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Farmaco2 – Juliano Xavier 2017.1
Farmacologia 2
Origem
Classificação e química
Peptideos opioides
endógenos
Os alcaloides opioides (ex.
morfina) produzem analgesia
por meio de suas acoes em
receptores no SNC, que
respondem a certos peptídeos
endógenos com propriedades
farmacológicas semelhantes
as dos opioides, peptídeos
opioides endógenos.
Três famílias de peptídeos opioides endógenos: 1) endorfinas; 2) encefalinas; 3) dinorfinas.
As três apresentam afinidades superpostas com peptídeos endógenos (tabela 31-1)
Derivam de três proteínas precursoras: a) pré-promelanocorticona (POMC), b) pré-
proencefalina (proencefalina A); e, c) pré-prodinorfinas.
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das propriedades dos peptídeos opioides, notavelmente analgesia e alta afinidade de ligação
ao receptor μ. Endomorfina 1 e 2 ativam seletivamente os receptores μ opioides centrais e
periféricos.
TODOS SÃO ENCONTRADOS (MOLECULAS PRECURSORAS DE OPIOIDES
ENDOGENOS E ENDOMORFINAS) EM LOCAIS DO SNC IMPLICADOS NA
MODULAÇÃO DA DOR.
Evidencias sugerem que podem ser liberadas durante condições de estresse, como dor e
antecipação da dor, diminuindo a sensação de estímulos nocivos.
Farmacocinética
A Absorção
Analgésicos opioides são bem absorvidos quando administrados por via subcutânea,
intramuscular e oral. Devido aos efeitos de primeira passagem, pode haver necessidade de a
dose oral ser muito mais alta do que a dose parenteral.
Morfina sofre efeito de primeira passagem (25% de biodisponibilidade).
Codeína e oxicodona, são efetivos por via oral, pois possuem reduzido metabolismo de
primeira passagem.
A insuflação nasal de certos opioides pode resultar na rápida obtenção de níveis sanguíneos
terapêuticos.
B Distribuição
C Metabolismo
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D Excreção
Metabolitos polares, inclusive conjugados de glicuronideos dos analgésicos opioides, são
excretados principalmente na urina, conjugados de glicuroinideo são encontrados na bile,
porem a circulação enterro-hepática represente uma pequena parte do processo excretor.
Farmacodinâmica
A Mecanismo de Ação
Os agonistas opioides
produzem analgesia por
meio da ligação a
receptores específicos
acoplados à proteína G,
que se localizam no
cérebro e em regiões da
medula espinal envolvidas
na transmissão e na
modulação da dor. Alguns
efeitos são mediados por
receptores opioides
presentes nas terminações
nervosas sensitivas
periféricas.
FIGURA 1 - O neurônio
aferente primário origina-
se na periferia e transmite
sinais de dor ao corno
dorsal da medula espinal,
onde faz sinapse, através
do glutamato (GLU) e
transmissores
neuropeptidicos, com o
neurônio secundário. Os
estímulos dolorosos
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podem ser atenuados na periferia (condições inflamatórias) por opioides que atuam nos
receptores μ (MOR), ou podem ser bloqueados no axônio aferente por anestésicos locais (ñ
indicados). Os potenciais de ação que alcançam o corno dorsal são atenuados na terminação
pré-sinaptica por opioides ou bloqueadores do cálcio (ziconotida), α2-agonistas e,
possivelmente, fármacos que aumentem as concentrações sinápticas de norepinefrina
(Noradrenalina) através do bloqueio da recaptação (tapentadol). Os opioides também inibem
o neurônio pós-sinaptico, assim como certos antagonistas neuropeptidicos que atuam na
taquicinina (NK1) e em outros neuropeptideos.
1. Tipos de receptores: todos os receptores de opioides (μ, κ, δ), todos são membros da família
de receptores acoplados à proteína G.
2. Ações celulares: os receptores de opioides formam uma família de proteínas que se acoplam
as proteínas G e, através dessa interação, afetam a regulação de canais iônicos, modulam o
processamento intracelular do Ca2+ e alteram a fosforilação das proteínas. Os opioides
exercem duas ações diretas: 1) fecham os canais de Ca2+ regulados por voltagem nas
terminações nervosas pré-sinápticas e, portanto, reduzem a liberação de transmissores e, 2)
hiperpolarizam e, assim, inibem os neurônios pós-sinápticos por meio da abertura de canais
K+. (ver figura e explicação acima).
3. Relação entre os efeitos fisiológicos e o tipo de receptor: os analgésicos opioides atuam em
sua maioria sobretudo nos receptores μ. Tanto a analgesia quanto as propriedades
euforizantes, depressoras respiratórias e de dependecia física da morfina resultam de suas
ações nos receptores μ. Os peptídeos opioides endógenos diferem da maioria dos alcaloides
na sua afinidade pelos receptores κ e δ.
4 Distribuição dos receptores e mecanismos neurais da analgesia: todos os três receptores
principais são encontrados em altas concentrações no corno dorsal da medula espinal. Existem
receptores tanto em neurônios de transmissão da dor na medula espinal quanto nos aferentes
primários que transmitem a mensagem da dor para eles. embora inibam diretamente os
neurônios de transmissao da dor no corno dorsal, os agonistas opioides também inibem a
liberação de transmissores excitatórios dos aferente primários.
É importante assinalar que o receptor μ está associado a TRPV1 e nociceptores que expressam
peptídeos (substancia P).
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2 Efeitos periféricos
a. Sistema cardiovascular: a maioria dos opioides não exerce efeitos diretos significativos
sobre o coração. A meperidina é uma exceção, por sua ação antimuscarínica, pode resultar
em taquicardia. Em geral, a PA é bem mantida em indivíduos que recebem opioides, a menos
que o SC esteja estressado levando hipotensão. Esse efeito se deve à dilatação arterial e venosa
periférica, devido a depressão central dos mecanismos estabilizadores vasomotores e
liberação de histamina. É preciso ter cautela em pacientes com diminuição do volume
sanguíneo, devido a hipotensão. Opioides afetam minimamente a circulação cerebral, exceto
quando a PCO2 aumentada em consequência da depressão respiratória. Elevação de PCO2
resulta em vasodilatação cerebral associada a diminuição da resistência vascular.
b. Trato gastrointestinal: constipação intestinal é observada. No estomago há motilidade
diminuída, porém o tônus pode aumentar. Ocorre diminuição da secreção gástrica de HCl. No
intestino grosso, as ondas peristálticas são diminuídas e o tônus aumentado, retardando a
passagem do bolo fecal. Essas ações no intestino grosso constituem a base para o uso dos
opioides no tratamento da diarreia (papaverina). Podendo ser um problema associado ao uso
dos opioides no controle da dor intensa do câncer.
