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Grupo: Andressa Santos de Amorim;

Bárbara Moreira Souto;


Camilly Vitória Brito Lúcio;
Eurico Herberth Rocha Chaves;
Luanne Ribeiro Oliveira;
Maria Gabriela de Souza Santos;
Marjore Aparecida Santos Batista;
Paulo Henrique Santos Bonfim;
Renan Menezes Queiroz;
Ruan Teixeira Rocha;

Opioides- Resumo

Introdução
Um opiáceo é uma substância derivada do ópio, enquanto um opióide não é uma substância
derivada do opióide, mas que interage no receptor opioide.

Receptores Opióides
Foram identificados definitivamente três tipos de receptores opióides:
● Morfina (mu)
● Cetociclazocina (kappa)
● Ducto deferente (delta)
● Sigma(s)
● Epsilon(e)
É importante dizer que os antagonistas do receptor N/OFQ [NOP] produzem analgesia e
poderão constituir um alvo para o futuro desenvolvimento de analgésicos ou analgésicos
adjuvantes.
Um agonista completo produz aumento dependente da dose no efeito até que a
estimulação máxima seja alcançada pelo receptor. Um agonista parcial produz um aumento
dependente da dose no efeito, porém alcança um platô em um efeito máximo menor do
que um efeito máximo de um agonista completo.
Um antagonista liga-se a um receptor com alta afinidade, mas não produz efeito, porém
inibe a ligação dos agonistas ( endógenos e exógenos).
Os antagonistas dos receptores opióides são considerados competitivos, com base na sua
falta de atividade intrínseca e na capacidade dos agonistas em altas concentrações de
superar o seu efeito para produzir um efeito máximo.
A potência do opióide descreve a dose relativa necessária para produzir uma resposta, mais
comumente analgesia para os opióides.
Os receptores opióides estão localizados em todo o corpo, incluindo o cérebro, a medula
espinal, a zona de gatilho quimiorreceptora, o trato gastrintestinal, a sinóvia, o trato
urinário, os leucócitos e o útero, entre outros tecidos.
Farmacocinética
A farmacocinética descreve o que o corpo de um animal faz com um fármaco. Seus estudos
são úteis para estimar a velocidade e grau de absorção de um fármaco, as concentrações
plasmáticas obtidas com determinada dose administrada, a espécie ou a população de
pacientes, a permanência do fármaco após a administração de uma dose e, algumas vezes, a
possibilidade de interações medicamentosas.
 Absorção
Os opióides são compostos lipofilicos, de modo que tipicamente são absorvidos quando
administrados por via intramuscular (IM), subcutânea (SC) ou oral (VO). Entretanto, a
administração por via oral resulta em metabolismo de primeira passagem substancial no
caso de muitos opióides, e, em consequência, esses fármacos geralmente apresent baixa
biodisponibilidade oral e podem não ser tão efetivos quando administrados por essa via nas
doses padrões.
Já as vias intramuscular e subcutânea tendem a sofrer rápida absorção e a apresentar alta
biodisponibilidade. A não ser que sejam usadas formulações de liberação prolongada, não
se deve esperar tipicamente um efeito prolongado com a administração por via
intramuscular ou subcutânea.
 Distribuição
Os opióides são compostos lipofílicos, assim são capazes de sofrer difusão em todo o corpo.
O principal local de efeito dos opióides é o sistema nervoso central (SNC) para analgesia,
efeitos antitussígenos e sedação. Os opióides de maior utilidade clínica penetram bem no
SNC, porém a bomba de efluxo de glicoproteína P (um transportador ativo) pode transferir o
fármaco absorvido do SNC de volta à rede vascular, limitando, em parte, os efeitos centrais.
Foi demonstrado que a morfina, a metadona, a fentanila, a buprenorfina e a oxicodona nos
seres humanos e roedores constituem substratos da glicoproteína P, porém não foi relatada
a extensão de seu transporte pela glicoproteína P canina. A distribuição também é afetada
pelo fluxo sanguíneo regional relativo nos tecidos e órgãos. A administração intravenosa de
um bolus resulta em concentrações plasmáticas mais altas no final da dose de bolus, em
seguida, as concentrações plasmáticas declinam rapidamente, devido ao metabolismo e à
excreção do fármaco e à transferência do fármaco do plasma para dentro dos tecidos
(redistribuição). Essa redistribuição pode desempenhar um papel mais significativo do que o
metabolismo no término dos efeitos de alguns anestésicos e analgésicos no SNC. Do ponto
de vista clínico, o fenômeno resulta em perda do efeito (devido à saída do fármaco do SNC)
mais rapidamente do que o previsto pela sua meia-vida de eliminação.
 Metabolismo
A maioria dos opióides sofre extenso metabolismo em espécies de mamíferos, podendo
sofrer metabolismo de fase I e/ou de Fase II, dependendo do fármaco específico e da
espécie. A maioria das espécies metaboliza a morfina por conjugação com glicuronídeo de
Fase I a morfina-3-glicuronídeo, porém, o gato, apresenta deficiência relativa de alguns tipos
de glicuronidase, ainda elimina rapidamente e de modo eficiente a morfina por conjugação
com sulfato. Em geral, os metabólitos opióides são menos potentes (ou pode ocorrer perda
completa da atividade) do que o fármaco original. Existem poucas interações
medicamentosas relatadas em animais, porém o cloranfenicol pode diminuir
significativamente o metabolismo da metadona em cães.
 Eliminação
Os opióides tipicamente são metabolizados antes de sua eliminação nos mamíferos, embora
possa ocorrer alguma excreção do fármaco original na urina ou nas fezes. Em geral, os
metabólitos opióides são mais hidrossolúveis e, com frequência, são eliminados na urina,
todavia, também podem ser eliminados nas fezes por secreção biliar.

