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ANALGESIA E ANESTESIA EM PROCEDIMENTOS ORTOPÉDICOS DE


PEQUENOS ANIMAIS

Mari Suguino Yamazaki1, Alfredo Maia Filho2, Carla Daniela Dan de Nardo3, Rafael Augusto
de Azevedo4

RESUMO
INTRODUÇÃO
A dor é uma experiência sensorial
e emocional desagradável que causa Atualmente, não existem dúvidas
alterações fisiológicas no animal, de que os animais assim como os seres
prejudicando a qualidade de vida e humanos são capazes de sentir dor. É
prolongando o período de recuperação. necessário erradicar o conceito de que
Constantemente, os veterinários são eles são mais tolerantes à dor, já que os
desafiados a avaliar e tratar a dor de sinais clínicos são pouco claros, ou
origem ortopédica. Em muitos casos, a quando a espécie não expressa de forma
correção cirúrgica da doença ortopédica “convencional” suas moléstias (OTERO,
não é uma opção, assim, um protocolo 2005c).
para anestesia e analgesia perioperatória Recentemente, o manejo da dor
deve ser cuidadosamente planejado. Em em cães e gatos tem se tornado um
casos de pacientes politraumatizados, a componente essencial na clínica
conduta anestésica inclui a avaliação e veterinária. Já estão bem reconhecidos os
tratamento do choque e possíveis lesões benefícios em termos de bem-estar e a
em outros sistemas. O objetivo do melhora da resposta do animal ao
presente trabalho é descrever os tratamento da doença (ALMEIDA et al,
principais fármacos e cuidados na 2006). A dor não aliviada é prejudicial: as
anestesia e analgesia de doenças funções fisiológicas ficam comprometidas,
ortopédicas em cães e gatos, destacando os animais diminuem a ingestão hídrica e
o uso de analgésicos e o manejo alimentar, ocorrem alterações
anestésico desses pacientes. cardiovasculares e respiratórias,
imunossupressão e retardo no processo
Palavras-chave: dor, anestésico, de cicatrização (SAMPAIO, 2010).
analgésico, ortopedia

______________________________
1
Médica Veterinária. Residente da Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais UNIRP – São José do Rio Preto. BR
153, Km 69 – 15093-450 – São José do Rio Preto-SP. (17)3201-3360. ma_suguino@hotmail.com
2
Médico Veterinário. Professor especialista Cirurgia de Pequenos Animais UNIRP – São José do Rio Preto
3
Médica Veterinária. Professora Especialista Clínica Médica e Terapêutica de Pequenos Animais UNIRP – São
José do Rio Preto
4
Aluno do curso de graduação em Medicina Veterinária UNIRP – São José do Rio Preto

Vet. Not., Uberlândia, v.17. n.2, jul./dez. p. 77-89, 2011


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MANEJO DA DOR EM ORTOPEDIA diferentes fármacos e sua indicação de


acordo com o tipo de dor
Os objetivos do manejo da dor em (SAMPAIO,2010).
ortopedia são para atender a situação Os avanços no campo da
humanitária, facilitar a reabilitação e o anestesia veterinária demonstraram que
retorno à função normal. Esses objetivos uma abordagem multimodal, que implica
são alcançados por meio da redução da no uso concomitante de diversas
dor e inflamação a níveis central e categorias de fármacos, é preferível ao
periférico (EKMAN; KOMAN, 2004). uso de um único fármaco. Essa tática
A terapia analgésica farmacológica permite a redução da dose do
é um método conservador eficaz, caso medicamento e, dessa forma, a redução
seja utilizado de forma correta nos da probabilidade de efeitos colaterais
mecanismos de ação da dor, sendo que dose-dependentes (CHOHAN, 2010).
diversos fatores podem influenciar na Os fármacos analgésicos mais
escolha da terapia. Para a escolha do utilizados em pequenos animais e suas
agente, é importante ter conhecimento respectivas doses terapêuticas estão
sobre o mecanismo de ação dos dispostos no Quadro 1 (SAMPAIO, 2010).

Quadro 1. Fármacos utilizados para o controle da dor em pequenos animais e suas


respectivas doses terapêuticas.

FÁRMACOS CÃO GATO

Opióides
Morfina 0,5-2 mg/kg/q3-4h/intra 0,05-0,2 mg/kg/q3-6h/IM,
venoso (IV) lento, intra SC
muscular (IM), sub
cutâneo (SC)
Meperidina 5-10 mg/kg/q2-4h, IM, SC 3-5 mg/kg, q2h, IM, SC

Tramadol 1-4mg/kg/q6-8h/IV, IM, via 1-4mg/ kg/q6-8h/IV, IM, VO


oral (VO)
Fentanil 2-4 µg/kg/IV, IM, SC. 2-3 µg/kg/IV, IM, SC.
Como analgésico pós- Como analgésico pós-
operatório, administrar 5 operatório, administrar 2-3
µg/kg/IV, continuando com µg/kg/IV, continuando com
3-6 µg/kg/h em infusão IV 2-3 µg/kg/h em infusão IV
contínua contínua
Anti-inflamatórios não-
esteroidais

