedade, outros
fármacos também podem ser usados. A prevenção da recorrência é sempre indicada, devido à
gravidade da arritmia. É importante que seja definido o melhor plano terapêutico (drogas anti
arrítmicas, cardioversor-desfibrilador implantável, ablação, cirurgia).
Fibrilação Ventricular
Definida como uma despolarização rápida, irregular e ineficaz do ventrículo, são decorrentes de
estímulos cardíacos ventriculares ectópicos. Não são visualizados QRS, são vistas oscilações
irregulares na linha de base do ECG e podem ter aspecto rude ou fino.
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A Fibrilação Ventricular (FV) pode ser decorrente de variadas circunstâncias, como: isquemia e
infarto agudo do miocárdio, manipulação de cateteres intracavitários (ventriculares), cardiopatias
diversas, uso de medicamentos arritmogênicos, distúrbios eletrolíticos graves (alterações do
potássio). É comumente precedida por outras arritmias graves; a FV é a causa mais comum de
morte cardíaca súbita e é fatal quando não implementadas as medidas de reanimação prontamente.
Conforme evidenciado pela figura acima, tão logo o paciente seja desfibrilado, ele deve receber
massagens cardíacas, visto que, após o choque, o indivíduo apresenta ritmo cardíaco sem perfusão
(AESP ou assistolia) nos primeiros minutos pós-choque.
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Na figura a seguir, percebe-se o quanto é importante a terapêutica elétrica precoce, para a sobrevida
do paciente.
Vale ressaltar que, embora a desfibrilação seja crucial para reversão da arritmia, a correção
das causas e a administração de antiarrítmicos é importante. A amiodarona é empregada,
sendo inicialmente, realizada uma dose em bolus 300 mg. Em caso de recorrência, deve
ser seguida da administração de uma segunda dose de 150 mg, e uma dose de manutenção
contínua via EV.
Anormalidades de Condução
(Bloqueios Atrioventriculares)
»» Distúrbios valvulares
»» IAM, isquemia
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Os sinais e sintomas decorrentes dos bloqueios AV variam de acordo com o grau de bloqueio, com a
frequência ventricular e com a gravidade de qualquer patologia subjacente. Em geral, os bloqueios
podem gerar: diminuição da FC, com consequente diminuição do débito cardíaco e da perfusão
para órgãos vitais.
Bloqueio AV de 1o grau
Ritmo sinusal com intervalo PR superior a 0,20 segundos; a onda P é conduzida e o intervalo PR é
constante. O bloqueio ocorre no nó AV e, mais raramente, no feixe de His. Quando o complexo QRS
tem duração aumentada, é significado que o retardo está no NAV ou no feixe de His-Purnkinje.
Por ser encontrado em pacientes sem cardiopatias, este tipo de bloqueio é comumente associado ao
uso de medicamentos, como digital, bloqueadores do canal de cálcio e betabloqueadores.
Tratamento
Não provoca irritabilidade elétrica, assim não é necessário tratamento. Quando ocorre bradicardia
sintomática, é tratada com atropina (0,5 mg), repetida em intervalos de 10 minutos, com dose
máxima de 2 mg.
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Bloqueio AV de 2o grau
Alguns impulsos atriais não atingem os ventrículos. Estes podem ser classificados em Mobitz I ou
Mobitz II.
Aumento gradual do intervalo PR até que um impulso atrial seja bloqueado. Uma característica
desse bloqueio é que o QRS tem duração normal. É observada em pessoas normais e está associado
a fenômenos transitórios (IAM, digitálicos); pode progredir para bloqueios mais graves.
Tratamento
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CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA │ UNIDADE ÚNICA
É descrito como um bloqueio intermitente na condução AV, no feixe de His ou abaixo dele.
Caracteriza-se por um intervalo PR fixo, há bloqueio de uma ou mais ondas P após um impulso
sinusal atrial conduzido. Os bloqueios podem ocorrer na relação 2:1, 3:1 e 4:1. Como não há distúrbio
do NA, o intervalo PP é regular.
