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PRESCREVER

Sistema Respiratório
O QUE IREMOS APRENDER?
• Resfriado
• Gripe
• Tosse
• Dor de garganta
• Rinossinusite
• Rinite
• Otite
• COVID-19
• Asma
Resfriado
• Doença Aguda mais comum em todo o mundo
• Enorme impacto econômico (produtividade perdida + tratamento)
• 5-7 episódios/ano crianças e 2-3 na idade adulta

500 milhões de resfriado/ano


17 bilhões – custos diretos
22,5 bilhões – custos diretos + indiretos

FENDRICK et al., 2003


Resfriado

• Problema de saúde autolimitado benigno


• Grupo de doenças causadas por membros de diversas
famílias de vírus (ex. Rinovírus, Parainfluenza)
• Infecção respiratória viral superior leve, envolvendo, em
graus variáveis: congestão nasal e coriza (rinorreia), espirros,
dor de garganta, tosse, febre baixa, dor de cabeça e mal-
estar
Resfriado: Congestão nasal e rinorreia

• As mucosas nasais incham devido à resposta


inflamatória e desencadeiam dificuldade em respirar
através do nariz. Paralelamente, as paredes nasais
produzem mais secreção, o que resulta em corrimento
nasal (rinorreia).
Resfriado: Espirros

• Espirro ou esternutação é uma expulsão de ar do


nariz e boca.
• Geralmente é causado por irritação nasal e às
vezes por bloqueio microbiano na garganta,
pulmões ou nas passagens do nariz.
Resfriado: Dor de
Garganta
– Dor de garganta
• Inerente a resposta
inflamatória local
O que o paciente precisa saber?
– Tratamento é sintomático;
– O curso habitual e a duração da doença é de até uma
semana e meia;
• Os sintomas podem persistir por mais tempo em
média em fumantes e em em crianças (~14 dias);

RESFRIADO • Informar sobre riscos e benefícios do tratamento


sintomático, incluindo analgésicos e antipiréticos;
– Assegure que os antibióticos não são necessários e
podem ter efeitos colaterais importantes;
– Discuta as preocupações e expectativas do paciente;
– Aconselhe o paciente a procurar atendimento médico
se a sua condição piorar ou permanecer por tempo
superior ao previsto para a recuperação.
Tratamento
Resfriado
– Analgésicos
• Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), paracetamol, dipirona
• Alívio dos sintomas álgicos (dor de cabeça, dor no corpo, dor de ouvido,
mal-estar...)
• Qual escolher???
– Considerar características dos pacientes
– Considerar fatores modificadores de conduta
– Paracetamol é mais seguro em pacientes com múltiplas comorbidades
Resfriado
– Combinações com anti-histamínico e descongestionante nasal
• Podem ser mais úteis e efetivas nos sintomas globais
• AH + DES → NNT 4 (95% IC 3-5,6); 66% vs. 41% (medc vs placebo)
• AH + DES + Analgésicos → NNT 5,6 (IC 3,8-10,2); 52% vs. 34% (medc
vs placebo)
• Cuidado com crianças e idosos
Resfriado
– Cromoglicato nasal ou por inalação
• Melhora sintomática → rinorreia, dor de garganta e tosse
• Poucos estudos

Como ele age?

Diminui a degranulação de histamina pelos mastócitos


Dessensibiliza receptores – efeito preventivo?
Resfriado
– Anti-histamínicos
• Utilização isolada → benefício MÍNIMO e efeitos colaterais
INCÔMODOS
1º geração 2º geração
• Alívio da rinorreia e espirros – • Efeitos pouco comprovados em
especialmente quando associados a estudos
DESCONGESTIONANTES • Mais seguros
• Utilização limitada por efeitos
secundários: sedação, ressecamento
olhos, nariz e boca

difenidramina, clorfeniramina, hidroxizina, Fexofenadina, loratadina, cetirizina e


bronfeniramina ebastina
Resfriado
– Anti-histamínicos
• Eventos Adversos principais: sedação, hipotensão, xerostomia e aumento do apetite.

IKr: corrente de K+delayed rectifier


Resfriado
– Descongestionantes nasais
• Pseudoefedrina, fenilefrina, nafazolina (não é MIP)
• Eficácia limitada à congestão
• Utilização de descongestionante tópico deve ser limitada a dois ou
três dias, pois rinite rebote pode ocorrer depois de 72 horas de
utilização.
Resfriado
– Sprays salinos
• Melhoram o transporte mucociliar nasal
• Dados conflitantes e pouco robustos
• Spray hipertônico 3% pode ser irritativo!!!
• Uma meta-análise de irrigação nasal com salina no tratamento de
infecções respiratórias agudas, concluiu que os estudos realizados
foram muito pequenos e tinham um risco elevado de viés para
tirar quaisquer conclusões sobre os possíveis benefícios dessa
abordagem.
Resfriado

– Antitussígeno
• Tosse associada ao resfriado comum pode ser causada
por obstrução nasal ou gotejamento pós-nasal;
• Terapia antitussígena raramente é necessária durante
os estágios iniciais da doença, e apresenta eficácia
variável (benefício pequeno ou incerto);
• Codeína ou dextrometorfano → Não indicados para
crianças → SEDAÇÃO/ INTOXICAÇÃO.
Resfriado
– Expectorantes
• Estimulam os mecanismos de eliminação do muco, tais como o
movimento ciliar, que impulsiona a secreção até a faringe (ex.
guaifenesina, ambroxol)
• RS 2015 – sem efeito
Resfriado
– Zinco
• 1970 → relatado que os íons de zinco inibiram a replicação do rinovírus
• Redução da duração e da gravidade dos sintomas do resfriado
• Estudos heterogêneos (muitas formulações e doses avaliadas)
• Zinco intranasal → anosmia
• Zinco oral parece ajudar nos sintomas do resfriado, mas relação entre
benefício e toxicidade é pouco estabelecida
Resfriado
Resfriado

Sem Benefícios!!!
Resfriado
– Corticosteroides nasal/via inalatória
• Beclometasona, fluticasona, mometasona...
• Não são eficazes no tratamento do resfriado comum;
• São altamente eficazes no tratamento da rinite e sinusite
(sintomas podem se confundir).
Resfriado
– Vitamina C
• Redução de 8% na duração dos sintomas (pacientes em uso regular - mín
200 mg/dia)
• A capacidade que o intestino tem em absorver o ácido ascórbico é de
aproximadamente 1200 mg/24h. Quando o suprimento aumenta, a
absorção diminui (49,5% para uma dose oral de 1,5 g)
• Significado clínico incerto
• A administração após o início dos sintomas não reduz duração e
severidade dos sintomas
• Considerar: É necessário? É efetivo? É seguro?
• E se o paciente quiser comprar...
Resfriado
– Antibióticos
• Infecção Viral
• Mais danos do que benefícios
• Uma revisão sistemática de ECR que incluiu pacientes com sintomas
respiratórios superiores por menos de sete dias revelou que a persistência
dos sintomas foi idêntica em grupos que receberam antibióticos ou placebo
(RR 0,95 IC 95% 0,59-1,51). Adultos que receberam antibióticos tiveram um
risco significativamente maior de efeitos adversos (RR 2,62 IC 95% 1,32-5,18)
• Cor do catarro??? Infecção viral também pode amarelar catarro...
Resfriado
• Devo me preocupar com:
– Febre >38°C → >3 dias
– Crianças < 2 anos
– Idosos → Considerar sempre seu perfil de comorbidades
– Asma, DPOC, ICC
– Sintomas associados de difícil correlação e manejo
– >5 dias ao invés dos sintomas melhorarem, pioram (infecção bacteriana
secundária)
O que aprendemos?
• Terapia sintomática continua a ser a base do tratamento do resfriado comum.
Para a maioria das pessoas e a maioria dos resfriados, os sintomas são
autolimitados e não necessitam de intervenção.
• Para pacientes com sintomas de resfriado mais grave:
– Tratamento sintomático de sintomas nasais (descongestionantes tópico ou oral ou
produtos de combinação que contém um analgésico, anti-histamínico e um
descongestionante);
– Kaloba® pode ser uma alternativa;
– Tratamento sintomático para a supressão de tosse, nos casos importantes, com
dextrometorfano e expectorante com guaifenesina.
O que aprendemos?
• Tratar os sintomas do trato respiratório superior com anti-histamínicos,
corticosteroides intranasais ou vitamina C, não é recomendado. Apesar de
pastilhas e xaropes de sulfato de zinco poderem diminuir a gravidade e
duração dos sintomas de resfriado, preparações de zinco não são
recomendadas por causa de benefícios incertos e toxicidade conhecida,
incluindo anosmia irreversível, para algumas preparações.

• Na ausência de evidência de infecções bacterianas secundárias, a prescrição


de antibióticos para resfriados não é recomendada.
Fluxograma de Decisão
Anamnese Congestão nasal, coriza,
Farmacêutica espirros, mal-estar geral

Prescrição de
Descongestionantes
2-3 dias medicamentos Analgésicos
tópicos
sintomáticos

Descongestionantes
Anti-histamínicos
orais

Associação (DES + AH)

Ausência de melhora → encaminhar


Gripe
• Doença respiratória aguda causada pelo vírus Influenza A ou B
• Ocorre em surtos e epidemias em todo o mundo, principalmente durante
a temporada de inverno.

– Início abrupto de febre, cefaleia, mialgia, mal-estar


– Sintomas respiratórios: tosse, dor de garganta e rinorreia
Gripe
• Preocupe-se com:
❑ Crianças < 2 anos
❑ Idosos frágeis
❑ Pessoas com doença pulmonar crônica (incluindo asma), cardiovascular, doença renal, hepática,
hematológica, metabólica (incluindo diabetes mellitus), neurológica, neuromuscular
❑ Imunossupressão (incluindo imunossupressão causada por medicamentos ou por vírus da
imunodeficiência humana)
❑ Mulheres gestantes ou no pós-parto (dentro de duas semanas após o parto)
❑ Obesidade mórbida
❑ Saturação <95% e/ou dispneia importante
Gripe
• Complicações
– Pneumonia (sinal de alerta: Febre e sintomas que pioram
progressivamente)
• Viral (Pacientes com comorbidades – DPOC/Cardiopatia)
• Bacteriana secundária (Idosos)
• Mista
– Sinusite (dor em seios paranasais)
– Otite
Gripe
• Tratamento
– Antivirais
• Inibidores da neuraminidase: oseltamivir e zanamivir que são
ativos contra o influenza A e B.
• Adamantanes: amantadina e rimantadina, que só são ativos contra
a gripe A (pouco utilizados na prática clínica).
Gripe
• Tratamento
– Antivirais
• Oseltamivir
– Iniciar no período de 24-30h após início de sintomas
– Depois disso o benefício é mínimo ou ausente
– Apenas 13% dos pacientes procuram o médico antes de 48h dos sintomas
– Algumas meta-análises questionam a efetividade desses medicamentos
– Úteis na redução da severidade e complicações da doença em pacientes
imunossuprimidos ou com doença severa
Gripe
• Onde o farmacêutico pode intervir?
– Casos leves e moderados sem fatores de risco adicionais
• TRATAMENTO SINTOMÁTICO
Gripe
– Analgésicos e antitérmicos
• Paracetamol/dipirona ou AINEs podem ser usados ​para tratar a febre, cefaleia
e mialgia associada à influenza
• Os salicilatos devem ser evitados, especialmente em crianças com menos de
16 anos de idade por causa da associação com a síndrome de Reye.

