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Infecções comuns

na comunidade

Daniel Pinto daniel.pinto@nms.unl.pt

Depar tamento de Medicina Geral e Familiar


Objectivos

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Objectivos

Saber diagnosticar as infecções mais comuns na


comunidade através

• da história clínica

• do exame objectivo

• da selecção apropriada de exames


complementares de diagnóstico

Saber tratar as infecções mais comuns na


comunidade

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Sumário

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Sumário

08:30 – 08:45 Introdução

08:45 – 10:00 Infecções respiratórias no adulto

10:20 – 11:20 Infecções respiratórias na criança

11:30 – 12:30 Outras infecções comuns da


comunidade

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Metodologia

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Metodologia

Análise do caso em grupo (25 minutos)

• 1 membro do grupo é o doente

• 1 membro do grupo é o relator

• Restantes membros decidem passos da consulta

• Slides de apoio disponíveis no Moodle

• Outros recursos online

Apresentação e discussão dos casos (15 minutos por


caso)

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Metodologia
Análise do caso em grupo (25 minutos)

• Anamnese – 7 minutos
• Hipóteses iniciais – 3 minutos
• Exame objectivo – 5 minutos
• Hipóteses após exame objectivo – 2 minutos
• Pedido de exames complementares – 3 minutos
• Diagnóstico final – 2 minutos
• Tratamento – 3 minutos
Apresentação e discussão dos casos (15 minutos por caso)

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Avaliação das aulas

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Avaliação das aulas

• Infecções respiratórias no adulto (TP)

https://goo.gl/oNiu9P

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Avaliação das aulas

• Infecções respiratórias na criança (TP)

https://goo.gl/dQnLWj

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Avaliação das aulas

• Outras infecções comuns da comunidade


(TP)
https://goo.gl/GksZWW

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Slides de apoio

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Infecções respiratórias
altas
Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto
Infecções respiratórias altas

Coriza (constipação)

Amigdalite aguda

Gripe

Sinusite aguda

Otite média aguda

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Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto
Coriza (constipação)

A Maria veio à consulta porque tem tido tosse há 2


semanas. Diz que se constipou, referindo febre durante
os primeiros 2 dias, nariz tapado e a pingar, espirros,
alguma dor de garganta e expectoração. Alguns dias
depois começou a ter tosse. Os sintomas iniciais já
desapareceram, mas a tosse não passa apesar de já ter
tomado um xarope que comprou na farmácia. A tosse é
pior à noite e quando acorda. Acha que ao fim de duas
semanas já devia ter passado.

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Coriza (constipação)

Informação geral

• Causada por dezenas de vírus respiratórios


diferentes

• Crianças ± 6 por ano, adultos ± 3 por ano

• Maioria das infecções no Inverno


• Pessoas juntas em espaços fechados, não pelo frio

• Causa sobretudo desconforto e absentismo

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Coriza (constipação)

Sintomas

• Início agudo e súbito


• Secreções nasais / congestão nasal O aspecto claro ou
purulento não permite distinguir doença viral de super-infecção bacteriana

• Espirros
• Tosse Começa 2-3 dias depois, persiste 2 semanas
• Dor de garganta
• Lacrimejo, ardor ocular
• Mal-estar, mialgias, febre baixa Sobretudo nas crianças

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Coriza (constipação)

Sinais

• Febre

• Rinorreia anterior e/ou posterior

• Hiperémia da orofaringe

• Edema / eritema da mucosa nasal

• Restante exame físico normal

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Coriza (constipação)

Exames complementares

• Nenhum necessário

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Coriza (constipação)

Diagnóstico diferencial

• Sinusite bacteriana
• Rinossinusite alérgica
• Gripe
• Amigdalite aguda
• Mononucleose
• Laringite
• Pneumonia

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Coriza (constipação)

Tratamento

• Alívio sintomático
• Antipiréticos ibuprofeno, paracetamol

• Descongestionantes tópicos algum efeito, limitar a 2-3


dias por efeitos adversos; fenilefrina e outros

• Hidratação adequada não é preciso ingestão abundante

• Vaselina reduz fissuras

• Lavagem nasal benefício incerto na obstrução, melhor para


rinorreia posterior

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Coriza (constipação)
Tratamento – não recomendados

• Antibióticos sem utilidade, causam efeitos adversos


• Descongestionantes orais e associações mais efeitos adversos
• Corticóides nasais sem efeito
• Anti-histamínicos 1ª geração benefícios ligeiros, efeitos adversos
importantes

• Anti-histamínicos 2ª geração sem efeito


• Anti-tússicos eficácia não demonstrada claramente, não usar em crianças
• Expectorantes eficácia não demonstrada claramente, não usar em crianças
• Vitamina C eficácia não demonstrada claramente
• Homeopatia sem efeito (sem plausibilidade)

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Coriza (constipação)

Prevenção

• Lavagem das mãos

• Tapar boca e nariz ao tossir / espirrar (cotovelo!)

