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Diabetes Mellitus
Definição: Conjunto de doenças metabólicas, de etiologia múltipla, caracterizada pela
persistência de níveis elevados de glicemia.
Perante condições de stress ou após uma refeição, é normal que o valor da glicémia
seja transitoriamente elevado.
• Hormonas de contra-regulação propiciam este aumento: Cortisol,
catecolaminas, glucagon, GH
Glicémia normal:
• 70 - 109 mg/dL (OMS – Valor de referência em Portugal)
• 70 - 99mg/dL (ADA – Professor revela preferência por esta uma vez que é mais
sensível)
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o Efeito Hipoglicemiante
• Glucagon (Glicagina)
o Hormona de Contrarregulação = Hiperglicemiante
o Secretadas pelas Células α dos Ihéus de Langerhans
• Corticóides (Cortisol)
o Hormona de Contrarregulação = Hiperglicemiante
o Cortisol secretado pela Zona Fasciculada do Córtex da Glândula Suprarrenal
• Hormona de Crescimento (hGH)
o Hormona de Contrarregulação = Hiperglicemiante
o Secretada pela Adenohipófise
• Incretinas
o Representada pelo Glucagon-Like-Peptide-1 (GLP-1)
o Sintetizadas a nível intestinal e levam informação para os Ilhéus de Langerhans
sobre a quantidade e qualidade dos hidratos consumidos.
o Efeito Hipoglicemiante
• Notas:
o Células delta dos Ihéus de Langerhans à secretam somatostatina
o Células alfa à glucagon
o Células delta à somatostatina
• Nota 2: Professor Langerhans era um Fisiologista Alemão, que faleceu na Ilha da
Madeira durante um “Tratamento” da Tuberculose.
Secreção de Insulina
1. Aumento da glicémia capilar
2. Aumento da concentração de glicose
intersticial
3. A glicose entra via GLUT-2
4. Ativação da via da glicolítica
5. Aumento da concentração de ATP
6. Fecho que canais de K+
7. Despolarização celular
8. Abertura de canais de Ca2+ (sensíveis à
voltagem)
9. Aumento da concentração intracelular de
Ca2+
10. Fusão de vesículas de Insulina com a
membrana celular (sensível à concentração de
Ca2+)
11. Insulina excretada e entra em circulação
Nota: Acoplados aos canais de K+ existem recetores de Sulfonilureias. Ainda não foram
encontrados ligandos endógenos, sendo que apenas respondem às Sulfonilureias de origem
externa (farmacológica). Esta secreção é independente da glicémia, logo, quando aplicado
existe risco elevado de hipoglicémia. Para além disso, sendo a Insulina uma hormona
anabolizante, existe aumento da adiposidade e consequente ganho ponderal.
à Diabetes Gestacional
Hiperglicemia diagnosticada durante o segundo ou terceiro trimestre da gravidez em mulheres
que, claramente, não apresentavam diabetes prévia àquela gravidez.
• Diagnostica-se apenas no segundo e terceiro trimestre, porque nestes existe
resistência fisiológica à insulina.
• Diagnósticos no primeiro trimestre são pré-existentes, ou seja, Diabetes Mellitus 1 ou
2 até então não identificadas.
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à Diabetes Tipo 1
• 5-10% do total
• Surge em crianças, adolescentes ou adultos jovens (Pico na Puberdade ~11 anos)
• Resulta de um processo inflamatório autoimune a nível das células beta do pâncreas,
levando à sua destruição
o Desconhece-se o trigger
• O pâncreas não consegue produzir insulina em quantidade suficiente
• Os doentes dependem da insulina administrada para sobreviver
o Insulinodependentes
o Insulina não tem como principal objetivo o controlo metabólico, mas a
sobrevivência do doente
Doentes com DM2 que utilizam insulina para controlo metabólico NÃO são Insulinodependentes à
São Insulino-tratados.