c. Trato Biliar: os opioides causam contração do musculo liso biliar, podendo resultar em
cólica biliar. O esfíncter de Oddi pode sofrer contração.
d. Renal: Função renal pode ser deprimida pelos opioides, devido a redução do fluxo
plasmático renal. Opioides μ exercem efeito antidiurético. Também intensificam a reabsorção
tubular renal de sódio. Tônus uretral e o vesical são aumentados com doses terapêuticas, isso
pode precipitar a retenção urinaria, sobretudo em pacientes no período pos-operatorio, a cólica
uretral provocada por um calculo renal é agravada pelo aumento do tônus uretral.
e. Utero: opioides podem prolongar o trabalho de parto.
f. Neuroendócrino: analgésicos opioides estimulam a liberação de ADH, prolactina e
somatotropina, porém inibem a liberação de hormônio luteinizante, sugerindo que os
peptídeos opioides endógenos, por meio de seus efeitos no hipotálamo, regulam esses
sistemas.
g. Pruridos: opioides em doses terapêuticas produzem rubor e calor na pele, acompanhados as
vezes de sudorese e prurido, pode ser ocasionadas por efeitos no SNC e pela liberação
periférica de histamina. O prurido induzido por opioides e, a urticaria aparece mais
frequentemente quando os analgésicos opioides são administrados por VP. Morfina
administrada ao neuroeixo por via espinal ou epidural, a sua utilidade pode ser limitada devido
ao intenso prurido que aparece nos lábios e no tronco.
h. Miscelânea: opioides modulam o Sistema Imune por meio de efeitos sobre a proliferação
dos linfócitos, sobre a produção de anticorpos e sobre a quimiotaxia. Os leucócitos migram
para os locais de lesão tecidual e liberam peptídeos opioides, que ajudam a aliviar a dor
inflamatória. A atividade citolitica das células destruidoras naturais (natural killer) e as
respostas proliferativas dos linfócitos a mitógenos são habitualmente inibidas pelos opioides.
Em geral, esses efeitos são medidos pelo sistema nervoso simpático no caso da administração
aguda de opioides e pelo sistema hipotálamo-hipófise-suprarrenal na administração
prolongada.
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1. Tolerância
O desenvolvimento da tolerância já começa
na primeira dose de um opioide, tal
problema se torna clinico manifesto depois
de 2 a 3 semans de exposição frequente a
desses terapêuticas habituais. A tolerância
desenvolve-se mais rapidamente quando
administradas grandes doses a intervalos curtos, enquanto é minimizada pela administração
de pequenas doses a intervalos maiores.
2. Dependência
O desenvolvimento de dependência física acompanha invariavelmente a tolerância a
administração repetida de um opioide do tipo μ. A interrupção da administração do fármaco
resulta em uma síndrome de abstinência característica, a qual reflete um rebote exagerado dos
efeitos farmacológicos agudo: rinorreia, lacrimejamento, bocejos, calafrios, arrepios,
hiperventilação, hipertemia midríase, dores musculares, vômitos, diarreia, ansiedade e
hostilidade. A administração de um opioide nesses casos suprime quase de imediato os sinais
e sintomas. É possível induzir uma síndrome de abstinência explosiva e transitória
(abstinência precipitada por antagonista) em indivíduos com dependencia física por meio
da administração de naloxona ou outro antagonista.
3. Adicção
A euforia, a indiferença a estímulos e a sedação habitualmente produzidas por analgésicos
opioides, em particular por IV, tendem a promover o uso compulsivo. Apresenta efeitos
abdominais comparados ao intenso orgasmo sexual. Constituindo as principais razões para a
tendência ao abuso de opioides e são fortemente reforçados pelo desenvolvimento de
dependencia física.
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Interações medicamentosas
Agonistas
Morfina
Alcaloide do ópio que existe na natureza, usada para aliviar
dor crônica ou dor crônica intensa. Protótipo dos outros
agonistas. Administrado por VO (30mg- 3/4h) ou via
parenteral (10mg- 3/4h). possui efeito significativo de
primeira passagem, biodisponibilidade de 25%.
Aplicações clinicas: tratamento da dor aguda-modera a forte;
dor crônica (cautela – abuso e intoxicação); pré-operatório:
redução da dose de anestésico; IAM, ICC e edema de pulmão:
devido a hipotensão causada pela liberação de histamina dos mastócitos, reduz a pré-carga
cardíaca.
Heroína
Análogo semi-sintético da morfina, porem 4 vezes mais potente,
pode ser administrada por via inalatória e IV, cerca de 11s para inicio
dos efeitos. É a droga que mais causa dependência.
Rapidamente hidrolisada a 6-monoacetilmorfina, que é hidrolisada a
morfina. Mais solúvel que a morfina, maior penetração na BHE,
causando euforia intensa e dependência.
Oxicodona
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Codeína
Agonista leve a moderado, usado para efeitos analgésicos e
antitussígeno, produz efeito mais leve que a morfina, com menor
tendência a dependencia e abuso. É convertida a morfina através
da desmetilação pela CYD2D6.
Ativa a MOR de forma menos eficiente do que a morfina.
Codeína + Dipirona → Efeito sinérgico
Codeína + paracetamol → efeito sinérgico
Como antitussígeno a codeína é pouco utilizada, para o tratamento da dor leve (7,5mg – 6/6h)
a moderada (30mg 6/6h)
Tramadol
Análogo a codeína, utilizado no alivio da dor de moderada a intensa, para
casos de dor nas costas, fibromialgia, osteoartrite e dor neuropática (100-
400mg d). possui baixo potencial de tolerância e abuso, podendo ser
utilizado a longo prazo. Há interação com alimentos, sendo necessário
administração fora das refeições. Agonista opioide fraco, reduzindo
bastante os efeitos colaterais, parte do seu mecanismo de analgesia deve-
se a inibição da recaptação da noradrenalina e serotonina no encéfalo.
Derivados da fenilpiperidina
Alfentanil: 20 vezes mais potente que a morfina, sua prescrição é cirúrgica.
Fentanil: 75 a 100 vezes mais potente que a morfina, prescrição para intubação e cirurgia.
Sufentanil: 500 a 1000 vezes mais potente que a morfina, indicado para procedimentos
neurológicos longos.
Os derivados da fenilpiperidina são muito lipossolúveis, são potentes agonistas MOR. Sendo
importantes para a pratica anestésica, pois possuem ação de inicio rápido e termino da ação
analgésica (pouca ação sobre os mecanismos de recompensa), efeitos depressores do
miocárdio são mínimos (mastócitos não reagem aos derivados da fenilpiperidina) porém
podem causar depressão respiratória grave necessitando ventilação mecânica.
