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Resumo

Anestésicos e Analgésicos
A classificação de Mallampati, utilizada para
avaliar risco de intubação, é realizada com o paciente
sentado de frente para o especialista, na mesma
altura.

Visa conhecer as condições clínicas do Estando posicionados, o paciente realiza a


paciente com antecedência. Deve ser sempre protrusão da língua. O anestesiologista se atentará
realizada, exceto em cirurgias de urgência. A para as seguintes estruturas: pilares amigdalianos,
avaliação pré-anestésica é importante pois diminui úvula e palato mole.
a ansiedade pré-operatória, diminui a
morbimortalidade, permite estabelecer o vínculo
com o paciente e esclarecer o ato anestésico e
permite obter o consentimento informado deste.

Etapas da avaliação:

→ Anamnese = anestesias prévias (complicações,


alergias a medicamentos), mortes na família por
anestesia (história familiar de hipertermia maligna),
alergias (alergia a kiwi, abacaxi, banana e
crustáceos = alergia cruzada com látex), tolerância → A classe 1 corresponde ao paciente em que é
ao exercício, uso de medicações (geralmente não possível visualizar essas três estruturas.
são suspensos; anticoagulantes costumam ser → A classe 2, àquele em que se visualiza o palato
suspensos, ajuste de dose de corticoides, cuidado mole, úvula e somente a parte superior dos pilares
com medicações fitoterápicas) , uso de drogas, amigdalianos.
álcool, tabagismo, transfusão sanguínea. → A classe 3, em que é possível visualizar somente
→ Exame físico = Inspeção de face e cavidade oral a base da úvula e o palato mole (risco aumentado)
(observar macroglossias, dentes protusos, → E a classe 4, somente o palato mole (risco
tamanho da abertura da boca...), avaliar grau de aumentado)
dificuldade de intubação traqueal, mobilidade
pescoço, distância entre esterno e mento (maior A classificação de risco da ASA foi a primeira
que 3 dificulta intubação), Mallampati e Índice de tentativa de quantificar o risco associado à
Wilson (avalia dificuldade em acoplar a máscara – anestesia e cirurgia. Ela também é um preditor de
dificuldade aumentada em pacientes obesos, com morbimortalidade, inclusive para o indivíduo idoso. A
barba, apneia do sono ou mandíbula larga). letra E no ASA indica qualquer procedimento de
→ Exames laboratoriais = em adultos sem outras emergência.
patologias hemograma/ coagulograma; em
crianças solicitar apenas em cirurgias de médio e
grande porte; solicitar toda a bateria de exames
apenas em pacientes ASA3 e ASA4 (complicados)
→ Avaliar risco cirúrgico acima de 40 anos ou abaixo
de 40 anos com comorbidades

Na avaliação pré anestésica também devem ser


informadas as orientações de jejum.

→ Líquidos claros ou sem resíduos (água, chá, café


sem leite, gelatina, refrigerantes, sucos sem
resíduos, sem álcool e com pouco açúcar) = jejum
mínimo de 2h
→ Leite materno = jejum mínimo de 4h
→ Leite não humano (max 1 xícara) = jejum mínimo
de 6h
→ Refeição leve (torrada e líquidos claros, casos seja → Avaliar criteriosamente pacientes idosos, obesos,
imprescindível passar algo na torrada, é permitida com disfunção renal ou hepática, cardíaca ou
camada fina de geleia; frios, manteiga e queijos são pulmonar, quanto a utilização de MPA e a dose
proibidos) = jejum mínimo de 6h → Analisar uso de outras medicações, considerando
→ Refeição completa = jejum mínimo de 8h o risco de interações farmacológicas

São contraindicações da MPA pacientes com:

A medicação pré-anestésica (MPA) deve ser → História de reação paradoxal ou alérgica a


decidida somente no fim da APA. benzodiazepínicos, abuso de drogas e álcool
→ Situações com esvaziamento gástrico retardado
Realizar venopunção antes de o paciente entrar (gestação, urgências ou emergências)
na sala de cirurgia. → Estômago cheio (sem o período de jejum
preconizado)
Podem ser utilizados os benzodiazepínicos,
→ Dor presente no momento da utilização da MPA
cetamina, morfina, associação prometazina e
→ DPOC, apneia do sono, miopatias, miastenia grave
petidina. Geralmente são utilizados os
e IR.
benzodiazepínicos Diazepam ou Midazolam.
→ Estado físico ASA maior que 3
Midazolam tem meia vida mais curta, pode utilizar
7,5mg a 15mg em adulto, de 30 minutos a 1h antes da
cirurgia. Nunca usar Midazolam a noite, nesse caso,
usar 5mg de Diazepam para que o paciente durma toda Antes do início da cirurgia, o anestesista deve
a noite e utilizar o Midazolam na manhã seguinte. Em checar o aparelho de anestesia, todos os equipamentos
crianças também é usado o Midazolam. para a intubação orotraqueal e o aspirador.

O uso de MPA na véspera ou no dia da cirurgia tem Para a anestesia geral devem ser utilizados, nessa
como objetivos principais: ordem:

→ Ansiólise e amnésia → 1°. Opioides – morfina, fentanil, alfentanil,


→ Diminuição do metabolismo basal sufentanil, remifentanil
→ Potencialização de fármacos anestésicos → 2°. Hipnótico – propofol, etomidato, cetamina,
benzodiazepínicos
→ Redução da dor no pós-operatório
→ 3°. Bloqueador neuromuscular – Despolarizante:
→ Combate aos efeitos indesejáveis de certos
succinilcolina. Adespolarizante: rocurônio/
anestésicos
vecurônio/ pancurônio, atracúrio, cisatracúrio
→ Diminuição da resposta fisiológica ao estresse
→ 4°. Ventilação mecânica + agente inalatório
cirúrgico
(isoflurano/ sevoflurano) / ou anestesia venosa
→ Redução da agitação ao despertar
total (manutenção com opioides e hipnóticos)
→ Analgesia pós-operatória
→ Em crianças, facilitar a separação dos pais Ao longo da cirurgia realizar repiques de opioides
e bloqueador neuromuscular conforme a resposta do
O midazolam tem rápido início de ação e curta
paciente.
duração de ação e metabolismo rápido. Apresenta como
características importantes: ansiólise; sedação; produção de Monitorização do paciente = frequência cardíaca
amnésia; relaxamento muscular; depressão mínima da
(cardioscópio) + pressão arterial + oxímetro de pulso +
ventilação e do sistema cardiovascular; diminuição na
incidência de vômitos; e ação anticonvulsivante. Não possui
CO2 expirado (capnógrafo) – no mínimo
efeito analgésico e pode causar agitação na vigência de dor.
Hipnóticos:
A cetamina costuma ser definida como um fármaco
O propofol é o principal hipnótico utilizado hoje,
único, por ter efeito hipnótico e/ou sedativo, analgésico e
amnésico (perda da memória de curta duração), entre outros. possui curto tempo de duração e rápida
A cetamina pode ser utilizada como MPA por via oral, nasal, recuperação, latência rápida (30s). Causa
retal e intramuscular, isolada ou associada ao midazolam e hipotensão importante e depressão direta do
promove sedação e analgesia, com estabilidade miocárdio. Não é usado em cardiopatas graves ou
cardiovascular e ausência de depressão respiratória. A dose pacientes chocados. Ação antiemética e de
preconizada por via oral é 3-5 mg.kg-1, 30 min antes da diminuição dos reflexos de VA. Ótimo para máscara
cirurgia. laríngea (usada em procedimentos rápidos – até 1h –
Independente do fármaco escolhido como MPA: ou quando a intubação não foi possível). Não pode ser
usado em BIC, pois pode causar acidose metabólica.
→ Avaliar corretamente o peso do paciente, antes
de definir a dose a ser utilizada O etomidato tem estabilidade cardiovascular
excelente, podendo ser utilizado em cardiopatas. Não
→ No caso de paciente com dor aguda ou crônica,
pode ser utilizado em pacientes com história de
utilizar um analgésico isolado ou associado a
náuseas e vômitos, pois aumenta a ocorrência destes.
outro fármaco
A cetamina tem propriedades analgésicas e vascular sistêmica e a PA. Entre os anestésicos
hipnóticas. Produz dissociação cerebral, provocando voláteis, é o que causa a menor irritação das vias
alucinações. Pode ser utilizada de 0,3 a 14mg/kg. aéreas, sendo o mais indicado para a indução
Aumenta pressão intraocular e intracraniana em altas inalatória da anestesia geral.
doses.

Opioides:
→ Indução = Começa com a administração de
A morfina é o protótipo de todos os opioides,
agentes anestésicos. É o período de transição do
sendo a capacidade analgésica dos demais comparada
paciente acordado até a perda da consciência, com
a ela. Usada VO, SC, peridural, raqui, transdérmica. Os
controle de VA (intubação).
opioides não possuem efeito depressor do coração,
→ Manutenção = Controle do plano anestésico
diminuem resposta adrenérgica. Por outro lado,
durante o procedimento cirúrgico
provocam depressão respiratória, prurido, retenção
urinária, imunossupressão. → Recuperação = Interrupção das drogas
anestésicas, retorno da ventilação espontânea
O fentanil é 100x mais potente que morfina. Mais (extubação), retorno da consciência.
sutilizado via IV. O efeito analgésico dura de 3 a 4h. - Estágio 1 – Despertar da anestesia –
Nesse estágio o paciente é capaz de
O alfentanil é menos potente que os demais e manter as vias aéreas pérvias, manter
possui duração de efeito mais curta. Utilizado em SpO2 acima de 94% com ou sem
procedimentos curtos. suplementação de O2, responder
O sufentanil é 10x mais potente que fentanil, comandos verbais simples e responder a
com efeito durando 6 a 7h. Utilizado em algumas perguntas. Nessas condições e
procedimentos longos. sob supervisão direta do anestesiologista,
o paciente pode ser transferido para a
O remifentanil é o único opioide que não pode ser recuperação pós-anestesia.
utilizado diretamente na veia, apenas em BIC. Possui - Estágio 2 – O paciente é capaz de manter
meia vida de 9 minutos. Como a meia vida é curta, o SpO2 acima de 94% respirando ar
paciente acorda rápido, mas com dor, então é ambiente, está acordado e alerta, com
necessário o uso de outro analgésico nesse momento. funções vitais próximas ao período pré-
operatório e reflexos de tosse e deglutição
Relaxantes musculares: presentes. Nessas condições, o paciente
Facilitam a intubação orotraqueal e facilitam que o pode ser transferido para a unidade de
paciente permaneça conectado com o aparelho de internação.
anestesia. Existem 2 tipos de relaxantes musculares, - Estágio 3 – O paciente está apto a andar
os despolarizantes e os adespolarizantes. sozinho, os efeitos colaterais (náuseas,
vômitos, tonteira, hipotensão ortostática e
A succinilcolina é o único despolarizante. Trata- dor) devem estar ausentes e bem
se de um agonista do receptor nicotínico. Efeito rápido. tolerados, deve apresentar diurese
espontânea e capacidade de alimentação.
Os adespolarizantes são competidores diretos da
Nessas condições, o paciente pode
acetilcolina pelos sítios de ligação nos receptores
receber alta hospitalar, acompanhado de
nicotínicos. Possuem efeito mais prolongado.
um responsável.
Para intubação traqueal de emergência, sem
jejum prévio (“estômago cheio”) precisam ser Obs. Para a intubação se utiliza a sequência opioide,
entubados rapidamente, sempre utilizar relaxantes hipnótico e por fim bloqueador neuromuscular. A
musculares de ação rápida (succinilcolina ou vantagem de se administrar o opioide primeiro, é que este já
rocurônio). Outros pacientes considerados de estará em efeito no momento da intubação. Junto com o
“estômago cheio”: gestantes, obesos, pacientes com opioide costuma se utilizar a lidocaína, que diminui os
hérnia de hiato. reflexos de VA.

