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Definição de um antipsicótico

Os antipsicóticos são uma classe de medicação que diminui os sintomas de


alucinações,delírios e desorganização(sintomas psicóticos).

O primeiro antipsicótico descoberto foi a clorpromazina(1951), que possui a fenotiazina


como seu composto químico responsável por esse efeito. A princípio essa droga foi
desenvolvida como uso anestésico, mas logo foi descoberto seu potencial uso nas psicoses

Editado em Barcelona, em 1981, tinha por título ‘El Nuevo rostro de la loucura”, seu
original em francês era bastante diferente “Les dix ans qui ont changé la folie”. O livro
contava a vida do autor como psiquiatra do Saint Anne e seu testemunho das
profundas modificações que a psiquiatria sofreu a parti da entrada da Clorpromazina
no seu arsenal terapêutico

Quem visitasse as enfermarias de pacientes psicóticos em Clínicas, Hospitais e


Unidades dentro de Hospitais Gerais até o começo dos anos 60 (1960) iria encontrar
ambientes semi-destruídos, vidros quebrados, móveis em estado precário, camas de
ferro presas no chão, roupas rasgadas, má higiene e outros problemas advindos da
destrutividade de pacientes psicóticos. Tudo começou a mudar depois da introdução
dos antipsicóticos

Existem diversas doenças que cursam com psicose. Dentre elas, as principais são as do
espectro da esquizofrenia (Esquizofrenia, transtorno delirante persistente, transtorno
esquizoafetivo,transtorno psicótico breve e o transtorno de personalidade esquizotipico).

Na esquizofrenia, os principais sintomas que estão contidos são: os sintomas


positivos(alucinações,delírios e desorganização) .

Os psicóticos podem ser utilizados para outras doenças que também cursam com psicose
mas não são do espectro, da esquizofrenia como: Mania psicótica,demências,psicose
induzida por substância, depressão psicótica).

Além disso, os antipsicóticos também podem ser utilizados para outras doenças que não
cursam como psicose como ansiedade refratária,TAB sem psicose e depressão resistente
ao tratamento, agressividade no transtorno do espectro autista. Isso se deve aos múltiplos
receptores que os antipsicóticos possuem ação no organismo, podendo ter efeito
estabilizador do humor, antidepressivo e hipnótico, dependendo do tipo do antipsicótico.

A designação de antipsicótico atípico é, na verdade, incorreta, visto que esses fármacos


também são usados para o tratamento das fases tanto maníaca quanto depressiva do
transtorno bipolar, como agentes potencializadores para a depressão resistente ao
tratamento e “sem indicação na bula” para vários outros transtornos, como os de
ansiedade, igualmente resistentes
Mecanismo de ação dos antipsicóticos
A redução dos sintomas positivos é feito através do Antagonismo dos receptores de D2 nas
vias mesolímbicas.Porém, esse antagonismo não é específico, e por isso, ocorrem efeitos
colaterais, Além disso, os antipsicóticos, principalmente os atípicos, possuem ação em
muitos outros receptores,em especial o antagonismo do receptor 5HT2A, que divide os
atípicos dos típicos.

A atuação antagonista nos receptores D2 gera diferentes repercussões no organismo de


acordo com a via desses receptores.:

Via mesolímbica - Principal ação terapêutica


A redução dos sintomas positivos é feita, principalmente, através do antagonismo dos
receptores de D2 nas vias mesolímbicas. Portanto, o antagonismo dos receptores D2 nessa
via que contem os sintomas de alucinação,delírio e agressividade dos pacientes com
87yujpsicose.

Na via mesolímbica, o antagonismo de D2 também diminui as respostas do sistema de


recompensa dos indivíduos que tomam antipsicóticos. Esse bloqueio pode mimetizar os
sinais dos sintomas negativos desses pacientes, como apatia,anedonia,alogia,
hipomodulação do afeto e diminuição de interesses e relações sociais,o que funciona como
uma explicação para a elevada incidência de tabagismo e uso abusivo de drogas ilícitas na
esquizofrenia.

