Você está na página 1de 29

Apostila de Anestesiologia

Veterinária

Theury Reis Olegário – Discente em Medicina Veterinária

Coronel Fabriciano, 2021


Anestesiologia Veterinária é a ciência que estuda e visa promover o estado de ausência de dor e sensações
durante procedimentos cirúrgicos, entre outros. As técnicas permitem imobilização, tranquilização, analgesia, e
relaxamento muscular em pacientes submetidos a procedimentos invasivos e dolorosos.

Tranquilização: redução da ansiedade, local ou regional.


relaxamento. Anestesia balanceada: utiliza de vários fármacos
Sedação: deprime o SNC, associada a sonolência. visando planos individuais no estado anestésico.
Hipnose: sono artificial x Narcose: sono profundo Anestesia dissociativa: fármacos que promovem
(perda ou não) dissociação dos sistemas tálamocortical e límbico,
Catalepsia: rigidez maleável, não responde a promovendo estado de catalepsia.
estímulos. Dor: experiencia sensorial ou emocional,
Analgesia: ausência de estimulo doloroso. associada a lesão tecidual.
Neuroleptoanalgesia: hipnose + analgesia = Nocicepcao: sinais que chegam ao SNC resultante
sedativo da ativação de receptores sensoriais chamados
Anestesia: perda de sensação, podendo ser geral, nociceptores.

De forma geral, a anestesia é dividida em 5 planos iniciais:

Imobilização Avaliação
Perda da consciência MPA
Insensibilidade Indução da anestesia
Relaxamento muscular Manutenção da anestesia
Analgesia Recuperação do paciente

MPA: objetiva promover a tranquilização do animal, reduzir desconforto e ajuda a reduzir o estresse para uma
indução segura, evita picos de catecolaminas e depressão acentuada do SNC ou complicações na indução. A
MPA auxilia a potencializar a ação dos anestésicos, diminuindo a dose dos mesmos e pode coibir o estágio 2 da
anestesia, que promove excitação, tosse e êmese. A indução e recuperação suave também é um objetivo de uma
MPA.

Indução: é a fase em que o paciente irá receber os primeiros fármacos para a cirurgia. Visa o alcance do plano
anestésico no qual ocorre a perda dos reflexos laringotraqueais e tônus mandibular, onde é possível intubar o
paciente para início do procedimento.

Manutenção: no início dessa fase, as drogas usadas na indução, que tem curtam duração, começam a perder o
efeito, e o anestesista busca manter a concentração de fármacos de forma eficiente e controlada dos anestésicos,
seja IV ou inalatória. Nesta fase é importante se atentar a subdoses e anestesia demasiadamente profunda.

Recuperação: ao se aproximar do fim da cirurgia, o anestesista começa a reduzir o uso dos anestésicos para
que o paciente acorde logo após a finalização de forma rápida e tranquila.

Requisitos para o anestesista: Conhecer os fármacos, período de latência, tempo de ação, efeitos no sistema
card, resp e renal. Medicações seguras em casos de emergência. Conhecer o estado geral do paciente e o tipo
de cirurgia >>>>>>>>>> PLANEJAMENTO ANESTÉSICO!
Antes da anestesia, é necessário classificar o paciente em categorias de risco de acordo com o estado em que
se encontra, na classificação do ASA (American Society of Anesthesiology), observado na tabela 1.

PREPARO DO PACIENTE

Inicia-se com a anamnese, exame físico e exames complementares de acordo com o ASA. Após o diagnóstico,
avaliação dos exames complementares e preparo do paciente.

ASA I e II Hemograma completo; Função renal (ureia e creatinina); Glicemia (para neonatos).

Hemograma completo, função renal (ureia e creatinina), função hepática (AST, ALT, FA),
e ecocardiograma (ECG) para animais adultos.

ASA III e Hemograma completo; Função renal (ureia e creatinina); Função hepática (AST, ALT, FA);
IV Glicemia e Lactato, Ecocardiograma (ECG)

Deve-se classificar o tipo de intervenção pré-anestésica, duração e estabelecer o jejum.

Cães: casos de estresse são menos recorrentes. Em cães agressivos, administra-se tranquilizante para facilitar
imobilização. Acepromazina ou Clorpromazina.

Gatos: estresse elevado, sendo necessário a prática Cat friendly, mínimo de pessoas no consultório e ambiente
silencioso e calmo. Não tranquilizar animais estressados. Deixar o animal transitar no consultório.

EQ, RU, SU: contenção física inicial.

Neonatos: não possuem o sistema termorregulatório totalmente desenvolvido, nesse período inicial usam a mãe
como fonte principal de calor, estando propensos a hipotermia quando submetidos a procedimentos anestésicos.
*Dispor de aquecimento artificial. Hipoglicemia também pode acontecer devido ao metabolismo hepático estar
em desenvolvimento e possuírem baixa reserva de glicogênio.

Geriatras: podem ser portadores de cardiopatias e nefropatias, principalmente. A anamnese fornece boas
informações, como tosse, dispneia, diabetes, convulsão. Importante solicitar exames de rotina. Min ASA III.

Silvestres e exóticos: a contenção adequada é o primeiro passo para uma boa anestesia. São pacientes que
possuem o estresse em níveis elevados, metabolismo acelerado, temperaturas oscilam entre as espécies.
Necessário conhecimento das particularidades anatômicas e fisiológicas. Grãos na luva > temp>UTA

Obs: os óbitos em anestesia ocorrem com maior frequência no pós-operatório.

TRANQUILIZANTES

i. Fenotiazínicos

Nota: São classificados como antipsicóticos e neurolépticos e promovem tranqüilização leve sem que ocorra
desligamento do paciente com o meio, promovem pouco ou nenhum efeito analgésico, mas podem potencializar
as propriedades analgésicas de outros fármacos.

Acepromazina: indicada para cães, gatos, equinos e bovinos; possui alta potência e ação antiemética e anti-
histamínica. Não deve ser utilizada em intoxicação por organofosforados para diminuir a excitação e nem em
animais braquicefálicos. Latência: IM 10 – 15min Cães: 0,02 – 0,05mg/kg Gatos: 0,05mg/kg Ação: 2-
10h

Clorpromazina: média potência; utilizado na medicina humana; não usar em gatos. Pode ser utilizada em
braquicefálicos. Cães: 1,1mg/kg

Levomepromazina: baixa potência; utilizada na medicina humana; elimina o estresse e é boa para utilizar em
viagens.

ii. Benzodiazepínicos

Nota: Constituem o grupo de psicotrópicos mais comumente utilizados na prática clínica devido as suas quatro
atividades principais: ansiolítica, hipnótica, anticonvulsivante e relaxante muscular

Diazepam: oleoso, não sendo solúvel em água; maior período de latência (IV até 30 segundos). Utilizar na
ausência de Midalozam; ótimo tranquilizante; usar em epilepsia, MPA, convulsões. Não utilizar em PIO e
miastenia gravis. Queda do respiratório, e adm intra-retal promove absorção mais rápida. Cães e gatos: 0,1 –
5mg/kg

