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Farmacoterapia

Odontológica
Grupos de medicamentos utilizados na odontologia
Regina Pinheiro
Grupos de Fármacos mais utilizados em
odontologia
• Anti- inflamatórios :Anti-inflamatórios esteroidais (corticosteóides) e
Anti-inflamatórios não esteroidais
• Analgésicos
• Antifúngicos
• Antimicrobianos: antissépticos e antibióticos
• Benzodiazepínicos- redução do stress
• Hemostáticos e coagulantes
• Anestésicos locais
Benzodiazepínicos
A ansiedade e o medo são fatores de fuga ao tratamento
odontológico.
O controle da ansiedade pode ser obtido por meios
farmacológicos e não- farmacológicos.
Dentre os farmacológicos, o uso de benzodiazepínicos, por via
oral, constitui uma boa alternativa para se obter a sedação
consciente, em Odontologia, por apresentar uma ampla
margem de segurança clínica, rápido início de ação,
pequena incidência de reações adversas, facilidade de
administração e baixo custo.
Os benzodiazepínicos estão entre as drogas mais largamente
prescritas e empregadas em todo o mundo, constituindo a
principal modalidade terapêutica para o tratamento de desordens
relacionadas à ansiedade.
Anti-inflamatórios
• Anti-inflamatórios são medicamentos utilizados para amenizar os
sinais e sintomas de um estado inflamatório.
• A inflamação é uma defesa inespecífica do organismo contra uma
agressão tecidual. Entretanto, em alguns momentos esse processo
se intensifica e é necessário o uso de medicamentos para contê-lo.
• O processo inflamatório leva o organismo a produzir cinco sinais
clássicos: calor, rubor (vermelhidão), tumor (inchaço, edema), dor e
perda da função. Calor e rubor são causados pela dilatação dos vasos
e o aumento de fluxo sanguíneo local leva à coloração avermelhada.

Basicamente existem duas subclasses de anti-inflamatórios, os


esteroidais ou corticoides e os não-esteroidais ou AINEs.
• Antiinflamatórios
• Os quadros inflamatórios surgem quando há um aumento da
produção de prostaglandina. A prostaglandina é gerada por meio da
ação de uma enzima chamada ciclooxigenase (COX).
• Nesse sentido, os anti-inflamatórios agem inibindo a ação da COX.
Afinal, sem COX, há menor produção de prostaglandinas e menos
estímulo para ocorrer inflamações”.
• No caso dos esteroidais, em geral, esse tipo de medicamento não é
indicado para idosos; grávidas; pacientes com insuficiência renal;
cirrose; hipertensão descontrolada; insuficiência cardíaca; pessoas
usuárias de álcool; pacientes que tomam varfarina, com risco de
hemorragia; e, igualmente, entre aqueles com história de úlcera
péptica/gastrite.
anti-inflamatórios -esteroidais
• Os anti-inflamatórios corticoides são amplamente usados na clínica,
tem ação anti-inflamatória por impedir a produção de substâncias
mediadoras da inflamação, entre eles podemos destacar a
dexametasona, a mometasona, a betametasona, a predinisolona, a
hidrocortisona, etc.
Apesar de serem potentes anti-inflamatórios, esses medicamentos
possuem diversos efeitos colaterais, entre eles o desenvolvimento
da “síndrome de Cushing”.
• A Síndrome de Cushing é uma doença que ocorre devido à elevada
quantidade de cortisol no sangue, causando sintomas como rápido
aumento de peso e acúmulo de gordura na região abdominal e face,
além do desenvolvimento de estrias vermelhas no corpo e pele
oleosa com tendência à acne, por exemplo.)
Síndrome de Cushing
Anti-inflamatórios não-esteróis
• Os agentes anti-inflamatórios não-esteróis (AINEs) incluem algumas
das medicações mais frequentemente utilizadas.
• Sua eficácia no alívio da dor e da febre, bem como a ausência de
reações adversas graves na maioria dos indivíduos, com o seu uso
ocasional, contribuem para sua popularidade.
• Esses anti-inflamatórios também possuem ação analgésica e
antipirética ou antitérmica. Como efeito colateral está o risco do uso
desencadear gastrites e úlceras gástricas. Como exemplos de AINES
mais utilizados para o combate da inflamação podemos destacar o
diclofenaco, o ibuprofeno e a indometacina.
Aines (Anti-inflamatórios não esteroidais)
• Fazem parte deste grupo medicamentos muito conhecidos, em parte
por alguns já estarem disponíveis há muito tempo, por serem de
venda livre e pelo vasto número de situações em que são usados.
• Agem, primordialmente, na inibição da enzima ciclo- oxigenase,
diminuindo a formação de precursores das prostaglandinas e dos
tromboxanos a partir do ácido araquidônico. Igualmente, podem
diminuir a ação destes mediadores no termostato hipotalâmico e nos
receptores de dor (nociceptores).
• Alguns nomes sonantes incluem o ácido
acetilsalicílico, ibuprofeno e naproxeno.
• O paracetamol, embora possua um mecanismo de ação semelhante e
tenha efeito antipirético e analgésico, é praticamente desprovido de
efeito anti-inflamatório.
Analgésicos
• A aplicabilidade dos analgésicos é inegavelmente de grande
valia. Porém, vale salientar que a supressão da dor pode, em
alguns casos, ser somente um fenômeno secundário,
quando, por meio de uma terapêutica adequada,
identifica-se a causa da dor (inflamação, infecções,
contrações musculares) de tal modo que anti-inflamatórios,
antibióticos, espasmoliticos, podem aliviar a dor de uma
maneira indireta (terapêutica causal).
• Portanto, a dor deve ser interpretada como uma finalidade protetora,
ou seja, é uma advertência para que seja pesquisada alguma
anormalidade e fornece informação para se chegar às hipóteses de
diagnóstico e mesmo ao diagnóstico final.
• As odontalgias embora consideradas somáticas superficiais
(localizadas e melhor suportadas) muitas vezes apresentam-se com
características de dor profunda, mal localizadas, associadas à náuseas,
palidez, sudorese e podem ser referidas a outras áreas e, nestas
condições, além de dificultar o diagnóstico, constituem-se exceção a
regra.
Analgésicos- opióides
•Os analgésicos de ação central são principalmente utilizados
para o alívio da dor e, por conseguinte encontram ampla
aplicação na odontologia.
• Os opioides também possuem efeitos antitussígenos
(supressores da tosse) e constipantes terapeuticamente
úteis, além de vários efeitos indesejáveis, como a depressão
respiratória, retenção urinária, náuseas e vômito, e, por
vezes, constipação indesejada.
Analgésicos opioides

