Você está na página 1de 34

Psicofarmacologia

PROFª MS FLÁVIA SOARES LASSIE


2

Drogas
analgésicas de
ação central
3
Dor
 Uma experiência emocional e sensorial desagradável associada a uma lesão
tecidual real ou potencial → consequência de processos neuroquímicos
complexos nos SNC e SNP;
 Aspecto sensorial da dor está associado ao processo de transmissão do
impulso doloroso → nocicepção;
 Também é um mecanismo protetor – alerta o indivíduo para uma lesão
iminente ou real dos tecidos;
 Induz o organismo a dar respostas e reflexos que visam manter o dano
tecidual controlado ou até mesmo evita-lo;
 É subjetiva e o médico deve basear-se na percepção e na descrição do
paciente;
 De acordo com a duração pode ser classificada em aguda ou crônica.
Classificação da dor 4

Dor rápida: sentida dentro de 0,1s


após o estímulo doloroso

Dor lenta: sentida após 1s ou mais


Tipos de dor 5
 Aguda: traz uma resposta orgânica protetora para nosso corpo;
▪ Quando se mantém por algum tempo ou ocorre de forma repetida, ela deixa de apresentar
vantagens de autodefesa e passa a trazer dano e sofrimento → Dor crônica.
 Neuropática: causada ou iniciada por uma lesão primária ou por disfunção do SNC, ou ainda por
parte do SNP;
▪ Dor do membro fantasma: amputação de um braço ou perna.
 Nociceptiva: ocorre pela estimulação dos nociceptores;
▪ Ativação contínua das vias centrais relacionadas – via ascendente e descendente da dor;
▪ Diversos fatores podem estimular os receptores: estímulos químicos, mecânicos, térmicos (>
45ºC);
▪ Quando ativados ocorre liberação de diversos mediadores químicos: bradicinina, histamina e
serotonina.
❑ Psicogênica: relacionada a fatores psicológicos (depressão e ansiedade generalizada).
▪ Os nociceptores enviam mensagens 6
Dor nociceptiva de dor em impulsos elétricos, ao longo
dos nervos periféricos, que percorrem
Estímulo doloroso a espinha e chegam ao cérebro.

Nociceptores

Nervos periféricos

Medula espinal

Fonte: https://binged.it/3uBsClM acesso abril 2021


Cérebro
Fibras que conduzem os estímulos dolorosos até 7
a medula espinhal......

Fibras C

Fonte: https://binged.it/3s2MsF0 acesso


abril 2021
8
Receptores opioides
✓ Diferentes afinidades
aos ligantes opioides
endógenos e as
drogas opioide
exógenas

✓ Propriedade analgésica
dos opioides é mediada
primariamente pelos
receptores μ
(nocicepção térmica,
mecânica e química)
• Encefalinas são mais seletivas para receptores δ
(delta); ✓ Receptores κ no corno
• Endorfinas tem alta afinidade para receptores μ dorsal também
(mi); contribuem para
• Dinorfinas seletivas para receptores κ (kappa) analgesia→ nocicepção
química e térmica
Fonte: https://binged.it/3bQizl4 acesso fev. 2021
Analgésicos opioides- Indicações clínicas 9

 Dor no pré e pós-operatório;


 Condições dolorosas como cefaleia e dismenorreia;
 Trabalho de parto;
 Traumas em geral;
 Queimaduras;
 Doença terminal (C.A metastáticos);
 Dor neuropática.
10
Agonistas opioides
 Fármacos que atuam como agonistas de receptores opioides:
• Morfina;
• Hidromorfina;
• Oximorfina;
• Metadona;
• Codeína;
• Fentanila;
• Hidrocodona;
• Heroína.
• Têm várias diferenças na afinidade pelo receptor, perfil farmacocinético, vias de
adm. disponíveis e nos efeitos adversos.
Opioides e opiáceos 11

 Morfina é um p.a extraído da Papaver somniferium (papoula-


do-oriente);
 Extração de plantas ou partes com etanol→ TINTURAS:
componentes farmacologicamente ativos das plantas extraídos
com o álcool;
 Principais subst. conhecidas: morfina e codeína → depressoras
do SNC;
 Todas as subst. derivadas do opio – opiáceas;
 Heroína (droga semissintética) : obtida a partir de uma
modificação estrutural da molécula da morfina;
 Opioide: subst. produzidas em laboratório que imitam a ação
dos opiáceos
➢ Metadona
Fonte: LULLMANN, H. et al. Farmacologia: texto e atlas. 7.ed. Porto Alegre: Artmed, 2017 (pág. 17).
Opioides e opiáceos 12