Anestésicos inalatórios:

O isoflurano causa relaxamento da musculatura


lisa brônquica; inibe a vasoconstrição pulmonar
por hipóxia; reduz a PA e a resistência vascular
sistêmica de maneira dose-dependente; eleva a FC
em 20%, quando acima de 1 CAM; aumenta o fluxo
sanguíneo cerebral; produz vasodilatação uterina;
causa relaxamento muscular; potencializa os BNM.

O sevoflurano não altera significativamente a FC


nem reduz o DC, porém diminui a resistência
No corno dorsal da medula espinal, a chegada
do potencial de ação no terminal sináptico leva a
abertura de canais de cálcio dependentes de
A dor pode ser dividida em dois componentes: a voltagem. A abertura desses canais permite o influxo
nocicepção e a percepção. de cálcio para dentro da membrana pré-sinaptica.
Isso permite a exocitose das vesículas contendo
→ Nocicepção é o mecanismo pelo qual os estímulos
mediadores químicos: glutamato, neuropeptídios e
periféricos nocivos são transmitidos ao SNC
substância P.
→ Percepção é a função integrativa modulada por
condições emocionais, motivacionais, psicológicas Esses mediadores depolarizam a membrana
e pelo histórico do indivíduo. pós sináptica, de forma que esse potencial de ação
é propagado até o encéfalo.
Fármacos utilizados no manejo da dor:

Conceito = Perda da sensibilidade numa área


circunscrita do corpo, devido à depressão da
excitabilidade das terminações nervosas ou á
inibição do processo de condução nos tecidos
nervosos periféricos.

Os anestésicos locais são fármacos que possuem


a propriedade específica de bloquear de forma
reversível a condução e geração do impulso nervoso.

Estímulo que cause lesão real ou potencial ativa o


nervo periférico que faz sinapse no corno dorsal da
medula, seguindo até o tálamo e em seguida até o
sistema límbico e o córtex somatossensorial. Uma
vez que o estímulo nocivo seja percebido, ocorre
ativação das vias descendentes inibitórias.

O local de ação dos anestésicos locais são os


canais de sódio voltagem dependentes. Eles
bloqueiam esse canal, inibindo a geração e
propagação do sinal e, consequentemente, a
transmissão da informação dolorosa ao SNC.

Clinicamente, são utilizados para bloquear a


sensação de dor proveniente de áreas específicas.
Entretanto, sua ação não é seletiva apenas para as
fibras da dor (atinge também vias sensoriais
periféricas, autonômicas e motoras).

O primeiro anestésico local utilizado foi a cocaína


em 1880. Como a cocaína causa dependência a tem
toxicidade alta, iniciou-se a busca por outros compostos
que causassem a mesma ação anestésica local, com
menos efeitos indesejáveis.

Em 1905, foi sintetizada a procaína – um


anestésico local de curta duração, por ser facilmente
hidrolisada. Em 1943, foi sintetizada a lidocaína – o
protótipo de todos os AL e o mais utilizado.

Existem dois grupos de anestésicos locais:

→ AL éster = cocaína, cloroprocaína, tetracaína,


benzocaína, procaína
→ AL amida = bupivacaína, dibucaína, prilocaína,
ropivacaína, lidocaína
A estrutura química do anestésico local apresenta Relembrando, a potência representa a quantidade de
3 domínios estruturais: um fármaco necessária para produzir 50% do efeito. Ou seja,
quanto maior a potência, menos fármaco será necessário
para causar o efeito.

A hidrofobicidade do AL também é responsável por


sua duração de ação. Quanto maior a
hidrofobicidade, maior será a duração da ação, pois
o fármaco ficará sequestrado no tecido local que
circunda o nervo.

Duração bupivacaína >> Duração lidocaína

O grupamento amina é a porção ionizável da


molécula. Sua ionização é influenciada pelo pH do
meio. Essa porção é responsável pela latência do
AL, ou seja, a velocidade do início da ação.
O grupamento aromático é lipofílico, ou seja, Os anestésicos locais são bases fracas,
hidrofóbico. O grupamento amina é a porção apresentando pKa entre 8 e 10 (pKa = pH em que há
ionizável. Esses dois domínios são ligados por uma 50% de formas ionizadas e 50% de formas moleculares
ligação éster ou por uma ligação amida, definindo a [equilíbrio]).
classificação do AL.
→ O pH fisiológico é 7,4.
O anel aromático é responsável pela
→ O pKa da bupivacaína é 8,1
hidrofobicidade do fármaco. Ele confere ao fármaco a
→ O pKa da lidocaína é 7,7
capacidade de atravessar a membrana das fibras
nervosas (camada bilipídica). Isso é necessário, pois o A forma não ionizada (molecular) do anestésico
sítio de ação do AL no canal de sódio está na porção local é a forma mais lipossolúvel, capaz de atravessar
citoplasmática desse canal. a membrana.

Terá menor período de latência o AL que, em pH


fisiológico, apresentar maior número de formas não
ionizadas.

