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FISIOPATOLOGIA DAS

DOENÇAS RENAIS
1. EPIDEMIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA
RENAL CRÔNICA 5
Definição de DRC 5
Prevalência, etiologia e fatores de risco da DRC 6
Fisiopatologia da DRC 7
Hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal 9

2. NUTRIÇÃO NA DRC 18
Dietoterapia na DRC 18
Energia 19
Lipídio 20
Proteína 20
Carboidrato 22
Potássio 22
Sódio e líquidos 24
Fósforo 25
Cálcio 26
Ferro 26
Vitaminas 26

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 28

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FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS RENAIS

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Objetivo da disciplina

Discutir, com base em evidências científicas, sobre as estratégias


nutricionais na doença renal crônica.

Objetivos específicos

Descrever a fisiopatologia da doença renal crônica.


Discutir as estratégias nutricionais na doença renal crônica.

Habilidades e competências a serem alcançadas

Compreender a fisiopatologia da doença renal crônica, bem como as


estratégias nutricionais aplicadas nesta doença.

Ementa da disciplina

A disciplina aborda a fisiopatologia da doença renal crônica, bem como


as estratégias nutricionais direcionadas para esta doença. As informações
incluídas são baseadas em evidências científicas bem consolidadas e em
órgãos de renome na área.

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FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS RENAIS

1. EPIDEMIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA


RENAL CRÔNICA

A doença renal crônica (DRC) é a DRC ser silenciosa, com


considerada como um importante manifestação dos sintomas apenas
problema de saúde pública a nível quando o prejuízo à função renal já
mundial. Grande parte da incidência é significativo.
crescente de DRC se deve à elevada
Vale salientar que não há dados
prevalência de hipertensão arterial
suficientes que ilustrem a
sistêmica (HAS) e diabete melito
prevalência de DRC no Brasil,
(DM), condições que aumentam o
porém, sabe-se que a incidência é
risco de DRC.
crescente. Neste cenário, é
Estima-se que a prevalência de imprescindível que o profissional de
DRC seja de 7,2% em indivíduos saúde compreenda questões acerca
acima de 30 anos de idade e de 23 a da epidemiologia e da fisiopatologia
36% em indivíduos acima de 64 anos da DRC. Explorar estes tópicos é o
(achados a partir de estudos objetivo da presente seção.
populacionais em diversos países).
Definição de DRC
Possivelmente, estes dados
poderiam ser explicados pelo fato de

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FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS RENAIS

Para ser considerado como um além de estarem alterados em


paciente com DRC, o indivíduo parâmetros vinculados à função
precisa apresentar as seguintes renal, também demonstram
condições: (i) ter acima de 18 anos alterações secundárias à DRC, como
de idade e (ii) apresentar filtração anemia. No estágio 4, a insuficiência
glomerular inferior a 60 ml /min/ renal é considerada grave, com
1,73 m2 por mais de três meses. filtração glomerular entre 15 e 29 ml
Indivíduos que apresentem /min/ 1,73 m2, e o paciente
evidência de lesão na estrutura apresenta sinais e sintomas graves
renal, mesmo que apresentem de uremia, como náuseas, vômito,
filtração glomerular superior a 60 perda do apetite, emagrecimento,
ml /min/ 1,73 m2, também são falta de ar, edema, palidez etc.
considerados como pacientes com Finalmente, no estágio 5, o paciente
DRC. apresenta insuficiência renal
terminal, evidenciando a
A DRC pode ser categorizada
incapacidade dos rins em manter
em estágios de 1 a 5. O estágio 1 é
funções vitais para a sobrevivência
quando o indivíduo apresenta lesão,
do indivíduo. Os sinais e sintomas
mas a função renal permanece
são intensos e a depuração artificial
normal. Nesta fase, a filtração
do sangue, por meio de hemodiálise
glomerular é igual ou superior a 90
ou diálise peritoneal, se torna
ml /min/ 1,73 m2, porém já é
necessária, caso o transplante renal
possível observar alteração nos
não seja possível.
exames, por exemplo
microalbuminúria ou proteinúria Prevalência, etiologia e fatores
e/ou hematúria. No estágio 2, o de risco da DRC
indivíduo apresenta insuficiência De acordo com dados
renal leve em virtude da lesão, e a fornecidos pelo Ministério da Saúde,
filtração glomerular permanece dos adultos brasileiros (~120
entre 60 a 89 ml /min/ 1,73 m2. O milhões), 46,6% apresentam
estágio 3 envolve insuficiência renal sobrepeso, 24,4% são hipertensos,
moderada decorrente da lesão e, 16,9% apresentam dislipidemia,
nesta fase, o paciente pode 13,9% são obesos e 5,8% são
apresentar sintomas leves e diabéticos. Todas estas condições,
inespecíficos. A filtração glomerular em especial a HAS e o DM,
permanece entre 30 e 59 ml /min/ aumentam o risco de
1,73 m2 e os exames laboratoriais, desenvolvimento de DRC, sendo

