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APOSTILA
PSICOFARMACOLOGIA
RESUMO DAS AULAS
a
Prof . Dra. Caroline Mendes
CRONOGRAMA
Aula 3 Neurofarmacologia
AULA 1
Conceitos em farmacologia
Interações fármaco-receptor
Fármacos agonistas inversos: agente capaz de se ligar ao mesmo receptor que um agonista,
mas induzindo uma resposta farmacológica oposta.
Dessensibilização e tolerância
Adaptação fisiológica;
Muitos fármacos agem diretamente sobre seus alvos produzindo uma resposta
fisiológica imediata. Se essa situação se mantiver, provavelmente causará alterações na
expressão de genes que darão origem a efeitos tardios;
AULA 2
Farmacodinâmica e farmacocinética
Administração oral
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Maioria;
Sublingual
Administração retal
Cutânea
Efeito local na pele; pode ter absorção e efeito sistêmico; adesivos de nicotina e
de hormônios; não tem metabolismo de primeira passagem;
AULA 3
Neurofarmacologia
Sistema nervoso central
Todos os potenciais de ação são iguais; não diminuem seu poder enquanto
viajam pelo neurônio; transmissão de sinais a longas distâncias;
Possui 3 partes: terminal axônico da célula pré sináptica, fenda sináptica (espaço
entre as células) e a membrana da célula pós sináptica;
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O sinal elétrico de uma célula passa para outra célula por meio de junções
comunicantes; condução mais rápida do sinal;
Sinapses químicas
Grande maioria;
Atividade
(para discutir em sala de aula)
3) A POMC (pró opiomelanocortina) é uma proteína que, quando clivada, origina diversos
peptídeos, dentre eles, o ACTH, um hormônio que regula a secreção de glicocorticoides, como
o cortisol, liberado em situações de estresse. Reza a lenda que durante a guerra do Vietnã um
soldado, durante a batalha, teve seu braço mutilado e sequer percebeu. Além do cortisol, qual
outra substância neurotransmissora também é derivada da POMC?
AULA 4
Fármacos antidepressivos
Depressão
Depressão Unipolar
75% dos casos: depressão reativa;
25% dos casos: depressão endógena;
Eficácia clínica
Antidepressivos produzem benefícios significativos em pacientes com depressão
moderada a grave, sua eficácia não está clara nos casos de depressão leve;
Depressão leve: melhor tratada com medidas que não envolvam fármacos;
A eficácia e o tipo de fármaco variam entre indivíduos;
Polimorfismos genéticos induzem melhor ou pior adaptação a um determinado
tipo de fármaco;
Substâncias placebo;
Suicídio
AULA 5
Ansiolíticos e hipnóticos
Ansiedade
Fármacos Hipnóticos
Benzodiazepínicos;
Anti-histamínicos;
Benzodiazepínicos (BZD)
Principais efeitos
Farmacocinética
Efeitos adversos
AULA 6
Fármacos antipsicóticos
Também podem ser usados para tratar mania e outras alterações agudas do
comportamento;
Natureza da esquizofrenia
Incidência: 1% da população;
Principais sintomas:
Tentativas de suicídios em 50% dos casos; suicídio de fato, 10% dos casos;
Etiologia
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Dopamina
Glutamato
2 grupos:
Propriedades farmacológicas
Receptores de dopamina
Efeitos comportamentais
Efeitos adversos
Farmacocinética
AULA 7
Fármacos antiepiléticos
Natureza da epilepsia
Tipos de epilepsia
Crises parciais
Podem ser classificadas como simples (se não houver perda da consciência) ou
complexa (quando ocorre perda da consciência);
Despolarização local;
Crises generalizadas
Antiepilépticos (anticonvulsivos)
Principais Fármacos
AULA 8
Abuso de substâncias
Principais danos
Nutt et al., 2010: etanol, heroína e cocaína são as mais danosas; cannabis, LSD e
ecstasy, menos lesivas;
Dependência
Testes com animais: alguns ratos mostram-se mais impulsivos que outros;
apresentam menor taxa de expressão de receptores de dopamina no núcleo accumbens;
NICOTINA E TABACO
Farmacocinética
Tratamento
ETANOL
Tolerância: uso crônico induz no SNC alterações opostas aos efeitos agudos;
redução da densidade de receptores GABA, aumento de canais de cálcio e receptores de
glutamato;
Tratamento
Antagonistas de NMDA;
Antiepiléticos;
AULA 9
Lítio
Concentração acima de 1,5 mm/l produz vários efeitos tóxicos; abaixo de 0,5
mm/l não tem efeito;
Ainda não está claro como as alterações bioquímicas deste fármaco estão
associadas com seu efeito terapêutico;
Lítio se liga aos canais de sódio nos neurônios; no entanto, não é bombeado para
fora pelas bombas de Na e K, acumulando-se, portanto, no meio intracelular;
Altera as concentrações de neurotransmissores;
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Induz a alteração de diversas enzimas, o que resulta em: aumento dos níveis de
serotonina, diminuição dos níveis de norepinefrina, alterações nas concentrações de
dopamina, glutamato, GABA e de acetilcolina;
Aspectos favoráveis: estabilização do humor (eutmia); melhora da função
cognitiva; aumento da neuroproteção: diminui redução da substância cinza, amígdala,
hipocampo e córtex pré frontal; diminui ação excitatória do glutamato e da dopamina,
aumento de GABA; aumento de ação antioxidante (grande estresse oxidativo durante a
crise de mania), aumento de BDNF (neuroproteção)ç modula enzimas pró-apoptóticas
(previne apoptose); neuroplasticidade.
