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Analgésicos e

antagonistas
opióides
Profa. Fernanda Regina de Castro Almeida
Farmacologia/CCS/UFPI
O conceito de dor
Experiência sensorial e emocional desagradável associada com uma
lesão tecidual ou descrita em termos dessa lesão

 A dor aguda: resposta  A dor crônica: dor que


sensório-perceptiva ou persiste por mais de um
emocional desagradável mês além da evolução
a uma estimulação habitual de uma lesão ou
nociva aguda de um doença aguda. Definição
tecido ou órgão. Define- variável
se aguda como cortante,
intensa, chegando
rapidamente a uma crise

 Rene Cailliet, 1999


Dimensões da dor
Sensitiva - Discriminativa Afetiva - Motivacional

Paleo-espino-talâmico +
Neo-espino-talâmico
Espino-reticulo-talâmico

Cognitiva - Avaliativa

Córtex encefálico
E então, como sentimos dor?

Cognição /
interpretação

condução

transdução

estímulo

E qual a utilidade da dor para o


organismo?
Objetivos em relação ao tratamento
da Dor

1. Maximizar o alívio da Dor


2. Levar a uma menor incidência de efeitos
adversos
3. Promover menores custos
4. Promoção de uma melhor qualidade de vida
Medidas terapêuticas analgésicas
MEDICAMENTOSAS NÃO MEDICAMENTOSAS
Neurolíticos Psicológicas
Anestésicos Fisioterápicas
Gerais / Locais
Analgésicos Neurocirúrgicas
Não-opióides/ Opióides
Coadjuvantes Outras
Ansiolíticos/Antidepressivos/
Relaxantes musculares
INTRODUÇÃO
 Opióides são compostos naturais ou sintéticos
que produzem efeitos semelhantes aos da
morfina

 Opióide = compostos do ópio

 São usados como analgésicos em situações de


dor intensa ou como antitussígeno
HISTÓRICO
 Opium em grego significa suco
 Obtido do suco da papoula Papaver somniferum
 No oriente utilizado no controle das disenterias
 1806 - Sertürner: isolou substância pura do ópio, a
qual chamou morfina em homenagem a Morfeu, deus
grego dos sonhos
 1832 - Robiquet (codeína)
 1848 - Merck (papaverina)
Papaver somniferum
QUÍMICA - Morfina

- alcalóide pentacíclico
- ponte de oxigênio 4,5; dupla 7-8
- 3 ciclos principais
- OH em 3 (fenólica) e 6 (alcoólica)
- modificações nessas posições
(farmacocinética e potência)
- N em 16: - quaternário - inativo
- antagonista
Peptídeos Opióides Endógenos
 Identificam-se três famílias diferentes de peptídeos:
as encefalinas, as endorfinas e as dinorfinas. Cada
família deriva de um polipeptídeo precursor
diferente:

 Proencefalina ou proencefalina A

 Proopiomelanocortina (POMC)

 Prodinorfina ou proencefalina B
Encefalinas
 são formadas por 5 aminoácidos
 têm met-encefalina (metionina na posição 5') ou leu-
encefalina (leucina na posição 5')
 são neuromoduladores, pois são pequenos peptídeos
oriundos de peptídeos maiores (proencefalinas)
 o gene da proencefalina codifica peptídeos de 276
aminoácidos
 o fracionamento da proencefalina dá 4 a 5
encefalinas ativadas
Endorfinas
 a POMC dá origem ao hormônio melanócito estimulante
(γ-MSH), adrenocorticotrofina (ACTH), e β-lipotrofina
(β -LPH); na seqüência dos 91 aminoácidos da β-LPH
encontram-se β-endorfina e β-MSH
 são formadas por 30 aminoácidos
 os 5 últimos aminoácidos estão na mesma seqüência das
encefalinas
 as endorfinas são neurohormônios
 encontradas em diferentes espécies ; pouca diferença
em humanos
Dinorfinas
 Se originam de mais de sete peptídeos que
contêm leu-encefalina, inclusive dinorfina A (1-
17), que pode ser fracionada em:
 dinorfina A (1-8),

 dinorfina B (1-13), e

 α e β-neoendorfina, os quais diferem entre si por


apenas um aminoácido
Receptores opióides
 Situam-se principalmente no sistema
nervoso central

 Ligam-se a substâncias endógenas:


1. Endorfinas
2. Encefalinas
3. Dinorfinas
Os tipos de receptores

 Mi/ Capa/ Sigma e Delta : , , , 

• Propriedades analgésicas: receptores mi


principalmente e capa (medula)

 Sigma – responsável pela euforia e


alucinações
Distribuição dos receptores
 Tronco cerebral – tosse, vômito, secreções
gástricas e miose
 Tálamo – dor profunda
 Medula espinhal – recepção e integração das
informações sensoriais
 Hipotálamo - secreção neuroendócrina
 Sistema límbico–amígdala–emoções
 Periferia e células imunitárias
Mecanismo de transdução
 Todos acoplados a proteína G inibitória
 Inibem adenilato ciclase
 Hiperpolarização pelo influxo de potássio
 Redução do influxo de cálcio

 Tudo isso levando à inibição da liberação de


neurotransmissores na condução da dor
Morfina
 Agonista padrão
 Mecanismo de ação: receptores no SNC e
digestivo
 Medula: diminuição da liberação de
substância P e glutamato
 Analgesia potente sem perda da
consciência
PROPRIEDADES
FARMACOLÓGICAS
 Analgesia:
 Ocorre sem perda da consciência
 É relativamente seletivo, visto que outras sensações
não são afetadas
 Dor está presente mas o paciente se sente mais
confortável
 Analgesia deve-se a ações no SNC. Foram
identificados locais medulares e vários supra-
medulares
Principais Vias Analgésicas dos Opióides