• Estes medicamentos são utilizados individualmente ou associados


com não opioides para o tratamento da dor moderada a severa. Os
opioides são muito parecidos com substâncias naturais (chamadas
endorfinas) fabricadas pelo organismo para controlar a dor.
• Alguns funcionam melhor do que outros no alívio da dor severa. Estes
medicamentos já foram produzidos a partir da papoula, mas hoje a
maioria são sintéticos.
• (Combinação frequentes de opioides e paracetamol ou AINEs.)
Medicamentos não-opióides

• Os medicamentos não-opióides ou não narcóticos, como o


acetaminofeno e os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs),
controlam a dor leve a moderada. Alguns podem ser comprados sem
receita médica. O acetaminofeno alivia a dor da mesma maneira que
os AINEs, mas não reduz a inflamação, assim como estes últimos.
• Analgésicos não-opioides – ácido acetilsalicílico, dipirona, ibuprofeno
e paracetamol modificam mecanismos periféricos e centrais
envolvidos no desenvolvimento de dor. São indicados por tempo
curto, particularmente para dores de tegumento leves e moderadas.
Exibem propriedades analgésica e antitérmica.
Antifúngicos
• A candidíase bucal é uma das infecções humanas de natureza fúngica
mais comum; sendo descrita como uma infecção oportunista,
frequentemente envolvida com a alteração da microbiota bucal,
doenças sistêmicas e redução da imunidade do hospedeiro. Entre as
cepas envolvidas com o desenvolvimento da candidíase bucal, a
Candida albicans é a espécie mais prevalente e de maior
patogenicidade. C. tropicalis, C. krusei, C. parapsilosis e C.
guilliermondii também fazem parte do curso da doença e, junto a C.
albicans, chegam a representar mais de 80% dos isolados clínicos.
Antifúngicos
• O diagnóstico da candidíase oral é simples. Em muitos casos, a lesão é
típica e a história do paciente apontando a presença de um fator
imunossupressor facilita o diagnóstico.
• Caso o médico deseje uma confirmação, ele pode raspar um pedaço
da lesão e levar ao microscópio para identificar a presença de
leveduras.
• Tratamento para sapinho com gel de nistatina. A Nistatina em gel,
encontrada nas farmácias como Micostatin ou Nidazolin é uma boa
estratégia para tratar o sapinho mais rápido. O gel de nistatina é
um antifúngico que deve ser aplicado diretamente nas lesões da boca
e na língua de crianças ou adultos.
Antibióticos
• Antibióticos são substâncias, desenvolvidas a partir de fungos, bactérias ou
elementos sintéticos (produzidos em laboratórios farmacêuticos). A finalidade do
antibiótico é combater microrganismos (monocelulares ou pluricelulares),
causadores de infecções no organismo.
• Antibióticos são medicamentos usados para tratar infecções bacterianas.
• Eles são ineficazes contra infecções virais e a maioria das demais infecções. Os
antibióticos destroem os microrganismos ou detêm a sua reprodução, tornando
mais fácil para as defesas naturais do organismo eliminá-los.
•Os antibióticos estão agrupados em classes, dependendo de
sua estrutura química. Entretanto, os antibióticos incluídos
em cada classe frequentemente afetam o organismo de
maneira diferente e podem ser eficazes contra bactérias
diferentes.
•Cada antibiótico é eficaz apenas contra determinadas
bactérias. Ao escolher um antibiótico para tratar uma pessoa
com infecção, os médicos estimam qual bactéria é a causa
provável. Por exemplo, algumas infecções são causadas
somente por determinados tipos de bactéria. Se existir um
antibiótico com eficácia garantida contra essas bactérias,
geralmente não é necessário realizar mais exames.
• Se as infecções puderem ser causadas por muitos tipos diferentes de
bactéria ou por bactérias que não sejam previsivelmente suscetíveis a