Dipirona Até 25mg/kg/q8h/IV, IM, -


SC, VO
Cetoprofeno 2mg/kg/q24h/IV, IM, SC ou 2mg/kg/q24h/IV ou
1mg/kg/q24h/VO sempre 1mg/kg/q24h/VO sempre
no meio da refeição, no meio da refeição,
durante 3-5 dias durante 3-5 dias
Carprofeno 2,2mg/kg/q12h ou 2mg/kg/q12h (não
4,4mg/kg/q24h/SC, VO, ultrapassar 2 dias de
com um pouco de alimento administração) ou 1-
4mg/kg/SC no pré ou pós-
operatório
Meloxicam 0,1-0,2mg/kg/q24h/IV, SC, 0,1-0,2mg/kg/q24h/IV, SC,
VO VO (não ultrapassar 2 ou 3
dias de uso)

YAMAZAKI, M.S; MAIA FILHO, A; NARDO, C.D.D; AZEVEDO, R.A.


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Opióides analgesia proporcionada pela morfina e


pela meperidina no período trans e pós-
Na prática ortopédica, os opióides operatório imediato de procedimentos
são comumente utilizados para tratar a ortopédicos. Os resultados demonstraram
dor moderada a intensa, geralmente que ambos apresentam propriedades
aguda, como fraturas e lesões de tecidos adequadas para serem utilizados na
moles (EKMAN; KOMAN, 2011). Eles são medicação pré-anestésica, uma vez que
indicados quando se deseja aliviar o no estudo não foram observados sinais de
desconforto e sofrimento associados à depressão cardiorrespiratória. Além disso,
dor, em várias condições patológicas ou o período hábil dos agentes foi apropriado
durante o período pós-operatório para procedimentos de média duração,
(ALEIXO; TUDURY, 2005). Os efeitos visto que a recuperação foi tranquila e
adversos que podem ocorrer após a isenta de fenômenos excitatórios (CUNHA
administração dos opióides incluem et al., 2002).
sedação, constipação, excitação, disforia, O tramadol é um análogo sintético
bradicardia, hipotensão, liberação de da codeína com eficácia analgésica e
histamina e depressão respiratória potência compatível à mesma, sendo
(PASCOE, 1998). Os gatos são cerca de 10 vezes menos potente do que
particularmente propensos a esses efeitos a morfina. É indicado no controle da dor
e, por esse motivo, doses menores são discreta a moderada, estando pouco
usadas nessa espécie (PASCOE, 2000). relacionado a efeitos colaterais como
Em geral, apresentam poucos efeitos dependência, constipação, depressão
cardiovasculares, sendo, por isso, respiratória ou efeitos cardiovasculares.
considerados seguros para serem (ALEIXO; TUDURY, 2005).
utilizados em animais doentes, debilitados Em um estudo, comparou-se a
ou cardiopatas (ALEIXO; TUDURY, 2005). qualidade da analgesia pós-operatória
A morfina é uma agonista mu (µ) após administração preemptiva de
que tem bom efeito analgésico e produz tramadol e de flunixin em cães submetidos
sedação moderada (PASCOE, 2000). Seu a procedimentos cirúrgicos ortopédicos.
emprego é indicado em qualquer situação Os animais tratados com tramadol
na qual se deseja obter alívio da dor, seja apresentaram maior grau de analgesia
no período pré-anestésico ou no comparado ao grupo do flunixin. Além
transoperatório. O efeito analgésico da disso, a qualidade do retorno anestésico
morfina é de 1 a 4 horas quando dos animais tratados com tramadol foi
administrada por via intravenosa ou de 2 a superior, livre de excitação e desconforto
6 horas quando administrada por via e com grau de sedação superior ao grupo
intramuscular (CUNHA et al., 2002). do flunixin (YAZBEK; FANTONI, 2005).
A meperidina é um análogo da O fentanil possui rápido início de
morfina, com período de ação de 2 a 4 ação e curta duração, com potência
horas e menores efeitos depressores analgésica de 75-100 vezes maior do que
sobre o aparelho cardiorrespiratório. a morfina. Tem menos efeitos colaterais
Assim, seu uso é limitado quando se (depressão respiratória, sedação e
deseja uma analgesia por períodos mais disforia) quando comparado com a
prolongados. As vantagens são suas morfina em cães. Para prolongar seu
relativas ausências de efeitos adversos, efeito, o fármaco deve ser repetido em
rápido início de ação, boa ação sedativa, intervalos regulares ou ser infundido
baixo custo e é uma boa alternativa em continuamente (SANO et al., 2006). Os
felinos, já que confere alto grau de adesivos de fentanil transdérmico são
analgesia e melhora o manejo do paciente utilizados para controle da dor após
(ALEIXO; TUDURY, 2005, OTERO, procedimentos ortopédicos em cães,
2005a). fornecendo analgesia por