• Vitamina C provavelmente não funciona

• Probióticos poucas provas de eficácia, incerto

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Coriza (constipação)

Explicar à Maria que a tosse resulta de danos no


epitélio das vias respiratórias e do corrimento
nasal posterior e que não existe tratamento eficaz
para a fazer desaparecer

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Amigdalite aguda

O João de 7 anos foi trazido pela mãe à consulta.


Há 2 dias começou a queixar-se de dor de
garganta e ficou com febre (38,5ºC). A mãe deu-lhe
ibuprofeno (5mL), mas a dor nunca passa
completamente e a febre apenas baixa durante 3 a
4 horas. O João não tem tosse, nariz tapado,
expectoração, dores de cabeça ou outros
sintomas. Pesa 27kg.

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Amigdalite aguda

Informação geral

• Causada habitualmente por estreptococos beta-


hemolíticos do grupo A ou, mais frequentemente,
por vírus

• Infecções bacterianas ±30% em crianças e


±10% em adultos

• Rara antes dos 3 anos

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Amigdalite aguda

Sintomas

• Odinofagia
• Febre
• Sintomas inespecíficos mais em crianças e nas infecções
virais

• Dor abdominal
• Cefaleias
• Náuseas / vómitos
• Tosse

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Amigdalite aguda

Sinais

• Febre

• Eritema das amígdalas e da faringe

• Exsudado amigdalino purulento

• Petéquias do palato

• Adenopatias cervicais anteriores


dolorosas

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Amigdalite aguda

Exames complementares

• Pesquisa rápida de antigénios menos sensível

• Exame cultural demora 48 a 72h

• Título de anti-estreptolisina O apenas para suspeita de


febre reumática, aumento após 2-3 semanas

• Outros exames apenas para diagnóstico diferencial

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Amigdalite aguda

Diagnóstico diferencial

• Amigdalite viral vs bacteriana

• Abcesso periamigdalino

• Epiglotite

• Mononucleose infecciosa

• Faringite gonocócica

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Amigdalite aguda

Regra de decisão clínica

• Pontuação de Centor modificada


Critério Resultado Pontos
Idade 3 – 14 anos +1
15 – 44 anos 0
≥ 45 anos -1 Pontos % Strep Tratamento
Exsudado ou edema Sim +1 0 1 – 2,5 Sintomático
das amígdalas Não 0 1 5 – 10 Sintomático
Adenopatias cervicais Sim +1 2 11 – 17 Testar
anteriores dolorosas Não 0
3 28 – 35 Testar
Febre >38ºC Sim +1
Não 0 4 ou 5 51 – 53 Antibiótico

Tosse Ausente +1
Presente 0
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Amigdalite aguda

Tratamento

• Sintomático
• Paracetamol, ibuprofeno

• Considerar corticóide em toma única se vai fazer


antibiótico betametasona, deflazacorte, prednisolona

• Considerar usar soluções orais

• Preparações tópicas poucas provas, incerto

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Amigdalite aguda

Tratamento

• Antibioterapia sobretudo para evitar complicações, 10 dias


• Penicilina apenas disponível intra-muscular em Portugal

• Benzilpenicilina benzatina (administração única)

• Amoxicilina sem ácido clavulânico!

• Alergia à penicilina

• Azitromicina (5 dias) / Claritromicina / Eritromicina

• Cefuroxima alguns estudos sugerem um pouco mais


eficácia nas amigdalites recorrentes, incerto

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Amigdalite aguda

Complicações

• Escarlatina

• Abcesso peri-amigdalino

• Sinusite aguda

• Otite média aguda

• Febre reumática

• Glomerulonefrite pós-estreptocócica

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Amigdalite aguda

Prevenção

• Evitar transmissão pouco provável após 24h de antibiótico

• Amigdalectomia muito menos usada actualmente


• Pessoas com episódios graves recorrentes (>7/ano
num ano, 5/ano em 2 anos ou 3/ano em 3 anos)

• Profilaxia nas pessoas com febre reumática

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Amigdalite aguda

O médico verificou que o João não tinha


adenopatias submandibulares dolorosas nem
apresentava exsudado amigdalino. Calculou a
pontuação de Centor – 3 pontos – e pediu um teste
rápido para estreptococos beta-hemolíticos do
grupo A, cujo resultado foi negativo. Explicou à
mãe tratar-se provavelmente de uma infecção viral
e acertou a dose de ibuprofeno para 10mL de 8/8h.

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Gripe

O André começou de repente a sentir-se doente há


2 dias. Ficou com tosse, febre, dores de cabeça, de
garganta e por todo o corpo. Diz que se sente
mesmo muito mal, incapaz de ir trabalhar. Tomou
ibuprofeno com algum alívio da febre e das dores,
mas algumas horas depois voltou a sentir-se mal.

