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UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Ética, Ciências Humanas e Jurídicas

Licenciatura em Farmácia

Estudante

Anilo Américo Armando


Gina António
Nélvia da Chaíca Manhique
Quiderlísia da Sónia Chipanga
Salóma Ubisse

Medicina tradicional

Terapia Floral e Apiterapia

Docente: dr. Jassula Estavão

Xai-xai, Abril de 202

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UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Ética, Ciências Humanas e Jurídicas

Licenciatura em Enfermagem Geral

Farmacologia dos Anastésicos opióides

Trabalho a ser entregue no Departamento de


Saúde geral , na cadeira de Farmacologia de
caracter avaliativo sob orientação Dr. Arnaldo
Raul.

Docente: dr. Arnaldo Raul

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Índice
1.Introdução...............................................................................................................................4
1.1.Objectivos........................................................................................................................4
1.1.1.Objectivo geral..........................................................................................................4
1.1.2.Objectivos específicos...............................................................................................4
2.Opiodes...................................................................................................................................5
2.1.Definições........................................................................................................................5
2.2.Mecanismo de ação..........................................................................................................5
2.3.Receptores opióide...........................................................................................................6
2.4.Classificação dos opióides...............................................................................................6
2.5.Acções farmacológicas dos agonistas opióides................................................................7
2.5.1.Acções no sistema nervoso central...........................................................................7
2.5.2.Acções no sistema cardiovascular.............................................................................7
2.5.3.Acções no sistema respiratório..................................................................................7
2.5.4.Acções no sistema gastrointestinal............................................................................8
2.5.5.Acções no sistema endócrino....................................................................................8
2.6.Efeitos dos opiodes..........................................................................................................8
2.6.1.Efeitos oftalmológicos..............................................................................................8
2.6.2.Prurido.......................................................................................................................8
2.6.3.Rigidez muscular.......................................................................................................8
2.6.4.Imunidade..................................................................................................................8
2.7.Medicamentos opióides....................................................................................................9
2.8.Agonistas opiódes parciais.............................................................................................16
Buprenorfina............................................................................................................................16
2.9.Antagonistas opióides....................................................................................................17
3.Conclusão..............................................................................................................................18
4.Referências bibliográficas.....................................................................................................19

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1.Introdução
Neste presente trabalho abordamos sobre os opiodes, estabelecendo uma compreensão da
classificação, mecanismo de acção. Opióides naturais são encontrados em plantas (morfina)
ou produzidos pelo corpo humano (opióides endógenos), onde são amplamente distribuídos
por todo SNC. Esses opióides endógenos são peptídeos que apresentam diferentes potências e
afinidades com cada grupo de receptores opióides. Suas ações incluem a modulação da dor e
controle do sistema cardiovascular, principalmente em situações críticas. Embora a
compreensão de sua farmacologia seja importante, os opióides endógenos não possuem
destaque clínico. Opióides sintéticos e semi-sintéticos são amplamente utilizados na prática
clínica, especialmente pela sua ação analgésica.

1.1.Objectivos
1.1.1.Objectivo geral
 Compreender a farmacologia dos anestésicos apióides e técnicas de aplicação.

1.1.2.Objectivos específicos
 Aplicar a lista de verificação dos anestésicos apioides e suas técnicas de aplicação;
 Descrever as características dos anestésicos apióides;
 Analisar as dosagens da farmacologia dos anestésicos apióides .

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2.Opióides
Os opioides são uma classe de medicamentos que incluem substâncias naturais, semi-
sintéticas e sintéticas que têm efeitos semelhantes aos compostos encontrados na papoula do
ópio. Eles agem nos receptores opioides no sistema nervoso central para produzir efeitos
analgésicos, além de outros efeitos como sedação, euforia e depressão respiratória.

Os opioides analgésicos podem ser classificados em agonistas puros, agonistas-antagonistas


parciais e antagonistas puros.

Alguns dos efeitos adversos dos opioides incluem constipação, náusea, vômito, sedação,
depressão respiratória, tolerância e dependência.

