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Abordagem do choque
• T >38ºC ou <36ºC
• FC >90bpm
• FR >20cpm ou PaCO2 <32mmHg
• GB >12 000/mm3 ou <4 000/mm3
ou >10% formas imaturas
• Infeção
+
• ≥ 2 alterações qSOFA
o Hipotensão/Pressão sistólica < 100 mmHg
o Alteração do estado mental
o Taquipneia/FR >22 cpm
Teórico-prática 1 6.09.2021
DCI Sépsis. Disfunção cardiocirculatória. Abordagem do choque
Choque sético: quadro de sépsis com uma hipotensão refratária à reposição de volume
e na qual há necessidade de utilização de vasopressores para manter PAM ≥65mmHg
e uma lactacidémia ≥ 18 mg/dl, na ausência de hipovolémia.
É necessário ter em atenção que pode haver várias disfunções orgânicas secundárias
a uma infeção (basta uma para considerar o doente num quadro sético): cardio-
circulatória, renal, neurológica, respiratória, hepática.
Caso clínico:
Sexo masculino, 32 anos.
Antecedentes pessoais: fumador? Saudável?
História da doença atual: acidente de viação, choque frontal a alta velocidade; estava com
cinto de segurança e houve necessidade de desencarceramento. Posteriormente
transportado pela VMER ao Hospital (+/-45min).
À admissão: colar cervical, plano rígido e uma máscara de O2 (8L/min)
Exame objetivo: Confuso, agitado; com aparente dificuldade respiratória; hipotérmico (33ºC);
má perfusão periférica.
• A: Airway
• B: Breathing
• C: Circulation
• D: Disability
• E: Exposure
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DCI Sépsis. Disfunção cardiocirculatória. Abordagem do choque
NOTA: Existem tabelas de choque hemorrágico com vários parâmetros que permitem
predizer a quantidade de sangue que a pessoa perdeu e que passa por avaliar vários
órgãos e o que sofre alterações primeiro é a taquicardia. Quanto mais taquicardico
estiver o doente, maior volémia já perdeu (relação direta).
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• Análises clínicas - para evitar picar o doente várias vezes, podemos pedir ao
enfermeiro para picar a veia, dessa veia tirar 3 ou 4 tubos e é nesse acesso que
vai meter um bionector para fazer já o volume de soro. Os tubos que vamos
colher:
o Bioquímica (AST, ALT, FA, GGT, Na+, Cl-, K+, Mg2+, PCR,
procalcitonina, amílase, lípase, ureia, creatinina) -tampa castanha);
o Coagulação (TP, Aptt, fibrinogénio) - tampa verde;
o Hemograma (Hb, leucócitos e plaquetas) - tampa rosa
o Outro tubo de hemograma para tipagem, caso seja necessário fazer uma
transfusão.
• EcoFAST
• Rx de torax - para perceber se é necessário entubar ou não.
• Gasimetria – para ver SatO2 e considerar entubação se hipoxémico. Também
podemos avaliar a SatO2 diretamente pelo oxímetro
• TAC cervical
• TAC toracoabdominopélvica
A avaliação da cavidade abdominal, lesões no tórax e pelve pode ser feita através do
EcoFAST e RaioX simples. Já o traumatismo craniano pode ser avaliado por TC CE,
mas normalmente faz-se pelo score de Glasgow ou se durante a observação houver
deterioração do estado de consciência do doente.
Acessos venosos
Existem dois tipos de acessos venosos:
Pode ainda acontecer que, com tensões baixas e um doente “muito chocado”, não se
consiga puncionar e obter acessos periféricos. Se o choque for grave, um acesso central
pode ser igualmente difícil de colocar.
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Como o objetivo é dar volume num curto espaço de tempo, é preferível utilizar dois
acessos vasculares periféricos. Os abocaths têm de ser grandes porque o doente
encontra-se muito hipotenso e queremos fazer soro a grande velocidade.
LOGO: fazer volume num acesso vascular periférico é mais fácil do que num
acesso central e permite que seja um procedimento mais rápido e mais eficaz.
Ressuscitação volémica
Com os acessos venosos preparados, podemos iniciar a ressuscitação volémica, na
qual é necessário considerar 5 aspetos:
1. Tipo de fluido
2. Volume
3. Velocidade/ritmo de infusão
4. Definir um objetivo
5. Limites de segurança
Tipo de fluido
Os coloides têm maior atividade coloidosmótica e são a base de gelatinas e tem maior
capacidade osmótica. são soros mais gelatinosos, mais caros e a longo prazo,
depositam-se no rim e levavam a lesão renal e maior mortalidade associada.
Os utilizados na ressuscitação são os cristaloides, que, por sua vez, podem ser híper,
hipo ou isotónicos. Na ressuscitação usam-se os isotónicos, pois são os que têm a
mesma tonicidade do plasma, permanecendo assim dentro dos nossos vasos.
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Neste caso dever ser feito um soro cristaloide isotónico (mesma osmolaridade do
plasma):
ATENÇÃO: soro e oxigénio são medicamentos que devem estar na lista de prescrição
e tem igual importância por exemplo a um antibiótico.
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Velocidade/Ritmo de infusão
A ressuscitação ativa caracteriza-se por volumes maiores, que andam à volta dos 500
mL em 30 min ou 1 hora, mas podem fazer-se até 1000mL em pouco tempo.
Objetivo a cumprir
PA 100-60 mmHg e PAM 70 mmHg → assegurar a perfusão dos tecidos, com a melhoria
da PA e diminuição da FC, e melhorar o estado neurológico do doente.