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Gripe

Informação geral

• Infecção pelo vírus da gripe

• Incidência sazonal em Portugal pico em Jan / Fev

• Suspeita durante pico

• Aumento de
mortalidade em
alguns anos

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Gripe
Sintomas

• Início súbito
• Febre
• Mialgias, cefaleias, arrepios
• Fotofobia, ardor ocular
• Rinorreia, congestão nasal
• Odinofagia
• Tosse seca
• Anorexia, fadiga, mal-estar
• Náuseas, vómitos

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Gripe

Sintomas

• Definição de síndroma gripal (ECDC)


• Grupo A + pelo menos 1 grupo B + pelo menos 1
grupo C Grupo A Início súbito
Grupo B Febre ou febrícula
Mal-estar
Cefaleia
Mialgias
Grupo C Tosse
Odinofagia
Dificuldade respiratória

• Clinicamente indistinguível de outros vírus

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Gripe

Sinais

• Febre

• Hiperémia da orofaringe

• Dor à palpação muscular

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Gripe

Exames complementares

• Testes apenas para vigilância epidemiológica


• Testes rápidos de utilidade duvidosa

• Outros exames apenas para diagnóstico


diferencial

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Gripe

Diagnóstico diferencial

• Outros vírus respiratórios

• Pneumonia

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Gripe

Tratamento

• Controlo de sintomas
• Paracetamol, ibuprofeno

• Não existe evidência para

• Aumento de ingestão hídrica

• Xaropes para a tosse

• Acetilcisteína

• “Cocktails” não recomendados

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Gripe

Tratamento

• Tratamento específico para a gripe


• Inibidores da neuramidase

• Diminuição dos sintomas em <1 dia

• Sem evidência na redução de hospitalizações,


complicações, transmissão, mortalidade

• Efeitos adversos

• Muito grande viés de publicação -


bmj.com/tamiflu

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Gripe

Complicações

• Gripe complicada

• Pneumonia bacteriana

• Exacerbação de asma / DPOC

• Sinusite aguda

• Otite média aguda

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Gripe

Prevenção

• Vacina antigripal
• Efectividade ±60-70%

• Pouca evidência na redução de complicações

• Profilaxia pós-exposição e de contactos


• Pouca evidência na redução de complicações

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Gripe

O exame objectivo do André era normal. O médico


emitiu um certificado de incapacidade temporária
para o trabalho (baixa) por 5 dias e sugeriu ao
André que mantivesse o ibuprofeno.

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Sinusite aguda

A Joana está há 8 dias com obstrução nasal,


secreções nasais esverdeadas, sensação de peso
na região frontal, cefaleias (sobretudo quando
mexe a cabeça) e expectoração de manhã.

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Sinusite aguda

Informação geral

• Inflamação da mucosa dos seios perinasais

• Aguda se < 4 semanas

• Seios maxilares e frontais mais comuns em


adultos

• Seios etmoidais mais comuns em crianças

• Maioria dos casos por vírus

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Sinusite aguda

Sintomas

• Dor ou pressão nos seios perinasais

• Agrava com movimentos da cabeça

• Rinorreia anterior e/ou posterior ou obstrução cor


das secreções não distingue infecção viral ou bacteriana

• Hipósmia

• Respiração pela boca (garganta seca)

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Sinusite aguda

Sinais

• Edema e eritema na rinoscopia

• Drenagem no meato médio raramente se vê na rinoscopia

• Dor à palpação dos seios perinasais

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Sinusite aguda

Exames complementares

• Habitualmente desnecessários

• Exames de imagem se não responder ao


tratamento inicial

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Sinusite aguda

Diagnóstico diferencial

• Sinusite aguda bacteriana


• Persistência mais de 10 dias

• Agravamento aos 5-7 dias após melhoria inicial

• Dor unilateral do seio maxilar

• Febre

• Rinossinusite crónica

• Enxaqueca

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Sinusite aguda

Tratamento

• Analgésicos ibuprofeno, paracetamol

• Lavagem nasal soro fisiológico, água do mar

• Descongestionantes tópicos algum efeito, limitar a 2-3 dias


por efeitos adversos; fenilefrina e outros

• Corticóides nasais necessidade de tratamento prolongado

• Evitar descongestionantes orais mais efeitos adversos

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Sinusite aguda

Tratamento

• Antibioterapia apenas para sinusite bacteriana, 7 dias


• Primeira linha: amoxicilina, cotrimoxazol

• Segunda linha: amoxi-clav, cefuroxima

• Terceira linha: 2ª linha + metronidazol,


fluroquinolonas

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Sinusite aguda

Complicações

• Celulite orbitária

• Meningite

• Abcesso intracraniano

• Osteomielite

• Trombose do seio cavernoso

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Sinusite aguda

Prevenção

• Tratar situações subjacentes como rinossinusite


crónica

• Lavagem das mãos

• Imunoestimulantes sem provas de eficácia

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Sinusite aguda

O médico prescreveu à Joana um


descongestionante nasal (fenilefrina),
recomendando que o aplicasse apenas nos
primeiros 3 dias, lavagem nasal com soro
fisiológico e ibuprofeno se tivesse dores.

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Otite média aguda

A Beatriz foi trazida pela mãe ao médico. Desde há


2 dias tem tido febre e queixa-se de dor no ouvido
direito. A febre alivia com o paracetamol, mas a
dor de ouvido só tem alívio parcial.

A Beatriz tem 4 anos e pesa 16kg.