 Fármacos derivados do ópio produzem síndrome de abstinência se


retirados de forma abrupta:
 Náuseas, vômitos, diarreia, câimbras musculares, cólicas intestinais,
lacrimejamento, corrimento nasal → pode durar por até 12 dias.
 Tolerância: o usuário tende a usar doses cada vez maiores para que
possa sentir o efeito;
 Tolerância e dependência química: precauções na prescrição;
 Atualmente as indicações são para pacientes em estado terminal de
C.A;
 Causam depressão generalizada do SNC → depressão respiratória.
13
Morfina
 Principal fármaco opioide presente no ópio bruto→ protótipo do agonista μ
potente;
 Mecanismo de ação: interagem com receptores opiodes nas membranas de certas
células no SNC e tb no TGI e na bexiga.
 Também em receptores κ no corno dorsal da medula espinal;
 Diminui a liberação de subst. P que modula a percepção da dor na medula espinal;
 Inibe a liberação de vários transmissores excitatórios dos terminais nervosos que levam
a estímulos nociceptivos dolorosos;
 Ações: analgesia, euforia, depressão respiratória, depressão do reflexo da tosse, TGI
(diminui a motilidade), sistema cardiovascular;
 Interações farmacológicas: interações de fármacos com a morfina é rara, porém as
ações depressivas são potencializadas pelos fenotiazínicos, IMAOs e ADT.
Mecanismo de ação
14

Fonte: WHALEN, K.; FINKELI, R.; PANAVELIL, T.A. Farmacologia


Ilustrada. 6ª.ed. Porto Alegre: Artmed, 2016 (pág 193).
15
Morfina
 Farmacocinética:
▪ Adm: injeções IM, SC ou IV produzem as respostas mais confiáveis;
▪ Absorção no TGI após adm. oral é lenta → quando utilizada por V.O é
adm. na forma de liberação lenta;
▪ Distribuição: entra rapidamente nos tecidos corporais, incluindo o
feto da gestante. Apenas uma pequena fração atravessa a BHE;
▪ Duração de ação: 4 a 5 horas
▪ Efeitos adversos: pode ocorrer grave depressão respiratória;
Codeína 16

 Indução da analgesia→ analgésico fraco em comparação a morfina;


 Usada para dor moderada;
 Ação analgésica→ Após absorção sofre metabolização no fígado → uma parte da codeína adm é biotransformada
em morfina pela cit. P450;
 Utilizada comumente com paracetamol;
 Atua também como antitussígeno→ diminuição da tosse;
 T ½ vida: 2 a 4 horas;
 Excreção predominantemente na urina;
 Reações adversas: enjoo, sedação, náuseas, vômitos, sonolência, embotamento, letargia, ansiedade, disforia;
 Aumento de dose: ocorrência frequente de constipação;
 Efeitos mais graves: depressão respiratória e cardiovascular → complicações que podem levar a morte;
 Interações medicamentosa: uso com outros analgésicos narcóticos ou com antipsicóticos, ansiolíticos, ou outro
depressor do SNC→ potencializam a depressão do SNC.
17
Outros analgésicos de ação central
 Tramadol: se liga ao receptor opioide μ;
 Fármaco análogo da codeína
 Fármaco sofre extensa biotransformação via cit. P450→ metabólito ativo
com afinidade > pelo receptor μ do que o composto original;
 Dor moderada ou moderadamente intensa;
 Atividade depressora respiratória < que a morfina;
 Naloxona só reverte parcialmente a analgesia provocada pelo tramadol
ou seu metabólito ativo;
 Tem grande absorção por VO, atravessando a BHE e placentária;
 T ½ vida: 6 horas.
18
Oxicodona e oximorfona
 Oxicodona: derivado semissintético da morfina;
• Opioide similar à heroína – aumenta os níveis de DOPA→ sensações de prazer e bem-estar;
• Ativa por VO: formulada com AAS ou paracetamol;
• Efeito analgésico oral é aprox. o dobro da morfina;
• Biotransformada pelo sistema enzimático cit. P450 e excretado pelos rins;
• Superdosagem: depressão respiratória, coma, fraqueza muscular, pele fria e úmida,
bradicardia, hipotensão arterial e morte.
 Oximorfina: analgésico opioide semissintético;
• Potência: via parenteral - cerca de 10X mais potente que a morfina; via oral – cerca de 3X
mais potente que a morfina;
• Disponível em formulações de ação imediata e de liberação estendida;
• Interações medicamentosas: não possui interação com outros fármacos associados ao cit.
P450.
19
Hidromorfona e hicrocodona
 Hidromorfona: análogo semissintético da morfina;
• Cerca de 9 a 10X mais potente que a morfina;
• Ativa por via oral;
• Preferida ao invés da morfina em pacientes com disfunção renal.
 Hidrocodona: análogo semissintético da codeína;
• Ativa por via oral;
• Mais fraco que a hidromorfona;
• Eficácia comparável da morfina;
• Associado a paracetamol ou ibuprofeno quando dor intensa;
• Biotransformada no fígado à vários metabólitos → hidromorfona
20
Diamorfina (heroína)