A lipossolubilidade dos opioides é importante porque influencia a velocidade com que a


droga atravessa as membranas celulares para alcançar os receptores opioides no sistema
nervoso central, afectando assim a velocidade e a intensidade do efeito da droga.

O grau de ionização dos opioides em ph plasmático pode afectar o início da acção das drogas,
pois a forma ionizada pode ter dificuldade em atravessar as membranas celulares, afectando a
velocidade com que a droga atinge seus alvos no sistema nervoso central.

Os antagonistas opioides são substâncias que bloqueiam os receptores opioides, revertendo os


efeitos dos opioides. Eles são utilizados em casos de overdose de opioides ou para reverter os
efeitos colaterais adversos dos opioides, como a depressão respiratória.

2.1.Definições
• Ópio: mistura alcalóide extraída da planta papoula – papaver somniferum;
• Opióide: qualquer composto natural, semi-sintético ou sintético que se ligue
especificamente aos receptores opióides e possua propriedades similares às dos
opióides endógenos;
• Opiáceo: qualquer opióide natural derivado do ópio (ex. Morfina);
• Narcótico: do grego “torpor”. Termo utilizado como sinónimo de opióides, porém
pode referir-se a diversas outras drogas de abuso que não pertencem à classe opióide.

2.2.Mecanismo de ação
Os opióides atuam a nível celular ligando-se aos receptores opióides presentes em todo
sistema nervoso central (snc), especialmente no núcleo do trato solitário, área

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cinzentaperiaquedutal, córtex cerebral, tálamo e substância gelatinosa da medula espinhal.
Receptores opióides podem também estar presentes em terminações nervosas aferentes
periféricas e em diversos outros órgãos. A eficácia de opióides administrados directamente ao
compartimento central é evidente, porém em caso de administração periférica em situações
de pós-trauma ou estado inflamatório sua eficácia não é tão confiável.
Os receptores opióides são ligados às proteínas g inibitórias. A activação dessa proteína
desencadeia uma cascata de eventos: fechamento de canais de cálcio voltagem dependentes,
redução na produção de monofosfato de adenosina cíclico (amps) e estímulo ao efluxo de
potássio resultando em hiperpolarização celular. Assim, o efeito final é a redução da
excitabilidade neuronal, resultando em redução da neurotransmissão de impulsos
nociceptivos.
Agonistas opióides puros (morfina, diamorfina, petidina, fentanil) apresentam alta afinidade
com os receptores opióides e elevada atividade intrínseca a nível celular. Agonistas parciais
(buprenorfina, pentazocina) ao ligarem-se aos receptores opióides produzem efeito
submáximo quando comparados aos agonistas puros. Antagonistas opióides (naloxone,
naltrexone) possuem afinidade com os receptores, porém nenhuma atividade intrínseca.

2.3.Receptores opióide
Desde sua identificação, diversas denominações foram utilizadas para os receptores opióides.
A nomenclatura atual, aprovada pela “união internacional de farmacologia”, para a
identificação dos receptores opióide é a seguinte:

• mop (receptor peptídico opióide mu)


• kop (receptor peptídico opióide kappa)
• dop (receptor peptídico opióide delta)
• nop (receptor peptídico fq de nociceptinas orfanina)

O receptor sigma não preenche todos os critérios para ser considerado um receptor opióide,
por issoatualmente não pertence a essa classe. Existem diversos subtipos de receptores
opióides, sendo dois mop, três kop e dois dop.

2.4.Classificação dos opióides


• Tradicional: baseada na potência analgésica. O grupo mais potente é composto por
agonistas opióides puros, enquanto o grupo intermediá-rio é composto por agonistas
parciais.
• Origem da droga: quanto à etiologia natural ou sintética.

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• Funcional: quanto à ação no receptor opióide.