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Otite média aguda

Informação geral

• Muito comum em crianças pequenas, sobretudo


dos 6 aos 18 meses

• Surge frequentemente como complicação de


infecção respiratória

• Muitos casos por vírus ou auto-limitados

• Bactéria mais comum S. pneumoniae

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Otite média aguda

Sintomas

• Otalgia

• Febre

• História de queixas respiratórias rinorreia, tosse

• Irritabilidade / choro / anorexia

• Otorreia ocasionalmente

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Otite média aguda

Sinais

• Opacificação da membrana timpânica

• Hiperémia da membrana timpânica inespecífico

• Abaulamento da membrana timpânica com


dificuldade em identificar a anatomia e perda do triângulo luminoso

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Otite média aguda

Exames complementares

• Desnecessários

• Apenas para diagnóstico diferencial

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Otite média aguda

Diagnóstico diferencial

• Otite média serosa

• Mastoidite

• Colesteatoma

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Otite média aguda

Tratamento

• Analgésicos / antipiréticos ibuprofeno, paracetamol

• Antibioterapia 5-10 dias


• Reduz duração em 1 dia, aumenta risco de
recorrência

• Considerar prescrição retardada apenas se não melhorar

• 1ª linha Amoxicilina em dose mais elevada

• 2ª linha Amoxi-clav, Cefuroxima, Azitromicina (3 dias)

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Otite média aguda

Complicações

• Miringite bulhosa

• Perfuração timpânica

• Mastoidite

• Otite média serosa

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Otite média aguda

Prevenção

• Vacina antipneumocócica pode evitar apenas


uma parte pequena

• Evitar fumo passivo

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Otite média aguda

Na otoscopia o médico viu um tímpano


hiperemiado à direita, por isso medicou a Beatriz
com amoxicilina (500mg/5mL) 7mL de 12/12H e
paracetamol 6mL de 8/8H.

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Infecções respiratórias
baixas
Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto
Infecções respiratórias baixas

Bronquite aguda

Pneumonia adquirida na comunidade

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto
Bronquite aguda

O Sr. Joaquim tem estado com tosse e


expectoração desde há 8 dias. Diz que esteve
constipado nos primeiros 2-3 dias, mas melhorou,
só que a tosse e a expectoração não desaparecem.
Agora até já tem alguma dor no peito quando tosse
e sente-se com falta de ar quando sobe escadas.

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Bronquite aguda

Informação geral

• Infecção respiratória baixa

• Afecta os brônquios sem consolidação do


parênquima ou derrame pleural

• Maioria dos episódios no Outono e Inverno

• Maioria por infecção viral

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Bronquite aguda

Sintomas

• Início agudo

• Tosse com ou sem expectoração pode prolongar-se 1 a


2 meses

• Febre

• Toracalgia

• Dispneia

• Pieira

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Bronquite aguda

Sinais

• Auscultação normal ou com mv rude, alguns roncos ou sibilos

• Hiperémia da orofaringe ocasionalmente

• Congestão nasal ocasionalmente

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Bronquite aguda

Exames complementares

• Desnecessários

• Apenas para diagnóstico diferencial

• Oximetria de pulso se houver dúvidas

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Bronquite aguda

Diagnóstico diferencial

• Pneumonia
• Rinorreia posterior
• Asma / DPOC
• Insuficiência cardíaca
• Refluxo gastro-esofágico
• Neoplasia do pulmão
• Infecção por Mycoplasma

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Bronquite aguda

Tratamento

• Tranquilização, explicação da história natural

• B2 agonista inalado formoterol, salbutamol (explicar técnica!)

• Antitússicos algum efeito, mas podem causar broncoespasmo e


aumentar risco de pneumonia; codeína, dextrometorfano

• Antibióticos não indicados

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Bronquite aguda

Prevenção

• Lavagem das mãos

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Bronquite aguda

A auscultação do Sr. Joaquim mostrava sibilos


bilaterais dispersos. O médico explicou o
diagnóstico de bronquiolite e prescreveu
formoterol 12ug uma inalação de manhã e à noite
em dispositivo de pó seco para aliviar as queixas
de dispneia e explicou a técnica inalatória.

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Pneumonia adquirida na comunidade

O Sr. José está com tosse há 3 dias, com


epectoração, acompanhada de toracalgia intensa à
direita e febre. Queixa-se que fica cansado a falar.
Tem estado a tomar paracetamol, mas com pouco
resultado.

