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A sua fisiopatologia é complexa. Temos um insulto primário qualquer, que vai desequilibrar a homeostasia
do doente. Com isto desenvolve-se SIRS e hipoxia se houver uma lesão persistente. É fundamental
conhecer os critérios de SIRS.
SIRS
Febre ou hipotermia
Taquicardia, taquipneia
Leucopénia ou leucocitose
Hiperglicemia
Alteração estado de consciência
Disfunção cardiocirculatória
VMI em pressão positiva pode agravar a disfunção cardiocirculatória – temos de estar sempre a
monitorizar, para minimizar a iatrogenia e complicações.
No fundo, na disfunção cardiocirculatória temos menor DC, e consequentemente hipotensão e
hipoperfusão tecidular disfunção de órgão.
Existem 3 janelas principais na avaliação da função cardiocirculatória do doente:
Estado de consciência – obnubilação, prostração e coma
Pele – temperatura, suor
Débito urinário (indica perfusão renal)
Com estas 3 janelas, conseguimos rapidamente uma avaliação inicial e detetar sinais de alerta.
Para além disso, estão taquicardíacos e elevação dos lactatos. A hipotensão pode estar presente ou não.
Disfunção respiratória
Manifesta-se inicialmente com taquipneia. Habitualmente associa-se a ARDS e cor pulmonale por disfunção
do VD.
No fundo, devido à cascata inflamatória e hipoxia citocinas maior permeabilidade capilar edema
não cardiogénico passagem de líquido para interstício.
Além disso, pode cursar com disfunção VD.
Pode ter como etiologia a disfunção induzida por ventilador.
Disfunção renal
Ocorre por hipoperfusão renal e presença de citocinas pró-inflamatórias. Devido à diminuição do DC, há
menor perfusão renal, lesão isquémica do rim renina.
A ressuscitação volémica também pode comprometer a função renal por sobrecarga de volume.
Disfunção hepática
Causada por hipopergusão/isquémia, lesão direta do micro-organismo, inflamação.
Coagulopatia
Podemos ter hipercoagulabilidade ou hemorragia. Geralmente, sob a forma de CID.
Este score não é perfeito, porque estas variáveis podem não traduzir a real disfunção de órgão, mas
permite-nos perceber a evolução do doente e classifica-lo em diferentes graus.
Suporte de órgão
Instalada a disfunção de órgão, temos de iniciar terapêutica de suporte para evitar a progressão e repor a
homeostasia do doente.
O suporte de órgão é específico dos órgãos em falência, ou seja, é preciso fazer uma avaliação correta que
nos indique quais os órgãos que precisam de suporte, qual o insulto inicial e que suporte vamos começar
nos diferentes doentes.
O suporte de órgão tem várias fases.
Inicialmente temos uma fase de salvamento = suportar os órgãos de forma aceitável para manter
doente vivo.
Quando conseguimos isso, passamos para a fase de otimização – implica monitorização contínua de
variáveis que permitam dizer que o suporte está a ser eficaz. Depende de marcadores de perfusão
do órgão.
No doente estabilizado, mantemos o suporte no mesmo patamar.
Assim que doente começa a melhorar, fazemos a fase de descalação de suporte, com desmame
gradual.
Suporte cardiocirculatório
Otimização da entrega e consumo de O2
Manter a perfusão tecidular – para perceber se o suporte é suficiente. Devemos ter PAM > 65, vigiar
diurese (>0,5 ml/kg/hora), lactatos (melhoria progressiva e clearance total) e perfusão periférica
(pele, TPC, temperatura extremidades, mottling score)
Esta avaliação tem de poder ser feita à cabeceira do doente:
Outros métodos de avaliação hemodinâmica são o ecocardiograma numa avaliação rápida que
permitem excluir causas de disfunção cardiocirculatória. É importante saber parar os fluidos –
hipovolémia é deletéria, mas hipervolémia também, com congestão venosa. E isto pode ser
avaliado através do eco.
Alguns protocolos também podem incluir doppler renal e circulação esplâncnica – que indicam
também a volémia do doente.
Depois desta avaliação, o suporte assenta na ressuscitação volémica e iniciação de suporte aminérgico
(depende do choque que temos – vasopressores: 1ª linha é a NA; a dobutamina caiu muito em desuso por
risco de arritmia e por não ser superior à NA). A dobutamina é usada como inotrópico, no choque
cardiogénico, para promover a função cardíaca.
Se refratário, então pensar noutro patamar: assistência mecânica ventricular = ECMO VA.
ECMO VV é para suporte respiratório
ECMO VA é para suporte CV.
A assistência ventricular pode ser direita ou esquerda. Pode é feita através de um dispositivo que vai fazer
drenagem/imitar ejeção ventricular.
Suporte respiratório
Baseia-se na correção da hipoxemia ou hipercapnia.
Aporte suplementar de O2 – óculos nasais, máscara de venturi, máscara com reservatório
Se refratário, VMNI
VMI
Quando falha/refratário, então ECMO VV. Ao contrário do VA, o único sangue que passa aqui é o
venoso (veia femoral veia jugular).