• Anticorpos identificados:
o Anti-GAD (S>70%; E>99%)
o Anti-Ilhéus (S>70%; E97-98%)
o Anti-Insulina
o Anti-Tirosina Fosfatase
o Anti-Transportador 8 do Zinco (Anti-
§ ZnT8) (S~30%; E~99%)
• Não disponível no SNS, mas
parece promissor devido à
especificidade superior à do
Anti-GAD
à Diabetes Tipo 2
1. 90-95 % do total
2. Doença poligénica
3. Surge em idades mais avançadas (Nota: Idade não faz diagnóstico)
4. Surge em consequência de a insulina ser em quantidade insuficiente e/ou não
atuar de forma eficaz
5. Nalguns casos, o pâncreas produz insulina em grande quantidade (compensação da
insulinorresistência)
a. Durante uma fase, consegue se manter a diabetes bem controlada através de
ADO
6. Embora não dependam da insulina para sobreviver, alguns doentes só conseguem
manter um correto controlo metabólico através da administração de insulina
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Prevalência
• Determinada entre os 20 e 79 anos, para que seja
comparável entre países, uma vez que estes têm
pirâmides etárias muito diferentes.
A DM2 é uma doença hereditária poligénica. O gene Transcription factor 7-like 2 (TCF7L2) é
o que tem maior significado e apenas justifica 15% dos casos de DM2.
Sintomas
• Polifagia - Apesar de haver um aumento persistente da glicose sérica, existe uma
diminuição da glicose intracelular
o “Fome” a nível celular à aumento do intake calórico.
• Polidipsia – Aumento da Osmolaridade sérica (interpretada pelos osmorrecetores
hipotalâmicos) devido ao aumento da glicémia. Para além disso, existe poliúria que
diminui a água corporal disponível.
• Poliúria – Aumento da glicémia persistente causa uma diurese osmótica, uma vez que
existe saturação dos recetores de SGLT2 renais.
o Tipicamente o limiar de reabsorção renal é de 180mg/dL, ou seja, a partir desta
concentração sérica de glicose, não existe total reabsorção da glicose filtrada.
• Alteração de peso (ganho ou perda ponderal)
• Astenia
• Outros
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o Modelos atuais guardam dados durante 8h, sendo fundamental que os doentes
passem o aparelho recetor pelo sensor, para que todos os dados sejam
registados. (Libre)
o Indicações: DM1 e DM2-Insulinotratada
• Hemoglobina Glicada
o Representa a glicemia média dos últimos 90 dias (Semi-vida eritrocitária
~120 dias)
o Processo de glicosilação não enzimática da Hemoglobina depende da
concentração de glicose
o Deve-se fazer a avaliação com HbA1C e complementar com Glicémia capilar ou
Glicose Intersticial, uma vez que permite:
§ Verificar Variabilidade
• Ter múltiplas hiperglicémias alternadas de hipoglicémias
podem, em termos percentuais, ser idêntico a um doente com
bom controlo metabólico, porque a Hemoglobina glicada
representa a média dos últimos 90 dias. (ex: Doente com
variações de glicémia de 75-95mg/dL pode ter HbA1C%
semelhante a um doente com 40-130mg/dL, uma vez que a
• média é idêntica 85mg/dL)
§ Ajuste de dose de Insulina Rápida
Antidiabéticos Orais
1. Sulfonilureias
a. Diamicron / Diamicron LM / Daonil /Glibenclamida / Gliclazida /Glimepirida
b. Agentes secretagogos de insulina
c. Sulfonilureias ligam-se ao seu recetor, permitindo o encerramento dos canais
de K+ e consequente libertação de Insulina (independente da concentração de
glicose sérica)
d. Elevado risco de Hipoglicémia
e. Ganho ponderal, devido ao efeito anabolizante da Insulina
2. Glitinidas
a. Nateglinida
b. Semelhante a Sulfonilureias, mas ligação mais fraca com recetor.