Efeitos clínicos dos opióides

 Variabilidade dos efeitos


Embora os efeitos e as doses comuns de opioides sejam rotineiramente citados, é
importante reconhecer a grande variabilidade de seus efeitos em uma população de
pacientes. Essa variabilidade pode ser devida a diferenças farmacocinéticas e
farmacodinâmicas individuais, bem como a qualquer uma de várias outras diferenças
ambientais, comportamentais, genéticas, sexuais e de raça, passíveis de alterar a resposta
do paciente. A dose de um opióide deve ser titulada para cada paciente específico, sendo as
doses recomendadas apenas usadas como diretriz ou ponto de partida. Se o paciente ainda
apresentar dor após a administração da dose, pode ser necessário aumentá-la, ou pode ser
necessário reduzir o intervalo entre as doses, assim como, se houver efeitos adversos (p.
ex., sedação profunda), porém a analgesia for adequada, a dose pode ser reduzida, ou o
intervalo entre as doses pode ser aumentado.
 Tolerância, dependência e abstinência:
A tolerância refere-se à perda de potência in vivo de um fármaco ou terapia com o passar
do tempo. A tolerância seja um fenômeno bem reconhecido da administração de opioides
em seres humanos, não está tão bem reconhecido clinicamente em pacientes veterinários.
A dependência de substâncias nos seres humanos pode ser física ou psicológica. Embora a
dependência psicológica em espécies veterinárias pareça ser rara ou inexistente, pode
ocorrer dependência física, embora pareça ser menos comum do que nos seres humanos.
Os sinais de abstinência consistem em letargia, anorexia, náuseas, vômitos, agressão,
contrações e fraqueza musculares. Cães aos quais são administrados agonistas opioides µ
por períodos de 7 dias ou mais podem exibir sinais de abstinência de opioides se não
receberem um fármaco capaz de reverter os efeitos opioides µ (i. e., agonistas µ parciais,
combinações de antagonista µ/agonista κ ou antagonistas µ.
 Efeito da dor sobre a resposta aos opioides:
Muitos estudos pré-clínicos de opioides são conduzidos em animais saudáveis sem dor de
ocorrência natural, embora o efeito produzido pelos opioides em um paciente clínico com
dor de ocorrência natural possa ser diferente. A presença de dor pode diminuir alguns dos
efeitos indesejáveis dos opioides em animais.
Analgesia:
A indicação mais comum para a administração de opioides é o controle da dor (i. e.,
hipoalgesia ou analgesia). A morfina é considerada o protótipo dos opioides analgésicos. Os
opioides (µ, κ e δ) diminuem a liberação dos neurotransmissores excitatórios e
hipopolarizam os nociceptores, resultando em diminuição da transmissão na medula
espinal. Foram descritos efeitos supraespinais dos opioides (p. ex., analgesia, sedação,
alteração da termorregulação e depressão respiratória) com microinjeção de morfina em
vários locais do cérebro.
As doses analgésicas sistêmicas de opioides são mais efetivas para diminuir a dor
transmitida por nociceptores das fibras C (nervos não mielinizados de condução lenta,
associados a dor surda contínua) do que pelas fibras A-δ (nervos mielinizados de condução
rápida, associados a dor aguda distinta).
O uso de doses muito altas de opioides por si sós habitualmente não é satisfatório para
produzir anestesia cirúrgica em cães e gatos, embora as doses clinicamente recomendadas
possam resultar em efeitos de preservação anestésica significativos na maioria das
situações.
 Sedação e excitação:
Os opioides produzem sedação dependente da dose quando administrados isoladamente;
entretanto, podem produzir sedação mais profunda quando associados a outros sedativos,
como fenotiazinas e agonistas dos receptores α2-adrenérgicos. A administração por via
intravenosa rápida de opioides produz altas concentrações inicialmente, mesmo em doses
clinicamente apropriadas, e pode provocar excitação transitória em qualquer espécie. Em
geral, a excitação ocorre em poucos minutos, porém é frequentemente de curta duração.
Por outro lado, a disforia pode durar por várias horas e pode incluir hipersensibilidade,
debater-se, ataxia e vocalização.
Os opioides em doses altas (supraterapêuticas) administrados a gatos e equinos também
podem produzir excitação semelhante àquela observada em cães, cuja duração pode se
estender por várias horas.
Outra manifestação da neuroexcitação induzida por opioides em equinos consiste em
atividade locomotora aumentada. Os equinos aos quais são administrados agonistas
opioides µ exibem padrões de andadura e serpear característicos. Os agonistas-antagonistas
opioides também produzem aumento da atividade locomotora, que é frequentemente
acompanhada de ataxia. Foi sugerido um aumento da liberação de dopamina no cérebro
como possível mecanismo para a atividade locomotora aumentada.
 Depressão respiratória
A depressão respiratória causada pelos opioides dependente da dose na maioria das
espécies veterinárias; entretanto, em animais conscientes, a depressão tipicamente alcança
um platô em um nível que não justifica nenhuma intervenção. Durante a anestesia, os
opioides contribuem para a depressão respiratória associada a outros fármacos, por isso o
monitoramento adequado do paciente possibilita a detecção precoce de depressão
respiratória significativa e permite melhor conduta no paciente durante o período
anestésico. A depressão respiratória caracteriza-se por aumento da PaCO2 e é
principalmente mediada por receptores opioides µ supraespinais. A frequência respiratória
pode estar deprimida, porém não resulta em depressão respiratória se o volume corrente
aumentar para manter a ventilação minuto alveolar.
 Efeitos antitussígenos
Os opioides produzem seus efeitos antitussígenos diretamente no centro da tosse no bulbo
por meio de suas ações nos receptores opioides tanto µ quanto κ. Os opioides são
considerados os protótipos dos antitussígenos, e muitos deles são altamente efetivos.
Podem-se utilizar combinações de opioides e benzodiazepínicos como técnica de indução de
anestesia para possibilitar a intubação endotraqueal em certas espécies e ambientes clínicos