Midazolam: relaxante muscular de eleição; menor período de latência, diminui a pressão arterial, pode causar
excitação. Anticonvulsivante e não promove analgesia. Associado com Cetamina (3mg/kg) 0,3 – 0,6 mg/kg/h
SEDATIVOS

Medicamentos que exercem efeitos hipnóticos e que envolvem uma depressão mais profunda do sistema
nervoso central (SNC).

i. Agonistas alfa2 adrenérgicos (não usar em cardiopatia)

Xilazina: baixo custo; aplicar vasopressor antes; não usar em equinos. Promove rápida sedação IM e IV.
Bradicardia considerável. IM de 5-10min; IV até 30seg; Duração no máx 2h Cães e gatos: 0,2 – 0,5mg/kg

Dexmedetomidina: alto custo, dose 1000x > Xilazina. Promove bradicardia no transoperatório (até 1
movimento respiratório por min). Fármaco seguro, polímero que não promove efeitos adversos. IM de 5-10 min
IV até 30seg. Duração de no máx 2 horas. Cães e gatos: 0,001-0,005mg/kg

Detomidina: mais potente que a Xilazina; usada em equinos. Equinos: 20-40 ug/kg

iii. Haloperidóis

Azaperone: utilizado em suínos. Su: 1ml para cada 20kg.

ANALGÉSICOS

Analgésico é um grupo diversificado de medicamentos que diminuem ou interrompem as vias de transmissão


nervosa, reduzindo a percepção de dor.

i. Opióides

Petidina: baixa potência, recomendado para procedimentos não invasivos como orquiectomia e tartarectomia.
2h de ação; provoca efeito anti-histamínico em alguns cães; associar a um anti-histamínico ex acepran, analgesia
leve a moderada, indicada em espasmos musculares. Não utilizar em picada de escorpião. Cães e gatos: 2-
4mg/kg

Tramadol: analgesia leve a moderada; 10x mais fraco que morfina; baixa potência; utilizada em pós-operatório.
Não utilizar em IR, convulsão e prenhez. Não causa efeito em 40% dos cães, usar somente em gatos. Duração
de 4-8h; IM de 5 a 10 min; IV até 30seg Gatos: 2-4mg/kg

Morfina: 10x mais potente que os anteriores; recomendada em casos de fraturas, promove analgesia moderada
a aguda; dor aguda ou crônica; analgesia de 2 a 6h de ação; causa náusea (emética); não utilizar em picada de
escorpião, cautela em lactantes e pediátricos. IM de 5 a 10 min; IV até 30seg

Metadona: 10x mais potente que os anteriores; dor aguda ou crônica; similar a morfina, porém não causa
náusea; promove analgesia moderada a aguda; 2 a 6h de ação; retém urina. IM de 5 a 10min; IV até 30seg
Cães: 0,3 – 0,5mg/kg podendo chegar até 1mg. Gatos: 0,2 – 0,3mg/kg.

Butorfanol: analgésico e narcótico. 4x mais potente que a morfina e a metadona. Indicado para cirurgia em
órgãos internos e dor pós-parto. Alto custo, porem a dose utilizada é baixa, em outras alternativas > metadona.
Efeito prolongado em raças como collie, pastor australiano e shetland. Potencializa o efeito da Cetamina. IM
de 5 a 10 min; IV até 30seg; duração de até 1 hora. Cães: 0,2 - 0,4 mg/kg Gatos: 0,1 – 0,4mg/kg

Fentanil: alta potência, curta duração 20-30min. Dose cães e gatos: 1,0 a 5,0 ucg/kg.
ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS (AINES)

Os Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINES) constituem uma das classes de fármacos mais difundidas em
todo mundo, utilizados no tratamento da dor aguda e crônica decorrente de processo inflamatório.

Carprofeno: alívio de dor e inflamação; não utilizar em gatos, gestantes e lactantes; efeitos adversos incluem
vômitos.

Meloxicam: baixo efeito analgésico; analgesia ocorre a partir de 48h; alívio de inflamação, dor e febre; não
usar em renais, cardíacos e gestantes.

Dipirona: alívio de dor, inflamação e anti-pirético. Utilizado como adjuvante no pós.

ANESTÉSICO LOCAL

Anestesia local corresponde ao bloqueio reversível da condução nervosa, determinando perda das sensações
sem alteração do nível de consciência.

Lidocaína: sem vasoconstritor. 10- 20 min período de latência. 1 a 2h de ação.

Bupivacaína: 15-30 min período de latência. 4h de ação. 3x mais cara. Cães e gatos: 2mg/kg a dose máx.

ANESTESIA INTRAVENOSA

Tem como objetivo a indução para intubação e hipnose; manutenção para estabilizar a hemodinâmica; analgesia
adequada; relaxamento muscular. Erros durante o levantamento de informações do paciente e durante a indução
podem resultar em convulsões, contração labial rítmica e tremores oculares.

i. Barbitúricos

Tiopental: anestésico geral; curta duração (10-20 minutos); promove hipnose. Usado na indução de felinos
(intraperitoneal); MPA reduz a dose pela metade; queda de PA e temp; anticonvulsivante. Se acumula no
organismo. Contraindicação: nefropatas e cesarianas. Quando diluído permanece estável por 1 semana.
Cães: 2,5% utilizar a dose de 7 a 12,5mg/kg Gatos: 1,25% utilizar a dose de 5mg/kg.

Pentobarbital: utilizado para grandes animais. Sedativo, hipnótico e anestésico, utilizado para eutanásia.

Fenobarbital: anticonvulsivante (gadernal); efeito sedativo pronunciado

ii. Alqui-fenol

Propofol: sedativo mais utilizado, hipnótico, curta duração, desprovido de ação analgésica. Utilizado na
indução e manutenção. Usado em forma de bolus devido a sua farmacocinética, não se acumula, ao contrário
do tiopental. Não utilizar em hipotensos. Aplicar a dose recomendada em 2 minutos. Em felinos o tempo de
ação varia de 1,5 a 50 min. Pode ocorrer apneia por indução. Monitorar reflexos e tônus muscular. Dose
cães e gatos: 1 a 5mg/kg COM MPA e 6 a 8 mg/kg SEM MPA
iii. Composto imidazólico

Etomidato: único indutor que não causa alteração cardíaca; curta duração; necessita de relaxante muscular na
MPA; maior estabilidade vascular em cardiopatas; idosos e cesárea, não utilizar em insuficiência adrenal.
Cães e gatos: 0,5-2mg/kg

iv. Fenicilinas

Cetamina racêmica: efeitos anestésicos e também adversos, possui longa duração. Baixo limiar de suprimir a
dor.
Cetamina S+ ou Dextrocetamina (humano): efeitos anestésicos e não adversos, mais seguro. 4x mais cara,
porém utiliza-se metade da dose, longa ação. Cães e gatos: 4-10mg/kg.