antibióticos, pede-se a um laboratório que identifique a bactéria que
está causando a infecção a partir de amostras de sangue, urina ou
tecido coletado da pessoa ( Diagnóstico de doença infecciosa).
• As bactérias que causam a infecção são então testadas para conhecer
a suscetibilidade a uma variedade de antibióticos. Os resultados
desses testes demoram geralmente um ou dois dias e, assim, não
ajudam na escolha inicial do antibiótico. Nesses casos, os médicos
normalmente iniciam o tratamento com um antibiótico que seja
eficaz contra as bactérias que muito provavelmente estão causando a
infecção. Após chegarem os resultados, se necessário, os médicos
trocam o antibiótico.
Soluções Antissépticos
• Antisséptico se refere a tudo o que for utilizado no sentido de
degradar ou inibir a proliferação de micro-organismos presentes na
superfície da pele e mucosas. São substâncias usadas para desinfectar
ferimentos, evitando ou reduzindo o risco de infecção por ação de
bactérias ou germes.
• Antisséptico é o método através do qual se impede a proliferação de
micro-organismos em tecidos vivos com o uso de substâncias
químicas (os antissépticos) usadas como bactericidas ou
bacteriostáticos com objetivos higiênicos ou terapêuticos.
• A clorexidina (CLX) é um agente antimicrobiano padrão-ouro
comumente utilizado em ambientes hospitalares como antisséptico
tópico.
• Formulações em concentrações baixas possuem efeito
bacteriostático enquanto as concentrações mais altas agem como
bactericida.
• É eficaz contra bactérias gram-positivas e gram-negativas, além de ter
propriedades antifúngicas e antivirais.
• Por essas propriedades, é também utilizado como antisséptico oral,
sendo um agente efetivo contra o biofilme dental.
Indicações do uso de antissépticos orais
associados ao controle mecânico da placa
• Complementares às medidas de higiene oral, pois:
- a maioria da população tem um controle mecânico da
placa inadequado
- a presença de agentes antimicrobianos nas mucosas
orais reduz a colonização de bactérias patogênicas
capazes de recolonizar superfícies dentais supra e
subgengivais
 Resulta em:
 Menor pressão seletiva para patógenos orais
 Menor produção de ácidos
 Menor número de anaeróbios
Hemostáticos
•Um anti-hemorrágico é uma substância que promove
a hemostasia (processo que para o sangramento). Também
pode ser conhecido como um agente hemostático.
•Os agentes anti-hemorrágicos usados na medicina têm vários
mecanismos de ação:
•drogas sistêmicas que funcionam inibindo a fibrinólise ou
promovem a coagulação.
•agentes hemostáticos de ação local, causando
vasoconstrição ou promovendo a agregação plaquetária.
Hemostáticos
• Quais os principais hemostáticos tópicos?
Esses agentes vão desde hemostáticos tópicos absorvíveis, como gelatinas,
colágeno microfibrilar e celulose oxidada regenerada, a hemostáticos tópicos
biologicamente ativos, tais como trombina, colas biológicas e outros agentes
combinados.
• Por isto, o material hemostático serve na odontologia para o controlo de
sangramento do paciente durante as intervenções cirúrgicas em clinica
dental.
• Costuma-se proceder mediante esponjas ou gazes impregnadas com
gelatina liofilizada.
• Métodos auxiliares na hemostasia da cavidade bucal
Antifibrinolíticos: A combinação entre a terapia sistêmica de reposição de
fatores de coagulação e os agentes antifibrinolíticos pode reduzir
significativamente os episódios de sangramento mucoso.
Coagulantes
• São os medicamentos utilizados para acelerar o processo
de coagulação sanguínea, prevenindo ou tratando as
hemorragias. Exemplo: Vitamina K (Kanakion).
• Estes medicamentos diminuem o tempo
