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Psicofarmacologia

PROFª MS. FLÁVIA SOARES LASSIE


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Bases neurais da
esquizofrenia e
drogas
neurolépticas
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Esquizofrenia
 Tipo de psicose crônica caracterizada por ilusões, alucinações (com
frequência na forma de vozes) e transtornos de fala ou pensamento;
 Início: final da adolescência ou início da vida adulta;
 Ocorre em cerca de 1% da população;
 Transtorno crônico e incapacitante;
 Tem forte componente genético e reflete alguma anormalidade bioquímica
fundamental;
 Possivelmente uma disfunção das vias neuronais dopaminérgicas;
 Diminuição em cerca de 20 a 30 anos;
 Maior prevalência em homens do que em mulheres.
Etiologia da esquizofrenia 4

 Causa definida ainda não é clara →


envolvimento de fatores ambientais e
genéticos;
 Fator genético: parentes de 1º grau;
 Fatores ambientais: infecções virais
durante a gestação (2*Trimestre),
complicações obstétricas, baixo peso ao
nascer;
 Fatores psicológicos: estresse pode
Fonte: https://binged.it/3eR3Nfx acesso maio
precipitar um episódio agudo (não é 2021.
causa fundamental da doença)
DOPAMINA Tirosina L-DOPA Dopamina 5
Tirosina Descarboxilação
hidroxilase

▪ Pode agir em auto receptores que


estão nos neurônios pré-sinápticos
(feedback -) → inibindo a
liberação da DA (depende da
quantidade do neurotransmissor na
fenda sináptica);
▪ Ser recaptada pelos
transportadores de DA ( DAT) e ser
novamente envesiculada.

Esquizofrenia
Doença de Parkinson
Fonte: CELLI, G.B.. Farmacologia dos sistemas. Londrina: Editora e Distribuidora Distúrbio do déficit de atenção
Educacional, 2017 (pág. 162).
Receptores Dopaminérgicos 6
 Existem pelo menos 5 subtipos de receptores dopaminérgicos;
 Tipo D1 e D5: considerados receptores excitatórios (Localizados nos terminais pós-
sinápticos);
 Tipo D2, D3 e D4: receptores inibitórios (Localizados na pré e pós-sinapse).

Neurolépticos ou antipsicóticos
possuem efeitos terapêuticos → ações
em D2

Bloqueio de aproximadamente 80% dos


receptores para eficácia terapêutica
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Teoria dopaminérgica
Fonte:
https://binged.it/3xIVsTN
❑Desenvolvida pelo ganhador do acesso maio 2021.

prêmio Nobel em 2000: Arvid


Carlsson;
❑Evidenciou em experimentos em
animais de laboratório que a
administração de fármacos agonistas
dopaminérgicos (Apomorfina e
bromocriptina) desencadeia
episódios esquizofrênicos agudos;
❑Antagonistas dopaminérgicos são
eficazes em controlar os sintomas da Fonte: https://binged.it/3xJmH0x acesso maio 2021

esquizofrenia.
Sintomas da esquizofrenia 8

Fonte:
https://binged.it/2PLpDsh
acesso maio 2021
Sintomas da esquizofrenia 9

Sintomas + = excesso das funções


normais

Sintomas - = disfunção afetiva, da


socialização, da capacidade de sentir
prazer em atividades e da motivação.
Sintomas positivos 10

 Delírios → tipo paranoide de perseguição e grandeza;

 Alucinações: auditivas, visuais, táteis, olfativas e gustativas;

Fonte: https://binged.it/3ePvcyz acesso maio 2021


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Sintomas negativos
 Alogia;

 Pobreza de autocuidado;

 Anedonia;

 Avolição; Fonte: https://binged.it/3h048Px acesso maio 2021.

 Ausência de demonstrações afetivas e emocionais.


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Atividade
Qual é o possível mecanismo de ação dos 13
antipsicóticos???
 Acesse o site: www.menti.com
 Código:
Fármacos antipsicóticos 14
 Neurolépticos ou tranquilizantes maiores;
 Usados principalmente para trata esquizofrenia, mas também são eficazes em
outros estados psicóticos e estados de mania;
 Medicação antipsicótica: difícil limite entre o benefício de aliviar os sintomas
psicóticos e risco de uma ampla variedade de efeitos adversos perturbadores;
 Não são curativos e não eliminam o transtorno crônico do pensamento;
 Diminuem a intensidade das alucinações e ilusões.