Especificamente, há muito tempo, foi aventada a hipótese de que os sintomas


positivos da esquizofrenia tenham seu local de origem em circuitos mesolímbicos
disfuncionais,envolvendo particularmente o nucleus accumbens. Considera-se esse núcleo
parte do circuito de recompensa do cérebro. Assim, não surpreende que problemas
relacionados com a recompensa e a motivação na esquizofrenia possam se sobrepor aos
sintomas negativos e levar ao tabagismo e uso abusivo de substâncias psicoativas e de
álcool, além de estar ligados a essa área do cérebro

Via nigroestriatal - Responsáveis pela Sindrome


extrapiramidal
Na via nigroestriatal, o antagonismo de D2, gera efeitos semelhantes ao distúrbios de
Parkinson como acatisia(movimentos para o lado), tremores e tensão interna. Após 2 anos
do uso, podem apresentar Discinesia tardia, que são movimentos involuntarios com
protusão da língua.Uma complicação rara, porém fatal, denominada “síndrome neuroléptica
maligna”, associada a rigidez muscular extrema, febre alta, coma e até mesmo morte, e
possivelmente relacionada, emparte, com o bloqueio dos receptores D2 na via
nigroestriatal, também ocorre, às vezes, com o uso de agentes antipsicóticos convencionais
Via mesocortical
Na via mesocortical pode gerar declínio cognitivo e sintomas negativos.Porém, ainda é uma
teoria em fase de comprovação.

Muitos pesquisadores acreditam que os sintomas cognitivos e alguns sintomas negativos


da esquizofrenia possam ser atribuídos a um déficit da atividade da dopamina nas
projeções mesocorticais para o córtex pré-frontal dorsolateral enquanto os sintomas
afetivos e outros sintomas negativos da esquizofrenia resultariam de um déficit da atividade
dadopamina nas projeções mesocorticais para o córtex pré-frontal ventromedial

Via Tuberofundibular
Os receptores de dopamina D2 na via DA tuberoinfundibular também são bloqueados
pelosantipsicóticos convencionais, o que provoca elevação das concentrações plasmáticas
de prolactina,uma condição denominada hiperprolactinemia, que está associada a
amenorreia e anovulação, estando associada a infertilidade.

Cortex pré frontal e os sintomas negativos da


esquizofrenia
O córtex pré-frontal é considerado ponto-chave dos circuitos cerebrais disfuncionais
responsáveis pelos sintomas remanescentes da esquizofrenia: especificamente, o córtex
pré-frontal mesocortical e o córtex pré-frontal ventromedial com sintomas negativos e
sintomas afetivos; o córtex pré-frontal
dorsolateral com os sintomas cognitivos; e o córtex orbitofrontal e suas conexões com a
amígdala, com os sintomas agressivos e impulsivos.

TIpos de antipsicóticos
Existem dois tipos de antipsicóticos: Convencionais ou de primeira geração e os de
segunda geração ou atípicos.

Apesar de alguns antipsicóticos de primeira geração ainda serem utilizados como o haldol e
a clorpromazina, o uso dos de segunda geração é imensa maioria hoje, e o foco do resumo
será principalmente nele.

Convencionais ou de 1 geração
Os antipsicóticos de primeira geração foram os primeiros a serem desenvolvidos, sendo a
carbamazepina o pioneiro. Apesar de possuírem boa resposta no antagonismo dos
receptores D2, esses antipsicóticos fazem sintomas extrapiramidais e pró lactomia, sendo
menos utilizados hoje na prática clínica.
Além do antagonismo D2, os antipsicóticos de primeira geração podem possuir efeito
antagonista de H1, anticolinérgico e alfa 1 dependendo do tipo de antipsicótico.

O haloperidol, um antipsicótico convencional popular, tem relativamente pouca atividade de


ligação anticolinérgica ou anti-histamínica, porém possui uma ação mais potente em D2 e é
denominado antipsicótico de primeira geração incisivo.

Enquanto a clorpromazina, o antipsicótico convencional clássico,apresenta potente ligação


anticolinérgica e anti-histamínica, e uma menor afinidade D2 e é denominado sedativo,
devido as ações sedativas dos receptores histamínicos e colinérgicos quando bloqueados.

Os fármacos de primeira geração que possuem mais ação anticolinérgica são os que
possuem menos ação extra-piramidal e vice-versa. Nesses fármacos que não possuem
ação anticolinérgica forte, pode-se associar um anticolinérgico para reduzir os sintomas
extrapiramidais.

