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INSTITUTO TÉCNICO DE FORMAÇÃO DE SAÚDE Nº 1831

ITFL - LUBANGO

MANUAL DE APOIO DE FARMACOLOGIA APLICADA À


ENFERMAGEM

AFONSO LOPES SAMUNDA

LUBANGO 2020
FARMACOLOGIA APLICADA A ENFERMAGEM
PROF. AFONSO LOPES SAMUNDA

4. 2. FÁRMACOS QUE ACTUAM NO SISTEMA NERVOSO

 FÁRMACOS QUE ACTUAM NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL


O Sistema Nervoso Central, trata da coordenação e do controle de todas as funções
do corpo.
Tais funções podem ser modificadas por meio de substâncias introduzidas no
organismo, Possibilitando o tratamento dos distúrbios orgânicos.
As principais classes Terapêuticas que atuam no S.N.C. são: analgésicos,
anestésicos, antipsicótico, hipnóticos/sedativos, anticonvulsivantes.

4. 2. 1. Analgésicos, antipiréticos e anti-inflamatórios


Conceitos
Analgésicos: são medicamentos que aliviam a dor sem produzirem perda de
consciência ou actividade reflexa.
Antipiréticos: são medicamentos que agem no SNC, baixando a febre, além de
possuir actividade analgésica.
Anti-inflamatórios: são drogas que reduzem quadros inflamatórios, podem ser
Analgésicos ou não.
Actualmente não há uma classificação satisfatória completa para os analgésicos.
Historicamente tem sido classificadas quando a potencia (fraco, moderado ou forte),
a origem (opíoides, semi-sintético, derivado do alcatrão da hulha), ou quando as
propriedades relacionadas a dependência (narcótico ou não narcótico).
 Classificação actual segundo o mecanismo de acção:
• Agonista opíoides- (morfina, codeína, hidromorfina, oxicodona, tramadol,
metadona, meperidina, fentanil, alfentanil).
• Agonista opíoides parciais (bupremorfina, butorfanol, nalbufina,
pentazocina, dezocina).
• Antagonistas opíoides (nalmefene, naloxona, naltrexona

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• Salicilatos (acido acetil salicílico, salicilato de magnésio salsalato,


salicilato de sódio, tio salicilato de sódio).
• Anti-inflamatórios não esteróides (Diclofenac, Ibuprofen, Indometacina,
piroxicam. celecoxibe, rofecoxibe, valdecoxibe).
• Agentes analgésicos variados (paracetamol, dipirona).
• Estão também inclusos neste grupo os antígota (Probenicida,
allopurinol)

 Agonistas opíoides- são medicamentos semi-sintéticos que possuem a


capacidade de aliviar a dor crónica sem causar perda de consciência.
A maioria deles possui a capacidade de produzir dependência

Codeína
Efeito: supressão central da tosse bastante forte, antidiarreico e ligeiramente
analgésico.
Indicações: tosse irritante, diarreia.
Efeitos adversos: prisão de ventre, depressão respiratória, sedação ligeira.
Contra- indicações: tosse produtiva
Posologia: 1cp. de 8/8h.

Petidina
Apresentação: ampola de 50mg/1ml
Efeito: analgésico potente tipo morfina, usado em obstetrícia.
Indicações: dores fortes quando a paciente esta em trabalho de parto com o colo
rígido.
Posologia:½ até 1 ampola IM.

 Salicilatos- são analgésicos geralmente utilizados para o alívio da dor de


intensidade leve a moderada. Para além do efeito analgésico são também
antipiréticos e anti-inflamatórios. O acetil ácido salicílico é único representante deste

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grupo que tem propriedade de causar inibição da agregação plaquetária e aumento


do tempo de sangramento.

AAS (Acido Acetil Salicílico)


Efeitos: analgésico, antipirético, anti-inflamatório, anti-reumático e antiplaquetária
(em pequenas doses).
Indicações: dores levem a moderada, febres, reumática aguda.
Efeitos adversos: irritação do estômago, tendência a hemorragias, pode provocar
uma gastrite hemorrágica grave, náuseas, zumbido nos ouvidos e reacções alérgica
a doentes asmáticos.
Contra-indicações: gastrite, úlceras pépticas, hemorragias, crianças menores de 1
ano.
Posologia: 1cp. de 8/8h. Tomar com água durante as refeições

 Anti-inflamatórios não esteróides (AINE)

Também são conhecidos por medicamentos similares ao ácido acetil salicílico. Não
são quimicamente relacionados com os salicilatos mas tem muitas acções
terapêuticas e efeitos colaterais comuns.

Efeito: analgésico, antipirético e anti-inflamatório.

Indicações: alívio da dor e da inflamação em artrite reumatóide, osteoartrite,


espondilite, e gota. Certos agentes como o ibuprofen, Diclofenac, valdecoxibe são
também aprovados para o controle do desconforto primário da dismenorreia.

Efeitos adversos: Irritação gástrica por isso devem ser tomados durante as
refeições.

Contra indicações: gastrite e úlcera péptica.

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Indometacina

Apresentação: comprimidos de 25 mg; posologia: 1 cp. de 8/8h ou 2 cp. de 8/8h- 7ª


10 dias.

Diclofenac

Apresentação: comprimidos de 50mg, ampola de 75 mg; posologia: 1 cp. de 8/8h


ou 1 amp. de 8/8h

Ibuprofen
Apresentação: comprimidos ou cápsulas de 200mg, 400mg, 600mg. Suspensão de
100mg/5ml.
Posologia:

- Adulto 1 cp. de 8/8 h.


- Crianças 40mg/kg/dia.

Cuidados de enfermagem

• Administrar o ácido salicílico nos horários das refeições para minimizar


irritação gástrica.
• Na administração dos opíoides estar atento a:
- Sonolência, náuseas/vómitos, alterações de humor (variando de torpor
a intensa euforia).
- Sinais de depressão respiratória.
- Miose, pois pode indicar toxicidade do medicamento.
- Hipotensão ortostática, pois a morfina e análogos causam
vasodilatação periférica.
- Manifestações crónicas: dependência física e psicológica.

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4. 2. 2. ANESTÉSICOS
Conceito
São medicamentos que tornam o paciente insensível a dor; divide-se em anestesia
geral e local.
 Anestésico geral
Conceito:
É aquele que atinge o corpo inteiro e resulta de um estado de inconsciência. Podem
ser administrados por via intravenosa ou por inalação.
• Via intravenosa:
Cetamina, tiopental, tropofol.
• Por inalação (gasosos e voláteis)
Gases:
• Protoxido de azoto é administrado juntamente com o oxigénio. é um
anestésico fraco, mas com uma recuperação muito rápida. Como anestésico é
um medicamento potente.
• Ciclopropano é muito potente mas também extremamente caro e explosivo.
Não é largamente usado.
Líquidos voláteis:
Constituem um grande grupo e a selecção de qualquer deles é muitas vezes
uma questão de preferência pessoal.
• Halotano é muito utilizado, sendo muito potente. A recuperação é
relativamente agradável e rápida.
• Dietil-eter é inflamável ao ar e explosivo quando a concentração de oxigénio
na mistura gasosa é superior a existência no ar.

 Anestésico local
Conceito
É aquele que a sua acção é confinada numa determinada área do corpo, sem a
perda de consciência.
Evitam ou aliviam a dor interrompendo a condução nervosa.

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Em geral sua acção é restrita ao local de aplicação e sofre reversão rápida na


difusão do local de acção no nervo.
As propriedades químicas e farmacológicas de cada agente determinam sua
utilidade clinica.
Os anestésicos locais podem ser administrados por várias vias: tópica, filtração,
bloqueio de campo ou nervo, regional, intravenosa, raquidiano ou epidural,
conforme imposto pelas circunstâncias clinicas.
No final do século XIX foi descoberto acidentalmente as propriedades
anestésicas da cocaína, o primeiro anestésico local.
Hoje os agentes mais amplamente utilizados são:
• Procaína
• Lidocaína
• Bupivacaína
• Tetracaína
Mecanismo de acção: Evitam a geração e a condução do impulso nervoso.
Outros anestésicos locais:
• Benzocaína
• Etidocaína
• Prilocaína
• Mepivicaína
• Ropivacaína

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4. 2. 3. HIPNOTICOS-SEDATIVOS

Conceito: São medicamentos utilizados no caso de alteração dos padrões de sono.

 Hipnóticos- são medicamentos que produzem sono.


 Sedativos- são medicamentos que acalmam o paciente e dão a sensação de
relaxamento e repouso, não necessariamente acompanhada de sono.

Indicações dos hipnóticos-sedativos: Melhorar os padrões de sono, no


tratamento temporário da insónia, para diminuir o nível de ansiedade, o relaxamento
e/ ou sono antes de procedimentos diagnósticos ou cirúrgicos.

Os hipnóticos – sedativo podem ser classificados em três grupos:

• Barbitúricos
• Benzodiazepínicos
• Composto Z (Não – barbitúricos e não – benzodiazepínicos)
➢ Barbitúricos

Os barbitúricos agem ao nível do sistema nervoso central, podem ser usados como
sedativos, provocando uma leve sedação, como hipnóticos provocando um sono
profundo e anestesia, do medicamento.

Medicamentos usados: Fenobarbital, amobarbital, aprobarbital, butabarbital,


pentobarbital, secobarbital, tiopental.

Fenobarbital
Indicação: sedação em doses pequenas e hipnótico em doses elevadas, eficaz na
profilaxia das convulsões e epilépticas.
Efeitos adversos: cansaço
Posologia:
▪ Adultos-100-200mg/dia (2Cp./dia).
▪ Crianças-3-5mg/kg/dia.

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Cuidados de enfermagem
- Controlar rigorosamente os sinais vitais, pois os barbitúricos dependendo
da dosagem podem deprimir o centro respiratório e vaso motor.
- Verificar dosagem correcta ao administrar a droga.

➢ Benzodiazepínicos

São praticamente incapazes de causar depressão respiratória fatal ou colapso


cardiovascular, desde que não estejam associados a outros depressores do SNC
como barbitúricos e o alcool devido a sua efetividade e segurança, os
benzodiazepínicos têm sido amplamente utilizados em todo o mundo.

Clordiazepóxido é primeiro benzodiazepínico(bzd) bem sucedido

Medicamentos usados: Diazepam, lorazepam, alprozalam, clonazepam,


estazolam, flurazepam, halazepam,prazepam, midazolam, oxazepam, quazepam
temazepam,triazolam.