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Farmacologia 2
Agentes Antidepressivos
Ref.: Farmacologia – Básica & Clínica – Katzung 12ª ed
Fisiopatologia da TDM
1) Hipótese monoaminérgica
2) Hipótese neurotrófica
Hipótese neurotrófica
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E. Inibidores da monoaminoxidase
Os inibidores da monoaminoxidase (IMAO), esses fármacos são raramente usados na pratica
clinica, devido a sua toxicidade e interações alimentares e medicamentosas potencialmente
letais. Os IMAO atuais incluem a fenelzina, isocarboxazida, tranilcipromina, selegiliina,
moclobemida; fenelzina, isocarboxazida e tranilcipromina ligam-se de modo irreversível e
não seletivamente a MAO-A e MAO-B, enquanto outros IMAOs podem ter propriedades mais
seletivas ou reversíveis. A tranilcipromina e a selegina apresentam metabolitos semelhantes a
anfetamina, logo, tendem a exercer significativos efeitos estimulantes no SNC.
Farmacocinética
A. ISRSs
A fluoxetina é metabilizada a um produto ativo, a norfluexetina, cujas concentrações
plasmáticas podem ser mais altas do que as da fluoxetina. A meia-vida de eliminação da
norfluoxetina é cerca de 3 vezes maior do que a fluoxetina e contribui para a meia-vida mais
longa entre todos os ISRSs. Por outro lado, é necessário suspender a fluoxetina 4 semanas ou
mais antes da administração de um IMAO ➔ para diminuir o risco de síndrome
serotoninérgica.
Fluoxetina e paroxetina são potentes inibidores da isoenzima CYP2D6 ➔ Ocorrencia de
interferência medicamentosa.
Citalopram, escitalopram e a sertralina apresentam interações modestas com CYP
B. IRSNs
1) Inibidores seletivos da recaptação de 5-HT e NE
Venlafaxina e desvenlafaxina é muito metabolizada no fígado pela CYP2D6, apresentam
meias-vidas de cerca de 11h (1xd), apresentam a menor ligação às proteínas, diferente dos
demais antidepressivos, a venlafaxina é conjugada e não sofre extenso metabolismo oxidativo.
A duloxetina é bem absorvida e apresenta meia-vida de 12h, administrada 1 x d; liga-se
firmemente a proteínas e sofre extenso metabolismo oxidativo. O comprometimento hepático
altera os níveis de duloxetina.
2) ATCs
Tendem a ser bem absorvidos e a apresentar meias-vidas longas, administrados 1 x d e à noite
por efeito sedativo. Sofrem extenso metabolismo por desmetilação, hidroxilação aromática e
conjugação com glicorunideo. Os ATCs são substratos do sistema CYP2D6, e níveis séricos
tendem a ser substancialmente influenciados pela administração concomitante de fármacos,
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como a fluoxetina. Os ATCs tem uma ampla janela terapêutica, os níveis séricos são
confiáveis na previsão de resposta e toxidade
E. Inibidores de monoaminoxidase
Os diferentes IMAOs são metabolizados por vias distintas, porém tendem a apresentar efeitos
extensos de 1º passagem, diminuindo a biodisponibilidade. É tendência desses fármacos
inibirem a MAO no intestino (resultando efeitos pressores de tiramina). Aumentado risco de
interações alimentares.
Farmacodinâmica
A. ISRSs
O SERT é uma glicoproteína com 12 regioes transmembranas localizadas na terminações
axonicas e membranas do corpo celular dos neurônios serotoninérgicos. Quando a serotonina
extracelular liga-se a receptores no transportador, ocorrem alterações na conformação do
transportador e a 5-HT, o Na+ e o Cl- são transferidos para o interior da célula. Em seguida,
a ligação do K+ intracelular resulta na reaquisição da conformação original do transportador
e liberação de 5-HT no interior da célula. Os ISRSs inibem alostericamente o transportador
por meio da ligação do receptor em um sitio ativo de ligações da 5-HT. Doses terapêuticas
cerca de 80% da atividade da SERT são inibidos. Possuem efeitos modestos sobre outros
neurotransmissores. A ligação do SERT está associada a uma ligação tonica do sistema
dopaminérgico, embora exista uma variabilidade interpessoal substancial nesse efeito. ISRSs
não se ligam ativamente aos receptores de histamina, muscarínicos ou outros receptores.
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E. IMAO
Atenuam as ações da MAO no neurônio e ao aumentam o conteúdo de monoaminas. A MAO-
A é encontrada nos neurônios de dopamina e de NE e ocorre principalmente no cérebro, no
intestino, na placenta e no fígado; seus principais substratos são NE, Epinefrina e a 5-HT. A
MAO-B é encontrada sobretudo nos neurônios serotoninérgicos e histaminérgicos e ocorre no
cérebro, no fígado e nas plaquetas, atua principalmente sobre a tiramina, a feniletilamina e a
benzilamina. Ambos metabolizam a triptamina e dopamina.
A. Depressão
Os antidepressivos são aprovados para o tratamento tanto agudo quanto a longo prazo da
depressão maior. Episódios agudos de TDM tendem durar cerca de 6 a 14 meses sem
tratamento e duram 2 anos ou mais.
O tratamento da TDM agudo tem por objetivo a remissão de todos os sintomas. Como os
antidepressivos podem não ser capazes de produzir o seu beneficio máximo durante 1 a 2 mese
ou mais, não é raro que se efetue uma prova de 8 a 12 meses de duração com doses
terapêuticas. Se for obtida uma resposta inadequada a terapia com frequência é modificada,
utilizando outro agente ou ampliada, com o acréscimo de outro fármaco.
B. Transtorno de ansiedade
Os transtornos de ansiedade representam a aplicação mais comum dos antidepressivos.
Diversos ISRSs e IRSNs foram aprovados para todos os transtornos de ansiedade, inclusive
TEPT, TOC,TAS, TAG e transtorno de pânico. Os benzodiazepínicos produzem um alivio
muito mais rápido da ansiedade generalizada e do pânico do que qualquer um dos
antidepressivos. Entretanto, os antidepressivos parecem pelo menos tão efeitivos e, talvez,
mais efetivos do que os benzodiazepínicos no tratamento a longo prazo dos transtornos de
ansiedade. Os antidepressivos não estão associados ao risco de dependência e de tolerância
associado aos benzodiazepínicos.
TOC responde a antidepressivos serotoninérgicos. A terapia comportamental é habitualmente
associada ao antidepressivo com vistas à obtenção de benefícios adicionais.
C. Distúrbios de dor
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Os ATCs tem sido usados no tratamento de condições neuropáticas e outras condições de dor.