– A síndrome de Reye é uma doença grave, de rápida progressão e muitas


vezes fatal, que acomete o cérebro e o fígado. Ocorre em crianças e está
relacionada ao uso de salicilatos em conjunto com uma infecção viral.
– Sinais e sintomas: vômitos frequentes, fadiga intensa, fraqueza muscular,
paralisia muscular, irritabilidade, convulsões, perda da consciência, coma.
Gripe
– Antitussígenos
• Não são recomendados, especialmente para as crianças, em que a tosse é
autolimitada na maioria dos casos e não necessita de tratamento específico.
Os pacientes devem ser aconselhados a manter a hidratação.
Gripe
– Antibióticos
• Antibióticos são indicados apenas para complicações bacterianas de gripe
aguda, como a pneumonia bacteriana, otite média ou sinusite.
• A escolha de antibióticos para pneumonia deve ser guiada pela coloração de
Gram e cultura de escarro.
– Streptococcus pneumoniae, Streptococcus pyogenes, Staphylococcus
aureus
• Não são MIPs
O que aprendemos?
– Antivirais são indicados para pacientes em estado grave, com
comorbidades importantes
– Recomendar hidratação e tratamento sintomático para dor, com
analgésicos, preferencialmente paracetamol ou dipirona, nos casos
leves ou moderados sem fatores de risco adicionais
– Antitussígenos não devem ser indicados e apresentam eficácia
limitada na gripe
– Antibióticos são expressamente contraindicados para o tratamento
da gripe, exceto se evidências de complicações bacterianas.
Gripe
• Como saber se é gripe ou resfriado?
– Resfriado geralmente evolui com sintomas mais brandos
Sintomas Resfriado Gripe
Congestão nasal Frequente Variável
Espirros Frequente Variável
Dor de garganta Frequente Variável
Tosse Frequente (tosse seca) Frequente
(tosse seca ou carregada)
Dor de cabeça Incomum Frequente
Febre Incomum (se presente, branda) Possível
Mal-estar Incomum, se presente, Frequente
intensidade moderada
Dores musculares Incomum Frequente
Fluxograma de Decisão
Anamnese Febre, cefaleia, mialgia, mal-
Farmacêutica estar, dor muscular Crianças < 2 anos
Adultos ≥ 65 anos
Doença pulmonar, cardiovascular (exceto
Fatores de risco para hipertensão), renal, hepática ou outras condições
complicações debilitantes
Imunossupressão
Gestantes
Sim Não Obesos mórbidos

Encaminhamento Prescrição de
Reavaliar em 48-72
médico imediato medicamentos sintomáticos
horas
MIPs

Melhorou?

Sim Não

Recomendar retorno se piora ou ausência Encaminhamento médico


de melhora nos próximos dias
TOSSE
Tosse
• A tosse é um reflexo defensivo importante que protege contra a aspiração de corpos
estranhos, e aumenta a eliminação de secreções e partículas das vias aéreas.

Estímulo irritativo (ex:


gases, secreções, corpos Receptores da tosse
estranhos, inflamações) (árvore torácica)

Nervos motores
Nervo vago Centro da tosse
eferentes

Tosse
Tosse
Tosse
• A tosse aguda (<3 semanas) tem como principal fator etiológico as infecções virais e
bacterianas das vias aéreas superiores (85% dos resfriados)
• Processos alérgicos
• Gripes/resfriados
Importância da Anamnese adequada antes de qualquer
• Pneumonia prescrição!!
• Rinite, laringite, traqueíte e faringite
• Medicamento (iECA)
• Descompensação de doenças crônicas (DPOC, asma, IC)
Tosse
Tempo • Aguda (até 3 sem); Subaguda (3-8 sem); Crônica (> 8 sem)

Localização • Não se aplica

• Seca ou produtiva. Avaliar aspecto da secreção (presença de pus,


Qualidade ou característica
sangue, mau cheiro)

Quantidade ou severidade • Leve, moderada ou grave

Ambiente • Fatores ambientais associados? Processos alérgicos?

• Fatores que agravam: tabagismo, poluição, temperaturas excessivas


Fatores que agravam ou que aliviam
• Fatores que aliviam: hidratação, limpeza nasal
• Insônia, cefaleia, mialgia, rouquidão, fadiga, dor de garganta, prurido
Sintomas associados nasal e ocular, dispneia, sibilância, dor no peito, febre, edema nos
membros inferiores, pirose, regurgitação
Tosse
• Onde eu posso e devo intervir?
– Tosse aguda, não complicada

• Sinais de Alerta
– Febre alta
– Cronicidade do sintoma (> 3 semanas)
– Associação de outros sintomas que sugerem maior gravidade ou que
exigem medicamentos que não sejam MIPs.
Critérios para Encaminhamento

Tosse subaguda (3-8 semanas) e crônica (>8 semanas)


Tosse associada à dispepsia e rouquidão
Tosse produtiva com sangue na secreção
Presença de sibilos e/ou dispneia
Tosse com secreção de aspecto amarelo-esverdeado
Tosse associada a febre acima de 38°C, persistente por período superior a 24 horas, mesmo
sob tratamento
Crianças com idade < a 2 anos
Idosos com idade > a 75 anos ou em situação de fragilidade
Ausência de melhora após 7-10 dias sob tratamento
Tosse
• Tratamento
– Tratamento não-farmacológico
• Hidratação: A ingestão de 1,5-2 litros de água pode auxiliar na hidratação pulmonar e
subsequente formação de muco e expulsão.
• Repouso
• Elevação da cabeceira da cama: elevar a cabeceira da cama e manter boa ventilação
pode ser importante nos casos de tosse produtiva, e auxilia na expectoração do
muco.
• Limpeza nasal: Em crianças, o muco pode se acumular na região posterior nasal, e a
limpeza adequada é recomendada para redução de incômodo.
Tratamento farmacológico
Sedativos da tosse/ Expectorantes/
Antitussígenos → Mucolíticos* → TOSSE
TOSSE SECA PRODUTIVA

▪ Anti-histamínicos ▪ Guaifenesina
▪ Clobutinol ▪ Ambroxol
▪ Cloperastina ▪ Acetilcisteína
▪ Dextrometorfano ▪ Carbocisteína
▪ Dropropizina ▪ Bromexina

*Expectorantes estimulam mecanismos que promovem a eliminação do muco.


Os mucolíticos promovem a liquefação do muco tornando-o mais fluido para
facilitar sua expulsão
Tosse
– Anti-histamínicos sedativos

• Anti-histamínicos de primeira geração com propriedades sedativas suprimem a


tosse, mas também causam sonolência. Podem ser um tratamento adequado
para a tosse noturna em adultos.
• Úteis para tosse de etiologia alérgica

difenidramina, dexclorfeniramina,
clorfeniramina, hidroxizina, bronfeniramina,
loratadina
Tosse
– Clobutinol
• Atua no centro da tosse
• Potência similar à codeína
• Indicação: tosse seca

Retirado do mercado pela Boehringer Ingelheim (Silomat®


e Silomat Plus®) em 2007 de forma voluntária, pelos riscos
de arritmia cardíaca – prolongamento do intervalo QT.

Doxilamina: anti-histamínico
Tosse
– Cloperastina

• Ação no centro da tosse e nos receptores periféricos


• Ação relaxante da musculatura respiratória
• Desaconselhável o uso concomitante com álcool, anti-histamínicos,
anticolinérgicos, pois podem potencializar os efeitos sedativos
• Indicação: tosse seca
Tosse
– Dextrometorfano
• Atua sobre o centro da tosse
• Não tem propriedades analgésicas ou de causar dependência, entretanto,
devido ao seu efeito potencial no aumento da euforia pode ser utilizado para
uso recreativo
• Podem levar a sonolência em crianças (menos que a codeína)
• Indicação: tosse seca
Tosse
– Dropropizina e levodropropizina
• Atuam em receptores periféricos
• Condutores eferentes da tosse
• Atividade anti-histamínica
• Indicação: tosse seca

Isômero da droproprozina,
com menor risco de
sonolência → Não é MIP
Pode levar a hipotensão e sonolência.
EVITAR...

- Oxomemazina:
antitussígeno e anti-
histamínico
- Iodeto de potássio e
benzoato de sódio:
fluidificante/expectorante
- Guaifenezina:
expectorante
Tosse
– Recomendações:
• Antitussígenos só devem ser utilizados nos casos em que a tosse é
extremamente incômoda e atrapalha as atividades diárias, como o sono;
• A American Academy of Pediatrics (AAP) recomenda que a tosse associada a
infecções virais respiratórias devem ser tratadas com fluidos e aumento da
umidade ambiente, em vez de antitussígenos;
• As orientações da OMS recomendam contra o uso de preparações de codeína
para a tosse em crianças, mas sugerem que o dextrometorfano pode ser
utilizado em casos raros, quando a tosse prolongada grave interfere com a
alimentação ou sono.
Tosse
– Mentol e benzocaína
• O mentol reduz a ativação de receptores da tosse; por inalação suprime o
reflexo da tosse e pode ser prescrito como cristais de mentol ou sob a forma
de cápsulas (supressão de tosse é aguda e de curta duração)
• A benzocaína, aplicada localmente na faringe e laringe, pode reduzir a
sensibilidade dos receptores da tosse aos irritantes químicos e físicos nessa
região, mas sua eficácia é pouco evidenciada.

Cuidados com crianças!!! Risco de intoxicação com a


benzocaína!!!
Tosse
• Tosse carregada: mucolíticos e expectorantes
– Muco e expectoração fazem parte da resposta fisiológica envolvida nas
infecções das vias aéreas superiores, virais ou bacterianas, e, portanto,
esses medicamentos devem ser utilizados com cautela.
Tosse
– Acetilcisteína
• Mucolítico → Grupo sulfidrila livre quebra pontes dissulfeto do muco →
reduz viscosidade

Eventos Adversos
❑ Não recomendado para pacientes com gastrite
❑ Sonolência, calafrios, náuseas, vômitos, febre
Tosse
– Guaifenesina
• Expectorante → Age estimulando as secreções das vias respiratórias,
aumentando os volumes de fluidos respiratórios e diminuindo a viscosidade
• Boa tolerabilidade e são indicados na pediatria

Eventos Adversos
❑ Náuseas, vômitos
❑ Sonolência
❑ Vertigem
❑ Dor de cabeça
Tosse
– Ambroxol
• Mucolítico e expectorante?? → Aumenta a quantidade e diminui a
viscosidade das secreções traqueobrônquicas
• Apresenta boa tolerabilidade

Eventos Adversos
❑ Distúrbios do paladar
❑ Constipação
❑ Náuseas
O que aprendemos?
• Tosse viral aguda é quase sempre benigna e autolimitada e tratamento
medicamentoso pode ser desnecessário;
• Tosse viral aguda pode ser angustiante e causar significativa morbidade;
• Os pacientes relatam benefício com o uso de MIPs, mas há pouca evidência acerca de
seu efeito farmacológico específico;
• Antitussígenos opiáceos, particularmente a codeína, têm um perfil negativo de
eventos adversos e são pouco recomendados;
• Expectorantes ou mucolíticos podem ser utilizados em casos de tosse produtiva,
associada ao resfriado ou gripe comum, sem complicações.
Fluxograma de Decisão
Anamnese
Tosse de início recente
Farmacêutica ✓ Crianças < 2 anos e idosos fragilizados
✓ Febre alta/persistente
✓ Doenças crônicas: DPOC, Insuficiência
Fatores agravantes cardíaca, asma
✓ Sintomas associados: dispepsia, dor
torácica, rouquidão, dor epigástrica
✓ Tosse mucopurulenta ou com sangue
Sim Não

Prescrição de
Encaminhamento médico medicamentos sintomáticos Reavaliar 48-72h
MIPs
Melhorou?