O bloqueio AV de 2o grau do tipo II, é, potencialmente, mais perigoso, quando comparado ao tipo
I. Em geral, é permanente e evolui rapidamente para bloqueio de 3o grau (BAVT), com resposta
ventricular lenta, batimentos de 20 a 40/min. É encontrada na cardiopatia chagásica , com lesão
importante no sistema de condução, no IAM, e na miocardite.
Tratamento
No ECG, há presença de ondas P e complexos QRS, portanto sem relação entre eles, constituindo uma
forma de dissociação AV. Os intervalos PP e RR são regulares, mas os intervalos PR são variáveis.
Se há comando do marcapasso juncional (AV), o QRS é estreito, se há comando de marcapasso de
escape ventricular, o QRS é longo.
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As causas de BAV total são semelhantes às causas de bloqueios de menor grau, portanto os BAVTs
são, frequentemente, mal tolerados. A frequência cardíaca será dependente da localização do
marcapasso de escape. A sintomatologia produzida é decorrente do baixo débito cardíaco, se o
débito é normal, o paciente encontra-se assintomático.
Tratamento
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CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA │ UNIDADE ÚNICA
Pacientes estáveis: o implante deve ser realizado após avaliação cuidadosa do caso, levando em
consideração os sinais e sintomas apresentados, as repercussões hemodinâmicas e as cardiopatias
concomitantes.
<http://sociedades.cardiol.br/socerj/revista/2011_02/a_2011_v24_n02_ccompleta.
pdf#page=57>
<http://www.scielo.br/pdf/rba/v60n4/v60n4a12.pdf>
<http://www.scielo.br/pdf/abc/v91n6/a07v91n6.pdf>
<http://www.ccs.ufsc.br/revistaccs/ojs/index.php/REVCCS/article/view/53>
<http://www.scielo.br/pdf/abc/v92n4/v92n4a13.pdf>
<http://www.rbccv.org.br/pdfRBCCV/v26n3a10.pdf>
<http://www.scielo.org.ar/pdf/ic/v5n2/pt_v5n2a04.pdf>
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CAPÍTULO 5
Reanimação Cardiorrespiratória
A técnica de reanimação foi proposta em 1960, por Koucher Wenhoven e Jude, que descreveram o
bombeamento de sangue pelo coração parado por meio da massagem torácica externa, implementada
de forma intermitente sobre o esterno de encontro à coluna vertebral.
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CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA │ UNIDADE ÚNICA
A recuperação dos pacientes é maior quando eles são prontamente reanimados. Até que o diagnóstico
causal seja determinado, a equipe deve preocupar-se em manter o bombeamento cardíaco e a função
respiratória. Vale ressaltar que a taquicardia ventricular (TV) e a fibrilação ventricular (FV) são as
principais causas de parada cardíaca.
Diagnóstico da PCR
Pacientes que apresentem cessação dos batimentos cardíacos e dos movimentos respiratórios
devem ser avaliados por meio de história completa, exame físico e laboratoriais, sendo importante
a obtenção de detalhes sobre o evento precipitantes.
»» Inconsciência ou semiconsciência
O mecanismo causal da PCR, do ponto de vista eletrocardiográfico, deve ser reconhecido via
monitoração eletrocardiográfica. As possibilidades são as descritas a seguir.
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UNIDADE ÚNICA │ CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA
Todos os pacientes são candidatos para reanimação cardiopulmonar, portanto essa indicação é
discutível em alguns casos, como os seguintes.
Nas salas de emergências, em geral, não se tem conhecimento das condições clínicas prévias, nem
do tempo decorrido entre a parada e o atendimento, assim a reanimação é indicada a todos os
pacientes, até que as informações pertinentes sejam obtidas.
Tratamento
As manobras de reanimação cardiopulmonar são o melhor tratamento para a PCR. Elas devem ser
aplicadas precocemente, para restabelecer o fluxo sanguíneo cerebral e coronariano.
