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Anestesiologia

veterinária aplicada
Introdução a anestesiologia veterinária:
Histórico e conceitos gerais

Profa. MV.Esp.Elaine Cristina Souza


HISTÓRICO
➢ Em 1824 Hickman demonstrou que a dor associada à cirurgia em cães poderia ser
aliviada pela inalação de uma mistura de óxido nitroso e dióxido de carbono;
➢ Jackson, um médico de Boston, foi o primeiro a empregar o éter dietílico em animais;
➢ O clorofórmio foi descoberto por Liebig em 1831;
➢ O primeiro relato de anestesia na medicina veterinária foi feito em 1847 por Edward
Mathew, em um experimento com inalação de éter realizado em cães e gatos.
➢ Flourens introduziu o uso do clorofórmio, começaram a surgir relatos sobre seu uso em
animais na literatura veterinária
HISTÓRICO
➢ Mais tarde, em 1875, Ore publicou seu experimento com hidrato de cloral via
oral, retal, e, ocasionalmente intraperitoneal, este foi o primeiro composto não
inalatório utilizado na anestesia veterinária. E três anos depois Humbert
descreveu seu uso em cavalos;
➢ Em 1898, August Bier, da Alemanha, induziu anestesia espinal verdadeira em
animais e, em seguida, em si mesmo e em um assistente
➢ Na década de 1930 foram empregados o pentobarbital sódico e o tiopental
sódico, sendo muito empregados na anestesia de pequenos animais.
➢ Houve grande progresso, principalmente na Inglaterra e Estados Unidos, a partir
de 1950, com a introdução de novos fármacos como tranquilizantes, opioides e
anestésicos dissociativo
Definições
➔ Acinesia – perda da resposta motora com
ausência de movimento;
➔ Analgesia – perda da sensibilidade à dor;
➔ Anestesia –perda total das
sensações corporais induzidas por
um fármaco que deprime o Sistema
Nervoso Central (SNC);
➔ Anestesia local – analgesia
limitada à uma área orgânica muito
limitada;
➔ Anestesia regional – analgesia
limitada à uma zona local, geralmente
uma extremidade;
Definições
➔ Anestesia Geral: Perda da consciência e da
sensibilidade . Incluindo as seguintes
características: narcose,analgesia ,
relaxamento muscular e hiporreflexia ;
➔ Anestesia dissociativa - estado do
SNC caracterizado por boa analgesia
periférica, alteração da consciência e por
catalepsia (incapacidade de vocalizar ou se
mover, mantendo olhos abertos e reflexos
intactos);
➔ Analgesia multimodal- alívio da dor por
meio de recursos farmacológicos ou não,
que atuarem de diferentes modos e em
diferentes locais no sistema nervoso;
Definições
➔ Catalepsia - estado em que existe
uma rigidez maleável das
extremidades e o paciente responde à
estímulos auditivos, visuais ou dolorosos
menores;
➔ Anestesia balanceada – induzida por
múltiplos fármacos. Seus componentes
induzem perda de consciência, analgesia,
relaxamento muscular e alteração de
reflexos autonômicos;
➔ Hipnose – sono induzido artificialmente do
qual se pode despertar mediante um
estímulo. Causa moderada depressão do
SNC;
Definições
➔ Narcose – estupor ou sedação induzido por fármacos
em que o paciente não tem consciência de dor. Pode
ser acompanhado ou não de hipnose. Pode estar ou
não acompanhado de analgesia. Paciente não é
facilmente despertado e permanece desligado do
ambiente
➔ Neuroleptoanalgesia – hipnose e analgesia
produzidas pela combinação de um neuroléptico e
um analgésico
➔ Sedação – grau leve de depressão do SNC em que o
paciente está desperto mas tranquilo, e pode
responder à estímulos dolorosos
➔ Tranquilização – estado de tranqüilidade em que o
paciente encontra-se relaxado e indiferente à
pequenos estímulos dolorosos. Não há abolição da
consciência, por isso a manipulação deve ser
cuidadosa
Indicações do uso de
anestésicos
• Contenção química – imobilização para exame
físico, exames de imagem, coleta de sangue,
biópsias, captura, transporte, dentre outros;

• Anestesia – para manobras ortopédicas e


procedimentos cirúrgicos;

• Controle de crises convulsivas;

• Eutanásia- preparação para reduzir o estresse;


Divisões da anestesia
➢ Medicação pré-anestésica (MPA);

➢ Anestesia local;

➢ Anestesia geral;

➢ Neuroleptoanalgesia (NLA) e anestesia dissociativa;

➢ Relaxantes musculares;
Vias de administração de fármacos
➢ Intravenosa; ➢ Intra Osseo;
➢ Intramuscular; ➢ Retral;
➢ Subcutânea; ➢ Epidural;
➢ Oral; ➢ Transdérmica;
➢ Intranasal; ➢ Tópica;
➢ Inalatória; ➢ Oftálmica;
O que considerar sobre a
administração dos fármacos