Tipos de fármacos de primeira geração


Os fármacos de primeira geração podem ser divididos de acordo com a sua potência e sua
ação em outros receptores. Os de baixa potência são os que tem menos especificidade e
atuam em outros receptores. Já os de alta potência ou incisivos são mais específicos e mais
potentes.

Sedativos,baixa potência em D2
São os fármacos com ação anticolinérgica,h1 e anti alfa 1 que contribuem com os efeitos
sedativos.

Os principais fármacos dessa classe são:


○ Clorpromazina(amplictil)
○ Neozine
○ Prometazina(fenergam)
Os agentes de baixa potencia apresentam maiores propriedades anticolinérgicas, anti-
histamínicas e antagonistas α1 do que os fármacos de alta potência e são, provavelmente,
mais sedativos em geral

Alta potência ou incisivos

Os fármacos de alta potência de primeira geração não possuem grande afinidade pelos
receptores sedativos(alfa 1,h1 e M1).

O principal fármaco dessa classe ainda utilizado é o Haloperidol ( haldol) que pode ser
administrado injetável(1x mês) ou comprimido(diário).

Atípicos ou segunda geração.


Os antipsicóticos atípicos sao indicados para:
● Esquizofrenia e Transtorno esquizoafetivo
● Mania psicótica e não psicótica
● Depressão psicótica,não psicótica bipolar e unipolar

Os antipsicóticos atípicos de segunda geração são efetivos para os sintomas positivos da


esquizofrenia e na mania psicótica, bem como na depressão psicótica, sendo também
efetivos na mania não psicótica, na depressão bipolar ena depressão unipolar. Esses
mesmos antipsicóticos atípicos de segunda geração mostram-se
efetivos, ainda, para o espectro de sintomas do transtorno esquizoafetivo

Os antipsicóticos atípicos são os novos antipsicóticos que apresentam menos efeitos


colaterais, principalmente extrapiramidal, quando comparados aos antigos.

Porém, muitos dos antipsicóticos atípicos possuem efeitos colaterais predominantemente


metabólicos, como obesidade, dislipidemia, DM que aumentam a mortalidade,
principalmente coronariana desses pacientes.

O antipsicótico ideal ainda está em desenvolvimento. As principais características devem


ser: Criar um equilíbrio da ação agonista/antagonista de dopamina para ter alta eficiência
contra sintomas positivos,e ao mesmo tempo ausência de efeitos colaterais como o
SEP(extrapiramidal), complicações metabólicas,sintomas gastrointestinais,prolactina e
sedação. Além disso, deve combater sintomas negativos da psicose e ter alta tolerabilidade.

As evidências apontam para fármacos com ação potente antagonista principalmente nos
receptores D2/5TH2A e ação agonistas parcial nos receptores 5HT1A. Além disso, não
devem bloquear os receptores muscarínicos,histamínicos e adrenérgicos para evitar
sintomas colaterais como sedação,constipação,distúrbios metabólicos como obesidade e
dislipidemia,hipotensão ortostática.Porém, hoje em dia, os fármacos(clozapina,olanzapina)
com melhor ação nesses receptores(D2/5HT2A e ação agonista em 5HT1A possuem
também alta afinidade pelos receptores muscarínicos, histamínicos e adrenérgico

Evidências farmacológicas sugerem que os melhores resultados a longo prazo na


esquizofrenia são obtidos quando a ocupação adequada dos receptores D2/5HT2A/5HT1A
melhora os sintomas positivos da psicose, e não da sedação inespecífica em consequência
do bloqueio dos receptores muscarínicos, histamínicos e adrenérgicos.

Para estudarmos os antipsicóticos atípicos, a divisão do resumo a partir de agora será.


● Divisão dos antipsicóticos atípicos( pina, dona, …)
● Tipos de receptores que os antipsicóticos podem atuar e seus respectivos efeitos
● Principais antipsicóticos e suas funções.
● Princípios para a transição de antipsicóticos na prática clínica.

Tipos de antipsicóticos atípicos


Os antipsicóticos atípicos podem ser divididos de acordo com o seu sufixo em:
● Pina( Clozapina,Quetiapina,Olanzapina e Asenapina)
○ Mais potentes, mais sedativos e com mais efeitos colaterais metabólicos.
● Dona ( Risperidona,Ziprasidone Lurasidone)
● pip e rip ( Aripiprazol,Bexipripasol, Cariprazina)

Essa classificação é importante para facilitar o entendimento da ação dos antipsicóticos,


visto que as classes possuem afinidade semelhante por determinados receptores. Como
veremos mais adiante.
Tipos de receptores que os antipsicóticos podem atuar

Apesar de todo antipsicótico ter em comum a ação antagonista nos receptores D2, Cada
antipsicótico seja atípico ou de 1 geração, tem a sua particularidade.

