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Doença Renal Crônica é o tema do artigo do Medicina Atual desta semana. De autoria do
nefrologista e doutor em Medicina pela UNIFESP, Marcus Gomes Bastos, um dos mais
renomados especialista da área, o texto tem como objetivo abordar as principais questões
da doença.
faculdade.
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marcador de lesão do parênquima renal (por ex., proteinúria e/ou hematúria e/ou
documentação de alteração renal em exame de imagem ou biópsia renal). Por deJnição, tem
DRC todo indivíduo que apresentar uma TFG <60 mL/min/1,73 m2 e/ou um marcador de
lesão do parênquima renal presente por um período igual ou superior a três meses.
albuminúria e na TFG, assim como sugestões de ações a serem implementadas (Tabela 1).
TFG, seja a partir de nomogramas ou por meio de aplicativos. O resultado obtido deve ser
multiplicado por 1,16 em casos de pacientes negros dos Estados Unidos da América.
Tabela 1: Categorias da doença renal crônica e plano de ação recomendado
* Lesão renal representada por albuminúria e/ou hematúria e/ou alteração em imagem renal e/ou alterações
histopatológicas; TFGe (em mL/min/1,73 m2)= Taxa de Jltração glomerular estimada; TRS= Terapia renal
A TFG diminui com a idade, mas o nível de queda normal não é claro. A diminuição da TFG
decorrente de patologia renal é comum em indivíduos idosos, independentemente do
estágio da DRC e, assim, o manejo não deveria ser inmuenciado somente pela idade. Por
exemplo, pacientes idosos com TFGe estável >45 mL/min/1,73m2 e sem outra evidência de
lesão renal diJcilmente desenvolverão as complicações decorrentes da DRC.
Proteinúria
quantiJcada pela relação albumina/creatinina (para níveis urinários até 300-500 mg/dia) e
pela relação proteína/creatinina ou proteinúria de 24 horas (para níveis urinários acima a 500
UltrassonograGa
assim como identiJcar doenças hereditárias, como a doença renal policística do adulto.
albumina/creatinina.
obtido por biópsia para estabelecer o diagnóstico, orientar o tratamento e identiJcar o grau
de atividade e cronicidade da doença renal encontrada, como, por exemplo, nos casos de
doenças glomerulares.
e atividade física) são essenciais na avaliação e manejo da DRC. Uma vez identiJcada a
doença, o paciente deveria ser submetido a uma avaliação diagnóstica detalhada para
determinar a etiologia. As quatro causas mais frequentes de DRC são a doença renal
hipertensiva, a doença renal diabética, as glomerulonefrites e a doença renal policística do
adulto.
1. Controle glicêmico
No Brasil, o diabetes mellitus é a segunda causa de falência funcional renal (FFR). O controle
glicêmico inadequado se associa com o desenvolvimento e a progressão da doença renal
um terço dos pacientes com diabetes desenvolverá a doença renal diabética. Assim, nos
FFR.
hemoglobina glicosilada alvo ao redor de 7%, com valores até mais elevados aceitos para os
pacientes com expectativa de vida reduzida ou com risco elevado de hipoglicemia. Além dos
2. Hipertensão arterial
Os IECAs e os BRAs são as medicações preferidas tendo em vista seu potencial de melhorar
os desfechos em pacientes com DRC, particularmente naqueles com proteinúria >0,5 g/dia.
A combinação de IECA com BRA não é recomendada, pois aumenta o risco de ocorrência de
para TFG >30 mL/ min/1,73 m2 e o diurético de alça (p. ex., furosemida) quando a TFG<30
Nos casos em que associação de IECA ou BRA com diurético não for suJciente para o
3. Acidose metabólica
frequentemente quando a TFG <30 mL/ min/1,73 m2. A AM contribui para a progressão da
a AM com terapia alcalina no paciente que apresentar bicarbonato sérico menor que o limite
inferior à normalidade (<22 mEq/L).
4. Anemia
iniciais da DRC, alterações signiJcativas, geralmente, só ocorrem quando a TFG diminui para
valores inferiores a 30-40 mL/ min/1,73 m2. A hiperfosfatemia e a deJciência de 1,25-
6. Hiperpotassemia
potássio (3,5-5,5 mEq/L) deveriam ser mantidos com dietas restritas em potássio e, quando
fatores de risco para aterosclerose deveriam ser agressivamente reduzidos. Adequações dos
hábitos de vida, como cessação do tabagismo, 30 minutos de exercício/dia, limitação da
dislipidemia e rastreio frequente para diabetes mellitus – que, se diagnosticado, deve ser
tratado – são medidas a serem perseguidas frequentemente.