ANESTESIA INALATÓRIA

Técnica de introdução de um agente anestésico por via respiratória através de vaporização. Após a absorção
pelo pulmão, o agente alcança a corrente sanguínea e chega até o sistema nervoso central, local em que produz
o efeito desejado.

i. Não halogenados

Óxido nitroso (1846): gás hilariante, contraindicado em cirurgia de órgãos ocos, caiu em desuso, anestésico
fraco, seguro quando associado ao isofluorano; já vem na forma gasosa. Biotransformação em 0,004% = leve.

ii. Halogenados

Halotano (1956): potente, mais econômico (não vaporiza tanto), causa irritação, caiu em desuso e ficou mais
caro, biotransformação de 10 a 20% > ficar no paciente.

Isofluorano: Seguro, mais utilizado, biotransformação em 0,2%, 250ml = 320,00. Irrita as mucosas e possui
odor característico.

Sevofluorano: 2x mais caro que o Iso, porém possuem a mesma margem de segurança, e biotransformação em
3%. 250ml = 700,00. Odor menos evidente, ação antihistamínica sendo melhor para indução, e recuperação
rápida – usar em cesarianas. Cães: 0,5 – 1 mg/kg Gatos: 0,05 – 0,1mg/kg

MIORRELAXANTES

São despolarizantes e não-despolarizantes, induzem a uma paralisia muscular reversível, elimina o espasmo
laríngeo (facilita o controle da via respiratória e intubação), reduz a resistência a ventilação controlada, não
possuem propriedades sedativas, anestésicas ou analgésicas, e recomenda-se utilização em cirúrgicas oftálmicas
e ortopédicas.

BLOQUEADORES MUSCULARES DESPOLARIZANTES:

i. Ação periférica:

Succinilcolina e Suxametonio: Induzem relaxamento de curta-duração, despolariza os receptores nicotínicos


e não permite repolarizacao. Contração inicial com posterior paralisia, e pode ser revertido com analéptico
(Doxapram).
Efeitos adversos: mialgia, dor ocular, bradicardia, hipotensão.

BLOQUEADORES MUSCULARES NÃO-DESPOLARIZANTES

Pancurônio: período de ação de 60 a 100 min, usado em eq, can e fel. Baixa biotransformação e eliminação
renal. Promove taquicardia. Reverter com neostigmina + atropina e monitorar por pelo menos 1h devido ao
bloqueio respiratório.

Vecurônio: ação de 20 a 40 min, em cães e gatos. Reverter com neostigmina + atropina, ou Sugamadex que é
específico. Monitorar por 1h.

Rocurônio: ação de 20 a 30 min, equinos, reverter como o vecuronio e monitorar.

Galamina: não libera histamina e não interfere no feto. Não atravessa a barreira placentária.

Atracúrio: paralisia completa, tempo de apneia até 40 min, altas doses podem causar hipotensão, bradicardia
e liberar histamina.

ii. Ação central

Agonistas alfa-2: xilazina, detomidina, romifidina, dexmedetomidina, medetomidina

Romifidina: não causa analgesia, equinos, latência de 10 min, ação de 40 a 50min, detomidina é mais segura
como MPA.

Medetomidina: cães e gatos, +isofluorano causa maior depressão do SNC, ação de 50 a 60 min, como MPA
reduz até 90% da dose do anestésico inalatório.

Benzodiazepínicos: Diazepam e midazolam

Éter gliicerilguaiacólico (EGG): não interfere no diafragma, aumenta a FR, equinos.

ANESTESIA DISSOCIATIVA

Muito utilizada para contenção química, promove catalepsia, paciente imóvel, não há relaxamento muscular
(rigidez maleável), a analgesia não é potente para cirurgias, interrompe a neurotransmissão do tálamo (altera a
consciência), a dor não chega ao cérebro, e libera citocinas.

Fenicilina + agonista alfa2: Cetamina + xilazina

Fenicilina + benzodiazepínico: Tiletamina + Zolazepam (Zoletil): latência 2-3min, ação de 1h, usado em
selvagens, apneia transitória em equinos

Em anestesia dissociativa, associar a um opioide potente.

MIORRELAXANTES: Cetamina + Midazolam


Exemplos de MPA:
• Acepromazina(0,05mg/kg) + metadona (0,05mg/kg) IM –Narcose
• Xilazina(0,5mg/kg) + Petidina(2mg/kg) IM –Animais muito agressivos
• Morfina (0,3mg/kg) + Midazolam(0,2mg/kg) IM –Animal agitado e com comorbidades
• Midazolam(0,2mg/kg) + Tramadol(2mg/kg) + Dextrocetamina(2mg/kg) –gato muito agressivo
• Dexmedetomidina (4mcg/kg) + Metadona (0,05mg/kg) –Narcose em gato
• Dexmedetomidina (9mcg/kg) + Metadona (0,05mg/kg) –Narcose em cão

PLANO ANESTÉSICO

Os estágios e planos anestésicos são um conjunto de sinais associados a parâmetros fisiológicos, que tem como
objetivo caracterizar a profundidade anestésica. Foram desenvolvidos por Guedel em 1937, e são validos
somente para anestesias que promovem hipnose.

Principais sinais e parâmetros avaliados:

▪ Oculopalpebrais (reflexo palpelbral, corneal e pupilar)


▪ Reflexo interdigital e digital
▪ Reflexo laringotraqueal
▪ Reflexo anal
▪ Alterações cardiopulmonares

Esses reflexos são fisiológicos, de proteção.

ESTÁGIO 1: Paciente acordado e consciente.


ESTÁGIO 2: Excitação inicial + midríase (alerta para subdose de propofol, e aplicação prolongada +2min).
ESTÁGIO 3: Plano I > Superficial: reflexos palpebrais e corneal presentes, bulbo ocular está
centralizado, pupilas midriáticas, possível nistagmo, lacrimejamento presente, miorrelaxamento
inadequado, ativação cardiopulmonar, reflexo a luz pesente.
Plano II > Adequado: reflexo palpebral ausente e corneal presente, bulbo ocular rotacionado ou
medializado, pupilas em miose, miorrelaxamento adequado, discreta depressão cardiopulmonar, reflexo a luz
presente.
Plano III > Profundo: reflexos palpebrais e corneal ausentes, bulbo ocular em processo de centralização,
pupilas em midríase, intensa depressão cardiopulmonar, apneia e considerável hipotensão, reflexo a luz
presente.
Plano IV > Depressão bulbar: o bulbo ocular centraliza, pupilas em midríase, reflexo a luz ausente:::
ALERTA!

ESTÁGIO 4: Choque bulbar:::::::ÓBITO!

* O ideal em uma cirurgia é manter o animal no estágio III, nos planos 2 e 3.

