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São síndromes raros, mas que conferem maior predisposição para neoplasias
MEN1
• Mais frequente, mas ainda bastante rara (prevalência 1 para 50 000)
• É autossómica dominante (50% probabilidade de transmissão)
• Afeta todas as fáscias etárias
• Elevada penetrância (alta probabilidade de uma pessoa herdar o alelo e
ter a manifestação fenotípica)
o Elevada penetrância (se não clínica, pelo menos bioquímica)
• Tumores mais agressivos, de maiores dimensões, multifocais, recorrência
e metastização mais frequentes que os tumores esporádicos
▪ tumores com pior prognóstico
• O difícil é encontrar história familiar
Hiperparatiroidismo primário
• É a manifestação mais comum e precoce, muitos com MEN1 vão ter
o No entanto, o oposto não acontece → a incidência de men1 em
HPT é só de 1-18%
• Habitualmente são assintomáticos
• Podem ter manifestações de litíase renal, úlceras pépticas, fraturas por
osteoporose grave
• Nas doenças endócrinas múltiplas tipo 1 habitualmente a doença
manifesta-se numa idade mais precoce
o Cerca de 10 a 15 anos mais cedo que o hiperparatiroidismo
esporádico (média de 25 anos)
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Tumores neuroendócrinos
• Associado ao MEN1 os do pâncreas são mais frequentemente não funcionantes
ou são gastrinomas (associam-se à secreção de gastrina):
o Dão frequentemente histórias arrastadas de doenças pépticas,
refluxo, acidez gástrica, gastrite e pode dar diarreia pela
hipersecreção de gastrina. NÃO ESQUECER ÚLCERAS
• Os insulinomas:
o Menos frequentes e caracterizam-se por hipoglicémias (níveis de
glicémia sérico capilar <40 na mulher e <55 no homem)
o O diagnóstico é realizado pela medição de hipoglicémia pelo
hiperinsulinismo endógeno e devem ser internados para realizar a
prova de jejum prolongado
o Não há o mecanismo do pâncreas em suprimir a secreção de
insulina em hipoglicémia → história típica de “acordo 3 vezes para
comer senão sinto-me mal”
▪ Podem chegar a engordar 20kg e muitas vezes são
intrepertados como tendo alterações psiquiátricas
o Surgem em idades mais jovens; têm potencial maligno
• VIPomas:
o Dão diarreia aquosa pela hipersecreção de VIP
o Fazer o diagnóstico diferencial com o abuso de laxantes → comum
em mulheres que querem perder peso (mas aí também têm
hipocaliémia e diarreias profusas)
Tumores da hipófise
• Os prolactinomas e tumores não funcionantes são os mais frequentes
• Pode haver uma expressão plurihormonal ou seja, o tumor produzir duas
hormonas ao mesmo tempo (é raro)
• Lesões mais agressivas que respondem pior ao tratamento e por isso têm
pior prognóstico
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Slides:
Gene MEN1:
Mutação no braço longo do cromossoma 11 que codifica a proteína nuclear
MENIN (“proteína menina”)
Suspeita de MEN1:
• No hiperparatiroidismo primário em idade jovem se existir tumores
múltiplos
• A título de exemplo: doente com 40 anos e que na histologia da lesão das
paratiróides vem uma hiperplasia → pode ser um critério para se fazer
estudo genético
MEN1 atípico:
• Tríade clássica → hiperparatiroidismo, tumores da hipófise e tumores
neuroendócrinos do pâncreas ou duodeno
• 2 ou mais tumores que não façam parte da tríade, mas um pode fazer
parte
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MEN2
• Doença autossómica dominante
• Ainda mais rara que o MEN1 (prevalência de 1 para 30 000)
• Elevada penetrância
• Mas menor que o MEN1 (70% aos 70 anos)
• Subdivide-se em:
• MEN2A (raro)
• MEN2B (raríssimo)
O Feocromocitoma também é
muito prevalente. Os episódios
paroxísticos podem ser muito
subtis, incluindo nas crianças,
pelo que deve ser pesquisado
logo desde início.
→ MEN2A
Feocromocitoma
• Ocorre em 50% dos casos de MEN2
• Raramente manifestação inicial (+ comum > 25-32 anos)
• Geralmente Benigno (Maligno em << 10% casos)
• Frequentemente bilateral (30-100% casos): É diagnosticado um
feocromocitoma, faz uma adrenelectomia. Se tiver um MEN2 tem que
manter vigilância porque há o risco de desenvolver doença nessa
glândula suprarrenal
• Tratamento cirúrgico deve preceder o do CMT.
