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UPDATE DE FARMACOLOGIA EM ENDODONTIA

O MÉDICO DENTISTA

Conhecimento dos efeitos adversos dos fármacos mais utilizados.

Despiste de possíveis manifestações a nível da cavidade oral.

As reacções medicamentosas dependem do tipo de fármaco, dose administrada e das


características do indivíduo.
O MÉDICO DENTISTA
• Alterações no fluxo e glândulas salivares
• Alterações no paladar
• Angioedema
• Hiperplasia gengival
• Candidíase • Lúpus eritematoso induzido por drogas
• Discinesia tardia • Língua pilosa
• Discrasias sanguíneas • Gengivite plasmocitária
• Eritema pigmentado fixo • Miosferulose
• Estomatites • Osteite alveolar
• Eritema multiforme • Pigmentação oral e dentária
• Erupções liquenoides
• Osteonecrose
• Glossite
• Queilite
• Síndrome da boca ardente
• Reações vesículo-bulhosas

(Rev. Bras. Odontol, Rio de Janeiro, v.66, n.1 ,2009)


• Ulceração e necrose
ANALGESIA E ANTIBIOTERAPIA EM
ENDODONTIA
CONCEITOS GERAIS
O QUE É A DOR?
A Dor pode ser definida de várias formas…

“ A dor é o que a pessoa que experimenta diz que é,


existindo quando ela diz que existe ” (McCaffery, 1980)

“ Uma experiência multidimensional, desagradável,


envolvendo não só um componente sensorial mas
também um componente emocional e que se associa a
uma lesão tecidular concreta ou potencial, ou é descrita
em função dessa lesão ” (IASP)

McCaffery, 1980
International Association for the Study of Pain (IASP)
O QUE É A DOR?

Constitui um dos principais motivos para a procura de cuidados de saúde por parte da
população em geral.

Para além do sofrimento e da redução da qualidade de vida provoca alterações


fisiopatológicas que vão contribuir para o aparecimento de comorbilidades e alterações
orgânicas e psicológicas e podem conduzir à perpetuação do fenómeno doloroso.

DGS, 2018
O QUE É A DOR?

A Dor é um sintoma que acompanha, de forma transversal, a generalidade das situações


patológicas que requerem cuidados de saúde.

O controlo eficaz da Dor é um dever dos profissionais de saúde, um direito dos doentes que
dela padecem e um passo fundamental para a efectiva humanização das Unidades de
Saúde.

DGS, 2003
DEFINIÇÃO DE DOR

DOR AGUDA
Estímulo nocivo excessivo que provoca uma agressão tecidular efectiva, dando origem a
uma sensação intensa e desagradável.

DOR CRÓNICA
Dor persistente que, para além da patologia de base, provoca no doente alterações
biológicas e psicológicas.
CLASSIFICAÇÃO

DOR
DOR NOCICEPTIVA
SOMATOGÉNICA

Visceral

Somática
DOR
PSICOGÉNICA
Neuropática
MULTIDIMENSIONAL E MULTIFATORIAL
MECANISMO PATOLÓGICO HISTÓRIA PREGRESSA
(Inflamação, sensibilização periférica ou (experiências passadas de dor, reacção à
central) dor por outras razões)

FACTOR EMOCIONAL FACTORES COGNITIVOS


(medo da dor, estado de ansidade) (Interpretação da nocicepção)

DOR
CONHECER A DIMENSÃO DA DOR É
VALORIZAR O DOENTE
ESCALAS DE DOR MAIS UTILIZADAS

DGS, 2003
ESCALAS DE DOR MAIS UTILIZADAS

DGS, 2003
ESCALAS DE DOR MAIS UTILIZADAS
A DOR EM MEDICINA DENTÁRIA

Em Medicina Dentária a dor é um


sintoma comum em várias patologias
e consequência de alguns
tratamentos…

A maioria das causas de dor dentária


aguda está associada a lesões
tecidulares e INFLAMATÓRIAS.