Basicamente, os receptores alfa 1,M1 e H1 tem ação sedativa e metabólica, os receptores


alfa 2 tem efeito antidepressivo, e os diversos receptores serotoninérgico podem ter
diversas funções como: diminuição dos efeitos colaterais de SEP,antidepressivo,ação
ansiolítica, ação pró cognitiva e regulação do ritmo circadiano.

Veremos cada um desses receptores separadamente junto aos fármacos que mais atuam
neles.
Receptores serotoninérgico

5HT2A - Todos os pina e os dona

A ação nesse receptor que faz um antipsicótico ser denominado ´´atipico``.

Possuem ação inibidora da liberação de dopamina no estriado. Por isso, ao inibir o 5HT2 os
antipsicóticos atípicos aumentam a liberação de dopamina no estriado, diminuindo os
sintomas extrapiramidais

O resultado dessa liberação de dopamina é que ela compete com antagonistas dos
receptores D2 no estriado, nos quais reduz a ligação aos receptores D2 para menos de
80% a mais de, provavelmente, 60%, uma diminuição suficiente para eliminar os sintomas
extrapiramidais (Figura 5.18B). Esta é a hipótese mais frequentemente apresentada para
explicar o mecanismo das propriedades clínicas mais importantes dos antipsicóticos
atípicos, isto é, redução dos sintomas extrapiramidais (SEP) com ações antipsicóticas
comparáveis.

Essa liberação de dopamina pela inibição de 5HT2A é seletiva na via nigroestriatal e na


tuberoinfundibular, enquanto não ocorre na mesolímbica, o que explica efetividade
antipsicótica, diminuindo sintomas extrapiramidais e de galactorreia

Na via dopaminérgica nigroestriatal e na via dopaminérgica tuberoinfundibular, ocorre


liberação de dopamina suficiente pelos antipsicóticos atípicos para reverter, em parte, as
ações indesejadas dos SEP e da hiperprolactinemia. Isso não parece ocorrer na via
dopaminérgica mesolímbica, pois as ações antipsicóticas dos antipsicóticos atípicos são
exatamente tão eficazes quanto as dos antipsicóticos convencionais, presumivelmente
devido a diferenças regionais no modo pelo qual os receptores 5HT2A podem ou não
exercer um controle sobre a liberação de dopamina

Agonistas parciais 5HT1A Clozapina,olanzapina,quietiapina


agonista parcial -> Aumenta a liberação de dopamina no estriado diminuindo SEP e
também diminui ação hiperprolactanemia

Ação antidepressiva

Ação anti maníaca

As ações agonistas/agonistas parciais dos receptores 5HT1A também podem contribuir


para a eficácia anti maníaca
5HT2C -> Clozapina,olanzapina,quetiapine,mirtazapina
Ação antipsicótica com pouca sintomas extrapiramidais
A estimulação dos receptores 5HT2C é uma abordagem experimental para um novo
antipsicótico, pois isso suprime a liberação de dopamina, mais da via mesolímbica do que
da via nigroestriatal

Ação ansiolítica importante( visto que a fluoxetina que tem ação agonista tem ação
ansiogênica nesses mesmos receptores 5HT2C).

Ação antidepressiva

Antidepressivos. Alguns antipsicóticos atípicos têm propriedades antagonistas de 5HT2C


potentes, particularmente os antipsicóticos “pina”, como aqueles com ação antidepressiva
conhecida, como a quetiapina e a olanzapina .

A olanzapina costuma ser associada à fluoxetina para reforçar as ações antidepressivas da


primeira na depressão bipolar e resistente ao tratamento.A fluoxetina não é apenas um
ISRS bem conhecido, mas também apresenta potentes propriedades agonistas de 5HT2C.
Essa ação ajuda na potencia das ações depressiva associado a diminuição da ação
ansiolica do agonismo de 5HT2C.

Esses dois mecanismos podem, cada um deles, reforçar a liberação de dopamina e de


noradrenalina no córtex pré-frontal, o que, teoricamente, está ligado às ações
antidepressivas.