• Os feocromocitomas produzem catecolaminas que com
procedimentos anestésicos, atos cirúrgicos ou manipulações
podem libertar grandes quantidades e provocar eventos
cardiovasculares que podem levar à morte, ou seja, nunca se
vai operar um doente com MEN2 ou hiperparatiroidismo sem
excluir um feocromocitoma porque antes de mais tem que se
tirar o tumor e só depois é que se opera os outros tumores
associados
Hiperparatiroidismo primário
• Ocorre em 10-25% (ao contrário do MEN1) dos casos de MEN 2A
• Raramente manifestação inicial
• Doença multiglandular
• Não se associa ao MEN 2B
MEN2B
• O CMT ocorre em 100% dos doentes → Tem péssimo prognostico (a
expetativa de vida é muito pior do que nos MEN2A)
• surge em idades mais jovens que no MEN 2A, sendo mais
agressivo
• Em 50% dos casos ocorrem feocromocitomas
• Tem alteração da inervação parassimpática no cólon o que provoca as
alterações intestinais
• Neuromas mucosas da língua e lábios e Ganglioneuromas intestinais
• Anomalias do desenvolvimento:
• Deformações esqueléticas (cifoescoliose, lordose), laxidão
articulações, habitus marfanóide
• Obstipação crónica, Megacólon (também podem surgi logo na infância)
Caso clínico
Homem com 67 anos que tinha história arrastada desde os 23 anos, era seguido
por uma perfuração de uma úlcera gástrica, tinha sintomas dispépticos fazia IBPs
e nunca se percebeu bem o que é que ele tinha.
Em 2010 ele veio à consulta de Endocrinologia do Curry Cabral por ter sido
detetado numas análises de rotina uma hipercalcémia. Nas análises de rotina
tinha um cálcio 12.2, uma PTH aumentada, uma clearance de creatinina normal
e não tinha litíase nem osteoporose. Será que tinha indicação cirúrgica?
(critérios para operar hiperparatiroidismos: < 50 anos, cálcio > 10.2mg,litíase,
osteoporose, TFG<60 mL/min/1,73m2)
Tinha indicação porque o cálcio estava elevado e prosseguiu-se com estudo
imagiológico para saber qual das paratiróides está a produzir PTH em excesso.
Fez uma eco cervical que detetou um nódulo da paratiroideia, uma cintigrafia que
detetou tecido paratiroideu hiperfuncionante no polo superior esquerdo da tiroide.
Como a eco e a cintigrafia eram discrepantes realizou uma RMN que demonstrou
uma lesão nodular paratraqueal esquerda com 18 mm e fez doseamento de PTH
naquele nódulo que deu um valor muito alto o que confirmou a origem do
hiperparatiroidismo primário. Realizou uma paratiroidectomia superior e inferior
esquerda.
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Em 2012 foi diagnosticado um tumor da cabeça do pâncreas com 18 mm, fez
uma duodenopancreectomia cefálica o que mostrou um tumor neuroendócrino
do pâncreas G1. Isto dá indicação para fazer estudo genético do MEN1 que foi
realizada em 2013. Esta mostrou uma mutação do gene MEN1.
Durante o follow-up nunca houve normalização dos níveis de cálcio, o que faz
sentido porque ele devia ter uma hiperplasia das outras paratiróides, mas
também nunca precisou de ser reoperado porque os níveis de cálcio estão
relativamente bem. (Se ele já tivesse o diagnóstico de MEN antes da cirurgia das
paratiróides tinham-lhe feito aquela cirurgia em que se retiram as 4 paratiroides
e ficava curado). Neste caso se os níveis de cálcio aumentassem mais ele
poderia ser reoperado.
Depois realizou o estudo da família: tem uma filha em que foi detetada a
mutação perfeitamente assintomática e um filho que não tinha a mutação. A
filha com 34 anos foi convocada para ir consulta de endocrinologia e já tinha um
cálcio de 12.1 com uma PTH alta e portanto foi submetida a paratiroidectomia
superior e inferior direita e inferior esquerda e tiraram uma porção da superior
esquerda
(Tema de discórdia entre endocrinologistas e cirurgiões endócrinos: não se quer
deixar o doente em hipoparatiroidismo pós-cirúrgico total porque não é fácil de
controlar e tem alguns riscos e tenta-se deixar lá só um bocadinho e ás vezes
não é suficiente, mas nunca vamos ter a certeza que aquele bocado que lá se
deixa não vai sofrer hiperplasia e ela não vai voltar a ter cálcios altos)
Fez uma RMN à hipófise para excluir que tem a lesão hipofisária e não tinha
nada. Fez uma TAC abdominal e tinha uma região hipodensa na cauda do
pâncreas com 25mm. Portanto no mesmo tempo cirúrgico foi realizada uma
enucleação da porção corpo-caudal do pâncreas e fez uma paratiroidectomia
subtotal. Era um tumor neuroendócrino do pâncreas e tinha uma hiperplasia das
paratiroides. No follow-up tem-se mantido bastante bem, não há doença.
Os filhos dela também têm a mutação só que um deles é muito pequeno e só
vai começar aos 5 anos e o outro já está a fazer vigilância na pediatria
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