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FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS RENAIS

possível observar um aumento importância relembrar as funções


crescente no número de pacientes renais, das quais destacam-se: (i)
em diálise no Brasil. eliminação de substâncias
indesejáveis ao organismo, (ii)
Não obstante, indivíduos acima
manutenção do equilíbrio
de 60 anos de idade, portadores de
eletrolítico e acidobásico, (iii)
doenças cardiovasculares ou de
regulação da osmolaridade e do
doenças associadas à perda da
volume de líquido corporal e (iv)
função renal (como
síntese de hormônios, como
glomerulopatias, nefropatia crônica
eritropoetina, renina, calcitriol,
do enxerto renal, doença renal
cininas e prostaglandinas.
policística, infecções urinárias de
Considerando as importantes
repetição, uropatias obstrutivas e
funções do rim, é possível
neoplasias) também estão sob um
compreender o quanto a DRC é
maior risco de desenvolver DRC. Em
lesiva ao organismo.
contrapartida, indivíduos
portadores de DRC também
apresentam maior disposição de
desenvolver inúmeras doenças,
como doenças cardiovasculares,
sendo esta a principal causa de
morbidade e mortalidade nestes
indivíduos.
Considerando que os principais
fatores de risco da DRC estão
associados à nutrição, compreende-
se esta ciência como uma
importante estratégia na prevenção Fonte:
https://www.hospitalpresidente.com.br/202
de DRC. Além disso, a nutrição 0/01/30/nefrologia-cuidando-bem-dos-rins/
também desempenha papel de
A DRC é iniciada a partir de
destaque como coadjuvante no
uma lesão renal irreversível com
tratamento da DRC (tópico que será
consequente perda de glomérulos e
debatido na seção 2).
prejuízo à função renal. Mesmo com
Fisiopatologia da DRC o dano, o rim é capaz de manter as
Antes de discutir a suas funções principais em virtude
fisiopatologia da DRC, é de suma da reserva funcional, isto é, os

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FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS RENAIS

néfrons remanescentes têm o seu Assim, se a ingestão de água for


trabalho aumentado, há alteração na excessiva, há um risco de
dinâmica renal, bem como há hiponatremia. A filtração
adaptação tubular. Como resultado glomerular prejudicada também
destes processos, o dano renal resulta em uma menor reabsorção
progride sem sinais e sintomas, até do bicarbonato filtrado, reduzindo
que, quando se percebe a doença, ela as concentrações de bicarbonato
já está demasiadamente avançada. sérico e comprometendo o balanço
Na DRC avançada, é possível notar a acidobásico.
presença de rins contraídos e a
substituição do tecido renal normal
por tecido fibroso, indicando uma
esclerose progressiva dos
glomérulos.
Como consequência da função
glomerular prejudicada, há aumento
da fração de excreção de sódio e
aumento da expansão do volume Fonte:
extracelular, o que resulta em https://gauchazh.clicrbs.com.br/donna/fitne
ss/noticia/2018/10/bebeu-agua-saiba-a-
hipertensão arterial e edema. Já importancia-da-hidratacao-e-os-riscos-da-
com o potássio, apesar do rim falta-de-liquido-no-organismo-
cjpimj824003et0cn14ca6v1u.html
conseguir manter o balanço deste
nutriente mesmo nos estágios Em razão do aumento do
avançados da DRC, a resposta renal estresse mecânico na parede dos
à uma carga de potássio é mais lenta, capilares glomerulares e o aumento
o que pode resultar em quadros de do diâmetro destes, pode ocorrer o
hiperpotassemia após a ingestão de desprendimento das células do
alimentos ricos em potássio. Não epitélio glomerular, de forma a gerar
obstante, com a diminuição da espaços, os quais permitem o influxo
função renal, há aumento da de água e solutos. Moléculas de
concentração plasmática de fósforo. tamanho maior, como o
fibrinogênio, depositam-se no
Além destes eventos, o rim
espaço subendotelial, obstruindo a
também perde a capacidade de
luz do capilar e diminuindo a
concentrar e diluir a urina, sendo
perfusão e a filtração glomerular. O
que nos estágios mais avançados da
aumento da tensão sobre as células
DRC, o volume urinário diminui.