● Velocidade da administração : ● Ação dos fármacos inalatórios X


quanto mais rápida a administração fármacos intravenosos – possível
do fármaco, mais intenso é seu controlar a quantidade de
efeito. A duração de ação também é anestésico inalatório fornecido para
mais curta o paciente, enquanto na anestesia
● Concentração dos fármacos : quanto intravenosa isso não é possível
maior a concentração do fármaco, ● Duração de ação - fármacos
maior a intensidade e duração do administrados pela via intravenosa
efeito. Maior também será a (IV) têm seu efeito imediato,
irritação vascular quanto atingem rapidamente o seu “pico”
administrado por via EV de ação e são eliminados mais
● Bolus:administração rápida e de rapidamente do que fármacos
curta duração de uma determinada administrados pela via intramuscular
quantidade do medicamento por via (IM), que têm seu início de ação
EV mais demorado (10 a 15 minutos),
mas têm sua duração de ação e
eliminação mais lenta
★Espécie, raça, idade e tamanho
do paciente
➢ A eliminação de fármacos depende de
cada agente em determinada espécie
e do processo metabólico

Critérios para ➢ Condições que afetam


metabolismo,
o
tem
influência no
escolher o efeito anestésico

protocolo ➢ Animais pequenos apresentam uma


taxa de metabolismo maior que
Definir o escore do paciente animais grandes, por isso, podem
receber doses maiores
- Não existe a máxima “quanto maior o
animal, maior a dose”

- Animais entre 3 a 12 meses são


considerados “saudáveis”. Abaixo ou acima
desta idade, são considerados animais
“sensíveis” pois existe variação na
atividade enzimática

- Machos apresentam taxa metabólica 7%


maior que fêmeas (por influência hormonal
no sexo feminino)
• Conduta do paciente e presença de dor

• Estado físico, processo patológico • Conhecimento e experiência do


específico do paciente profissional
e medicação concomitante:
• Disponibilidade de auxiliares
➢ Animais obesos e animais em
péssimas condições nutricionais ou • Conhecimento do equipamento
caquexia requerem menos anestésicos disponível
➢ Alguns pacientes podem não apresentar
• Duração e tipo de cirurgia /
colinesterases plasmáticas ou
procedimento a ser realizado
apresentar variantes inativas

➢ Alimentação rica em gordura e • Lembrar que para cada paciente existe


carboidrato podem aumentar a taxa variação individual
metabólica
Cálculo de doses
Dose x Peso Exemplo: Metadona 0,2mg/kg
concentração Apresentação 10mg/ml
Cão 8kg

0,2 x 8 = 1,6 = 0,16ml


Padronizar as 10 10
unidades de Medicações com
apresentação em
medida %, multiplicar por
kg-kg 10 , transforma em
mg-mg mg/ml

Exemplos…
Cálculo para
fluidoterapia
★ Determinar o volume por hora;
★ Em sequência converter para
minutos e em gotas por minuto;
★ Pode ser convertido em gotas por Dica
segundo. *Equipo macro 1ml=
20 gotas
*Equipo micro
1ml=60 gotas
Fluido de reposição
peso x % de desidratação x 10

Fluido de manutenção
Cães pequenos, gatos e filhotes: 60
ml/kg/dia Volume final:
Cães médios e obesos: 50ml/kg/dia Reposição+
Cães grandes :40ml/kg/dia Manutenção+Perdas
dividido por 24 horas.

Volume de perda contínua


Vômito: 40ml/kg/dia
Diarreia: 50ml/kg/dia
Vômito+Diarreia:60ml/kg/dia
Avaliação do paciente pré-
cirúrgico
❖ Identificação do paciente:
Espécie, Idade, Raça, Peso;
❖ Histórico: Anamnese completa;
❖ Anorexia: cuidado com distúrbios
Avaliar o paciente como eletrolíticos e hipoproteinemia;
um todo e suas ❖ Desidratação;
❖ Anemia:Hipóxia .
comorbidades
❖ Funções vitais (cardio pulmonar,
renal,hepática)
Riscos
.
anestésicos ( Asa)
➔ Asa I-
Saudáveis, eletivos, doença localizada. Baixo
risco
➔ Asa II-
Doença sistêmica leve ou condição especial
Planejamento (idoso, filhote,obeso,gestante)

-Prevenir paradas cardíacas; ➔ Asa III-


-Planejar fármacos, Doença sistêmica moderada, cirurgia dificil
monitoração e terapia para E- Emergencia
suporte e emergência. . ➔ Asa IV-
Doença sistemica grave,prejudica atividade
orgânica
➔ Asa V-
Doença grave, baixa expectativa de
sobrevivencia
Sugestão de exames de acordo com o ASA

Podendo mudar de acordo com a condição e histórico de cada indivíduo


sendo ampliados para exames diagnósticos e de imagem.
Preparo do paciente
cirúrgico
➔ Jejum:
Estabilizar o paciente:
Cães e gatos adultos hígidos : 8 horas
repor eletrólitos,
Equinos: 12 horas estabilizar pressão,
Suínos: 12 horas temperatura,
Bovinos: de 12 a 24 horas desidratação,equilibrio
acido basico, anemia,
Filhotes: máximo 6 horas, ideal até 4 horas. quadro sistêmico.
Monitoração trans
operatória
➔ Cateterização venosa e/ou arterial;

➔ Eletrocardiograma;

➔ Oximetro ( acima de 95%);

➔ Capnógrafo(35 a 45mmHg);

➔ Pressão(100 a 120/130);

➔ Frequência cardíaca e respiratória


( espécie específico)
➔ Temperatura (acima de 36,5)

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