Ação metabólica
Pode fazer ganho de peso, e com efeito pode levar a síndrome metabólica, causando
diabetes,aumento de pressão e dislipidemia.

i. Já a quetiapina tem bom sinergismo com as


drogas que bloqueiam a recaptação de
noradrenalina(buspirona,venlafaxina,reboxetina

5HT3- antagonistas ( Clozapina e mirtazapina(antidepressivo)


O bloqueio dos receptores 5HT3 nos interneurônios gabaérgicos aumenta a liberação de
serotonina, dopamina, noradrenalina, acetilcolina e histamina no córtex e representa uma
nova abordagem para um agente antidepressivo e um agente pró-cognitivo

5HT6

Os receptores 5HT6 são pós-sinápticos e podem constituir reguladores essenciais da


liberação de acetilcolina e dos processos cognitivos. O bloqueio desse receptor melhora a
aprendizagem e a memória em animais de laboratório. Os antagonistas dos receptores
5HT6 foram propostos como novos agentes pró-cognitivos para os sintomas cognitivos da
esquizofrenia, quando acrescentados a um antipsicótico atípico. Alguns antipsicóticos
atípicos são potentes antagonistas dos receptores 5HT6 (clozapina, olanzapina, asenapina)
com relação à ligação aos receptores D2
5HT7
Acredita-se que os novos antagonistas seletivos de 5HT7 sejam reguladores dos ritmos
circadianos, do sono e do humor em animais de laboratório

Ação antidepressiva
É também possível, porém ainda não comprovado, que o antagonismo de 5HT7 contribua
para as ações antidepressivas conhecidas do aripiprazol, particularmente em combinação
com ISRS/ISRN e em associação a seu agonismo parcial de 5HT1A. Isso leva a especular
que a lurasidona, a azenapina, o brexpiprazol e outros antipsicóticos atípicos possam ter
um potencial antidepressivo no transtorno depressivo maior unipolar, particularmente em
combinação com ISRS/IRSN.

Vários Antipsicóticos “pina” e “dona” são potentes antagonistas dos receptores 5HT7, em
comparação com sua ligação aos receptores D2 (à esquerda de D2 para a clozapina, a
quetiapina e a asenapina na risperidona, a paliperidona e a lurasidona.
Outros antipsicóticos “pina”, “dona” e os dois antipsicóticos “pip” e o “rip” também
apresentam afinidades moderadas (à direita na Figura 5.30A, B, C), que são potencialmente
relevantes do ponto de vista clínico.
É plausível, porém ainda sem comprovação, que o antagonismo de 5HT7 contribua para as
ações antidepressivas conhecidas da quetiapina, particularmente em combinação com os
ISRS/IRSN, e em associação a seus outros mecanismos antidepressivos potenciais
discutidos anteriormente para a quetiapina, como inibição do NAT, antagonismo de 5HT2C
e agonismo parcial de 5HT1A.

Receptores sedativos e ansiolíticos

O efeito antagonista colinérgico, histamínico e de alfa 1 são responsáveis pelo efeito


sedativo e ansiolítico presente em alguns dos antipsicóticos de primeira e segunda geração.
Quando uma mesma droga possui afinidade pelos três receptores , a ação é potencializada.

Vantagens e desvantagens do efeito sedativo e ansiolitico


No curto prazo, a sedação é positiva pois pode conter agressividade e agitação. Porém, no
longo prazo pode levar a prejuízos cognitivos

Em alguns casos, particularmente no tratamento a curto prazo, a sedação representa um


efeito terapêutico desejado, em especial no início da terapia, durante a hospitalização e
quando os pacientes são agressivos, agitados ou necessitam de indução do sono. Em
outros casos, principalmente no tratamento a longo prazo, a sedação geralmente constitui
um efeito colateral a ser evitado, visto que a diminuição da ativação, a sedação e a
sonolência podem levar a um prejuízo cognitivo

Antagonismo Anticolinérgico -> Pinas( Clozapina,olanzapina,quetiapina)


Além da ação sedativa e ansiolítica, pode fazer constipação,retenção urinária e boca seca.

Pode quando associado ao antagonismo D2, diminuir os sintomas extrapiramidais na via


nigroestriatal útil principalmente nos antipsicóticos de 1 geração.