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mesangiais induz a síntese de proteinúria estão vinculados com


citocinas pro-inflamatórias, declínio mais rápido da filtração
estimulando a inflamação. Estudos glomerular.
sugerem, ainda, que a
Hemodiálise, diálise peritoneal
hipercolesterolemia seria um fator
e transplante renal
importante para favorecer a injúria
glomerular, sendo que a reversão As terapias renais substitutivas
deste quadro poderia amenizar a devem ser utilizadas por pacientes
taxa de progressão do dano renal. cujas as funções renais já não são
Vale salientar que os mecanismos capazes de executar as tarefas
pelos quais a hipercolesterolemia principais para a sobrevivência. Os
seria lesiva na DRC ainda são pouco métodos utilizados são hemodiálise,
claros. diálise peritoneal ou transplante
renal.
Finalmente, a proteinúria
contribui com a lesão renal, visto As características do paciente
que a excreção elevada de proteínas que são indicativas da necessidade
causa toxicidade mesangial, de terapia renal substitutiva são
hiperplasia e sobrecarga tubular, e hiperpotassemia, hipovolemia,
ativação de citocinas inflamatórias, pericardite, encefalopatia urêmica
induzindo mecanismos de ou outras condições que propiciem
toxicidade e inflamação. Neste um risco significativo de morte. No
sentido, a proteinúria é, também, Quadro são apresentadas as
um importante marcador de lesão principais causas indicativas do
renal, sendo que níveis elevados de início da terapia dialítica.

Quadro: Situações indicativas do início da terapia dialítica.


Pericardite
Hipervolemia refratária aos diuréticos
Hipertensão arterial refratária às medicações
hipotensoras
Sinais e sintomas de encefalopatia
Sangramentos atribuíveis à uremia
Náuseas e vômitos persistentes
Hiperpotassemia não controlada

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FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS RENAIS

Acidose metabólica não controlada

A avaliação da função renal


pode ser feita por meio da análise
das concentrações séricas e
urinárias de ureia e creatinina, bem
como por meio da estimativa da taxa
de filtração glomerular. Caso a taxa
de filtração glomerular seja inferior
ou igual a 10 ml /min/ 1,73 m2 ou o
paciente apresente complicações
crônicas e agravadas da uremia, há A hemodiálise é um processo
necessidade de se iniciar o em que há transferência de massa
tratamento dialítico, pois, nestes entre o sangue e o líquido de diálise.
casos, o tratamento conservador já O sangue que é obtido por meio de
não é capaz de manter o estado um acesso vascular é impulsionado
nutricional e a qualidade de vida. por uma bomba para um sistema de
circulação extracorpórea, onde está
É importante salientar que presente um filtro, denominado de
algumas condições são dialisador. Neste último
contraindicações à terapia dialítica (dialisador), ocorrem as trocas entre
crônica, como doença de Alzheimer, o sangue do indivíduo e o dialisato
demência por multi-infartos, (que é a solução de diálise).
síndrome hepatorrenal, cirrose
avançada com encefalopatia e O processo de hemodiálise
doenças malignas avançadas. necessita de um acesso vascular que
forneça um fluxo de sangue
Quanto à escolha do método – adequado (~ 300 a 500 ml por
hemodiálise ou diálise peritoneal – minuto). Existem três principais
caso não haja contraindicações, a tipos de acesso vascular, os
escolha fica a critério do paciente, cateteres, a fistula arteriovenosa e o
considerando questões clínicas, enxerto vascular. Vale ressaltar que
psíquicas e socioeconômicas. a fistula arteriovenosa normalmente
Hemodiálise é o método escolhido, em virtude da
menor incidência de trombose e de
infecção. Este acesso ocorre por
meio de anastomose entre artéria e
veia (laterolateral ou

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FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS RENAIS

terminolateral), o mais distal hemodiálise deve ser feita sem


possível, para que, em caso de heparina.
falência, a fístula arteriovenosa
Normalmente, a hemodiálise é
possa ser reconstruída mais acima.
realizada três vezes por semana,
Salienta-se, ainda, que a fístula
durante quatro horas, de modo que
arteriovenosa deve ser realizada no
a remoção de líquido seja suficiente
membro superior não dominante.
para que o paciente atinja o peso
Referente ao dialisato, este seco (menor peso no qual o paciente
normalmente apresenta a seguinte apresenta-se clinicamente estável)
composição: ao findar de cada sessão. Se o ganho
de peso entre as sessões de
• 135 a 145 mEq/L de sódio;
hemodiálise for excessivo, isto é,
• 1 a 3 mEq/L de potássio; acima de 4%, é possível que a sessão
de hemodiálise subsequente resulte
• 30 a 38 mEq/L de
em um peso superior ao peso seco.
bicarbonato;
Assim, uma sessão adicional deve
• 2,5 a 3,5 mEq/L de cálcio; ser agendada e o paciente deve ser
instruído quanto ao controle do
• 0,5 a 1 mEq/L de magnésio;
ganho de peso entre as sessões.
• 100 a 124 mEq/L de cloro;
Algumas complicações podem
• 2 a 4 mEq/L de acetato; ocorrer durante a hemodiálise,
dentre elas, destaca-se a hipotensão
• 100 a 200 mg/L de glicose.
arterial, que é a complicação mais
Para que o sangue do paciente frequente, ocorrendo em cerca de 20
não coagule durante o processo de a 30% dos procedimentos
hemodiálise, utiliza-se realizados. Associados a este
anticoagulante, que normalmente é quadro, inúmeros sinais e sintomas
a heparina sódica, cuja dose são relatados, como náuseas,
administrada no início da diálise vômitos, cãibras, sudorese,
deve ser de 100 U/kg. A infusão do taquicardia, dor precordial e
anticoagulante pode ser contínua confusão mental. Para corrigir a
durante a diálise e deve ser hipotensão arterial, coloca-se o
descontinuada uma hora antes do paciente na posição horizontal e
término da sessão para evitar infunde-se solução salina (a 0,9% -
sangramento. Para os pacientes com 100 mL ou mais) até a estabilização
alto risco de sangramento, a da pressão arterial. Não obstante, a