Propriedades:

• Sedativo-hipnóticas
• Ansiolíticas
• Anticonvulsivantes
• Miorrelaxantes

Indicações:

• Insônia

• Convulsões

• Abstinência alcoólica

• Transtornos de ansiedade

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• Depressão (alprazolam)

• Tensão emocional

Reações adversas:

• Sedação

• Fraqueza

• Incoordenação motora

• Diminuiçao da rapidez de raciocínio

• Ataxia

• Redução das funções físicas e mentais

• Confusão

• Boca seca/gosto amargo

• aumento do peso corpóreo

• Efeitos raros: fraqueza,cefaléia,visão turva,náusea e vômito,


desconforto epigástrico e diarréia, dores nas articulações e no peito.

• Comportamento bizarro, hostilidade, agressividade, paranóia,


depressão, tendências suicidas

Contra-indicação:

• Disfunção hepáticae/ou renal


• Gravidez e lactação
• Miastenia
• Crianças menores de 06 meses

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Diazepam
Apresentação: Comprimido de 5mg e de 10mg, ampola de 10mg, bisnaga de 6mg
(2mg/ml).
Posologia:
• Adulto-1Cp.x1 até 1Cp. X3 dependendo de cada situação ou 1 ampolas
IM ou IV diluído com soro por ser oleoso, diazepam rectal: 10-15mg via
rectal.
• Crianças -Diazepam rectal: 0,5-1mg/kg.
• Se não tiver bisnagas de Diazepam, pode-se efectuar o tratamento
utilizando ampolas de 10 mg/2ml diluídas em água destilada,
administrados em via rectal.
A dose e a mesma: 0,5-1mg/kg

➢ Não – barbitúricos e não – benzodiazepínicos (zolpidem, zaleplon).

4. 2. 4.Antiepilepticos e anticonvulsivantes
Conceito:
São medicamentos que impedem as contracturas dos músculos. São depressivos.
Há vários tipos de ataques convulsivos, manifestam-se com a perda de consciência
e de controlo motor, com abalos tónicos e clónicos das extremidades.
Os anticonvulsivante incluem os seguintes medicamentos: Diazepam Fenobarbital,
fenitoina, Carbamazepina, vaproato.
Fenitoina
Apresentação: Comprimido de 100mg
Efeito: Impede o desenvolvimento de contracções.
Indicações: Prevenção das convulsões epilépticas.
Efeitos adversos: Náuseas, vómitos, hipertrofia da gengiva.
Posologia:

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• Adulto-200mg a 300mg/dia em dose única.


• Crianças- 5mg/kg

Diazepam
Ver hipnóticos- sedativos

Fenobarbital
Ver hipnóticos- sedativos

Cuidados de enfermagem
- Administrar o medicamento de acordo com a prescrição médica.
- Administrar próximo as refeições;
- Orientar a não interrupção da medicação sem acompanhamento médico.
- Observar efeitos tóxicos como: confusão mental, sonolência,
irritabilidade, agressividade, distúrbios de marcha, andar vacilante, vertigem,
incoordenação motora, astenia, letargia, distúrbios visuais, erupções
cutâneas, anorexia, náuseas.
- A fenitoína é incompatível com SG, NPP, Bicarbonato de sódio. É
compatível com SF0,9%. É contra-indicada por via intramuscular, devido a
lesão tecidual. A aplicação endovenosa deve ser feita lentamente devido a
sensação de queimação no vaso e flebite.
- O Diazepam deve ser administrado bem lentamente, pois causa
hipotensão arterial, depressão respiratória, depressão do sistema nervoso
central, não deve ser diluído devido a precipitação.

4. 2.5. Antipsicótico
Conceito:
São medicamentos que geralmente tranquilizam o paciente sem interferir no nível de
consciência e sem causar excitação paradoxal.

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São também conhecidos como neurolépticos ou Tranquilizantes maiores, termos


menos apropriado.
Antipsicótico: Clorpromazina, Droperidol Haloperidol, Proclorperazina.

Clorpromazina
Apresentação: Comprimido de 25mg e ampola de 50mg/2ml.
Efeito: É antipsicótico e antiemético com efeito Parassimpaticolíticos.
Indicações: Esquizofrenia e demais psicoses, excitação grave, antiemético em
vómitos graves, soluços.
Efeitos adversos: manifestações extrapiramidais, sonolência, apatia, boca seca,
hipotensão postural e arritmias cardíacas, coloração da urina.
Contra-indicações: Doenças graves do coração, insuficiência hepática, renal,
glaucoma, gravidez.
Posologia: 1Cp.de 8/8h até 8cp/dia.

Droperidol
Apresentação: solução injectável de 2,5mg/ml
Efeito: antipsicótico
Indicações: crises psicóticas, particularmente maníacas; distúrbios do
comportamento.
Efeitos adversos: manifestações extrapiramidais, sonolência, hipotensão
ortostática.
Posologia: 1 ampola de 2ml IM ou IV

Cuidados de enfermagem
- Monitorar sinais vitais porque provocam hipotermia, hipotensão e
taquicardia.
- Observar sinais relacionados a efeitos indesejáveis, sialorréia,
obstipação, rebaixamento do nível de consciência.

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QUESTÕES DE REVISÃO
1. Quais as razões que levaram a substituição dos barbitúricos pelos
benzodiazepínicos no tratamento da ansiedade?

2. Complete as seguintes frases , preechendo os espaços em branco com


o termo ou termos correctos.
a) O ácido acetil salicílico (aspirina) é classificado tanto como
analgésico, porque_____________________________________e
como__________________________porque baixa a febre.
3. Quais dos efeitos é um tipo principal dos efeitos dos analgésicos
AINEs?
a) Efeito anti-inflamatório
b) Efeito analgésico
c) Efeito antibiótico
d) Efeito antipirético
4. O paracetamol possui uma actividade anti-inflamatória do tipo:
a) Forte
b) Razoável
c) Não possui actividade anti-inflamatória
d) Fraca
5. Dos fármacos abaixo são anticonvulsivantes excepto:
a) Diazepam
b) Fenobarbital
c) Fenitoina
d) Clorpromazina
6. Não é anticonvulsivante:
a) Carbamazepina.
b) Fenitoina
c) Fenobarbital
d) Prometazina.

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7. Em relação ao ibuprofen é incorrecto afirmar que:


a) É um fármaco do grupo dos AINEs;
b) Apresenta acção analgésica e antipirética;
c) É similar ao ácido acetil salicílico;
d) Não apresenta acção anti-inflamatória.
8. O paciente vem usando comprimidos de paracetamol sem obter alívio
da artrite. O médico Receitou-lhe diclofenac, mas ela diz que este causa
irritação gástrica e prefere tomar paracetamol.
a) Como você poderia explicar a ela a diferença entre esses
medicamentos?
9. Qual dos fármacos abaixo é um exemplo de um benzodiazepínicos:
a) A Clonazepam.
b) Dimeticona.
c) Dipirona.
d) Ácido Acetilsalicílico.
e) Verapamil.

10. Marque a alternativa que não mostra um analgésico opióide.

a) Morfina.
b) Codeína.
c) Tramadol.
d) Metadona.
e) Nitroprussiato de sódio.

1.Qual dos baixo abaixo é a mais reutilizado para controlar a crise convulsiva
em crianças?
a) Tiopental
b) Diazepam

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c) Clordiazepóxido
d) Fenobarbital
2.Qual dos fármacos abaixo compreende um importante anti-inflamatório não
esteróide de uso amplo em hospital.
a) Dipirona
b) Paracetamol
c) Diclofenac
d) Hidrocortisona
e) Metilprednisona
3.Qual dos fármacos abaixo pertence ao grupo dos opióides e é amplamente
utilizado para controle das dores de moderada intensidade.
a) Dipirona
b) Paracetamol
c) Morfina
d) Ibuprofen
e) Tramadol

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 FÁRMACOS QUE ACTUAM NO SISTEMA NERVOSO AUTÓNOMO


O sistema nervoso autónomo é um sistema independente. Foi chamado também de
sistema nervoso involuntário, para diferencia-lo do sistema que controla os
movimentos.
Este sistema controla o funcionamento dos órgãos vitais do tórax, abdómen, da
pelve, as glândulas sudoríparas e vasos sanguíneos. Está dividido em duas partes:
O sistema simpático e o sistema parassimpático.
Um estimula certas acções, enquanto outro as inibe.
• O simpático- é accionado para dilatação da pupila dos olhos, aumento da
frequência cardíaca, dilatação das artérias coronárias, relaxamento da
musculatura lisa dos brônquios, redução da actividade da musculatura
uterina, redução da musculatura lisa do tracto gastrointestinal, liberta a
adrenalina.
• O parassimpático -contracção das pupilas dos olhos, redução da
frequência dos batimentos cardíacos, contracção das artérias coronárias,
contracção dos vasos sanguíneos dos brônquios, aumento da actividade da
musculatura uterina, aumento da actividade gastrointestinal, relaxamento dos
músculos do esfíncter.
• Simpaticomiméticos- medicamentos que estimulam o simpático.
− Adrenalina (epinefrina),
− Salbutamol,
− Efedrina,
− Dopamina.

- Simpaticolíticos- Medicamentos que impedem o simpático (β


bloqueadores)
− Propranolol
− Reserpina
− Metildopa.

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- Parassimpaticomiméticos- Medicamentos que estimulam o


parassimpático.
− Pilocarpina
− Prostigmina
- Parassimpaticolíticos- Medicamentos que impedem o parassimpático.
− Atropina
− Beladona
− Butilescopalamina (buscopan)
− Propantelina

QUESTÕES DE REVISÃO
4.Sobre a acção dos farmacos nas divisões simpática e parassimpática do
sistema nervoso autónomo (SNA), assinale a alternativa correcta.
a) O efeito de um fármaco parassimpatomimético poderia ser
incrementado com a associação de um fármaco simpatomimético.
b) Fármacos simpatomiméticos e parassimpatolíticos apresentam efeito
farmacológico semelhante, mas agem por diferentes mecanismos.
c) Farmacos parassimpatomiméticos impedem o simpático.
d) O aumento da frequência cardíaca é um dos efeitos de fármacos
simpatolíticos e parassimpatomiméticos.

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4. 3. FÁRMACOS QUE ACTUAM NO SISTEMA CARDIOVASCULAR


O sistema cardiovascular é composto de coração e vasos sanguíneo pelos quais
circulam o sangue.