de coagulação sanguínea, para prevenção e tratamento da
formação de trombos (coágulos).
• “A maior parte dos procedimentos não oferece grandes riscos ao
paciente, mas extrações e cirurgias de implante, por exemplo,
exigem a suspensão do medicamento algum tempo antes para
evitar sangramento excessivo”.
Foi observado que não há necessidade de expor o paciente ao
risco de sofrer uma trombose ao suspender o uso do
anticoagulante oral para realizar a exodontia simples.
Anestésicos
•DEFINIÇÃO- A palavra anestesia provém diretamente do
grego (an, que significa sem, aisthesis significa sensação).
•A anestesia local é definida como um bloqueio reversível da
condução nervosa, determinando perda das sensações sem
alteração do nível de consciência (Ferreira, 1999).
•A procura por substâncias que pudessem amenizar a
sensação dolorosa vem desde a antiguidade, onde já se
conhecia o ópio (suco da papoula).
Anestésicos locais
• Os anestésicos locais são agentes que bloqueiam reversivelmente a
condução nervosa, quando aplicados a uma região circunscrita do
corpo.
• Embora numerosas substâncias de estrutura química diversa sejam
capazes de produzir anestesia local, a maioria das drogas de
comprovada utilidade clínica (identificadas pelo sufixo “caína”)
compartilham uma configuração fundamental com o primeiro
anestésico local verdadeiro, a cocaína (ANDRADE, 2005).
• Os anestésicos mais utilizados na Odontologia são a lidocaína, a
prilocaína a mepivacaína e a bupivacaína. Também podem ser usados
articaína, a ropivacaína e a levobupivacaína.
Anestésicos
• A farmacologia dos anestésicos locais é complexa e novas drogas surgem
diariamente.
• Logo, a compreensão dos aspectos farmacológicos dos anestésicos locais é
importante para a seleção da droga a ser utilizada em cirurgia.
• As propriedades físico-químicas de cada anestésico local determinam a
ação, potencialidade e duração da anestesia.
• Um bom agente anestésico deve apresentar baixa toxicidade sistêmica; não
ser irritante aos tecidos e também não causar lesão permanente às
estruturas nervosas.
• Alguns anestésicos locais em baixas concentrações possuem propriedade
vasodilatadora, o que aumenta sua absorção sistêmica. Por isso a indústria
farmacêutica investe em preparações que minimizem esse efeito através da
adição de um vasoconstritor como a adrenalina ou fenilefrina.
• Os vasoconstritores são importantes componentes das soluções anestésicas.
No passado, atribuíam se várias desvantagens a eles, porém muitas delas decorriam em função
do uso inadequado: injeções intravasculares, concentrações elevadas, aplicações rápidas e
grandes volumes, levando à intoxicação relativa.
Hoje, sabe-se que quase nenhuma solução anestésica teria efeito sem o emprego dos vasoconstrictores, tendo
como principal vantagem a absorção lenta do sal anestésico, que reduz a toxicidade deste, aumenta a duração
da anestesia, possibilita o uso de quantidades menores de solução, além de aumentar o efeito anestésico.
Normalmente, os vasoconstritores associados aos anestésicos locais não produzem efeitos
farmacológicos, além da constrição arteriolar localizada.(Os vasoconstritores mais comuns são a
adrenalina / epinefrina, a noradrenalina / noraepinefrina, a fenilefrina e o octapressin /
felipressina.)
Obs:
O estudo realizado por RIBAS et al. (19) com 200 cirurgiões- dentistas da região zona leste da grande São Paulo foi
conduzido para verificar a escolha do anestésico local em pacientes hipertensos. Nesta pesquisa observou-se que
75% dos cirurgiões-dentistas não realizavam a verificação da pressão arterial e que 60,38% preferiu utilizar
anestésicos sem vasoconstritores.

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