CHECKLIST DE PROCEDIMENTOS

1. Primeira consulta
2. Anamnese e exame físico
3. Solicitar exames complementares
4. Interpretar os exames
5. Diagnóstico e definir o ASA
6. Termo de consentimento do tutor
7. Marcar a data da cirurgia
8. Recomendações para o tutor, como medicação prévia, alimentação e etc.
9. Dia da cirurgia
10. Reavalia o paciente
11. Calcula as doses e prepara os fármacos.
12. MPA: tranquilizante e sedativo
13. Aguardar o período de latência da MPA
14. Estágio 1: Assepsia, tricotomia, acesso venoso
15. Indução.
16. Estágio 3 – Plano I: Perda dos reflexos palpebrais
17. Estágio 3 – Plano II: Perda do tônus mandibular e rotação ocular.
18. Intubar. Se for um gato, aguardar superficializar devido ao tempo de latência do propofol, retornar
para o plano 1 e depois continuar a indução. Spray de lidocaína antes de intubar em gatos (não inflar o
cuff).
19. Estágio 3 – Planos II e III: Manutenção: infusão ou inalatória
20. Monitorar a cada 5 min – checkup total no paciente dos parâmetros
Veia, soro, ausculta, temperatura, FC, FR, reflexos oculares
21. Aguardar o cirurgião terminar.
22. Anestesiar o local da sutura.
23. Monitorar o pós operatório.

CONTROLE DE DOR

Dor é uma experiencia sensorial ou emocional, associada a lesão tecidual. Atrapalha a cicatrização,
aumenta o tempo de recuperação, e pode levar a óbito por alcalose metabólica.

▪ A dor pós-operatória pode ser controlada ainda na MPA, através de medicações com longo tempo
de ação que irão fazer efeito ainda após a anestesia cirúrgica.
▪ Dor transoperatória se refere a dor aguda durante o procedimento cirúrgico, sendo indicada para
remissão da dor > opioides de alta potência, como fentanil ou butorfanol.
▪ Dor paradoxal – com dor sob efeito analgésico forte, reclamavam de dor. – Opioides, age de
acordo com o nível de dor que o paciente está sentindo.
▪ Analgesia preemptiva: analgesia antes do estímulo doloroso ser gerado.

TOXICIDADE

Toxicidade consiste na capacidade de uma substancia química produzir um efeito nocivo quanto interage com
um organismo vivo. A toxicidade de uma substancia depende da dose e do sistema biológico de cada um. Em
anestesia, quanto maior o volume, maiores são os efeitos adversos.

As principais causas são: inibição do SNC, alteração da fisiologia normal, depressão da função cardiopulmonar,
efeitos tóxicos diretos, sensibilidade aos fármacos nas diferentes espécies, reações idiossincrásicas.

▪ Opióides: hiperexcitabilidade, depressão respiratória e reações anafiláticas.


▪ Tranquilizantes fenotiazínicos: diminuem a PA e raramente diminuem FC.
▪ Benzodiazepínicos: podem causar bradicardia e parada cardíaca.
▪ Alfa-2 agonistas: depressão respiratória e significativa bradicardia.
▪ AINES: nefrotoxicidade.

Anestésicos locais: reações de toxicidade afetam o sistema cardiovascular e o SNC.

Lidocaína: pode causar hipotensão, tremores, convulsões ou coma.


Bupivacaína: a injeção IV rápida pode causar colapso cardiovascular; arritmias ventriculares e fibrilação
ventricular fatal; ressuscitação é mais difícil, e gestantes são mais sensíveis.
Inalatórios e intravenosos

Isofluorano e Sevofluorano: biotransformados no fígado e excretados nos rins. Predispõe a hipertermia


maligna.

Tiopental: biotransformado lentamente (cães de caca e hepatopatas); aumenta a suscetibilidade e


desenvolvimento de arritmias cardíacas.

Propofol: gatos + de 3 dias consecutivos pode causar letargia, diarreia e anorexia.


Aplicar por mais de 3h aumenta o tempo de recuperação.

Obs: Inalatórios podem causar efeitos devido à perda de gás no ambiente. A exposição crônica em humanos
pode ocasionar em abortos espontâneos, fetos defeituosos, neoplasias, doenças hepáticas e renais, infertilidade
e prurido. Deve-se controlar a perda de gás e monitorar os níveis de escape. Coleta e remoção do gás utilizado.

Métodos adicionais de controle: avaliar pressão do circuito, certificar o balonete do tubo endotraqueal, não
acionar o gás inalatório sem que o paciente esteja conectado, usar máscaras se a perda de gás não puder ser
evitada.

Em casos de toxicidade, existem reversores de alguns medicamentos!!!!!!!!

▪ Opioides: em doses altas podem causar reações anafiláticas. Naloxona


▪ Alfa-2 adrenergicos: Ioimbina, Tolazolina e Atipamezol
▪ Benzodiazepinico: Flumazenil
▪ Depressão do SNC induzida por anestésicos gerais: Doxapram, Ioimbina, Tolazolina, Atipamezol.
(CAUSAM REVERSAO PARCIAL)

INTERAÇÃO FARMACOLÓGICA

A interação medicamentosa ocorre quando você faz o uso de mais de um medicamento. Isso pode diminuir a
eficácia dos seus medicamentos, aumentar os efeitos colaterais inesperados ou até mesmo a sua toxidade no
organismo.

Princípios:

▪ Não utilizar fármacos isoladamente, e sempre associá-los.


▪ As interações podem reduzir a dose de um fármaco, complementar e intensificar efeitos desejados.
▪ Podem reduzir efeitos adversos.

Drogas sinérgicas: o efeito é maior do que a simples soma dos efeitos isolados de cada um. Ex: Propofol +
Cetamina

Antagônicas: fármacos que se anulam, mas não necessariamente são reversores. Ex: Cetamina + Xilazina

Potencializadoras: fármacos que, aplicados anteriormente, potencializam o efeito dos outros. Ex: lidocaína
IV antes de induzir com Propofol.

Aditivas: fármacos associados que possuem efeito igual a soma de cada uma isoladamente. Ex: Lidocaína e
Bupivacaína
EXEMPLOS DE SINERGIAS

• Xilazina + Lidocaína: melhora a anestesia via epidural ou intratecal em grandes animais.


• Dexmedetomidina + Bupivacaína: aumenta a extensão do bloqueio em nervos na anestesia regional.
• Cetamina (doses subanestésicas) + tramadol (IV): analgesia na laminite crônica em equinos.
• Cetamina (doses subanestesicas): diminui as doses e pode combater a hiperalgesia por opioides.

EXEMPLOS DE POTENCIALIZADORES

• Dexmedetomidina e xilazina: potencializam a ação da maioria das drogas anestésicas. Reduzir a dose
do alfa2 agonista ou do anestésico, sedativo, hipnótico ou opioide concomitante
• Midazolam e Diazepam: administração concomitante com analgésicos opioides, sedativos e hipnóticos
(etomidato, propofole cetamina). Reduzir a dose do benzodiazepínico ou do anestésico, sedativo,
hipnótico ou opioide concomitante
• Lidocaína: efeito aumentado por anestésicos, tais como, isoflurano, e cetaminae por bloqueadores
neuromusculares não despolarizantes

ANTAGONISMOS

Xilazina: reversor > IOIMBINA – proporção de 10:1mg (cães) e 2:1 (gatos)

Dexmedetomidina: reversor > ATIPAMEZOL – 10:1 (cães) e 5:1 (gatos)

Opioides: reversor > NALOXONA


Fentanil e Metadona: 100:1mg
Morfina: 10:1mg
Tramadol e Petidina 1:1

Benzodiazepinico: reversor > FLUMAZENIL 13:1mg

Butorfanol + detomidina (equinos): não aplicar em animais com disritmia cardíaca ou bradicardia
preexistente. Provoca diminuição da motilidade intestinal = cólica e impactacão por fezes.