Em um estudo realizado com aproximadamente três dias (EGGER et
felinos, foi avaliada a qualidade da al., 2007). Entre as vantagens desse uso
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estão a liberação contínua, que minimiza COX-1, assim existe maior tendência ao
os picos e depressões de concentração sangramento. Para o ortopedista, a função
plasmática, o desvio de primeira normal das plaquetas é clinicamente
passagem hepática associados à importante em pacientes tratados
administração oral e retal, praticidade e cirurgicamente, nos quais a hemostasia
menor frequência de administração. As adequada diminui o sangramento
desvantagens incluem irritação cutânea e perioperatório e as co-morbidades
absorção variável (HOFMEISTER; associadas a ele. O sangramento também
EGGER, 2004). tem uma influência sobre a reabilitação,
pois a hemartrose tem um efeito deletério
Anti-inflamatórios não-esteroidais sobre o movimento e força (EKMAN;
(AINE) KOMAN, 2011).
O carprofeno é um fraco inibidor
Os AINEs são os analgésicos mais das enzimas COX e, quando administrado
amplamente utilizados tanto na medicina no pré-operatório de cães submetidos a
quanto na veterinária, cujos alvos são uma variedade de procedimentos
mediadores da dor no SNC e periférico. ortopédicos, proporciona boa analgesia,
São empregados para o alívio da dor livre de efeitos colaterais (LAREDO et al.,
moderada a severa. (MATHEWS, 2002). 2004). Um estudo recente em cães
As ações analgésicas, antipiréticas avaliou a administração a longo prazo de
e anti-inflamatórias devem-se carprofeno e revelou diminuição da
principalmente à inibição da ação das formação de calos ósseos na fase inicial
cicloxigenases, prevenindo a síntese das do processo de consolidação, união tardia
prostaglandinas e a sensibilização de e diminuição das propriedades intrínsecas
nociceptores periféricos. A maioria desses da fratura. No entanto, os autores deste
agentes age de forma não seletiva, estudo não recomendam a interrupção
bloqueando não apenas a ação da dos AINEs em pacientes com fratura, mas
cicloxigenase-2 (COX-2), que se torna alertam sobre a sua utilização em
ativa como resultado de traumatismo pacientes onde a promoção da
tissular, mas também a cicloxigenase-1 osteogênese é necessária, como no
(COX-1), que possibilita a manutenção tratamento de união retardada, não união
das funções fisiológicas renais, ou na artrodese (CHOHAN, 2010)
gastrintestinais e vasculares (SAMPAIO, O meloxicam é um inibidor seletivo
2010). COX-2, apresenta alta atividade intrínseca
Os AINEs são úteis em combinada com baixo potencial
procedimentos ortopédicos e de tecidos ulcerogênico, o que garante um alto índice
moles, principalmente em situações em terapêutico. É considerado um analgésico
que haja extensa inflamação e trauma muito efetivo, especialmente no
tecidual. (MATHEWS, 2002). No entanto, tratamento de osteoartrites em cães.
a principal desvantagem de acrescentar Possui meia-vida plasmática longa, o que
esses compostos ao protocolo anestésico permite sua administração a cada 24
durante a pré-medicação é expor o rim a horas (SAMPAIO, 2010).
um dano potencial, caso ocorra uma Um estudo objetivou comparar a
hipotensão intraoperatória (OTERO, eficácia do meloxicam e do carprofeno
2005b). administrados no pré-operatório para o
A administração do AINE na controle da dor pós-operatória em cães
analgesia pós-operatória em cães pode submetidos a procedimentos ortopédicos.
estar associada com efeitos colaterais Os resultados demonstraram que, em
sobre a função renal, trato gastrintestinal ambos os grupos, os escores de dor pós-
e problemas na coagulação sanguínea. As operatória foram clinicamente aceitáveis
reações gastrintestinais mais comuns em 12 e 24 horas após a cirurgia, não
variam de vômitos, diarréia, úlceras e sendo necessário fornecer uma dose
sangramentos, podendo levar o animal a suplementar de analgésico a qualquer um
óbito (DENEUCHE et al., 2004). dos animais. Portanto, ambos podem ser
Os AINEs impedem a formação de considerados eficazes no controle da dor
prostaglandinas através da inibição da pós-operatória de procedimentos
YAMAZAKI, M.S; MAIA FILHO, A; NARDO, C.D.D; AZEVEDO, R.A.
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ortopédicos por até 24 horas (LAREDO et Muitos veterinários acreditam que