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FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS RENAIS

ocorrência de cãibra, cefaleia, hemodiálise ou aqueles em que o


reação pirogênica (febre, tremor, acesso vascular adequado não é
mialgia e instabilidade possível. Não obstante, este é o
hemodinâmica) também pode método preferencial para crianças.
acontecer durante ou após a
Existem algumas
hemodiálise.
contraindicações à diálise
Diálise peritoneal peritoneal, as quais estão listadas no
Quadro. Caso o paciente apresente
estas contraindicações, sugere-se a
hemodiálise.

Este método é indicado para


pacientes que não toleram a

Quadro: Contraindicações à diálise peritoneal.

Perda da função peritoneal ou múltiplas adesões peritoneais

ABSOLUTAS Incapacidade física ou mental para executar o método


Condições cirúrgicas não corrigíveis, como hérnias, onfalocele,
gastrósquise e extrofia vesical
Presença de próteses vasculares abdominais há menos de 4
meses
Presença de derivações ventrículo-peritoneais recentes

RELATIVAS Episódios frequentes de diverticulite

Doença inflamatória ou isquêmica intestinal

Vazamentos peritoneais

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FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS RENAIS

Intolerância à infusão de volume necessário para a diálise


peritoneal
Obesidade mórbida

A diálise peritoneal consiste na trocas são realizadas por meio de


troca de solutos e fluido entre o uma cicladora automática apenas
sangue (presente nos capilares durante à noite. Embora este último
peritoneais) e o dialisato instalado método seja mais vantajoso, ele é
na cavidade abdominal por meio de muito mais caro e, portanto, para a
um cateter. Uma das grandes maior parte dos pacientes com DRC
vantagens desse método é a maior ele não é viável.
liberdade e independência da clínica
Quanto às características do
de hemodiálise que o paciente tem,
dialisato, este apresenta pH baixo (~
pois ele mesmo ou o seu cuidador
5,5) de forma a evitar a
que realizam o procedimento. Não
caramelização da glicose. No
obstante, por ser uma técnica
entanto, alguns pacientes podem
continua (diariamente), há maior
sentir dor durante a infusão em
possibilidade de a dieta ser flexível.
virtude desta característica (pH
Salienta-se, entretanto, a
baixo). A concentração de glicose no
importância do ambiente ser estéril
dialisato é normalmente elevada,
e dos procedimentos serem
pois esta atua como agente
realizados de maneira adequada a
osmótico, o que pode resultar em
fim de evitar contaminação e
hiperglicemia, dislipidemia,
possíveis infecções.
obesidade e lesão do peritônio com o
Existem alguns tipos de diálise uso crônico da diálise peritoneal.
peritoneal, sendo que a mais comum
No que se refere às
é a diálise peritoneal ambulatorial
complicações da diálise peritoneal,
contínua (DPAC), na qual são
destacam-se: vazamento
realizadas de 4 a 5 trocas
pericateter, falências de drenagem,
diariamente, de forma manual, com
dor na infusão do dialisato, edema,
2 a 2,5 L em cada troca, sendo que
hérnias, hipoalbuminemia (em
cada troca deve permanecer de 4 a 8
virtude das perdas significativas
horas na cavidade peritoneal. Outro
desta proteína através da membrana
tipo de diálise peritoneal é a
peritoneal), ganho de peso,
automatizada (diálise peritoneal
hiperglicemia e
automatizada – DPA), na qual 3 a 6

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FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS RENAIS

hipertrigliceridemia, complicações Os transplantes renais podem


infecciosas (como peritonite, que é a ser categorizados segundo o tipo de
complicação mais grave em doador em: doador vivo (podendo o
pacientes que realizam a diálise doador ser familiar ou não do
peritoneal, sendo que dor paciente) ou doador falecido (em
abdominal, líquido de diálise turvo e morte encefálica). Quando na
febre denunciam o problema), possibilidade de transplante, o
falência da técnica etc. doador precisa ser submetido a
alguns testes de compatibilidade,
Transplante renal
como avaliação imunológica
Os pacientes que são (avaliação do tipo sanguíneo, prova
submetidos a transplantes renais cruzada e tipagem HLA), avaliação
bem-sucedidos apresentam menor clínica geral e triagem de doenças
taxa de mortalidade e melhor infecciosas, triagem de
qualidade de vida quando em comorbidades, avaliação da
comparação com os pacientes em anatomia dos vasos e do trato
tratamento dialítico. urinário etc. Os exames que devem
ser realizados nos possíveis
doadores são apresentados no
Quadro.