Sim Não

Recomendar retorno se piora ou ausência Encaminhamento


de melhora nos próximos dias médico
DOR DE
GARGANTA
Dor de garganta
• Dor de garganta: processo infeccioso, lesão traumática, reação
alérgica, inalantes irritativos ou ressecamento
– Agentes virais são a causa infecciosa mais comum de faringite e
amigdalite (adenovírus, enterovírus, rinovírus, coronavírus, vírus da
influenza A e B, parainfluenza 1, 2 e 3)
– Faringite bacteriana: Apenas 5-15% causada por bactérias do grupo A
do Streptococcus β-hemolítico (S. pyogenes)
– Duração de 2-7 dias
Sinais e Sintomas
VIRAL BACTERIANA
Início gradual Início súbito
Dor de garganta moderada Dor de garganta severa
Febre Febre (mais alta)
Sintomas de resfriado associados Sem sintomas de resfriado
associados
Linfonodos cervicais Linfonodos cervicais
discretamente aumentados aumentados
Pode ter a presença de exsudato Presença de exsudato na
na orofaringe orofaringe
Disfagia
Petéquias no palato mole
Úvula vermelha e inchada
Sinais e Sintomas
Sinais e Sintomas

▪ CRITÉRIOS CENTOR – para identificar uma provável


etiologia bacteriana

Adenite cervical
Presença de (inflamação dos
exsudato gânglios linfáticos da
cervical)

Ausência de
Febre sintomas de
resfriado
• Até 7 dias
Tempo • Frequência recorrente
• Duração persistente (>7 dias)

• Presença ou ausência de exsudato


Qualidade ou característica
• Início gradual ou súbito

Quantidade ou severidade • Leve, moderada ou severa

Ambiente • Piora em lugares secos e poluídos

• Agravam: bebidas e comidas ácidas, apimentadas


Fatores que agravam ou que • Aliviam: bebidas e comidas quentes ou
aliviam congeladas, mel, gargarejo com água morna
salgada, balas

• Febre, cefaleia, coriza, conjuntivite, olho com


vermelhidão e coceira, congestão nasal, tosse,
Sintomas associados
rouquidão, adenite cervical, disfagia, falta de
apetite, rinite, calafrios, otite.
Atendimento Farmacêutico –
Análise da Situação
▪ Manifestação clínica de doenças mais severas: mononucleose infecciosa,
candidíase oral, gonorreia.

▪ Comorbidades/situações que tornam inapropriado o uso de MIPs:

• Ulcerações TGI, insuficiência renal, HAS, ICC, asma, gestantes, lactantes = evitar
o uso de AINE

• Insuficiência hepática = não utilizar paracetamol


Atendimento Farmacêutico –
Análise da Situação
▪ História familiar:

✓ Condição infectocontagiosa
✓ Histórico positivo de febre reumática aguda

▪ História social:

✓ Tabagismo ativo e passivo


✓ Exposição ocupacional a
poluentes
Atendimento Farmacêutico –
Tomada de Decisão

Transtorno
Autolimitado?
Tratamentos
farmacológicos

Encaminhamento
Tratamentos não para outros
farmacológicos profissionais e
serviços de saúde
Atendimento Farmacêutico –
Tomada de Decisão

Critérios de encaminhamento

Crianças < 2 anos Idosos fragilizados

Disfagia Falha na medicação já utilizada


Febre alta e persistente Suspeita de outras causas (que
não infecção viral)
Duração dos sintomas > 7 Rouquidão > 3 semanas
dias
Episódios recorrentes da Dispneia
infecção
Atendimento Farmacêutico –
Seleção do Tratamento
• Medidas não farmacológicas:

✓ Umidificação do ambiente

✓ Evitar exposição aos inalantes irritativos

✓ Mel (cuidado com crianças e pacientes com diabetes)

✓ Líquidos/alimentos quentes (chás, sopas) ou gelados (chupar gelo, sorvete,


picolé)

✓ Gargarejo com água morna salgada (baixa evidência; pouco nocivo)


Atendimento Farmacêutico –
Seleção do Tratamento
▪ Medidas farmacológicas:

Ibuprofeno Paracetamol Dipirona

Terapias tópicas
AAS Nimesulida
de ação local
Atendimento Farmacêutico –
Seleção do Tratamento
– Anti-inflamatórios e Analgésicos

• Altamente efetivos (AINEs e Paracetamol)


• Agem na febre e inflamação
• Mais estudados para dor de garganta: paracetamol e ibuprofeno
Atendimento Farmacêutico –
Seleção do Tratamento
▪ Medidas farmacológicas:

A: Máx 2400 A: Máx 4000


mg/dia; mg/dia;
C: 10 mg/kg C: 10 a 15
a cada 6 Ibuprofeno Paracetamol mg/kg a
horas (máx cada 4-6
40 mg/kg) horas (máx
75 mg/kg)

Ulcerações TGI, insuficiência renal, HAS, ICC, asma, gestantes, lactantes =


evitar ibuprofeno

Insuficiência hepática = evitar paracetamol


Atendimento Farmacêutico –
Seleção do Tratamento
▪ Terapias tópicas locais

Colutórios Sprays

Pastilhas
Atendimento Farmacêutico –
Seleção do Tratamento

BENZIDAMINA = possui atividade anti-


inflamatória, analgésica e anestésica

CETILPIRIDÍNIO = antisséptico
BENZOCAÍNA = anestésico
Atendimento Farmacêutico –
Seleção do Tratamento

Tirotricina (substância ativa) é


um medicamento utilizado no
tratamento de inflamações e
infecções.

Os componentes de Tirotricina
(substância ativa) apresentam
atividades antisséptica e anti-
inflamatória
Atendimento Farmacêutico –
Seleção do Tratamento
– Sprays

• Anestésicos tópicos (ex., benzocaína) – Sem evidência de benefício → Não


foram melhores do que bala doce
• Podem causar toxicidade em crianças → Não utilizar em < 2 anos
• Sprays contendo clorexidina + benzidamina → eficazes em pacientes >16 anos
Atendimento Farmacêutico –
Seleção do Tratamento

Em geral não são melhores que balas


doces, devendo-se evitar em crianças com
menos de 4 anos devido ao risco de asfixia.
Atendimento Farmacêutico –
Seleção do Tratamento

Efficacy and Safety of Ambroxol


Lozenges in the Treatment of Acute
Uncomplicated Sore Throat -
a Pooled Analysis.
Drug Res (Stuttg). 2016 Jul;66(7):384-92

- Redução da intensidade da dor


- Redução da “vermelhidão”
- Seguro
Atendimento Farmacêutico –
Seleção do Tratamento

E os glicocorticoides orais?

• Altamente efetivos no tratamento da faringite; reduzem duração e


gravidade da dor

• Não são indicados devido ao seu alto potencial para causar eventos
adversos e eficácia comparável com analgésicos (ibuprofeno e
paracetamol)

• Uso restrito aos casos mais graves e não responsivos aos AINEs
E o tratamento com antimicrobianos?

▪ ↓ da severidade e duração dos sintomas (associar analgésicos)

▪ ↓ das taxas de recorrência da infecção

▪ Prevenção da transmissão da doença

▪ Prevenção de complicações supurativas (otite média, sinusite, abcesso


peritonsilar) e não supurativas (febre reumática aguda e glomerulonefrite
aguda)

Não são indicados para infecções virais


O que aprendemos?

• Pode ser provocada por um processo infeccioso, lesão traumática, reação


alérgica, exposição a irritantes ou ressecamento. As infecções bacterianas,
lesões traumáticas e alergias devem ser tratados conforme indicado para
cada patologia. O alívio sintomático é fundamental

• Analgésicos sistêmicos são indicados para o tratamento de dor moderada a


grave, devido à faringite e/ou amigdalite
O que aprendemos?
• Sugere-se não utilizar glicocorticoides para o alívio sintomático da dor de
garganta, especialmente em crianças e adolescentes. No entanto, um curso de
curta duração de glicocorticoides pode ser benéfico para adultos que
experimentam desconforto na garganta significativo (porém, não são MIPs)
• Sprays ou pastilhas medicinais para o tratamento de dor de garganta devem ser
utilizados com cautela em crianças e adolescentes
• Gargarejo com água salgada (para crianças com mais de seis a oito anos de
idade) ou chupar balas (para crianças com mais de 3-4 anos de idade) pode
fornecer algum alívio
Fluxograma de Decisão
Crianças < 2 anos
Anamnese Idosos frágeis
Dor de garganta
Farmacêutica Febre alta e persistente
Duração > 7 dias
Episódios recorrentes
Rouquidão > 3 semanas
Critérios para Disfagia
encaminhamento? Falha na terapia prévia
Suspeitas de outras causas

Sim Não

Prescrição de
medicamentos isentos Paracetamol, ibuprofeno
Encaminhamento ao de prescrição e
médico (3 a 5 dias)
medidas não
farmacológicas
Melhorou?

Sim Não

Recomendar retorno se
piora ou ausência de Encaminhamento ao
melhora nos próximos médico
dias
RINOSSINUSITE
Rinossinusite
• Inflamação sintomática da cavidade nasal e seios
paranasais
• Mais de 30 milhões episódios/ano
• Custos anuais > 3 bilhões/ano
• Rinossinusite é o termo mais adequado, uma vez
que a inflamação dos seios paranasais raramente
ocorre sem inflamação concomitante da mucosa
nasal.
Classificação
▪ Aguda = sintomas < 4 semanas
▪ Subaguda = sintomas 4-12 semanas
▪ Crônica = sintomas > 12 semanas
▪ Recorrente aguda = 4 ou mais episódios por ano com intervalos
assintomáticos.

▪ Viral aguda
▪ Bacteriana aguda sem complicações
▪ Bacteriana com complicações
Rinossinusite Aguda
• Etiologia

– Viral associada a resfriado comum: resolve 7-10 dias


– <10% dos casos são causados por bactérias: Streptococcus
pneumoniae, Haemophilus influenzae, and Moraxella catarrhalis
• Geralmente consiste em uma complicação da infecção viral
Rinossinusite Aguda - Viral
• Como acontece?

Rinovírus, Influenza e
Parainfluenza

Mucosa nasal 8-10h

Seios paranasais

Edema da mucosa Secreção espessa


Rinossinusite Aguda: Sintomas
• Congestão nasal • Tosse
• Rinorreia • Hiposmia/anosmia
• Secreção nasal purulenta • Pressão/ dor no ouvido
• Dor maxilar • Zumbido
• Dor na face
• Pressão que piora quando se abaixa a cabeça
• Dor de cabeça/ Febre
• Fadiga
Viral x bacteriana
Pelos sintomas não é possível fazer a distinção. Considerar na avaliação:

• Curso clínico: Viral: sintomas duram de 7 a 10 dias com melhora progressiva


Bacteriana: sintomas duram mais de 10 dias (persistentes);
padrão bifásico (melhora 2-3 dia → piora 5-6 dia)

• Febre: Viral: Geralmente não tem febre; sendo mais comum no início (24-48
horas).