Antagonismo Histamínicos - > Quetiapina,olanzapina,iloperidona e clozapina


efeito potente.

Os Outros antipsicóticos tem efeito moderado. Apenas a lurasidona que não tem
efeito nesse receptor.

Além da sedação e ansiolítica, os anti-histamínico também fazem ganho de peso, e com


efeito pode levar a síndrome metabólica, causando diabetes,aumento de pressão e
dislipidemia.

Antagonismo alfa 1 - > Os pina tem potencia elevado e os dona moderada.

Antagonismo Alfa 2 ( clozapina,risperidona,quietiapina,aripripazol e o


antidepressivo mirtazapina

Ação dupla na antidepressão na dupla liberação de serotonina e de noradrenalina(ver


mecanismo no capítulo de antidepressivos).

Principal efeito colateral indesejavel dos antipsicóticos


atipicos.

Deve-se atentar e monitorar quatro fatores nos antipsicóticos atípicos, todos relacionados
com a síndrome metabólica
● Peso
● Dislipidemia
● Glicemia de jejum
● PA

Os antipsicóticos que mais apresentam risco metabólico são:


1. Clozapina e olanzapina - alto risco
2. risperidona, paliperidona, quetiapina, iloperidona (ganho de peso apenas) - >
Moderado risco
3. ziprasidona, aripiprazol, lurasidona, iloperidona -> Baixo risco

Principais antipsicóticos e seus efeitos

Clozapina -> esquizorefratária

A clozapina hoje é a última opção ,ou padrão ouro,no tratamento com antipsicóticos por ser
a mais efetiva e com mais efeitos colaterais das drogas atípicas. Além disso, destaca-se
para conter a violência e agressão mais que outra droga e é o único antipsicótico com
comprovação de redução dos índices de suicidio.
Foi a primeira droga considerada atípica, pois não apresentava sintomas extrapiramidais e
nem elevação da prolactina.

Porém apresenta outros efeitos colaterais como: Riscos de convulsões,sedação


excessiva(M1,HI e alfa 1), pode causar salivação elevada(M1),constipação(M1),ganho de
peso(H1 E 5HT2C). Além disso, causar agranulocitose em 2% dos casos e por isso deve-se
monitorar o hemograma constantemente em pacientes tratados com essa droga e por fim,
demandam um controle metabólico constante do psiquiatra pois apresentam o mais ALTO
risco cardiometabólico entre os antipsicóticos

Olanzapina ( esquizofrenia,bipolar e depressão-associado a fluoxetina

A olanzapina possui potência nos receptores D2 maior que a clozapina. Apesar de possuir
afinidade com os receptores sedativos(M1,HI,ALFA1), sua ação é bem menor que a
clozapina.Assim como a clozapina,Não causa SEP em doses moderadas nem altas.

Está indicada não apenas para a esquizofrenia, mas também para melhorar o humor no
paciente bipolar e para depressão refratária quando associada à fluoxetina.

Possui alto risco cardiovascular também e deve ser segunda linha em pacientes com
síndrome metabólica.Já para pacientes que não ganham peso e que não tem complicações
metabólicas pode ser usado como primeira linha. Além disso,para pacientes
institucionalizados é de grande valia, pois pode-se monitorar mais de perto seus riscos.
Dose vai de 10 a 40mg/dia , podendo passar em pacientes institucionalizados.
Quetiapina - > Psicose,depressão e bipolaridade

A quetiapina é um antipsicótico, antidepressivo e T bipolar.

Possui ações nos receptores D2,5HT1A, 5HT2C, 5HT7 e alfa 2.

A quetiapina possui 3 indicações terapeuticas: antipsicótica,antidepressiva e hipnótica, que


variam de acordo com a sua formulação e dose.A quetiapina possui duas formulações com
indicações terapêuticas diferentes que servem como antipsicóticos,antidepressivo ou como
hipnóticos. A formulação LP tem ação mais constante durante o dia, enquanto a LI atinge
picos logo no início da ação e depois vai caindo(ideal para hipnótico)

A quetiapina como antipsicótico é o Papai Urso de 800 mg, idealmente na formulação LP. A
quetiapina como antidepressivo é a Mamãe Ursa de 300 mg, também idealmente na
formulação LP. A quetiapina como sedativo-hipnótico é o Bebê Urso de 50 mg, idealmente
na formulação LI.