Precauções com o paciente que apresenta doença renal
crônica
Cabe destacar que muitas das medicações prescritas e/ou seus metabólitos são eliminados
Várias medicações podem causar lesão renal aguda e, por conseguinte, iniciar ou acelerar
de volume.
A ocorrência de acidose lática em pacientes com DRC tem limitado o uso da metformina,
creatinina sérica for ≥1,5 mg/dL e ≥1,4 mg/dL em pacientes do sexo masculino e feminino,
respectivamente. Contudo, as diretrizes atuais recomendam a descontinuação da
metformina somente para pacientes com TFGe <30 mL/ min/1,73 m2 e sua utilização com
A DRC é o maior fator de risco para a nefropatia induzida por meio de contraste. Embora
hiperpotassemia) varia de acordo com a categoria da DRC (Tabela 3). A monitorização deve
ser mais frequente em pacientes nas seguintes situações: 1. Categorias mais avançadas da
DRC (4 e 5); 2. Diminuição rápida da TFG (>5 mL/min/1,73 m2/ano); 3. Controle inadequado
Dois outros aspectos clínicos que não têm recebido a devida atenção da comunidade
médicos não consegue identiJcar o problema e não têm preparo para lidar com o paciente
que apresenta LS inadequado. Por ser comum e associar-se com desfechos clínicos
indesejáveis, o LS inadequado deveria ser regularmente avaliado nos pacientes com doença
renal.
Pacientes com DRC têm grande risco de desenvolver comprometimento cognitivo (CC),
inicialmente leve (CCL), passível de identiJcação, mas ainda subdiagnosticado e subtratado.
O CCL avaliado em pacientes não idosos com DRC em tratamento não dialítico, utilizando-se
o instrumento Montreal Cognitive Assessment (MoCA) mostrou-se frequente e decorreu
A DRC é frequentemente não diagnosticada, seja nos estágios iniciais, quando a doença é
frequentemente assintomática, seja nos estágios mais avançados, por inespeciJcidade dos
achados clínicos. Assim, é fundamental identiJcar os grupos de risco e rastreá-los para DRC
O manejo clínico da DRC pode se tornar um desaJo cativante para diferentes especialistas,
particularmente quando realizado em colaboração com o nefrologista. Os pacientes
deveriam ser encaminhados quando complicações tais como anemia, acidose metabólica,
doença óssea e hipertensão arterial de difícil controle ocorrem no curso da DRC (Tabela 3).
Adicionalmente, o nefrologista deveria ser consultado quando a DRC decorrer de doença
renal complexa ou já apresente perda funcional avançada, assim como nos casos de
patologias glomerulares ou tubulointersticiais agudas ou crônicas que requeiram tratamento
melhores desfechos clínicos após o início de Terapia Renal Substitutiva (TRS). Com a perda funcional, o
nefrologista deveria ser consultado antes da progressão para as categorias 4 e 5 da DRC, ou seja, TFG <30
min/1,73 m2. Se assim for feito, haverá tempo suJciente para que ele discuta com o paciente e seus familiares as
modalidades de TRS, como hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal, implemente intervenções
psicossocio educacionais e referencie para confecção de fístula arteriovenosa ou implante de cateter peritoneal.
Com o manejo adequado da DRC e encaminhamento nefrológico oportuno, é possível evitar hospitalizações,
obstar o início do tratamento dialítico em condições de urgência ou emergência médica e possibilitar a realização
do transplante preemptivo.
As principais indicações para iniciar a TRS são sobrecarga de volume não responsivo a
Conclusão
curso da DRC e oportuniza a melhor escolha de TRS quando o paciente evoluir para o
estágio de FFR.
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Tratamento da Doença Renal Crônica
A deJnição e a classiJcação das diretrizes para DRC foram introduzidas pela Fundação
Nacional do Rim (NKF) em 2002. Posteriormente, sofreram pequenas modiJcações pelo
DeJne-se DRC pela presença de dano renal ou diminuição da função renal por três ou mais
que é geralmente estimada (TFGe), utilizando creatinina sérica e uma das várias equações
disponíveis. Ela é identiJcada na maioria dos casos por uma TFGe inferior a 60 ml/min por
1,73 m2.