i. Atua de forma mais rápida e menos prolongada do que as
sulfonilureias
c. Risco de Hipoglicémia mais baixo
d. Ganho ponderal, devido a efeito anabolizante da Insulina
3. Biguanidas
a. Metformina (Havia outro no mercado, mas foi retirada)
i. Composto sintético derivado da Galegina (tóxico) isolada na Galega
officinalis Arruda-Caprária planta endémica nos países mediterrânicos
b. Não se sabe exatamente como funciona
Diagnostico DM2 i. Agentes insulinossensibilizadores a nível hepático
Intervenção 1. Inibe a gliconeogénese
a. Na insulinorresistência não há inibição da produção
nutricional +
hepática de glicose à aumenta gliconeogénese
Atividade física
c. Cardioprotetor, Anti-neoplásico, altera microbiota…
+ Metformina
d. Indicado desde o diagnóstico até à morte (salvo contraindicações)
e. Dose máxima 3g/dia (3x1g) – Incorreto na literatura como 2750mg/dia
(3x850mg)
i. se TFG >60
ii. TFG 45-60: 2g
iii. TFG 30-45: 1g
iv. TFG <30: CI
f. Deve ser feita titulação e ser tomado durante a refeição
g. EA: GI (náuseas, vómitos, diarreia) e Acidose láctica (++ em outras biguanidas)
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5. Tiazolidinedionas
a. Pioglitazona (Rosiglitazona removida do mercado em 2007 por elevado risco
cardiovascular – Afinal os dados científicos foram mal interpretados)
b. Agentes insulinossensibilizadores (+ periférico: Músculo e Tecido Adiposo)
i. Reduz a Esteatose Hepática, promovendo a mobilização lipídica para a
periferia (Ganho ponderal) à ++ tecido celular subcutâneo
c. Promove Retenção Hídrica
i. Contra-indicado em Insuficiência Cardíaca
d. Risco de Fraturas
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Previamente, as pessoas com diabetes tipo 1 morriam de caquexia, desenvolvida quer pela
doença per se, quer pela dieta restrita que era instituída para evitar hiperglicemia. Na imagem
ao lado podemos ver um dos primeiros pacientes a beneficiar da descoberta da insulina.
Insulina: Hormona proteica constituída por 51 aminoácidos distribuídos por 2 cadeias (A e B).
Nas posições 28 e 29 da cadeia B encontra-se uma prolina e uma lisina, respetivamente. Esta
hormona é secretada pelas células beta pancreáticas em resposta ao aumento da glicemia. É
administrada por via subcutânea sob a forma examérica, da qual resultam monómeros que são
absorvidos para a circulação do tecido celular subcutâneo.
1. Insulina humana regular – tem uma duração de ação até 6h, o que implicava, quando
foi descoberta, que fossem realizadas várias administrações diárias sem cobertura do
período interprandial (deve ser administrada 20-30 minutos antes das refeições). Tem
um pico ligeiramente desviado para a direita, com um efeito máximo entre a 1ª e a 4ª
hora após a administração. Em termos fisiológicos, é na 1ª hora que ocorre o pico de
insulina numa pessoa não diabética, quando ingere hidratos de carbono.
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3. Análogos rápidos de insulina – estas insulinas permitem uma aproximação mais real
do contexto fisiológico, antecipando-se o início de ação da insulina em 10-15 min,
com um efeito máximo mais próximo do fisiológico, embora com uma duração um pouco
mais longa, que vai até às 4h (em termos fisiológicos, os níveis de insulina retornam aos
valores basais após 2h). Existem os seguintes tipos de análogos rápidos:
a. Lispro – resulta da troca dos aminoácidos das posições 28 e 29 (pro+lis →
lis+pro);
b. Aspártico – resulta da troca da prolina da posição 28 por um ácido aspártico;
c. Glulisina – resulta de múltiplas modificações na posição 28
(a rapidez de ação é determinada pela posição 28)
5. Análogos lentos de insulina – estes análogos de insulina são peak-less (sem pico),
pelo que têm uma curva plana de insulinemia, que permite cobrir as 24h do dia.
Existem os seguintes tipos de análogos lentos:
a. Glargina (U100 e U300);
b. Detemir;
c. Degludec – desenvolvida com o objetivo de poder ser administrada dia sim dia
não (duração de ação de 42h).
• Esquema convencional: Adotado sobretudo nas pessoas idosas com diabetes tipo 2
pela comodidade posológica, que consiste na administração 2x/dia de uma prémistura
ao pequeno almoço e ao jantar;
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Está preconizado que quando não existe um controlo otimizado com medidas de intervenção
no estilo de vida + fármacos não insulínicos, deve iniciar-se insulina NPH à noite (começasse
com 10 unidades ou com 0,1 a 0,2 unidades por kg), mantendo o esquema de agentes
antidiabéticos. O ajuste de unidades é feito em função dos valores com que o doente acorda na
manhã, sendo que 3 dias consecutivos com valores acima dos desejáveis em jejum
equivalem a um aumento de 2 unidades. Se o doente tiver hipoglicemias durante a noite, deve
fazer um análogo lento de insulina em vez de NPH, uma vez que os análogos lentos têm um
perfil mais plano e evitam essas hipoglicemias.