Quetiapina como antipsicótico

A formulação LP é utilizada como antipsicótico pois tem maior duração dos efeitos
antipsicóticos além de possuir menos sedação. Essa formulação pode ser utilizada como
antipsicótico em doses menores (800mg/dia), que é a dose mínima para 60% dos
receptores D2 ficarem bloqueados(limite para efeitos antipsicóticos) por até 24 horas em
que entra com uma nova dose.

Não provoca SEP nem elevação da prolactina, mas possui moderado alto risco
cardiometabólico(risco alto de dislipidemia e resistência à insulina) nas doses antipsicóticas.

Quetiapina como antidepressivo


Em doses menores, de 300mg, a quetiapina pode ser utilizada como antidepressivo em
paciente com depressão unipolar ou bipolar. Além disso, ajuda no sono desses pacientes
pelo seu efeito hipnótico.

Com o decorrer do tempo, os ensaios clínicos realizados demonstraram repetidamente


que, na faixa de 300 mg, a quetiapina apresenta alguns dos efeitos antidepressivos mais
consistentes em comparação com qualquer agente na depressão bipolar.

A explicação para o efeito antidepressivo da quetiapina está em um metabólito produzido


por essa substância. A norquetiapina, bloqueia a recaptação de noradrenalina e atua como
antagonista de 5HT2C, que associado a ação da quetiapina nos receptores
antidepressivos(5HT7,5HT1A e alfa 2) fazem uma ação sinérgica em doses abaixo das
antipsicóticas(300mg/dia)
A quetiapina é aprovada como tratamento da depressão bipolar e como potencializador das
ISRS ou da venlafaxina(IRSN) na unipolar
A quetiapina foi aprovada tanto para a depressão bipolar quanto como agente
potencializador dos ISRS/IRSN na depressão unipolar que não responde suficientemente à
monoterapia com ISRS/IRSN. Desse modo, a combinação da quetiapina com esses outros
antidepressivos na depressão unipolar resistente ao tratamento teria as
ações mono amínicas triplas de aumentar a serotonina (por meio das ações dos
ISRS/IRSN), da dopamina e da noradrenalina (esses últimos dois neurotransmissores
teoricamente por meio das ações antagonistas de 5HT2C da quetiapina/norquetiapina, junto
com o bloqueio do NAT no córtex pré-frontal tanto pela quetiapina quanto pelo IRSN). Além
disso, trataria simultaneamente os sintomas de insônia e de ansiedade por meio de sua
ação anti-histamínica

Quetiapina como hipnótico


Por outro lado, a formulação LI, em uma dose de 50mg, o efeito antipsicótico é breve e
necessitaria doses elevadas de quetiapina para atingir uma durabilidade. Portanto, na
formulação LI os efeitos sedativos predominam e pode ser utilizada como um
hipnótico.Nessa formulação e nessa dose, a afinidade da quetiapina é restrita para os
receptores com mais afinidade(a direita da figura acima), H1 e alfa 1. Ambos possuem
efeito sedativo e a ocupação de H1 diminuir rapidamente diminuindo as chances do efeito
ressaca. Porém, nao é aprovada como hipnótico pelos riscos cardiometabólicos.

Com a formulação LI, quase todos os receptores H1 são bloqueados dentro de


poucos minutos após sua administração oral (Figura 5.50A). Isso aumenta as chances de
um rápido início do sono.Além disso, com a formulação LI, a ocupação dos receptores H1
declina rapidamente, o que diminui a probabilidade de um efeito de ressaca
Risperidona -> Esquizofrenia, bipolar, TEA, demência psicótica

A risperidona é um antipsicótico atípico em doses baixas, e em doses altas, causa SEP.

Está indicado para esquizofrenia, transtorno bipolar, na agressividade no TEA. É a droga de


primeira linha antipsicótica no tratamento da esquizofrenia de 13 a 17 anos e de transtorno
bipolar do 10 aos 17 anos .

A risperidona pode ser tomada de três formas: injetável(a cada 2 semanas), comprimido e
líquida.

A risperidona também está disponível em formulação injetável de depósito de ação longa,


com duração de 2 semanas. Essas formulações podem melhorar a adesão ao tratamento.
Além disso, se a adesão aumentar, podem-se obter melhores resultados a longo prazo.
Dispõe-se, também, de um comprimido de desintegração oral e formulação líquida da
risperidona.