Limite de segurança
Gasimetria
• pH 7,18 → acidemia
• PaCO2 35
• PaO2 115 → lembrar que estávamos com O2 a 8L
• Sato2 98%
• HCO3 14 mEq/L → baixo logo acidemia metabólica
• Lactato 5,2 mmol (aumentado, normal <1). → Lactato vem do metabolismo
anaeróbio. Todos os dias produzimos lactato, mas este é metabolizado no fígado
(ciclo de Cori). O que acontece nestes doentes, há hipoperfusao tecidular e em
vez de seguir a via de aerobiose, segue a de anaerobiose. Quanto maior o nível
de lactato, maior mortalidade. Para diminuir este lactato temos de otimizar a
tensão arterial e a oxigenação.
• Glicemia 245 mg/dl → aumentado devido ao estado de stress (elevados níveis de
cortisol)
• Na+ 155 mEq
• K+ 5,2 mEq
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Ou seja, encontra-se acidémico (pH sanguíneo baixo) - tem uma acidose metabólica,
com valores de bicarbonato baixos, com compensação respiratória por hiperventilação
(PCO2 está baixa e a PO2 alta) → Acidose metabólica com hiperlactacidémia e
diminuição do bicarbonato.
Além disso apresenta hipernatremia cuja causa será, à partida, os soros que o doente
fez antes de entrar no hospital, quando foi socorrido pelo INEM - fazem logo soro
fisiológico que, como já vimos, tem muito mais quantidade de Na+ do que o nosso
plasma. Logo, esta alteração deve-se provavelmente à sobrecarga de sódio associada
à ressuscitação volémica que o doente fez antes de chegar ao hospital.
RX Tórax
No raio x verificamos que existe uma lâmina de pneumotórax. E também pode haver
aqui algum hemotórax.
Vamos pôr um dreno para tirar aquele ar, para evitarmos que se torne num
pneumotórax hipertensivo, e consequente choque obstrutivo.
Tipos de choque:
• Choque Hipovolémico - por perda de volume circulante nos vasos;
• Choque Obstrutivo - há sangue dentro dos vasos, mas ele não consegue
circular. Neste caso do pneumotórax hipertensivo, ocorre por haver uma grande
pressão na cavidade torácica, o que impede o retorno sanguíneo. (Outros
exemplos: tamponamento cardíaco; TEP;
• Choque cardiogénico – Falência da bomba; (exemplos: Enfarte do miocárdio,
arritmias, alterações valvulares, miocardites...).
• Choque distributivo – vasoplégico, neurogénico, séptico e anafilático
(“choques quentes” porque há vasodilatação):
o O choque vasoplégico pode resultar de uma depleção do volume, em
que o doente já não consegue compensar devido à exaustão dos
mecanismos de compensação ou de uma disfunção neurológica (p.e.
lesão traumática da medula). O choque é tão grave que toda a
vasoconstrição se perde. É um tipo de choque semelhante.
Os diferentes tipos de choque podem coexistir!!
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Avaliação laboratorial
A Hb está baixa (talvez a metade do valor normal deste doente) e tem trombocitopenia
(< 150 mil) porque está a perder plaquetas na hemorragia e, possivelmente, devido a
uma coagulopatia de consumo - está a gastá-las ao tentar parar a hemorragia.
Motling Score
Score que foi feito com base nas alterações da perfusão dos membros inferiores para
se predizer a mortalidade dos doentes. Com o doente todo despido nós olhamos para a
pele e concluímos que é Motling 1 se for só a rótula que está mal perfundida, Motling 2
se for um bocado abaixo e acima da rótula, Motling 3 ainda mais, e por aí fora até que
todo o membro esteja mal perfundido.
O que se verificou foi que os sinais de má perfusão da pele têm relação com a
mortalidade, portanto quanto mais alta for o Motling score mais elevada é a mortalidade.
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DCI Sépsis. Disfunção cardiocirculatória. Abordagem do choque
Fizemos uma ECO FAST para percebermos de onde é que o doente está a
sangrar.
O doente teve uma depressão do estado de consciência e teve de ser entubado
e ventilado com agravamento da hipotensão.
Começámos a dar fluídos, sendo que resolvemos dar lactato de Ringer, dando
500 mL em 20 minutos, com o objetivo de se aumentar a pressão arterial média.
Estávamos a equacionar dar vasopressores.
Fez ainda uma TAC, onde se viu que tinha um traumatismo torácico grave e um
hemoperitoneu. Este doente tem de ir ao bloco.
Continuou-se a fazer volumes, mas o doente manteve-se hipotenso e, portanto,
teve de se colocar um cateter venoso central e começar vasopressores, neste
caso começamos de início com a Noradrenalina.
Começámos também a fazer transfusão de concentrado eritrocitário para
compensar as perdas.
Fez-se também uma avaliação da coagulação nas análises para ver se era
necessário repor plasma, fibrinogénio, plaquetas, cálcio etc.
Este doente acabou por ir ao bloco, porque tinha um traumatismo do hilo esplénico e
por isso teve de realizar uma esplenectomia com laqueação da artéria esplénica,
resolvendo-se assim a fonte da hemorragia. Por vezes, quando as lesões do baço são
na cápsula, os cirurgiões optam por vigiar apenas o doente, mas, neste caso, não havia
vigilância possível porque o doente estava a agravar progressivamente, e se não fosse
ao bloco acabaria por falecer.
Choque Séptico
Hoje em dia falamos em infeção simples, que é a infeção sem disfunção de órgão,
sépsis, que é quando temos infeção com 1 disfunção de órgão, e choque séptico, que
é quando temos hipotensão refratária com volume de lactato.
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DCI Sépsis. Disfunção cardiocirculatória. Abordagem do choque
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