e para aumentar a tolerância ao tubo endotraqueal no pós-anestésico e na unidade de
terapia intensiva. Os efeitos antitussígenos são independentes dos efeitos
depressores respiratórios e podem ocorrer sem depressão detectável da respiração. Os
efeitos antitussígenos também são independentes dos efeitos analgésicos.
 Efeitos cardiovasculares
Em animais, os opioides em doses clinicamente relevantes exercem efeitos diretos mínimos
sobre o sistema cardiovascular. É comum a ocorrência de bradicardia em cães, em
consequência de atividade parassimpática aumentada mediada centralmente em neurônios
que inervam o coração; todavia, a administração de antimuscarínicos pode bloquear ou
reverter esse efeito. O tratamento com antimuscarínico para elevar a freqüência cardíaca
restaura o débito cardíaco e pode até mesmo aumentá-lo. Os efeitos vasculares dos
opioides são habitualmente mínimos, com ocorrência de aumentos ou reduções mínimas da
resistência vascular sistêmica e pressão arterial. Os efeitos cardiovasculares dos opioides
são mais pronunciados quando administrados concomitantemente com fármacos que
afetam o débito cardíaco e a resistência vascular.
 Náuseas, efeitos eméticos e antieméticos
Os opioides podem produzir efeitos eméticos ou antieméticos, dependendo do opioide, da
dose e da via de administração. Os efeitos eméticos dos opioides ocorrem quando os
receptores dopaminérgicos na zona de gatilho quimiorreceptora são estimulados. O
receptor δ parece estar envolvido no efeito emético, enquanto os receptores µ e/ou κ
podem estar envolvidos nos efeitos antieméticos. A via de administração também parece
influenciar a probabilidade de vômito, e a administração subcutânea ou intramuscular de
opioides tem mais tendência a resultar em vômitos do que a via intravenosa. A
administração prévia de acepromazina reduz significativamente a probabilidade de vômito
induzido por opioides em cães.
 Diâmetro da pupila
Os efeitos dos opioides sobre o diâmetro das pupilas variam entre indivíduos e espécies. Em
geral, cães, coelhos e ratos tendem a exibir miose causada pelo aumento de efluxo dos
neurônios parassimpáticos. Esses neurônios parassimpáticos inervam o músculo esfíncter da
pupila (constritor), levando à contração da íris. Gatos, equinos e ruminantes tendem a exibir
midríase, um efeito que não está totalmente elucidado, mas que provavelmente se deve a
uma resposta estimulada perifericamente e mediada simpaticamente pela liberação de
catecolaminas das glândulas suprarrenais, atuando sobre a pupila. O efeito sobre a pupila
pode ser mascarado pela administração concomitante de fármacos (p. ex., agentes
anticolinérgicos) ou pela liberação endógena de catecolaminas (p. ex., resposta ao estresse
ou dor).
 Motilidade gastrintestinal
Os opioides inibem a liberação dos neurotransmissores modificadores da motilidade,
comprometendo, assim, a coordenação da motilidade e a inibição da motilidade colônica
(morfina) e jejunal (butorfanol). Os principais efeitos dos opioides no trato intestinal
consistem em diminuição das contrações propulsivas, aumento das contrações não
propulsivas (aumentando a absorção de liquido) e diminuição das secreções GI. O efeito
final dessas ações é constipante ou antidiarreico.
Os equinos podem ser mais profundamente afetados, e recomenda-se o monitoramento do
débito e da motilidade GI toda vez que forem administrados opioides em mais de uma dose.
A constipação intestinal, o íleo e a obstrução constituem efeitos adversos potenciais dos
opioides em equinos e podem ser clinicamente significativos. Os efeitos inibitórios
gastrintestinais são mais profundos quando os opioides são associados a agonistas dos
receptores α2-adrenérgicos.
 Efeitos no trato urinário
O efeito específico de um opioide sobre a função do trato urinário depende do fármaco e
dos receptores aos quais ele se liga. Os agonistas opioides administrados por via epidural ou
intratecal podem causar vários graus de retenção urinária, devido a diminuição da
contração do músculo detrusor mediada por receptores opioides espinais, aumento do
tônus dos esfíncteres urinários e inibição da micção.
Os efeitos urodinâmicos dos opioides epidurais são reversíveis com a administração
sistêmica de naloxona. Os agonistas opioides µ diminuem a produção de urina. Por outro
lado, os agonistas opioides κ aumentam a produção de urina, resultando em uma resposta
diurética, devido à liberação diminuída de AVP.
 Termorregulação
Os opioides parecem interagir diretamente com neurônios na área pré-óptica do
hipotálamo anterior, alterando o ponto de ajuste temorregulador e as respostas
compensatórias. A hipotermia está associada a recuperação prolongada da anestesia, o que
pode ser prejudicial em situações específicas. Foi também observada a ocorrência de
hipertermia após a administração de opioides a gatos, equinos, suínos, caprinos e bovinos.
 Efeitos sobre o sistema imunológico
Os efeitos dos opioides sobre o sistema imunológico parecem depender do fármaco, da
dose e da duração. Acredita-se que exista uma complexa interação do sistema imune, o
sistema endócrino e o sistema nervoso autônomo. Os opioides foram associados a efeitos
tanto imunoestimuladores quanto imunossupressores.
 Efeitos de redução da concentração alveolar mínima
Os opioides são capazes de reduzir a concentração alveolar mínima (CAM) dos anestésicos
inalatórios, um fenômeno que depende da espécie, da dose e dos receptores opioides. Em
geral, os opioides que atuam como agonistas totais principalmente nos receptores opioides
µ (p. ex., morfina, fentanila) são os que produzem a maior magnitude de efeitos de
preservação dos anestésicos inalatórios, em comparação com agonistas parciais
(buprenorfina) ou agonistas-antagonistas (butorfanol). Os cavalos e os gatos aos quais são
administrados opioides sistêmicos exibem um efeito poupador de anestésico inalatório
comparativamente menor em relação aos cães, e um estudo não conseguiu demonstrar
qualquer efeito poupador de anestésico em gatos que receberam infusões de remifentanila
com até 75 vezes a concentração efetiva analgésica.