ANTIPSICÓTICOS DE 1ª GERAÇÃO ANTIPSICÓTICOS DE 2ª GERAÇÃO

BAIXA ALTA
POTÊNCIA POTÊNCIA
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Antipsicóticos 1ª Geração
 Antipsicóticos tradicionais, típicos ou convencionais

Inibidores competitivos em vários receptores;


Efeitos antipsicóticos refletem o bloqueio competitivo dos
receptores D2 DOPA.
 São os que mais provavelmente causam transtornos de movimento
conhecido como sintomas extrapiramidais (SEPs);
 * Haloperidol – se liga fortemente aos neurorreceptores da DOPA;
 Transtornos do movimento são menos prováveis com fármacos que
se ligam fracamente – Clorpromazina.
Antipsicóticos 16

Mecanismo de ação
Bloqueio dos
receptores D2
DOPA no cérebro e
na periferia.

Fonte: WHALEN, K.; FINKELI, R.; PANAVELIL,


T.A. Farmacologia Ilustrada. 6ª.ed. Porto
Alegre: Artmed, 2016 (pág. 148).
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Antipsicóticos 2ª Geração
 Antipsicóticos atípicos;
 São os mais recentes;
 Década 1970;
 Têm menor incidência de SEP do que os de 1ªG;
 Mas são associados com maior risco de efeitos adversos
metabólicos (diabetes, hipercolesterolemia e aumento de massa
corporal);
 Atividade: bloqueio dos receptores de 5-HT e DOPA;
 Risperidona, clozapina, sulpirida, olanzapina.
Mecanismo de ação- 2ªG 18

 Maioria dos fármacos de 2ªG parece exercer parte da ação


singular → inibição de receptores de serotonina (*5-HT2A);
 Clozapina: alta afinidade pelos receptores D1, D4, 5-HT2A,
muscarínicos e α adrenérgicos, mas também é um
antagonista fraco no receptor D2;
 Risperidona e olanzapina: bloqueia os receptores 5-HT2A
mais intensamente que o receptor D2;
 Quetiapina: bloqueio de receptores D2 com mais potência
do que os 5-HT2A;
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Antipsicóticos 2ª Geração
 Seleção do fármaco→ usados como tratamento de 1ª escolha
para minimizar o risco de SEP debilitante, associado com os de
1ºG atuam primariamente em receptor D2 de DOPA;
❑ Os de 2ºG exibem eficácia equivalente e ocasionalmente até maior do
que os de 1ªG;
❑ Não foram detectadas diferenças consistentes na eficácia terapêutica
entre os fármacos de 2ªG e a resposta individual do paciente.
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Antipsicóticos 2ª Geração
 Pacientes refratários:
❑ 10 a 20% dos pacientes com esquizofrenia apresentam
resposta insuficiente a todos os antipsicóticos de 1ª e
2ªG;
❑ Clozapina: eficaz com riscos mínimos de SEP;
• Uso clínico limitado devido aos efeitos adversos graves:
supressão da medula óssea, convulsões, efeitos
cardiovasculares (ortostasia), risco de agranulocitose.
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Ações
 Efeitos clínicos: bloqueio dos receptores de DOPA e/ou 5-
HT;
 Porém vários fármacos bloqueiam receptores colinérgicos,
adrenérgicos e histamínicos → responsáveis pelos efeitos
indesejados;
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Ações
 Efeitos antipsicóticos: podem diminuir as alucinações e ilusões
associadas a esquizofrenia (sintomas +)→ bloqueio de receptores
D2;
❑ Sintomas – (falta de afeto, apatia e falta de atenção, déficit cognitivo) → não
respondem ao tratamento com antipsicóticos de 1ªG;
❑ Vários de 2ºG (clozapina) aliviam os sintomas – em alguma extensão;
 Efeitos extrapiramidais: distonias, sintomas tipo Parkinson, acatisia
e discinesia tardia podem ocorrer no tratamento agudo e crônico;
 Bloqueio de receptores de DOPA na via nigroestriatal causam esses
movimentos indesejados;
 2ªG: exibem menor incidência de SEP.
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Ações
 Efeito antiemético: maioria dos antipsicóticos tem efeito
antiemético→ bloqueio dos receptores D2 da zona
quimiorreceptora disparadora bulbar;
 Efeitos anticolinérgicos: (* clorpromazina, clozapina, olanzapina)
→ visão turva, boca seca, confusão e inibição dos músculos lisos
do TGI e urinário (constipação e retenção urinária) → podem
reduzir o risco de SEP;
 Hipotensão ortostática e cefaleia leve: bloqueio de receptores
alfa-adrenérgicos;
 Sedação: com os neurolépticos que são potentes bloqueadores
dos receptores de Histamina H1 (clorpromazina, olanzapina,
quetiapina e clozapina).
Ações 24

Fonte: WHALEN, K.; FINKELI, R.; PANAVELIL, T.A. Farmacologia Ilustrada.