Via oral;
Metade de uma dose oral: eliminado em 12 horas;
Restante: lítio captado pelas células: eliminado durante os próximos 7-14 dias;
Lítio acumula-se lentamente durante 2 semanas (ou mais), antes do estado de
equilíbrio ser alcançado;
Principais efeitos adversos: insuficiência renal, tremor, náuseas, vômitos,
diarreia, hipotireoidismo, inibição dos efeitos do ADH no rim (atua em enzimas que
bloqueiam receptores celulares), ganho de peso e perda de cabelo;
Toxicidade aguda: diversos efeitos neurológicos, como confusão,
comprometimento motor, coma, convulsões e morte (3-5 mm/l).
Fármacos antiepilépticos
ARTIGO
A Hipomania tem uma apresentação clínica menos severa que a Mania, duração inferior
(quatro dias) e geralmente não acarreta distúrbios sociais significativos nem necessita de
hospitalização. Não são vistos como negativos pelo doente pois a atividade, energia e
produtividade estão até acrescidas.
Depressão Unipolar: De acordo com o DSM-IV a classificação de Depressão Unipolar
inclui o Distúrbio Depressívo Maior (MDD) e o Distúrbio Distímico. O MDD é caracterizado
pela presença de um ou mais Episódios de Depressão Maior, sem história de mania ou
hipomania. O episódio termina quando deixam de se verificar os critérios completos para
Episódio Depressivo Maior durante pelo menos dois meses. Se durante este período ainda
existirem alguns sintomas, mas não os suficientes para classificar como Episódio Depressivo
Maior, então entende-se que o doente está em Remissão Parcial (vs Remissão total na sua
ausência). Por vezes a MDD é precedida pelo Distúrbio Distimico (10 a 25% dos casos). A
prevalência do DDM é de 5 a 9% para as mulheres e 2 a 3% para os homens. É mais comum
nos familiares de primeiro grau com este distúrbio. O Distúrbio Distimico é diferenciado do
MDD pela cronicidade, severidade e persistência dos sintomas. Os sintomas vegetativos são
menos comuns que na MDD. Dado o seu sentimento de autodesvalorização, o doente considera-
se uma pessoa desinteressante. Quando o primeiro episódio ocorre antes dos 21 anos, existe
uma maior probabilidade de vir a desenvolver Episódios Depressívos Maior. A sua prevalência
é de 6% sendo que, na idade adulta, as mulheres têm 2 a 3 vezes mais probabilidades de
desenvolverem a doença. A incidência é superior em individuos com história familiar (em
primeiro grau) deste distúrbio.
A Doença Bipolar foi dividido em Bipolar I, Bipolar II e Ciclotimia. A Doença Bipolar
I é caracterizado pela presença de história de Episódios de Mania, com ou sem história de
episódios depressivos maior. A recorrência é indicada por uma alteração na polaridade do
episódio ou por intervalo de dois meses livre de sintomas maníacos. A taxa de suicídio é de
cerca de 10 a 15% nesta doença, mas a ideação suicida é mais prevalente nas fases depressivas.