4.3.1.Cardiotónicos (Digitálicos)
Conceito
Os cardiotónicos são medicamentos para melhorar as funções cardíacas, tem a
capacidade de aumentar o tónus muscular do coração e reduzem a frequência
cardíaca. São denominados de digitálicos por serem originários de plantas do
género digitalis.
São geralmente administrados por via oral, podendo também ser aplicados
intramuscular e intravenoso. Facilmente absorvidos pelas paredes intestinais, seus
efeitos são lentos e sua margem de segurança entre a dose terapêutica e o
aparecimento dos sinais de toxicidade é bem reduzida.
Indicações: principalmente para insuficiência cardíaca congestiva (ICC).
Efeitos adversos: intoxicação digitálica cujos sinais e sintomas de intoxicação
principais incluem:
- Manifestações neurológicas: alteração na percepção das cores, cefaleias,
tontura, irritabilidade, inquietação, fadiga;
- Manifestações gastrintestinais: anorexia, náuseas e vómitos;
- Manifestações cardiovasculares: mais frequente o surgimento de extra-
sístoles. Fármacos utilizados: Digoxina, Digitoxina.
Cuidado: Existe tendência de acumulação (a Digoxina é eliminada lentamente). Na
insuficiência renal facilmente surge acumulação. Não dar se o pulso estiver a baixo
de 60 pulsações por minuto. O controlo do pulso durante a medicação com Digoxina
e importante.
Posologia: Doente hospitalizado - Digoxina 1Cp. De 12/12h durante 3 dias e depois
1Cp por dia. Frequentemente o Paciente continuará, a tomar durante a vida inteira.

Cuidados de enfermagem

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- Avaliar o pulso antes da administração dos digitálicos, pois são drogas que
induzem a bradicardia;
- Comunicar se a frequência cardíaca estiver igual ou abaixo de 60 pulsações
por minuto (antes de administrar o medicamento);
- Comunicar qualquer sinal ou sintoma de intoxicação digitálica (sonolência,
paresia, alucinações, delírio visão turva, cefaleia);
- Controlar o volume urinário, pois estes medicamentos actuam sobre as fibras
cardíacas melhoram a condição da pressão venosa, facilitando a pressão renal
Administrar por via oral com leite para não irritar a mucosa gástrica.
- Administrar digitálicos, de preferência, no período da manhã, devido a
irritabilidade e insónia, além da diurese que aumenta com o uso do
medicamento;
- Administrar por via oral com leite para não irritar a mucosa gás
- Administrar digitálicos endovenosos lentamente, monitorando
electrocardiograficamente o paciente.
- Manter o paciente em repouso no leito em casos de intoxicação digitálica.

4.3.2. Antiarrítmicos
Conceito:
São medicamentos para melhorar a desordem da acção muscular do coração.
Medicamentos utilizados: Lidocaína. Quinidina, procainamida, Propranolol ,
lidocaína.
Efeitos adversos: sonolência, desorientação, arritmia, bradicardia, hipotensão,
náusea, tontura, diminuição do desempenho sexual masculino, inchaço de
membros inferiores, cefaleias, hipotensão, distúrbios visuais

Cuidados de enfermagem
- Monitorar os sinais vitais frequentemente (antes e após a administração
do
medicamento) e registrar os parâmetros.

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- Observar e comunicar imediatamente reacções adversas e sinais de


intoxicação;
- Manter o material de emergência em local de fácil acesso.

4.3.3. Vasoconstritores
Conceito: São medicamentos que contraem ou diminuem o lúmen dos vasos
sanguíneos, aumentando assim a pressão arterial.
Exemplo: Adrenalina, efedrina.

4.3.4. Vasodilatadores
Conceito: São medicamentos usados para dilatar os vasos sanguíneos baixando
assim a pressão arterial. Atuam, produzindo relaxamento do músculo liso vascular.
São usados principalmente em casos de hipertensão.
 Vasodilatadores anti-hipertensivos
Conceito:
São medicamentos utilizados na regulação e controle da hipertensão arterial, ou seja
quando a pressão diastólica estiver igual ou superior a 90mmhg. Dentre uma
diversidades de medicamentos, os mais utilizados são:
- Hidralazina, metildopa, atenolol, Captopril, Nifedipina, prazosin.
Efeitos adversos: Frequência urinária, fadiga, hipotensão, cefaleias, edema.

 Vasodilatadores coronários (antianginosos)


Conceito:
São medicamentos que promovem o relaxamento das artérias coronárias por acção
directa, melhorando assim a dor (angina) causada pela isquemia miocárdica.
Efeitos adversos: mais frequente são as cefaleias, que ocorre devido à
vasodilatação cerebral. Os principais medicamentos são:
- Nitroglicerina e isossorbitol.

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Cuidados de enfermagem
• Verificar periodicamente a pressão arterial e a FC;
• Comunicar alterações na perfusão periférica;
• Comunicar alterações no nível de consciência;
• Comunicar efeitos relacionados à toxicidade ou sensibilidade do fármaco.

 Medicamento para o tratamento de hipertensão arterial


Os medicamentos utilizados para o tratamento da hipertensão arterial podem
ser subdivididos em diversas categorias:
➢ Medicamentos de escolha
• Diuréticos: tiazídicos, furosemida, ácido etacrínico, espirinolactona.
• Betabloqueadores: Propranolol, atenolol, timolol, Nodolol e
pindolol.
➢ Medicamentos alternativos
• IECA (Inibidores de enzimas conversoras de angiotensina): Captopril,
enalapril, ramipril, benazepril, lisinopril.
• Antagonista do receptor de angiotensina: candesartan, olmesartan,
iosartan, valsartan.
• Antagonista de canais de cálcio: Nifedipina, Verapamil, amlodipina,
nisoldipina
• Bloqueadores Alfa-1adrenérgico:indoramina, prazosin
➢ Medicamentos adjuntos
• Agonistas alfa-2 de acção central: Metildopa, clonidina, guanfacina.
• Antagonista adrenérgico de acção direita: reserpina, guanetidina,
guanadrel?
• Vasodilatadores direitos: Hidralazina, minoxidil, Nitroprussiato de
sódio.

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Tanto faz as drogas de escolha como as alternativas podem ser usadas


isoladamente ou combinadas, mas as adjuntas devem ser usadas apenas em
combinação a uma droga de escolha ou alternativa.
Para grupos específicos de pacientes recomenda-se o seguinte tratamento:
• Idosos com hipertensão sistólica isolada devem ser tratados com
diuréticos.
• Pacientes com diabete e hipertensão devem receber inibidores de
enzimas conversoras de angiotensina (IECA).
• Pacientes que apresentam hipertensão e já sofreram infarto do
miocárdio devem ser tratados com um beta-adrenérgico e em alguns casos
com IECA.

Metildopa
Apresentação: Comprimido de 250mg.
Efeitos: Simpaticolíticos tipo Beta bloqueador e baixa a tensão arterial.
Indicações: Hipertensão arterial.
Efeitos adversos: cefaleias, gastrointestinais, hemólise, Falta de força sexual.
Contra-indicações: Hepatite.
Posologia: 1Cp. De 12/12h e pode ser até 2Cp. De 12/12h.

Reserpina
Apresentação: Comprimidos 0,1 a 0,25mg
Efeito: Simpaticolíticos com efeito antihipertensor.
Indicações: Hipertensão.
Efeitos adversos: bradicardia, sedação (não conduzir), depressão, congestão
nasal, falta de força sexual, distúrbios gastrointestinais.
Posologia:
− 1Cp. /dia até 1Cp.x2/dia. Efeito lento leva alguns dias para se efectivar.
− Ampola de 1mg até 6mg/dia IM

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Hidralazina
Apresentação: Comprimidos e ampolas de 25mg.
Efeito: Dilata os vasos sanguíneos, baixando assim a tensão arterial e pelo contrário
aumenta o pulso efectivamente.
Indicações: Hipertensão arterial, especialmente com bradicardia. Muito útil na
gravidez e no tratamento da eclâmpsia.
Efeitos adversos: Taquicardia reflexa, palpitações cardíacas, cefaleias formigueiro
na s extremidades.
Posologia:
- 1Cp. De 8/8h a 2Cp. De 8/8h. A dose máxima por dia e de 200mg;
- 1ampola IM ou IV lento ou no soro em caso de eclâmpsia.

A combinação com Propranolol é muito útil. A Hidralazina aumenta o pulso e o


Propranolol baixa o mesmo.

Propranolol
Apresentação: Comprimidos de 40mg e 80mg
Efeito: Simpaticolíticos do tipo Beta bloqueador, efeito antiarrítmico, baixa o pulso.
Indicações: Hipertensão arterial, as palpitações cardíacas, crises anginosas.
Efeitos adversos: bradicardia, broncoespasmo, náuseas e vómitos, cansaço,
extremidades frias.
Contra-indicações: Asma brônquica, rinite alérgica, insuficiência cardíaca,
bradicárdica.
Posologia:
-Arritmia: ½ CP. X3/dia
-Angina do peito: ½ Cp.x3/dia.
-Hipertensão arterial: ½ a 1Cp.x3/dia
*A combinação com Hidralazina ou diurético é útil.

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Cuidados de enfermagem:
• Controle frequente da pressão arterial;
• Comunicar sinais e sintomas como: sonolência, hipotensão postural,
zumbido, fraqueza, tonturas, náuseas, cefaleias, pois podem significar
reacção adversa;
• Orientar os pacientes para levantar da cama ou da cadeira com cuidado
devido à hipotensão postural.

4.3.5. Hipertensores
Hipertensores são medicamentos para o tratamento da hipotensão.

Dopamina
Apresentação: Ampola de 200mg/5ml
Efeito: Simpaticomimético semelhante a adrenalina. Aumenta a tensão arterial e o
pulso.
Indicações: choque (não hipovolemico)
Efeitos secundários: taquicardia, cefaleias, náuseas vómitos.
Posologia: 1 ampola no soro fisiológico.

Efedrina
Apresentação: Ampolas de 50mg/ml
Efeito: Simpatomimético semelhante a adrenalina com efeito mas prolongado.
Indicações: Hipotensão arterial, descongestionamento nasal por vasoconstrição
(aplicação).

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4. 3. 7. COAGULANTES E ANTICOAGULANTES

 Anticoagulantes
Conceito:
São farmacos administrados com a finalidade de inibir factores relacionados a
coagulação sanguínea. Retardam o tempo de coagulação do sangue.
Indicações: distúrbios tromboembólicos.
Medicamentos utilizado: heparina, varfarina, Aceno-cumaro.

Heparina
Efeito: Anticoagulante por efeito directo.
Indicações: Trombose venosa profunda, coagulação intravascular disseminada,
profilaxia da trombose pós-operatória.
Efeitos-secundários: hemorragias.
Contra-indicações: Úlcera péptica, insuficiência hepática e renal, feridas,
hipertensão arterial grave.
Posologia: 5000UI sc 2-3 vezes ao dia, variando segundo o tempo de coagulação.