• Secreção: Viral: límpida → purulenta → límpida


Bacteriana: purulenta
Sinais de complicações da doença

• Temperatura > 38,5 °C


• Secreção muito purulenta 3 a 4 dias
consecutivos
• Dor facial severa

• Edema periorbital com inflamação ou eritema

• Alteração do status mental


Sinais de complicações da doença

• Alterações visuais, dor com movimentos oculares, protusão ocular

• Dor de cabeça severa e intensa

• Papiledema (↑ pressão intracraniana)

• Podem representar acometimento do SNC e tecidos subjacentes: fazer exames


de imagem, cultura da secreção nasal e aspirado dos seios paranasais.
Rinossinusite Aguda
• Tratamento
– Depende da etiologia
• Viral → Sintomático
• Bacteriano → Antibióticos (40 a 69% curam espontaneamente; pode ser
autolimitada)
– Primeiros 10 dias
• Difícil identificar a etiologia
Sinais e sintomas sugestivos de infecção bacteriana (suspeita quando há pelo menos 1 dos critérios abaixo):
❑ Sintomas persistentes com ausência de melhora clínica em 10 dias
❑ Início com sintomas graves (febre> 38,5◦C e secreção purulenta nasal ou dor facial) com duração mínima
de 3 a 4 dias consecutivos no início da doença
❑ Agravamento dos sintomas por 3 a 4 dias, caracterizado por um novo início de febre, dor de cabeça e
aumento da secreção nasal após uma infecção viral respiratória com duração de 5 a 6 dias e com melhora
importante
Rinossinusite Aguda

• Tratamento
– Sintomático
– Analgésicos e antipiréticos
• Paracetamol ou AINEs
• Melhora sintomática e da qualidade de vida

– Irrigação salina
• Solução tamponada, solução fisiológica ou solução salina hipertônica
• Reduz a necessidade de medicamento para dor
Rinossinusite Aguda
– Glicocorticoides tópicos

• Reduzem a inflamação da mucosa que permite uma melhor drenagem do seio


nasal e paranasal
• Diminuem duração dos sintomas
• Uso associado com irrigação salina
• Não são MIPs
Rinossinusite Aguda
– Descongestionantes tópicos

• Falsa sensação de melhora da congestão nasal


• Podem causar inflamação da mucosa
• Rinite rebote (não usar por mais de 72h consecutivas)
• Ex: nafazolina (não é MIP)
Rinossinusite Aguda
– Descongestionantes orais

• Utilizados frequentemente
• Estudos escassos, apesar de muitos pacientes relatarem melhora clínica
importante
• CUIDADO com: doença cardiovascular, hipertensão ou hipertrofia benigna
da próstata devido a efeitos adversos sistêmicos
Rinossinusite Aguda
– Anti-histamínicos

• Os anti-histamínicos são frequentemente prescritos para o alívio dos


sintomas, devido aos seus efeitos de “ressecamento da mucosa”
• Ressecamento excessivo da mucosa pode levar a desconforto nasal
• Cuidado com os eventos adversos
Rinossinusite Aguda
– Mucolíticos

• Secreções fluidas e podem facilitar a drenagem de muco e expectoração


• Poucos estudos no tratamento da rinossinusite
Rinossinusite Aguda
– Tratamento antibiótico → Não é MIP

• Infecção bacteriana
• Amoxicilina-clavulanato, SMZ/TMP, cefalosporinas de segunda ou terceira
geração via oral
• Iniciar ATB após período de observação de 7 dias (sem padrão de melhora ou
piora) → o farmacêutico não deve prescrever, mas sim, encaminhar ao
médico.
O que aprendemos?

– Geralmente, não é possível distinguir se a etiologia é bacteriana ou


viral nos primeiros 10 dias de evolução.
– Rinossinusite bacteriana aguda (RSBA) deve ser suspeitada em
pacientes com qualquer uma das seguintes três características:

❑ Sintomas persistentes com ausência de melhora clínica em 10 dias


❑ Início com sintomas graves (febre> 38.5-39◦C e secreção purulenta nasal ou dor
facial) com duração mínima de 3 a 4 dias consecutivos no início da doença
❑ Agravamento dos sintomas por 3 a 4 dias, caracterizado por um novo início de febre,
dor de cabeça e aumento da secreção nasal após uma infecção viral respiratória com
duração de 5 a 6 dias e com melhora importante
O que aprendemos?
– Gestão da rinossinusite aguda viral (RSAV) visa aliviar os sintomas de
obstrução nasal e coriza;
– Espera-se que RSAV se resolva dentro de 10 dias; RSAB também pode se
curar espontaneamente dentro desse período. Pacientes que se
apresentam com menos de 10 dias de sintomas, ausência de febre ou
sintomas sugestivos de doença complicada, devem ser tratados com
cuidados de suportes:
• analgésicos, irrigação nasal com solução salina e fluidos. Descongestionantes nasais
orais podem ser úteis em alguns pacientes.
– Descongestionantes podem ser úteis em RSAV, mas não em RSAB e têm
efeitos colaterais adversos. Anti-histamínicos são pouco indicados.
Fluxograma de Decisão
Congestão nasal, dor facial,
rinorreia, histórico de sinusite ✓ Sintomas graves (Febre >38,5º,
secreção purulenta ou dor facial
importante)
✓ Piora dos sintomas após infecção
Fatores agravantes
viral que melhorou inicialmente

> 10 dias de evolução sem < 10 dias de evolução


melhora
Tratamento sintomático
independente da etiologia

AINEs ou
Descongestionantes ?
Paracetamol
Irrigação nasal

Até melhora sintomática (máximo 5-7 dias)


RINITE
Rinite
▪ Constitui uma inflamação da membrana mucosa do nariz e olhos, podendo ou não
ser de natureza alérgica.
Rinite Alérgica
• Mediadores inflamatórios: histamina, leucotrienos e PGD2.

• As glândulas mucosas são estimuladas, levando ao aumento da produção de secreção e


vasodilatação (congestão nasal).

• Estímulo dos nervos sensoriais, promovendo espirros e prurido nasal e ocular.

• Maior risco em pacientes com eczema ou asma, ou histórico familiar de atopia.


Rinite Alérgica
• A rinite alérgica, ou rinossinusite alérgica, é caracterizada por episódios de espirros,
coriza e obstrução nasal, muitas vezes acompanhada de coceira nos olhos e nariz.
Gotejamento pós-nasal, tosse, irritabilidade e fadiga são outros sintomas comuns.
• 10 a 30% de crianças e adultos, associada à morbidade e custos significativos
• Representa 2,5% de todas as consultas médicas, 2 milhões de dias de escola
perdidos por ano, 6 milhões de dias de trabalho perdidos
Rinite Alérgica
• Fatores de risco
– História familiar de atopia (ou seja, a predisposição genética para
desenvolver doenças alérgicas)
– Sexo masculino
– Nascimento durante a temporada de pólen
– Uso precoce de antibióticos
– Exposição passiva ao tabagismo no primeiro ano de vida
– Exposição a alérgenos, tais como ácaros
– IgE sérica> 100 UI/mL antes de seis anos de idade
– Presença de IgE alérgeno específica
Rinite Alérgica
• Classificação
PADRÃO TEMPORAL
Intermitente
Os sintomas estão presentes menos de quatro dias por semana ou durante menos de quatro semanas
Persistente
Os sintomas estão presentes mais de quatro dias por semana e durante mais de quatro semanas
GRAVIDADE
Leve
Nenhum dos itens listados abaixo estão presentes
Moderada a grave
Um ou mais dos seguintes itens está presente:
▪ Distúrbios do sono
▪ Imparidade de desempenho escolar ou de trabalho
▪ Comprometimento das atividades diárias, lazer e/ou atividades
esportivas
▪ Sintomas incômodos
Rinite Alérgica
• Tratamento

– Evitar os gatilhos (alérgenos)


– Farmacoterapia
– Imunoterapia: aplicação de alérgeno ao qual o paciente é sensitivo em doses
crescentes; estimula sistema imunológico
Rinite Alérgica
• Farmacoterapia

– Glicocorticoides intranasais
• Tratamento “ouro”
• Beclometasona, flunisolida, budesonida, propionato de fluticasona, furoato de
mometasona, furoato de fluticasona
• Mais eficazes do que qualquer agente isolado (redução de sintomas globais)
• Inibem resposta inflamatória em muitos níveis
• Porém, não são MIPs
Rinite Alérgica
– Glicocorticoides intranasais
• Exemplos primeira geração: beclometasona e budesonida
• Exemplos segunda geração: fluticasona, mometasona e ciclesonida

2ª geração
Menos eventos adversos

Irritação local da mucosa nasal incluindo ressecamento, queimação e desconforto


decorrente do escorrimento para a garganta do medicamento líquido são eventos
relatados por 2 a 10% dos pacientes, além de epistaxe (sangramento nasal)
Rinite Alérgica
• Uso diário ou intermitente
– O uso de glicocorticoides intranasais deve ser iniciado com a dose
máxima para a idade. Uma vez que os sintomas são controlados de
forma adequada, "remissão" da dose deve ser efetuada, em
intervalos de uma semana, para a menor dose eficaz.

• Associação a descongestionantes
– Interromper uso assim que sintomas cessam
Rinite Alérgica
– Anti-histamínicos orais

• Reduzem o prurido, espirros e coriza, com menor impacto sobre a congestão


nasal, em comparação com os glicocorticoides intranasais
– 1ª. geração
– 2ª. geração

❑ Anti-histamínicos são menos eficazes do que os esteroides tópicos nasais


❑ Anti-histamínicos de segunda geração são tão ou mais eficazes do que
cromoglicato no alívio dos sintomas.
Rinite Alérgica
– Sprays nasais anti-histamínicos
• Azelastina e Olopatadina

– Combinação de anti-histamínicos e descongestionantes orais


• Sintomas – 2/3 dias

– Montelucaste
• Congestão nasal – Leucotrienos
• Espirros e prurido – Histaminas
Rinite Alérgica
– Terapias que exigem cautela:

• Glicocorticoides sistêmicos

• Descongestionantes orais
Rinite Alérgica
• Sintomas leves ou episódicos

– Anti-histamínicos orais de segunda geração


– Anti-histamínico intranasal (azelastine ou olopatadina)
– Glicocorticoides nasais (mais eficaz do que os anti-histamínicos). O furoato
de mometasona, furoato de fluticasona e acetato de triancinolona são
aprovados para uso em crianças ≥2 anos
– Cromoglicato de sódio, administrado regularmente ou sempre que
necessário (de preferência 30 minutos antes de uma exposição)
Rinite Alérgica
• Sintomas persistentes e sintomas moderados a graves

– Glicocorticoides tópicos são a intervenção farmacológica mais eficaz para


rinite alérgica
– Para pacientes com sintomas moderados a graves e/ou naqueles que não
respondem adequadamente à terapia inicial com glicocorticoide
intranasal, um segundo agente pode ser adicionado
• Anti-histamínicos tópicos nasais, anti-histamínicos orais, cromoglicato,
montelucaste e combinações de anti-histamínico e descongestionante.
O que aprendemos?

– Na maioria dos pacientes, a rinite alérgica é uma condição persistente que requer
terapia contínua ao longo de um período de anos. Gestão da condição deve incluir
medidas como: evitar o alérgeno, terapia farmacológica e imunoterapia para os
casos refratários ou graves

– Glicocorticoides intranasais tópicos (GN) são atualmente considerados a terapia de


manutenção mais simples e eficaz para rinite alérgica e causam poucos eventos
adversos nas doses recomendadas. Porém, não são MIPs.
O que aprendemos?

– Anti-histamínicos sedativos de primeira geração são bastante utilizados, mas têm


vários eventos adversos significativos, incluindo sedação e diminuição da função
cognitiva, agitação paradoxal em crianças pequenas, e efeitos colaterais
colinérgicos em adultos mais velhos.

