A medicação na reforma deve ser contextualizada politicamente como um instrumento de superação dos aspectos de controle e disciplina na medicina mental, superando a lógica, ainda vigente , de contenção e normalização dos comportamento dos portadores de sofrimento mental Como na equaçã o de Foucalt: Psicofarmacologia= horizonte e possibilidade de despsiquiatrizaçã o= fim do tratamento moral) Antipsicóticos A revolução farmacológica da psiquiatria, se deu basicamente a introdução dos medicamentos psicoterapêuticos, capazes de melhorar consideravelmente o estado de muitos pacientes portadores de acentuadas alterações de diversas funções psicológicas e perda do juíjo da realidade. Até o início dos anos 50, eram muito limitados os recursos de que se dispulha para tratar os doentes psicó ticos, a ú nuica soluçã o era confiná -los em grandes hospitais e asilos de onde muitos podiam mais sair Nos EUA por exemplo, o número de pacientes mentais em nosocômios públicos cresceu regularmente de 462 mil, em 1946, para um máximo de 558 mil em 1955. • A partir desse ano contudo o seu nú mero passou a declinar e em 1967 atingia a marca de 426 mil. • Isto ocorreu apesar das psicoses na populaçã o ter aumentado continuamente durante todo esse período. A utilização desses medicamentos no tratamento das psicoses iniciou-se na França. Em 1952 pesquisadores estudavam novos compostos derivados de uma molécula sintética a fenotiazina, semelhante ao anti-histamínico prometazina. Casualmente um desses derivados fenotiazínidicos, a clorpromazina, produzia no paciente pré-operatório um estado peculiar de indiferença ao ambiente embora o mesmo permanecesse suficientemente alerta para que pudesse conversar com outras pessoas Ainda no mesmo ano, ministraram a clopromazina a pacientes mentais, verificando melhora considerável de muitos sintomas da esquizofrenia. Os pacientes tratados com neurolépticos ficando livres dos distúrbios psicológicos que apresentavam tornam-se abordáveis por outras modalidades de tratamento tais como a psicoterapia, a laborterapia a e orientação social, permitindo que muitos sejam reincorporados ao meio social a familiar. Embora o uso terapêutico dos antipsicóticos não se restrinja a esquizofrenia, ela e a psicose mais especificamente afetada por tais medicamentos. Apesar das diferenças na estrutura química os efeitos farmacológicos dos neurolépticos são semelhantes. Na esquizofrenia eles atenuam ou mesmo eliminam os sintomas positivos, porém não afetam o sintomas negativos. • Na verdade, a indiferença, perda da iniciativa e reduzida expressão causada pelos neurolépticos, mimetizam os sintomas negativos • Dentre os sintomas positivos, a agitação motora é o que corresponde mais rapidamente aos neurolépticos • Em questão de vários minutos a algumas horas os pacientes se acalmam se tornando menos impulsivos e agressivos Já os sintomas psicóticos mais específicos, como alucinações e delírios tendem a desaparecem gradualmente, ao longo de vários semanas de tratamento continuado Os mesmos sintoma ocorrendo em situações diferentes da esquizofrenia como a mania e as psicoses orgânicas ou tóxicas, respondem igualmente bem aos antipsicóticos Além do efeito terapêutico, os neurolépticos causam efeitos colaterais típicos. Os principais efeitos de origem central são os que afetam o sistema extrapiramidal: •Síndrome parkinsoniana •Acatisia •Discinesia tardia E o sistema neuroendócrino •Ginecomastia •Galactorréia •Amenorréia Causam também sonolência e sedação O parkinsonismo é caracterizado principalmente por dificuldade em iniciar movimentos denominada hipocinesia, pela rigidez da musculatura e por tremores de repouso que desaparecem durante o sono. Freqüentemente tem o humor deprimido bem com apresentam dificuldade de mudar de um programa de ação para outro, tanto a nível motor como cognitivo.
Relativamente comum é uma necessidade incontrolável de
movimentação , sobretudo das pernas, denominada acatisia a distonia aguda caracterizada por espasmos musculares da língua face, pescoço e tronco lembrando movimentos convulsivos Tremores periorais, conhecidos como síndrome do coelho Muito grave é a síndrome neuroléptica aguda com consiste de um parkinsonismo intenso, acompanhado de febre e acentuadas flutuações da pressão arterial podendo levar a morte.