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Pneumonia adquirida na comunidade

Informação geral

• Acontece fora do hospital ou menos de 48 horas


depois do internamento, num doente que não
estava hospitalizado nem residia em lar ou
instituição equivalente

• Infecção respiratória baixa

• Agente mais comum é o S. pneumoniae

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Pneumonia adquirida na comunidade

Sintomas

• Início agudo ou sub-agudo

• Febre

• Tosse com ou sem expectoração

• Dispneia

• Por vezes:
• hipersudorese, arrepios, calafrios, fadiga, mialgias,
anorexia, cefaleias, confusão (idosos), desconforto
torácico, dor tipo pleurítico, hemoptise e dor abdominal

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Pneumonia adquirida na comunidade

Sinais

• “Ar doente”

• Febre

• Taquipneia

• Taquicardia

• Hipoxémia

• Fervores inspiratórios (crepitações)

• Macicez à percussão
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Pneumonia adquirida na comunidade

Exames complementares

• Radiografia de tórax necessária para confirmar o diagnóstico,


mas não para iniciar o tratamento

• Oximetria de pulso
• Isolamento do agente difícil e de utilidade duvidosa
• Testes rápidos de antigénios Legionella, S. pneumoniae,
M. pneumoniae; não disponíveis nos cuidados primários

• Outros exames se necessária avaliação mais


completa da gravidade

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Pneumonia adquirida na comunidade

Diagnóstico diferencial

• Pneumonia associada aos cuidados de saúde

• Exacerbação de DPOC

• Bronquite aguda

• Gripe

• Insuficiência cardíaca congestiva

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Pneumonia adquirida na comunidade

Tratamento

• 1º decisão acerca do local


• Critérios CRB-65
Factor Pontos
Confusão 1 Pontos Recomendação
Frequência respiratória >30/min 1 0 Baixo risco: em casa
Pressão arterial sistólica <90mmHg 1 1 ou 2 Risco intermédio: considerar hospital
ou diastólica <60mmHg
3 ou 4 Risco elevado: envio urgente ao SU
Idade ≥65 anos 1

• CURB-65

• Índice de gravidade da pneumonia

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Pneumonia adquirida na comunidade

Tratamento

• Antibioterapia iniciar tão cedo quanto possível, 7 dias


• Previamente saudáveis e sem antibioterapia nos 3
meses anteriores: amoxicilina

• Com comorbilidades ou antibioterapia nos 3 meses


anteriores: amoxicilina + azitromicina / claritromicina
/ doxiciclina

• Não existe evidência que cobertura para agentes


atípicos se traduza em melhores resultados

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Pneumonia adquirida na comunidade

Tratamento

• Tratamento de suporte
• Analgésicos / antipiréticos ibuprofeno, paracetamol

• Broncodilatador inalado formoterol, salbutamol

• Se necessitar de mais medidas (oxigénio


suplementar, corticóide oral) provavelmente precisa
de internamento

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Pneumonia adquirida na comunidade

Prevenção

• Vacina anti-pneumocócica indicações pouco claras em


Portugal

• Vacina anti-gripal

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Pneumonia adquirida na comunidade

O médico ouviu fervores crepitantes na base direita,


mediu uma frequência respiratória de 27 ciclos por
minuto e saturação de O2 de 96%. Pediu ao Sr. José
para fazer uma radiografia do tórax urgente e voltar no
mesmo dia com o resultado. A radiografia mostrava um
infiltrado difuso na base direita, com obliteração do
seio costo-frénico. Como a pressão arterial era normal
e o Sr. José não estava confuso, optou-se por
tratamento em casa com reavaliação dentro de 2 dias.

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Infecções urinárias

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Infecções urinárias

Cistite aguda não complicada

Pielonefrite aguda

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto
Cistite aguda não complicada

A Sofia está desde ontem com ardor ao urinar,


necessidade de ir mais frequentemente à casa de
banho e sensação de urgência. Tem uma sensação
de dor / peso na bexiga. Não tem outras queixas.

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Cistite aguda não complicada

Informação geral

• E. coli é o agente mais frequente

• Mais comum em mulheres jovens

• Relação sexual é factor de risco

• Muito frequente

• Risco elevado de recorrência

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Cistite aguda não complicada

Sintomas

• Disúria

• Urgência

• Poliúria

• Urina turva ou com cheiro intenso

• Hematúria

• Dor supra-púbica

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Cistite aguda não complicada

Sinais

• Ver sintomas e exame sumário

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Cistite aguda não complicada

Exames complementares

• Exame sumário da urina


• Leucócitos sensibilidade alta, mas especificidade baixa

• Nitritos sensibilidade baixa, mas especificidade alta

• Urocultura
• Frequentemente desnecessária cistite complicada, cistite
recidivante, suspeita de pielonefrite

• Não é necessária urocultura de controlo após


tratamento

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Cistite aguda não complicada

Diagnóstico diferencial

• Vaginite

• Pielonefrite

• Uretrite

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Cistite aguda não complicada

Tratamento

• Antibioterapia
• Depende dos padrões locais de resistências

• Fosfomicina – toma única

• Nitrofurantoína – 5-7 dias

• Amoxicilina + ácido clavulânico – 5-7 dias

• Não tratar bacteriúria assintomática excepto grávidas e


candidatos a RTU-P

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Cistite aguda não complicada

Prevenção

• Esvaziamento vesical após relações sexuais

• Limpeza da frente para trás

• Profilaxia diária ou pós-coito em alguns casos de


infecções recorrentes

• Sumo de arando (mirtilos) eficácia incerta

• Lisados bacterianos sem evidência de eficácia

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Cistite aguda não complicada

O médico pediu à Sofia para fazer um teste rápido


de urina, que mostrou leucócitos e nitritos.
Prescreveu fosfomicina em toma única.