Os medicamentos que apresentam propriedades bloqueadoras da recaptação de NE e 5-HT
com frequência são úteis no tratamento dos distúrbios da dor. As vias monoaminérgicos
corticospinais ascendentes parecem importantes no sistema analgésico endógeno. as
condições de dor crônica estão comumente associadas à depressão maior.
E. Abandono do tabagismo
Bupropiona foi aprovado para o tratamento do tabagismo, pacientes em uso de bupropiona
parecem ter menos sintomas de humor e possivelmente menos ganho de peso durante a
abstinência de nicotina. O fármaco pode simular os efeitos da nicotina sobre a dopamina e
sobre a NE e antagonizar os receptores nicotínicos.
F. Transtornos alimentares
A bulimia e a anorexia nervosa são transtornos
potencialmente devastadores. A fluoxetina foi aprovada
para o tratamento da bulimia. O principal tratamento
para anorexia consiste em realimentação, terapia
familiar e cognitivo-comportamental. A bupropiona
pode ter algum beneficio no tratamento da obesidade.
Escolha de um antidepressivo
Nem todas as condições respondem igualmente a todos
os antidepressivos. No tratamento do TDM é difícil
demonstrar que determinado antidepressivo é mais
efetivo do que outro. A escolha de um antidepressivo no
tratamento da depressão baseia-se sobretudo em
considerações praticas, como custo, disponibilidade,
efeitos colaterais, interações medicamentosas potenciais,
história de resposta ou ausência de resposta do paciente
e preferencia deste. Outros fatores, como idade, sexo,
condições clinicas do paciente, também orientam a
seleção de um antidepressivo.
Efeitos colaterais
A. ISRSs
Podem ser antecipados a partir da inibição potente do
SERT. Aumentam o tonico serotoninérgico, não apenas
no cérebro, mas em todo o corpo. Aumento da atividade
serotoninérgica no TGI, associado a náuseas,
desconforto gastrointestinal, diarreia e outros sintomas
gastrintestinais. Os efeitos colaterais surgem
precocemente durante o inicio do tratamento e tendem a
diminuir depois da primeira semana. Pode haver perda
da libido sexual, orgasmo ou dominuição da excitação,
podem persistir ou diminuir com o passar do tempo.
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Os outros efeitos colaterais estão relacionados com os efeitos serotoninérgicos dos ISRSs,
aumento das cefaleias e insônia ou hipersonia. Ganho de peso, particularmente a paroxetina.
A súbita intervenção de ISRSs de meia vida curta, como paroxetina e sertralina, está
associada a uma síndrome de interrupção em alguns pacientes, com tonturas, parestesias e
outros sintomas.
B. IRSNs
Apresentam muitos dos efeitos colaterais serotoninérgicos associados aos ISRSs. Porem
também podem ter efeitos noradrenérgicos, incluindo aumento da PA e da função cardíaca,
bem como a ativação do SNC, como insônia, ansiedade e agitação. Os efeitos hemodinâmicos
dos IRSNs não tendem a ser problemáticos na maioria dos pacientes. Todos os IRSNs foram
associados a uma síndrome de interrupção similar a ISRSs.
Os principais efeitos dos ATCs são efeitos anticolinérgicos são os mais comuns. Resultam de
boca seca, constipação intestinal, retenção urinária, visão embaçada e confusão. São mais
comuns com os ATCs. A acentuada propriedade α-bloqueadora dos ATCs frequentemente
resulta em hipotensão ortostática. O antagonismo H1 exercido pelos ATCs está associado a
ganho de peso e sedação. os ATCs são agentes antiarritimicos e arritmogênicos em doses altas.
Os ATCs estão associados a uma síndrome de interrupção proeminente, caracterizada por
rebote colinérgico e sintomas gripais.
D. Tetraciclicos e unicíclicos
Amoxapina está algumas vezes associda a uma síndrome parkinsoniana em virtude da sua
ação bloqueadora D2. A bupropriona está associada ocasionalmente a agitação, insônia e
anorexia.
E. Inibidores de MAO
Os efeitos que levam à interrupação desses fármacos consistem em hipotensão ortostática e
ganho de peso. Os IMAOs não seletivos irreverseiveis estão associados às maiores taxas de
efetios sexuais entre todos os antidepressiveis. A anorgamia é bastante comum com o uso de
doses terapêuticas de alguns IMAOs. Ações de IMAOS semelhantes as anfetaminas
contribuem com a insônia, inquietação.
Superdosagem
Tentativas de suicídio constituem uma consequência comum e lamentável da TDM. A
superdosagem pode induzir arritimias letais, inclusive taquicardia ventricular e fibrilação.
Alterações da PA e efeitos anticolinérgicos, como a alteração do estado mental e crises
convulsivas, são observados nos ATC.
Em geral, o tratamento consiste em monitoração cardíaca, suporte das vias respiratórias e
lavagem gástrica. Para os ATC utiliza-se bicarbonato de sódio para desacoplar dos canais de
sódio cardíaco.
Superdosagem de IMAO pode produzir instabilidade autônoma, sintomas hiperadrenérgicos,
sintomas psicóticos, confusão, delírio, febre e convulsões. Tratamento monitoração cardíaca,
suporte dos sinais vitais e lavagem.
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Os demais antidepressivos em comparação aos ATCs e IMAOs são geralmente mais seguros
quanto a superdosagem.
Interações Medicamentosas
A. ISRSs
Interações mais comuns são farmacocinéticas. Paroxetina e fluoxetina são potentes
inibidores de CYP2D6. Citalopram e o Escitalopram, são relativamente desprovidos de
interações farmacocinéticas. As interações mais graves com os IMAOs, produzindo uma
síndrome serotoninérgica.
B. IRSNs
Tem relativamente menos interações com a CYP450 do que os ISRSs. São contraindicados
em associação com IMAOs. Os fármacos anti-hipertensivos podem exacerbar a hipotensão
ortostática induzidas pelos ATCs.
E. IMAOs
Estão associados a duas classes de interações medicamentosas graves. A primeira consiste
delas consiste na interação farmacodinâmica dos IMAOs com os agentes serotoninérgicos,
incluindo ISRSs, IRSNs e a maioria ATCs, juntamente com alguns analgésicos, como a
meperidina. As associações de IMAO a um agente serotoninérgico pode resultar em uma
síndrome serotoninérgica, que acredita seja causada pela hiperestimulação dos receptores de
5-HT nos núcleos cinzentos centrais e no bulbo. Os sintomas variam de leves e letais e
consistem em uma tríade de efeitos cognitivos (delírio, coma), autônomos (hipertensão,
taquicardia, diaforese) e somáticos (mioclonia, hiper-refelxia, tremores). Os antidepressivos
serotoninérgicos devem ser interrompidos, pelo menos 2 semanas antes do inicio de um
IMAO.