Aceno-cumaro
Efeito: anticoagulante de efeito indirecto, impede produção de factores de
coagulação pelo fígado, especialmente a protrombina.
Indicações: Anticoagulante de longa duração.
Contra- indicação: Tendência a hemorragias, úlcera péptica, gravidez, insuficiência
hepática.

Cuidados de enfermagem
- Observar a dosagem correcta e o tempo de coagulação (se o tempo for
maior que 30 minutos não deve se aplicar o medicamento, pois tempo de
coagulação considerado ao medicamento e de 15 a 30minutos.

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- Observar diariamente fezes urina ou feridas cirúrgicas a fim de identificar


início de processo hemorrágico.
- Controlar rigorosamente o local de aplicação da injecção para evitar
possíveis hematomas, evitar o uso de bolsa de água quente e massagear o
local de aplicação.
- Observar sinais de hemorragia interna, tais como: Palidez, sudorese,
pulso rápido filiforme e temperatura baixa.

 Hemostáticos ou coagulantes
Conceito: São medicamentos administrados com a finalidade de promovem a
hemostasia.
Medicamentos utilizado: Vitamina k.

Cuidados de enfermagem
- Orientar ao paciente quanto a higienização durante a terapia tópica;
- Comunicar a persistência de hematomas e sangramentos.

4. 4. FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA URINÁRIO

4. 4. 1. Diuréticos
Conceito: São medicamentos que actuam aumentando o fluxo urinário com o
objectivo de aumentar a perda total de água. Actuam sobre diferentes locais dos rins
estimulando a secreção de sódio.
Os diuréticos são a primeira linha de tratamento de duas principais doenças que
afectam o sistema cardiovascular: insuficiência cardíaca e hipertensão arterial.
Os diuréticos também apresentam diversas outras indicações clinicas. O manitol
reduz o edema cerebral, a acetazolamida é usada para reduzir a pressão intra-
ocular associada ao glaucoma, a espirinolactona pode ser efectiva na redução da

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ascite associada a doenças hepáticas e a furosemida pode ser usada para o


tratamento da hipercalcemia.
Os mecanismos, através dos quais exercem sua acção são:
• Aumento da filtração glomerular
• Diminuição da reabsorção tubular
Classificam-se em:
• Diuréticos de Alça
• Diuréticos Tiazídicos
• Diuréticos Poupadores de Potássio
• Diuréticos Osmóticos
• Metilxantinas
• Inibidores da anidrase carbónica

 Diuréticos de Alça
São medicamentos que Actuam directamente sobre os túbulos renais, inibindo a
reabsorção de sódio e cloreto da luz do túbulo. São os mais potentes do grupo,
considerados diuréticos de alto tecto, provocam a excreção de 15 a 25% de sódio
filtrado, enquanto a taxa normal e 1% ou menos.
Medicamentos utilizados: Furosemida, Bumetanida, torsemida, ácido etacrínico.
Indicações:
• Insuficiência cardíaca
• Hipertensão arterial, usualmente associado a outros medicamentos.
• Edema pulmonar;
• Edemas associados com insuficiência cardíaca;
• Cirrose hepática;
• Doença renal;
• Edema devido á queimaduras

Contra indicações:

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• Evitar na gravidez e amamentação (por atravessa a barreira e inibir a


amamentação);
• Gota;
• Insuficiência hepática;
• Hipertrofia da próstata.

Efeitos Adversos:
• Hipocalemia (caracterizado por boca seca, sede, arritmias cardíacas,
alteração de humor, câimbras, náuseas, vómitos e cansaço);
• Hiponatremia (caracterizado por confusão, fadiga, irritabilidade,
hipotensão).
• Hiperuricemia (aumenta a reabsorção de ácido úrico);

Furosemida
Apresentação: Comprimidos 20mg e 40mg. Ampola 20mg e 40mg.
Posologia: 20 a 80 mg/dia

Acido etacrínico
Apresentação: Comprimidos de 25mg,e 50mg.Ampola
Posologia: 50 a100mg
Precauções: Administrar com alimentos ou leite para reduzir irritação gástrica.

 Diuréticos Tiazídicos:
São medicamentos que agem no túbulo contorcido distal. São considerados de
acção moderada, provocam excreção de 5% do sódio filtrado.
Medicamentos utilizados: Hidroclorotiazida, clorotiazida, hidroflumetiazida,
meticlotiazida, politiazida, bendroflumetiazida.
Indicações:
• Edemas associados à Insuficiência cardíaca, Cirrose Hepática, Doença Renal.

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• Hipertensão (associada ou isolada).


Observação: O efeito hipertensivo pode ser anulado por elevada ingestão de sal ou
por infusão salina.
Contra-indicações:
• Gota (pode piorar do quadro por aumento do acido úrico)
• Insuficiência renal crónica;
• Diabetes;
• Disfunção hepática.
Efeitos adversos: Cãimbras, náuseas, vómitos, hipotensão, hipocalemia,
hiponatremia, aumento do ácido úrico e glicose, redução da produção do leite após o
parto, reacção alérgica.
. Observação: Em alguns casos faz-se necessária terapia de reposição de potássio.

Hidroclorotiazida
Apresentação: Comprimido de 25mg e 50mg.
Posologia: 1Cp. De 12/12h.

 Diuréticos Poupadores de Potássio


São medicamentos que reduzem a reabsorção tubular do sódio por inibir a
aldosterona.
Agindo no túbulo distal, túbulo Terminal e no ducto colector, que são os principais
locais de excreção de Potássio, provocando, portanto, a reabsorção de potássio.
São diuréticos de efeito brando, provocam a excreção de 2 a 3% de sódio filtrado.
Medicamentos utilizados: espirinolactona, triantereno, amilorida, clortalidona.
Indicações:
• Como alternativa aos diuréticos de Alça e Tiazídicos ou em
combinação para prevenir a hipocalemia no tratamento da hipertensão
arterial.

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• Edemas, principalmente por cirrose hepática que não respondem aos


diuréticos habituais.
Precauções: A administração de suplementos de Potássio, não é recomendável,
porque pode induzir a hipercalemia.
Contra-indicações: Insuficiência renal.
Efeitos Adversos: Hipercalemia, hiperuricemia, hiponatremia, sonolência, dores de
cabeça, irritação intestinal, ginecomastia, FFS, confusão mental passageira.

Espirinolactona
Apresentação: Comprimidos 25mg, 50mg, 100mg.
Posologia: 1Cp.x3 até 2Cp. X3/dia. Não combinar com potássio. O efeito máximo
dentro de 4 dias de tratamento.

Amilorida
Apresentação: Comprimido de 5mg
Posologia: Adulto: VO: inicialmente, 5mg diários. As doses podem ser aumentadas,
com acréscimo de 5mg até atingir 20mg diários.
Precauções: Tomar com alimentos ou leite para reduzir a irritação gástrica.

 Diuréticos Osmóticos
Produzem a diurese por osmose, a excreção urinária aumenta quando o limiar
renal é ultrapassado.
Medicamentos utilizados: Manitol, glucose, ureia.
Indicações:
• Em cirurgia cardíaca aberta e vascular o manitol profiláctico mantém o fluxo
urinário;
• Toxicidade inespecífica;
• Hipertensão ocular
• Edema cerebral;
• Insuficiência renal aguda (IRA).

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Precauções:
• Verificações rotineiras de pressão arterial
• Só deve ser usado com monitoração médica
• Se houver depósito por cristalização, aquecer o frasco por 15 minutos a
37ºC.

Efeitos Adversos: As reacções mais frequentes são: boca seca, aumento da sede,
náuseas, vómitos e desequilíbrio electrolítico.
Solução de Manitol
Indicação: Edema cerebral, insuficiência renal, ascite, neurocirurgia.
Apresentação: Frasco de 250 ml.
Composição: Manitol 20 g, água para injecção 100ml.
Glucose
Geralmente, a grande quantidade de glucose na cápsula de Bowman é reabsorvida
pela circulação. Quando é atingido limiar renal, a glucose é eliminada pela urina,
juntamente com grandes quantidades de água.

Uréia
A ureia, é normalmente encontrada nos tecidos do organismo. Para ser um diurético
eficaz deve ser administrado em grandes quantidades. A maioria parte da ureia
absorvida fica no filtrado glomerular, aumentando assim, a excreção urinária.

 Metilxantinas
Aumentam a filtração glomerular.
Medicamentos utilizados: aminofilina, teofilina.

 Inibidores da anidrase carbónica


Medicamento utilizado: acetazolamida

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Escolha do Diurético
• Os Diuréticos de Alça são indicados, quando se faz necessário uma
diurese imediata (crise hipertensiva). Também tem uso em situações menos
urgentes, quando se desenvolve tolerância aos diuréticos menos eficazes,
como os tiazídicos.
• Os Diuréticos tiazídicos são os mais utilizados em casos crónicos, onde
se deseja uma diurese moderada.
• Os Diuréticos Poupadores de Potássio são utilizados em associação com
outros diuréticos com a finalidade de diminuir a excreção de Potássio.
Os Diuréticos Osmóticos são mais utilizados em casos de IRA (Insuficiência
Renal Aguda) e edema cerebral.

• Os inibidores da anidrase carbónica, como a acetazolamida é usada para


reduzirem a pressão intra-ocular associada ao glaucoma.

A acetazolamida é usada para reduzir a pressão intra-ocular associada ao


glaucoma.

Cuidados de enfermagem
- Controlar diariamente o peso para avaliar se o medicamento está
apresentando o efeito desejado.
- Controlar a pressão arterial rigorosamente, pois, diuréticos como
Hidroclorotiazida podem causar hipotensão postural;
- Controlar ingesta hídrica
- Administrar os diuréticos no período da manhã, para não interferir no
sono do
paciente;
- Comunicar efeitos colaterais como: náuseas, vómitos e diarreia;

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Comunicar sinais de hipopotassemia (pulso filiforme, hipotensão arterial,


alteração do ritmo cardíaco, câimbras, fraqueza, respiração superficial,
hipotonia muscular, sonolência).
- Observar a dosagem de sódio sérico pois os sinais de hiponatremia
são: vómitos, dores musculares, hipotensão, apatia, astenia.