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto
Pielonefrite aguda

A Filipa está desde há 3 dias com febre, náuseas,


dor dorso-lombar à direita, disúria, poliúria e
sensação de mal-estar geral. Tomou paracetamol,
mas não melhorou.

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Pielonefrite aguda

Informação geral

• Pode ser causada por infecções ascendentes ou


disseminação hematogénica

• Mais comum nas mulheres, sobretudo grávidas

• Maioria dos episódios resolve sem complicações

• Habitualmente acompanhada de sintomas


sistémicos

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Pielonefrite aguda

Sintomas

• Sintomas de cistite

• Febre

• Náuseas / vómitos

• Dor unilateral no flanco

• Mal-estar geral

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Pielonefrite aguda

Sinais

• Febre

• Taquicárdia

• Hipotensão

• Murphy renal positivo dor no ângulo costo-vertebral

• Dor à palpação do hipogastro

• Alterações da urina similares à cistite

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Pielonefrite aguda

Exames complementares

• Exame sumário da urina / sedimento urinário

• Urocultura resultado a posteriori, guia antibioterapia

• Hemograma, PCR apontam para infecção alta

• Ecografia renal excluir alterações anatómicas, hidronefrose e


cálculos; não precisa de ser feita imediatamente

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Pielonefrite aguda

Diagnóstico diferencial

• Cistite aguda não complicada

• Doença inflamatória pélvica

• Colecistite aguda

• Apendicite aguda

• Pneumonia lobar inferior

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Pielonefrite aguda

Tratamento

• Considerar internamento se não houver via oral

• Analgésicos / antipiréticos ibuprofeno, paracetamol

• Antibioterapia ceftriaxona IM e depois cefuroxima 7-14 dias


• Ajustar de acordo com urocultura

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Pielonefrite aguda

Prevenção

• As mesmas estratégias que para a cistite

• Ingestão abundante de água incerto

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Pielonefrite aguda

A Filipa tinha um Murphy renal positivo e o teste


sumário da urina mostrava leucócitos e nitritos.
Uma vez que não estava a vomitar, o médico optou
por tratar a Filipa em casa, com indicação para
voltar ou ir ao hospital se piorasse. Prescreveu
paracetamol 1g de 8/8H, ceftriaxona 1g IM em
administração única e cefuroxima 500mg de
12/12H durante 14 dias. Passou também o
certificado de incapacidade para o trabalho.

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Infecções
gastrointestinais
Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto
Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto
Infecções gastrointestinais

Gastroenterite aguda

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Gastroenterite aguda

O Martim começou hoje a vomitar e ter diarreia na


escola. A educadora chamou a mãe, que resolveu
trazê-lo ao médico. A mãe notou o Martim quente
na sala de espera e refere que este se queixou de
dor abdominal. O último vómito foi há 1h e o
Martim ainda não comeu nem bebeu. Só teve uma
dejecção diarreica hoje, há 3 horas. Ainda não fez
nenhuma medicação.

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Gastroenterite aguda

Informação geral

• Maioria são infecções virais

• Curso habitualmente benigno se não existirem


comorbilidades

• Transmissão fecal-oral

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Gastroenterite aguda

Sintomas

• Náuseas
• Vómitos
• Diarreia
• Dor abdominal
• Anorexia
• Sensação de mal-estar
• Febre

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Gastroenterite aguda

Sinais

• Febre

• Dor abdominal

• Desidratação ocasionalmente

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Gastroenterite aguda

Exames complementares

• Diagnóstico clínico

• Outros exames apenas para diagnóstico


diferencial

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Gastroenterite aguda

Diagnóstico diferencial

• Intoxicação alimentar

• Diarreia bacteriana

• Parasitose

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Gastroenterite aguda

Tratamento

• Verificar existência de via oral


• Rehidratação
• Antieméticos domperidona, metoclopramida; uso limitado por
efeitos secundários, apenas casos graves

• Antidiarreicos loperamida; benefício apenas temporário, potencial


para prolongar diarreia

• Probióticos sem provas conclusivas sobre eficácia


• Antibióticos não indicados na generalidade das infecções

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Gastroenterite aguda

Prevenção

• Água potável

• Confecção segura dos alimentos

• Lavagem das mãos

• Vacinação rotavírus, febre tifóide, cólera; avaliação individual da


utilidade

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Gastroenterite aguda

O Martim não apresentava sinais de desidratação e


a palpação abdominal era normal. Ficou no centro
de saúde a beber um copo de água lentamente, o
que conseguiu fazer. Por isso voltou para casa
com indicação para fazer reforço hídrico e
paracetamol (rectal se tivesse vómitos) em caso
de febre ou dores.

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Infecções dentárias

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


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Infecções dentárias

Abcesso dentário

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Abcesso dentário

O Pedro tem tido dor de dentes num dos molares


superiores direitos desde há 1 semana. Tem
estado a tomar ibuprofeno, mas com alívio apenas
temporário. Desde ontem notou edema da face.