2.5.Acções farmacológicas dos agonistas opióides


2.5.1.Acções no sistema nervoso central
• Analgesia: eficazes para alívio de dores leves, contínuas e sem localização específica
proveniente de órgãos internos, como intestinos. Menos eficaz para dores superficiais
tipo pontada.
As dores neuropáticas podem ser resistentes, porém os pacientes referem discreta
redução na intensidade e melhora em relação ao desconforto gerado pela dor.
• Sedação: dificuldade de concentração e sonolência são efeitos comuns. O alívio da
dor pode ocasionar o sono. Opióides não atuam como hipnóticos.
• Euforia e disforia: morfina e os demais opióides geram uma sensação de bem-estar
(euforia). Caso não haja dor, a morfina pode causar agitação e inquietação (disforia).
• Alucinações: principalmente após o uso de opióides agonistas kop, porém agonistas
mop, como a morfina, também podem desencadear alucinações.
• Tolerância e dependência: tolerância é a redução do efeito gerado por uma mesma
dose da droga, quando repetidas doses são administradas. O mecanismo ainda não foi
totalmente esclarecido, porém é provável que o processo de down regulation de
receptores opióides ou que a redução da produção de opióides endógenos estejam
envolvidos. A dependência ocorre quando após o uso prolongado de opióides a droga
é suspensa abruptamente desencadeando diversos sinais físicos e psicológicos, como a
agitação, irritabilidade, salivação excessiva, lacrimejamento, sudorese, cãibras,
vômitos e diarréia.

2.5.2.Acções no sistema cardiovascular


Discreta bradicardia pela redução do tônus simpático e efeito direto sobre o nó sinoatrial.
vasodilatação periférica causada pela liberação de histamina e redução do tônus
simpáticoque pode levar à hipotensão, principalmente em caso de hipovolemia associada.

2.5.3.Acções no sistema respiratório


Depressão respiratória mediada pelos receptores mop localizados no centro respiratório
do tronco cerebral. Ocorre a diminuição na freqüência respiratória e a dessensibilização
dos quimiorreceptores centrais às alterações de pressão parcial de dióxido de carbono. Os
quimiorreceptores periféricos mantém sua sensibilidade à hipoxemia, porém com a
administra-ção de oxigênio suplementar pode haver piora do quadro ventilatório. O uso

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de opióides associados a drogas depressoras do snc, como benzodiazepínicos e
halogenados, pode agravar a depressão respiratória.
Supressão do reflexo da tosse. Morfina e diamorfina são utilizadas no tratamento da
dispnéia paroxística noturna por causarem sedação, reduzirem a pré-carga e reduzirem o
drive respiratório anormal. A codeína suprime a tosse tanto quanto a morfina, porém
possui menor potência analgésica.

2.5.4.Acções no sistema gastrointestinal


• A ativação de receptores opióides localizados na zona quimiorreceptora de gatilho do
vômitopode desencadear náuseas e vômitos.
• Aumento do tônus da musculatura lisa e redução da motilidade, resultando em retardo
na absorção, aumento da pressão no sistema biliar (espasmo do esfíncter de oddi) e
constipação.

2.5.5.Acções no sistema endócrino


• Inibição da secreção de acth, prolactina e hormônios gonadotróficos.
• aumento na secreção de adh.

2.6.Efeitos dos opióides


2.6.1.Efeitos oftalmológicos
• A estimulação do núcleo do nervo oculomotor mediada pelos receptores mop e kop
leva à miose.

2.6.2.Prurido
• Alguns opióides desencadeiam a liberação de histamina pelos mastócitos resultando
em urticária, prurido, broncoespasmo e hipotensão. O prurido, que se manifesta
principalmente em face, nariz e dorso, é um sintoma mediado pelo snc e sua
incidência aumenta quando opióides são administrados via intratecal. Pode-se reverter
esse sintoma com a administração de antagonistas dos opióides, como o naloxone.

2.6.3.Rigidez muscular
• altas doses de opióide podem ocasionar rigidez muscular generalizada, especialmente
na musculatura da parede torácica o que pode interferir na ventilação.