al., 2004). a dor pós-operatória é um evento inerente
O cetoprofeno é indicado para ao procedimento cirúrgico e, portanto,
pacientes com dor moderada a grave. inevitável, sendo então negligenciada por
Assim como a dipirona, pode ser cirurgiões e anestesistas. Caso não seja
associado aos opióides para se corretamente tratada, a dor pós-operatória
incrementar o grau de analgesia. Mostra- deixa de ser um mecanismo de defesa
se bastante eficaz no tratamento da dor fisiológico e torna-se nociva, promovendo
pós-operatória de procedimentos alterações sistêmicas relacionadas com a
ortopédicos, sendo mais potente que o ativação do sistema neuroendócrino:
flunixin quando empregado de forma hipertensão, taquicardia, arritmias,
profilática nesses pacientes. (SAMPAIO, hipoxemia, hipercapnia, perda de apetite,
2010, FANTONI; MASTROCINQUE, sonolência, deficiência de imunidade,
2002). Os efeitos secundários são um alterações endócrinas, hiperglicemia e
problema potencial que exige cuidado na alterações eletrolíticas (FANTONI;
seleção do paciente. A administração do MASTROCINQUE, 2005). Além disso,
cetoprofeno pode ser associada com o interfere no tempo de cicatrização da
tempo de sangramento aumentado ferida, prolonga o período de
(DENEUCHE et al., 2004). Assim, contra- hospitalização do paciente e pode levar a
indica-se seu uso antecipado em dor crônica (DENEUCHE et al., 2004).
procedimentos cirúrgicos nos quais se O tratamento da dor pós-operatória
prevê hemorragia não-comprimível é amplamente facilitado pelo uso de
(HULSE; JOHNSON, 2005). protocolos que evitem a sensibilização do
A dipirona não produz analgesia tecido nervoso (analgesia preventiva).
suficiente para moderar a dor pós- Essa conduta visa controlar a
operatória, sendo reservada para o hipersensibilidade dos neurônios do corno
tratamento de dor leve e como antipirético. dorsal da medula espinhal, causada por
É segura no que diz respeito à sua estímulos nocivos prolongados
pequena propensão em promover efeitos (sensibilização central), por meio da
adversos renais e gastrintestinais. Pode administração de analgésicos antes que o
ser empregada em associação com estímulo chegue e sensibilize o sistema
analgésicos opióides mais fracos para nervoso central. Assim, a analgesia
aumentar o grau de analgesia ou atingir preventiva objetiva minimizar o estado de
seu efeito antipirético. (FANTONI; hiperalgesia em pacientes submetidos a
MASTROCINQUE, 2002, MATHEWS, procedimentos cirúrgicos (FANTONI;
2000). MASTROCINQUE, 2005).

Dor pós-operatória Dor associada a doenças ortopédicas

A dor, em geral, é a resposta à Fraturas e luxações traumáticas


injúria tecidual produzida por cirurgias ou
traumas. A injúria tecidual produzida pelo Obviamente, lacerações e fraturas
ato cirúrgico desencadeia uma reação decorrentes de trauma requerem
inflamatória, com consequente aumento analgesia. O comprometimento de
na liberação de prostaglandinas, estruturas correspondentes ao aparelho
substâncias responsáveis pelo estímulo osteoarticular, origem de intensos
de nociceptores (ALVES et al., 2001). impulsos aferentes, exigirá a imobilização
Procedimentos ortopédicos induzem dor por meio de bandagens que previnam a
mais intensa do que outros procedimentos instabilidade de fraturas ósseas,
cirúrgicos, pois a injúria ao osso é mais articulares, distensões ligamentares ou
dolorosa do que a injúria a tecidos moles. rupturas musculares. A distensão da
Isso ocorre porque o periósteo possui cápsula articular após o acúmulo de
menor limiar de dor somática do que líquidos (hemorragias) ou por luxação é
outras estruturas (EKMAN; KOMAN, particularmente dolorosa. A drenagem da
2011). articulação e a redução da luxação geram
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melhora rápida e efetiva do quadro clínico. sobrecarga (LISKA, 2010). Os AINEs são
O fármaco e a dose para o manejo inicial os fármacos mais recomendados no
são determinados pela severidade e tratamento da OA. O carprofeno na dose
instabilidade da injúria. Inicialmente, de 2,2 mg/kg (a cada 12 horas) ou 4,4
opióides devem ser administrados mg/kg (a cada 24 horas) promove
enquanto o estado cardiovascular é moderado nível de conforto, e estudos
avaliado. Se não há sinais de têm demonstrado sua eficácia no
hemorragias, hipovolemia ou outras tratamento da OA. O meloxicam na dose
contraindicações para seu uso, os AINEs de 0,1 mg/kg a cada 24 horas demonstrou
podem ser administrados via parenteral. ser efetivo no alívio dos sinais clínicos
(OTERO, 2005b; DYSON, 2008). relacionados à OA e promover alto grau
de conforto nos pacientes. O firocoxibe e
Ruptura de ligamento cruzado cranial deracoxibe também demonstraram ser
efetivos em cães com OA (JOHNSTON et
É uma das doenças ortopédicas al., 2008).
mais relatadas em cães. Tal como A displasia coxo-femoral é uma
acontece em muitos grandes das doenças ortopédicas mais comuns em
procedimentos ortopédicos, animais cães, podendo levar a dores crônicas e
submetidos a correção cirúrgica da impotências funcionais. O tratamento
ruptura de ligamento podem ter um pós- conservador em cães displásicos é
operatório doloroso. A técnica epidural, o direcionado para o alívio da dor. Há
uso de analgésicos intra-articulares e evidências que sugerem que, embora os
intra-venosos podem ser utilizados AINEs sejam anti-inflamatórios e
isoladamente ou em combinação para proporcionem alívio efetivo da dor, a
auxiliar no conforto do paciente no pós- maioria desses compostos aceleram a
operatório. A bupivacaína é comumente degeneração da cartilagem pela
utilizada e proporciona melhor controle da supressão da síntese de condrócitos. Os
dor em comparação com a morfina intra- corticosteróides inibem tanto as vias da
articular ou solução salina em cirurgias de ciclooxigenase como as da lipoxigenase e
estabilização do joelho em cães. De são eficazes no tratamento da inflamação
acordo com um estudo realizado com aguda. No entanto, a administração intra-
cães submetidos a cirurgia de osteotomia articular de corticosteróides causa
de nivelamento do platô tibial (TPLO), os degeneração da matriz cartilaginosa pela
grupos que receberam bupivacaína inibição de proteoglicanos na biossíntese
associada a morfina via epidural e os que de condrócitos, aumentando assim a taxa
receberam bupivacaína intra-articular, de deterioração da articulação. Além
necessitaram de maior tempo para o disso, a injeção intra-articular de
primeiro resgate analgésico e um menor corticosteróides pode resultar em artrite
número de intervenções para manter o séptica iatrogênica. Como tal, os
conforto dos pacientes no pós-operatório corticosteróides devem ser usados
(HOELZLER et al., 2005). somente como último recurso no
tratamento da displasia coxo-femoral
Artropatias (REMEDIOS; FRIES, 1995).