Para saber a quantidade formas ionizadas e não


ionizadas em determinado pH utiliza-se a equação de
Henderson-Hasselbalch:

→ Anestésicos locais pouco hidrofóbicos ficarão → Para a lidocaína, em pH 7,4 teremos 0,5 formas
restritos ao meio extracelular e não serão capazes não ionizadas para 1 forma ionizada.
de atravessar a membrana para exercer seu → Para a bupivacaína, em pH 7,4 teremos 0,19
efeito formas não ionizadas para 1 forma não ionizada.
→ Anestésicos locais muito hidrofóbicos adentrarão
a membrana facilmente, mas terão ligação muito Assim, quanto mais próximo do pH fisiológico
forte por essa estrutura, ficando por muito tempo (7,4) for o pKa do AL, mais rápido será o início de
retidos nela ação (menor a latência). Quanto maior o pKa, maior
será a latência para o efeito.
Assim, o AL ideal é aquele com uma
hidrofobicidade intermediária, como é o caso da Latência lidocaína << Latência bupivacaína
lidocaína.
Embora o AL precise estar em sua forma não
A hidrofobicidade é responsável pela potência do ionizada para atravessar a membrana, o fármaco
AL. Quanto maior a hidrofobicidade, maior será a precisa se ionizar no interior da célula, pois a forma
potência desse fármaco. O sítio de ligação do AL ionizada apresenta maior afinidade pelo sítio de
no canal de Sódio possui também resíduos ligação.
hidrofóbicos. AL mais hidrofóbicos ligam-se com
maior afinidade ao sítio alvo na porção intracelular, o Ao atravessar a membrana, o fármaco pode
que aumenta a potência. adquirir um próton, assumir essa carga positiva e,
assim, ligar-se com maior afinidade ao canal de sódio.
Bupivacaína e ropivacaína são mais potentes
(mais hidrofóbicas) que lidocaína, procaína e
mepivacaína.

Potência bupivacaína >> Potência lidocaína


A ligação éster ou amida é responsável pela → Canal em conformação fechada intermediária =
duração da ação dos anestésicos locais e, alta afinidade, o AL impede a abertura do canal
consequentemente, influencia na toxicidade. Esse → Canal em conformação aberta = bloqueia o poro
domínio irá definir a forma de metabolização do AL: do canal com alta afinidade
→ Conformação inativa = alta afinidade, prolonga o
→ Ésteres = hidrolisados por esterases plasmáticas e
período refratário
teciduais em metabólito inativo = ação rápida
(procaína, cocaína)
→ Amida = biotransformação hepática, sendo a meia
vida plasmática maior = mais estáveis O primeiro fator que influencia na ação dos
(bupivacaína, lidocaína) anestésicos locais é a dependência do uso. Devido as
características de afinidade às diversas conformações
Assim, muitas coisas interferem na duração da
do canal de sódio voltagem dependente, o grau de
ação dos anestésicos locais:
inibição causado pelos AL depende da frequência do
→ Cadeia intermediária éster ou amida impulso nervoso – quanto maior a frequência de
→ Lipossolubilidade (mais tempo próximo ao tecido despolarização, maior o bloqueio.
que circunda o nervo) A importância clínica desse fato é que quando
→ Peso molecular (maior dificuldade para se ocorre lesão ou traumatismo tecidual, ocorrem
desprender do canal) descargas espontâneas dos nociceptores na área
→ Afinidade proteica (aumenta o tempo de duração) prejudicada. Dessa forma, a frequência de impulsos
doloroso é maior, e a inibição da dor ocorre em maior
grau do que a inibição de outros impulsos sensoriais
ou motores locais nessa situação.
O AL se liga a porção citoplasmática do canal de
sódio voltagem dependente, bloqueando esse canal A afinidade proteica é outro fator de interferência.
e impedindo a entrada de sódio na célula e, Quanto maior a afinidade proteica, maior será o
consequentemente, a propagação de impulso nervoso. tempo de ligação ao canal, sendo maior a duração
de ação. A bupivacaína é a que tem a maior afinidade
Para que o AL entre na célula e se ligue a seu sítio
proteica.
de ação, este necessita estar em sua forma não
ionizada, a qual atravessa a membrana mais Quando ao peso molecular, este irá influenciar na
facilmente. Uma vez dentro da célula, o AL deve ganhar movimentação no canal de sódio. Quanto maior o
um próton e se converter na forma ionizada, que peso molecular, maior será a dificuldade para que o
possui maior afinidade pelo sítio de ação. fármaco se desprenda do canal. A bupivacaína
possui alto peso molecular, logo, sua dissociação do
canal é lenta.

Como mencionado anteriormente, o pH também


influencia no mecanismo de ação. Quanto menor o pH
maior será a fração ionizada do fármaco. No tecido
inflamado teremos um pH por volta de 6, de forma
que a latência de ação dos AL fica maior.

Além disso, regiões inflamadas apresentam


vasodilatação, o que facilita a remoção dos AL antes
O canal de sódio voltagem dependente pode se que eles atuem nos neurônios.
apresentar em 4 estados diferentes:
O tamanho da fibra também é um fator importante.
Quanto menor o tamanho da fibra, mais rápido e
intenso será o bloqueio. Assim, as fibras finas
nociceptivas (C e A delta) serão mais bloqueadas
que as fibras de tato e motoras. Por serem as mais
finas, as fibras C são as que serão inibidas primeiro.

Outro fator que influencia na ação dos AL são as


preparações comerciais. Os AL são bases fracas
(pouco solúveis em água), assim são disponíveis como
O AL pode se ligar ao canal em qualquer estado, sais cloridrato (pH 4 a 6). Essas preparações
mas com afinidades diferentes, de acordo com a favorecem a forma ionizada e, assim, o AL solubiliza
hipótese do receptor modulado. no frasco. A solubilidade, impede precipitação dentro
do frasco (forma molecular é menos solúvel).
→ Canal em repouso = afinidade baixa, o AL impede
a abertura do canal apenas em altas [ ]s Ao ser injetado é necessário que ocorra o
tamponamento tecidual, que favorece a formação
de formas não ionizadas, as quais atravessam a fígado, gerando metabólitos inativos excretados via
membrana axonal. renal.

