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reforço e o prazer.
Alívio da dor
• Opioides exógenos na forma de medicamentos para alívio da dor (como oxicodona, hidrocodona
e muitos outros) ou substâncias de uso abusivo (como a heroína) atam como agonistas nos
receptores de opioides μ, δ e κ particularmente nos sítios μ.
• Em doses para alívio da dor e mais elevadas, os opioides induzem euforia, que constitui a
principal propriedade de reforço dessas substâncias.
• Em superdosagem, esses mesmos agentes atuam como depressores da respiração e também
podem induzir o coma.
• As ações agudas dos opioides podem ser revertidas por antagonistas de opioides sintéticos,
como a naloxona e a naltrexona, que competem como antagonistas nos receptores de opioides.
• Quando administrados cronicamente, os opioides produzem rapidamente tolerância e
dependência. A adaptação dos receptores de opioides ocorre com muita rapidez após
administração crônica desses fármacos.
• O primeiro sinal disso é o paciente precisar fazer uso de doses cada vez mais altas de opioides
para aliviar a dor.
Dor
cirurgia, lesão ou doença crônica. Motycka, C., & Spillane, J. (2016). Farmacologia Ilustrada (6a edição). Artmed;
Prescrição
Morfina
• A morfina e outros opioides exercem seus efeitos principais interagindo especificamente
com os receptores opioides nas membranas de certas células no SNC e em outras
estruturas anatômicas, como o TGI e a bexiga. A morfina atua também em receptores κ
na lâmina I e II do corno dorsal da medula espinal. Ela diminui a liberação de substância
P que modula a percepção da dor na medula espinal. A morfina também parece inibir a
liberação de vários transmissores excitatórios dos terminais nervosos que levam a
estímulos nociceptivos.
• Potente efeito no tratamento da dor crônica ou aguda muito intensa, como dor pós-
cirúrgica, dor causada por queimaduras ou por doenças graves, como câncer e
osteoartrose avançada.
• Analgesia: a morfina e outros opioides causam analgesia (alívio da dor sem perda de
consciência) e aliviam a dor, aumentando o seu limiar no nível da medula espinal e, de
forma mais importante, alterando a percepção da dor no cérebro. Os pacientes tratados
com opioides continuam conscientes da presença da dor, mas a sensação não é
Morfina
• Respiração: causa depressão respiratória pela dessensibilização ao dióxido de carbono dos
neurônios do centro respiratório. Esse efeito pode ocorrer com doses normais de morfina
em pacientes virgens para esse fármaco e acentuar-se à medida que a dose aumenta até
que, por fim, a respiração cessa. A depressão respiratória é a causa mais comum de morte
nos casos de superdose aguda de opioides. A tolerância a esse efeito se desenvolve
rapidamente com dosificações repetidas, o que permite o uso seguro da morfina para o
tratamento da dor quando a dosagem é titulada corretamente.
• Depressão do reflexo da tosse: morfina e codeína possuem propriedades antitussígenas. Em
geral, a supressão da tosse não se correlaciona bem com as propriedades analgésicas e de
depressão respiratória dos opioides. Os receptores envolvidos na ação antitussígena
parecem ser diferentes daqueles envolvidos na analgesia
• TGI: alivia a diarreia ao diminuir a motilidade e aumentar o tônus do músculo liso circular
intestinal. Ela também aumenta o tônus do esfíncter anal. No geral, a morfina e outros
opioides provocam constipação, com pouco desenvolvimento de tolerância. A morfina
também pode aumentar a pressão no trato biliar, devido à contração da vesícula biliar e à
constrição do esfíncter biliar.
• Sistema cardiovascular: em dosagens baixas não tem efeito significativo na pressão arterial
ou na frequência cardíaca. Com doses altas pode ocorrer hipotensão e bradicardia.
Cuidados com a prescrição de morfina
• Os agonistas parciais se ligam ao receptor opioide, mas têm atividade intrínseca menor que a dos agonistas totais.
Existe um teto para os efeitos farmacológicos desses fármacos. Os fármacos que estimulam um receptor e
bloqueiam outro são denominados agonistas-antagonistas. Os efeitos desses fármacos dependem da exposição
prévia a opioides. Em indivíduos que não receberam opioides (pacientes virgens), os agonistas-antagonistas
possuem atividade agonista e são utilizados no alívio da dor. Em pacientes dependentes de opioides, os fármacos
agonistas-antagonistas podem apresentar principalmente efeitos bloqueadores (produzem sintomas de
abstinência).