A subluxação coxofemoral, luxação ANESTESIA EM PROCEDIMENTOS


coxofemoral traumática e necrose ORTOPÉDICOS
avascular da cabeça femoral são
condições dolorosas que podem levar a Manejo pré-anestésico
osteoartrite coxofemoral (OA) em cães e
gatos. O tratamento clínico inclui a Pacientes ortopédicos podem ser
administração de analgésicos, apresentados para cirurgia eletivas, não-
viscosuplementação, agentes eletivas ou que necessitem de tratamento
condroprotetores, terapia de reabilitação e emergencial (JOHNSON; HULSE, 2005).
restrições alimentares para manter uma A escolha de um protocolo anestésico
condição corporal magra e, para procedimentos ortopédicos depende
consequentemente, reduzir a força de do temperamento do animal, higidez,
YAMAZAKI, M.S; MAIA FILHO, A; NARDO, C.D.D; AZEVEDO, R.A.
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procedimento a ser realizado, grau de importante considerar também que um


relaxamento muscular e analgesia animal fraturado já apresenta dor, gerada
requerida (CRUZ, 2002). pelo estímulo dos nociceptores, por meio
Considerações gerais para a da formação de prostaglandinas
anestesia em procedimentos ortopédicos decorrentes da lesão tecidual e
incluem cuidados específicos para consequente liberação de ácido
possíveis problemas criados por um aracdônico, desencadeando reação
acidente traumático. Os problemas mais inflamatória. Nesse caso, há necessidade
comuns em relação a esse tipo de cirurgia de se iniciar a analgesia no período pré-
são tempo anestésico prolongado, perda anestésico (CRUZ, 2002).
significativa de sangue, eficácia da Vários fármacos podem ser
analgesia e hipotermia. Assim, o exame administrados aos pacientes antes da
físico completo é parte importante da indução anestésica para oferecer
preparação para a anestesia em todos os analgesia, reduzir a ansiedade, promover
pacientes. O perfil hematológico completo relaxamento muscular e diminuir a
envolvendo hemograma, perfil bioquímico sialorréia e secreções respiratórias. A
sérico, e a análise de eletrólitos pode ser medicação pré-anestésica (MPA) ajuda a
desejável em casos de trauma em animais manter o equilíbrio hemodinâmico do
aparentemente saudáveis e pacientes paciente, reduz a dose do fármaco de
geriátricos. Um paciente com lesões indução e manutenção da anestesia e,
ortopédicas é, muitas vezes, apresentado consequentemente, reduz a depressão
em choque hipovolêmico devido ao cardiorrespiratória.
trauma (fratura exposta, hemorragias As diversas categorias de
abdominais/ torácicas) e constitui um alto medicamentos utilizados incluem opióides,
risco anestésico (CHOHAN, 2010; HALL alfa-2 agonistas, fenotiazínicos,
et al., 2001). benzodiazepínicos e antimuscarínicos. A
As soluções hipertônicas têm sido neuroleptanalgesia ou uma combinação
usadas no manejo de pacientes de um calmante (α -2 agonistas,
severamente chocados, particulamente fenotiazínicos, benzodiazepínicos) com
em casos de choque hemorrágico. A um opióide deve ser usada. Em pacientes
solução hipertônica aumenta rapidamente emergenciais devido a algum trauma ou
a pré-carga (em aproximadamente 30 em pacientes geriátricos que podem ter
minutos). As doses seguras estimadas outras injúrias sistêmicas, a anestesia
são de 6 a 10 mL/kg com infusão máxima deve ser adaptada com maior cuidado,
de 1 mL/kg/min para soluções a 5% e de 4 avaliando-se os prós e contras de cada
a 8 mL com máxima taxa de infusão de 1 medicação pré-anestésica (CHOHAN,
mL/kg/min para soluções a 7,5%. Os 2010).
colóides são úteis em pacientes Os alfa2-agonistas proporcionam
hipovolêmicos, hipoproteinêmicos, boa sedação e analgesia. Os efeitos sobre
hipotensos, traumatizados ou em choque. a pressão arterial dependem da via de
A dose recomendada em cães é de 10 a administração e dose, mas geralmente
40 mL/kg/dia, administrados em bolus de são bifásicos, com inicial vasoconstrição e
5 a 10 mL/ kg. Esses devem ser sempre hipertensão, seguidas por um longo
utilizados em combinação com solução período de vasodilatação e hipotensão.
hipertônica para aumentar a duração e o Os fármacos desse grupo são
efeito da solução salina hipertônica e absolutamente contra-indicados para
reduzir o volume de cristalóides pacientes em choque, hipotensão severa,
necessário para atingir e manter anemia, intolerância ao exercício, doença
adequada pressão arterial sistêmica e cardíaca, aumento da pós-carga,
perfusão tecidual (BROADSTONE, 1999). ou hemorragia arterial (HARDIE;
A maior parte das cirurgias LUKASIK, 2007).
ortopédicas é considerada moderada a A acepromazina é o fenotiazínico
intensamente dolorosa (JOHNSON; mais utilizado em veterinária. É um bom
HULSE, 2005). O periósteo e a cápsula sedativo, não possui ação analgésica,
articular são ricos em nociceptores. É mas potencializa os fármacos
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analgésicos. Seu principal efeito pequenas doses de propofol podem