4. 4. 2. Anti-sépticos Urinários
São medicamentos, cuja acção é inibir ou reduzir o crescimento microbiano
somente nas vias urinárias.
Medicamentos utilizados: Nitrofurantoina, fenazopiridina, ácido nalidíxico, ácido
pipemídico

Observação:
• O Fenazopiridina é classificado como antisséptico urinário, entretanto possui
acção analgésica sobre as vias urinárias e alivia os sintomas de ardor e
queimação. A medicação confere a urina cor alaranjada ou avermelhada.
Cuidados de enfermagem
• Observar náuseas, vómito, icterícia, que são efeitos colaterais desse
medicamento.

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QUESTÕES DE REVISÃO:
1. A furosemida é um diurético habitualmente prescrito, cujo efeito se
inicia em_________por via oral, e________após a administração IV.
a) 30 Minutos; 5 a 15 minutos
b) 1 a 2 horas; 5 a 10 minutos
c) 3 Horas; 25 minutos
d) 4 a 6 horas; 5 a 10minutos

2. Os diuréticos tiazídicos podem causar:


a) Nefrotoxicidade
b) Ototoxicidade
c) Hiperuricemia
d) Hipertensão
3. Os anti-inflamatórios não-esteróides, quando tomados combinados a
certos diuréticos, como por exemplo furosemida e acido etacrínico, podem:
a) Aumentar a diurese.
b) Reduzir a diurese.
c) Não apresentar efeito sobre a diurese.
d) Tornar necessária a redução da dose do diurético.
4. Os suplementos de potássio e substitutos de sal não devem ser
administrados juntamente a esta classe de diurético:
a) Tiazidico.
b) De alça.
c) Poupador de potássio.
d) Inibidor da anidrase carbónica.
5. Descreva a acção dos seguintes diuréticos:
a) Osmóticos;

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b) Tiazídicos;
c) De alça;
d) Inibidor de anidrase carbónica;
e) Poupador de potássio.
6. Porque se receita diuréticos em casos de insuficiência cardíaca
congestiva?
7. Porque se administra o ácido e etacrínico e furosemida somente sob
rigorosa observação medica?

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UNIDADE V: REACÇÕES ADVERSAS A MEDICAMENTOS

4. 1. Tipos de acidentes ou eventos adversos que podem ocorrer


na administração de medicamentos
Evento adverso a medicamentos - Qualquer dano ao paciente durante uma
intervenção em saúde associado a medicamentos, erro de medicação,
overdose/intoxicação e reacção adversa. (OMS)
Os acidentes com medicamentos ou eventos adversos a medicamentos são
divididos em:
• Reacções adversas a medicamentos
• Erros de medicação.

5. 1. 1. Reacções adversas a medicamentos


Conceito
Reacção adversa a medicamentos (RAM) - qualquer efeito prejudicial ou
indesejado e que se apresente após administração de doses normalmente
utilizadas, no homem para profilaxia, diagnóstico ou tratamento de uma
enfermidade. (OMS, 1972).
Reacção adversa a medicamentos (RAM) – qualquer resposta prejudicial ou
indesejável e não intencional que ocorre com medicamentos em doses
normalmente utilizadas no homem para profilaxia, diagnostico, tratamento de
doenças ou para modificação de funções fisiológicas.
Não são consideradas reacções adversas os efeitos que ocorrem depois o uso
acidental ou intencional de doses maiores que as habituais.
Efeito adverso ou indesejado: Acção diferente do efeito planejado.
Efeito colateral: Efeito imprevisível que não está relacionado à principal acção
do fármaco.

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A intensão do efeito do fármaco é terapêutico, mas muitas vezes causa reacções


adversas. Pode ser esperada, é benigna, ou inesperada e potencialmente prejudicial
ao organismo.
As reacções adversas são conhecidas como efeitos colaterais. Exemplo: A
sonolência causada por anti-histamínicos.
Uma reacção adversa pode ser tolerada ou prejudicial, há casos em que é
necessário suspender a medicação. As vezes certas reacções adversas são
minimizadas com o uso continuado do fármaco. Em muitos casos basta diminuir a
dose e a reacção adversa desaparecerá.
A hipersensibilidade pode ser fatal em muitos casos, pois leva o paciente ao choque
anafiláctico.
Exemplo: a penicilina pode causar choque a pacientes hipersensíveis.

Classificação
As reacções adversas a medicamentos são classificadas segundo:
• O tipo
• Gravidade
• Previsibilidade
• Causalidade
• Frequência
➢ Tipos de acidentes que podem ocorrer na administração e na
utilização de medicamentos
• Reacções do tipo A -são farmacologicamente previsíveis, geralmente
dependem da dose, têm alta incidência e morbidade, baixa mortalidade e
podem ser tratadas ajustando-se as doses. São reacções produzidas por
mecanismos de superdosagem relativa, efeito colateral, citotoxicidade,
interacções medicamentosas, alterações na forma farmacêutica.
Exemplos:
O efeito colateral, que é caracterizado por um prolongamento do efeito
farmacológico do fármaco, tais como:

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− Hemorragia com os anticoagulantes, hipoglicemia com


antidiabéticos, sonolência produzida por ansiolíticos, hipotensão com
anti-hipertensivos
• Reacções do tipo B - são farmacologicamente imprevisíveis, não
dose-dependentes, têm incidência e morbidade baixas, e sua mortalidade
pode ser alta, devem ser tratadas com a suspensão do fármaco e são
produzidas por mecanismos de hipersensibilidade, idiossincrasia,
intolerância e até mesmo por alterações na formulação farmacêutica.
Exemplo:
− As principais reacções são as que ocorrem por polimorfismo
genético e as reacções imunológicas (idiossincrasias) tais, como a
granulocitopenia induzida por sulfonamida e o lúpus eritematoso
sistémico induzido por hidralazina.
− Intolerância a medicamentos, caracterizada por uma resposta
exagerada à doses usuais do medicamento, a qual também, possui
base genética.

TIPOS DE REACÇÕES ADVERSAS


Tipo A Tipo B
Efeito, resultados, Acção do medicamento Reacção do paciente
propriedades farmacológicas
Relação com a dose Dependente Não dependente
Incidência Alta Baixa
Letalidade Baixa mortalidade Alta mortalidade
Exemplos Sedação com Agitação com
benzodiazepínicos, benzodiazepínicos,
hipoglicemia com agranulocitose com
antidiabéticos, dispepsia glibenclamida ,
com AINEs hipersensibilidade a AINEs

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Outros exemplos:
❖ Acção do medicamento: sedação, insónia, diarreia constipação,
retenção urinária, impotência sexual, arritmia cardíaca, hipo ou
hipopotassemia.
❖ Reacção do paciente: reacção imunoalérgica, reacção
pseudoalérgica, idiossincrasia sanguínea, hepatite.
 Quanto a gravidade
De acordo com a gravidade, as RAMs podem ser classificadas como:

• Leve: Não requer tratamentos específicos ou antídotos e não é


necessária a suspensão do medicamento.
• Moderada: Exige modificação da terapêutica medicamentosa, apesar
de não ser necessária a suspensão do medicamento causador. Pode
prolongar a hospitalização e exigir tratamento específico.
• Grave: Potencialmente fatal, requer a interrupção da administração do
medicamento e tratamento específico da RAM, a hospitalização ou o
prolongamento do tempo de internação.
• Letal: Contribui directa ou indirectamente para a morte do paciente.
 Quanto a previsibilidade
• Conhecida: a reacção é mencionada na bula, ou consta na monografia
do produto.
• Não conhecida: não consta na bula, nem na monografia do produto ou
foi descrita com gravidade diferente.
 Quanto a causalidade
• Definida
• Provável
• Possível
• Duvidosa

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 Quando a frequência
Reacção adversa a medicamentos quanto a frequência
Designação Frequência
Muito comum Maior ou igual a 1/10
Comum/frequente Maior ou igual a 1/100 ou menor 1/10
Incomum/frequente Maior ou igual a 1/1000 ou menor 1/100
Raro Maior ou igual a 1/10 000 ou menor
1/1000
Muito raro Menor a 10 000

 Factores que predispõem a Reacções Adversas a Medicamentos (RAM)


• Idade: Bebés e idosos possuem alterações fisiológicas comparadas
aos indivíduos adolescentes e adultos, o que pode gerar aumento ou
diminuição de sensibilidade aos efeitos adversos. Tais alterações exigem
que o uso de medicamentos nesses extremos de idade mereça cuidadosa
orientação e acompanhamento.
• Gestantes: uso de medicamentos deve ser avaliado considerando as
alterações
fisiológicas que ocorrem durante a gravidez, assim como deve-se tomar
cuidado com os efeitos que os medicamentos possam ter sobre os fetos.
• Doenças: Pacientes que apresentam doenças renais, hepáticas e
alergias devem ser cuidadosamente acompanhados, pois estão mais
propensos ao aparecimento de RAMs.
• Variabilidade genética: As variações genéticas podem causar
respostas anormais a determinados medicamentos, ou seja, o corpo de um
indivíduo pode processar o medicamento de forma diferente de outro
indivíduo, devido a alterações em sua genética. Para saber se o indivíduo

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possui essa variabilidade genética, devem ser feitos exames específicos,


quando for necessário. Na grande maioria da população, essas alterações
genéticas não se manifestam.

• Polifarmácia: Polifarmácia é o uso de dois ou mais medicamentos por


um mesmo indivíduo num mesmo espaço de tempo. Esse fato pode
aumentar a incidência de
reacções adversas de forma assustadora, e isso é em parte devido às
interacções entre os fármacos que podem ocorrer no nosso corpo.
• Hipersensibilidade;
- Choque anafiláctico;
- Reacção imunológica contra tecidos específicos;
- Reacções cutâneas.

Tratamento das Reacções Adversas a Medicamentos


O tratamento das RAM, quando estas se relacionam ao efeito farmacológico, e de
acordo com a gravidade, pode consistir de:
• Suspensão da administração do medicamento, temporária ou
definitivamente;
• Redução da dose;
• Administração de outros medicamentos ou medidas terapêuticas que
reduzam ou anulem os efeitos adversos;
• Acelerar a eliminação do medicamento administrando um sequestrante
como as resinas catiónicas, ou um adsorvente como o carvão activado,
aumentando-se a diurese, alterando-se o pH urinário, etc.
• Tratamento dos sinais e sintomas provocados pelo medicamento;
• Submeter o paciente a hemodiálise ou diálise peritoneal;
• Administração de um antagonista específico, quando for o caso;

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• Administrar medidas gerais de suporte (corrigir pH sanguíneo,


electrólitos, volume plasmático, etc.) para manter um sinal vital.

Prevenção
As reacções adversas a medicamentos (RAM) dose-dependentes podem ser
evitadas ou prevenidas pelo uso das menores doses possíveis, respeitando-se o
quadro fisiopatológico do paciente como função renal e hepática, volume
sanguíneo, concentração de albumina sérica, etc.