2.6.4.Imunidade
• Depressão do sistema imunológico após uso prolongado de opióides.
Efeitos na gestação e neonatos

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• Todos os opióides atravessam a barreira placentária e, se usados durante o parto,
podem causar depressão respiratória no neonato.
• O uso crônico pela gestante pode resultar em dependência física fetal, com síndrome
de abstinência grave no pós-parto imediato.
• Até o momento não foram descritos efeitos teratogênicos

2.7.Medicamentos opióides
Morfina
A morfina é um opióide natural derivado do fenantreno. A morfina é a droga utilizada como
medida central para comparação entre opióides.
Dose:

• Intramuscular (im): 0,1-0,2 mg/kg, com pico de ação em 30-60 minutos e duração de 3-4
horas.

• endovenosa (ev): titular pequenas doses em bolus de 1-2mg, com dose total de
0,1-0,2mg/kg, com pico de ação rápido, visto que o maior determinante da latência da droga é
sua baixa lipossolubilidade e lenta passagem pela barreira hematoencefálica.

• Intratecal: 1% da dose ev (1 -2 microgramas/kg)


• Epidural : 10% da dose ev (10-20 microgramas/kg)
• Outras vias: oral, subcutânea (sc) e retal.

Farmacocinética:

Extensamente metabolizada pela mucosa intestinal e fígado em morfina-3-glucuronídeo


(m3g, 70%), morfina-6-glucuronídeo (m6g, 10%) e em sulfatos conjugados. O metabólito
m6g é 10 a 20 vezes mais potente que a morfina e possui excreção renal, assim a
insuficiência renal pode determinar o acúmulo de m6g e aumento da sensibilidade à morfina.
Os neonatos são mais sensíveis à morfina, pois apresentam capacidade de conjugação
hepática reduzida. Os idosos alcançam maiores picos plasmáticos de morfina por
apresentarem menor volume de distribuição.

Efeitos:

A morfina é um potente analgésico com boa ação sedativa e ansiolítica, efeitos mediados
pelos receptores mop. Outros possíveis efeitos são euforia, disforia e alucinações, além de

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depressão respiratória e supressão do reflexo da tosse. Apesar dos mínimos efeitos
cardiovasculares, a morfina pode levar à bradicardia e hipotensão.

Náuseas e vômitos são efeitos colaterais comuns, bem como miose.

A liberação de histamina pela morfina pode causar rash, prurido e broncoespasmo em


pacientes suscetíveis. Pode causar tolerância e dependência.

Papaveretum

O papaveretum é um composto que contém uma mistura de sais de hidrocloretos de


alcalóides opióides: hidrocloreto de morfina, hidrocloreto de codeína e hidrocloreto de
papaverina. Até 1993, a noscapina fazia parte da composição do papaveretum, sendo retirada
após a comprovação de seus efeitos teratogênicos em animais.

Dose:

Utilizado para tratamento da dor moderada a intensa e como medicação sedativa pré-
anestésica, pode ser administrado via subcutânea, intramuscular e endovenosa. A dose de
15,4mg de papaveretum equivale a 10mg de morfina.

Efeitos:

Comparado à morfina, o papaveretum confere maior grau de sedação e menos efeitos


colaterais gastrointestinais. Doses mais elevadas de papaveretum estão associadas à cefaléia
transitória intensa, sendo esse efeito provavelmente relacionado à papaverina. A maioria dos
anestesiologistas acredita quegastos com essa medicação não são justificáveis, pois a morfina
seria o único elemento em concentração efetiva.

Codeína

A codeína é um opióide natural, um dos principais alcalóides derivados do ópio. Possui baixa
afinidade com receptores opióides.

Dose:

Pode ser administrada via oral ou im. A dose terapêutica em adultos é de 30-60mg com
intervalos de 6 horas, independente da via de administração. Doses variáveis de codeína (8-
30mg) podem ser adicionadas a compostos contendo antiinflamatórios não hormonais para o
tratamento de dor leve à moderada. A codeína pode ser utilizada também em medicações
antitussígenas e antidiarréicas.

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Farmacocinética:

A biodisponibilidade oral da codeína é de 50%. Aproximadamente 10% é metabolizada em


morfina, o restante em compostos conjugados inativos.