hemodinâmico é a hipotensão arterial produzir profunda hipotensão. Em
devido ao bloqueio de receptor alfa 1. Não contraste, pode ser usado com segurança
deve ser empregado em pacientes em quando há súbita perda de sangue. A
choque de grau moderado, epiléticos reposição de fluidos rapidamente corrige a
descompensados e cardiopatas graves hipotensão e reduz o risco de possíveis
(CORTOPASSI; FANTONI, 2002). complicações (SHORT; BUFALARI, 1999).
Os benzodiazepínicos têm
propriedades sedativas, ansiolíticas e Manutenção da anestesia
relaxantes musculares, mas não fornecem
nenhuma analgesia. Também aumentam a Prefere-se a manutenção em
sedação e analgesia fornecida por anestesia inalatória em vez de anestesia
opióides. Assim, o uso combinado de por barbitúricos devido ao longo tempo
benzodiazepínicos e opióides consiste em cirúrgico, além de promover relaxamento
protocolo de neuroleptoanalgesia mais muscular adequado (JOHNSON; HULSE,
seguro e considerado adequado para 2005). O isoflurano, halotano, sevoflurano
pacientes de alto risco. (CHOHAN, 2010). ou desflurano podem ser usados. Todos
A indução da anestesia é melhor os anestésicos inalatórios causam
realizada com uso de fármacos injetáveis, vasodilatação, hipotensão, depressão
pois permitem rápida perda de miocárdica e respiratória (HARDIE;
consciência, menor relutância do paciente LUKASIK, 2007).
e controle das vias aéreas. Os Muitas vezes a dor associada a
medicamentos mais utilizados são procedimentos cirúrgicos ortopédicos
propofol (2-4 mg / kg IV), tiopental (5 a 15 é tão intensa que os analgésicos
mg / kg IV), ou a combinação de administrados na MPA podem ser
diazepam e quetamina. As doses de insuficientes. Nessas circunstâncias, um
indução variambde acordo com a saúde nível constante de analgesia pode ser
geral e a idade do paciente (HARDIE; alcançado por infusão contínua de várias
LUKASIK, 2007). drogas incluindo opióides, antagonistas do
O etomidato pode ser utilizado na N-metil-D-aspartato, anestésicos locais,
indução de pacientes traumatizados, pois alfa 2 agonistas e suas combinações
causa mínimas alterações (CHOHAN, 2010).
hemodinâmicas, tem rápido início de ação Morfina (0,12 a 0,34 mg/ kg/ h),
e não exacerba arritmias ventriculares fentanil (3-42 µg/ kg/ h) e remifentanil (6-
causadas por traumas. A combinação de 60 µg/ kg/ h) são os opióides mais
benzodiazepínicos e opióides é utilizada comumente usados nessa técnica de
para reduzir os efeitos colaterais infusão. Embora um bolus IV rápido de
(excitação, mioclonias, dor à injeção e morfina possa causar liberação de
vômitos) (PABLO; BAILEY, 1999). histamina, a infusão lenta IV pode ser
A dose de indução do propofol utilizada sem preocupação. O fentanil é o
pode ser apropriadamente reduzida de 20 opióide mais utilizado em infusões
a 80% quando associado em combinação contínuas. Trata-se de uma opção lógica,
com sedativos ou analgésicos como parte dada sua curta duração, efetividade e
de uma técnica de anestesia balanceada segurança. A administração trans-
em pacientes idosos ou debilitados. A operatória inicia-se com uma dose de 3-5
dose do propofol deve ser sempre µg/kg seguida de infusão contínua de 10
cuidadosamente titulada de acordo com µg/kg/h. Essa dose pode ser dobrada ou
as necessidades e respostas individuais reduzida pela metade, baseado no
de cada paciente. requerimento do agente inalatório. As
A depressão cardiorrespiratória doses de infusões utilizadas em pacientes
induzida pelo propofol é bem tolerada em acordados ou em recuperação são,
animais hígidos, mas pode causar usualmente, de 2 a 5 µg/kg/h, com doses
problemas em pacientes de alto risco com de até 10 µg/kg/h em condições
doenças cardíacas ou sistêmicas. Em extremamente dolorosas (DYSON, 2008).
pacientes hipovolêmicos e aqueles com Analgesia e a redução da
reserva cardíaca limitada, mesmo concentração alveolar mínima (CAM) são
YAMAZAKI, M.S; MAIA FILHO, A; NARDO, C.D.D; AZEVEDO, R.A.
85