Ao atravessar Membrana axonal, no ambiente Os ALs amidas são mais estáveis, com
intracelular a ionização do AL favorece a interação biotransformação hepática (citocromo P450). Possuem
com a porção intracelular canal Na+. meia vida plasmática maior e metabólitos excretados
via renal. Se o paciente apresentar metabolismo lento
A taquifilaxia é fenômeno em que a mesma dose cirrose e outras hepatopatias há risco de toxicidade.
de anestésico local passa a ter menor efeito em
administrações repetidas. Isso ocorre devido a Efeitos adversos – Os principais efeitos adversos
depleção da capacidade de tamponamento (grande dos AL são sobre o SNC e sobre o sistema
volume administrado esgota o tamponamento tecidual) cardiovascular.
o que gera acidose extracelular, de forma que o AL
permanece ionizado e há perda de eficácia. → SNC = agitação, tremor, confusão, convulsão,
depressão respiratória (altas doses)
→ Cardiovascular = depressão do miocárdio,
bradicardia, diminuição do DC, eventualmente,
Absorção – Após a administração dos AL ocorre parada cardíaca, dilatação arterolar (com
difusão para o local de ação e parte do fármaco ganha diminuição da PA e choque)
a circulação sistêmica. Entretanto, isso não é desejável, → Reações alérgicas = procaína é metabolizada em
por visar-se o efeito local. PABA, ao qual parcela da população é alérgica
Para evitar que isso ocorra, principalmente
considerando que os AL causam a vasodilatação pode
ser administrado associado ao AL um agente A procaína foi o primeiro AL sintético, atualmente
vasoconstritor – a adrenalina. Isso aumentará a está em desuso. Possui alto período de latência e não
duração de ação, diminuirá a toxicidade sistêmica é utilizada topicamente. Apresenta curta duração,
(exceção m. esquelético) e diminuirá a quantidade sendo rapidamente metabolizada (meia-vida curta).
necessária de AL. Possui excreção renal. Forma o metabólito PABA, ao
qual parte da população é alérgica. Há risco de
toxicidade em pacientes com Pseudocolinesterase
atípica (defeito genético). Utilizada como anestesia
infiltrativa, via intradérmica ou subcutânea.

A tetracaína possui hidrofobicidade maior que a


procaína (mais potente). Tem maior duração de ação.
Utilizada para anestesia tópica ocular e de mucosas.

A lidocaína é o protótipo dos anestésicos locais.


Apresenta hidrofobicidade moderada. Possui pKa
baixo, próximo ao fisiológico, o que resulta em curto
período de latência e início de ação rápido, em 2 a 3
minutos. Tem ação vasodilatadora intrínseca, o que
limita o tempo de duração de ação. Associação a
vasoconstritor aumenta a duração da ação. Baixa
incidência de reação alérgica. Duração de ação de, em
Contraindicações a associação de vasoconstritor: média, 60 minutos. Metabolizada no fígado. Não sofre
metabolização no plasma, o que resulta em tempo de
→ Locais com limitada circulação colateral – dedos,
ação maior que os AL ésteres. Os metabólitos gerados
orelhas, nariz e pênis
são inativos e excretados pelos rins.
→ Via intradérmica – ocorre isquemia e necrose
tecidual A prilocaína possui ações semelhantes a
→ Cuidados com pacientes com doença lidocaína. Não possui atividade vasodilatadora
cardiovascular e gestantes intrínseca, sendo indicada para pacientes que não
podem utilizar adrenalina. Entretanto, possui
Distribuição – O AL se liga a glicoproteína alfa-1 e metabólito tóxico, a o-toluidina, que pode causar
albumina na corrente sanguínea. A taxa de ligação metemoglobinemia.
varia de acordo com o AL. Maior taxa de ligação
proteica resulta em menor toxicidade, menor A mepivacaína tem início rápido de ação, de 1,5
distribuição. Ocorre diminuição da ligação proteica em a 2 min. Ação vasodilatadora menor que a da
menor pH. lidocaína, não sendo necessário vasocosntrititor. Não
tem metabólito tóxico.
Excreção – Os ALs ésteres são altamente
susceptíveis à hidrólise por esterases no plasma e A bupivacaína é altamente hidrofóbica, potente,
possui ação de longa duração. Liga-se fortemente
aos canais de sódio. Por sua hidrofobicidade,
permanece por mais tempo nos tecidos do nervo.
Utilizada em via epidural com maior efeito na
nocicepção que na atividade locomotora.

Consiste em mistura racêmica de enantiômeros Projeções descendentes inibitórias e