Essa metabolização em morfina é realizada por uma isoforma do citocromo p450 que possui
polimorfismo, por isso aproximadamente 10% da população não metaboliza adequadamente
a codeína em morfina, resultando em tratamento ineficaz da dor.

Efeitos

Pode causar discreta euforia, desorientação e ansiedade, mas possui baixo potencial como
droga de abuso. A codeína causa menos sedação e menos depressão respiratória que a
morfina. A constipação é um efeito colateral comum. A diidrocodeína é um derivado da
codeína semi-sintético com efeitos farmacológicos similares. A oxicodona é mais efetiva,
porém possui maior potencial para abuso.

Diamorfina

A diamofina é um opióide semi-sintético, sendo um análogo diacetilado da morfina com


potência de 1,5 a 2 vezes a potência da mesma. É uma pró-droga, convertida pelas esterases
hepáticas, plasmáticas e do snc em compostos ativos, a acetilmorfina e a morfina.
Dose:
Pode ser administrada através das mesmas vias que a morfina, com dose reduzida pela
metade. Possui maior lipossolubilidade, por isso apresenta menor risco de depressão
respiratória tardia quando administrada no espaço epidural ou subaracnóideo. Pode ser
diluída em uma solução de menor volume que a dose equivalente de morfina para ser
administrada im ou sc, fator relevante em pacientes com doenças terminais que exigem altas
doses de opióide para alívio da dor.

Farmacocinética:

Diamorfina é 200 vezes mais lipossolúvel que a morfina, apresentando maior potência e mais
rápido início de ação, pois atravessa mais rapidamente a barreira hematoencefálica e no snc é
convertida em morfina. Como há intenso metabolismo de primeira passagem, possui baixa
biodisponibilidade.

Efeitos:

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Compartilha dos mesmos efeitos opióides da morfina, porém com maior tendência à euforia e
dependência. Apresenta menor incidência de náuseas e vômitos que a morfina.

Petidina

A petidina é um derivado sintético da fenilpiperidina, desenvolvido inicialmente como agente


antimuscarínico.
Dose: petidina está disponível via oral em comprimidos de 50mg ou através de ampolas em
diferentes concentrações (10 a 50mg/ml). Para a dor aguda, pode ser administrada via oral
(50 a 150mg), sc (50 a 100mg), im (50 a 100mg) e ev (25 a 100mg) com intervalo de 4 horas
entre as doses.

Farmacocinética:

A petidina é 30 vezes mais lipossolúvel que a morfina, com biodisponibilidade oral de 50%.
Ela sofre hidrólise hepática resultando em norpetidina e ácido petidínico, compostos
excretados na urina que podem se acumular em caso de insuficiência renal. Em maiores
concentrações, a norpetidina pode ocasionar alucinações e convulsões. O ácido petidínico é
inativo. A petidina é muito utilizada para analgesia de parto, porém ultrapassa facilmente a
barreira placentária e pode ser encontrada em altos níveis na circulação fetal.

Efeitos:

Existem algumas diferenças farmacológicas em relação à morfina. A petidina causa


taquicardia, xerostomia e discreta miose. Em idosos e pacientes hipovolêmicos, pode causar
hipotensão importante. Menor incidência de espasmo do trato biliar em relação à morfina. Há
contra indicação absoluta ao uso da petidina em pacientes que utilizam os inibidores da
monoamino oxidase (imao), pois a associação pode desencadear graves efeitos colaterais
como hipotensão ou hipertensão, hiperpirexia, convulsão ecoma. O mecanismo da interação
entre esses medicamentos ainda não foi esclarecido, porém pode estar relacionado à redução
do metabolismo da petidina pelos imao e consequente efeito da petidina no turnover da 5-
hidroxitriptamina cérebro.

Fentanil

É um derivado sintético da fenilpiperidina que é 100 vezes mais potente que a morfina.

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Dose:

Disponível em soluções incolores de 50 microgramas (mcg)/ml, em ampolas de 2 e 10ml.