A fluoxetina, devido a sua meia-vida longa, deve ser suspensa 4 a 5 semanas antes do inicio
de um IMAO.
É preciso interromper o IMAO pelo menos 2 semanas antes de se iniciar a administração de
um agente serotoninérgico.
A segunda interação grave ocorre quando um IMAO é associado a Tiramina na dieta ou a
substratos simpatomiméticos de MAO. O IMAO impede a degradação da tiramina no intestino
resultando em níveis séricos elevados que intensificam os efeitos noradrenérgicos periféricos,
incluindo elevação drástica de PA, podendo sofrer acidente vascular encefálico ou infarto do
miocárdio.
Pacientes devem consumir uma dieta com baixo conteúdo de tiramina e evitar alimentos como
queijos envelhecidos, produtos de soja e salsichas secas.
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Farmacologia 2
Antiepilépticos – Anticonvulsivantes
Ref.: Farmacologia – Básica & Clínica – Katzung 12ª ed
Motoras negativas =
perda da contração
Nem toda crise epiléptica é convulsiva: crises convulsivas são apenas nas quais há ativação
do córtex motor produzindo contrações (fase tônica) e posteriormente relaxamento fásico da
musculatura (fase crônica).
Novo tipo de classificação de crises: (Segundo aula do prof Sérgio)
Tipos de Crise
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FENITOÍNA
Anticonvulsivante não sedativo mais antigo (1938), foi conhecida como difenil-hidantoína.
Mecanismo de ação
Exerce efeitos importantes em vários sistemas fisiológicos. Altera a
condutância de Na+, K+ e Ca2+, os potenciais de membrana e as
concentrações de aminoácidos bem como os neurotransmissores
norepinefrina, acetilcolina e GABA, bloqueia o disparo repetitivo de
alta frequência sustentado dos potenciais de ação. Em concentrações
terapêuticas, a principal ação da fenitoína consiste em bloquear os
canais de Na+ e inibir a geração de potenciais de acao rapidamente repetitivos. As ações pré-
sinápticas sobre a liberação de glutamato e de GABA provavelmente sujam de outras ações,
além daquelas nos canais de Ca+ regulados por voltagem.
Farmacocinética
A absorção depende muito da formulação da dosagem. A absorção pelo TGI é quase completa
na maioria dos pacientes, embora o tempo necessário para alcançar o nível máximo possa
variar de 3 a 12h. a absorção após injeção IM é imprevisível, não sendo recomendada. Porem
a fosfenitoína, um pró-fármaco de fosfato mais solúvel é bem absorvido por IM.
A fenitoína liga-se altamente a proteínas plasmáticas. Na presença de uremia e
hipoalbuminemia o nível plasmático diminui. Acumula-se no cérebro, fígado e no tec adiposo.
A meia-vida varia de 12 a 36h, com media de 24h. são necessários 5 a 7 dias para alcançar os
níveis sanguíneos em estado de equilíbrio dinâmico após cada mudança de dosagem, podendo
chegar a 4 ou 6 semanas.
Níveis terapêuticos e dosagem
O nível plasmático terapêutico situa-se entre 10 e 20 mcg/mL. Pode-se administrar uma dose
de ataque por via oral ou IV, esta ultima por fosfenitoína. Com dose oral de ataque em
300mg/d, independente do peso corporal. Nível terapêutico mínimo é de 10 mcg/mL. Se as
convulsões continuarem, doses mais altas costumam ser necessárias. Pode ocorrer toxidade
com apenas pequenos aumentos da dose, pois a cinética depende da dose, a mesma deve ser
aumentada em apenas 25 a 30mg de cada vez.
Interações medicamentosas e interferência nos testes laboratoriais
As interações estão principalmente relacionadas com a ligação às proteínas plasmáticas,
outros fármacos de alta ligação às proteínas, com as fenilbutazona e as sulfonamidas; podendo
causar um aumento transitório do fármaco livre. Uma redução na ligação às proteínas (em
consequência da hipoalbuminemia) resulta em redução da concentração plasmática total do
fármaco, mas não da concentração livre. Ligação com proteínas é diminuída na doença renal.
O fármaco exibe afinidade pela globulina de ligação dos hormônios tireoideanos, gerando
confusão em algumas provas de função da tireoide. A mais confiante é a dosagem de TSH.
Toxidade
Ocorre nistagmo, assim como movimentos extraoculares suaves de busca, porem nenhum
deles constitui uma indicação para reduzir a dose. A diplopia e a ataxia são os efeitos colaterais
mais comuns relacionados com a dose que exigem ajuste; em geral, a sedação só ocorre com
níveis consideravelmente mais altos. Hiperplasia gengival e hirsutismo em algum grau nos
pacientes. O uso a longo prazo está associado a traços faciais grosseiros e neuropatia periférica
discreta, por uma diminuição dos reflexos tendíneos profundos nos MMII. Resulta em
anormalidades do metabolismo da Vitamina D, levando a osteomalácia.
CARBAMAZEPINA
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Farmaco2 – Juliano Xavier 2017.1
Mecanismo de ação
Não é conhecido, porem o aumento dos processos inibitórios e a diminuição da transmissão
excitatória provavelmente contribuam de modo significativo. Dados recentes indicam que o
fenobarbital pode suprimir de modo seletivo os neurônios anormais, inibindo a disseminação
e suprimindo o disparo dos focos. O fenobarbital suprime o disparo repetivo de alta frequência
de neurônios, liga-se a um sitio regulador alostérico do receptor GABAA e aumenta a corrente
mediada pelo receptor GABA, prolongando a abertura do canal de Cl-.
Usos clínicos
Mostra-se útil no tratamento das crises parciais e generalizadas, embora a utilização desse
fármaco com frequência seja tentada para tratar praticamente todo tipo de convulsão,
sobretudo crises de difícil controle. Poucas evidencias de eficiência em crises generalizadas,
como crises de ausência e espasmos infantis, podendo agravar a condição de determinados
pacientes com esses tipos de convulsão.
LAMOTRIGINA
Mecanismo de ação
Semelhante à fenitoína, suprime o disparo rápido sustentado dos
neurônios e produz bloqueio dos canais de Na+ dependente de voltagem
e de uso. Essa ação provavelmente explica a eficácia da lamotrigina na
epilepsia focal. Parece provável que também iniba os canais de Ca2+
regulados por voltagem, o que explicaria sua eficácia nas convulsões
generalizadas na infância, incluindo crises de ausência. Diminui também
a liberação sináptica do glutamato.
Usos clínicos
O uso do fármaco como monoterapia para crises parciais é amplamente prescrito. Sendo ativo
para crises de ausência e as crises em crianças, aprovado para controle das convulsões na
síndrome de Lennox-Gastaut. É efetiva no transtorno bipolar. Efeitos colaterais consiste em
tontura, cefaleia, diplopia, náuseas, sonolência e exantema cutâneo (reação típica de
hipersensibilidade).