 Derivada da morfina;
 Atravessa a BHE mais rapidamente que a morfina→
menor adm. de doses VO;
 T ½ vida: 2 horas (< que a da morfina);
 Uso clínico restrito a alguns países como Reino Unido;
 Na maioria dos países o uso foi banido → devido ao
pouco tempo de eficácia prefere-se o uso da morfina.
21
Metadona
 Opioide sintético;
 Eficaz por VO;
 Potência equianalgésica variável comparada à morfina;
 Causa menos euforia;
 Duração de ação mais longa
22
Fentanila
 Opioide sintético;
 100X a potência analgésica da morfina
 Utilizado na anestesia;
 Altamente lipofílica→ inicio rápido de ação e de curta duração (15- 30 min.);
 Adm. via IV;
 Combinada com anestésicos locais para obter analgesia epidural para o parto e a
dor pós-cirúrgica;
 Uso contraindicado em pacientes que nunca utilizaram opioides;
 Em adesivo transdérmico o inicio da ação é retardado por 12 horas e o término é
prolongado;
 Biotransformada em metabólitos inativos pelo cit. P450 → excretados na urina.
Antagonistas opioides 23

 Ligam com alta afinidade aos


receptores opioides → mas não
ativam a resposta mediada pelo
receptor;
 Não produz efeito significativos
em indivíduos normais;
 Pacientes dependentes de
opioides- revertem rapidamente
o efeito dos agonistas (morfina e
outros agonistas de μ);
 Precipitam os sintomas de abstinência
dos opioides.
Fonte: WHALEN, K.; FINKELI, R.; PANAVELIL, T.A. Farmacologia
Ilustrada. 6ª.ed. Porto Alegre: Artmed, 2016 (pág 200).
Naloxona 24

 Utilizada para reverter o coma e a depressão respiratória causados por


doses excessivas de opioides;
 Rapidamente desloca todas as moléculas opioides ligadas ao receptor
→ capaz de reverter efeito da dose excessiva de morfina;
 Dentro de 30s: após adm. IV → a depressão respiratória e coma são
revertidos reanimando o paciente tornando alerta;
 T ½ vida: 30 a 80 min;
• Antagonista competitivo nos receptores δ (delta), μ (mi) e κ (kappa);
• 10x mais afinidade pelos receptores μ do que pelos κ;
• No antagonismo opioide o paciente experimenta a abstinência.
25
Naltrexona

 Ação similar a naloxona;


 Duração de ação mais longa;
 Uma única dose oral bloqueia o efeito da heroína
injetada por até 24 horas;
 Associada a clonidina→ desintoxicação rápida de
opoides;
 Hepatotóxica.
26

Atividade
27
Acesse o site: www.menti.com
 Uma mulher jovem é trazida ao PS. Ela está inconsciente, tem
constrição da pupila e depressão respiratória. Com base em
relatos, é quase certa a superdose com opioide. Qual dos
opioides a seguir apresenta resposta completa e imediata ao
tratamento com naloxona?
 A. Meperidina.
 B. Morfina.
 C. Buprenorfina.
28
Continuação.....
 Uma mulher de 76 anos com insuficiência renal chega à clínica com
dor intensa secundária à fratura por compressão na coluna lombar.
Ela relata que a dor não foi controlada com tramadol, e é decidido
iniciar tratamento com um opioide. Qual dos seguintes é o melhor
opioide para esta paciente?
 A. Meperidina.
 B. Adesivo transdérmico de fentanila.
 C. Hidrocodona.
 D. Morfina.
29

Situação
problema
30

Alexandre, 46 anos, descobriu há 1 ano que está com C.A de estômago. Ele vem se
tratando com quimioterapia e antineoplásicos, porém todo o tratamento não tem sido
eficaz e o C.A vem progredindo. Na última semana recebeu a noticia que o C.A estava
em fase de metástase para o esôfago e sofreu internações constantes. Seguindo o
protocolo vem fazendo uso de analgésico opioide para aliviar dores intensas.
Antes do agravamento ele estava fazendo de codeína porém com o aumento
significativo das dores o médico prescreveu morfina um dos mais potentes opioides para
aliviar dores intensas. Neste dia fez uso habitual da morfina porém utilizou da codeína
também, porém a codeína já tinha sido suspensa pelo médico. Ele apresentou
intoxicação com dificuldade de respiração e diminuição dos batimentos cardíacos.
31

Ele foi levado urgentemente ao hospital,


onde todo o suporte necessário na
intoxicação foi realizado. Será possível
reverter o quadro de intoxicação por
opioides???

Fonte: https://binged.it/3te0Awy acesso abril 2021


32
Neste caso oque é possível ser feito?

 Acesse o site: www.menti.com


 Código:
Resolvendo.... 33
Associação de CODEÍNA + MORFINA →
INTOXICAÇÃO POR OPIODES

Depressão respiratória e cardíaca de


leve a moderada

Administração de Naloxona

• Antagonista de receptor opioide→ capaz de impedir a ação de opioides já adm.


(codeína + morfina).
34

Perguntas?

ENVIE SUAS
PERGUNTAS!!!!

Você também pode gostar