Administrado em doses baixas (1-2mcg/kg) para o tratamento de dor associada à cirurgia de
pequeno porte, possui rápido início de ação, curta duração (30minutos) e discreto efeito
sedativo. Doses mais altas são utilizadas para inibir a resposta simpática a estímulos como a
laringoscopia e intubação traqueal. Pode ser utilizado para amplificar os efeitos dos
anestésicos locais na analgesia subaracnóide e epidural em doses de 10 a 25mcg e 25 a 100
mcg, respectivamente. O fentanil está disponível como adesivos transdérmicos para uso na
dor crônica e como pirulito para uso pediátrico como pré-medicação.

Farmacocinética:

O fentanil é 500 vezes mais lipossolúvel que a morfina, por isso apresenta rápida e extensa
distribuição sistêmica (volume de distribuição 4l/kg). Em baixas doses, a concentração no
plasma e no snc cai rapidamente para níveis abaixo do nível efetivo na fase de redistribuição.
Todavia, após a infusão contínua prolongada ou administração de altas doses seu tempo de
ação aumenta significativamente.
Nesses casos, ao final da fase de redistribuição os níveis plasmáticos ainda são elevados. O
tempo de recuperação depende então da lenta eliminação sistêmica do fentanil (3,5 horas de
meia vida). O fentanil sofre metabolização hepática em um composto inativo, o norfentanil,
excretado por dias naurina.

Efeitos:

Muitas propriedades do fentanil são similares às da morfina. Produz depressão respiratória de


intensidade dose-dependente. Altas doses (50 – 100mcg/kg) são utilizadas em cirurgias
cardíacas para inibir da resposta metabólica ao estresse. Em doses tão elevadas, pode causar
profunda sedação, inconsciência e rigidez muscular, que pode afetar a ventilação.

Alfentanil

O alfentanil é um derivado sintético da fenilpiperidina que é estruturalmente similar ao


fentanil, porém com 10 a 20% de sua potência.

Dose:

Alfentanil está disponível como solução incolor em concentrações de 500mcg/ml ou 5mg/ml.


Pode ser administrado em bolus ou infusão contínua. Bolus de 10mcg/kg são úteis para

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analgesia de curta duração e atenuação da resposta cardiovascular à intubação. Infusões
contínuas (0,5 a 2mcg/kg/min) são utilizadas nas unidades de tratamento intensivo para sedar
os pacientes sob ventilação mecânica.

Farmacocinética:

Embora apresente lipossolubilidade muito mais baixa do que o fentanil, mais alfentanil está
presente sob a forma não-ionizada no plasma comparada com o fentanil (89% versus 9%).
Consequentemente, seu início e ação é mais rápido. Da mesma forma, por causa de sua baixa
lipossolubilidade, menos alfentanil se distribui para músculo e gordura. Assim, seu volume
de distribuição é relativamente pequeno e maior proporção de uma dose administrada
permanece no compartimento intravascular de onde pode ser eliminada através de
metabolismo hepático. Assim, embora o alfentanil apresente menor taxa de depuração
hepática, por possuir baixo volume de distribuição, sua vida-média de eliminação é
relativamente curta.

Efeitos:

A maior parte dos efeitos é similar aos do fentanil, porém com início mais rápido e duração
mais curta.

Remifentanil

O remifentanil é uma fenilpiperidina sintética derivada do fentanil, com potência similar,


porém duração ultracurta.

Dose:

Disponível como pó branco cristalino, em frascos contendo 1,2 a 5mg de hidrocloreto de


remifentanil.
A taxa de infusão utilizada para manutenção da analgesia em pacientes sob ventilação
mecânica pode variar de 0,05 a 2mcg/kg/min.

Farmacocinética:

O remifentanil é rapidamente degradado por esterases plasmáticas e teciduais, o que


determina umacurta meia vida de eliminação (3-10 minutos). Diferente dos demais opióides,
o remifentanil não apresenta alterações farmacocinéticas relacionadas à meia vida contexto

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sensitiva. A meia vida, o clearence e a distribuição do remifentanil não dependem da duração
e doses de infusão.