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CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA │ UNIDADE ÚNICA
Na próxima figura, segue a cadeia de sobrevivência estabelecida pela AHA 2010, para o Atendimento
Cardiovascular de Emergência (ACE).
AHA, (2010).
É importante ressaltar que, por vários anos, o menmônico ABCD ( Via aérea, Respiração, Circulação
e Desfibrilação) foi utilizado e amplamente divulgado. Portanto, nas diretrizes da AHA do ano de
2010, para grande surpresa esse seguimento foi alterado. A recomendação atual para o atendimento
cardiovascular de emergência segue a seguinte ordenação: CAB-D (circulação, via aérea, respiração
e desfibrilação).
C-A-B
A primeira etapa do processo consiste na identificação de uma vítima em PCR potencial, ou seja,
indivíduos que apresentem inconsciência, apneia, ausência de pulso, palidez e cianose, em suma,
irresponsivo. O profissional de saúde não deve levar mais do que 10 segundos verificando o pulso e,
caso não sinta o pulso durante esse intervalo de tempo, deve iniciar a RCP e usar o DEA (desfibrilador
automático), se disponível. É importante chamar por ajuda.
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UNIDADE ÚNICA │ CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA
Assim, procede-se com as compressões torácicas externas, com o intuito de manter a perfusão
cerebral e coronariana.
A mudança de ABC para CAB é justificada pelo fato das compressões torácicas fornecerem fluxo
sanguíneo vital ao coração e ao cérebro; ademais, estudos de PCR extra-hospitalar em adultos
mostram que a sobrevivência é maior quando as pessoas presentes (leigos ou socorristas) fazem
alguma tentativa de aplicar a RCP.
O socorrista atuando sozinho deve iniciar a RCP com 30 compressões, em vez de 2 ventilações, para
reduzir a demora na aplicação da primeira compressão. A frequência de compressão deve ser, no
mínimo, de 100/minuto (em vez de “aproximadamente” 100/minuto). O número de compressões
torácicas aplicadas por minuto durante a RCP é um fator determinante, importante para o retorno
da circulação espontânea (RCE) e da sobrevivência com boa função neurológica.
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CRISE HIPERTENSIVA/EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA │ UNIDADE ÚNICA
De acordo com as diretrizes da AHA (2010), o soco precordial não deve ser usado em PCR extra-
hospitalar não presenciada. O soco precordial poderá ser considerado para pacientes com TV instável
(inclusive TV sem pulso) presenciada e monitorizada, se não houver um desfibrilador imediatamente
pronto para uso. No entanto, ele não deverá retardar a RCP, nem a aplicação dos choques. O relato
de complicações associadas ao soco precordial, inclui fratura do esterno, osteomielite, AVE/AVC e
desencadeamento de arritmias malignas em adultos e crianças.
O próximo passo, após as 30 compressões, é a verificação da perviedade das vias aéreas, como é
mostrado abaixo. Para que não haja obstrução, faz-se a elevação da mandíbula, para desobstruir a
via aérea, tendo o cuidado para manter o alinhamento cervical.
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Durante uma RCP, o objetivo é aplicar compressões eficazes a uma frequência (no mínimo, 100/
minuto) e profundidade apropriada, minimizando-se o número e a duração das interrupções nas
compressões torácicas. Outros componentes de uma RCP de alta qualidade compreendem obter o
retorno total do tórax após cada compressão e evitar ventilação excessiva.
Por fim, procede-se a terapia elétrica. O uso do DEA deve ser implementado o quanto antes, pois o
tempo da FV até a administração do choque deve ser inferior a 3 minutos, devendo-se aplicar a RCP
enquanto o desfibrilador é preparado. Quando há FV por mais de alguns minutos, ocorre depleção
de oxigênio e energia para o miocárdio. Um breve período de compressões torácicas pode fornecer
oxigênio e energia ao coração, o que aumenta a probabilidade de que um choque venha a eliminar a
FV (desfibrilação) e seja acompanhado do retorno da circulação espontânea (RCE).