R e S especulares. Esses enantiômeros possuem interneurônios inibitórios locais inibem a
afinidades diferentes pelos canais de Na+ e diferentes transmissão da dor, a nível do corno dorsal da
efeitos cardiovasculares. medula espinal.
→ R = alta afinidade com canal de Na+ dos miócitos = Os principais neurotransmissores são a
cardiotoxicidade noradrenalina, a serotonina, os opioides e o GABA,
→ S = Menor toxicidade e maior duração da ação que podem atuar de forma pré ou pós-sinaptica.
anestésica
→ De forma pré-sináptica, diminuem o influxo de
A ropivacaína consiste em enantiômeros cálcio para o terminal pré-sináptico, diminuindo
levogiros (S) da bupivacaína puros. Assim, possui a exocitose, ou seja, a liberação de glutamato,
menor cardiotoxicidade e maior duração de ação. substancia P e neuropeptideos para a fenda
sináptica. Assim, há diminuição da transmissão
do impulso nervoso.
→ De forma pós-sináptica eles facilitam a abertura
→ Duração da anestesia – depende da de canais de potássio (noradrenalina e GABA) e
vascularização do tecido, uso vasoconstritor, cloreto (apenas GABA), aumentando a
ligação proteína plasmática, alfa-glicoproteína- condutância para essas molecular. As endorfinas
ácida (fase aguda), ligação a proteínas teciduais, e (opioides endógenos) também aumentam a
da rapidez de inativação condutância do potássio. Isso também provoca
→ Grau de hemostasia exigido – Epinefrina: mais inibição da transmissão do impulso nervoso, por
eficaz; Felipressina: menos eficaz; condições hiperpolarização da membrana pós sináptica.
sistêmicas do paciente; gestantes, portadores de
doenças cardiovasculares, histórico de alergias aos O papel da transmissão serotoninérgica na
outros anestésicos; interação de drogas com analgesia ainda é controverso. Alguns receptores para
epinefrina. serotonina são excitatórios para as vias nociceptivas e
outros são inibitórios. Assim, sua ação é bastante
complexa, de forma de ISRS tem pouca eficácia
Anestésicos tópicos na gravidez
analgésica. Em conjunto com a adrenalina seu papel é
A gravidez promove maior susceptibilidade aos efeitos mais bem estabelecido, sendo os antidepressivos duais
tóxicos dos AL. A transferência placentária é influenciada pela utilizados para analgesia.
taxa de ligação a proteínas plasmáticas. AL ésteres são
metabolizados mais rapidamente, sendo menos transferidos
a placenta. Considerando ligação proteínas plasmática:
bupivacaína seria o mais seguro, entretanto, possui longa Na sensibilização periférica, atuam os agentes
duração de ação e isômero R (cardiotoxicidade). Além disso, sensibilizadores: principalmente os mediadores
administração epidural já foi descrita causando parada inflamatórios, como bradicinina, histamina,
cardíaca em mulheres em trabalho de parto e morte fetal. A
prostaglandinas E2, fator de crescimento nervo. Essas
solução é utilizar a bupivacaína em doses menores.
substâncias são liberadas em caso de lesão e/ou
inflamação.

Aumentam a atividade dos receptores - provocam


maior influxo de sódio e cálcio para o interior da
célula. Os agentes sensibilizadores levam a
diminuição do limiar excitatório.
Na sensibilização central, que ocorre no corno
dorsal da medula, há facilitação da tradução de sinal
entre os neurônios primários e os neurônios no Cetamina e dextrometorfano – São antagonistas
corno dorsal da medula. Isso ocorre devido a não competitivos dos receptores NMDA, atuam
ativação repetida de receptores NMDA do neurônio bloqueando esses receptores e impedindo a ativação
secundário. do neurônio pós-sináptico.

Toxicidade = sonolência, efeitos psicomiméticos


(delírios, alucinações). Uso crônico não é indicado.
A sensibilização periférica e central explica a Mais usado na dor intensa aguda, como no pós
hiperalgesia e a alodínea. operatório.

Tipos de dor patológica: Podem ser administrados via tópica (cremes


transdérmicos.
→ Dor inflamatória = caracterizada por lesão de
tecido ósseo, muscular e ligamentar. Ausência de
lesão em tecido nervoso.
→ Dor neuropática = caracterizada por lesão de Clonidina - É um agonista dos receptores alfa 2,
nervos nociceptivos ou do SNC que, quando ativados, impedem o influxo de cálcio
→ Dor mista = caracterizada por lesão de tecido para o terminal. Assim, reduzem liberação do
ósseo, muscular, ligamentar, nervos nociceptivos glutamato no neurônio primário.
ou no SNC
Efeitos adversos: hipotensão postural (limita o uso),
→ Dor disfuncional = ausência de lesão tecidual ou
sedação.
nervosa aparente
Usados na dor aguda e crônica

Carbamazepina, oxcarbazepina, lamotrigina –


Atuam inibindo a abertura dos canais de sódio ADTs (amitriplina, nortriptilina, clomipramina,
voltagem dependente, impedindo propagação do imipramina) e inibidores da recaptação de
estímulo. O bloqueio é uso-dependente dos canais serotonina e noradrenalina (venlafaxina, duloxetina)
de sódio, pois esses fármacos tem maior atividade podem ser usados como analgésico.
pela forma inativa desses canais (e para o canal
chegar à forma inativa, ele precisa primeiro ser São inibidores da recaptação de noradrenalina
utilizado). Esses fármacos, ligando-se ao canal na e serotonina, consequentemente aumentando a
conformação inativa, aumentam o período disponibilidade deles na fenda sináptica,
refratário (prolonga o tempo que fica nesse estado). favorecendo sua interação com seus respectivos
receptores. Isso potencializa as vias de inibição da
Uso clínico – dor crônica (neuralgia do trigêmeo, dor.
neuropatia em esclerose múltipla, diabetes, AVE,
membro fantasma). Outras ações dos tricíclicos – também inibem os
canais de sódio voltagem dependente.
Carbamazepina provoca anemia aplásica e induz
biotransformação (dela mesma e de outros fármacos – Efeitos colaterais:
ficar atento a interações medicamentosas). A
→ ADTs = efeitos antimuscarínicos (taquicardia, boca
oxcarbamazepina não é indutor enzimático e causa
seca, visão turva, constipação), efeitos
menos anemia aplásica. A lamotrigina pode causar
antiadrenérgicos (hipotensão postural em idosos),
erupções cutâneas. Todos esses fármacos provocam
efeitos anti-histamínicos (sedação e confusão e
sedação como efeito colateral e possuem potencial
idosos)
teratogênico.
→ ISRSN = náuseas e vômitos, aumento da
Pregabalina e gabapentina – Atuam bloqueando ansiedade, agitação, insônia, disfunção sexual e
os canais de cálcio voltagem dependentes perda de apetite.
localizados na membrana pré-sináptica, impedindo
Mais indicados na dor neuropática e na
a entrada de cálcio no terminal.
fibromialgia.
Utilizados principalmente para a dor crônica. A
Manejo da dor crônica:
primeira escolha é a pregabalina, pois a gabapentina
tem biodisponibilidade imprevisível. Fibromialgia – duloxetina o venlafaxina
Toxicidades: sonolência, ataxia, confusão mental. Dor crônica – 1° - ADTS; 2° - ADTs + antiepiléticos;
A teratogenicidade ainda é controversa, então o uso em 3° - ADTs + antiepiléticos + analgésicos opioides
gestantes é contraindicado.
Seletividade dos fármacos disponíveis:

Os opioides tem ação periférica, ação no corno


dorsal da medula espinal e ação no encéfalo.