Donaldson M, Goodchild J. Gen Dent 2010; 58: 291-7


INFLAMAÇÃO E A DOR DENTÁRIA
Resposta local do nosso organismo a uma agressão externa.

Ocorrem fenómenos vasculares, químicos e celulares desencadeados por mediadores


químicos.

As prostaglandinas são mediadores químicos que desempenham um papel relevante na


reação inflamatória.

INFLAMAÇÃO
INFLAMAÇÃO E A DOR DENTÁRIA
ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTERÓIDES NO
TRATAMENTO DA DOR E DA INFLAMAÇÃO

Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) são fármacos utilizados fundamentalmente no


tratamento da dor, inflamação e também da febre.

Uma das classes de fármacos mais prescritas em todo o mundo.

Scheiman JM, Fendrick AM. Arthritis Research & Therapy 2005; 7 (Suppl 4):S23-S29.
ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTERÓIDES
CARACTERÍSTICAS GERAIS

• Grupo heterogéneo com efeito analgésico, antipirético e anti-inflamatório

• Grande utilização na Medicina Dentária

• Muito eficazes no controlo da dor dentária aguda

• Indicados em processos inflamatórios crónicos (Ex.: ATM)

• Podem ser administrados por via oral

• Não causam depressão respiratória ou do SNC em doses terapêuticas


A POSIÇÃO DOS AINEs NA ESCALA
ANALGÉSICA DA OMS
EV
EPIDURAL
ORAL

OPIÓIDES FORTES
MORFINA | BUPRENORFINA | FENTANIL

OPIÓDES FRACOS
CODEÍNA | DIHIDROCODEÍNA | TRAMADOL

ANALGÉSICOS |AINES (NÃO OPIÓIDES)


DICLOFENAC | IBUPROFENO | PARACETAMOL | AAS | METAMIZOL

WHO Pain Ladder. Disponível em: http://www.who.int/cancer/palliative/painladder/en/


O LUGAR NOS AINEs NAS GUIDELINES
INTERNACIONAIS

As Guidelines recomendam os
analgésicos não opióides
(AINEs e/ou outros Analgésicos)
como primeira linha de escolha
Donaldson M, Goodchild J. Gen Dent 2010; 58:291-7.
Becker D, et al. Anesth Prog 2010; 57:67-79.
Hersh EV, et al. Compend Contin Educ Dent. 2011 Apr;32(3):22, 24-30; quiz 31-2
Vadivelu N, et al. YALE JOURNAL OF BIOLOGY AND MEDICINE 2010;83 :11-25.
ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTERÓIDES
Mecanismo de Acção

Os AINEs apresentam múltiplos


mecanismos de ação, contudo
o principal resulta da inibição
da síntese das prostaglandinas
através da inibição das enzimas
ciclooxigenase (COX 1 e 2).
COX 1 OU COX 2 - QUAL A DIFERENÇA?

A inibição das COX pelos AINEs


contribuem para o efeito terapêutico
(COX 2), mas também para o seu perfil de
efeitos indesejáveis (COX1).

COX 1 - enzima constitutiva, responsável


pelas ações fisiológicas das PGs ao nível
do estômago, rim e plaquetas.

COX 2 - enzima induzida pela inflamação.


Neste contexto a COX 2 pode aumentar
cerca de 80 vezes o normal.

Gené E, et al. Emergencias 2009;21:295-300.


ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTERÓIDES
Farmacocinética

• Ácidos orgânicos fracos com valores de pKa entre 3,3 e 6,5

• Absorção no tracto gastrointestinal

• Metabolização hepática

• Excreção predominantemente por via renal

• Tempo de semivida plasmática variável

• Pico sérico: 1-2 Horas


ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTERÓIDES
Efeitos Indesejáveis
• Gastrointestinais (dispepsia, dor abdominal, náuseas, vómitos, obstipação)
• Cardiovasculares (retenção de fluidos, hipertensão)
• Interferência com a coagulação sanguínea
• Efeitos renais
• Reacções de hipersensibilidade (urticária, edema, asma, anafilaxia)
• Gravidez e Amamentação
ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTERÓIDES
Interacções medicamentosas

• Fármacos nefrotóxicos (aumento do risco de toxicidade)


• Antihipertensores (redução do efeito)
• Diuréticos (redução do efeito)
• Anticoagulantes (risco acrescido de hemorragia)
• Antidiabéticos (inibição do metabolismo)
• Lítio (inibem a sua excreção - perigo toxicidade)
• Valproato de Sódio (aumenta a sua concentração plasmática)
ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTERÓIDES
Agentes Farmacológicos

DOSE
AGENTE ACÇÃO ANALGÉSICA MÁXIMA DIÁRIA
FARMACOLÓGICO DOSE (mg) (mg)

Inicio (h) Duração (h)

IBUPROFENO 0.5 4-6 400 a 600 cada 6h 3200

DICLOFENAC 1- 2 6-12 50 a 100 cada 8 a 12h 200

NAPROXENO 0.5-1 Até 7 250 a 275 cada 6 a 8h 1500

PIROXICAM 1 48-72 10/20d 20


ETODOLAC 0.5 6-12 200 a 400 cada 6 a 8 h 1200

DIFLUNISAL 1-3 8-12 500 cada 12h 1500

SULINDAC 1-2 Até 12 200 cada 12h 400


ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTERÓIDES
Selectivos COX-2

ETORICOXIB E CELECOXIB

•O risco de efeitos indesejáveis a nível cardiovascular pode


aumentar com a dose e a duração da toma. Deve utilizar-se a
menor dose que controla a dor e não deve ser tomado mais
tempo do que o necessário para controlar os sintomas.

• 1 ou 2 tomas diárias
• ETORICOXIB: máximo de 120mg/dia
• (30mg, 60mg, 90mg, 120mg)
• CELECOXIB: máximo de 400mg/dia
• (100mg, 200mg) INFARMED
ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTERÓIDES
Critérios de escolha

Norma 013/2011 Direção–Geral da Saúde


ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDES
SELEÇÃO DO ANTI-INFLAMATÓRIO
OUTROS ANTI-INFLAMATÓRIOS
ENZIMÁTICOS

MAXILASE

• Preparação enzimática com actividade anti-edematosa


e anti-inflamatória

• Mecanismo de acção da alfa-amilase na inflamação:


• Hidrólise com os polissacáridos do exsudado
inflamatório, tornando-o mais fluido;
• Inibição da permeabilidade capilar anormal,
diminuindo a saída dos líquidos dos vasos;
• 1 Comprimido (3000 U. CEIP) 3x por dia antes das
principais refeições

• Especial cuidado em doentes diabéticos (SACAROSE)


INFARMED, 2009
OUTROS ANTI-INFLAMATÓRIOS
ENZIMÁTICOS

ANANASE

• Substância activa: Bromelaína (Enzima Anti-inflamatória)

• Capacidade de destruir proteínas que intervêm na


inflamação e na coagulação - Actividade anti-inflamatória

• Poucos efeitos secundários

• 1 comprimido revestido (40mg) 4x dia

• Não exceder a dose máxima diária de 160 mg

INFARMED, 2019
CONTROLO DA DOR EM MEDICINA DENTÁRIA
ANALGÉSICOS

PARACETAMOL

• ANALGÉSICO

• Efeito anti-pirético considerável e efeito anti-inflamatório muito reduzido

• Apresenta algumas acções semelhantes às dos AINEs selectivos para a COX 2

• COX 3…

• Pode apresentar-se isolado ou em combinação com outras substâncias (Tramadol,


Codeína, alguns anti-histamínicos, etc.)