Farmacocinética
Sofre absorção completa, ligação a proteínas é de cerca de 55%. Tem meia-vida de
aproximadamente 24h, diminuindo para 13 a 15h em pacientes em uso de medicamentos
indutores de enzimas. O valproato provoca um aumento de duas vezes na meia-vida deste
fármaco. Em pacientes em uso de valproato, é preciso reduzir a dose inicial de lamotrigina
para 25mg em dias alternados.
LEVETIRACETAM
É efetivo para crises parciais.
Mecanismo de ação
O levetiracetam liga-se seletivamente à proteína vesicular sináptica SV2A.
a função dessa proteína não está bem elucidada, mas é provável que o
levetiracetam modifique a liberação sináptica do glutamato e do GABA
por uma ação sobre a função vesicular.
Usos Clinicos
É comercializado para o tratamento adjuvante das crises parciais em
adultos e crianças e para crises generalizadas juvenis. Dose para adultos
pode iniciar em 500 ou 1000 mg/d. aumentando a cada 2 ou 4 semanas em
1000mg até a dose máxima de 3000 mg/d. O fármaco é administrado duas vezes ao dia. Os
efeitos colaterais consistem em sonolência, astenia, ataxia e tontura. Alterações de humor e
de comportamento são menos comum, porem mais graves e as reações psicóticas são raras.
Interações medicamentosas são mínimas, o fármaco não é metabolizado pela CYP450.
Possuem preparação IV.
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Farmacocinética
A absorção oral é quase completa, é rápida e não é afetada pela presença de alimento, com
concentração plasmática máxima em 1,3h. cinética linear. Ligação às proteínas é de menos de
10%.
ETOSSUXIMIDA
Mecanismo de ação
Exerce um efeito importante nas correntes de Ca2+, reduzindo a corrente de baixo limiar (tipo
T), as correntes de Ca2+ do tipo T proporcionam uma corrente marca-passo
nos neurônios talâmicos responsáveis pela geração da descarga cortical
rítmica de uma crise de ausência.
Usos clínicos
Mostra-se particularmente efetiva contra crises de ausências, porem
apresenta um espectro de atividade clinica muito estreito. A etossuximida
e o valproato são os fármacos de escolh para as crises de ausência, sendo mais efetivo do que
lamotrigina.
Farmacocinética
A absorção é completa após a administração das formas de dosagem orais, níveis máximos
observados 3 a 7h após a administração oral das capsulas. Não se liga a proteínas. Sofre
metabolismo completo, principalmente por hidroxilação, a metabolitos inativos. Depuração
corporal muito baixa, meia-vida de cerca de 40h.
Niveis terapêuticos e dosagem
Níveis terapêuticos de 60 a 100 µg/mL podem ser alcançados em adultos com doses de 450 a
1500 mg/d. A etossumixida exibe uma relação linear entre as doses e os níveis plasmáticos no
estado de equilíbrio dinâmico. O fármaco deveria ser administrado em uma única dose ao dia,
não fosse por seus efeitos gastrointestinais adversos.
Interações medicamentosas e toxidade
A administração com o ácido valproico resulta em diminuição da depuração do fármaco e
concentrações mais altas no estado de equilíbrio dinâmico, devido à inibição do metabolismo.
O efeito colateral mais comum relacionado com a dose consiste em desconforto gástrico,
incluindo dor, náuseas e vômitos, a redução da dose pode possibilitar uma adaptação. Outros
efeitos colaterais relacionados com a dose consistem em letargia transitória ou fadiga, cefaleia,
tontura, soluços e euforia.
VALPROATO DE SÓDIO
O ácido valproico é totalmente ionizado no pH corporal, e, por essa razão, a forma mais ativa
do fármaco pode ser considerada como sendo o íon valproato, independente da administração
de ácido valproico ou de um sal do ácido (valproato de sódio).
Mecanismo de ação
A semelhança da fenitoína e da carbamazepina, o valproato bloqueia o
disparo repetitivo de alta frequência sustentado de neurônios em cultura
com concentrações terapêuticas relevantes. Sua ação contra as crises parciais pode ser
relacionada ao efeito sobre as correntes de Na+. O bloqueio da excitação mediada pelo receptor
NMDA também pode ser importante.
Farmacocinética
É bem absorvido após uma dose oral. Níveis sanguíneos máximos dentro de 2h. o alimento
pode retratar a absorção, e pode ocorrer redução da toxidade se o fármaco for administrado
após as refeições. A ligação com as proteínas plasmáticas alcança 90% e também é altamente
ionizado, sua distribuição é essencialmente restrita à agua extracelular. Com doses mais altas,
observa-se um aumento na fração livre do valproato, resultando em níveis totais do
medicamento mais baixos do que o esperado.
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BENZODIAZEPÍNICOS
Desempenham um papel proeminente no tratamento da epilepsia. Apresentam dois
mecanismos de ação anticonvulsivante, que são utilizados em graus diferentes pelos
compostos.
Diazepam é administrado por via IV ou retal, é altamente efetivo para interromper a atividade
convulsiva continua, particularmente o mal epiléptico generalizado. Em certas ocasiões, o
fármaco é administrado por via oral a longo prazo, apesar de não ser considerado muito efetivo
nessa aplicação, provavelmente em virtude do rápido desenvolvimento de tolerância.
Clonazepam é um fármaco de ação longa com eficácia documentada contra crises de
ausência, é um dos agentes anticonvulsivantes mais potentes conhecidos. A sedação é
proeminente, particularmente no inicio da terapia, as doses iniciais devem ser pequenas. As
doses máximas toleradas em geral situam-se na faixa de 0,1 a 0,2 mg/kg. Necessidade de
muitas semanas de doses diárias gradualmente crescentes para alcançar essas dosagens em
alguns pacientes.
Clobazam é menos sedativo do que os outros benzadiazepinicos. Tem meia-vida de 18h e
mostra-se efetivo em doses de 0,5 a 1,0 mg/kg/d. o fármaco interage efetivamente com alguns
outros anticonvulsivantes e provoca efeitos adversos típicos dos benzodiazepínicos, sua
eficácia pode ser limitada devido ao desenvolvimento de tolerância.
Limitações dos benzoadiazepinicos
Dois aspectos proeminentes: 1) seu efeito sedativo pronunciado, que é lamentável tanto no
tratamento do estado do mal epiléptico quanto na terapia crônica. As crianças podem
manifestar uma hiperatividade paradoxal, como observado nos barbitúricos. 2) a tolerância,
as convulsões podem responder inicialmente porem sofrem recidiva em poucos meses.