1. Substância cinzenta periaquedutal


2. Tronco cerebral ventromedial
3. Corno dorsal da medula espinhal
PROPRIEDADES
FARMACOLÓGICAS

 Efeito no hipotálamo:

 Os opióides modificam o ponto de equilíbrio


dos mecanismos termorreguladores do
hipotálamo, de maneira que a temperatura do
corpo geralmente cai um pouco
PROPRIEDADES
FARMACOLÓGICAS
 - Efeitos neuroendócrinos:
 A morfina atua no hipotálamo inibindo a liberação do
hormônio liberador de gonadotropina e o fator
liberador de corticotropina, diminuindo assim as
concentações circulantes do hormônio luteinizante,
do hormônio estimulador do folículo, do ACTH e das
-endorfinas
 Baixas concentrações de hormônios tróficos
hipofisários causam queda das concentrações
plasmáticas da testosterona e do cortisol
PROPRIEDADES
FARMACOLÓGICAS

 - Efeito no olho:

 A morfina e muitos agonistas  e  contraem


a pupila por uma ação excitatória no nervo
parassimpático que a inerva
PROPRIEDADES
FARMACOLÓGICAS
 Efeito na respiração:
 Deprimem a respiração
 A morte por intoxicação à morfina quase sempre se
deve a parada respiratória

 Efeito na tosse:
 a morfina e os opióides deprimem o reflexo da tosse
(centro da tosse no bulbo)
PROPRIEDADES
FARMACOLÓGICAS
 Efeitos nauseantes e eméticos:
 Efeitos colaterais desagradáveis (estimulação da
zona deflagradora do quimiorreceptor para a êmese,
na região postrema do bulbo)

 Efeito no sistema cardiovascular:


 Doses terapêuticas dos morfino-símiles não tem
qualquer efeito na pressão arterial, nem na
frequência ou ritmo cardíaco
PROPRIEDADES
FARMACOLÓGICAS
 Efeitos no trato gastrointestinal:
a) estômago: diminui a secreção de HCl, embora
algumas vezes seja evidente a estimulação
b) intestino delgado: morfina diminui secreção biliar,
pancreática e intestinal e retarda a digestão do
alimento no intestino delgado
c) intestino grosso: constipação
 Mediada por receptores  e  no intestino
PROPRIEDADES
FARMACOLÓGICAS
 Efeito no trato biliar:

 a pressão da bile pode aumentar na vesícula e


causar sintomas que variam do desconforto
epigástrico à cólica biliar típica (contração do
esfíncter de Oddi)
Reações adversas
 Depressão respiratória
 Vômito
 Disforia
 Hipotensão
 Retenção urinária
 Tolerância e dependência física
 Risco de abuso
Reações adversas
Farmacocinética
 Farmacocinética: absorção lenta e errática

 Metabolismo hepático

 Distribuição: vários tecidos e placenta

 Cerca de um terço da concentração plasmática se liga a


proteínas

 Penetração mais lenta no sistema nervoso central


(exceto: fentanil, codeína, metadona e heroína)
Uso terapêutico
 Analgesia – morfina é o padrão

 Antidiarréico*

 Antitussígeno – codeína
Classificação dos Opióides

Agonistas Fortes

 Morfina
 Meperidina ou petidina
 Fentanil, alfentanil, sulfentanil
 Metadona
 Hidromorfona
 Oximorfona
Classificação dos Opióides

Agonistas Leves a Moderados


 Codeína e Oxicodona

 Agonista Fraco
 Propoxifeno

Agonistas Parciais (agonistas/antagonistas)


 Nalorfina / Pentazocina

Antagonistas
 Naloxona, levalorfano
MEPERIDINA
 Meperidina: receptores μ, provoca miose
 Menor meia vida; 5 vezes menos potente que a
morfina
 Usada pela via I.M com efeito de 2 a 4 horas
 Sem efeito antitussígeno e antidiarréico
 Pode provocar hiperatividade e estimulação
cerebral principalmente em pacientes com I.R.
MEPERIDINA
 Uso deve ser restrito: efeitos centrais
 Ocorre devido a um metabólito ativo:
normeperidina (efeito estimulante do
SNC)
 Não deve ser utilizada por períodos
maiores que 48 h/ não utilizar em dor
crônica
 Derivados: difenoxilato e loperamida
METADONA
 Eficácia semelhante à morfina; potente agonista μ

 Pode ser utilizada por via oral

 É constipante e aumenta pressão intracraniana

 Meia vida de 15 a 40 h/ maior que a morfina

 Uso: controle da retirada de morfina e heroína de


dependentes e alívio da dor crônica; Síndrome de
abstinência mais discreta
CODEÍNA

 Uso oral como antitussígeno e analgésico

 É alcalóide fenantrênico do ópio; metilmorfina

 Menos potente que a morfina

 Metabolicamente é transformada em morfina


– 10 % por O-desmetilação
NALOXONA
 Uso parenteral: efeito imediato
 Efeito: de 1 a 4 h
 Meia vida de cerca de 90 min
 Usada principalmente no tratamento de
intoxicações por opióides
 Quimicamente semelhante a morfina
 Antagonismo competitivo
 Maior afinidade por receptores μ-depressão
respiratória
NALOXONA
 Efeitos periféricos são antagonizados pela naloxona

 Após uso de naloxona os centros de controle


respiratório voltam a responder ao CO2

 Uso em doses fracionadas; Uso cauteloso em


intoxicações agudas em dependentes

 Recursos auxiliares na intoxicação: lavagem gástrica,


uso de carvão ativado
Cachoeira do Urubu-Esperantina-PI
Obrigado!Prof Luciano
Morro do gritador – Pedro II/PI

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