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A evidência de estudos recentes sugere significativo benefício na sobrevivência dos pacientes com o
protocolo de desfibrilação de 1 choque, em comparação com o protocolo de 3 choques consecutivos.
Se um choque não eliminar a FV, o benefício incremental de outro choque é baixo, e o reinício da
RCP, provavelmente, terá maior valor do que outro choque imediato.
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AHA, 2010.
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Suporte Avançado
O suporte avançado, ou abordagem secundária, pauta-se nos seguintes aspectos.
»» Acesso venoso
»» Monitorização cardíaca
»» Terapêutica farmacológica
»» Cuidados pós-PCR
É importante enfatizar que, a partir do momento em que o paciente possui uma via aérea definitiva,
não se faz mais necessário a implementação do ciclo compressão ventilação de forma fragmentada,
ou seja, é recomendado compressões torácicas no ordem de 100 compressões/minuto (sem
interrupções), associadas a 8 a 10 ventilações/minuto.
Outro aspecto importante a ser pontuado, refere-se nas mudanças relacionadas à confirmação da
posição do tubo orotraqueal. Em 2005, a AHA recomendava um detector de dióxido de carbono
(CO2) exalado ou um dispositivo detector esofágico, para confirmar o posicionamento do tubo
endotraqueal.
Atualmente, a capnografia contínua com forma de onda é o método mais confiável de confirmar e
monitorar o correto posicionamento de um tubo endotraqueal. Embora estejam disponíveis outros
meios de confirmar o posicionamento do tubo endotraqueal, eles não são mais confiáveis do que a
capnografia continua com forma de onda.
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A capnografia também serve de monitor fisiológico da eficácia das compressões torácicas e para
detectar o Retorno da Circulação Espontânea (RCE). Compressões torácicas ineficazes, quer
devido a características do paciente, quer ao desempenho do socorrista, estão associadas a uma
baixa pressão parcial de CO2 exalado (PETCO2). O débito cardíaco insuficiente ou nova PCR no
paciente, com retorno à circulação espontânea , também pode causar redução no PETCO2 (pressão
parcial de CO2 exalado).
Terapêutica Farmacológica
A terapêutica farmacológica será guiada conforme a etiologia da PCR. Esta será implementada
após a obtenção de um acesso venoso, portanto, na ausência de acesso venoso, algumas medicações
podem ser feitas via tubo traqueal, são elas: vasopressina, atropina, naloxone, epinefrina e lidocaína
(VANEL), com dose de 2 a 2,5 vezes a dose EV, diluídas em 10 ml de solução salina ou água destilada.
Para a linha EV, é importante salientar que, após sua administração, é importante que seja feito a
lavagem da via EV, com 20 ml de solução fisiológica.
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Cuidados PÓS-PCR
O tratamento deve incluir suporte cardiopulmonar e neurológico. O paciente deve ser mantido sob
monitorização contínua, com avaliação cuidadosa de seu estado ácido básico e hidroeletrolítico.
Cateteres para medidas da PVC, da pressão da artéria pulmonar, e do débito cardíaco podem ser
necessários.
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»» Controle glicêmico
»» Evitar hiperventilação
»» Hemodinâmica estável
»» Hipotermia Pós-PCR
<http://www.scielo.br/pdf/rbti/v21n1/v21n1a10.pdf>
<http://revistas.pucsp.br/index.php/RFCMS/article/viewArticle/2170>
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-18082006-160807/pt-br.
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<http://www.scielo.br/pdf/rbti/v22n2/a15v22n2.pdf>
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Referências
DAVID, Cid Marcos. Medicina intensiva. Rio de Janeiro: Revinter, 2004.
KNOBEL, Elias. Condutas graves no paciente grave. 3. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2006.
MORTON, Patricia Gonce et al. cuidados críticos de enfermagem: uma abordagem holística.
8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
PIRES, Marco Tulio Baccarini; STARLING, Sizeando Vieira. Manual de urgências em pronto-socorro,
8. ed. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
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