Os receptores mais afetados são nessa ordem:


● 5HT2A
● ALFA 1
● 5H7
● 5HT2C
● H1
A risperidona possui de moderado a alto risco metabólico(ganho de peso, dislipidemia,e
resistência à insulina, eleva os níveis de prolactina. O ganho de peso é um problema
especialmente nas crianças.O risco metabólico se deve a ação nos receptores 5HT2C e H1
e as repercussões metabólicas devido a ação nos receptores alfa 1

Paliperidona

A paliperidona é um metabólito ativo da risperidona com ações semelhantes e algumas


vantagens. Causa menos sedação, hipotensão ortostática e SEP que a risperidona e não
sofre metabolização hepática, sendo excretada no rim diretamente. Além disso, pode ser
administrada 1x por dia, diferentemente da risperidona 2x dia

A melhor dose inicial é de 6 mg de paliperidona, a qual, geralmente, é bem tolerada. Um


aumento para 9 mg a partir da segunda semana de tratamento, no 8o dia ou, até mesmo,
para 12 mg começando na terceira semana de tratamento, no 15o dia, pode resultar em
eficácia ótima.

Asenpina Antipsicótica e anti maníaca.

A asenapina é um dos antipsicóticos atípicos mais recentes

Apresenta estrutura química relacionada com o antidepressivo mirtazapina e compartilha


várias das propriedades farmacológicas de ligação desta última, particularmente o
antagonismo de 5HT2A, 5HT2C, H1 e α2, além de muitas outras propriedades ausentes na
mirtazapina, em especial o antagonismo de D2, bem como ações em muitos outros
subtipos de receptores serotoninérgicos

sso sugere que a asenapina seria um antipsicótico com ações antidepressivas, porém
apenas suas ações antipsicóticas/antimaníacas foram comprovadas

Existem pesquisas ainda tentando comprovar sua eficacia para os sintomas negativos da
esquizofrenia

Um estudo preliminar sugeriu melhor eficácia do que um agente comparativo para o


tratamento dos sintomas negativos, embora esses resultados não tenham sido
reproduzidos.

Aripiprazol
Agonista parcial de D2
agonista parcial de 5HT1A
nao tem ação 5ht2a diferente dos pina e dona
Não faz sedação e tem baixo risco cardiovascular(nao faz ganho de peso,
dislipidemia,resistencia a insulina
Indicado para : mania e esquizofrenia. pode ser usado em adolescentes, irritabilidade no
TEP(6 a 17 anos), depressão resistente ao tratamento em associação com
ISRS/IRSR(venlafaxina).
Limitação no uso de psicose grave- pouco efeito
Transição de um antipsicótico para o outro

Aqui só deixarei alguns princípios da transição de um antipsicótico para outro.

1. Antes de decidir pela troca do antipsicótico, deve-se ter em mente que quanto maior
o tempo utilizando o antipsicótico maior é a sua eficácia, atingindo o pico geralmente
após 33 semanas.

2. Deve-se fazer de tal modo que quando a dose de um antipsicótico aumenta a do


antigo diminui até a sua completa retirada para evitar efeitos colaterais indesejados.
3. A mudança pode ser feita em um intervalo de uma semana. Nessa semana
aumenta-se gradualmente as doses do antipsicótico novo e diminui o do antigo até
sua completa eliminação. Deve-se manter por pelo 1 menos uma semana com o
fármaco novo, até que se considere trocar para uma terceira classe
semelhante ,realizando o mesmo processo(ver imagem abaixo)

4. Quando a mudança é feita por antipsicóticos da mesma classe, a transição é mais


facil.( olanzapina para o clozapina por exemplo). Enquanto a mudança de classes
diferentes, pode gerar mais problemas( risperidona para olanzapina). Quando essa
mudança é feito entre classes, o tempo recomendado muda de 1 semana para 2
semanas. Com exceção da clozapina, que quando é substituida, deve se realizar
essa transição em 4 semanas.

5. É inaceitável a utilização concomitante de 3 antipsicóticos na transição.


6. A última opção do tratamento contra os sintomas positivos é a clozapina
7. A utilização concomitante de dois antipsicóticos ou a combinação entre um psicótico
e um estabilizador do humor ainda é controversa em pacientes que continuam com
agressividade,alucinação e delírio após o uso de clozapina.

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