Quando os valores de glicemia estão otimizados durante a noite, mas permanecem elevados ao
longo do dia, opta-se por insulina NPH 2x/dia ou por uma pré-mistura de insulina humana
regular + insulina NPH 2 a 3x/dia.
No caso de doentes que não podem fazer a administração 20-30 min antes das refeições, ou
que registam muitas hipo ou hiperglicemias pós-prandiais, recomenda-se uma pré-mistura não
com insulina humana regular, mas sim com um análogo rápido de insulina. Se mesmo assim
não for possível atingir um bom controlo metabólico, atua-se como na diabetes tipo 1: análogo
lento de insulina 1x/dia + análogo rápido de insulina antes de cada refeição (pelo menos antes
das 3 principais refeições).
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É a complicação mais frequente e considera-se severa quando o próprio não consegue tratar da
sua situação e necessita de recorrer à ajuda de terceiros.
Existem diversas causas, sendo que no caso particular da intoxicação etanólica aguda, esta
exerce efeito tóxico sobre a capacidade de produção hepática de glicose, com compromisso da
neoglicogénese e glucogenólise.
Causas:
- diminuição da ingesta
- grande intervalo entre refeições
- redução da absorção dos alimentos (vómitos, diarreia)
- aumento da atividade física
- excesso de medicação
- consumo de álcool
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Hipoglicemia grave
Situação de baixa de glicemia que requer a intervenção de terceiros para, ativamente, administrar
açúcar, glucagon ou para tomar outras medidas corretivas.
Apesar da determinação da glicemia poder não ter sido feita, a recuperação neurológica após o
retorno para a normoglicemia constitui evidência suficiente de que o evento foi induzido por uma
baixa na concentração plasmática de glicose.
Consequência:
SÍNDROME DE HIPEROSMOLARIDADE
CETOACIDOSE DIABÉTICA
Cursa com aumento dos níveis sanguíneos de glicose e de corpos cetónicos + acidose
metabólica. O diagnóstico implica:
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Sintomas:
• Náuseas e vómitos
• Dores abdominais
• Hálito cetónico
• Palidez
• Hipotensão
• Secura das mucosas
• Taquicardia
• Respiração Kussmaul
• Confusão mental
• Coma
Do ponto de vista bioquímico, os corpos cetónicos são ácidos fracos, pelo que induzem
cetose quando se encontram em excesso (extremamente aumentados). Se atingirem elevadas
quantidades, conferem baixa do pH, induzindo um estado de cetoacidose. O excesso de
hidrogeniões é eliminado sobretudo pela ação do bicarbonato e pela entrada dos hidrogeniões
no meio intracelular por troca com o ião potássio (o que pode traduzir-se num aumento do
potássio sérico, mas que não corresponde a uma verdadeira hiperpotassemia, pelo que tem que
ser iniciado cloreto de potássio assim que começa a ser corrigida a cetoacidose, por risco de
hipopotassemia).
Tratamento: Insulina + soro dextrosado (NOTA: o soro deverá ser dextrosado para valores de
glicose abaixo de 250 ou de 200, consoante a Escola, quando ainda em hiperglicemia, usar soro
fisiológico) + cloreto de potássio (logo, apesar de inicialmente estarem altos) + bicarbonato
(quando pH < 7.1 ou 7.2, consoante a Escola).
Deve ser efetuado rastreio para complicações microvasculares anualmente quer na diabetes
tipo 1 quer na diabetes tipo 2 (na DM1 começa rastreio passado 5 anos e na
DM2 começa-se logo rastreio porque não se sabe quanto tempo tem a doença):
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MACROVASCULARES
O estudo DCCT (diabetes control and complications trial) demonstrou em 1993 a associação
entre a otimização do controlo glicémico e o menor risco de desenvolvimento de
complicações tardias da diabetes tipo 1. Foram demonstrados os mesmos resultados 5 anos
depois pelo estudo UKPDS (United Kingdom Prospective Diabetes Study) relativamente à
diabetes tipo 2.
Caso clínico
Nos 6 meses prévios à consulta: deterioração do controlo glicémico (HbA1c 8,2%), perda
ponderal de 1,5 kg, LDL 108
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