Está associada em muitos doentes a história de problemas pelo uso de álcool ou de outras
substâncias, essencialmente naqueles com início precoce de Disturbio Bipolar I. Estima-se que
10 a 15% dos adolescentes com Episódios Depressivos Maior recorrentes irão desenvolver
Doença Bipolar I. A incidência é aproximadamente igual nos homens e nas mulheres, contudo
nos homens é mais provável que o primeiro episódio seja maníaco enquanto nas mulheres será
um episódio depressivo maior e estes episódios ocorrem em maior frequência que os episódios
de mania (no homem a frequência é semelhante). A sua prevalência é de 0,4 a 1,6%. Uma
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frequência de 4 ou mais episódios de alteração de humor por ano, ciclos rápidos, está associada
a um pior prognóstico. A existência de perturbações de humor em familiares biológicos em
primeiro e segundo grau está associada a uma maior incidência de doença bipolar assim como
numa idade de início mais precoce. A Doença Bipolar II exige um ou mais Episódios de
Depressão Maior e pelo menos um Episódio de Hipomania. A presença de um episódio maníaco
exclui o diagnóstico de Doença Bipolar II.
Os sintomas causam mal-estar clinicamente significativo ou deficiência no
funcionamento social, ocupacional ou em qualquer outra área importante. A informação de
pessoas próximas do doente é importante pois estes não se consideram afetados nem se
recordam de outros episódios de hipomania. O suicídio ocorre na fase de Depressão Major e
atinge uma taxa de 10 a 15%. A prevalência é de 0,5%. Parece ser mais prevalente em mulheres
e nestas verifica-se um maior número de ciclos rápidos e de episódios de Depressão Major
comparativamente com os episódios de Hipomania; já nos homens, estes episódios igualam-se.
Se houver referência de episódios maníacos, o diagnóstico deverá ser alterado para Doença
Bipolar I, o que se verifica em 5 a 15% dos doentes num período de 5 anos. Tal como na doença
Bipolar I, a história de perturbações de humor na família, está associada a uma maior incidência
de Doença Bipolar II. Aqui há também a Doença Bipolar sem outra especificação que inclui as
perturbações com características bipolares que não preenchem os critérios para nenhuma das
Perturbações Bipolares. Existe uma alternância muito rápida entre os sintomas maniacos e os
sintomas depressivos (apenas dias) que não podem ser classificados como Episódio Maníaco ou
Episódio Depressivo Maior.
A Ciclotímia é caracterizada por pelo menos dois anos com numerosos períodos de
sintomas hipomaníacos que não preenchem critérios para Episódio Maníaco e numerosos
períodos de sintomas depressivos que não preenchem critérios para Disturbio Depressívo Maior.
Dada a sua evolução crônica e flutuante, não há períodos ausentes de sintomas superiores a dois
meses. Durante os dois primeiros anos da doença, não poderá verificar-se Episódios de
Depressão Major, Mania ou Mistos. Os sintomas causam mal-estar clinicamente significativo ou
deficiência no funcionamento social, ocupacional ou qualquer outra área importante, sendo o
doente considerado imprevisível, inconsciente ou não merecedor de confiança. A sua incidência
é semelhante em ambos os sexos e a prevalência é estimada em 0,4 a 1%. É mais comum
quando se verifica uma história de Doença Bipolar I ou II nos parentes de primeiro grau. De
referir que todas as perturbações são distintas daquelas com os mesmos sintomas induzidas por
outros estados patológicos ou por substâncias. Quando o início das perturbações ocorrem na
idade adulta, dever-se-á suspeitar desta relação.
É importante realçar que o diagnóstico de doença bipolar não implica necessariamente
uma história de depressão. Os critérios de diagnóstico para a doença bipolar I requerem apenas
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baixo apoio social é também associado a uma maior frequência de episódios de depressão em
ambas as doenças (Johnson et al., 1999).
No que concerne aos fatores psicológicos, nas duas depressões, a personalidade
neurótica parece estar associada a um aumento dos sintomas depressivos (Cuellar, 2005).
Adicionalmente, há uma ligação destes distúrbios com uma baixa auto-estima. Contudo, após
remissão do estado depressivo, doentes com Depressão Bipolar apresentam maior autoestima
que os doentes com Depressão Unipolar (Ashworth et al, 1985). Durante os episódios, ambos os
doentes tem iguais interpretações negativas sobre acontecimentos da vida.
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma terapia breve e estruturada, orientada
para a resolução de problemas, que envolve a colaboração ativa entre o paciente e o terapeuta
para atingir os objetivos estabelecidos. A terapia é geralmente utilizada no formato individual,
embora técnicas de grupo tenham sido desenvolvidas e testadas. Os objetivos da TCC são
educar pacientes e familiares sobre a doença, o seu tratamento e as suas dificuldades associadas;
ensinar os métodos para prever a sua ocorrência, a gravidade e o curso dos sintomas; facilitar a
aceitação e a cooperação no tratamento; oferecer técnicas não farmacológicas para lidar com
sintomas e problemas; ajudar o paciente a enfrentar os fatores stressantes que interfiram no
tratamento; estimular a aceitação da doença; aumentar o efeito protetor da família e diminuir o
trauma e o estigma associado à doença.