Efeitos:

Determinadas propriedades, como a curta latência e tempo de ação, a metabolização


plasmática e tecidual e a ausência de acúmulo sistêmico da droga, fazem do remifentanil uma
droga com ampla aplicabilidade em anestesiologia.infusões em altas doses ex em maior
cautela pela possibilidade de
Efeitos colaterais, como bradicardia, hipotensão, apnéia e rigidez muscular. Como não há
efeito analgésico residual, o planejamento da analgesia pós-operatória deve ser idealizado e
iniciado antes do fim da infusão de remifentanil.

Tramadol

O tramadol é uma fenilpiperidina análoga da codeína classificado como agonista fraco dos
receptores opióides com maior afinidade com os receptores mop. O tramadol inibe a
recaptação neuronal de norepinefrina, inibe as vias descendentes nociceptivas e potencializa a
liberação de serotonina.

Dose:

As doses via oral e parenteral são similares, 50-100mg a cada 4 horas.

Farmacocinética:

O tramadol apresenta alta biodisponibilidade oral (70%) que pode ser aumentada (até 100%)
pelo uso contínuo e redução do efeito de primeira passagem. Apresenta ligação protéica de
20%, volume de distribuição de 4l/kg e meia vida de eliminação de 4-6 horas. O tramadol é
metabolizado pelo fígado através da demetilação em diversos metabólitos, desses apenas o o-
desmetiltramadol possui ação analgésica.

Efeitos:

A gravidade da depressão respiratória e cardiovascular após o uso de tramadol é muito


reduzido quando comparada a de doses eqüipotentes de morfina. A constipação é menos
frequente. O tramadol

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Compartilha os mesmos efeitos colaterais que os demais opióides (tontura, náuseas e
vômitos) e deve ser contraindicado em pacientes em uso de imao ou história de epilepsia.

Metadona

Opióide com alto potencial analgésico, boa absorção e biodisponibilidade oral (75%).
Utilizadoprincipalmente como substituto de opióides, como a diamorfina (heroína), nos casos
de abuso, pois sua alta latência e duração prolongada reduzem a incidência dos sintomas de
abstinência. Pode causar dependência.

2.8.Agonistas opióides parciais


Esse grupo de drogas possui afinidade com os receptores opióides, porém apresenta baixa
actividade intrínseca comparada aos agonistas puros. Pela sua baixa actividade intrínseca, os
agonistas parciais são capazes de reduzir ou mesmo antagonizar a acção dos agonistas puros
no receptor opióide. Em outras palavras, doses maiores de agonistas puros são necessárias
quando associadas aos agonistas parciais.
Os agonistas parciais podem ser subdivididos em dois grupos:
1. Agonista-antagonista misto: apresentam efeito agonista em determinado receptor opióide e
efeito antagonista em outro. Exemplos: pentazocina, nalbufina e meptazinol.
2. Drogas com efeito agonista reduzido, porém que não apresentam efeito antagonistas nos
receptores opióide. Exemplo: buprenorfina.

Meptazinol

O meptazinol é um analgésico sintético com ação mista em receptores opióides que também
atua em vias colinérgicas centrais. A potência dessa droga é um décimo da potência da
morfina e apresenta rápido início de ação com duração de 2-4 horas. Por apresentar maior
seletividade por receptores mop1, o meptazinol não causa depressão respiratória importante.
A principal desvantagem é a elevada incidência de náuseas e vômitos, que pode ser reduzida
através da administração de antimuscarínicos.

Buprenorfina

A buprenorfina é 30 vezes mais potente que a morfina. Apresenta alta lipossolubilidade, boa
absorção sublingual, baixa disponibilidade oral. Apesar de sua meia vida de eliminação ser de

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3-4 horas, sua ação dura até 8 horas. Em geral, buprenorfina e a morfina produzem os
mesmos efeitos e efeitos colaterais. A buprenorfina apresenta alta afinidade com receptores
mop e seus efeitos não são totalmente revertidos pelo naloxone. Em casos de depressão
respiratória, o paciente deve ser prontamente tratado com doxapram. As náuseas e vômitos
são intensos e prolongados.

