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MONITORAMENTO ANESTÉSICO DURANTE O PROCEDIMENTO DE

OVARIOSALPINGOHISTERECTOMIA ELETIVO – RELATO DE CASO

Diogo Ferreira (1), Daiana Bogo (2), Michelle S. Stasinski (2)

1* Docente da Universidade Tuiuti do Paraná


2* Graduandas do curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná

RESUMO

Um cão da raça Yorkshire, fêmea, com 2 anos, foi submetido ao procedimento cirúrgico eletivo de
ovariosalpingohisterectomia. Durante exame físico e exames laboratoriais o paciente se apresentou
estável, com todos os parâmetros dentro da normalidade para a espécie. O exame complementar de
ultrassonografia foi realizado, encontrando-se dentro da normalidade e indicando que o animal estava
em anestro. O procedimento cirúrgico eletivo foi realizado com protocolo anestésico multimodal, que
visa a otimização dos fármacos utilizados, permitindo o uso individual de menores doses, que juntas
promovem a mantença ideal de um plano anestésico, isto é possível pois os fármacos utilizados atuam
em diferentes sítios de ação. O protocolo multimodal promove um retorno anestésico mais rápido,
sendo ideal para procedimentos eletivos em pacientes hígidos.
Palavras-chave: OSH, castração, anestesia multimodal, FLK

INTRODUÇÃO

A ovariosalpingohisterectomia (OSH) em cadelas é a cirurgia mais frequente realizada na prática clínica


veterinária de pequenos animais, com fins de evitar a reprodução. As principais indicações para este
procedimento são o controle de natalidade, partos distócicos, prevenção de tumores mamários,
estros prolongados, tratamento de enfermidades ovarianas, uterinas e vaginais. Existem várias
técnicas cirúrgicas para a realização deste procedimento em cadelas, incluindo por incisão mediana
pré-retroumbilical e OSH por laparotomia. O estudo tem por objetivo relatar anestesia durante
procedimento cirúrgico em uma cadela, fêmea, da raça York Shire, com 2,1 anos de idade, para
realização de procedimento de OSH Eletiva.

MATERIAIS E MÉTODOS

A OSH descrita neste relato aconteceu no hospital veterinário Animal Clinic, localizado em Curitiba/PR.
O procedimento cirúrgico foi realizado por a médica cirurgiã veterinária Ana Paula Ferreira Castro,
CRMV XXXX, enquanto a anestesia foi conduzida pelo médico veterinário anestesista Bruno Massa de
Viveiros, CRMV XXXX. A paciente se tratava de uma fêmea, de pequeno porte, da raça York Shire e
peso de 4,350kg, idade de 2,1 anos. Foram solicitados exames complementares bioquímicos e de
imagem (ultrassonografia abdominal, hemograma (leucograma, eritrograma e contagem de
plaquetas), albumina, ALT, AST, bilirrubinas, creatina, ureia e glicose). Todos os exames se
encontravam com resultados dentro da normalidade. A paciente, sendo extremamente dócil e calma,
não foi necessário MPA (medicação pré-anestésica). Na indução anestésica, foi utilizado propofol 10%,
por via intravenosa, na dose de 6 mg/kg. Na manutenção anestésica, o médico veterinário anestesista
responsável, forneceu FLK (fentanil, lidocaína e cetamina) em infusão continua na dose de 5ml/kg/hr,
diluídos em bolsa de 500 ml de solução de ringer lactato e composição de 1,5 ml cetamina 10%, 8 ml
lidocaína sem vasoconstritor e 20 ml de fentanil. Como complemento a medicação de mantença
anestésica, foi adicionado o isoflurano 1,8-2%, por via inalatória, durante o período de realização da
cirurgia. O monitoramento transoperatório foi realizado com intervalos de 10 minutos desde o início
do procedimento até o termino deste, conforme tabela 1.