Agonistas opioides

 Morfina
A morfina ainda é amplamente usada em medicina veterinária, em virtude de sua
segurança, eficácia, tolerabilidade e relação custo-eficácia. A morfina produz seus efeitos
principalmente como agonista opioide µ completo; entretanto, doses mais altas também
podem resultar em efeitos agonistas no receptor κ. A morfina é efetiva para a dor leve a
intensa em espécies de mamíferos veterinários, e doses crescentes produzem efeitos
analgésicos crescentes. Por exemplo, uma dose única de 0,25 mg/kg IM pode ser efetiva
para alívio da dor pós-operatória após a remoção de lipoma subcutâneo em um cão, porém
pode ser necessária uma dose de 1 mg/kg IM a cada 2 h para controlar a dor pós-operatória
imediatamente após ablação total do meato acústico. A avaliação da dor do animal é
essencial. A morfina é menos lipofílica (coeficiente de partição octanol/água de
aproximadamente 1,2), tornando-a um opioide ideal para administração em injeção
epidural única, proporcionando analgesia duradoura por até 24 h.
 Oximorfona
A oximorfona é um opioide sintético, que produz seus efeitos como agonista opioide µ
completo. A oximorfona é mais potente do que a morfina. Os efeitos da oximorfona
assemelham-se aos da morfina, porém ela tende a produzir menos náuseas e vômitos
quando administrada em doses equianalgésicas e não provoca comumente a liberação de
histamina quando administrada por via intravenosa. A duração do efeito da oximorfona
aproxima-se àquela da morfina. A oximorfona pode ser administrada por via intravenosa SC
ou IM a cães, com uma faixa posológica relatada de 0,05 a 0,2 mg/kg. A oximorfona VO tem
pouca biodisponibilidade, de modo que esta não constitui uma via efetiva de administração
para espécies veterinárias.
 Hidromorfona
A hidromorfona é um agonista opioide µ completo, que produz efeitos muito semelhantes
aos da morfina quando administradas em doses equianalgésicas. É mais potente do que a
morfina, porém a duração de seu efeito é semelhante. A hidromorfona produz liberação
mínima de histamina quando administrada por via intravenosa a cães. Pode ter mais
tendência a causar hipertermia pós-operatória em gatos, em comparação com outros
opioides, porém foi também observada a ocorrência de hipertermia após a administração
de morfina, buprenorfina e butorfanol a essa espécie. A administração subcutânea de
hidromorfona a gatos pode resultar em absorção lenta e longo intervalo. A hidromorfona
pode ser administrada por via intravenosa na forma de bolus (mais de 1 min), infusão ou IM,
porém não se deve esperar que seja efetiva por via oral, em virtude de sua pouca
biodisponibilidade.
 Fentanila
A fentanila é um agonista opioide µ completo, que é muito menos potente do que a
morfina, com curta duração do efeito quando administrada IV (bolus), IM ou SC. A fentanila
resulta em menos náuseas e vômitos do que a morfina e produz um efeito antiemético
predominante. Entretanto, se a administração de fentanila resultar em íleo, podem ocorrer
náuseas e vômitos. Foi relatada a farmacocinética da fentanila IV e SC. A fentanila pode ser
administrada IV na forma de bolus ou infusão, SC ou IM, porém não se deve esperar que
seja efetiva VO, em virtude de sua pouca biodisponibilidade. A fentanila produz dor leve
com a administração por via subcutânea, porém a mistura com bicarbonato de sódio a 8,4%
(1 mℓ de bicarbonato de sódio:20 mℓ de fentanila) elimina a dor durante a injeção. Sua
administração por outras vias além da IV é habitualmente limitada pelo grande volume de
injeção necessário para todos os pacientes, exceto aqueles de menor porte. A duração do
efeito da fentanila administrada IV, SC ou IM é curta, com duração esperada de 30 min a 2
h, dependendo da dose e da via de administração. Por conseguinte, a fentanila é
frequentemente administrada na forma de infusão IV. Está também disponível como
solução trans dérmica aprovada para uso veterinário e discos trans dérmicos aprovados
para uso humano.
 Metadona