Pentazocina

Pentazocina apresenta 25% da potência analgésica da morfina, não sendo muito efetiva no
tratamento de dores intensas, em parte pela ausência do efeito de euforia. A pentazocina pode
elevar a pressão arterial e a freqüência cardíaca. Náuseas, vômitos, sonhos bizarros e
alucinações são os efeitos colaterais mais comuns.

2.9.Antagonistas opióides
O naloxone e seus derivados de ação prolongada, como o naltrexone, ocupam os receptores
opióides sem exercer sobre eles qualquer atividade intrínseca. Doses moderadas
administradas na ausência de opióides não produzem efeitos, porém altas doses podem
desencadear efeitos colaterais pelo antagonismo de opióides endógenos (endorfinas).

Naloxone

O naloxone é um antagonista opióide puro que reverte os efeitos nos receptores mop, kop,
dop,
Embora apresente maior afinidade com os receptores mop. É a droga de escolha tratamento
da depressão respiratória induzida por opióides. A dose total usual é de 200-400mcg
endovenoso, fracionado até obtenção do efeito desejado. Menores doses (0,5 a 1mcg/kg)
podem ser utilizadas gradualmente para reverter efeitos colaterais dos opióides como prurido
após a injeção intratecal ou epidural, sem alterar o nível de analgesia. A duração do
antagonismo efetivo é de 30 minutos, por isso quando utilizado para reverter os efeitos de
agonistas de ação prolongada, novos bolus ou infusão contínua devem ser administrados para
manutenção do nível plasmático do antagonista. Em pacientes dependentes de opióides, faz-
se necessária cautela ao administrar o naloxone pela possibilidade dedesencadear estado de
abstinência aguda com hipertensão, edema pulmonar, arritmias cardíacas. Efeitos
antianalgésicos podem ser observados em pacientes que recebem naloxone sem estarem em
uso de opióides.

Naltrexone

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O naltrexone apresenta mecanismo de ação similar, porém com algumas vantagens
farmacocinéticas comparado ao naloxone. O naltrexone apresenta meia vida prolongada,
próxima a 24horas se administrado via oral. Foi utilizado para tratamento de dependência de
opióides e compulsão alimentar em pacientes com obesidade mórbida.

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3.Conclusão
Com base as investigações feitas concluiu-se que no desenvolvimento da farmacologia dos
anestésicos opioides, é crucial compreender os diverso aspectos que envolvem esses
medicamentos para garantir uma aplicação segura e eficaz. Os opioides atuam nos receptores
opioides no sistema nervoso centra, como os receptores um, delta e kappa, para modular a
percepção da dor resultando em efeitos analgésicos e sedativos. Cada tipo de receptores
desencadear diferentes respostas, influenciando os efeitos dos opioides.

Existem diversos tipos anestésicos opioides disponíveis, como morfina, fentanil e


remifentanil, cada um com características farmacocinéticas e farcodinamicas únicas,
determinado o tempo de inicio de acção, duração do efeito e potencia analgésica . No entanto
é essencial considerar os possíveis efeitos colaterais associados ao uso desses medicamentos,
como depressão respiratória, náuseas, constipação e risco de dependência. Precauções devem
ser tomadas ao prescrever opioides, especialmente em paciente com histórico de abuso de
substancias.

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4.Referências bibliográficas
Lino,lemonica. Bases farmacológicas para o uso clínico dos opioides. Disponível em:
http://www.gruponitro.com.br/atendimento-a-profissionais/%23/pdfs/artigos/farmacologia/
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Katzung, b.g. Farmacologia básica e clínica. 12ª ed. Rio de janeiro: artmed/mcgraw-hill,
2014.

Rang, h.p., dale, m.m., ritter, j.m., flower, r.j., henderson, g. Farmacologia. 8ª ed. Rio de
janeiro: elsevier, 2016.

J. Mcdonald, d. Lambert: opioid receptors. Continuing education in anaesthesia, critical care


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