– Para pacientes com sintomas leves ou intermitentes, glicocorticoides intranasais


são preferidos.
O que aprendemos?
• Alguns pacientes com sintomas leves podem preferir outros agentes por causa
de administração oral ou desejo de evitar glicocorticoides. Assim, escolhas
alternativas incluem:

• Anti-histamínico intranasal, para uso prolongado ou administração quando


necessário;
• Segunda geração de anti-histamínico oral, se necessário;
• Cromoglicato intranasal, administrado regularmente ou se necessário. É muitas
vezes preferido pelos pais de crianças pequenas, devido ao seu excelente perfil
de segurança, embora seja menos eficaz do que outros agentes.
OTITE
Otite
– Otite média aguda (OMA) é o diagnóstico mais frequentemente envolvido em
consultas médicas pediátricas, e a razão mais comum para a administração de
antibióticos

– 60-80% das crianças têm pelo menos um episódio de OMA por ano de idade e 80-
90% por dois a três anos

– Crianças que não tiveram episódios até os 3 anos, não são susceptíveis de
desenvolver episódios graves ou recorrentes

– Etiologia viral e bacteriana


Otite

❑ Crianças 6-18 meses


❑ Após, ocorre redução da incidência
❑ Pouco frequente em adolescentes e adultos

Por que?
❑ Imaturidade anatômica (vetorial)
❑ Fisiologia
❑ Imaturidade imunológica
Otite
• Fatores de risco
– Idade
– História familiar
– Creches e aglomerados
– Interrupção precoce do aleitamento materno
– Tabaco, poluição
– Chupeta?? (potenciais reservatórios de infecção)
Otite
SINAIS E SINTOMAS ASSOCIADOS
o Dor de ouvido
o Otorreia (mais sugestivo de infecção bacteriana)
o Perda de audição
o Febre
o Irritabilidade
o Dor de cabeça
o Apatia
o Anorexia
o Vômitos
o Diarreia
Otite
• Complicações

– Perda auditiva
– Problemas em equilíbrio e motores
– Perfuração da membrana timpânica
Otite
• Tratamento

– Sintomático
– Antimicrobianos
Otite
– Sintomático
• Analgésicos sistêmicos e tópicos
– Ibuprofeno oral ou paracetamol
– Benzocaína tópica (crianças ≥2 anos)

• Descongestionantes e anti-histamínicos
– Ausência de benefícios

• Outros
– Fitoterápicos Ausência de benefícios
– Azeite
Otite
– Antimicrobianos vs Observação

• Crianças <6 meses com OMA devem ser encaminhadas ao médico, pois
necessitam de tratamento com ATB apropriado imediatamente;
• Crianças de 6 meses-2 anos, principalmente com otalgia de forte intensidade
e febre > ≥39°C nas últimas 24h, devem ser encaminhadas ao médico, pois
necessitam de tratamento com ATB apropriado imediatamente;
• Crianças ≥2 anos quadro grave (otalgia persistente por mais de 48 horas;
temperatura ≥39°C nas últimas 48 horas; OMA bilateral ou otorreia), devem
ser encaminhadas ao médico, pois necessitam de tratamento com ATB
apropriado imediatamente
Otite
– Antimicrobianos vs Observação

• Crianças ≥2 anos hígidas (imunologicamente competentes, sem


anormalidades craniofaciais) com OMA unilateral e sinais e sintomas leves e
sem otorreia: observação inicial pode ser apropriado se os pais entenderem
os riscos e benefícios de tal abordagem.
– Conduta: paracetamol ou ibuprofeno por 48 horas.
Otite
COVID-19
COVID-19
• Síndrome gripal ocasionada pelo vírus SARS-COV-2, detectado pela primeira vez
em Wuhan, China, em dezembro de 2019

• Em 11 de março de 2020, a OMS classificou a COVID-19 como uma pandemia


(uma doença que rapidamente se espalha mundialmente através de uma
contaminação sustentada)

• Sabe-se que o vírus tem alta transmissibilidade e provoca uma síndrome


respiratória aguda que varia de casos leves – cerca de 80% – a casos muito
graves com insuficiência respiratória – entre 5% e 10% dos casos
COVID-19
• Síndrome gripal: indivíduo com quadro respiratório agudo, caracterizado por febre
ou sensação febril, acompanhada de tosse E/OU dor de garganta E/OU coriza E/OU
dificuldade respiratória.
• Síndrome respiratória aguda grave (SRAG): indivíduo de qualquer idade, com
síndrome gripal e que apresente os seguintes sinais de gravidade:
– Saturação de SpO2 <95% em ar ambiente.
– Sinais de desconforto respiratório ou aumento da frequência respiratória
avaliada de acordo com a idade.
– Piora nas condições clínicas de doença de base.
– Hipotensão (PAS <90 e/ou PAD <60 mmHg).
– Indivíduo de qualquer idade com quadro de insuficiência respiratória.
Fases da doença

Incubação:
~5 dias
(varia de 2 a
14 dias)

1º dia 7º dia 14º dia 21º dia 28º dia

Adaptado de Siddiqi e Mehra, 2020


SERVIÇOS FARMACÊUTICOS
• RASTREAMENTO EM SAÚDE → por meio da realização dos testes rápidos para COVID-19 e
anamnese farmacêutica.

• EDUCAÇÃO EM SÁUDE → por meio de aconselhamento à população acerca da doença,


medidas de prevenção, bem como tratamento farmacológico e não farmacológico para
casos suspeitos ou confirmados.

• MANEJO DE PROBLEMAS DE SAÚDE AUTOLIMITADOS → prescrição farmacêutica.

• Resoluções do CFF n. 585/13 e n. 586/13


Testes de diagnóstico/rastreamento
Testes rápidos realizados em farmácias

• Não tem finalidade diagnóstica

• O objetivo é ampliar a oferta do exame e a rede de testagem para o SARS-


COV-2

• Reduzir a alta demanda nos serviços públicos de saúde durante a


pandemia
O que o farmacêutico precisa saber?
• Área privativa para realização do teste

• O farmacêutico precisa estar treinado e com paramentação adequada ao tipo


de teste que será realizado: touca, avental, óculos de proteção, máscara
cirúrgica e luvas descartáveis

• Registrar por escrito o atendimento e entregar o resultado para o paciente

• Obrigatoriedade da notificação → notificar pelo Sistema de Notificações em


Vigilância Sanitária (Notivisa) em até 5 dias

• O teste é uma etapa de um serviço clínico

• Realizar a avaliação e anamnese completa!!!


Testes rápidos - sorológico
• O que ele avalia → identifica se a pessoa já teve contato com o vírus.
– Utiliza a imunocromatografia como metodologia
– Detecta presença de anticorpos formados pelo ser humano contra o vírus
– As duas classes de anticorpos detectadas são IgM e IgG
• O tipo de amostra utilizada → É realizada coleta de sangue da ponta do dedo.
– Técnica semelhante ao exame de glicemia capilar
• Tempo para disponibilização do resultado → Entre 10 a 30 minutos (depende do
modelo utilizado)
• Melhor momento para realizar o teste: depois de uma semana do início dos
sintomas (sensibilidade menor que 10% antes deste período)
Teste rápido da covid-19
Testes rápidos - antígeno

• O que ele avalia → identifica se a pessoa está com o vírus.


– Utiliza a imunocromatografia como metodologia
– Detecta presença de antígenos específicos

• O tipo de amostra utilizada → É realizada coleta de secreção da nasofaringe (swab)

• Tempo para disponibilização do resultado → Entre 10 a 30 minutos (depende do


modelo utilizado.

• Melhor momento para realizar o teste: depois de três dias do início dos sintoma (até
o sétimo).
Estratificação do risco do paciente

• Sinais e sintomas respiratórios


BAIXO leves de síndrome gripal e
dispneia OU assintomático com
RISCO IgM reagente (sem presença de
fatores de risco).

CFF, 2020
Estratificação do risco do paciente

• Sinais e sintomas respiratórios


RISCO leves de síndrome gripal e
dispneia, na presença de
MODERADO fatores de risco*

*Idade >65 anos; condição imunocomprometida; doença pulmonar crônica ou asma moderada
a grave; doença cardiovascular; obesidade grave (IMC >40 kg/m²); diabetes mellitus; doença
renal crônica; doença cerebrovascular; doença hepática crônica; transtorno do uso do tabaco

CFF, 2020
Estratificação do risco do paciente

• Presença do quadro clínico de Síndrome

ALTO Respiratória Aguda Grave:


dispneia/desconforto respiratório,
pressão persistente no tórax, hipotensão,

RISCO saturação de oxigênio menor que 95% em


ar ambiente, coloração azulada dos lábios
ou rosto

CFF, 2020
O QUE FAZER COM O PACIENTE?
• A estratificação de risco proporciona uma avaliação responsável com
infecção confirmada e/ou provável.

Risco baixo: pacientes sem sinais de alerta que indiquem


a necessidade de encaminhamento a outros serviços de
saúde, o farmacêutico deve ter papel de gestor do caso.

Risco moderado: necessidade de avaliação na Atenção


Primária a Saúde. Notificar e encaminhar o paciente.

Risco alto: necessidade de encaminhamento imediato a


serviços de urgência/emergência.

CFF, 2020
Conduta farmacêutica: medidas não-farmacológicas
Isolamento domiciliar

Etiqueta respiratória

Educação sobre higienização das mãos, processamento de roupas e utensílios

Uso de máscara

Limpeza de objetos e superfícies

Repouso e hidratação (deitar na posição prona)

Monitoramento e manejo dos sintomas

Paciente com risco moderado: monitoramento por via remota a cada 24h até 7-14 dias do início do sintoma.
Paciente com baixo risco: monitoramento por via remota a cada 48h até 14 dias do início do sintoma.
CFF, 2020
Conduta farmacêutica: medidas farmacológicas

Atenção especial aos pacientes polimedicados*

Prescrever MIPs para aliviar o desconforto do


paciente. Os principais sinais e sintomas da Covid-19
que podem ser manejados pelo farmacêutico são
febre, mialgia, coriza e congestão nasal, diarreia e dor
de garganta.

CFF, 2020
O que o farmacêutico pode prescrever?
Antipiréticos seguros para o alívio da febre (T>38ºC), por até 7 dias

• Dipirona 500mg-1g de 6/6h


• Paracetamol 500mg-1g de 6/6h

Antitussígenos em casos de tosse persistente

• Ex: dextrometorfano 2mg/mL: 5 a 10 mL de 4/4h ou 15mL de 6/6h ou de 8/8h por até 7 dias
• Vide algoritmo de tosse (no geral a tosse é seca)

Cloreto de sódio 0,9% tópico nasal se apresentar coriza, por até 10 dia

• Cloreto de sódio 3% tópico nasal na presença de congestão nasal, por até 10 dias

Solução de reidratação oral, se diarreia, por período de 3-5 dias

Demulcentes e/ou analgésicos, se dor de garganta, por 7 dias


Tratamento específico para COVID-19
O que as evidências científicas nos mostraram?

• Cloroquina/hidroxicloroquina
• Azitromicina
• Oseltamivir
• Invermectina Ausência de benefícios!!!!
• Lopinavir/ritonavir
• Nitazoxanida
• Vitamina D, vitamina C, zinco
Tratamento específico para casos leves-moderados
O que as evidências científicas nos mostraram?

• Para pacientes não hospitalizados e com fatores de risco para doença


grave (ex: câncer, diabetes, obesidade, ICC, imunossupressão):
– Paxlovid® (Nirmatrelvir/ritonavir)*
– Anticorpos monoclonais*
– Remdesivir*
– Molnupiravir

*opções preferíveis
Não são MIPs
Tratamento específico para casos leves-moderados
O que as evidências científicas nos mostraram?