A metadona é um agonista opioide µ, com efeitos e potência semelhantes aos da morfina.
Além disso, exerce efeitos como antagonista do receptor N-metil D-aspartato (NMDA), o
que pode torná-la um analgésico mais efetivo do que a morfina para alívio da dor crônica e
refratária, além de diminuir o desenvolvimento de tolerância. Existem dois isômeros ópticos
da metadona (formas D- e L-), ambos os quais se ligam ao receptor NMDA, antagonizando-
o. A farmacocinética da metadona assemelha-se àquela da morfina. A metadona pode ser
administrada IV como bolus (mais de 1 min) ou infusão, SC ou IM; entretanto, a
administração por via subcutânea ou IM repetida pode resultar em irritação ou lesão
teciduais. Diferentemente dos seres humanos, a metadona apresenta baixa
biodisponibilidade oral na maioria das espécies veterinárias, de modo que não se deve
esperar que o fármaco seja efetivo quando administrado VO. A metadona é metabolizada
por vias metabólicas inibidas pelo cloranfenicol (e, possivelmente, outros inibidores das
enzimas hepáticas) em cães (e, potencialmente, em outras espécies); por conseguinte,
podem ocorrer efeitos acentuadamente prolongados em animais que recebem tratamento
concomitante com ambos os fármacos. A metadona exibe efeitos sinérgicos quando
associada a alguns agonistas opioides µ, como a morfina. Foi administrada por via trans
mucosa oral a equinos e gatos e parece ser bem tolerada.
 Meperidina
A meperidina (petidina) é um agonista opioide µ. A meperidina e seu metabólito, a
normeperidina (em seres humanos), pode produzir efeitos serotoninérgicos, de modo que
não se recomenda administrar meperidina com outros fármacos serotoninérgicos ou com
inibidores da monoamina oxidase. A normeperidina parece constituir um metabólito menor
em cães. Diferentemente de outros opioides, a meperidina exerce efeitos inotrópicos
negativos é também tem efeitos antimuscarínicos. Foram também demonstrados efeitos
anestésicos locais com a meperidina, que tem sido usada isoladamente para anestesia
regional intravenosa. A meperidina pode ser administrada IV em bolus (durante 2 a 3 min),
SC ou IM, porém a sua biodisponibilidade oral é fraca. As doses típicas de meperidina são de
5 a 10 mg/kg IM, a cada 2 a 3 h, para cães e de 3 a 5 mg/kg IM, a cada 2 a 4 h, para gatos. A
duração do efeito é curta, de 0,5 a 2 h para os efeitos clínicos em cães, porém é
ligeiramente mais longa em gatos (até 3 h). A meperidina causa mais liberação de histamina
do que doses equipotentes de morfina, e a rápida administração de bolus IV pode produzir
efeitos adversos cardiovasculares, além de graves efeitos adversos específicos da espécie.
Nos equinos, foi relatada a ocorrência de hiperestesia, fasciculações musculares e sudorese,
além de efeitos cardiovasculares adversos. A meperidina raramente provoca respiração
ofegante, diferentemente de outros agonistas opioides µ,e mostra-se efetiva na redução
dos calafrios, possivelmente por meio de seus efeitos agonistas dos subtipos de receptores
α2-adrenérgicos.
 Codeína
Clinicamente, é utilizada para tratar tosse, diarréia e dores moderadas, devido sua potência
doze vezes menor que a morfina ou outros analgésicos mais fortes. Ela age como um
agonista dos receptores opioides, ou seja, tem afinidade pelos receptores e se liga
promovendo uma resposta biológica. Este medicamento é contraindicado para o uso em
pacientes que apresentarem hipersensibilidade aos componentes da fórmula do Codein.
Fosfato de Codeína é contraindicado durante a gravidez e lactação.
De acordo com o fabricante, a codeína é um medicamento que requer atenta supervisão
médica, especialmente porque há risco de uso indevido e abuso. O uso prolongado ou altas
doses, sem os devidos cuidados, pode levar à dependência física e/ou psicológica.
 Oxicodona
Oxicodona é um agonista opioide indicado para o tratamento de dores moderadas a
severas, quando é necessária a administração contínua de um analgésico, 24 horas por dia,