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5. 1. 2. Erros de medicação e sua classificação

Conceito
Erros de medicação: é definido como um evento evitável, ocorrido em qualquer
fase da terapia medicamentosa, que pode ou não causar danos ao paciente.
Erro de medicação- é qualquer evento evitável que pode causar ou induzir ao uso
inapropriado de medicamentos ou prejudicar o paciente, enquanto a medicação está
sob o controle de um profissional de saúde, paciente ou consumidor.
Principais causas:
• Falta de conhecimento sobre os medicamentos;
• Falta de informação sobre os pacientes;
• Violação de regras, deslizes e lapsos de memória;
• Erros de transcrição;
• Falhas na interacção com outros serviços;
• Falhas na conferência das doses;
• Inadequado monitoramento do paciente;
• Erros de preparo e falta de padronização dos medicamentos.
Medicamentos administrados erroneamente podem causar prejuízos/danos ao
paciente devido
a factores como:
• Incompatibilidade farmacológica
• Reacções indesejadas
• Interacções farmacológicas
Classificação:
• Erro de prescrição
• Erro de dispensação
• Erro de omissão
• Erro de horário
• Erro de administração não autorizada de medicamentos

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• Erro de dose
• Erro de apresentação
• Erro de preparo
• Erro de administração
• Erro com medicamentos deteriorados
• Erro de monitorização

 Erro de prescrição
➢ Escolha incorrecta do medicamento (erro na indicação, contra-
indicação, alergias conhecidas dentre outros).
Exemplo:
• Prescrição de penicilina a paciente com história de alergia a
este medicamento.
• Prescrição de ceftriaxona a paciente portador de pneumonia
provocada por cepa de bactérias resistentes às cefalosporinas.

➢ Prescrição incorrecta da dose do medicamento


Exemplo:
• O paciente deveria 1500mg de metronidazol por dia distribuído em 3
doses de 500mg. Foi prescrito 1500mg de 8/8 horas.
➢ Prescrição incorrecta da via de administração do medicamento
Exemplo:
• Prescrição de dipirona 10gotas por via intravenosa.
➢ Prescrição incorrecta da velocidade de infusão do medicamento
Exemplo:
• Prescrição do antifúngico anfontericina B para infusão em1 hora. A
administração da anfontericina B deve ser lenta, no mínimo em 2 horas.

➢ Prescrição incorrecta da forma de apresentação do medicamento

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• Medicamento disponível em comprimido foi prescrito para


administração por via intravenosa. Ex. Administrar Amoxacilina 500mg
por via IV
➢ Prescrição ilegível
• Paciente com prescrição de cefalexina, mas administrado cefuroxima.
A letra do prescritor era ilegível
➢ Prescrição incompleta
Exemplo:
• Prescrição de cloridrato de Cefepima 1g a cada 8 horas. Não estava
descrita a via de administração do medicamento.

 Erro de dispensação
Considera-se erro de dispensação a distribuição incorrecta do medicamento
prescrito ao paciente.
Exemplos:
• A prescrição de medicamentos do paciente foi enviada à farmácia para
a dispensação de ampolas de epinefrina. Porém, foram dispensadas
ampolas de efedrina.
• A farmácia deveria ter dispensado metronidazol, mas dispensou
ciprofloxacina. As embalagens para protecção da luminosidade são
semelhantes.
• O paciente precisaria receber 250mg de ciprofloxacina por via oral. A
farmácia dispensou o medicamento em cápsulas de 500mg.
• No carro de emergência da unidade, no local destinado à adrenalina
se encontrava atropina.

 Erro de omissão
Qualquer dose não-administrada até o próximo horário de medicação ou
administrada mais não registada.

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➢ Não administração de um medicamento prescrito para o paciente


Exemplos:
• Paciente estava no banho durante o horário de administração do
medicamento.
O profissional de enfermagem deixou o medicamento na bandeja e se
esqueceu de avisar que não havia sido administrado o medicamento das 12
horas para o profissional do turno seguinte.
• No horário da administração de um medicamento por via oral, o
paciente estava
realizando um exame de imagem fora da unidade. O medicamento não foi
administrado
➢ Ausência de registo da execução da medicação
Exemplo:
• O medicamento sulfato de morfina foi administrado às 13h30, mas não
foi registado na prescrição. Às 14h30, ao avaliar a necessidade de
analgesia do paciente, a enfermeira de turno foi comunicada pela família
que o medicamento havia sido administrado.

 Erro de horário
Administrar medicamentos fora dos horários predefinidos pela instituição ou da
prescrição (geralmente se considera hora certa se o atraso não ultrapassa meia
hora, para mais ou para menos).
Exemplos:
• O anti-hipertensivo das 14h foi administrado às 15h30 devido ao atraso
na dispensação pela farmácia.
• Paciente encontrava-se no sector de diagnósticos por imagem no
horário de administração de antibiótico. O medicamento foi administrado
após o retorno do paciente, com mais de 1 hora de atraso.

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• Medicamento prescrito para ser administrado “agora”. Como a equipe


de enfermagem não foi comunicada, o medicamento foi administrado 2
horas depois de prescrito.

 Erro de administração não autorizada de medicamento


Administração de um medicamento ou dose de medicamento não-prescrito pelo
médico.
➢ Administração de medicamento não prescrito
• O profissional administrou medicamento que não constava na
prescrição do paciente naquele dia.
➢ Administração de medicamento ao paciente errado (troca de paciente)
• O anti-hipertensivo do Sr. JLS foi administrado ao paciente JLR,
que estava no leito ao lado do seu.
➢ Administração de medicamento errado
• Estava prescrito cefuroxima a cada 8 horas, mas foi dispensado
Cefepima. O paciente recebeu duas doses do antibiótico errado, até que
um profissional de enfermagem detectasse o erro.
• Estava prescrito prednisona e foi administrado prednisolona.
➢ Administração de medicamento não autorizado pelo médico
• Estava prescrito midazolam 5mg via intravenosa a critério médico. O
paciente estava agitado e a enfermeira administrou uma dose sem
solicitar a avaliação prévia do médico.
➢ Utilização de prescrição desactualizada
• Pela prescrição do dia anterior, no horário das 12h o paciente deveria
receber uma dose de anfotericina B, sendo iniciada a infusão. Às 14h,
ao conferir a prescrição vigente, observou-se que o medicamento havia
sido suspenso.
 Erro de dose

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Administração do medicamento em dosagens diferentes daquelas prescritas pelo


médico.
➢ Administração de uma dose maior ou menor que a prescrita
• Prescritas quatro unidades de insulina via subcutânea, mas foram
administradas 40 unidades.
➢ Administração de uma dose extra do medicamento
• O antibiótico foi suspenso na prescrição médica. O profissional de
enfermagem não foi comunicado e não conferiu a prescrição antes de
administrar o medicamento. O paciente recebeu uma dose extra do
antibiótico.
➢ Administração de dose duplicada do medicamento
• Medicação prescrita para administração às 14h foi realizada no pronto-
socorro. Logo após o paciente foi transferido para a UTI, onde recebeu a
dose das 14h novamente, conforme prescrição da unidade
 Erro de apresentação
Considera-se erro de apresentação a administração de um medicamento em
apresentação diferente da prescrita.
Exemplos:
• Administração da apresentação intravenosa de Cloreto de Potássio
19,1% por via enteral.
• Para administração da dose prescrita de nifedipina via sublingual, foi
aspirado o conteúdo de dentro da cápsula.
 Erro de preparo
➢ Medicamento incorrectamente formulado ou manipulado antes da
administração (reconstituição ou diluição incorrecta, associação de
medicamentos física ou quimicamente incompatíveis).
Exemplos:
• O medicamento Anfotericina B foi diluído em soro fisiológico. A
Anfotericina B é incompatível com soro fisiológico, devendo ser diluída
em soro glicosado 5%.

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• Medicamento metilprednisolona foi reconstituído com água destilada,


não sendo utilizado o diluente próprio, que foi dispensado junto com o
fármaco.
➢ Armazenamento inadequado do medicamento
Exemplo:
• Antibiótico reconstituído foi armazenado na gaveta de
medicamento do paciente, sendo que deveria ser mantido sob
refrigeração.
➢ Falha na técnica de assepsia
Exemplo:
• Ao preparar o soro de manutenção, não foi realizada a assepsia
das ampolas de electrólitos a serem adicionados na solução.
➢ Identificação incorrecta do fármaco
Exemplo:
• Na etiqueta de identificação da solução de infusão contínua
constava apenas o nome e a velocidade de infusão do medicamento.
➢ Escolha inapropriada dos acessórios de infusão
• O concentrado de hemácias foi administrado no sistema comum,
sem filtro para remoção de agregados celulares e coágulos.
 Erro de administração
Administração pela via errada ou por uma via que não a prescrita ou dose.
➢ Falha na técnica de administração do medicamento
Exemplo:
• Foi administrado o volume de 5ml de medicamento na região do
músculo deltóide.
➢ Administração do medicamento por via diferente da prescrita
Exemplo:

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• O medicamento cloridrato de prometazina prescrito por via


intramuscular foi administrado por via intravenosa Administração do
medicamento em local errado.
➢ Administração do medicamento em velocidade de infusão incorrecta
Exemplo:
• O gotejamento do antibiótico cloridrato de vancomicina não foi
controlado pelo profissional. O medicamento, que deveria ser
administrado em uma hora, foi infundido em menos de 10 minutos
➢ Administração do medicamento em local errado
Exemplo:
• O medicamento que deveria ser administrado no olho direito foi
administrado no olho esquerdo.
➢ Associação de medicamentos física ou quimicamente incompatíveis
Exemplo:
• O medicamento fenitoína foi infundido na mesma via do cateter
intravenoso na qual estava sendo administrado soro de manutenção
com glicose e electrólitos. Ocorreu a precipitação do medicamento.
• Administrado bicarbonato de sódio 8,4% no mesmo lúmen de
cateter intravenoso central por onde estava sendo infundida solução
contínua de adrenalina. O bicarbonato de sódio inactiva o efeito das
catecolaminas.
➢ Administração de medicamento prescrito incorrectamente
Exemplo:
• O médico prescreveu uma dose de antibiótico quatro vezes
superior à recomendada para a idade e o peso do paciente. O
farmacêutico dispensou a dose prescrita e também não identificou a
falha. O técnico de enfermagem administrou dose errada do
medicamento ao paciente devido ao erro de prescrição.