• Para pacientes não hospitalizados e com fatores de risco para doença


grave (ex: câncer, diabetes, obesidade, ICC, imunossupressão):
– Paxlovid® (Nirmatrelvir/ritonavir): iniciar o mais rápido possível após o
diagnóstico e dentro de cinco dias após o início dos sintomas.

– 300/100mg 2x ao dia por 5 dias → redução de 90% de hospitalização.


Tratamento específico para casos leves-moderados
O que as evidências científicas nos mostraram?

• Para pacientes não hospitalizados e com fatores de risco para doença


grave (ex: câncer, diabetes, obesidade, ICC, imunossupressão):
– Anticorpos monoclonais (iniciar o mais rápido possível após o diagnóstico e dentro de
dez dias após o início dos sintomas).

• Sotrovimabe – 500mg EV dose única (redução de 85% de hospitalização ou morte).


• Casirivimabe+indevimabe (REGEN-COV ®)– 600/600mg EV dose única (redução de
70% de hospitalização ou morte → porém, não eficaz contra Omicron).
• Bamlanivimabe+etesevimabe – 700/1400mg EV dose única (redução de 87% de
hospitalização ou morte → porém, não eficaz contra Omicron).
Tratamento específico para casos leves-moderados
O que as evidências científicas nos mostraram?

• Para pacientes não hospitalizados e com fatores de risco para doença


grave (ex: câncer, diabetes, obesidade, ICC, imunossupressão):
– Molnupiravir: iniciar o mais rápido possível após o diagnóstico e dentro de
cinco dias após o início dos sintomas.

– 800mg 2x ao dia por 5 dias → redução de 31% de hospitalização ou morte.

– Medicamento menos seguro em relação às outras opções: toxicidade óssea e


de cartilagem (uso restrito para pessoas >18 anos), contraindicado na
amamentação e gestação.
Tratamento específico para casos leves-moderados
O que as evidências científicas nos mostraram?

• Para pacientes não hospitalizados e com fatores de risco para doença


grave (ex: câncer, diabetes, obesidade, ICC, imunossupressão):
– Remdesivir: iniciar o mais rápido possível após o diagnóstico e dentro de sete
dias após o início dos sintomas.

– 200mg EV no dia 1 → 100mg EV nos dias 2 e 3 → redução de 87% de


hospitalização.
Tratamento específico para casos leves-moderados
O que as evidências científicas nos mostraram?

• Terapias de benefício limitado ou incerto → requer confirmações e


estudos mais robustos
– Fluvoxamina
– Plasma covalescente
– Corticoide inalatório (ex. budesonida 800mcg 2x/d por 7 dias) → OBS: não está
indicado corticoide sistêmico para casos leves/moderados.
– Colchicina → evidências conflitantes

OBS: não realizar anticoagulação nesta população


Não são MIPs
Tratamento para pacientes graves - hospitalizados

O que as evidências científicas nos mostraram?

– Corticoides (dexametasona 6mg/d EV (ou equivalente) por 10 dias ou


até a alta) → pacientes com O2 em baixo ou alto fluxo ou em pacientes
submetidos a ventilação mecânica/ECMO
Tratamento para pacientes graves - hospitalizados

O que as evidências científicas nos mostraram?

– Remdesivir (200mg EV no dia 1 → 100mg nos próximos 4-9 dias)→ pacientes


com hipóxia mas sem necessidade de O2 ou com O2 em baixo fluxo

– Anticoagulantes em doses terapêuticas em casos específicos (enoxaparina SC


1mg/kg a cada 12 horas). Porém todos os pacientes hospitalizados (salvo
contraindicações) realizam uma dose profilática (enoxaparina SC 40mg 1x ao
dia) → OBS: NOACs conferem maior risco de sangramento.
Tratamento para pacientes graves - hospitalizados
O que as evidências científicas nos mostraram?

– Tocilizumabe (dose única – 8mg/kg EV) → pacientes com O2 em baixo ou alto


fluxo, ou pacientes submetidos a ventilação mecânica/ECMO, desde que
estejam com marcadores inflamatórios elevados (ex PCR ≥75 mg/L) mesmo na
vigência do corticoide.

– Baricitinibe (4mg VO 1x ao dia por até 14 dias) → pacientes com O2 em baixo


ou alto fluxo (desde que não estejam em ventilação mecânica), desde que
estejam com marcadores inflamatórios elevados (ex PCR ≥75 mg/L) mesmo na
vigência do corticoide.

AMBOS: utilizar com cautela em pacientes imunocomprometidos


CASOS CLÍNICOS

Vamos utilizar os algoritmos de prática


clínica!
ASMA
O que o farmacêutico precisa saber para acompanhar
Tema extra!
Apresentação do Problema
ASMA
• Doença inflamatória crônica:
▪ Hiper-responsividade das vias aéreas inferiores
▪ Limitação do fluxo aéreo (resposta broncoconstritora exagerada)
• Reversível espontaneamente ou com tratamento

(BRASIL, 2013; SBPT, 2012)


FISIOPATOLOGIA
Mediadores inflamatórios:
Células inflamatórias:
Quimiocinas, citocinas,
Mastócitos, eosinófilos, linfócitos
eicosanoides, histamina, óxido
T, macrófagos, neutrófilos
nítrico, leucotrienos

– Inflamação brônquica, resultante de interações entre


células e mediadores inflamatórios e células estruturais das vias aéreas

– A inflamação crônica da asma é um processo no qual existe um ciclo


contínuo de agressão e reparo que pode levar a alterações estruturais
irreversíveis (remodelamento das vias aéreas)

(BRASIL, 2013; SBPT, 2012)


CICLO DA ASMA
Trigger +
Causa
Predisposição

↓Qualidade
de vida Processo
↑ Admissão a Inflamatório
serviços de saúde

Consequências

Edema
Sibilos
Contração
Falta de Ar
Hipersecreção

(BRASIL, 2013; SBPT, 2012)


Anamnese e avaliação
AVALIAÇÃO DOS SINAIS E SINTOMAS
AVALIAÇÃO DOS GATILHOS
Alérgenos Ambiente
Infecção respiratória
(ex: pólen, esporos (ex: fumo ativo ou
(ex: influenza)
de fungos) passivo, frio)

Medicamentos
Emoções Exercício extenuantes
(ex: AINEs, beta
(ex: ansiedade e (particularmente no
bloqueadores não
estresse) frio)
seletivos, iECA)

Ingestão de Ocupacional (ex:


conservantes padeiro, agricultor)

(DIPIRO et al., 2017)


Cascata da inflamação
Eicosanóides:
Fosfolipídeos
-Prostaglandinas
-Tromboxanos TXA2
-Leucotrienos
Fosfolipase A2 Tromboxano
Sintetase
Prostaciclina
Ciclooxigenases Peroxidase Sintetase
Ácido Araquidônico PGG2 PGH2 PGI2
COX-1
COX-2

5-lipooxigenase 15-lipooxigenase

PGD2
LTA4 PGE2 PGF2α

LTC4 LTB4 12-lipooxigenase

Lipoxinas
LTD4 LTE4 12-HETE AeB
Cascata da inflamação
Eicosanóides:
Fosfolipídeos
-Prostaglandinas
-Tromboxanos TXA2
-Leucotrienos
Fosfolipase A2 Tromboxano

X
Sintetase
Prostaciclina
Ciclooxigenases Peroxidase Sintetase
Ácido Araquidônico PGG2 PGH2 PGI2
COX-1
COX-2 X
5-lipooxigenase 15-lipooxigenase

ANTIINFLAMATÓRIOS
PGD2
NÃO-
PGE2 PGF2α
LTA4 ESTEROIDAIS
LTC4 LTB4 12-lipooxigenase

Lipoxinas
LTD4 LTE4 12-HETE AeB
CLASSIFICAÇÕES DA ASMA
Avaliação da asma considerando a frequência dos sintomas e resultados da prova de função pulmonar

Componente Intermitente Persistente leve Persistente Persistente


moderada severa

Sintomas “n” ≤ 2/sem > 2/sem Diário Todo dia

Acorda noite ≤ 2/mês 3 a 4/mês >1/sem Todo dia

Uso de SABA ≤ 2 dias/sem >2 dias/sem Diário Várias x


Limitação At. Diárias Nenhuma Pouca Alguma Muito
VEF1/CVF - - Reduz 5% Reduz > 5%
VEF1 % ≥80% ≥80% 60 a 80% <60%
Crises + CTC Até 1/ano ≥ 2/ano ≥ 2/ano ≥ 2/ano
CFV: Vol. Máximo de ar exalado. CTC: corticoterapia. VEF1: Vol. expiratório forçado no 1º segundo
CLASSIFICAÇÕES DA ASMA
Avaliação da asma considerando o controle da doença

Componente CONTROLADO (adulto) CONTROLE RUIM/PARCIAL NÃO CONTROLADO*


(adulto) (adulto)

Sintomas Nenhum (ou ≤2 dias/s) > 2 dias/s Várias x /dia


Despertar noturno Nenhum (ou 2 dias/mês) 1-3x/s ≥4x/s
Limitação das Nenhuma Pouca Muita
atividades diárias
SABA resgate Nenhuma (ou ≤2 dias/s) 3 dias/s > 3 dias/s
Espirometria Normal 60 a 80% <60%
Exacerbações Nenhuma (ou 1x/ano) ≥2x/ano > 3x/ano
com CTC oral
CTC: corticoterapia

*TRÊS OU MAIS PARÂMETROS DA ASMA PARCIALMENTE CONTROLADA CARACTERIZAM A ASMA NÃO CONTROLADA
AVALIAÇÃO DO CONTROLE DA ASMA

1) Durante as últimas 4
semanas, quanto tempo a
sua asma impediu-o de
realizar atividades no
trabalho, na escola ou em
casa?
AVALIAÇÃO DO CONTROLE DA ASMA

2) Durante as últimas 4
semanas, quantas vezes
você teve falta de ar?
AVALIAÇÃO DO CONTROLE DA ASMA

3) Durante as últimas 4
semanas, quantas vezes
os seus sintomas de asma
(sibilos, tosse, falta de ar,
aperto ou dor no peito)
acordou-o durante a noite
ou mais cedo que o
normal pela manhã?
AVALIAÇÃO DO CONTROLE DA ASMA

4) Durante as últimas 4
semanas, quantas vezes
você usou o seu
medicamento de inalação
ou nebulização (como o
salbutamol)?
AVALIAÇÃO DO CONTROLE DA ASMA

5) Como você classificaria o


seu controle da asma
durante as últimas 4
semanas?
INTERPRETAÇÃO Asma
Asma Asma não
parcialmente
controlada controlada
controlada

ACT ≥ ACT = ACT =


20 15-19 <15
TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO
• Identificação e redução da exposição aos fatores de risco.
• Estabelecer um plano de autocuidado baseado na identificação precoce dos
sintomas.
• Educação do paciente.