Quadro: Exames para avaliação de possível doador.

Tipagem do grupo sanguíneo ABO

Tipagem dos antígenos HLA-A, B e DR

Hemograma completo, glicemia de jejum, creatinina, TGO, TGP, colesterol


total e frações, triglicérides, urina I, determinação de proteinúria de 24
horas, clearance de creatinina, teste de tolerância oral à glicose (em
indivíduos com histórico familiar de diabete melito)

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FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS RENAIS

Sorologias para hepatites B e C, doença de Chagas, HIV, HTLV I e II, sífilis,


toxoplasmose, CMV e EBV

Radiografia simples de tórax, eletrocardiograma e ultrassonografia de


abdome total

Avaliação urológica (triagem para câncer de próstata) nos homens acima


de 45 anos

Avaliação ginecológica (triagem para câncer de mama e de colo de útero)


nas mulheres acima de 40 anos

Ecocardiograma e fundo de olho em indivíduos com histórico familiar de


hipertensão arterial sistêmica

Urografia excretora

Aortografia abdominal (artérias renais) ou angiorressonância

Ressalta-se que o doador deve possibilidade de transplante


apresentar no mínimo 18 anos e, combinado;
normalmente, no máximo 80 anos
• Uso de drogas ilícitas;
(porém depende das condições do
doador). • História recidivante de má
adesão a tratamento clínico.
Vale salientar, ainda, que nem
todos os pacientes com DRC são Além destes, existem ainda
elegíveis para o transplante, sendo critérios de exclusão relativos ou
que as situações contraindicadas ao temporários, como anomalias
transplante renal são: urológicas ou vesicais graves,
crianças com peso inferior a 15 kg,
• História recente de câncer (2 a
obesidade grave, ausência de
5 anos dependendo do tipo de
suporte familiar ou social para
tumor);
adesão ao tratamento, doenças
• Infecção em atividade; neuropsiquiátricas etc.
• Doença extrarrenal intratável É importante ressaltar que
ou grave, como doença idade avançada e infecção por HIV
cardiovascular e pulmonar sem a não são mais condições

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FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS RENAIS

consideradas como contrárias ao Referente às complicações após


transplante de órgãos. Não obstante, o transplante renal, destacam-se:
salienta-se que, conforme legislação necrose tubular aguda
brasileira, os pacientes só podem ser (especialmente associada ao elevado
submetidos ao transplante quando período em que o rim permanece
apresentarem clearance de fora do corpo em doadores
creatinina menor que 10 ml por falecidos) e a rejeição ao enxerto.
minuto ou menor que 15 ml por Podem ocorrem também
minuto, desde que o receptor seja complicações durante a cirurgia, por
diabético ou menor de 18 anos de exemplo: fistula urinária, trombose
idade. vascular e hematoma perirrenal.

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FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS RENAIS
AIS
2. NUTRIÇÃO NA DRC

Considerando a importância da (tratamento conservador, também


nutrição, tanto na prevenção quanto denominado de fase não-dialítica)
no tratamento da DRC, é de suma compreende os estágios 1 ao 4 da
relevância que o profissional DRC, e o objetivo da dietoterapia é
nutricionista compreenda de forma atenuar as complicações resultantes
aprofundada as estratégias da perda da função renal, bem como
nutricionais voltadas a esta doença. preparar o paciente para o estágio 5
Neste contexto, é objetivo dessa da doença, que é acompanhado do
seção discutir sobre a nutrição início da terapia dialítica. No estágio
aplicada à DRC. 5, quando o indivíduo está na fase
dialítica, a dieta se altera de modo a
Dietoterapia na DRC se adequar a terapia escolhida –
As estratégias nutricionais são hemodiálise ou diálise peritoneal.
distintas no tratamento conservador
Aqui, serão discutidas as mais
(fase não-dialítica) e na terapia renal
importantes estratégias nutricionais
substitutiva. O primeiro
aplicadas à DRC, discriminando,