• Muito seguro em grande parte dos casos (não acarreta riscos GI e CV; ASMÁTICOS)
CONTROLO DA DOR EM MEDICINA DENTÁRIA
ANALGÉSICOS

PARACETAMOL

• Hepatotóxico

• Efeito analgésico a partir dos 300mg


• Teto terapêutico aos 1000mg
(Em adultos saudáveis)

• Semi-vida de 3 horas

• Normalmente é administrado de 6 em 6 horas

• Dose máxima diária de 4000mg (4x 1000mg)


(Excepto em doentes com problemas hepáticos ou hábitos alcoólicos consideráveis - máximo de 2000mg/dia)
CONTROLO DA DOR EM MEDICINA DENTÁRIA
ANALGÉSICOS

METAMIZOL

• ANALGÉSICO
• Efeito anti-pirético e efeito espasmolítico
• Acção 30 a 60 minutos após a toma
• 4 a 6 tomas diárias
• Dose máxima diária de 3450mg (6x 575mg)
• Não deve exceder os 7 dias de tratamento sem monitorização médica
• Hipotensão e outros efeitos adversos a nível hematológico (AGRANULOCITOSE)
• DOLOCALMA® , NOLOTIL® , METAMIZOL CINFA®
INFARMED, 2019
CONTROLO DA DOR EM MEDICINA DENTÁRIA
MEDICAMENTOS COADJUVANTES

Não são considerados analgésicos e não são usados em primeira linha no


tratamento da dor

Podem ser utilizados individualmente ou em combinação com os analgésicos

• Cafeína:pode potenciar o efeito analgésico do ácido acetilsalicílico, do


paracetamol ou ibuprofeno

• Hidroxizina(anti-histamínico): potencia o efeito analgésico dos opióides e


reduz alguns efeitos adversos associados aos mesmos, tais como náuseas e
vómitos
CONTROLO DA DOR EM MEDICINA DENTÁRIA
OUTROS CONCEITOS

Prescrição de medicamentos para controlo da dor pós-operatória está associado a melhores


resultados clínicos, fazendo com que seja parte integrante do tratamento.

As medicações analgésicas estão indicadas para o alívio da dor aguda, dor pós-operatória,
dor crónica e controlo mais eficaz da dor intra-operatória.

Estas medicações podem ser administradas antes do tratamento, com vista a um maior
conforto imediatamente após a intervenção.

Os principais medicamentos utilizados para controlo da dor dentária são os AINEs e o


Paracetamol.

Os Opióides não são considerados medicamentos de eleição na maioria dos casos de dor
dentária. Estes reservam-se a uma pequena percentagem de doentes que apresentem dor
severa e descontrolada.
CONTROLO DA DOR EM MEDICINA DENTÁRIA
OUTROS CONCEITOS

A escolha do analgésico deve basear-se na história médica do doente, o perfil farmacológico


do medicamento, a intensidade da dor actual ou como se espera que venha a ser, o custo e
como essa medicação pode ser adquirida.

Em situações em que a aspirina, AINEs, Paracetamol e opióides estão contra-indicados,


devemos recorrer ao Tramadol para controlo da dor dentária.

Estudos demonstram que a combinação de Paracetamol com AINEs são muito eficazes no
controlo da dor dentária, administrados em conjunto ou intercalados.

Esta combinação, em doses que não excedam os limites diários quer de Paracetamol quer do
AINE utilizado, deve ser eficaz no controlo da dor no espaço de 48h. Caso não se verifique, o
doente deve ser re-examinado.
CONTROLO DA DOR EM MEDICINA DENTÁRIA
RESUMINDO

Norma 062/2011 Direção–Geral da Saúde


CONTROLO DA DOR EM MEDICINA DENTÁRIA
RESUMINDO
CONTROLO DA DOR EM MEDICINA DENTÁRIA
E…

CORTICOSTERÓIDES???
Deflazacorte 30mg (glucocorticóide), por exemplo

• Mecanismo analgésico pouco estudado


• Acção anti-inflamatória e imunossupressora
• Toma inicial de 8h/8h e depois passa para 12h/12h até terminar
• Máximo de 120mg/dia
• Como a duração da terapêutica é limitada não há necessidade de “desmame”
• Prescrição cautelosa devido a todos os efeitos adversos
INFARMED, 2019
CONTROLO DA DOR EM MEDICINA DENTÁRIA
E…

MEDICAÇÕES PSICOTRÓPICAS???