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 Erro com medicamentos deteriorados


➢ Administração de medicamento com data de validade expirada
Exemplo:
• A solução de cloridrato de midazolam e soro glicosado 5% havia sido
instalada há 30 horas. Soluções de infusão contínua devem ser trocadas a
cada 24 horas.
• Insulina com data de validade expirada estava armazenada na
geladeira e foi administrada ao paciente.

 Erro de monitoração
➢ Falha em monitorar dados clínicos e laboratoriais antes, durante e após
a administração de um medicamento, para avaliar a resposta do paciente à
terapia prescrita.
Exemplo: A dose de insulina prescrita foi administrada sem prévia verificação
da glicemia do paciente.
Actos ou atitudes que levam a ocorrência de erros na administração de
medicamentos:
✓ Indevidas de medicamentos;
✓Dúvidas na interpretação ou na transcrição da prescrição médica;
✓Erros de cálculo acarretando sub ou superdose;
✓Desconhecimento pela equipe de enfermagem acerca das acções e reacções do
medicamento a ser administrado e dos cuidados no preparo do medicamento
(fotossensibilidade, concentração e conservação);
✓Desconhecimento da equipe de enfermagem sobre os cuidados na administração
relacionados a observação das reacções e ao controle dos sinais vitais;

✓Falhas nos registros após a administração, acarretando dose extra;


✓ Erros na leitura do rótulo;

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5. 1. 3.Importância do registo correcto de medicamentos


O registo é uma forma de comunicação escrita dos factos essenciais, de forma a
manter uma historia continuados acontecimentos ocorridos durante um período
tempo.
O registro de Enfermagem tem como finalidade a continuidade do tratamento,
avaliação da eficiência e qualidade da instituição, ensino, pesquisa, investigação,
levantamento epidemiológico, fornecer elementos para auditoria e respaldo legal.
É uma maneira de manter a comunicação entre os membros da equipe de saúde,
de maneira a garantir uma adequada assistência por toda a equipe
multiprofissional. O registro de Enfermagem por suas características de promover
as informações da assistência prestada ao paciente e à equipe multidisciplinar, se
constitui em um dos meios mais eficazes para que se possa avaliar os cuidados
prestados a partir da adopção de indicadores de qualidade, permitindo, assim, a
mensuração do processo e dos resultados da assistência de enfermagem.
É importante que seja registado no prontuário do paciente o medicamento
administrado, com a hora, a dose e a via e se o paciente apresentou alguma
reacção durante o tratamento.
Quando esse registro é escasso, e inadequado, compromete a assistência
prestada ao paciente, bem como as instituições e a equipe de enfermagem.
Os registros de enfermagem são importantes, tanto para qualidade da assistência,
visibilidade dos profissionais de Enfermagem dentro da equipe multidisciplinar de
saúde e optimização de custos para instituição hospitalar.

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5. 2. Interacções medicamentosas
Conceito

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a interacção


medicamentosa é definida como uma resposta farmacológica ou clínica à
administração de uma combinação de medicamentos, diferente dos efeitos de dois
agentes administrados individualmente.

Interacção medicamentosa: é toda alteração provocada pela acção de dois ou


mais fármacos ocorrida no interior do indivíduo. (reacção in-vivo)
Incompatibilidade: é a toda reacção ocorrida entre um fármaco e outro, ou entre
um fármaco e o material de envase, ou ainda entre um fármaco e seu diluente.
(reacção in-vitro).

Interacções medicamentosas é evento clínico em que os efeitos de um fármaco são


alterados pela presença de outro fármaco, alimento ou bebida.

Exemplo:

Paracetamol +Codeína – Sinergismo

Acetilcisteína +Paracetamol- Antagonismo

Captopril + Alimentos

Calmantes + Álcool- Sinergismo

As interacções podem ser:

• Medicamento-medicamento;
• Medicamento-alimento;
• Medicamento-outras substancia (bebida alcoólica);
• Medicamento- exames laboratoriais.

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As interacções medicamentosas podem ocorrer entre medicamentos sintéticos,


drogas ilícitas, fitoterápicos, chás e ervas medicinais.

O desfecho de uma interacção medicamentosa pode ser perigoso quando promove


aumento da toxicidade de um fármaco.

Quando ocorre uma interação farmacológica entre dois ou mais farmacos, pode
ocorrer a interferência de um dos farmacos sobre os outros, alterando o efeito
esperado, qualitativa ou quantitativamente. Assim pode-se obter um sinergismo de
ação ou um antagonismo parcial ou total destes efeitos.

Interações medicamentosas podem ser benéficas e muito úteis para o organismo


podendo ser utilizadas para aumentar os efeitos terapêuticos ou reduzir a toxicidade
de um determinado fármaco ou podem apresentar efeitos nocivos, diminuindo ou
eliminando a acção dos medicamentos.

exemplos:

- O ácido acetilsalicílico e a dipirona, quando administrados juntos, tem


sua acções analgésicas potencializadas.
- Na prescrição de anti-hipertensivos e diuréticos, em que esses aumentam
o efeito dos primeiros.

As interações medicamentosas são classificadas em dois tipos:

• Interacções físico-químicas
• Interacções terapêuticas

 Interações físico-químicas: As interações físico-químicas ocorrem fora


do paciente pois, entre drogas diferentes podem ocorrer numerosas
incompatibilidades, que levam a reações quando estas são misturadas em

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infusão intravenosa, frascos ou seringas, podendo ocasionar a inativação dos


fármacos em questão. Um exemplo de precipitação:

Anfotericina B + solução fisiológica.

Aminofilina+ glicose 5%

Cefalotina+cefalotina

Heparina+ soro fisiologico


Elementos combatíveis de incompatibilidade:
− Presença de turvação
− Precipitação
− Alteração na coloração da solução.
 fatores predisponentes:

Nem sempre o efeito de uma interacção medicamentosa pode ser visível e cada
paciente reage à sua maneira. Alguns estão mais propensos a evidenciar
interacções adversas, como:

• Idade

• Os doentes com insuficiência renal,

• Os doentes com problemas hepáticos,

• Os doentes com problemas cardíacos e respiratórios,

• Pacientes com hipotireoidismo,

• Pacientes com diabetes descompensados

• Outras doenças.

Também deve-se considerar os factores que possam interferir na farmacocinética


dos medicamentos, como:

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• O estado nutricional do paciente,


• Patologias associadas,
• As características genéticas do indivíduo.
Uma das principais causas de interacções medicamentosas actualmente é a
prescrição simultânea de vários medicamentos a um mesmo paciente,
principalmente quando este se encontra internado. A auto- medicação, também é um
factor importante.

exemplos de interações medicamentosas:

 Interacções terapêuticas: As interacções terapêuticas ocorrem no organismo do


paciente, após a administração do medicamento e podem ser: farmacocinéticas ou
farmacodinâmicas.
➢ As interacções farmacocinéticas ocorrem durante os processos de
absorção, distribuição, biotransformação e excreção dos fármacos.

Exemplo:

- Absorção: antiácidos contendo al+3, ca+2, mg+2 reduzem a


absorção de fluorquinolonas;
- Distribuição:
- Biotransformação: A cimetidina (anti-histamínico H2), que inibe a
biotransformação do paracetamol.

➢ As interações farmacodinâmicas ocorrem nos sítios de acção dos


fármacos, envolvendo os mecanismos pelos quais os efeitos farmacológicos
se processam. Este processo pode ser de dois tipos:
 Interações farmacodinâmicas sinérgicas
Exemplo:

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• Sinergismo de adição: ocorre quando o efeito final ou resultado da


interacção é igual à soma dos efeitos dos fármacos isolados (1+1=2)
aumentando a resposta fisiológica.
exemplo: varfarina + AAS ou paracetamol+ AAS

• Sinergismo de potencialização: ocorre quando o efeito final ou


resultado da interacção é maior que a soma dos efeitos individuais.
Normalmente os fármacos têm mecanismos de acção diferentes e
um deles altera a absorção, distribuição, biotransformação ou
excreção do fármaco efector (aquele cuja acção é a
desejada/esperada).

exemplo: AAS + codeína ou benzodiazepínicos + prometazina

 interações farmacodinâmicas antagônicas

Antagonismo: quando um fármaco diminui ou abole o efeito de outro.

Tipos:

• Antagonismo fisiológico: acções fisiológicas contrárias


exemplo: antitussígenos + expectorantes, histamina + adrenalina nas crises
anafilácticas, salbutamol + propanolol);
• Antagonismo químico: reacções químicas reduzem os efeitos de ambos
os fármacos ou de um deles (tetraciclina quelatando com leite ou antiácidos -
ca2+, al3+, fe2+);
• Antagonismo de adsorção: interacção por mecanismo físico (carvão
activado utilizado para intoxicações orais).
• Antagonismo farmacocinético: uma droga interfere na absorção
metabolismo ou excreção da outra, diminuindo a concentração do princípio
activo em seu local de acção (penicilinas + anticoncepcionais orais).

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• Antagonismo farmacológico: duas drogas competem pelo mesmo


receptor (morfina x naloxona).

 Interacção medicamentosa do tipo medicamento- medicamento


Quando dois medicamentos são administrados, simultaneamente, a um paciente,
eles podem agir de forma independente ou interagirem entre si. Com aumento ou
diminuição de efeito terapêutico.

• o uso de tetraciclinas com leite e seu drivados e antiacidos promove a


formação de um sal insolúvel, que precipita o fármaco impedindo sua
absorção, isto é sofre quelação, sendo eliminado nas fezes, sem produzir o
efeito antimicrobiano desejado.

• O hidróxido de magnésio que reduz a absorção estomacal do


pentobarbital.

• Anticoagulantes orais tem seu efeito reduzido por barbitúricos e


rifampicina pois estes últimos estimulam enzimas microssomais hepáticas
relacionadas a biotransformação dos anticoagulantes;

• A cimetidina, inibe a biotransformação do paracetamol e dos beta-


bloqueadores;

• A digoxina tem sua concentração plasmática aumentada em quase


duas vezes quando é administrada simultaneamente com o verapamil e
amiodarona.

• A vitamina k inibe a resposta dos anticoagulantes orais;

• Aumento do potencial para ototoxicidade,nefrotoxicidade e bloqueio


neuromuscular no uso concomitante de aminoglicosídeos e furosemida,
vancomicina, anfotericina b.

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• Antiácidos contendo al+3, ca+2, mg+2 reduzem a absorção de


fluorquinolonas;

• Macrolídeos inibem acção bactericida de penicilinas e cefalosporinas.