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Crises parciais
São aquelas em que se pode verificar um inicio localizado da crise, seja por observação clinica
ou por registro EEC. A crise começa em um local especifico do cérebro.
(O professor não adentrou em todas as subclassificações)
Crises generalizadas
São aquelas nas quais não há evidencia de inicio localizado. (nesse resumo irei abordar
apenas os subtipos que ele citou em sala)
Grande mal – são as mais drásticas de todas as crises epilépticas e caracterizam-se por rigidez
tônica de todos os membros, seguida, em 15 a 30s, de tremor que consiste em uma interrupção
do tônus pelo relaxamento. A medida que as fases de relaxamento tornam-se mais lognas, a
crise entra na fase clônica (ele não abordou esse termo), com contração maciça do corpo. O
paciente costuma ficar em um estado de estupor; ele pode morder a língua ou a bochecha, e
é comum haver incontinência urinaria. O tratamento clinico é o mesmo e consiste na
administração de fármacos apropriados para as crises parciais.
Crise de ausência (pequeno mal) – inicio súbito e cessação abrupta. Sua duração é de menos
de 10s e raramente mais do que 45s. ocorre alteração da consciência; a crise também pode
estar associada a contrações clônicas discretas das pálpebras ou dos membros com alterações
do tônus postural, fenômenos autônomos e automatismos, ocorrência de automatismo pode
complicar a diferenciação clinica das crises parciais complexas em alguns pacientes. As crises
de ausência começam na infância ou na adolescência e podem ocorrer até centenas de vezes
em um dia. Pacientes apresentam convulsões com alterações posturais que são mais abruptas,
e, com frequência, esses pacientes tem retardo mental, e as convulsões podem ser mais
refratarias à terapia.
Crises atônicas – aquelas nas quais o paciente sofre uma súbita perda do tônus postural. Se
estiver em pé, pode cair subitamente; se estiver sentado a cabeça e o tronco podem
subitamente cair para a frente. Sua observação é mais comum na infância, mas não é incomum
em adultos.
Contração mioclônica – é observada em maior ou menor grau em uma ampla variedade de
convulsões.
Espamos infantis – constituem uma síndrome epiléptica e não um tipo de convulsão. As
crises são mais frequentemente bilaterais e são incluídas nas crises generalizadas.
Caracterizam-se por contrações mioclonicas recorrentes e breves do corpo, com súbita flexão
ou extensão do corpo e dos membros; são em geral muito heterogêneas. A maioria dos
pacientes possui sua primeira crise antes de 1 ano, ocorre também retardo mental.
ESTRATÉGIA TERAPÊUTICA
Prefere-se o uso de um único fármaco, em especial nos pacientes que não estão gravemente
acometidos e que podem se beneficiar das vantagens de menos efeitos colaterais. Para aqueles
com crise de difícil controle, costumam ser utilizados múltiplos fármacos de modo
concomitante.
FÁRMACOS USADOS NOS ESPASMOS INFANTIS
O tratamento dos espasmos infantis limita-se a uma melhora do controle das convulsões, e
não de outras características do transtorno, como retardo mental. A maioria recebe um ciclo
de corticotropina IM, alguns prednisona. Outros fármacos utilizados são os
benzodiazepínicos, como o clonazepam.
ESTADO DE MAL EPILÉPTICO
É uma emergência fatal, que exige tratamento cardiovascular, respiratório e metabólico
imediato, bem como terapia farmacológica, sempre exige a administração IV de
medicamentos anticonvulsivantes. O diazepam é o fármaco mais efetivo na maioria dos
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pacientes para interromper as crises, sendo administrado por IV direta, até dose total máxima
de 20 a 30mg nos adultos.
O diazepam IV pode deprimir a respiração (e menos frequência a função cardiovascular), e
deve-se dispor imediatamente de recursos para a reanimação durante sua administração. O
efeito não é duradouro, porem o intervalo de 30 a 40min sem convulsões possibilita a
instituição de uma terapia mais definitiva. Para pacientes que não estão realmente em crise, a
terapia com o diazepam pode ser omitida, é o paciente é então tratado imediatamente com um
fármaco de ação longa, como a fenitoína. Para pacientes que não respondem a fenitoína, pode-
se administrar fenobarbital em grandes doses: 100 a 200 mg por IV até um total de 400 a
800mg, a depressão respiratória é uma complicação comum, em especial se já foram
administrados benzodiazepínicos, e não se deve hesitar em instituir intubação e ventilação.
Para pacientes no estado de ausência, os benzodiazepínicos costumam sendo os fármacos de
primeira escolha, raramente pode ser necessário administração de valproato IV.
(No resumo apenas se atentar aos fármacos selecionados pelo Sergio: Fenobarbital,
Fenitoína, Etossuximida, Carbamazepina, Lamitrigina, oxicarbazepina, Lamotrigina,
Valproato, Levetiracetam, diazepam, clonazepam, clobazam)
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Farmacologia 2
Sedativos – Hipnóticos
Ref.: Farmacologia – Básica & Clínica – Katzung 12ª ed
FARMACOLOGIA BÁSICA
Para ser efetivo, um fármaco sedativo (ansiolítico) deve reduzir a ansiedade e exercer um
efeito calmante. O grau de depressão do SNC produzido por um sedativo deve ser o mínimo
compatível com sua eficácia terapêutica. Um fármaco hipnótico deve produzir sonolência e
estimular o inicio e a manutenção de um estado de sono. Os efeitos hipnóticos envolvem uma
depressão mais pronunciada do SNC do que a sedação, o que pode ser obtido com muitos
fármacos pertencentes a essa classe, simplesmente pelo aumento da dose.
FARMACOCINÉTICA
A. Absorção e distribuição
As taxas de absorção oral dos sedativos-hipnóticos diferem, dependendo de vários fatores,
incluindo lipofilicidade. A absorção do triazolam é extremamente rápida, enquanto a do
diazepam e do clorazepato é mais rápida que a de outros benzodiazepínico comumente usados.
Os barbitúricos e outros sedativos-hipnóticos mais antigos bem como os mais recentes
(eszopiclona, zaleplona, zolpidem), são, em sua maioria, absorvidos rapidamente no sangue
após administração oral.
A lipossolubilidade desempenha um importante papel na taxa de penetração no SNC. É
responsável pelo rápido inicio dos efeitos do triazolam, tiopental, eszopiclona, zaleplona e
zolpidem, sobre o SNC.
Todos os sedativos-hipnóticos atravessam a barreira placentária durante a gravidez. Se forem
administrados durante o período pré-parto, podem contribuir para a depressão das funções
vitais dos recém-nascidos. São detectáveis no leite materno e podem exercer efeitos
depressores no lactente.
