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Conferência 8 - Fármacos em Neurologia

- 1 - Doença de Parkinson
Doença de Parkinson → Tratamento Farmacológico
- Mais de 6.3M pessoas em todo o mundo possuem DP (2015);
- Esse número irá dobrar em 2040;
- 1:10 das pessoas portadoras de DP possuem idade inferior a 50 anos.
→ Fisiopatologia:
➔ Acúmulo anormal de ALFA-SINUCLEÍNA;
➔ Deficiência de dopamina via nigroestriatal.

→ Fases da Doença de Parkinson:


- Fase Pré-Clínica ou Prodrômica: ​início da deposição de alfa-sinucleína. Há
predomínio de sintomas não motores.
- Fase Clínica: ​sintomas motores + sintomas não motores.
Obs.:​ Tratamento da Doença de Parkinson → terapêutica contínua.
Obs.: Base do tratamento sintomático e farmacológico → reposição de dopamina
(LEVODOPA)​.

→ Pontos chave do tratamento da Doença de Parkinson:


- Quando iniciar o tratamento​?
- Como?
- Manejo de sintomas não motores
- Terapias modificadoras de doença

➔ Quando iniciar o tratamento​? ​Logo após o diagnóstico!


→ Reposição de dopamina estabilizaria a circuitaria dos núcleos da base;
→ Redução do estresse oxidativo.

Diferentes níveis de gravidade e acometimento funcional da Doença de Parkinson.

→ LEVODOPA: controle motor bastante eficaz.


- Precursor natural da dopamina. ​Deve ser utilizada com um inibidor da enzima
dopa-descarboxilase que inibe a conversão periférica da levodopa em dopamina fora
do Sistema Nervoso Central (SNC).
- Ao entrar no cérebro, a levodopa é convertida em dopamina no receptor
pré-sináptico, liberada na fenda sináptica e absorvida pelos receptores
pós-sinápticos.
- Tratamento mais efetivo. Efeito praticamente imediato.
- Absorção intestinal pode ser prejudicada por dieta rica em proteínas (ingerir o
medicamento longe das refeições).
- Desvantagem do uso da LEVODOPA: visto que há tomadas de vários comprimidos
diários, existe uma pulsatilidade da entrega da levodopa, originando, na fase
avançada, sintomas de flutuação motora e discinesia → Assim, é necessário iniciar
tratamento com dose baixa e ir aumentando com o passar do tempo.

Obs.: Há, fora do Brasil, uma ​forma inalatória de levodopa e há formulações avançadas
como a ​INFUSÃO JEJUNAL DE LEVODOPA (infusão contínua de levodopa na formulação
gel → reduz as flutuações motoras, uma vez que o tratamento é contínuo. No entanto, não
está disponível no Brasil e possui um custo bastante elevado).

→ AGONISTAS DOPAMINÉRGICOS:
- Estimulam o ​receptor dopaminérgico no neurônio pós-sináptico;
- Meia-vida: 6-96hrs;
- Melhora moderada de sintomas motores;
- Ação em sintomas não motores.
- Exemplos:​ Pramipexol, Rotigotina e Apomorfina (não disponível no Brasil).
→ Inibidores da MAO-B:
- Neurônios serotoninérgicos e astrócitos;
Obs.:​ A MAO é uma enzima que degrada a dopamina na fenda sináptica.
- Preservam dopamina endógena e exógena;
- Exemplos:​ Selegilina e Rasagilina.
Obs.: Em fases avançadas, demora bastante tempo para podermos notar o início do efeito
da levodopa → lançar mão de outros medicamentos.

→ Inibidores da COMT:

→ Amantadina:
- Amina sintética - ação antiviral;
- Uso em pacientes com Influenza → Melhora dos sintomas parkinsonianos;
- Antagonista do receptor NMDA: Aumenta liberação da dopamina e retarda a
recaptação na fenda sináptica;
- Pequena ação anti-parkinsoniana;
- Excelente para controle de discinesias.
Obs.: Manejo de sintomas não motores: Mudança de estilo de vida:
● Exercícios;
● Dieta;
● Sono;
● Atividades intelectuais e sociais;
● Acompanhamento psicológico.