• Buprenorfina - agonista parcial e atua no receptor μ. Ela atua como a morfina em pacientes virgens, mas também
pode provocar abstinência em usuários de morfina ou outros agonistas opioides totais. O uso principal é na
desintoxicação opioide, pois tem sintomas de retirada menos graves e mais curtos em comparação com a
metadona. Ela causa pouca sedação, depressão respiratória ou hipotensão, mesmo em doses elevadas. Em
contraste com a metadona, disponível apenas em clínicas especializadas, a buprenorfina é aprovada para
desintoxicação ou manutenção ambulatorial. A forma injetável e o adesivo transdérmico de uso semanal são
indicados para o alívio da dor moderada e intensa. A buprenorfina é biotransformada pelo fígado e excretada na
bile e na urina. Os efeitos adversos incluem depressão respiratória que não é facilmente revertida pela naloxona e
redução (ou, raramente, aumento) de pressão arterial, náuseas e tontura.
• Pentazocina - agonista nos receptores κ e é um antagonista fraco nos receptores μ e δ. Ela promove
analgesia ativando receptores na medula espinal e é usada no alívio da dor moderada. Pode ser
administrada por via oral ou parenteral. A pentazocina produz menos euforia comparada à morfina.
Em doses mais altas, provoca depressão respiratória e reduz a atividade do TGI. Doses altas
aumentam a pressão arterial e podem causar alucinações, pesadelos, disforia, taquicardia e tontura.
Apesar de sua ação antagonista, a pentazocina não antagoniza a depressão respiratória causada pela
morfina, mas pode provocar abstinência no dependente desse fármaco. Desenvolvem-se tolerância e
dependência no uso continuado. A pentazocina deve ser usada com cautela em pacientes com angina
ou doença coronariana, pois pode aumentar a pressão arterial pulmonar e sistêmica e, assim,
aumentar o trabalho cardíaco.
• Nalbufina e butorfanol - agonistas-antagonistas opioides mistos. Como a pentazocina, eles têm papel
limitado no tratamento da dor crônica. O butorfanol está disponível como formulação nasal usado
para cefaleias intensas, mas também foi associado com abuso. Nenhum deles está disponível para
administração oral. Sua predisposição para causar efeitos psicotomiméticos (ações que mimetizam os
sintomas de psicose) é menor do que a da pentazocina. A nalbufina não afeta o coração nem
aumenta a pressão arterial, em contraste com pentazocina e butorfanol.
Antagonistas opioides
• Os antagonistas opioides se ligam com alta afinidade aos receptores opioides, mas não ativam a
resposta mediada pelo receptor. A administração de antagonistas opioides não produz efeitos
significativos em indivíduos normais. No entanto, em pacientes dependentes de opioides, os
antagonistas revertem rapidamente o efeito dos agonistas, como a morfina e outros agonistas μ
totais, e precipitam os sintomas de abstinência de opioides.
• Naloxona - é utilizada para reverter o coma e a depressão respiratória causados pela dose
excessiva de opioides. Ela rapidamente desloca todas as moléculas opioides ligadas ao receptor e,
assim, é capaz de reverter o efeito da dose excessiva de morfina. Dentro de 30 segundos após a
injeção IV de naloxona, a depressão respiratória e o coma característicos da superdose de morfina
são revertidos, reanimando o paciente e tornando-o alerta. A naloxona é um antagonista
competitivo nos receptores μ, κ e δ, com afinidade 10 vezes maior pelos receptores μ do que
pelos κ. Isso pode explicar a razão pela qual a naloxona reverte rapidamente a depressão
respiratória com reversão mínima da analgesia resultante da estimulação dos receptores κ pelo
agonista na medula espinal.
• Naltrexona - tem ações similares às da naloxona. Ela tem duração de ação mais longa do que a
naloxona, e uma única dose oral de naltrexona bloqueia o efeito da heroína injetada por até 24
horas. A naltrexona associada à clonidina (algumas vezes, à buprenorfina) é usada na
desintoxicação rápida de opioides. Ainda que também possa ser útil no tratamento do alcoolismo
crônico por mecanismo desconhecido, os benzodiazepínicos e a clonidina são preferidas. É
Outros analgésicos
• Tramadol - é um analgésico de ação central que se liga ao receptor opioide μ. O fármaco sofre
extensa biotransformação via CYP2D6, resultando em um metabólito ativo com afinidade muito
maior pelo receptor μ do que o composto original. Além disso, ele inibe fracamente a captação
de norepinefrina e serotonina. É utilizado no manejo da dor moderada ou moderadamente
intensa. Sua atividade depressora respiratória é menor do que a da morfina. A naloxona só
reverte parcialmente a analgesia provocada pelo tramadol ou seu metabólito ativo.
Referências consultadas
• MOTYCKA, C.; SPILLANE, J. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
• RANG, H. P. et al. Farmacologia Rang & Dale: Vol. 8. 8. ed. Rio de Janeiro: GEN, 2016.