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Abcesso dentário

Informação geral

• Infecções dentárias são muito frequentes

• Saúde oral continua a ser um luxo em Portugal

• Abcessos surgem como complicações de cáries

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Abcesso dentário

Sintomas

• Dor localizada e intensa no dente afectado

• Edema dos tecidos envolventes

• Drenagem de pús ocasionalmente

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Abcesso dentário

Sinais

• Cárie(s) dentárias
• Ausência de peças dentárias
• Edema da face
• Flutuação
• Edema gengival
• Dor ao toque
• Adenopatias submandibulares

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Abcesso dentário

Exames complementares

• Habitualmente não necessários

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Abcesso dentário

Diagnóstico diferencial

• Sinusite

• Sialolitíase

• Parotidite

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Abcesso dentário

Tratamento

• Idealmente, drenagem do abcesso e tratamento


do dente

• Se não for possível:


• Analgesia paracetamol, ibuprofeno, outros

• Antibioterapia amoxi-clav, metronidazol

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Abcesso dentário

Prevenção

• Higiene oral escovagem, fio dental, alimentação

• Tratamento atempado das cáries

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Abcesso dentário

O médico observou ausência de várias peças


dentárias e múltiplas cáries. Havia dor ao toque do
1º molar superior direito e da gengiva circundante.
Existia ainda tumefacção da região maxilar
superior e malar à direita, com dor à palpação.
Foram prescritos ibuprofeno e amoxi-clav e
recomendou-se que o Pedro fosse ao dentista
assim que possível.

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Infecções genitais

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Infecções genitais

Candidíase vulvovaginal

Vaginite bacteriana

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Candidíase vulvovaginal

A Rita queixa-se de prurido vaginal e vulvar


intenso desde há 5 dias. Refere uma sensação de
irritação e corrimento abundante de cor branca
sem cheiro.

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Candidíase vulvovaginal

Informação geral

• A Candida albicans faz parte da flora normal da


vagina

• Pode causar infecção quando existe um


desequilíbrio da flora (por exemplo,
antibioterapia sistémica ou lavagem com
desinfectantes)

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Candidíase vulvovaginal

Sintomas

• Prurido vaginal e/ou vulvar intenso

• Sensação de queimadura ou irritação

• Corrimento espesso de cor branca e sem cheiro

• Disparêunia

• Disúria

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Candidíase vulvovaginal

Sinais

• Corrimento e placas de cor branca na vagina

• Ausência de cheiro

• Eritema vulvar

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Candidíase vulvovaginal

Exames complementares

• Não necessários

• Testes de hidróxido de potássio e pH não


disponíveis habitualmente em Portugal

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Candidíase vulvovaginal

Diagnóstico diferencial

• Vaginite bacteriana

• Cistite aguda

• Cervicite

• Líquen plano

• Corrimento fisiológico

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Candidíase vulvovaginal

Tratamento

• Fluconazol oral melhor aceitabilidade; administração única

• Antifúngico tópico clotrimazol, outros; útil para alívio de


sintomas vulvares

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Candidíase vulvovaginal

Prevenção

• Controlar causas (diabetes, uso de corticóides,


antibioterapia)

• Evitar produtos que retenham humidade (roupa


interior de nylon, espermicidas)

• Uso de antifúngicos profilácticos

• Probióticos não são eficazes

• Tratamento do parceiro não recomendado

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Candidíase vulvovaginal

À observação o médico encontrou placas de cor


branca na vulva e nas paredes da vagina, que se
destacavam facilmente. Fez o diagnóstico de
candidíase e tratou com fluconazol 150mg em
toma única e clotrimazol tópico na vulva.

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Vaginite bacteriana

A Ana tem desde há 8 dias corrimento vaginal com


mau cheiro. Inicialmente achou que o corrimento
estava relacionado com a menstruação, mas esta
já acabou e continua com as mesmas queixas.

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Vaginite bacteriana

Informação geral

• Desequilíbrio da flora normal, com crescimento


de organismos patogénicos

• Habitualmente pouco sintomática à excepção do


corrimento

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Vaginite bacteriana

Sintomas

• Corrimento vaginal acinzentado com mau cheiro

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Vaginite bacteriana

Sinais

• Corrimento acinzentado com mau cheiro

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Vaginite bacteriana

Exames complementares

• Desnecessários

• Teste de aminas habitualmente não disponível

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Vaginite bacteriana

Diagnóstico diferencial

• Candidíase

• Cervicite

• Clamídia

• Gonorreia

• Corrimento fisiológico

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Vaginite bacteriana

Tratamento

• Primeira linha
• Metronidazol oral 7 dias; em Portugal apenas dose de 250mg
– fazer 2cp

• Alternativas
• Metronidazol vaginal 5 dias; sobretudo na gravidez

• Clindamicina oral 7 dias; em Portugal apenas dose de


150mg – fazer 2cp

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Vaginite bacteriana

Prevenção

• Evitar uso de desinfectantes na higiene

• Tratamento do parceiro não recomendado

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Vaginite bacteriana

À observação o médico encontrou um corrimento


de cor cinzenta com cheiro. Medicou com
metronidazol 250mg, dois comprimidos duas
vezes por dia durante 7 dias.