alcançadas com uma mistura de morfina craniocaudal, paralela ao eixo da coluna


(12 mg), lidocaína (150 mg) e quetamina cervical, entre a escápula e a parede do
(30 mg) diluídas em 500 mL de fluido na tórax. O bloqueio instala-se em
taxa de 10 mL/kg/h. Esta solução fornece aproximadamente 20 minutos e a duração
4 µg/ kg/ min (0,24 mg/kg/h) de morfina, dependerá da substância e concentração
50 µg/ kg/ min (3 mg/kg/h) de lidocaína e utilizadas. A área dessensibilizada
10 µg/ kg/ min (0,6 mg/kg/h) de cetamina. encontra-se, então, distal à articulação do
A mistura promove a mesma redução da cotovelo (OTERO, 2005d).
CAM (45%) e os efeitos cardiovasculares Quando se necessita de um
que o uso da morfina isolada. Esse bloqueio mais alto, como no caso de
protocolo não é simples de ser usado e amputações de membro torácico, pode-se
não há vantagens claras quando optar pelo bloqueio paravertebral desses
comparadas com o uso de altas doses de nervos, promovendo, dessa maneira,
infusões de lidocaína ou opióides analgesia adequada para procedimentos
(DYSON, 2008). que envolvam a região da escápula
(THIESEN, 2007). A técnica é
Bloqueios regionais relativamente simples, desde que a
anatomia do plexo braquial seja
Anestésicos locais podem ser precisamente identificada (OTERO,
utilizados para bloqueio de nervos 2005d). A escápula deve ser deslocada
regionais de forma muito eficaz em caudalmente para expor o processo
pacientes ortopédicos, para bloquear o transverso da sexta vértebra cervical e a
estímulo doloroso no momento da sua cabeça da primeira costela. Os ramos
origem. Além de proporcionar analgesia, ventrais de C6 e C7 estão posicionados
também reduzem o requerimento dos dorsal às margens cranial e caudal do
anestésicos inalatórios e a resposta processo transverso, respectivamente. A
autonômica ao estímulo cirúrgico. A agulha é inserida dorsal às margens
lidocaína 2% e bupivacaína 0,5% são os cranial e caudal do processo transverso e
anestésicos locais mais comumente direcionada medialmente. O anestésico
usados, e a dose total não deve exceder 8 local é injetado junto ao nervo, acima da
mg/ kg de lidocaína e 2 mg/ kg de face dorsolateral do processo transverso,
bupivacaína em cães e 4 mg/ kg de em cada lado. As raízes ventrais de C8 e
lidocaína e 1 mg/ kg de bupivacaína no T1 estão localizadas dorsal às margens
gato. Dependendo da região do corpo a cranial e caudal da cabeça da primeira
ser manipulada, vários tipos de bloqueios costela. A agulha é inserida dorsal às
nervosos podem ser utilizados (LEMKE; margens cranial e caudal e direcionada
CREIGHTON, 2008; CHOHAN, 2010). medialmente. O anestésico local é
O bloqueio do plexo braquial injetado dorsal à cabeça da costela, em
fornece analgesia ao membro torácico, cada lado (LEMKE; CREIGHTON, 2008).
sendo útil para o manejo da dor e como A abordagem intra-articular é
complemento da anestesia geral em empregada para fornecer analgesia após
procedimentos cirúrgicos (OTERO, artrotomias ou em processos de dor
2005d). No cão, o plexo braquial é articular crônica (OTERO, 2005d). A
formado pelos ramos ventrais dos sexto, injeção intra-articular de morfina (0,1
sétimo e oitavo nervos cervicais, e mg/kg diluído em solução salina a 1 mL/10
também pelo primeiro e segundo nervos kg) apresenta analgesia pós-operatória
torácicos. Daí se originam os nervos equivalente a morfina administrada pela
musculocutâneo, ulnar, mediano e radial, via epidural, com duração de 6 a 24 horas
que inervam as estruturas do membro (CRUZ, 2002).
torácico, os músculos adjacentes e a pele A anestesia epidural com
(PEREIRA; CARVALHO, 2003). anestésicos locais pode ser utilizada para
Na abordagem subescapular do cirurgias ortopédicas nos membros
plexo braquial (intrabraquial), o anestésico posteriores. A lidocaína 2% proporciona
é injetado desde a extremidade da bom relaxamento muscular e analgesia,
articulação escapuloumeral em direção com curta duração quando comparado à
Vet. Not., Uberlândia, v.17. n.2, jul./dez. p. 77-89, 2011
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bupivacaína (CRUZ, 2002). A bupivacaína utilização dos analgésicos, mas sim