Fenotiazínicos não possuem reversores.

EXEMPLO DE CÁLCULO DE DOSES E INTERAÇÕES ENTRE FÁRMACOS:

Caso 1: uma fêmea da raça Bulldogue Francês 4 anos ASA 2 pesando 10kg vai passar por um procedimento de
OSH. Vamos montar um protocolo de MPA e Indução:

Fórmula de cálculo da dose:


Volume a ser aplicado em ml = dose mínima x peso

[concentração] x10

Medicação pré-anestésica:
Clorpromazina (0,5mg/kg) + Metadona (0,2mg/kg)

1- Dose de Clorpromazina necessária para o Apresentação do fármaco: ampola de 5ml


paciente: 0,5mg x 10kg = 5mg contendo 25mg/ml
Volume a ser aplicado: 0,2ml Apresentação do fármaco: ampola de 1ml
contendo 10mg/ml
2- Dose de Metadona necessária para o Volume a ser aplicado: 0,2ml
paciente: 0,2mg x 10kg = 2mg

MPA: 0,2ml (clorpromazina) + 0,2ml (metadona) na mesma seringa via IM

Indução:
Propofol (6mg/kg)
• O uso de MPA diminuí a dose do fármaco indutor pela metade
• A associação com cetamina (dose subanestésica) na mesma seringa diminuí a dose do propofol pela metade
• A lidocaína aplicada antes do propofol pela via endovenosa potencializa o propofol e diminuí a dose pela metade

1- Dose Cetamina (analgesia) para o paciente: 2mg/kg


Apresentação do fármaco: frasco 10ml concentração 10%
Cálculo: 2mg x 10kg/ 10% x 10 = 0,2ml
Volume a ser aplicado: 0,2ml

2- Dose Lidocaína (IV) para o paciente: 2mg/kg 3- Dose de Propofol necessária para o paciente:
Apresentação do fármaco: frasco 50ml 6mg/kg
concentração 2% Apresentação do fármaco: Frasco de 50ml
Cálculo: 2mg x 10kg/ 2% x 10 = 1ml concentração a 2%
Volume a ser aplicado: 1ml Cálculo: 6mg x 10kg/ 2% x 10 = 3ml
Volume a ser aplicado: 3ml

Dose propofol isolada: 3ml


Dose propofol com o uso de MPA: 3ml/2 = 1,5ml
Dose propofol + Cetamina (0,2ml) + MPA: 1,5ml/2 = 0,75ml
Dose propofol + cetamina (0,2ml) + MPA e aplicação de 2mg/kg de lidocaína IV antes do propofol: 0,75mg/2
= 0,375ml – arredondar para 0,4ml

Seringa da indução: 0,4ml de propofol + 0,2ml de cetamina via IV


Volume final: 0,6ml para ser aplicado em 2min
Complementar com soro fisiológico para poder aplicar o indutor em 2min:
Ex: Indutor 0,6ml + soro 3,4ml – total: 4ml (2ml por minuto)

REPOSIÇÃO VOLÊMICA

• Os principais objetivos da reposição volêmica são manter a volemia, otimizar a pré-carga e a


capacidade de transportar O2.

Volemia: volume de líquidos corporais circulantes.

Janela terapêutica: equilíbrio entre a eficácia e a toxicidade de um medicamento, de forma a atingir o melhor
efeito terapêutico sem efeitos colaterais.

Os líquidos podem ser perdidos através da urina, transpiração e perda de sangue. Então a reposição volêmica
deve ser instituída de acordo com o tipo de perda.
DOSES DE MANUTENÇÃO

Na internação

Mínima: 3ml/kg/h
Máxima: 90ml/kg/h – choque hipovolêmico inicialmente até 30 min, após isso, diminuir a dose.

Durante cirurgia

Cão: 5ml/kg/h
Gato: 3ml/kg/h

Hipovolemia: perda de sangue considerável. Cão: 10ml/kg/h e Gato: 6ml/kg/h

Velocidade de infusão é o tempo em que o animal irá receber o medicamento ou fluido em um tempo
superior e sem interrupções. Para isso, existem alguns aparelhos que possuem maior precisão de acordo com
as especificidades.

1. Contador de gotas (R$300,00): conta as gotas e transforma em ml/h. Possui um leitor intravermelho
e apita quando fica 1 minuto sem gotejar. Cálculo em gotas/min: Equipo macrogotas: 20 gotas = 1 ml
Microgotas: 60 gotas = 1 ml
2. Bomba de equipo (R$4500,00): muito mais preciso. Ex: 0,1ml/kg/h. Calcula a velocidade da infusão;
possui sensor de bolha e trava; digitar a quantidade de ml/h necessária.
3. Bomba de infusão (R$4500,00): infusão de fármacos; calcula a velocidade da infusão; digitar a
quantidade ml/h necessária; seringas de 10, 20 e 50ml.

▪ Pacientes de porte muito pequeno (menos de 5kg) não se deve dar fluido sem bomba, devido ao
risco de grandes quantidades e edema pulmonar.
▪ Evitar oclusão do cateter por coágulo.
▪ Choque hipovolêmico = ASA V – estabilizar a volemia e temperatura abaixa o ASA para IV ou
III.

ANALGESIA POR INFUSAO CONTÍNUA

A infusão contínua de analgésicos durante a anestesia permite que a concentração plasmática de um dado
medicamento se mantenha constante, promovendo adequada analgesia. Piso da janela terapêutica é a menor
quantidade do fármaco que faz efeito, e se ultrapassar o teto da janela = overdose. Infusão contínua deve ser
lenta.

Bolus: administração de uma medicação com o intuito de aumentar rapidamente a sua concentração no sangue
em um nível eficaz. Ex: Cetamina - 20 min de ação.

A seguir, alguns protocolos prontos de analgesia por infusão contínua. A analgesia deve ser escolhida de acordo
com o tipo de procedimento e a duração do mesmo.

Obs: calcular as doses, colocar no soro e calcular a quantidade de soro que o animal irá tomar de acordo com
o peso. Quando ultrapassar 5ml, retirar a quantidade de soro e injetar de analgésico.
BAIXA POTENCIA

1. MLK = Morfina + Lidocaína + Cetamina em Soro fisiológico

Fórmula = Dose de infusão x volume do frasco

Concentração x 10 x taxa de infusão

Ex: Cão, 10kg – MLK em 250ml de soro a 5ml/kg/h.