2. Explique por que o paciente com DRC tem que ter mais que três meses de duração do
quadro clínico.
O paciente precisa desse tempo pois, antes de três meses de duração, ele pode recuperar
por completo ou parcialmente a função renal. Após esse período, a chance diminui de forma
DRC.
com essas próprias doenças, sendo uma delas a DRC. Além disso, o aumento de sobrevida
da população aumenta a prevalência de todas as doenças crônicas relacionadas com a
senilidade.
• G1 ≥ 90 – normal ou alto;
• G2 60 a 89 – diminuiu ligeiramente;
• G4 15 a 29 – gravemente diminuída;
de risco);
• A3 > 300 – gravemente aumentada (pode ser subdividida em nefrótica e não nefrótica
mg/mmol.
incomum com risco de vida, manipulada apenas por nefrologistas, para uma condição
comum, com uma gravidade que merecesse atenção dos clínicos gerais e exigisse
usada como um guia para orientar quanto a tratamentos apropriados, gravidade, risco de
8. Por que a creatinina não foi usada como critério de deGnição da DRC?
A creatinina isolada não é um bom parâmetro para a avaliação da função renal, pois ela pode
muscular, independente da função renal. Por isso, a nova classiJcação defende que se use o
valor de creatinina em fórmulas que estimem a TFG. Por outro lado, valores acima do normal
de creatinina (homens acima de 1,5 mg/dl e mulheres acima de 1,3 mg/dl), via de regra,
Inulina.
13. Em alguns casos, a DRC apresenta instalação aguda. Quais são as principais causas
proliferativa.
A DRC, em qualquer estágio, está associada ao maior risco cardiovascular. Essa associação
pode ser explicada pelas características dessa população, que apresenta elevada incidência
dos fatores de risco tradicionais, como DM, hipertensão arterial e síndrome metabólica. O
risco de um evento cardiovascular ser fatal é maior do que um indivíduo vir a necessitar de
diálise. O risco de evento fatal é semelhante ao dos indivíduos que têm diagnóstico de
insuJciência coronariana. Esta é uma prerrogativa importante do manuseio desses
pacientes.
infarto e arritmia.
80% do parênquima renal. Independente do evento inicial, o que essas lesões têm em
comum é a perda de unidades renais funcionantes, de néfrons funcionantes. Uma patologia
aguda extensa, como uma glomerulonefrite, e uma doença crônica progressiva, como a
nefropatia diabética, podem levar ao aparecimento da DRC, pois ambas têm em comum a
perda de massa renal funcionante.
adaptativas que se caracterizam inicialmente pela hipertroJa com hiperfunção dos néfrons
ainda saudáveis – os néfrons remanescentes. Estes, porém, submetidos ao estresse
células tubulares e o interstício renal, criando assim uma alça de retroalimentação de lesão.
Como resultado, mais glomérulos são perdidos e há também atroJa das células tubulares e
das características mais importantes da DRC: seu caráter progressivo. Uma vez presente
algum sinal clínico sustentado de lesão renal, como redução da TFG ou proteinúria, as
alterações adaptativas à lesão ocorrida vão progressivamente lesar cada vez mais o restante
do parênquima não afetado inicialmente, levando, em um período de tempo variável, à
falência renal.
de hipertensão e DM, idade avançada, história familiar de DRC e transplante renal prévio. São
esses grupos que merecem maior atenção e monitoramento ao surgimento da DRC.
A nefropatia diabética e a nefropatia hipertensiva são as causas mais comuns de DRC. Vale
ressaltar que a DRC pode resultar de: 1. uma doença que cause lesão renal progressiva e
sustentada, como a nefropatia diabética; 2. de afecções que causem episódios repetidos de
sua cura, causou perda tão importante de massa renal que as alterações adaptativas
hemodinâmicas e inmamatórias, que ocorrem em paralelo às outras Jsiopatologias citadas,
levam à perda inexorável da função renal. Outras causas de DRC incluem: glomerulonefrites,
pielonefrite crônica, obstrução do trato urinário e doença policística. Entre as causas mais
isquêmica.
Na DRC, ocorre anemia devido a múltiplos fatores, entre eles, inmação da DRC, gerando
diminuição no estoque e na oferta de ferro, bem como na produção da eritropetina, o que
hipertensão.
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