tem ação duradoura e cerca de 3 a 4 relacionados à escolha ou à dose
vezes mais potência que a lidocaína inadequadas. Além disso, vários fármacos
(MASSONE; CORTOPASSI, 2010). O uso são utilizados para o alívio da dor, cada
epidural de opióides é recomendado nos qual com suas propriedades. Diante disso,
peri e pós-operatórios de intervenções devemos conhecer as características
cirúrgicas que possam ocasionar dores farmacológicas de cada um para melhor
intensas e prolongadas. Associações de aplicá-los e, principalmente, para associá-
fármacos pela via epidural servem para los, visando à potencialização de seus
aumentar a qualidade da anestesia e o efeitos.
tempo de analgesia. O anestésico local A anestesia de pacientes
produz bloqueios sensitivo e motor ortopédicos pode variar desde um
imediatos, aliviando a dor e favorecendo, procedimento de rotina até o paciente
posteriormente, a ação analgésica de politraumatizado. Em caso de trauma
longa duração dos opióides, que, por sua ortopédico, o anestesista deve estar
vez, quando associados aos anestésicos atento à avaliação e tratamento de lesões
locais, melhoram a qualidade do bloqueio em diversos órgãos e para um possível
sem aumentar a incidência dos efeitos paciente em choque. Anestésicos locais
colaterais. Essas associações promovem para bloqueio de nervos regionais podem
sinergismo entre os fármacos, além de ser utilizados de forma muito eficaz em
aumentarem a extensão cranial do pacientes ortopédicos para bloquear o
bloqueio (RIGUEIRA et al, 2008). estímulo doloroso no momento da sua
Os veterinários anestesiologistas origem. Além de proporcionar analgesia,
rotineiramente utilizam uma única injeção também reduzem o requerimento dos
epidural de analgésicos para a analgesia anestésicos inalatórios e a resposta
trans-operatória. A terapia prolongada, autonômica ao estímulo cirúrgico.
com o uso do cateter epidural, ainda é
pouco utilizada. A cateterização do espaço ABSTRACT
epidural permite administrações repetidas
de analgésicos na medula espinhal e pode Pain is an unpleasant sensory and
ser um método efetivo para o alívio de emotional experience that causes
dores cirúrgicas, traumáticas ou physiological changes in animals,
inflamatórias de animais. O efeito impairing the quality of life and prolonging
combinado da inibição nociceptiva local e the recovery period. Veterinarians are
o menor uso de agentes sistêmicos (com constantly challenged to assess and treat
efeitos colaterais e sedativos) melhoram a pain from orthopedic surgery. In many
analgesia e permitem recuperação mais cases, surgical correction of orthopedic
rápida (HANSEN, 2001). disease is not an option, so a protocol for
anesthesia and perioperative analgesia
CONSIDERAÇÕES FINAIS should be carefully planned. In cases of
patients with multiple trauma, anesthesia
A analgesia pós-operatória ajuda includes the evaluation and treatment of
no conforto do paciente em sua shock and possible injury to other
recuperação, pois controlando a dor com systems. The aim of this paper is to
procedimentos e fármacos adequados, describe the main drugs and care in
pode-se trazer alívio ao paciente. O anesthesia and analgesia for orthopedic
conhecimento da anatomia, fisiologia e diseases in dogs and cats, highlighting the
vias envolvidas no processo da dor é use of analgesics and anesthetic
essencial para a instituição de uma terapia management of these patients.
analgésica eficiente, preemptiva e
multimodal. Essa abordagem para o Keywords: pain, anesthetic, analgesic,
tratamento da dor aguda em pacientes orthopedia
ortopédicos também ajudará no não
estabelecimento das vias da dor crônica.
Deve-se ter em mente que não REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
existem efeitos negativos relacionados à
YAMAZAKI, M.S; MAIA FILHO, A; NARDO, C.D.D; AZEVEDO, R.A.
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