R: Esse cão 10kg irá receber 50ml/h. Pois volume de soro aplicado no paciente (ml/h) = peso x taxa de
infusão

PARA GATOS:

Ex: Gato 2kg – MLK em 100ml de soro a 3ml/kg/h.

R: Esse gato de 2kg irá receber 6ml/h.

Gato: utilizar metade da dose do cão. Não utilizar a mesma dose de lidocaína.

ALTA POTENCIA

1. FLK – Fentanil + Lidocaína + Cetamina em Soro fisiológico

Ex: Cão de 10kg – FLK em 250ml de soro a 5ml/kg/h.


PARA GATOS:

Ex: Gato de 2kg – FLK em 100ml de soro a 3ml/kg/h.

2. Remifentanil em Soro fisiológico

Obs: até 30 dias em geladeira; perda da analgesia em 24h temp ambiente; diluir 2g em 4ml de água para
injeção = 0,5mg por ml. Utilizar quando não puder utilizar lidocaína. Cardiopatas = não utilizar lidocaína IV.

3. DexFLK – Dexmedeto + Fentanil + Lidocaína + Cetamina em Soro fisiológico (mesma potência do


remifentanil que é caro)

Obs: Dexmedetomidina – alfa 2 agonista – sedativo – ótima analgesia – POTENCIALIZA O FENTANIL.


Utilizada para dores refratárias.

Fentanil: 1 miligrama = 1000 microgramas. Se estiver em micrograma, dividir por MIL. Transformar
somente quando há diferença.

Ex: Cão de 10kg – DexFLK em 250ml de soro a 5ml/kg/h.

Para gato: Gato de 3kg – DexFLK em 100ml de soro a 3ml/kg/h.

Resumindo, o volume total de analgesia por infusão escolhido deve ser colocado no frasco de escolha (100
ou 250ml de soro). Após isso, deve-se apenas multiplicar o peso do animal pela taxa de infusão que possuem
taxas fixas (cães: 5ml/h e gatos 3ml/h), o resultado obtido será o volume total de analgesia em 1 HORA.
Se atente ao tempo de cirurgia, caso ultrapasse ou seja menor que 60 min, pois o volume deve ser
ajustado de acordo com o tempo.

Fórmula = peso x taxa de infusão = (ml/h)

ATENÇÃO: O VALOR FINAL OBTIDO SERÁ SEMPRE EXPRESSO EM ML E APLICADO


VIA INTRAVENOSA !!!!!!!!!!!!!

MANUTENÇÃO ANESTÉSICA

TIVA – Total Intravenous Anesthesia: a Anestesia Total Intravenosa (Total intravenous anesthesia - TIVA)
é uma técnica de anestesia geral que utiliza uma combinação de agentes administrados exclusivamente por via
intravenosa sem recurso a agentes de inalação.

• Vantagens: utilizar bomba de equipo, de infusão e monitor para monitorar.


• Desvantagens: menor plano do controle anestésico, maior custo de anestesia x peso x tempo,
hepatotóxico – não pode ser usado em hepatopata ASA IV. Custo médio de R$15000,00.

Bolus intermitentes: tempo de ação 1:30 min

A infusão contínua de Propofol é dividida em 4 etapas, onde as taxas de infusão são DOSES FIXAS para
cães e gatos (circulados na tabela):

1- Nos primeiros 20 min


2- 15 min
3- 15 min
4- Nos minutos finais, finalizar em doses baixas

A infusão contínua com propofol evita efeito acumulativo no organismo. Se não fracionar as doses, ocorre
efeito acumulativo e efeito adverso.

Entenda o cálculo para chegar nas TAXAS fixas de infusão:

A dose de infusão é expressa em minutos, devendo ser multiplicada por 60 para obter o valor em 1 hora (1
hora = 60 min). O resultado deve ser utilizado na seguinte fórmula:
O resultado obtido é referente a TAXA de infusão.

Exemplo: 04 x 60min = 24ml (valor obtido)

1 x 10 = 2,4ml/kg/hora.

Os valores fixos da taxa de infusão devem ser multiplicados pelo peso do animal para encontrar o valor da
taxa de infusão nos 4 tempos da manutenção.

Atenção: dose de infusão e taxa de infusão NÃO SÃO a mesma coisa, são terminologias diferentes,
funções diferentes na fórmula!!!!!!!!!!!!

Se ultrapassar 50 min de cirurgia, monitorar o plano de Guedel. Se o animal superficializar, ou aprofundar,


aumenta ou diminui a dose de infusão > manter o animal entre II e III até acabar a cirurgia. Monitoração
a cada 5 minutos.

PIVA – Parcial Intravenous Anesthesia: anestesia parcial intravenosa, utiliza fármacos em infusão contínua
adicionalmente à anestesia inalatória.

• Vantagens: maior controle do plano anestésico, recuperação rápida, maior segurança no procedimento,
menor depressão respiratória.
• Desvantagens: poluição ambiental, favorece metástase – proibido em cirurgias oncológicas.

O controle também se baseia no acompanhamento do plano de Guedel durante a manutenção, e controlando o


vaporizador. O animal deve permanecer nos planos II e III de Guedel.

Quando há analgesia contínua, não há estímulo que acorde o animal da hipnose. Desligar vaporizador.

VENTILAÇÃO ARTIFICIAL, CICLOS RESPIRATÓRIOS E MONITORAÇÃO

CIRCUITOS:

Sem reinalação de gases: 0,2L/kg/min


(pacientes abaixo de 15kg)

Com reinalação parcial de gases: 0,1L/kg/min


(pacientes 15 a 30kg)

Com reinalação total de gases: 0,002L/kg/min


(acima de 30kg)
VENTILAÇÃO ARTIFICIAL:

Quando usar a ventilação artificial? Em situações de apneia, obstrução esofágica, ou quando o animal
não respira adequadamente.

i. Ventilação artificial manual:


▪ AMBU
▪ Unidade de respiração para
manutenção de vias aéreas.
▪ Ter de vários tamanhos ml/kg.
▪ Apneia de mais de 30 segundos – 4 a
5x por minuto.
▪ Lesão por excesso de volume –
volutrauma
▪ Lesão por excesso de pressão –
barotrauma

ii. Ventilação artificial mecânica: ▪ R$3000,00.


▪ Automática. ▪ Maior gasto de O2.
▪ Ventilador eletropneumático.

CICLOS RESPIRATÓRIOS

Controlado: o ventilador controla toda a fase respiratória

Assistido: o ventilador auxilia a respiração do paciente, ventiladores modernos.

Na ventilação controlada, as fases são determinadas e controladas pelo aparelho. Ou seja, o paciente não
interfere na ventilação e não consegue realizar respirações adicionais. Nos ciclos assistidos, por sua vez, o
paciente dispara o ventilador, mas o controle das demais fases e a finalização são feitos pelo aparelho.

Tipos de ventilação

Ventilação mecânica com pressão expiratória final positiva (PEEP): evita colabamento pulmonar, correção
com pressão aumentada
• Pressão no ambu por minuto: 15 –20 –30 –40 (máx)
• Perfuração torácica e trauma.