• Anti-depressivos: Amitriptilina, Imipramina

• Anti-convulsivantes: Carbamazepina, Clonazepam,


Ácido Valpróico, Gabapentina, Lamotrigina,
Topiramato e Fenitoína

MUITA PRECAUÇÃO NA SUA PRESCRIÇÃO


FISIOPATOLOGIA DA INFECÇÃO
FISIOPATOLOGIA DA INFEÇÃO
A doença ocorre quando a interação entre os microrganismos e o Homem resulta num
processo patológico caracterizado por lesão do hospedeiro.

As doenças infeciosas podem estar


associadas a fontes externas (infeções
exógenas), ou envolverem microrganismos
que pertencem à flora microbiana do
indivíduo (infeções endógenas).
OCORRÊNCIA DE BACTERÉMIA EM
DIFERENTES PROCEDIMENTOS DENTÁRIOS
(Rev MED ORAL PATOL ORAL CIR BUCAL 2008 JUNR 1;13(6):E355-62)
MECANISMO DE AÇÃO ANTIBACTERIANA
Diversos níveis de acção dos antibióticos

• Inibição da síntese da parede celular: Antibióticos β lactâmicos, Vancomicina,


Bacitracina, Cicloserina

• Lesão da membrana celular: Polimixinas

• Inibição da síntese proteica: Aminoglicosidios, Tetraciclinas, Cloranfenicol, Macrólidos,


Clindamicina, Estreptograminas

• Interferência na síntese dos ácidos nucleicos: Quinolonas, Nitroimidazóis, Rifampicina

• Inibição da síntese de folatos: Sulfonamidas, Diaminopiridinas


AÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS EM
MEDICINA DENTÁRIA
• Tratamento de infeções orodentárias
• Uso profilático em doentes com risco de desenvolvimento de endocardite
bacteriana ou outras infeções graves

• Uso profilático, para impedir o aparecimento de infeções pós-operatórias


em procedimentos invasivos

Alveolite supurativa Abcesso Dentário Endocardite Bacteriana


CARACTERÍSTICAS IDEAIS DO
ANTIBIÓTICO A USAR
• Bactericida
• Estável em meio ácido (administração oral)
• Biodisponibilidade oral elevada
• Tempo de semivida que permita implementar um esquema posológico conveniente
• Toxicidade baixa
• Sem interações farmacológicas
• Ação sobre bactérias Anaeróbias e Aeróbias
• Permitir o tratamento de processos infecciosos de rotina num intervalo de 3 a 7 dias
ANTIBIÓTICOS
CLASSIFICAÇÃO

β-Lactâmicos penicilinas; cefalosporinas,…


Glicopeptídeos vancomicina
Aminoglicosídeos gentamicina; estreptomicina
Cloranfenicol --------------
Licosaminas Clindamicina
Macrólidos Claritromicina,eritromicina; espiramicina,…

Tetraciclinas Doxiciclina,Minociclina,…

Sulfonamidas e Trimetropim --------------


Quinolonas --------------
Derivados imidazólicos --------------
ANTIBIÓTICOS EM ENDODONTIA
CONCEITOS GERAIS - ESE E AAE

Benefícios do uso correcto e apropriado de antibióticos:

• Resolução da infecção

• Prevenção da disseminação da doença

• Minimização das complicações associadas à doença


ANTIBIÓTICOS EM ENDODONTIA
CONCEITOS GERAIS - ESE E AAE

Mais de 50% são prescritos erroneamente

Principiais efeitos adversos passam por nauseas, vómitos,


diarreia e dores de estômago

Podem estar na origem da infecção por Clostridium


difficile, com pontencial mortífero

Podem surgir infecções oportunistas por fungos

Podem estar associados a reacções alergicas, desde rash


cutâneo até reacções anafiláticas graves
ANTIBIÓTICOS EM ENDODONTIA
CONCEITOS GERAIS - ESE E AAE

INFECÇÕES ENDODÔNTICAS…

Polimicrobianas, combinando bactérias


Gram +, Gram -, anaeróbias facultativas e
anaeróbias estritas

Encontram-se, maior parte das vezes, no


interior do dente

Também podem estar nos tecidos


periapicais, afectar as cadeias linfáticas
regionais ou disseminar a nível sistémico
ANTIBIÓTICOS EM ENDODONTIA
CONCEITOS GERAIS - ESE E AAE

A maioria das infecções endodônticas podem ser erradicadas através de


tratamentos operatórios locais

Uma correcta abordagem endodôntica passa por uma boa desinfecção dos canais
radiculares e drenagem dos tecidos circundantes, quando necessário

Os objectivos do tratamento consistem na remoção dos debris pulpares, agentes


patogénicos e os seus produtos do sistema de canais

Quando se verifica a presença de edema de origem endodôntica deve ser feita


uma correcta incisão e drenagem

Quando os procedimentos operatórios são bem executados, o uso de antibióticos


não traz vantagens no controlo dos sinais e sintomas
ANTIBIÓTICOS EM ENDODONTIA
CONCEITOS GERAIS - ESE E AAE

Infecções endodônticas avançadas e polpa dentária necrosada, devido à falta de


vascularização, não são susceptíveis ao uso de antibióticos…

Quando temos comprometimento sistémico


ou alastramento rápido, poderá ser necessária
a administração de antibióticos

Em traumatismos, durante a fase de


cicatrização, a administração de antibióticos
pode apresentar benefícios e melhorias no
prognóstico
ANTIBIÓTICOS EM ENDODONTIA
CONCEITOS GERAIS - ESE E AAE

Indicações para antibioterapia sistémica em Endodontia:

- Abcesso Apical Agudo em doentes imunodeprimidos


- Abcesso Apical Agudo com comprometimento sistémico (febre, edema
considerável e difuso, mal-estar, linfoadenopatias e trismus)
- Infecções de progressão rápida (repercussões médicas consideráveis em menos
de 24h - celulite ou osteomielite)
- Re-implantação dentária
- Traumatismos dos tecidos moles que necessitem de tratamento
ANTIBIÓTICOS EM ENDODONTIA
CONCEITOS GERAIS - ESE E AAE

Contra-indicações da antibioterapia sistémica em Endodontia:

- Pulpite irreversível Sintomática


- Necrose Pulpar
- Periodontite Apical Sintomática
- Abcesso Apical Crónico
- Abcesso Apical Agudo sem envolvimento sistémico

A antibioterapia não está indicada no tratamento de fracturas dentárias, lesões de


concussão, subluxação, luxação ou extrusão.
ANTIBIÓTICOS EM ENDODONTIA
CONCEITOS GERAIS - ESE E AAE

Antibiótico Dose inicial Dose de manutenção Duração

Penicilina V 1000mg 500mg a cada 4h-6h 3-7 dias

Amoxicilina 1000mg 500mg a cada 8h ou 875mg a cada 12h 3-7 dias

Amoxicilina +
1000mg 500mg a cada 8h ou 875mg a cada 12h 3-7 dias
Ácido Clavulânico

Clindamicina 600mg 300mg a cada 6h 3-7 dias

Claritromicina 500mg 250mg a cada 12h 3-7 dias

Azitromicina 500mg 250mg a cada 24h 3-7 dias

Metronidazol 1000mg 500mg a cada 6h 3-7 dias


ANTIBIÓTICOS EM ENDODONTIA
CONCEITOS GERAIS - ESE E AAE

Penicilina V e Amoxicilina são os antibióticos de primeira linha

Inibem a actividade de proteínas envolvidas na síntese da parede celular em bacterias