Resumo das vias nociceptivas:

Os opioides são eficazes no alivio de vários tipos Os opioides são agonistas dos receptores
de dor aguda. No manejo da dor crônica são um opioides, que, quando ativados, causam a abertura de
último recurso, devido a tolerância e dependência canais de potásssio e fechamento de canais de
física que desencadeiam. cálcio.

Os opioides são originados da papoula. A morfina


foi isolada em 1806 e nomeada em referência Morfeu,
deus grego do sono. No século XX identificaram-se os
opioides endógenos.

→ Opiáceos = derivados do ópio (morfina, codeína,


papaverina)
→ Opioides = origem endógena (encefalinas,
endorfinas e dinorfinas), natural, semissintética ou
sintética (metadona, fentanil, alfentanil,
remifentanil, puprenorfina)

Os opioides atuam interagindo com seus


receptores, que são de 3 tipos: mu (μ), delta (δ) e Efeitos farmacologicos
kappa (κ). dos opioides:

Nova terminologia: μ = MOPr, κ = KOPr, δ = DOPr → Prazer, euforia,


diminuição reação
O receptor mu é o responsável pela ação
emocional à dor,
analgésica. Esse receptor também é responsável
relaxamento,
pelos efeitos adversos observados no uso dos
dependência
opioides – provoca depressão respiratória, constrição
→ efeito anti-tussígeno,
pupilar, motilidade GI reduzida, euforia, sedação e
depressão respiratória,
dependência física.
efeito analgésico,
Seletividade dos receptores endógenos = as náuseas, vômitos
dinorfinas se ligam aos receptores κ; as endorfinas e as → efeito analgésico
encefalinas se ligam aos receptores μ e δ.
A diminuição da reação emocional a dor é uma
Analgesia mediada pelo receptor μ: característica diferencial dos opioides, sendo
importante principalmente em pacientes em fase
→ Supraespinal = +++ terminal da dor.
→ Espinal = ++
→ Periférica = ++

O receptor κ provoca apenas analgesia espinal (+) Analgesia espinal – No terminal pre-sinaptico
e periférica (++) e o receptor δ apenas analgesia temos os recptores mu (μ) para o opioides. Os opioides
espinal (++). O receptor kappa também provoca agem nesse receptor, impedindo o influxo de calcio.
disforia. Por conseuquencia, há diminuição da exocitose e não
ocorre liberação de glutamato e substancia P.
A nivel pos sinaptico, causa hiperpolarização da Miperidina ou peptidina – Menos potente que a
celula por abertura de canais de potássio e impede morfina. Produz disforia com frequencia, pois tambem
geração de potencial de ação. atua nos receptores kappa. Possui metabolito toxico,
a normeperidina, que pode provocar convulsoes. Dor
Analgesia supraespinal – Na susbtancia cinzenta moderada ou intensa. Provoca midríase, a excessão
periaquedutal temos interneuronios gabaergicos, os dos outros opioides. Via IM, IV ou SC. É contraindicada
quais impedem a inibição da dor por via descendente em associação com drogas serotonérgicas: agitação,
fisiologicamente (pois precisamos ser capazes de sentir hiperemia e convulsões.
dor!). Nesses interneuronios temos receptores mu.
Quando um agonista opioide ou opioide endogeno Metadona – Possui propriedades semelhantes a
se liga impede a liberação do gaba e libera a via morfina. Longa ½ vida, maior que 24 horas, assim,
descendente inibitoria, com consequente efeito seu efeito é duradouro. Uso para alívio prolongado da
analgesico. dor crônica em pacientes com câncer terminal.
Possui interação com proteínas plasmáticas, se em
Efeito periférico – Relacionado a inflamação. uso concomitante com outros fármacos com essa
Receptores existentes nas terminações periféricas propriedade, pode haver grande porção de metadona
aferentes primárias. Apos injuria há indução da livre (que não conseguiu se ligar as proteínas), o que
expressao de receptores mu pela resposta pode causar depressão respiratória grave.
inflamatoria. Inibe liberação do glutamato e,
consequentemente, diminui nocicepção. Seu efeito sedativo e nauseante é menor que o da
morfina. Da mesma forma, a síndrome de abstinência
também é menos grave que na morfina. A metadona
pode ser utilizada para desabituar viciados em
Morfina – É o opioide de referecia. Tem heroína através da administração refular de doses
metabolização hepática, formando a morfina-6- VO. Sua longa meia vida promove concentrações
glicuronídeo, um metabólito ativo, que é 6x mais plasmáticas constantes.
potente que a própria morfina. Forma tambem a
morfina-3-glicuronideo que pode causar convulsoes Tramadol – Além da ação opioide, provoca
se em acumulo, logo, pode haver toxidade em diminuição da recaptação de noradrenalina e
paciente com insuficiencia renal cronica, necessitando aumento da liberação de serotonina (5HT). Contra-
de ajuste de dose. indicado para pacientes que fazem uso de drogas
serotoninérgicas. É uma mistura racêmica:
Disponivel VO, IV, SC e intratecal. Por VO sofre
muito metabolismo de primeira passagem. As demais → Dextro = fraco agonista mu (afinidade 1/6000 da
vias são preferidas. Indicada para dor moderada a morfina), menor potência (1/6 a 1/10 da potencia da
intensa. mrofina), inibição da recaptação de 5HT
→ Levo = Inibição da recaptação de NA, agonista
Codeina – É um pró-fármaco, que precisa ser alfa2
metabolizada pelo CYP2D6 – 10% da coidena é
transformada em morfina. Tem 20% ou menos da Possui metabólito O-desmetilado, 2-4 vezes mais
potencia analgesica da morfina. É um opioide fraco, potente que o fármaco em si. Pacientes com IRC
mais utilizada em dores moderdas. Muito usada para podem necessitar ajuste de dose.
deprimir o centro da tosse e suprimir a tosse. Pode
ser associada ao paracetamol para efeito Utilizado em dor moderada a intensa.
anagesico. Possui efeitos colaterais menores que a Apresentação em comprimido revestido, cápsula,
morfina. solução oral e solução injetável (IV, IM). Início de ação
varia de 20 minutos a 1h, dependendo da via.
Cuidado com interações medicamentosas –
medicamentos que provocam inibição do CYP2D6 Fentanila – Mais potente que a morfina. Inicio
(corpromazzina, fluoxetina, micozanol), provocando mais rapido e duração de ação mais curta. Pode ser
redução do efeito analgésico da codeina. utilizado como medicação pre anestesica, pre e pos
operatorio e analgesia balanceada. Aprentação em
Alerta! Risco de morte em crianças. Polimorfismo solução injetável, pastilha ou prirulito (adm
genetico da CYP → algunss pacientes são transmucosa), adesivo transdérmico, intratecal,
metabolizadores ultra-rápidos = conversao rapida de sistema de infusão controlada pelo paciente no pós-
codeína em morfina. operatório.