por período de tempo prolongado. Oxicodona é a substância ativa de um analgésico opióide
conhecido comercialmente como Oxycontin. Esse medicamento de uso oral é indicado para
dores, uma vez que inibe a transmissão de impulsos dolorosos. A oxicodona é considerada o
remédio mais perigoso do mundo: além de o opioide ser altamente viciante, ele também é
atraente por sua capacidade de anular qualquer dor física e promover
uma sensação agradável de relaxamento e euforia.
 Sufentanila
É indicado como um componente analgésico durante indução e manutenção de anestesia
geral balanceada. - como um agente anestésico para indução e manutenção da anestesia
em pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos de grande porte. Ele é
particularmente útil para procedimentos mais longos e para intervenções mais dolorosas
onde um analgésico potente é necessário para ajudar a manter a boa estabilidade
cardiovascular. também é indicado para administração epidural em anestesia espinhal.  é
contraindicado em pacientes com intolerância conhecida ao medicamento ou a qualquer
outro opioide.
 Alfentanila
Cloridrato de Alfentanila é indicado como analgésico opioide para uso em anestesia geral,
em procedimentos cirúrgicos de curta duração e de longa duração (injeções na forma de
bolus, suplementadas por injeções adicionais ou por infusão contínua).
Devido ao seu rápido início de ação e curta duração de efeito, Cloridrato de Alfentanila é
particularmente útil como analgésico opioide para procedimentos cirúrgicos de curta
duração e cirurgias ambulatoriais. Também é adequado como suplemento analgésico em
procedimentos cirúrgicos de média e longa duração, uma vez que estímulos altamente
dolorosos podem ser facilmente controlados através de pequenas doses suplementares de
Cloridrato de Alfentanila ou pela adaptação do fluxo de infusão.
Os pacientes podem permanecer acordados na presença de adequada analgesia. Nas doses
propostas, Cloridrato de Alfentanila não tem atividade sedativa. Portanto, a suplementação
com um agente hipnótico ou sedativo é recomendável. Cloridrato de Alfentanila é
contraindicado em pacientes com conhecida hipersensibilidade ao Cloridrato de Alfentanila
ou outros opioides em geral.
 Remifentanila
É indicado como agente analgésico na indução e/ou manutenção da anestesia geral durante
procedimentos cirúrgicos, entre eles a cirurgia cardíaca. É indicado também na continuação
da analgesia durante o período pós-operatório imediato, sob estrito controle, e durante a
transição para a analgesia de longa duração.
Cloridrato de Remifentanila é igualmente indicado para promover analgesia e sedação em
pacientes ventilados mecanicamente em unidade de terapia intensiva.
Como a glicina é utilizada em sua formulação, não se deve administrar Cloridrato de
Remifentanila por via epidural nem intratecal.
Cloridrato de Remifentanila é contraindicado para pacientes com reconhecida
hipersensibilidade a qualquer componente da formulação ou a outro análogo de fentanil.
Cloridrato de Remifentanila permanece estável por 24 horas, em temperatura ambiente
(25ºC), após a reconstituição e a posterior diluição entre 20 e 250 μg/mL (50 μg/mL é a
diluição recomendada para adultos e 20-25 μg/ml para pacientes pediátricos maiores de 1
ano de idade).
 Etorfina, carfentanila e tiafentanila
A etorfina e a carfentanila são agonistas opioides altamente potentes, que são
usados para captura e contenção da fauna selvagem e de animais exóticos.
Recomenda-se ter cautela especial quando esses fármacos altamente potentes são
usados, visto que volumes muito pequenos (0,01 mℓ) podem ser letais para os seres
humanos. Esses fármacos só devem ser manipulados na presença de pelo menos duas
pessoas e com disponibilidade imediata de antagonistas opioides adequados (p. ex.,
naltrexona, diprenorfina). Com frequência esses fármacos são associados a outros
fármacos, como antagonistas dos receptores α 2 -adrenérgicos, para produzir sedação
confiável.
Agonistas parciais e agonistas/antagonistas opioides