Tabela 1 - Monitoramento transoperatório

Hora FC FR PAM SPO2 TEMP


13:56 114 28 99 98 37°
14:06 78 25 84 98 36,9°
14:16 78 25 82 98 36,6°
14:26 85-92 28 85 98 37°

A medicação administrada no período de transoperatório de por via subcutânea foi Meloxican


0,1mg/kg, Tramadol 5mg/kg, Ranitidina 2mg/kg.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As drogas anestésicas selecionadas estão de acordo e indicadas na literatura e trabalhos técnicos


publicados. O propofol é um anestésico intravenoso de curta duração agindo por cerca 5-10 minutos
após aplicação endovenosa, sendo ideal para utilização de procedimentos curtos ou onde é necessário
sedação. O isoflurano é um anestésico inalatório que apresenta rápida indução. Serve a manutenção
de anestesia geral, fazendo depressão do SNC, induzindo o paciente ao estado de anestesia cirúrgica.
Não possui propriedades arritmogênicas sobre o miocárdio e a depressão da função
cardiorrespiratória é dose-dependente. O fentanil é um opioide que é utilizado para medicação de
controle de estímulos dolorosos, que também pode ser usado juntamente com outros medicamentos
para anestesia. Tem rápida ação, curta duração e elevada potência. A cetamina, tem propriedades
analgésicas, principalmente no pós-operatório, atua em receptores opioides e muscarínicos. Quando
administrada como parte de um protocolo de anestesia, reduz o requerimento de anestésicos,
mantendo os parâmetros hemodinâmicos estáveis. O uso de lidocaína em infusão continua, reduz o
uso de isoflurano, sem a presença de efeitos adversos cardiovasculares em cães saudáveis (CEREJO et
al, 2013). A lidocaína possui ainda efeito analgésicos e ajuda a prevenir a resposta simpática que
ocorre pela estimulação cirúrgica, reduz o uso de opióides, sem causar instabilidade hemodinâmica
(CEREJO et al, 2013). A associação de fármacos com propriedades analgésicas, com objetivo de
bloquear a dor por diferentes mecanismos farmacodinâmicos, se denomina analgesia multimodal.
Estes fármacos atuam em vias diferentes de receptores, bloqueando a nocicepção em diferentes
pontos, por meio de sinergismo farmacológico visando diminuir a dose de medicamentos utilizados
na anestesia geral. Além disso, o objetivo dessa técnica é inibir a sensibilização central durante
estímulos dolorosos, com o emprego de doses menores do que aquelas preconizadas nas técnicas
convencionais, limitando os efeitos adversos inerentes de cada fármaco, por ocasião da associação
(BELMONTE,2008). No procedimento descrito neste trabalho não foram observadas intercorrências
anestésicas nos momentos de pré, trans ou pós-operatório.

CONCLUSÃO

O procedimento de OSH eletiva é muito comum na rotina veterinária. O manejo anestésico desses
pacientes é muito diversificado, pois depende do histórico do paciente e exame clínico realizado, além
de doenças pré-existentes e do entendimento dessas patologias e limitações que acompanham o
paciente. O protocolo anestésico apresentado é focado na rápida recuperação anestésica, com
bloqueio nociceptivo adequado, reduzindo a chance de efeitos adversos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELMONTE, E.A. et al. Infusão contínua de morfina ou fentanil, associados à lidocaína e cetamina,
em cães anestesiados com isofluorano. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.65,
n.4, p.1075-1083, 2013.

BELMONTE, E. A. Infusão contínua de morfina ou fentanil, associados à lidocaína e cetamina, em


cães anestesiados com isofluorano. 96f. Jaboticabal, SP. 2011. Tese de Doutorado. Dissertação
(Mestrado em Cirurgia Veterinária). Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade
Estadual Paulista Julio De Mesquita Filho.
CEREJO, S.A. et al. Efeitos da infusão intravenosa contínua de fármacos anestésicos ou analgésicos
sobre a anestesia geral com isoflurano: Estudo retrospectivo em 200 cães. Semina: Ciências Agrárias,
Londrina, v. 34, n. 4, p. 1807-1822, jul./ago. 2013.

MONZEM, S. Anestesia total intravenosa com propofol associado ao fentanil, lidocaína ou cetamina
em cadelas submetidas à ovariossalpingohisterectomia eletiva. Acta Scientiae Veterinariae, 2017.
45: 1469

MOREIRA, ALLANA. Utilização da infusão contínua de morfina (mlk) ou fentanila (flk), associados à
lidocaína e cetamina: Revisão bibliográfica - UNICRUZ, RS

VETSMART ISOFLURANO - https://www.vetsmart.com.br/bulario/cg/produto/49/vetflurano - acesso


em 18/03/2019 as 21:33

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