• Cessar tabagismo ativo e passivo

• Evitar medicamentos, alimentos e


aditivos que causem ou agravem crises

• Evitar ácaro, mofo, pólens e fungos


ambientais, pelo de animal, poluição
TRATAMENTO
FARMACOLÓGICO
BRONCODILATADORES ANTIINFLAMATÓRIOS
Corticosteroides:
Beta-2 agonistas
Inalatórios: Beclometasona
Curta ação (B2CA/SABA): Salbutamol
Budesonida
Fenoterol
Ciclesonida
Terbutalina
Fluticasona
Longa ação (B2LA/LABA): Salmeterol Sistêmicos: Prednisona e Hidrocortisona
Formoterol
Vilanterol (ultralonga) Antileucotrienos:
Indacaterol Montelucaste e Zafirlucaste
Cromonas:
Anticolinérgicos: Ipratrópio e Tiotrópio
Cromoglicato de sódio
Xantinas: Teofilina
Anticorpos monoclonais:
Aminofilina
Omalizumabe, Mepolizumabe, Benralizumabe
Bamifilina
(BRASIL, 2013; GINA, 2020; SBPT, 2012)
A BASE DO TRATAMENTO
FARMACOLÓGICO DA ASMA É
CONSTITUÍDA PELO USO DE C.I
ASSOCIADO OU NÃO A UM
LABA, ALÉM DA
FARMACOTERAPIA DE ALÍVIO
Relembrando...

https://planetabiologia.com/sistema-nervoso-autonomo-fisiologia-anatomia-resumo/
Tratamento – Farmacoterapia de alívio
Beta 2 agonistas de curta ação: Aerolin ®
SALBUTAMOL
• Via oral – xarope 0,4mg/ml
• Crianças 2-6 anos: 1-2 mg (2,5-5ml) 3-4x ao dia
• Crianças 6-12 anos e idosos: 2mg (5ml) 3-4x ao dia
• Adultos: 2 a 4 mg (5-10ml) 3-4x ao dia

• Aerossol (bombinhas) – apresentação de 100mcg/puff:


• Alívio de crises agudas: 2-4 puffs a cada 20 minutos (2-3x)
• Prevenção do broncoespasmo provocado por exercícios físicos: 100-200 mcg antes do
exercício

• Inalação ou nebulização – solução de 5mg/ml


• Adultos: 2,5 -5 mg (0,5 –1 ml) + 1,5 ml de soro fisiológico a cada 20 minutos (2-3x)
• Crianças: 0,15-0,3mg/kg (2,5mg=0,5ml) + 2 ml de soro fisiológico a cada 20 minutos (2-3x)
Tratamento – Farmacoterapia de alívio
Beta 2 agonistas de curta ação:
FENOTEROL

• Aerossol (bombinhas) – apresentação de 100mcg/puff:


- Alívio de crises agudas: 100mcg → repetir a cada 5min se necessário (dose máxima diária:
800mcg)
- Prevenção do broncoespasmo provocado por exercícios físicos: 100-200 mcg antes do exercício
• Solução para nebulização - 5mg/ml: USO INALATÓRIO
- Adultos e adolescentes acima de 12 anos: 2-5 gotas com intervalos de 4h se necessário
- Crianças de 6-12 anos: 1-2 gotas com intervalos de 4h se necessário
Solução para nebulização - 5mg/ml: USO ORAL
- 10-20 gotas (2,5-5mg) 3x ao dia para adultos
- 10 gotas (2,5mg) 3x ao dia para crianças de 6-12 anos
- 5-10 gotas (1,25-5mg) 3x ao dia para crianças de 1-6 anos
- 3-7 gotas (0,75-1,75mg) para crianças de até 1 ano Berotec ®
Tratamento – Farmacoterapia de alívio
Beta 2 agonistas de curta ação:
TERBUTALINA

• Via injetável – 0,5mg/ml

- Adultos: 0,5ml a 1ml cada 20 minutos, por 3 doses – SC/IM


- Criança: ¼ a ½ da dose do adulto – SC/IM
β2-AGONISTAS DE AÇÃO CURTA
MEDICAMENTOS AÇÃO EFEITOS COLATERAIS COMENTÁRIOS
Fenoterol, Início da ação: 1 a 5 Taquicardia, tremores, Empregados para sintomas
Salbutamol e minutos hipocalemia, agudos e exacerbações.
Terbutalina Duração da ação: 4 a prolongamento do
6 horas intervalo QT Alívio rápido dos sinais e
sintomas.

Broncodilatadores mais
eficazes utilizados na asma;
convenientes, uso fácil, início
rápido e sem muitas reações
adversas sistêmicas.
Tratamento – Farmacoterapia de alívio

• Anticolinérgicos:

•Broncodilatação rápida (10 a 20 min).


•Podem ser associados ao SABA em casos de exacerbações graves de asma.
•Efeito broncodilatador menos potente que SABA.
•Indicados quando há necessidade de substituição do SABA devido a efeitos
adversos (ex: tremores).
•Principais EA são: xerostomia, irritação das mucosas, taquicardia e retenção
urinária.
•Ex: brometo de ipratrópio (atrovent®, duovent®).
Tratamento – Farmacoterapia de alívio

• Ipratróprio gotas - solução para nebulização - 0,25mg/mL: USO INALATÓRIO


(Atrovent®):
• Crianças abaixo de 6 anos: 8-20 gotas, 3-4x ao dia
• Crianças de 6-12 anos: 20 gotas, 3-4x ao dia
• Adultos: 40 gotas, 3-4 x ao dia

• Ipratróprio spray 20mcg (Atrovent N®):


• Adultos e crianças acima de 6 anos: 2 puffs (40mcg), 4x ao dia. Não
exceder 12 doses diárias
Tratamento – Farmacoterapia de alívio

Salbutamol + ipratrópio
Tratamento – Farmacoterapia de alívio
▪ Corticoides sistêmicos (CS): controle imediato nas crises.
▪ O uso de CS nas crises não é recomendado de rotina, devendo ser restrito às
crises com necessidade de atendimento de urgência.

Adultos: Metilprednisolona 40 a 125mg EV/ hidrocortisona 150-200mg EV/


dexametasona 6-10mg EV → prednisona 40-60 mg/dia por 5 dias.
Crianças: Metilprednisolona 1-2mg/kg/dia EV/IM dividida em 2 doses/
Hidrocortisona 0,5-2mg/kg EV/ Dexametasona 0,08-0,3mg/Kg/dia a cada 6-12 h
→ prednisolona (solução): 1 a 2 mg/kg/dia por 5 dias.

▪ O uso crônico deve ser restrito aos casos mais graves.


CORTICOSTEROIDES SISTÊMICOS
DOSES HABITUAIS EFEITOS COLATERAIS COMENTÁRIOS
Apenas em casos não Usados em médio e longo prazo, Cursos de 3-10 dias são
controlados com o uso de podem levar à osteoporose, eficazes na obtenção de
medicações inalatórias, use a hipertensão arterial, diabetes, controle imediato (usual:
menor dose efetiva, entre 5 e catarata, supressão adrenal, 5 dias)
40 mg de prednisona ou supressão do crescimento, obesidade,
equivalente, diariamente pela fraqueza muscular, adelgaçamento
manhã ou em dias alternados. cutâneo e Síndrome de Cushing.
Nas exacerbações: Algumas afecções coexistentes podem
prednisona ou equivalente, 40- ser agravadas pelos corticoides orais,
60 mg por dia para adultos, e 1- como infecções por herpes, varicela,
2 mg/kg por dia para crianças tuberculose (se não estiver sendo
por 5 dias tratada).
Tratamento – Farmacoterapia de manutenção

Corticoides inalatórios

- Interrompem o desenvolvimento da inflamação brônquica e têm ação


profilática, sendo indicados para a prevenção a longo prazo dos sintomas
da asma.

- Há menor exposição aos efeitos sistêmicos.


CORTICOIDES INALATÓRIOS
MEDICAMENTOS DOSES HABITUAIS EFEITOS COLATERAIS COMENTÁRIOS
Inalatórios: Dose inicial Os efeitos colaterais locais O risco de efeitos colaterais é
Beclometasona, estabelecida de são rouquidão, tosse, dor bem contrabalançado pela alta
Budesonida, acordo com o de garganta e candidíase eficácia.
Ciclesonida, controle da asma e, orofaríngea. Aerocâmeras acopladas aos
Fluticasona e então, reduzida dispositivos de inalação em
Mometasona gradualmente a cada Orientação: lavar a boca aerossol pressurizado e
3 meses (step down) imediatamente após o uso lavagem da boca com água
até a menor dose para evitar a candidíase depois da inalação diminuem o
efetiva depois de oral. A água de lavagem risco de candidíase oral.
obtido o controle. deve ser desprezada e não
ingerida, a fim de evitar
exposição sistêmica
Tratamento – Farmacoterapia de manutenção

FONTE: Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia para o Manejo da Asma (2020)


Tratamento – Farmacoterapia de manutenção

FONTE: Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia para o Manejo da Asma (2020)


Tratamento – Farmacoterapia de manutenção

•Beta 2 agonista de longa ação (B2LA)


• ≥ 12 horas de duração de ação.
• A monoterapia com LABA não é indicada na asma, devendo sempre ser
associados aos corticoides inalatórios.

Salmeterol (50 µg 2 x/dia ou 100 µg 2 x/dia via inalatória): Serevent® e


Seretide® Diskus (fluticasona e salmeterol).

Formoterol (6-24 µg 2 x/dia via inalatória): Fluir® e Symbicort® (budesonida e


formoterol). Possui um rápido início de ação e promove broncodilatação
prolongada (duração de ação: 12 h).
β2-AGONISTAS DE AÇÃO PROLONGADA
MEDICAMENTOS DOSES HABITUAIS EFEITOS COLATERAIS COMENTÁRIOS
Inalatórios: O regime posológico Tremores finos, xerostomia, Não devem ser utilizados
Formoterol e varia de acordo com o palpitações, hipocalemia, em monoterapia no
salmeterol fármaco e o câimbras, hiperglicemia. tratamento de controle.
dispositivo inalatório. Usar sempre como
adjunto à terapia com
corticosteroide inalatório.
Tratamento – Farmacoterapia de manutenção
Terapias Alternativas:

Tiotrópio (SPIRIVA® Respimat®)


▪ Anticolinérgico de longa ação. Não indicado como monoterapia.
▪ Amplamente empregado no tratamento da DPOC no Brasil desde 2003.

▪ Aprovado pela ANVISA em 2015 para tratamento da asma moderada a


grave em adultos (terapia adicional).
▪ Aprovado pela ANVISA em 2018 para tratamento da asma moderada a
grave em crianças > 6 anos.
Tratamento – Farmacoterapia de manutenção
Terapias Alternativas:

• Antileucotrienos: diminuem o tônus do músculo liso, reduzindo a obstrução


do fluxo aéreo.
• Uso associado ao LABA ou corticoide inalatório (não indicado como
monoterapia).

• Início de ação lenta (não recomendados para casos agudos).

Ex: montelucaste (montalair®, singulair®) - comprimidos ou granulado (sachê);


zafirlucaste (accolate®)
ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES DOS LEUCOTRIENOS

MEDICAMENTOS DOSES HABITUAIS EFEITOS COLATERAIS COMENTÁRIOS

Comprimidos, Adultos: 10 mg/dia Dor de cabeça, dor Os antileucotrienos são


comprimidos Crianças de 6-14 anos: 5 abdominal, diarreia, efetivos para pacientes com
mastigáveis e sachês mg/dia (1 um comprimido erupção cutânea. asma leve persistente e
com granulado para mastigável) podem beneficiar pacientes
lactentes Crianças de 6 meses a 5 com rinite crônica
anos: 4 mg/dia (um concomitante. Podem
sachê). oferecer benefício adicional
ao serem adicionados aos
corticoides inalatórios em
pacientes não controlados,
embora não sejam tão
efetivos quanto os β2-
agonistas e corticoide
inalatórios de ação
prolongada.
Tratamento – Farmacoterapia de manutenção
Terapias Alternativas:

• Cromonas: inibem a ativação e recrutamento dos mediadores inflamatórios


dos eosinófilos e células epiteliais. Estabilizadores de mastócitos.