 Buprenorfina
A buprenorfina é um agonista parcial dos receptores opioides µ,
aproximadamente 25 vezes mais potente do que a morfina. A buprenorfina pode ser
administrada IV em bolus (durante 1 min) ou infusão SC, IM ou, especificamente a gatos,
por via transmucosa oral. A via de administração subcutânea e transmucosa oral para a
buprenorfina em gatos é menos efetiva do que as vias IV ou IM no ambiente
peroperatório.
Seus efeitos assemelham-se aos da morfina, porém a buprenorfina apresenta
eficácia máxima menor em muitos modelos. Entretanto, pode ser mais efetiva do que
a morfina para a dor crônica. Diferentemente da morfina, a buprenorfina parece
produzir menos náuseas e vômitos, embora ainda possam ocorrer. A buprenorfina
pode produzir menos efeitos adversos do que a morfina em gatos. Nos equinos, os
efeitos adversos da buprenorfina assemelham-se àqueles relatados para a morfina.
 Butorfanol
O butorfanol é um antagonista µ para agonista µ parcial e agonista opioide κ
aprovado para uso em algumas espécies veterinárias, como o cão (apenas VO), o gato e o
cavalo, porém a sua aprovação varia entre países. O butorfanol pode ser administrado
como bolus intravenoso (durante 1 min), infusão de velocidade constante e pelas vias
subcutânea e intramuscular.
A biodisponibilidade oral do butorfanol é baixa, e o fármaco não produz de
modo confiável analgesia efetiva por essa via em cães e gatos, apesar de sua
capacidade de produzir efeitos antitussígenos e alguns efeitos sedativos quando
administrado por VO.
O butorfanol é um antitussígeno mais eficaz do que a morfina ou a codeína.
Os comprimidos de butorfanol foram aprovados pela FDA nos EUA como
antitussígenos. Diferentemente da morfina, o butorfanol é um antiemético, que tem
sido usado na prevenção dos vômitos induzidos por quimioterapia. Os efeitos adversos
do butorfanol assemelham-se aos da morfina, porém exibem menos gravidade.
Embora o butorfanol possa, em geral, causar menos disforia em doses clínicas e ter
menos tendência a causar excitação do SNC do que agonistas µ completos em equinos
e gatos, a administração de grandes doses, à semelhança de outros opioides, tem
mais tendência a induzir ataxia, excitação ou disforia.
A administração de butorfanol (0,1 mg/kg IV) a equinos sem dor provoca
aumento da atividade locomotora e redução da motilidade GI; por conseguinte, a
dose total administrada e a presença ou ausência de dor provavelmente contribuem
para o desenvolvimento de efeitos adversos em equinos.
O butorfanol é um substrato da glicoproteína P, e foi especulado que ele
produza sedação que é mais profunda e prolongada em cães que apresentam
mutação do gene MDR1. Embora, nenhum estudo bem planejado tenha sido conduzido,
recomenda-se de modo conservador que os cães heterozigóticos para a mutação
MDR1 recebam uma dose reduzida (de menos 25%), ao passo que, nos cães
homozigóticos para a mutação MDR1, devem-se administrar doses 30 a 50% abaixo
daquelas recomendadas para cães normais.
 Nalbufina
A Nalbufina é um opióide antagonista de µ e agonista de ĸ. A potência, farmacocinética
e a duração do efeito da nalbufina assemelham-se aos da morfina, só que com efeitos
analgésicos menores, pois pode aliviar dores leves e moderadas. Ela possui efeitos adversos
leves, como respiração ofegante, náuseas, vômitos e estimulação do SNC se o fármaco for
administrado rapidamente IV ou em doses altas em equinos; em cães e gatos as doses de
0,25 a 1 mg/Kg são utilizadas IM, SC ou IV.
 Pentazocina
A Pentazocina é um opióide antagonista de µ e agonista de ĸ. Sua eficácia é limitada à
dores leves e moderadas e com duração de efeito de 1 a 3 horas, porém tem efeitos
analgésicos tão prolongados quanto os da morfina (4 horas), ou seja, proporciona analgesia
adequada.