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FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS RENAIS
AIS
quando necessário, quais são as corporal diariamente, em virtude do
estratégias aplicadas no tratamento menor nível de atividade física.
conservador e na terapia dialítica. Como descrito no parágrafo acima,
para pacientes em tratamento
Energia conservador e em hemodiálise o
Não há diferenças nas limite mínimo de ingestão
recomendações de ingestão energética (~ 30 kcal/kg de peso
energética para indivíduos corporal/dia) poderia ser
saudáveis e para pacientes com interessante, mas é necessário que
DRC. Isso porque evidências haja uma avaliação individual e
científicas indicam que o gasto cautelosa de cada caso.
energético de repouso (GER) de
Uma questão importante de se
pacientes com DRC na fase dialítica
considerar é que pacientes em
é semelhante ao de indivíduos
tratamento conservador apresentam
saudáveis. No entanto, no
dificuldade em alcançar a ingestão
tratamento conservador, observa-se
energética recomendada, pois, nesta
um menor GER, enquanto na
fase, há necessidade de restrição de
hemodiálise observa-se um menor
proteínas. Assim, a ingestão de
nível de atividade física, indicando
alimentos altamente energéticos e
que estes pacientes (em tratamento
com baixo teor proteico é de suma
conservador e hemodiálise)
importância. Exemplos destes
requereriam menor ingestão
alimentos são: tubérculos, como
energética (~ 30 kcal/kg de peso
mandioca, farinha de tapioca e de
corporal/dia).
mandioca, doces, mel, margarina e
Segundo o guia norte- óleos de origem vegetal. Vale
americano de condutas em salientar que a dieta deve conter, no
nefrologia (National Kidney mínimo, 25 kcal por quilo de peso
Foundation/Clinical Practices for corporal para assegurar o balanço
Chronic Kidney Disease - nitrogenado, tendo em vista a
NKF/DOQI), pacientes com DRC necessidade de a dieta ser
com idade menor do que 60 anos hipoproteica no tratamento
devem ingerir cerca de 35 kcal por conservador.
quilo de peso corporal por dia,
Outra questão importante a se
enquanto aqueles com idade maior
considerar é a quantidade de energia
do que 60 anos devem consumir
contida na solução da diálise
cerca de 30 kcal por quilo de peso

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FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS RENAIS
AIS
peritoneal, a qual apresenta elevado Para reduzir a ingestão de
conteúdo de glicose. Logo, gordura saturada, sugere-se a
principalmente para pacientes com ingestão de carnes e laticínios
sobrepeso ou obesidade, a magros e, no máximo, de dois ovos
quantidade de energia fornecida por semana. No tratamento
pelo dialisato deve ser descontada conservador, em virtude da
do plano alimentar do paciente. necessidade de reduzir o aporte
proteico, a dieta normalmente já é
Lipídio pobre em gorduras saturadas.

Por fim, ressalta-se a


importância de se dar preferência a
óleos ricos em ácidos graxos mono e
polinsaturados, como o óleo de
canola, que além de ser rico em
ácidos graxos monoinsaturados,
também é rico em ômega 3.
A recomendação de ingestão de
lipídios também não foge do Proteína
recomendado para indivíduos
saudáveis (~ 25 – 35% do valor
energético total - VET), porém,
deve-se considerar que, a maior
parte dos pacientes com DRC,
apresenta alterações no perfil
lipídico em algum momento da
doença. Assim, sugere-se que a
ingestão de gordura saturada seja
baixa (< 7% do VET). No tratamento conservador, a
No que concerne ao perfil restrição proteica objetiva retardar o
lipídico e a ingestão de lipídios, progresso do paciente para o estágio
atenção especial deve ser destinada 5 da doença, onde a terapia dialítica
aos pacientes em dialise peritoneal, passa a ser indispensável.
tendo em vista que a absorção Para determinar a ingestão
excessiva da glicose presente no proteica do paciente, é necessário
dialisato pode resultar no quadro de avaliar a sua função renal, sendo que
hipertrigliceridemia.