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Infecções cutâneas

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Infecções cutâneas

Erisipela

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Erisipela

A Dª Rosa notou há 2 dias calor e vermelhidão da


sua perna esquerda, com alguma sensibilidade
dolorosa ao toque. Ontem ficou com febre e por
isso veio à consulta.

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Erisipela

Informação geral

• Geralmente causada por estreptococo β–


hemolítico do grupo A

• Maioria dos casos afecta os membros inferiores

• Edema crónico, obesidade e idade são factores


de risco

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Erisipela

Sintomas

• Sinais inflamatórios – calor, rubor, tumefacção,


dor e impotência funcional

• Início súbito

• Pode ser acompanhada de sintomas sistémicos


(febre, mal-estar, cefaleias, vómitos)

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Erisipela

Sinais

• Lesão de bordos bem definidos, mas irregulares

• Acompanhada de linfedema

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Erisipela

Exames complementares

• Hemograma, PCR sugestivos de infecção

• Isolamento a partir da pele pouco útil

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Erisipela

Diagnóstico diferencial

• Celulite

• Dermatite de contacto

• Tromboflebite superficial

• Picada de insecto

• Fasceíte necrosante

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Erisipela

Tratamento

• Repouso com elevação do membro

• Avaliar necessidade de internamento

• Antibioterapia amoxicilina, flucloxacilina

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Erisipela

Prevenção

• Tratamento dos factores predisponentes

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Erisipela

O médico prescreveu à Dª Rosa flucloxacilina


250mg de 6/6H e recomendou-lhe que fizesse
repouso e elevação da perna.

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


Infecções oculares

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Infecções oculares

Conjuntivite bacteriana

Medicina Geral e Familiar 5º ano | Daniel Pinto


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Conjuntivite bacteriana

O Luís acordou hoje com secreções amareladas


que não o deixavam abrir o olho direito. Notou
também ardor e que o olho estava bastante mais
vermelho do que o habitual.

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Conjuntivite bacteriana

Informação geral

• A conjuntivite pode ser causada por bactérias,


vírus ou alergias

• A conjuntivite bacteriana é mais comum em


crianças

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Conjuntivite bacteriana

Sintomas

• Olho vermelho

• Lacrimejo

• Sensação de corpo estranho

• Secreções purulentas

• Pálpebras coladas de manhã

• Unilateral pelo menos inicialmente

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Conjuntivite bacteriana

Sinais

• Hiperémia conjuntival

• Secreções palpebrais

• Edema palpebral

• Acuidade visual normal

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Conjuntivite bacteriana

Exames complementares

• Desnecessários

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Conjuntivite bacteriana

Diagnóstico diferencial

• Conjuntivite viral

• Conjuntivite alérgica

• Olho seco

• Episclerite

• Uveíte

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Conjuntivite bacteriana

Tratamento

• Antibiótico tópico 5-7 dias


• Encurta duração da doença

• Cloranfenicol, gentamicina, azitromicina,


ciprofloxacina, levofloxacina

• Colírios durante o dia, pomadas à noite

• Ensinar técnica de colocação

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Conjuntivite bacteriana

Prevenção

• Isolamento

• Lavagem das mãos

• Não partilhar toalhas ou lençóis

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Conjuntivite bacteriana

O médico prescreveu ao Luís cloranfenicol colírio


uma gota no olho afectado a cada duas horas
durante o dia e cloranfenicol pomada oftálmica
para colocar à noite.

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3 fármacos para
maioria dos problemas
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Fármacos

Paracetamol

• 500 a 1000mg até de 6/6H

• Máximo 4000mg/dia

• Crianças
• 10-15mg/kg por cada toma

• Solução de 40mg/mL

• Supositórios de 125 e 250mg

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Fármacos

Ibuprofeno

• 400mg de 8/8H ou 600mg de 12/12H

• Máximo 2400mg/dia (doenças reumáticas)

• Crianças
• 5-10mg/kg por cada toma

• Solução 20mg/mL

• Supositórios de 75, 125 e 150mg

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Fármacos

Amoxicilina

• 500 – 1000mg de 12/12 ou 8/8H

• Crianças
• Otite
80-90mg/kg dividida em 2 ou 3 tomas

• Outras infecções
25-45mg/kg dividida em 2 ou 3 tomas

• Soluções de 250mg/5mL e 500mg/5mL

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Casos clínicos

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Recursos adicionais

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Recursos adicionais

Public Health England. Management of infection


guidance for primary care for consultation and
local adaptation. London, July 2015. Abrir

Direcção Geral da Saúde: normas 015/2011,


045/2011, 064/2011, 006/2012, 007/2012, 016/2012,
019/2012, 020/2012, 006/2014; orientação 025/2011

http://www.fpnotebook.com

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Infecções comuns
na comunidade

Daniel Pinto daniel.pinto@nms.unl.pt

Depar tamento de Medicina Geral e Familiar

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