• Xantinas: discreta ação anti-inflamatória, com moderado efeito


broncodilatador. Indicadas para controle e prevenção dos sintomas da asma
leve ou terapia adjunta aos corticoides inalatórios na asma moderada ou grave
não controlada. Baixo índice terapêutico.
Tratamento – Farmacoterapia de manutenção
Terapias Alternativas:

• Anticorpos monoclonais

•Omalizumabe (XOLAIR®)
•Mepolizumabe (NUCALA®)
•Benralizumabe (FASENRA®)
Manejo da asma em pacientes ≥ 12 anos
Fonte: Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia para o Manejo da Asma 2012

Moderada
Intermitente Leve persistente Severa persistente
persistente
Adicionar

ETAPA 5
uma ou mais
em relação a
Preferência: etapa 4

ETAPA 4
CI dose média
ou alta + LABA
Preferência: Corticoide oral

ETAPA 3
+ SABA SN
na dose mais
CI baixa dose +
baixa possível
LABA diário +
Preferência: SABA SN Alternativa: Anti IgE -

ETAPA 2
CI em baixa CI dose média omalizumabe
dose diário + ou alta +
SABA Alternativa:
ETAPA 1

SABA SN antileucotrieno/
Se necessário CI dose média teofilina + SABA
ou alta + SABA SN
Alternativa: SN
Antileucotrieno CI dose baixa +
+ SABA SN antileucotrieno/
teofilina + SABA
SN

Todas as etapas incluem educação do paciente, controle comportamental e manejo de comorbidades.


Novas sugestões da GINA 2019
• Baixa dose de corticoide inalatório é muito efetiva em reduzir
sintomas, melhorar função pulmonar e prevenir a broncoconstrição
induzida por exercícios.
• Mesmo pacientes com asma leve podem ter exacerbações graves,
as quais podem ser evitadas com o uso de corticoides.
• Acredita-se que há inflamação crônica mesmo na asma
intermitente → baixa dose de corticoide inalatório reduz
hospitalizações e morte relacionada a asma.

GINA found no evidence to support a Step 1 SABA-only recommendation.


Manejo da asma em pacientes ≥ 12 anos
Fonte: Global Initiative for Asthma (GINA), 2019 E SBP, 2020.

Moderada
Intermitente Leve persistente Severa persistente
persistente
Preferência:

ETAPA 5
CI dose alta +
LABA + (SABA
Preferência:

ETAPA 4
SN OU CI em
CI dose média + baixa dose/
Preferência: LABA + (SABA FORM SN)

ETAPA 3
SN OU CI em
CI baixa dose + baixa dose/
LABA diário + FORM SN) Considerar
Preferência: SABA SN adição de
Alternativa:

ETAPA 2
CI em baixa dose OU tiotrópio,
diário + (SABA CI dose omalizumabe,
Preferência: CI em baixa média/alta+ mepolizumabe
ETAPA 1

SN OU CI em
dose/FORM antileucotrieno
CI em baixa baixa dose/ Considerar
diário + SN ou tiotrópio +
dose/FORM FORM SN) corticoide oral
SN SABA SN
Alternativa: na dose mais
Alternativa: baixa possível
Antileucotrieno +
Alternativa: SABA SN OU CI dose média +
SABA + CI em SABA SN
CI + SABA SN
baixa dose SN CI dose baixa +
SABA + CI em
antileucotrieno +
baixa dose SN
SABA SN
Todas as etapas incluem educação do paciente, controle comportamental e manejo de comorbidades.
Manejo da asma em pacientes 6-11 anos
Fonte: Global Initiative for Asthma (GINA), 2019 E SBP, 2020.

Moderada
Intermitente Leve persistente Severa persistente
persistente
Preferência:

ETAPA 5
CI dose alta +
LABA + SABA SN
Preferência:

ETAPA 4
CI dose média +
LABA + SABA Considerar
Preferência:
adição de

ETAPA 3
SN
CI baixa dose + tiotrópio,
LABA diário + omalizumabe,
Preferência: SABA SN mepolizumabe

ETAPA 2
CI em baixa dose Alternativa: Considerar
diário + (SABA CI dose média+ corticoide oral
OU
ETAPA 1

SN OU CI antileucotrieno na dose mais


SABA + CI em sempre que usar CI média dose + baixa possível
SABA SN ou tiotrópio +
baixa dose SN SABA SN) SABA SN

Alternativa: Alternativa:
Antileucotrieno + CI dose baixa +
SABA SN OU antileucotrieno +
SABA + CI em SABA SN
baixa dose SN

Todas as etapas incluem educação do paciente, controle comportamental e manejo de comorbidades.


Manejo da asma em pacientes < 6 anos
Fonte: Global Initiative for Asthma (GINA), 2019 E SBP, 2020.

Moderada Severa
Intermitente Leve persistente
persistente persistente

Preferência:

ETAPA 4
Preferência: manter o

ETAPA 3
tratamento ou
Dobrar a dose aumentar a
do CI + SABA SN dose do CI
Preferência:

ETAPA 2
CI em baixa
dose diário +

ETAPA 1
SABA SN Alternativa: Alternativa:
SABA SN
CI + CI +
Alternativa: antileucotrieno antileucotrieno
+ SABA SN + SABA SN
Antileucotrieno
+ SABA SN OU
SABA + CI em Considerar CI
baixa dose SN sistêmico em
baixa dose

Todas as etapas incluem educação do paciente, controle comportamental e manejo de comorbidades.


AVALIAÇÃO DO CONTROLE DA ASMA
Step up/step down

CLASSIFICAÇÃO CONTROLADA CONTROLE RUIM/PARCIAL NÃO CONTROLADA


Ação Step down se 3 a 6 Realizar Step up → Considerar CTC oral +
meses controlado Reavaliar em 2-6 semanas Step(s) up(s) →
Reavaliar em 2 semanas
AVALIAÇÃO DO CONTROLE DA ASMA
• Antes da estratégia Step-up:
✓Verificar a adesão do paciente

✓Verificar a técnica de uso do dispositivo inalatório

✓Verificar comorbidades associadas

✓Verificar fatores ambientais


AVALIAÇÃO DA ADESÃO AO TRATAMENTO
• Principais causas de dificuldades na adesão ao tratamento

LIGADAS AO PACIENTE
Interrupção da medicação na ausência de sintomas
Uso incorreto do dispositivo inalatório
Dificuldade de compreender esquemas terapêuticos complexos
Suspensão da medicação devido a efeitos indesejáveis/custo
Falha no reconhecimento da exacerbação dos sintomas
TIPOS DE DISPOSITIVOS INALATÓRIOS

Inaladores
Inaladores de pó
pressurizados (IPs)
(IPo)
hidrofluoralcano
Turbuhaler, Diskus, Aerolizer®,
(HFA) como
Ellipta, Handihaler, Pulvinal®
propelente (sprays/bombinhas)
Orientações sobre a utilização adequada dos
dispositivos inalatórios
Principais dispositivos inalatórios disponíveis no mercado brasileiro. A-Spray; B -Turbuhaler e Pulvinal; C-Aerolizer; D -Diskus;
E -Handidaler; F -Nebulizador.

Fonte da imagem: https://www.researchgate.net/figure/Figura-6-Principais-dispositivos-inalatorios-disponiveis-no-mercado-brasileiro_fig5_255994038


Aerolizer
https://www.healthnavigator.org.nz/medicines/
https://www.healthnavigator.org.nz/medicines/
LAMA (long-acting muscarinic antagonist)

Relvar®

https://www.healthnavigator.org.nz/medicines/
Onbrize®

https://www.healthnavigator.org.nz/medicines/
Medicamentos inalatórios para asma disponíveis
no Brasil
Medicamentos inalatórios para asma disponíveis
no Brasil
Medicamentos inalatórios para asma disponíveis
no Brasil
DISPOSITIVOS INALATÓRIOS
• Assistam ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=JgTT6tY0JJs
Espaçadores para dispositivos inalatórios

• Aplicável apenas para as bombinhas (IPs).


• Reduzem a deposição de corticoides na orofaringe.
• Reduzem a biodisponibilidade sistêmica e efeitos adversos dos
corticoides inalatórios.
• Aumentam a deposição pulmonar.
• Facilitam o uso de IPs contendo broncodilatadores nas
exacerbações.
Espaçadores para dispositivos inalatórios

Sem espaçador Com espaçador


Carga eletrostática é reduzida se a limpeza é feita com
detergentes caseiros e é nula nos espaçadores de metal
Limpeza: deixar o espaçador de molho em solução de
água com detergente neutro (2 gts/1L) por 30 min.
Deixar secar ao ar livre.
DISPOSITIVOS INALATÓRIOS
Página do CFF:

https://www.cff.org.br/pagina.php?id=778&menu
=778&titulo=Publica%C3%A7%C3%B5es
ASMA E COVID-19
Caso clínico

Maria Luiza, 27 anos, residente na cidade de Curitiba/PR e estudante de


administração. Renda mensal familiar: 5 salários mínimos. Ela procura o
farmacêutico para tirar algumas dúvidas sobre suas queixas e seus exames
laboratoriais.

História clínica:
Asma (há 22 anos), rinite (há 20 anos) e hipotireoidismo (há 3 anos).
Caso clínico
Queixas:
Falta de ar no último mês: 3 x na semana e, algumas vezes, acordou com tosse e
com dificuldade para respirar durante a madrugada (1x por semana). Relata
apresentar tosse seca diariamente, que incomoda um pouco, principalmente à
noite. Alega também que deixou de ir para a faculdade 3x neste mês por conta
disso.

Rinite, há 10 dias. Relata sentir o nariz escorrendo e espirrar muito. Por


enquanto não administrou nenhum medicamento para isso. Alega também, que
seus primos vieram a passeio e dormiram no seu quarto na semana passada e
desde então ela não o limpou.
Caso clínico
Parâmetros
Peso: 60,2 kg; Altura: 1,65 m
Pressão Arterial no momento da consulta = 109/60, 110/60, 110/65 mmHg
Exames laboratoriais (2 meses atrás): CT = 220mg/dl; HDL = 30mg/dl; TG =
190mg/dl; LDL = 152mg/dl; TSH = 5,50 uUI/ml, T4 = 0,65 ng/dl.

Prescrição atual – modo de uso pela paciente:


Salmeterol+fluticasona 50 mcg/250mcg (diskus) 1 x ao dia – utiliza quando sente
falta de ar.
Aerolin Inalador 100 mcg (salbutamol) se crises: não tem utilizado, pois disse que a
receita venceu e o medicamento também. Sendo assim, para as crises ela utiliza a
outra “bombinha”.
Levotiroxina 50mcg 1 x ao dia, em jejum– toma um comprimido em jejum, junto com
o cafezinho preto.
Caso clínico
Terapias complementares: às vezes utiliza chá de camomila para o estômago.
Alergias: nenhuma conhecida.
Acesso a medicamentos: UBS e Farmácia comercial.
Armazenamento dos medicamentos: armário do banheiro

Adesão ao tratamento:
Utiliza o Seretide® sempre que sente falta de ar, mas relata que não melhora
muito. Ela se incomoda com o pozinho que sente na boca depois que usa.
Realiza a seguinte técnica de uso: gira o dispositivo e aciona a trava lateral.
Coloca a boca no bocal, puxa o ar e logo em seguida tira o dispositivo da boca.
O QUE FAZER?
FONTES DE INFORMAÇÕES

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