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FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS RENAIS
AIS
pacientes com a taxa de filtração aminoácidos indispensáveis (1
glomerular acima de 70 ml por comprimido para cada 5 kg de peso
minuto devem ingerir uma dieta corporal), com exclusão
contendo entre 0,8 a 1,0 g/kg de praticamente total da ingestão de
peso corporal/dia. Considerando alimentos de origem animal. A
que esta é a recomendação de vantagem desta estratégia é o
ingestão proteica para indivíduos retardo ainda mais significativo da
saudáveis proposta pelo Institute of progressão da doença, porém, as
Medicine (DRI – RDA), estes desvantagens são a difícil adesão e o
indivíduos não necessitariam ser alto custo do suplemento.
submetidos à restrição proteica.
É de suma importância
No entanto, quando a taxa de salientar que, na presença da
filtração glomerular estiver entre 30 restrição proteica, a ingestão
a 70 ml por minuto sugere-se que a energética adequada é de suma
ingestão de proteína seja de 0,6 g/kg relevância para manter o balanço
de peso corporal/dia, sendo que nitrogenado do organismo. Para
50% dessa proteína deve ser pacientes com DRC e com diabetes,
proveniente de proteína de alto em que a ingestão energética é
valor biológico. Se o paciente prejudicada pelo deficiente
apresentar muito resistência à consumo de carboidratos, a ingestão
restrição proteica, a ingestão diária proteica diária deve ser de 0,6 a 0,8
de proteínas pode ser, no máximo, g por quilo de peso corporal.
de 0,8 g/kg de peso corporal.
Quando o paciente não está
Quando a taxa de filtração mais em tratamento conservador,
glomerular for inferior a 30 ml por isto é, está em tratamento dialítico,
minuto, a ingestão proteica diária a recomendação de ingestão
deve ser de 0,6 g por quilo de peso proteica é muito diferente. Para
corporal, com menos de 50% pacientes em hemodiálise, sugere-se
provenientes de proteínas de alto a ingestão de 1,2 g por quilo de peso
valor biológico. Outra opção para corporal diariamente, enquanto
estes pacientes (taxa inferior a 30 ml para os pacientes em diálise
por minuto) é uma dieta ainda mais peritoneal a recomendação é de 1,2 a
restrita na ingestão de proteínas – 1,4 g por quilo de peso corporal
0,3 g/kg de peso/dia – associada a diariamente. Em ambos
uma mistura de cetoácidos e (hemodiálise e diálise peritoneal),

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FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS RENAIS
AIS
50% das proteínas ingeridas devem séricas de potássio. O que torna este
ser de alto valor biológico. Ressalta- quadro preocupante é que a
se que, em casos de hiperfosfatemia, hiperpotassemia está vinculada à
a ingestão proteica deve ser arritmia cardíaca e morte súbita.
diminuída para, no mínimo, 1 g por Dessa forma, recomenda-se a
quilo de peso corporal diariamente. restrição de alimentos ricos em
potássio, de forma que a ingestão
Carboidrato dietética deste nutriente seja de 50 a
A ingestão de carboidratos 70 mEq por dia. No proximo Quadro
também é similar entre indivíduos são apresentados os alimentos com
saudáveis e com DRC (~ 50 – 60% maior e menor teor de potássio.
do VET), devendo haver alteração
Vale ressaltar que, para
apenas quando o indivíduo
preparar as hortaliças, recomenda-
apresenta distúrbios no
se cocção em água, sendo que a água
metabolismo glicídico, como diabete
do cozimento deve ser descartada.
melito.
Este procedimento já reduz 60% do
Potássio conteúdo de potássio do alimento,
não havendo a necessidade de
repeti-lo.

Em pacientes com DRC nos


estágios 4 e 5 há um aumento
significativo das concentrações

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FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS RENAIS
AIS
Quadro: Teor de potássio nos alimentos.

ALIMENTOS COM PEQUENA E MÉDIA QUANTIDADE


DE POTÁSSIO (< 5 MEQ/PORÇÃO)

Frutas Hortaliças

1 banana maçã média 5 folhas de alface

1 caqui médio 2 pires de agrião

2 pires de jabuticaba ½ pepino pequeno

1 fatia média de abacaxi 1 pires de repolho

10 morangos 3 rabanetes médios

10 acerolas 1 pimentão médio

½ manga média 1 tomate pequeno

1 pera média ½ cenoura média

1 pêssego médio 1 pires de escarola crua

1 ameixa fresca média

½ copo de suco de limão


concentrado

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FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS RENAIS
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ALIMENTOS COM ELEVADA QUANTIDADE DE POTÁSSIO (> 5,1
MEQ/PORÇÃO)
Frutas Hortaliças
1 banana nanica média 1 pires de acelga crua

1 fatia média de melão 2 pires de couve crua

1 laranja-lima média 3 colheres de sopa de beterraba crua

1 laranja-pera média 1 pires de batata frita

1 kiwi médio 2 colheres de sopa de massa de tomate

½ abacate médio 1 concha pequena de feijão

1 mexerica média 1 concha pequena de lentilha

½ copo de água de coco Demais hortaliças devem ser cozidas


sem casca e a água do cozimento deve
1 fatia média de mamão ser descartada

Sódio e líquidos contraindicado para pacientes com


DRC, visto que possui cloreto de
A restrição de sódio é
potássio.
recomendada para os pacientes com
DRC, com o objetivo de controlar a
pressão arterial, atenuar a retenção
hídrica e controlar melhor o ganho
de peso interdialítico em pacientes
submetidos a hemodiálise. A
recomendação diária de ingestão de
sódio é de 2,0 a 2,3 g ou 5 a 6 g de
cloreto de sódio (sal de cozinha).
Para tal, é necessário restringir o sal Considerando que para cada 8
de adição, bem como o consumo de gramas de sal ingeridos, é necessário
alimentos processados, como frios, consumir 1 L de água para manter os
embutidos, enlatados, carnes valores séricos de sódio normais,
curadas, queijos, biscoitos e entende-se a restrição de sódio
torradas salgadas etc. Não obstante, como uma forma de diminuir
o uso do sal dietético é também a ingestão hídrica. A