A TCC tem sido a abordagem mais amplamente estudada na Doença Bipolar. Vários
estudos evidenciam a eficácia desta técnica no tratamento destes doentes. Zaretsky et al. (1999)
compararam 11 doentes em tratamento com estabilizadores do humor com 11 doentes que
recebiam TCC padrão. Houve diminuição significativa dos sintomas depressivos em ambos os
grupos. Fava et al. (2001) avaliaram a TCC em 15 doentes que recaíram apesar de estarem sob
medicação. O tratamento consistiu em dez sessões de 30 minutos por semana, que focavam no
tratamento dos sintomas residuais e incluía psicoeducação, reestruturação cognitiva para os
sintomas depressivos, ansiosos e para a irritabilidade. Este tratamento mostrou-se eficaz no
tratamento de sintomas residuais e aumentou o tempo de remissão da doença. Um estudo
controlado, desenvolvido por Scott et al. (2001), avaliou 42 doentes com Doença Bipolar tipo I
e tipo II e demonstrou que a TCC diminuía, significativamente, os sintomas depressivos mas
não tanto os sintomas maníacos. Nesse estudo também se verificaram aumento da adesão,
redução no número de hospitalizações e melhoria no funcionamento global. Portanto, os estudos
têm demonstrado a eficácia da TCC no tratamento da Doença Bipolar, tanto na configuração
individual como em grupo.
Estudos apontam para a mesma eficácia na Depressão Unipolar. Blackburn et Moore
investigaram por dois anos doentes com pelo menos um episódio prévio de Depressão unipolar,
divididos em três tratamentos: manutenção com antidepressivos, terapia cognitivo
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Fatores genéticos
Embora haja relatos de casos familiares de depressão associados a regiões
cromossômicas do par 11 e do cromossomo sexual X, os resultados têm sido controversos
(Marshall, 1994). Provavelmente, o estudo das bases genéticas da depressão é dificultado pelas
diferenças existentes entre as concepções diagnósticas e pela heterogeneidade etiológica,
produzindo resultados ambíguos (Loehlin, Willerman e Horn, 1988). Estudos com famílias
demonstram que o risco de um parente de primeiro grau de um bipolar é sete vezes maior de ser
bipolar e três vezes maior de ser unipolar quando comparados com não-parentes de bipolar. Em
relação aos estudos com gêmeos, um resumo de cinco estudos desde 1975 apresenta valores de
concordância, para gêmeos monozigóticos (MZ), entre 53% e 75%, e entre 13% a 29% para
gêmeos dizigóticos (DZ). Estudos de adoção não são muito freqüentes para transtornos de
humor; no entanto, em uma investigação com 29 adotados que apresentavam transtorno bipolar,
foi verificado que 31% dos pais genéticos desses adotados apresentavam distúrbios afetivos,
valor bem superior à prevalência do transtorno nos seus pais adotivos, que foi de 12% (Lima e
Valada Filho, 2000). A busca de marcadores genéticos de localização conhecida que possam
indicar portadores de uma doença sugere haver diversas regiões pertencentes a diferentes
cromossomos, que podem estar envolvidas no transtorno bipolar. A região com maior
ocorrência de famílias afetadas é a Xq28 (região 28 do braço longo do cromossomo X). Outros
estudos indicam regiões dos cromossomos 4, 6, 13, 15, 18, 21 e 22, mas há a dificuldade de
replicação em outros grupos de indivíduos (Lima e Valada Filho, 2000). Os estudos com genes
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candidatos têm sido realizados em relação ao transtorno unipolar e bipolar. Esses genes são
assim denominados por codificarem proteínas que são reconhecidas pelo envolvimento na
fisiologia da característica investigada, e os estudos realizados visam a verificar se as diferenças
encontradas nos indivíduos podem indicar predisposições importantes. No caso específico do
transtorno bipolar, são pesquisados os genes relacionados à enzima tirosina hidroxilase, que
participa da síntese das monoaminas, assim como os genes associados à monoaminoxidase A e
B, que metabolizam a serotonina, a adrenalina e a dopamina. No entanto, as evidências
encontradas para esses candidatos não foram replicadas em outros estudos. Polimorfismos no
gene que codifica o receptor serotoninérgico 5-HT2A foram investigados em pacientes
bipolares. Embora as investigações tenham resultados interessantes, indicando a participação de
fatores genéticos sobre os transtornos de humor, a grande maioria desses resultados não foi
replicada em outros grupos de famílias analisadas (Lima e Valada Filho, 2000).