Ventilação assistida com aplicação de pressão inspiratória positiva (CPAP)


• Situações de hipoxemia
• Trauma torácico com pouco comprometimento do pulmão; não possui alvéolos suficientes para
oxigenar, menos moléculas de hemoglobina pra carrear oxigênio.
• Saturação de O2 tem que estar acima de 94 ou 95%
• Abaixo de 85% -risco de óbito.

Ciclos respiratórios mecânicos

Ventilação controlada a VOLUME (VCV): garante um volume corrente pré-programado

• 10ml de oxigênio para cada 10 kg. Animal com problema pulmonar e obeso altera a conta.

Ventilação controlada a PRESSÃO (PVC): assegura um nível de pressão pré-programada

• Pressão: 15cmH/L/s
• Opção de escolha, sendo a mais indicada pela ventilação se adequar ao tamanho do pulmão.

MONITORAÇÃO

Monitorar significa aferir os parâmetros vitais do paciente durante o procedimento anestésico, se atentando
aos valores fisiológicos máximos e mínimos. Para isso, alguns aparelhos auxiliam na monitorização:

Oxímetro: mensura a passagem de hemoglobina saturada – 95 a 100%. Oximetria alta = vasoconstrição


periférica – baixa = vasodilatação.

Doppler: aferição da PA sistólica; virilha, palma da mão, veia do acesso venoso, ótimo para exóticos.

Monitor: (ECG) eletrocardiograma, atividade elétrica do coração, FC e ritmo; diagnóstico de arritmias –


xilazina

FC cão 70 a 130bpm – bradicardia abaixo de 60

FC gato 160 a 240bpm – bradicardia abaixo de 80

Monitoração respiratória: movimento da parede torácica ou do balão reservatório (10 a 30 mpm).

Carpinógrafo: mensura a ETCO2 (gás carbônico no final da expiração) e faz análise da troca gasosa.
Alcalose (baixo CO2 no sangue) ou acidose (alto CO2 sangue). Faixa normal de 35 a 45mm/Hg. Ponto de
corte acima de 45mm/Hg: iniciar a respiração artificial.

Mensuração da PA: fornece a Pressões Arteriais Sistólica, Diastólica e Média. Pressão arterial média: (80
mm/Hg pra cima é o ideal). PAM abaixo de 60 ou 65mm/hg: não há volemia suficiente no corpo (hipóxia:
baixa oxigenação tecidual), o sangue migra pros órgãos vitais, como coração pulmão e cérebro (os rins são
os primeiros a serem lesionados – IRA).

•PA cães e gatos 110-160/70-90 mm/Hg


•PA média acima de 60mm/Hg

Mensurar a pressão arterial ajuda a indicar o nível da profundidade da anestesia, FC, FR e PA antes da
anestesia e durante da anestesia. Se os 3 valores subirem cerca de 20% o animal está superficializando, se os 3
valores baixarem 20%, estará aprofundando.
Temperatura: 36,5 a 39,5 °C
Temperatura corporal central: coração. Temperatura corporal periférica: pé direito (termômetro entre os dedos
preso com esparadrapo). Delta T: diferença entre a temperatura central e periférica. Até 4°C de diferença é
fisiológico. Quanto maior a diferença entre a Delta T central e periférica, maior o risco de óbito

Colchão térmico: CUIDADO PARA NÃO QUEIMAR O ANIMAL! A função é apenas diminuir a perda de
temperatura do paciente, e não aumentar. Manter 0,5 grau abaixo do animal Oxigênio entrando paciente a
4°C. FC e PA caindo juntos –perigoso!!!

EMERGÊNCIA

▪ Princípios da emergência: protocolos prontos, anamnese, trabalhar rapidamente, o óbito pode ser em alguns
minutos, horas ou até dias, deve haver uma sequencia logica na abordagem do paciente (POP), manter
estoque de fármacos emergenciais e reversores e manter kits emergenciais.

▪ O propósito do atendimento emergencial é manter os parâmetros vitais do paciente, evitar o risco de lesões
irreparáveis e óbito do paciente. O atendimento deve ser organizado e seguir uma sequencia emergencial
para evitar falhas.

Funções da MACROCIRCULAÇÃO: nível de consciência, FC, temperatura retal, PA, qualidade do pulso
Funções da MICROCIRCULAÇÃO: perfusão e oxigenação de órgãos e tecidos e transporte de nutrientes
para as células.

CHOQUE HIPOVOLÊMICO: perda de sangue, volume insuficiente, que pode causar hipóxia (perda de O2
nos tecidos) ou consequente hipoxemia (perda de O2 no sangue).

De acordo com a sequência lógica, em choque hipovolêmico o ideal é a transfusão sanguínea > reanimação
hídrica (soro ou ringer) > pressão arterial (Norepinefrina 0,1-0,2 ucg/kg/min).

FLUIDO: 90ml/kg/h – até 30min (somente uma vez)

•10ml/kg/h –15min (até 4x) –cão •5ml/kg/h –cão

•6ml/kg/h –15min (até 4x) –gato •3ml/kg/h -gato

PARADA CARDÍACA

Bradicardia: reanimar com Atropina 0,02 mg/Kg Parada cardíaca (até 5min):
ou Adrenalina 0,01mg/kg •Adrenalina 0,2mg/Kg (coração sem batimento)
•1 ampola (1ml) de adrenalina diluída em 9ml de •1 ampola (1ml) para cada 5kg
soro >> 1ml/10Kg

RESSUCITAÇÃO CARDIO-PULMONAR (RCP)


Compressão torácica na base de pelo menos 100/minuto, comprimindo o tórax de um terço a metade de sua
largura., manter a compressão torácica contínua com o recolhimento completo do tórax.
• Faça ciclos de RCP de 2 min, com interrupções mínimas entre eles
• Proporcione ventilação sincrônica à taxa de 10 respirações/minuto com respiração completa em
aproximadamente1 s, com volume corrente de 10 mℓ/kg.

PARADA RESPIRATÓRIA

• Bradipnéia: ventilação manual ou mecânica


• Parada respiratória: apneia de mais de 30 segundos – ventilar 4 a 5 vezes por minuto, fazer massagem
torácica, acupuntura septo nasal, traqueostomia –acesso direto à traqueia do paciente
• Trauma torácico –evitar colabamento dos pulmões (PEEP)

TRAUMA ABDOMINAL

• Controle da hemorragia/ contaminação –empacotar o paciente (24h)


• Reaquecer o paciente, estabilização hemodinâmica
• Exploração para correção definitiva.