Muito preocupante tanto pelo seu caráter irreversível,
como pela ausência s de tratamento eficaz, é uma complicação extrapiramidal que surge em muitos pacientes tratados cronicamente com neurolépticos, denominada discinesia tardia Caracterizada por movimentação repetitiva e incontrolável, principalmente dos lábios da língua, e da mandíbula, podendo , mais raramente afetar o tranco ou os membros A DA é um importante fator de inibição das secreção de prolactina, pois atuando sobre as células secretórias da hipófise anterior refreia a secreção deste hormônio que como ao próprio nome diz estimula a lactação. As drogas antipsicóticas por bloquearem os receptores de DA na hipófise aumentam os níveis de prolactina circulantes resultando na formação do leite, em se tratando de pacientes do sexo feminino , ou seja no sintoma denominado galactorréia
Também em conseqüência deste bloqueio
dopaminégico há a diminuição dos fatores de liberação de hormônios gonadotrópicos no sangue como conseqüente bloqueio da menstruação e da ovulação O parkinsonismo farmacológico causados pelo neurolépticos pode ser atenuado por drogas anticolinérgicas (antimuscarínicas) como a escopolamina, biberideno ou o triexifenidil, as quais por isso são as vezes associadas aos tranqüilizantes maiores. Os neurolépticos atuam também na periferia do organismo,afetando o sistema nervoso autônomo.Assim ,bloqueiam os receptores da acetilcolina,do tipo muscarínico,causando efeitos semelhantes aos da atropina – secura da boca e da pele, midríase e dificuldade de acomodação visual, taquicardia,constipação intestinal e retenção urinária. • Como também bloqueiam alfa- adrenoceptores do tipo 1 causam hipotensã o arterial, manifestando-se principalmente quando o indivíduo se levanta - hipotensã o postural -, acompanhada de taquicardia reflexa. • Os neurolépticos também inibem o vô mito por açã o na zona quimiosensível de dispara, localizada no Bulbo bem como aliviam o soluço incoercível. Quanto a farmacocinética os antipsicóticos geralmente são drogas muito lipossolúveis, tendo assim fácil acesso ao SNC. Após a administração oral são absorvidos de modo irregular e metabolizados em parte na primeira passagem pelo fígado particularmente em indivíduos metabolizadores rápidos. Nestes as doses eficazes são bem maiores. Ao contrário na criança e no velho quando a capacidade de metabolização hepática está reduzida as doses terapêuticas são menores O tratamento da esquizofrenia com neurolépticos é prolongado durando vários meses ou mesmo anos, isto se dá não somente porque a remissão dos surtos de agravamento dá-se lentamente, mas também porque estudos bem controlados mostraram que esquizofrênicos tratados com doses de manutenção, durante os períodos de remissão dos sintomas psicóticos, têm um índice de recaída muito menor que os não tratados. Por esse motivo, e também porque nem sempre o paciente e seus familiares estão em condições de garantir a regularidade da administração do medicamento desenvolveram-se preparações de liberação lenta, que produzem níveis plasmáticos constantes da droga durante uma a três semanas São exemplos os ésteres enantato ou decanoato de flufenazina com efeito de 15 dias Palmitato de pipotiazina com efeito de 4/6 semanas e decanoato de haloperidol com efeito de 4 semanas, que formam um depósito no músculo em que são injetados o liberando letamente o composto ativo na circulação sanquínea. Os neurolépticos mais utilizados hoje, pertencem aos seguintes grupos: Compostos fenotiazídicos, compreendendo a clorpromazina e análogos. Distinguem-se nele, três subgrupo sem função da cadeia lateral substituinte na cadeia do núcleo tricíclico: Os compostos piperazínicos como a trifluoperazina, são os mais potentes, causam menos sonolência ou sedação e efeitos autonômicos menos intensos , determinam, porém sintomas extrapiramidais mais acentuados. • Os piperadínicos, como a tioridazina sã o menos potentes produzindo também menos graus de incapacitaçã o motora. • Finalmente os alifá ticos de cadeia lateral linear como a pró pria clorpromazina, ocupam uma posiçã o intermediá ria entre os dois grupos, quanto a potência clínica e os sinais extrapiramidais que determinam. Compostos tioxantênicos, tais como o clorprotixeno, muito semelhantes estrutural e farmacologicamenteaos fenotiazínico Compostos butirofenônicos, do tipo do haloperidol, com propriedades farmacológicas semelhantes aos fenotiazínicos, do tipo piperazínico Compostos difenilbutilpiperidínico, como o pimozide, que são muito potentes e tem uma ação muito prolongada (vários dias), mesmo após a administração oral. Mais recentimente , surgiram neurolépticos chamados atípicos porqu~e produzem bem menos sintomas extrapiramidais que os clássicos Entre estes salienta-se o derivado bensmídico sulpiride A dibenzoazepínica clozapina, além da olanzapina Neurolépiticos e dopamina Tanto os efeitos terapêuticos como alguns dos principais efeitos colaterais dos antipsicóticos parecem ser mediados por alterações induzidas por essas drogas no funcionamento da neurotransmissão dopaminérgica, Tal como a clopromazia e o haloperidol, todos os neurolépticos atualmente em uso tem em comum a propriedade de antagonizarem competitivamente a dopamina (DA).