Gram + e Gram -

A Amoxicilina demostrou melhor eficácia e valor clínico…

• Espectro mais amplo


• Mais efectiva contra algumas bactérias anaeróbias Gram -
• Absorvida mais rapidamente no tracto GI
• Absorção não depende da ingestão de alimentos
• Torna-se efectiva mais rapidamente
• Tempo de semi-vida maior
ANTIBIÓTICOS EM ENDODONTIA
CONCEITOS GERAIS - ESE E AAE

Se a Penicilina V não for efectiva, devemos associar Metronidazol (1000mg como dose
de ataque e depois 500mg 6h/6h)

Alérgicos à penicilina: Clindamicina, Claritromicina ou Azitromicina

Uso de antibióticos: mínimo tempo possível, com um espectro de acção tão estreito
quanto possível

Duração da terapêutica antibiótica: entre 3 a 7 dias

O doente deve ser monitorizado 2 a 3 dias depois da prescrição para avaliar a


necessidade de continuar as tomas
ANTIBIÓTICOS EM ENDODONTIA
CONCEITOS GERAIS - ESE E AAE

Terapêuticas de 7 dias com Amoxicilina têm revelado um aumento das populações de


estirpes resistentes

Cerca de 30% das infecções dento-alveolares severas apresentam estirpes resistentes à


penicilina e derivados

O aumento de estirpes resistentes está muito associado ao excesso de uso de


antibióticos

Os antibióticos beta-lactâmicos são muito efectivos contra bactérias endodônticas

Estudos demostraram algumas resistências à Clindamicina, a qual é muito utilizada em


doentes alérgicos à penicilina. Portanto, nestes doentes devemos considerar
antibióticos tais como Moxifloxacina e Azitromicina.
ANTIBIÓTICOS EM ENDODONTIA
ANTIBIÓTICOS TÓPICOS

Não há evidência científica que suporte a utilização de antibióticos tópicos em


protecções pulpares ou desinfecção do sistema de canais

A utilização de antibióticos tópicos em procedimentos regenerativos pode ter um papel


importante do sucesso do tratamento

À falta de evidência que suporte a utilização da pasta 3mix em procedimentos


regenerativos, a ESE aconselha a utilização de Hidróxido de Cálcio

Em casos de avulsão de dentes com ápex aberto, a aplicação de tetraciclinas


(minociclina ou doxiciclina) no local antes da re-implantação pode favorecer a
revascularização e cicatrização periodontal, reduzindo a incidência de reabsorção
radicular
ANTIBIÓTICOS EM ENDODONTIA
PROFILAXIA

Grupo de Doentes Indicações

Sistema imunitário comprometido (Leucemia, VIH/ Tratamento endodôntico não cirúrgico e cirurgia endodôntica
SIDA, Doença renal terminal, quimioterapia, diabetes Avaliar: Estado e controlo da doença; Risco de complicações
não controlada, terapêutica medicamentosa pós- por infecção; Risco de reacções adversas ao medicamento.
transplante com imunosupressores ou esteróides e Em caso de dúvida, tomar decisão conjunta com o médico
defeitos genéticos hereditários) assistente.