 Interacção medicamentosa do tipo medicamento-alimento


Quando o medicamento é administrado, simultaneamente com alimentos, a um
paciente, podem agir de forma independente ou interagirem entre si. Com aumento
ou diminuição de efeito terapêutico.
• O leite e seus derivados podem reduzir a absorção das tetraciclinas e,
consequentemente, diminuir o seu efeito terapêutico.
• Os IMAO causam hipertensão, podendo ser potencializada pela
tiramina, presente nos chocolates, queijos e outros alimentos.

 Interacção medicamentosa do tipo medicamento-bebida alcoólica


Quando o medicamento é administrado com bebidas alcoólicas, simultaneamente, a
um paciente, podem interagir entre si. Com aumento ou diminuição de efeito
terapêutico.
• As bebidas alcoólicas podem aumentar a toxicidade hepática do
paracetamol, provocando problemas no fígado do paciente.
• O álcool aumenta a acção antiagregante plaquetária da aspirina e reforça o
efeito sedativo de hipnóticos(diazepam) e anti histamínicos(prometazina) ;

• O álcool aumenta a acção depressiva dos hipnoticos sedativos .

 Interacção medicamentosa do tipo medicamento - exame laboratorial


• Durante o tratamento com amoxacilina, o exame de urina pode
encontrar-se alterado, indicando uma falsa presença de glicose na urina.
Sempre que for colectar algum tipo de exame laboratorial, verifique se o
paciente não estiver utilizando o medicamento.

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RESUMO
Tipos de interacções farmacocinéticas associadas a absorção
• pH

Cetoconazol Preparações a base de Al3+,


+
Ca2+ e Mg3+

↑ pH

Diminui biodisponibilidade por menor solubilidade

• Quelação

Tetraciclinas +Preparações a base de Al3+,


2+ 3+
Ca e Mg

Formação de complexos

Diminui biodisponibilidade por menor solubilidade

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• Motilidade

Ciclosporina
↑ absorção
Metoclopramida
Imunosupressor
+
Antiemético e
estimulante do Digoxina
peristaltismo ↓ absorção
Cardiotônico

Afeta biodisponibilidade por aumento da motilidade

• Mucosa

Neomicina

Antibiótico tópico
Vitamina
+ B12
ou

Metrotexato

Quimioterápico

Diminuem a absorção por dano a mucosa

ANEMIA MEGALOBLÁSTICA
• Interacção farmacocinética associada a distribuição

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AAS Deslocamento da
Hipoglicemia
ligação com proteínas
+ plasmáticas
Glibenclamida

Albumina
Glibenclamida
AAS
Tipos de interacções farmacocinética associada a excreção
• Secreção
Penicilina
Probenecida ou
+
Cefazolina

Diminui secreção por competição pelo mesmo transportador

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 Farmacodinâmicas
Ocorre em nível de sítio de ação, quando dois ou mais medicamentos atuam sobre
um mesmo receptor, órgão ou sistema fisiológico.
• Competição pelo mesmo receptor;
• Somação, potencialização e inibição;
• Efeito sobre substância mediadora de ação.

➢ Competição pelo mesmo receptor:


• Agonismo
Exempo:Salbutamol + formoterol

• Antagonismo
Exempo: Salbutamol + propanolol

➢ Somação, potenciação e inibição


• Somação:
Exempo: Varfarina + AAS
• Potencialização
Exempo: Benzodiazepínicos + prometazina
• Inibição
Exempo: Benzodiazepínicos + anorexígenos

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➢ Efeito sobre mediador de acção

Alimentação varfavina, femprocumona Alimentação varfavina, femprocumona

+ - +
Vitamina K Coagulação
Vitamina K Hemorragia

Microbiota intestinal

X
Microbiota intestinal Antibioticos

 Farmacêuticas ou incompatibilidade
Alteração físico-química decorrente da associação de dois ou mais medicamentos
fora do organismo.

Glicose 5%

Aminofilina
Glicose 5%
Precipitação
Gentamicina +
imediata
sulfato
Cefalotina

NaCl
0,9%+Heparina

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QUESTÕES DE REVISÃO
1. Um homem foi encontrado morto em sua casa, sem nenhum sinal de
agressão ou violação de sua residência. Durante a perícia no local, os
agentes polícia encontraram medicamentos manipulados para insuficiência
cardíaca e antidepressivos. A análise pericial indicou a presença de
quantidade excessiva de digoxina no tecido cardíaco.
Considerando o texto e com relação a essa substância, assinale a
alternativa correta.
a) Fármaco amplamente utilizado na terapêutica para tratamento
de patologias respiratórias.
b) Fármaco pertencente à classe dos glicosídeos cardiotómicos
indicado para tratamento de taquicardias ventriculares.
c) Seus efeitos são potencializados na presença de medicamentos
à base de Hypericum perforatum (erva de São João).
d) Fármaco que exibe acção inotrópica positiva, com baixo índice
terapêutico e que inibe a enzima adenosina trifosfatase.
e) A potência da digoxina é aumentada quando a concentração de
potássio extracelular é alta e há também hipercalemia.
2. Sobre as interacções medicamentosas, assinale a alternativa
INCORRETA.
a) As interacções medicamentosas positivas podem ser utilizadas
para aumentar os efeitos terapêuticos.
b) A prescrição simultânea de vários fármacos não caracteriza um
factor de risco para a ocorrência de interacções negativas.
c) Os alimentos podem interferir na velocidade do esvaziamento
gástrico, afectando, assim, a acção do medicamento.
d) Quanto maior o tempo de tratamento, maior a possibilidade de
interacção, principalmente com medicamentos de uso contínuo.
e) A quantidade de medicamento administrada determina a
possibilidade e a intensidade da interacção.

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3. Analise as afirmativas abaixo, relacionadas aos problemas que podem


ser causados pelas interacções medicamentosas:
I. Aumentam o nível plasmático, o que leva à melhor eficácia do
medicamento;
II. Dificultam o diagnóstico e desequilibram o paciente estabilizado;
III. Provocam reacções adversas, geralmente relacionadas à toxicidade
do fármaco;
IV. Provocam o agravamento do quadro clínico do paciente.
Assinale a alternativa correcta:

a) Somente I, II e III estão correctas.


b) Somente II, III e IV estão correctas.
c) Somente I, III e IV estão correctas.
d) Somente I, II e IV estão correctas

4. Durante a análise dos medicamentos utilizados pelos pacientes, podem


ser encontradas interacções medicamentosas que podem ser benéficas,
quando melhoram a eficácia terapêutica ou reduzem os efeitos adversos, ou
prejudiciais, quando aumentam seus efeitos adversos ou anulam o efeito
terapêutico. A potencialização é um tipo de interacção medicamentosa que:
a) ( ) Resulta na precipitação de um dos fármacos no momento da
administração;
b) ( ) Na associação de dois ou mais fármacos ocorre um efeito
antagónico, capaz de aumentar a potência;
c) ( ) Resulta no aparecimento de reacções adversas intensas;
d) ( ) Na associação de dois ou mais fármacos ocorre um efeito final
maior do que a soma algébrica dos efeitos desses fármacos;
e) ( ) Potencializa as reacções idiossincráticas produzidas pelos
fármacos isoladamente.

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5. Com frequência, o efeito de um fármaco é diminuído ou totalmente


abolido na presença de outro. As alternativas abaixo se referem a esse
processo.
Analise-as e assinale a que representa um antagonismo por bloqueio
dos receptores.
a) Dissociação muito lenta do antagonista dos receptores.
b) O uso de agentes quelantes.
c) Aumento da velocidade de degradação metabólica da substância
activa.
d) Interacção de duas substâncias cujas acções opostas no organismo
tendem a anular uma à outra.
6. Antagonista em que a interacção entre dois fármacos com acções
opostas no organismo tendem a se anular mutuamente. Trata-se de:
a) Antagonismo químico.
b) Antagonismo farmacocinético.
c) Bloqueio da relação receptor-efectuador.
d) Antagonismo fisiológico.
7. Como resultado das interacções medicamentosas, pode-se afirmar
que:

a) O efeito aditivo ocorre entre fármacos que atuam em diferentes


receptores farmacológicos.
b) Sinergismo é um tipo de resposta farmacológica obtida a partir da
associação de dois ou mais medicamentos cuja resultante é menos do
que a simples soma dos efeitos isolados de cada um deles.
c) O antagonista químico é aquela substância que se liga ao fármaco
presente no organismo, inactivando a acção terapêutica desse fármaco
e/ou sua toxicidade.

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d) O antagonismo fisiológico ou funcional ocorre quando dois (ou mais


fármacos) competem pelo mesmo receptor, diminuindo o efeito
farmacológico/toxicidade do fármaco que não se ligou ao receptor.
e) Antagonismo competitivo corresponde às acções opostas de dois
fármacos, tendendo a cancelar ou reduzir o efeito de um dos fármacos,
portanto, ocorre quando dois fármacos produzem efeitos opostos na
mesma função fisiológica.

8. Sobre interacções medicamentosas não é correto afirmar:


a) A interacção é um evento clínico na maioria das vezes indetectável
que influencia a magnitude ou a duração do efeito do medicamento,
modificando o rumo esperado da terapêutica.
b) As interacções medicamentosas podem ser classificadas como
incompatibilidades, interacções farmacocinéticas e farmacodinâmicas.
c) A interacção que ocorre entre a naloxona e a morfina é devido a um
antagonismo por competição por receptor.
d) A conciliação medicamentosa, principalmente durante a internação
hospitalar, pode ajudar a identificar e prevenir interacções.

9. As interacções medicamentosas podem ser caracterizadas como


farmacocinéticas ou farmacodinâmicas, um exemplo de interacção
farmacodinâmica é:
a) ( ) Interacção que ocorre entre o medicamento e o alimento;
b) ( ) Interferência na biotransformação de fármacos;
c) ( ) Interferência na excreção de fármacos;
d) ( ) Interferência na absorção de fármacos;
e) ( ) Alteração de níveis electrolíticos

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICA
1.Farmacológia -H. P. Range, M. M. Dale, J. M. Ritter
2.Administração de medicamentos na enfermagem- Nelma Rodrigues Soares Droit
Goldenzwaig
3.Manual de farmacologia clínica e terapêutica- Darcy Roberto Andrade Lima.
4.Manual de drogas e soluções- Staut N. S.; Duran M. D. E. M.; Brigatto M. J. M.
5.Medicaçao e matemática em enfermagem- Ester G. Skelley-São Paulo,EPU;1977
6.Farmacologia na pratica de enfermagem- Clayton I Stock
7.Manual de gestão dos medicamentos essenciais –PNME;2010

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CUIDE -SE

FIQUE EM CASA

MUITO OBRIGADO

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