6ª.ed. Porto Alegre: Artmed, 2016 (pág. 149).
Usos terapêuticos 25

 Tratamento da esquizofrenia: antipsicóticos são considerados os únicos eficazes


contra a esquizofrenia;
 1ªG (típicos): mais eficazes em tratar os sintomas +;
 2ªG (atípicos): com atividade bloqueadora dos receptores 5-HT2A podem ser eficazes em
pacientes resistentes aos fármacos tradicionais (* sintomas negativos);
 Prevenção de náusea e êmese: antipsicóticos antigos (* proclorperazina) são uteis
no tratamento da náusea causada por fármacos;
 Tranquilizantes: em comportamentos agitados e inconveniente 2º a transtornos.
❑ Risperidona: aprovada para tratar o comportamento inconveniente e irritabilidade 2ªs ao
autismo
 Transtorno bipolar: tratar a mania e sintomas;
❑ Quetiapina: depressão bipolar, também utilizada como adjuvante aos antidepressivos no
tratamento da depressão refratária.
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Absorção e biotransformação
 Após adm. VO mostram absorção variável que não é
afetada pelo alimento;
 São distribuídos facilmente para o SNC;
 Biotransformados pelo sistema cit.P 450 no fígado;
 Adm. de 1 a 2x ao dia;
 T ½ vida: 15 a 30 horas.
Motores ou
Efeitos adversos dos antipsicóticos extrapiramidais 27

 Neuroendócrinos:
DOPA inibe a liberação
de prolactina;
❑ O bloqueio de
receptores D2→
aumento da
secreção de
prolactina
(galactorreia).

Fonte: WHALEN, K.; FINKELI, R.; PANAVELIL, T.A. Farmacologia


Ilustrada. 6ª.ed. Porto Alegre: Artmed, 2016 (pág. 108).
Efeitos adversos dos antipsicóticos 28

 Discinesia tardia: tratamentos de longa duração podem


causar essa disfunção motora (após meses de uso do
fármaco);
 Condição incapacitante e pode ocorrer de forma irrervesível;
 Aumento do nº de receptores de DOPA – sintetizados como
compensação do bloqueio do receptor por muito tempo
prolongado.
 Síndrome do antipsicótico maligno: reação potencialmente
fatal – rigidez muscular, febre, alteração do estado mental, PA
instável.
Antipsicóticos 29

Fonte: livro didático da disciplina


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Atividade
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Situação problema
 Júlio, jovem de 24 anos, tem mais 4 irmãos....
 Sempre teve aparentemente uma vida normal, estudava, trabalhava e praticava
esportes...
 Recentemente seus pais tem notado um comportamento estranho em Júlio:
desanimo pela vida, já não levanta mais da cama, não sai para jogar bola e nem se
alimenta direito; não tem seus cuidados pessoais (barba por fazer, corte de unhas e
banho)...
 Nos últimos dias tem dito dificuldade para dormir e diz que foi nomeado a presidente
da república, que esteve em Brasília e que recebeu a faixa de presidente do BR.
 Júlio foi diagnosticado com esquizofrenia e desde então vem se tratando com
Haloperidol há 4 anos. O medicamento está causando efeitos extrapiramidais e
família não observou nenhuma melhora dos sintomas de menos valia e autocuidado.
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Oque pode estar acontecendo com Júlio? Oque
podemos sugerir para trazer mais qualidade de
vida a Júlio?
 Acesse o site: www.menti.com
 Código:
ESQUIZOFRENIA 33

Sintomas positivos (Alucinações e


delírio) e negativos (pobreza de
autocuidado)

Haloperidol: melhorou as
alucinações e delírios

Mas por que a medicação apenas ajudou Júlio


no que diz respeito a suas alucinações
e delírios, e não no que diz respeito a sua
aparência e autocuidado?
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 Haloperidol: Antipsicótico típico – Bloqueio de receptores


dopaminérgicos D2.
 Melhoram os sintomas + da esquizofrenia: alucinações, delírios...
 Não tem eficácia contra sintomas - (falta de cuidado com a
aparência...);
 Júlio teria que fazer uso de um neuroléptico atípico para tratar
tanto sintomas + quanto - → melhorar a qualidade de vida.
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Obrigada
!!!

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