B. Biotransformação
A transformação metabólica em metabolitos mais hidrossolúveis é necessária para a
depuração dos sedativos-hipnóticos do corpo. Os sistemas enzimáticos de metabolismo dos
fármacos no fígado são de suma importância nesse aspecto, de modo que a meia-vida de
eliminação desses fármacos depende principalmente da taxa de sua transformação metabólica.
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C. Excreção
Os metabolitos hidrossolúveis dos sedativos-hipnóticos são excretados pelo rim. Na maioria
dos casos, as alterações da função renal não exercem efeito pronunciado sobre a eliminação
dos fármacos originais.
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benzodiazepínicos e os hipnóticos mais recentes não possuem esse tipo de problema a longo
prazo.
FARMACODINÂMICA
B. Neurofarmacologia
O GABA é um importante neurotransmissor inibitório do SNC. Os benzodiazepínicos
potencializam a inibição GABAérgica em todos os níveis do neuroeixo, incluindo a medula
espinal, o hipotálamo, o hipocampo, a substancia negra, o córtex cerebelar e o córtex cerebral.
Os benzodiazepínicos parecem aumentar a eficiência da inibição sináptica GABAérgica. Eles
não substituem o GABA, mas parecem potencializar seus efeitos de modo alostérico, sem
ativa diretamente os receptores GABAA ou abrir os canais de cloreto associados.
Os barbitúricos também facilitam as ações do GABA em múltiplos locais do SNC, todavia,
parecem aumentar a duração de abertura dos canais de cloreto regulados pelo GABA. Em
altas concentrações os barbitúricos também podem ser GABAmiméticos, ativando
diretamente os canais de cloreto. Envolvem um ou mais sítios de ligação distinto dos sítios de
ligação dos benzodiazepínicos. Os barbitúricos são menos seletivos do que os
benzodiazepínicos nas suas ações, também deprimem as ações do neurotransmissor
excitatório, o acido glutâmico. Essa multiplicidade de locais de ação dos barbitúricos explica
a capacidade de induzir anestesia cirúrgica completa e de seus efeitos depressores centrais
mais pronunciados.
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TOLERÂNCIA E DEPENDÊNCIA
A tolerância constitui uma característica comum do uso dos sedativos-hipnoticos, podendo
levar a necessidade de aumentar a dose requerida para manter uma melhora sintomática ou
para promover o sono. Importante reconhecer a ocorrência de tolerância cruzada parcial entre
o uso de sedativos-hipnoticos com o etanol.
As propriedades desejáveis percebidas de alivio da ansiedade, euforia, desinibição e promoção
do sono levam ao uso compulsivo e incorreto de praticamente todos os agentes sedativo-
hipnóticos. As consequência do uso abusivo podem ser definidas tanto em termos psicológicos
quanto fisiológicos. O componente psicológico pode equivaler a padrões simples de
comportamento neurótico, difíceis de diferenciar daqueles observados no consumidor
inveterado de café ou fumo. Quando o padrão de uso de sedativo-hipnóticos torna-se
compulsivo (adição) surgem complicações mais graves, como dependência e tolerância.
A dependência pode ser descrita como uma alteração do estado fisiológico que exige a
administração continua do fármaco para impedir o aparecimento de uma síndrome de
abstinência, caracteriza-se por estados de ansiedade aumentada, insônia e excitabilidade do
SNC, que pode progredir para convulsões. Os fármacos, são em sua maioria, capazes de
produzir dependência quando usados por longo período.
As diferenças na gravidade dos sintomas de abstinência estão relacionadas com a sua meia-
vida. Fármacos com meias-vidas longas são eliminados de modo mais lento o suficiente para
produzir abstinência gradual, com poucos sintomas físicos, já fármacos com meias-vidas
curtas pode levar a sinais de abstinência, mesmo entre as doses.
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As respostas psicológicas,
comportamentais e
fisiológicas que caracterizam
a ansiedade podem assumir
muitas formas. Geralmente,
a percepção psíquicas da
ansiedade é acompanhada de
aumento da vigilância,
tensão motora e
hiperatividade autônoma. A ansiedade é secundária a estados mórbidos orgânicos: IAM,
Angina, úlceras, etc, os quais exigem, eles próprios, terapia especifica. Outra classe de estados
de ansiedade secundários (ansiedade situacional) decorre de circunstâncias que
provavelmente sejam enfrentadas apenas uma ou algumas vezes, incluindo expectativa de
procedimentos médicos ou dentários assustadores, doença familiar ou outro evento
estressante, embora seja autolimitada, o uso de sedativo-hipnóticos a curto prazo pode ser
apropriado para o tratamento dessa forma de ansiedade e de alguns estados de ansiedade
associado a doenças.
A ansiedade excessiva ou irracional sobre circunstancias da vida (TAG), os transtornos de
pânico e a agorafobia também são acessíveis a terapia farmacológica, algumas vezes em
associação com psicoterapia. Os benzodiazepínicos continuam sendo usados no tratamento
dos estados de ansiedade aguda e para o rápido controle dos ataques de pânico. São também
usados embora muito menos frequentemente do que no passado no tratamento a longo prazo
do TAG e da síndrome do pânico. Os sintomas de ansiedade podem ser aliviados por vários
benzodiazepínicos. O alprazolam tem sido utilizado no tratamento da síndrome do pânico e
da agorafobia.
A escolha do benzodiazepínico para o tratamento da ansiedade baseia-se em: 1) rápido inicio
de ação; 2) índice terapêutico relativamente alto, além da disponibilidade do flumazenil para
o tratamento da superdosagem; 3) baixo risco de interações medicamentosas com base na
indução das enzimas hepáticas; 4) efeitos mínimos sobre as funções cardiovasculares ou
autônomas.
As desvantagens dos benzodiazepínicos incluem: risco de dependência, depressão das funções
do SNC e efeitos amnésicos. Além disso, exercem depressão aditiva no SNC quando
administrado com outras substancias, como o álcool. Para o tratamento da TAG e de certas
fobias utiliza-se os antidepressivos, porem estes apresentam inicio de ação lento e eficácia
limitada nos estados de ansiedade aguda.
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TOXOLOGIA CLINICA
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INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
As interações medicamentosas mais comuns consistem em interações com outros agentes
depressores do SNC, resultando em efeitos aditivos. Essas interações tem alguma utilidade
terapêutica anestésica. Se não forem previsto, pode resultar em sérias consequências,
incluindo o aumento da depressão com o uso concomitante. É possível prever os efeitos
aditivos com o uso de bebidas alcoólicas, analgésicos opioides, anticonvulsivantes e
fenotiazinas. Menos evidente é o aumento da depressão do SNC observado com o uso de uma
variedade de anti-histamínicos, agentes anti-hipertensivo e fármacos antidepressivos da casse
dos tricíclicos.
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