- 2 - Fármacos Anticrise
Crise Epiléptica - Definição: a ocorrência de sinais e sintomas secundários a atividade
neuronal excessiva ou síncrona.

Crise Sintomática Aguda: (tratar a crise + corrigir distúrbio ou doença de base) ocorre
concomitante a um insulto sistêmico ou em associação temporal com um insulto cerebral.
- Distúrbios hidroeletrolíticos;
- Acidose;
- Intoxicações;
- Hiperglicemia ou hipoglicemia;
- Hipercapnia ou Hipoxemia;
- Sepse.

Crise Não Provocada: ocorre na ausência de uma condição clínica com potencial para
deflagrar a crise.

Epilepsia:
- Ocorrência de pelo menos 2 crises não provocadas ocorrendo num período maior
que 24 horas;
- Uma crise não provocada e risco de recorrência maior que 60%;
- Diagnóstico de uma síndrome epiléptica.
Obs.: RISCO ALTO DE RECORRÊNCIA:
● Déficit neurológico;
● Alteração de neuroimagem;
● EEG anormal;
● Frequência de crises elevadas.

Tipos de Crises:
- Início:
● Focal - com ou sem perda da consciência;
● Generalizado;
● Desconhecido.

Fármacos Anticrise: Atuam reduzindo a frequência de crises. Substâncias com potencial


de estabilização da atividade neuronal.

- Neurotransmissores:
● GABA;
● Glutamato;
● Canais de sódio rápidos e lentos;
● Canais de potássio voltagem dependentes;
● Canais de cálcio.

- Principais mecanismos:
● Modulação de canais iônicos voltagem dependentes;
● Inibição da excitação sináptica;
● Aumento da inibição sináptica.

- Escolha do tratamento (fármaco) é baseada em:


● Tipo de crise - focal ou generalizada;
● Tolerabilidade;
● Adesão (custo, posologia, facilidade de acesso);
● Efeitos adversos;
● Interações medicamentosas.

CRISES GENERALIZADAS: Drogas de Amplo Espectro:


➔ Valproato de sódio;
➔ Fenobarbital;
➔ Benzodiazepínicos;
➔ Etossuximida;
➔ Levetiracetam;
➔ Topiramato;
➔ Lamotrigina;
➔ Primidona;
➔ Perampanel.

CRISES FOCAIS: Drogas com Mecanismos Direcionados:


➔ Carbamazepina;
➔ Gabapentina;
➔ Oxcarbazepina;
➔ Pregabalina;
➔ Tiagabina;
➔ Eslicarbazepina;
➔ Vigabatrina;
➔ Fenitoína;
➔ Lacosamida.

Melhor escolha para mulher em idade fértil → lamotrigina ou levetiracetam.


Pior escolha para mulher em idade fértil → valproato.

Possíveis consequências do uso de valproato na gestação:


- Malformação fetal;
- Comprometimento cognitivo;
- Comprometimento do desenvolvimento da fala;
- Distúrbios neurocomportamentais (TDAH, TEA).
- Tratamento de Ausência Típica: crise generalizada!
● Valproato de sódio;
● Etossuximida.

- Tratamento da Crise Mioclônica: (​Em jovem → principal hipótese: Epilepsia


mioclônica juvenil​)
● Levetiracetam;
● Lamotrigina;
● Valproato de sódio.

- Tratamento de Espasmos: (Em crianças, lactentes → pensar em Síndrome de


West):
● Vigabatrina;
● ACTH; Prednisolona.

Obs.: Fatores desencadeantes de crise:


- Estresse;
- Febre;
- Infecção;
- Privação de sono;
- Troca de medicação;
- Esquecimento de dose;
- Intoxicação medicamentosa.

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