Risco de desenvolvimento de endocardite infecciosa


(Doentes com defeitos cardíacos congénitos
Tratamento endodôntico não cirúrgico e cirurgia endodôntica
complexos, próteses valvulares cardíacas ou história
pregressa de endocardite bacteriana)

Tratamento endodôntico não cirúrgico e, especialmente, cirurgia


Próteses articulares de substituição
endodôntica. Até 3 meses após a cirurgia articular

Doentes sujeitos a radioterapia na região da cabeça


Cirurgia endodôntica
e pescoço

Doentes a tomar bifosfonatos intravenosos Cirurgia endodôntica


ANTIBIÓTICOS EM ENDODONTIA
PROFILAXIA

Tempo antes do
Tipo de doente Antibiótico Via de administração Dose
procedimento

Adultos Crianças

Profilaxia geral em doentes não alérgicos à


Amoxicilina PO 2g 50mg/Kg 1h
penicilina

Incapazes de tomar medicação por via oral Ampicilina IV ou IM 2g 50mg/Kg 30min

Clindamicina PO 600mg 20mg/Kg 1h

Profilaxia geral em doentes alérgicos à Cefalexina ou


PO 2g 50mg/Kg 1h
penicilina Cefadroxil

Azitromicina ou
PO 500mg 15mg/Kg 1h
Claritromicina

Clindamicina IV 600mg 20mg/Kg 30min


Alérgicos à penicilina incapazes de tomar
medicação por via oral
Cefazolina IV 1g 25mg/Kg 30min
PRESCRIÇÃO DE ANTIBIÓTICOS EM
MEDICINA DENTÁRIA - DGS

Norma 064/2011 Direção–Geral da Saúde


PRESCRIÇÃO DE ANTIBIÓTICOS EM
MEDICINA DENTÁRIA - DGS
PRESCRIÇÃO DE ANTIBIÓTICOS EM
MEDICINA DENTÁRIA - DGS
PRESCRIÇÃO DE ANTIBIÓTICOS EM
MEDICINA DENTÁRIA - DGS
PRESCRIÇÃO DE ANTIBIÓTICOS EM
MEDICINA DENTÁRIA - DGS
PRESCRIÇÃO DE ANTIBIÓTICOS EM
MEDICINA DENTÁRIA - DGS
• Pulpite reversível / irreversível - Não Atb.
• Abcesso periapical – Atb. Amoxicilina (eleição), Clindamicina (alternativa)
• Abcesso periodontal – Não Atb. No caso de manifestações sistémicas - mal
estar, febre ou linfadenopatias: Amoxicilina / Clindamicina /Azitromicina
• Alveolite Seca – Não Atb.
• Alveolite Supurativa – Atb.
• Celulite da Face – Atb. (Amox. + Ac.Cla.)
• Osteite – Atb.
• GUN e PUN – Atb. (Metronidazol + Amox.)
• Periodontite agressiva – Atb. (Metronidazol + Amox.)
• Periodontite crónica / Gengivite - Não Atb.
• Pericoronarite - Atb.
ANTIBIOTERAPIA EM MEDICINA DENTÁRIA
ANTIBIOTERAPIA EM MEDICINA DENTÁRIA
ANTIBIOTERAPIA EM MEDICINA DENTÁRIA
RESISTÊNCIA ANTIBIÓTICA
Programa Nacional de Prevenção das Resistências aos Antimicrobianos.
( DGS - Novembro de 2009)

1º Relatório global sobre as resistências aos antimicrobianos


(OMS – 2014)

Estratégias para combater a resistência:

1) Prescrição unicamente feita por um Médico

2) Completar as doses dos antibióticos prescritos dentro das posologias recomendadas

3) Não partilhar antibióticos

4) Os profissionais de saúde são aconselhados a melhorar a prevenção das infeções e


o seu controlo, a limitar a prescrição, utilizando antibióticos adequados a cada doente
RESISTÊNCIA ANTIBIÓTICA
RESISTÊNCIA ANTIBIÓTICA
PROTOCOLO DE MEDICAÇÃO EM
MEDICINA DENTÁRIA
CONCLUSÃO
• Protocolos de medicação específicos nas diferentes áreas da Medicina Dentária

• Tema controverso

• Falta de evidência científica

• Impera a experiência e bom senso do clínico

✦ Seguir normas da Direção Geral Da Saúde e outras Entidades Científicas/Reguladoras


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