Oxicodona e hidrocodona – São semi- Derivados da fentanila:


sintéticos, mais eficazes que a codeina. Usados em
dor moderada a intensa. Alta afinidade pelo receptores → Sulfentanila = Potência de 7 a 10x maior que a da
mu. Oxicodona disponivel no BR como comprimido fentanila, solução injetável para adm IV ou espinhal
revestido de liberação controlada (esses comprimidos → Alfentanila = potencia de 24 a 30% a da fentanila,
não devem ser fracionados ou mastigados, pois isso solução onjetável para via IV
levaria a liberação rapida). → Remifentanila – Baixa meia vida, rápida ação,
solução injetável pra infusao IV
Buprenorfina – É um agonista parcial de Potencial de abuso descrito na heroína, morfina,
receptores mu. Os sintomas euforicos são mais leves codeina, miperidina. Codeina e tramadol tem menor
que os agonistas plenos, são utilizados como potencial de abuso.
adjuvantes nas anestesia. Uso no tratamento de
adição a opioides – alivia fissura e sintomas de O potencial de abudo é fortalecido pela euforia,
abstinencia. sedação, indiferença a estímulos (principalmente
dolorosos) = pode chegar uma dependencia
psicológica.

Tratamento de intoxicação crônica por opioides


Vias de administração – parenteral, oral,
– Uso do agonista metadona, menos euforizante, com
intratecal, adesivo trandermico (fentanil) e por
lento inicio de ação. Evita sindrome de abstinencia. Não
mucocsas.
causa picos de auforia. Obs. Não se pode usar
A maioria das drogas semelhantes a morfina antagonista em intoxicação crônica, pois provocaria
sofrem metabolismo de primeira passagem. A morfina sindrome de abstinencia explosiva.
rem metabolização hepático. Para todos os opioides a
Tratamento de intoxicação aguda por opioides
excreção é renal.
– Antagoista de receptores um.

→ Naloxona (narcan) = curta duração


Miose, disforia, náuseas, vômitos, constipação, → Melhorar condições de ventilação e realizar
depressão respiratoria, prurido, contração de musculo lavagem gástrica
liso biliar e esfincter (contraindicação em suspeita de → Para evitar recaída após a desintoxicação =
doença vesicular), sonolência. naltrexona (revia) = longa duração

Depressao respiratoria: Diminuição da Principais interações medicamentosas:


sensibilidade dos quimiorreceptores no centro
→ Depressores SNC – sinergicos (álcool,
respiratorio ao dioxido de carbono. Intensidade
hipnosedativos, tranquilizantes antipsicóticos)
relacionada com a dose. Ocorre em dose terapêuticas
– causa mais comum de obito na intoxicão aguda. → Drogas serotoninergicas – risco de sindrome
Outros depressores (álcool, anestésicos) levam a afeito serotoninergica especialmente descrita com
aditivo. meperidina, tramadol fentanila e congêneres.
Contra indicações dos opioides = Gravidez (atraessa
Tolerância seletiva – Administração continua de
barreira hematoplacentária, e bebe pode desenvolver
doses terapeuticas (2 a 3 semanas) – aumentar dose sindorme da abstinencia), pacientes com comprometimento
para o efeito inicial. da função renal, comprometimento da função hepática, uso
concomitante de agonista pleno + parcial (abstinencia ou
→ Desenvolve tollerancia: euforia ++, analgesia, redução da analgesia)
depressão respiratoria.
→ Não desenvovle: miose, cosntipação Outros usos terapeuticos dos opioides:

Se administradas doses altas em curto intervalo a → Codeina = antitussigeno


tolerância ocorre mais rapido. Dessensibilização e → Loperamida = anti-diarreiaco (não passa a barreira
internalização do receptor u. Reversivel com a hematoencefalica, efeitos restritos)
suspensao do farmaco. Miose puntiforme é indicio de
intoxicação por opioide.

Dependencia – Caracterizada pela síndorme de


abstinência. Paciente quer buscar a droga novamente
(reforço) para evitar desconforto da abstinencia.

→ Síndrome de abstinencia aos opioides =


agitação, insonia, anorexia, bocejo, transpiração,
vomito, diarreia, febre, cólica, rinorréia, respiração
ofegante, hipertensão, dilatação pupilar, tremor,
dor musuclar, convulsão

Psicofarmacologia da recompensa – Via da


recompensa é uma via dopaminérgica. Há liberação de
dopamina da área tegumentar ventral para o nucleo
accumbens, levando a sensação de prazer, bem estar.
Existem receptores opioides na área tegumentar
ventral.

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