Tramadol

O tramadol é um analgésico de ação central, que produz seus efeitos por meio de vários
mecanismos diferentes. Os cães não produzem quantidades substanciais de O-
desmetiltramadol, e, em consequência, os efeitos analgésicos previstos são, na melhor das
hipóteses, fracos. As concentrações plasmáticas de tramadol após 7 dias de administração
por via oral contínua foram reduzidas para apenas 33% daquelas alcançadas no primeiro
dia, sugerindo mais uma vez que o tramadol possa não constituir uma boa escolha como
analgésico em cães para administração crônica sem monitoramento do paciente e ajuste da
dose. Já os gatos produzem quantidades substanciais de O-desmetiltramadol, e o fármaco
provavelmente é um analgésico efetivo, embora a sua administração oral de rotina seja
difícil em virtude de seu sabor amargo. Também está disponível em solução para injeção em
alguns países. Como a biodisponibilidade do tramadol injetável é maior do que o tramadol
oral, a dose da solução injetável é menor, com uma faixa recomendada de 2 a 4 mg/kg.
Recomenda-se que o tramadol não seja combinado com meperidina, antidepressivos
tricíclicos (amitriptilina, clomipramina) ou inibidores seletivos da recaptação de serotonina
(fluoxetina, paroxetina), devido ao risco da síndrome serotoninérgica. Quanto a toxicologia
do tramadol em cães: A administração oral em dose única de 450 mg/kg não foi letal, nas
doses de 5, 12 e 20 mg/kg VO, a cada 12 h, durante 1 ano apresentaram efeitos adversos
mínimos e nas doses de 25 mg/kg e 60 mg/kg VO,a cada 24 h, durante 6 meses tiveram
efeitos adversos, incluindo vômito e convulsões

Antagonistas dos opioides

Um antagonista de opioide é utilizado para proporcionar a reversão dos efeitos


adversos graves relacionados com os opioides ou em reversão da sedação depois de um
procedimento não doloroso. A duração é mais curta que a do agonista e pode ser necessária
a administração de múltiplas doses. Se ele for administrado em um animal com dor, pode
ocasionar sequelas cardiovasculares adversas, pela dor não aliviada. A utilização da
Nalbufina irá reverter os efeitos opioides µ, mas mantém a analgesia pelo seu efeito
agonista ĸ.
 Naloxona
A Naloxona é um antagonista opioide e atual, principalmente, nos receptores opioides µ,
mas podem, também, agir nos receptores ĸ e δ. Ela pode provocar convulsões, porque
possui algumas ações antagonistas do GABA. Quando administrada em altas doses, pode
levar o animal a sentir dor aguda e a apresentar estimulação simpática associada com
graves consequências. A sua dose, normal, é de 0,001 a 0,04 mg/Kg IV.
 Naltrexona
A Naltrexona é um antagonista opioide nos receptores µ, ĸ e δ. Geralmente, é utilizada para
reverter os efeitos sedativos da carfentanila. Ela possui uma duração superior a Naloxona
em animais selvagens e de zoológicos. E a sua dose deve ser de 100 mg por 1 mg de
carfentanila, com ¼ da dose sendo administrada IV e o restante SC.
 Metilnaltrexona
A Metilnaltrexona é um derivado quartenário da Naltrexona e sua principal indicação é para
o controle dos efeitos adversos no trato gastrointestinal, sem afetar os efeitos analgésicos
centrais.

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