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FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS RENAIS
AIS
restrição hídrica é mais aplicada desenvolvimento de hiperfosfatemia
para pacientes em hemodiálise, neste estágio, visto que os
porém, pode ser necessária também procedimentos dialíticos não são tão
na diálise peritoneal, caso o paciente eficientes na remoção de fósforo.
apresente retenção hídrica. Já no Desse modo, pacientes em diálise
tratamento conservador, a restrição devem ser orientados a ingerir de 8
hídrica quase nunca é necessária. a 17 mg de fósforo por kg de peso
corporal por dia. Alguns alimentos
Para pacientes em hemodiálise, ricos em fósforo que devem ser
a ingestão hídrica é calculada por evitados são: cervejas, refrigerantes
meio da somatória de 500 ml ao à base de cola, chocolates,
valor da diurese residual de 24 amendoim, castanhas e nozes.
horas. Para pacientes anúricos em
hemodiálise, a ingestão hídrica deve Ressalta-se que nem sempre a
ser de, no máximo, 1 L por dia. É restrição dietética de fósforo é
importante que o nutricionista deixe suficiente, havendo a necessidade de
claro para o paciente que estes se utilizar quelantes de fósforo
valores referem-se não somente a (exceto o quelante de hidróxido de
água, como também a líquidos, alumínio, que pode causar
como leite, sucos, sopas etc. intoxicação em pacientes com DRC).
Recomenda-se que, quando o Os quelantes devem ser ingeridos
paciente estiver com sede, ele ingira juntamente com as refeições que
água com gotas de limão, ao invés de contêm mais fontes de fósforo, não
sucos e refrigerantes. Outra havendo necessidade de se utilizar o
estratégia é reduzir o consumo de quelante quando a
alimentos muito salgados ou muito refeição/alimento possuir pouco
doces, os quais aumentam a sede. deste nutriente. Destaca-se que,
para pacientes que também
Fósforo possuam hipercalcemia, não se deve
No tratamento conservador, a utilizar quelantes à base de cálcio.
restrição proteica leva a uma
Finalmente, enfatiza-se que as
diminuição na ingestão de fósforo,
concentrações séricas de fósforo
pois estes nutrientes (proteína e
devem ser mantidas em torno de 2,7
fósforo) compartilham das mesmas
a 4,6 mg/dL para pacientes nos
fontes. No tratamento dialítico, a
estágios 3 e 4, e entre 3,5 e 5,5
restrição de fósforo se torna ainda
mg/dL para os em estágio 5.
mais importante, pois é comum o

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FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS RENAIS
AIS
Cálcio A recomendação diária de
ingestão de ferro para pacientes com
DRC é a mesma proposta para
indivíduos saudáveis. No
tratamento conservador, em virtude
da restrição proteica e redução do
consumo de carnes, a
suplementação com ferro pode ser
necessária. No tratamento dialítico,
a combinação de eritropoietina
humana recombinante e ferro
No tratamento conservador, em endovenoso pode ser indicada para
virtude da restrição proteica, pode prevenir ou tratar a anemia.
ocorrer diminuição na ingestão
dietética de cálcio, e a Vitaminas
suplementação com esse Em razão das alterações
micronutriente pode ser necessária. dietéticas acima mencionadas, é
A recomendação de ingestão diária possível que a ingestão de algumas
de cálcio é de 1,4 a 1,6 g para vitaminas seja prejudicada. Não
pacientes em tratamento obstante, em decorrência dos
conservador e menor do que 1 g para processos dialíticos, pode ocorrer
pacientes em tratamento dialítico. maior perda de vitaminas
Quando na utilização de quelantes à hidrossolúveis. Além disso, atenção
base de cálcio, a ingestão dietética especial deve ser direcionada ao
somada ao quelante não deve aporte de vitamina D, visto que esta
ultrapassar 2 g. vitamina é indispensável no controle
homeostático de fósforo e cálcio –
Ferro
nutrientes que se alteram na DRC

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FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS RENAIS

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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doença renal crônica. Em: Cuppari, Cozzolino, SMF; Cominetti, C.
L.; Avesani, C.M.; Kamimura, M.A. Livro: Bases bioquímicas e
Nutrição na doença renal crônica. 1ª fisiológicas da nutrição, nas
ed. Manole: São Paulo, 2013. diferentes fases da vida, na saúde e
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Avesani, C.M.; Pereira, A.M.L.; 2013.
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Em: Cuppari, L. Nutrição nas Gonçalves, E.A.P. Terapia renal
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Cuppari, L. Guias de medicina Nutrição na doença renal crônica. 1ª
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UNIFESP: Nutrição clínica no

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