TRAUMA TORÁCICO POR CONTUSÃO PULMONAR

• Trauma por compressão-descompressão • SUPORTE VENTILATÓRIO –ventilação


(atropelamentos). mecânica
• Hemorragia alveolar –insuficiência • Fluidoterapia
respiratória –óbito • Suporte com corticosteroides e
• OXIGENIOTERAPIA –abordagem antibióticos
inicial • Talvez usar opióides

TRAUMA TORÁCICO POR AFUNDAMENTO

• Fratura de 2 ou mais costelas • ANALGESIA


• Agravado pela dor intensa • Estabilização
• OXIGENIOTERAPIA –abordagem inicial • Suporte ventilatório –ventilação assistida

KITS EMERGENCIAIS

KIT PARA PUNÇÃO TRAQUEAL: KIT PARA PUNÇÃO TORÁCICA:


•Catéter14G •Torneira de 3 vias
•Seringa 20ml •Seringa 20ml
•Conexão •Scalp19G ou agulha 40x12
KIT PARA TRAQUEOSTOMIA KIT PARA INTUBAÇÃO:
•Bisturi com lâmina •Tubos endotraqueais
•Tesoura •Ambu
•Cânula de traqueostomia ou tubo endotraqueal •Laringoscópio
•Material para sutura

KIT PARA ACESSO VASCULAR: KIT PARA COMPRESSÃO ABDOMINAL:


•Bolsa de fluido (RL) conectada a equipo macro •Hemorragia > Fazer a compressão por 5 min
gotas •1 toalha grande
•Esparadrapo •3 toalhas pequenas
•Gazes estéreis •Atatadurascompressivas
•Cateteres 24G a 14G •Esparadrapo
ANESTESIA LOCORREGIONAL

A anestesia local é qualquer técnica para induzir a ausência de sensação em uma parte específica do corpo,
geralmente com o objetivo de induzir analgesia local, ou seja, insensibilidade local à dor, embora outros sentidos
locais também possam ser afetados.

A anestesia locorregional utiliza fármacos e técnicas que tem como objetivo bloquear a transdução,
transmissão e a modulação do estímulo nociceptivo na medula espinhal. Dessa forma, proporciona ao
paciente conforto durante um procedimento, seja com anestesia geral ou apenas com sedação.

A anestesia local possui benefícios como baixo custo, mantém os parâmetros normais do paciente, evita
decúbito, evita problemas na recuperação. Diminui o uso de anestésicos gerais e opioides no trans,
promove maior relaxamento da área,

Malefícios: animal consciente e risco de acidentes

1. Bloqueio locorregional em grandes animais

TÉCNICAS
• Infiltrativas
• Botão anestésico: bloqueio em anel
• Pirâmide invertida: bloqueio incisional, primeiro no SC e posteriormente em tecidos profundos.
PRINCIPAIS BLOQUEIOS EM EQUINOS

Nervo auriculopalpebral: imobiliza as pálpebras


Nervo supraorbitário: bloqueio acima da órbita ocular do paciente.
Nervo infraorbitário: palato mole e dentes incisivos e caninos.
Nervo metoniano: lábios inferiores, dentes incisivos e caninos.

Orquiectomia:

1. Técnica de infiltração testicular com agulha 20G 7,5cm; 20 a 30mL de lidocaína em cada testículo.
2. Anestesia percutânea no cordão espermático: agulha 30x8 – 20mL de lidocaína com movimentos
laterais; infiltrar a pele do escroto 5ml a 10 de lido antes
3. Injeção através do testículo até o cordão espermático: agulha de 15cm e 30ml de lido.

Bloqueios ascendentes para diagnóstico de claudicação, injetar medicamentos nas articulações,


anestésicos locais, AINES, corticoides, opioides.

• Bloqueios intra-articulares –maior precisão e risco de contaminação.


• Bloqueios perineurais –menos invasivo e menor risco de contaminação.

Bloqueio de flanco: infiltração em L Invertido; infiltrar uma linha paralela à última costela; infiltrar outra
linha transversal da última costela até a quarta vértebra lombar
• Agulha150 x 15 longa e 100 a 250ml de lidocaína.

Anestesia Regional Intravenosa Bier: intervenção cirúrgica em cascos e dígitos


• Derrubar o animal.
• Garrotear o membro (no máximo por 90min).
• Aplicar lidocaína sem vasoconstritor.

Anestesia Para Descorna: dessensibilizaro corno e a base do corno, anestesia perineural do nervo cornual
• Agulha 30x12 18G.
• Aplicar 5 a 10ml de lidocaína.
• Complementar com bloqueio em anel.

PRINCIPAIS BLOQUEIOS EM CÃES E GATOS

Anestésicos mais usados

Lidocaína 2%
• Dose 2mg/kg (0,1ml/kg) Bupivacaína0,5%
• Dose tóxica 20mg/kg • Dose 0,5mg/kg (0,1ml/kg)
• Latência 10-15min • Dose tóxica 4mg/kg
• Latência 10-20min

Remoção de tumores e verrugas: técnica da pirâmide invertida; cuidado com pacientes conscientes (sedados
e tranquilizados), dá pra operar durante a indução.

Orquiectomia: técnica infiltrativa intratesticular; medir por fora o tamanho da agulha com o tamanho do
testículo; aplicação longitudinal; fazer botão no local da incisão.

Anestesia por tumescência: usada na mastectomia previamente à anestesia por TIVA; lidocaína provoca
apoptose de células tumorais; solução aplicada sob o tumor
• 210ml de solução NaCl
• 40ml de lidocaína
• 0,25ml de adrenalina
• Dose 15ml/kg
Bloqueio peribulbar: agulha inserida até o equador do bulbo; bisel voltado para o bulbo; acesso duplo
posições opostas (aplicar metade do volume em cada); palpar a fossa lateral –não aplicar na fossa.

Anestesia epidural: a anestesia peridural, também chamada de anestesia epidural, é um tipo


de anestesia que bloqueia a dor de apenas uma região do corpo, geralmente da cintura para baixo que inclui
abdômen, costas e pernas, mas a pessoa ainda pode sentir o toque e a pressão.Cão e gato sempre sedados ou
sob anestesia inalatória superficial.
• Tricotomia na região e antissepsia
• Clorexidina ou álcool não iodado
• Luvas e panos de campo estéreis
• Usar agulha de Tuohy

Cuidado com a contaminação!

Medula espinhal
•Cão –termina na sexta ou sétima vértebra lombar Acesso epidural
•Cão –espaço entre L7 e S1
•Gato –termina na primeira vértebra sacral
•Gato –espaço entre L7 e S1
•Bovino –termina na última vértebra lombar -o
saco meníngeo vai até a quinta vértebra sacral •Bovino –espaço entre Co1 e Co2

•Equino –termina na segunda vértebra sacral •Equino –espaço entre Co1 e Co2

Técnica
• Palpar o local da aplicação
• Fazer um pequeno acesso na pele com agulha trifacetada
• Introduzir a agulha de Tuohy–bisel voltado para a cabeça do paciente
• Retirar o mandril da agulha e colocar uma gota na ponta do canhão da agulha
• Romper o ligamento até a gota descer –não mexer mais.
• Outra pessoa conecta a seringa e aplica a lidocaína
• Quanto menor a velocidade da aplicação, mais cranial a anestesia –dose mínima
• Manter a cabeça do cão ou gato mais alta que o resto do corpo –apoio
• Aguardar 10 a 15 min

Você também pode gostar