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Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X

v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary

TRABALHOS ANIMAIS SELVAGENS

ANESTESIOLOGIA 4
CIRURGIA 4
CLÍNICA GERAL 4
COMPORTAMENTO ANIMAL 2
DERMATOLOGIA 1
DIAGNÓSTICO POR IMAGEM 3
ENDOCRINOLOGIA 1
GASTROENTEROLOGIA 1
INFECTOLOGIA 5
OFTALMOLOGIA 4
ORTOPEDIA 5
PARASITOLOGIA 12
PATOLOGIA CLÍNICA 6
REPRODUÇÃO 2
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1. ABORDAGEM ANESTÉSICA DE EXODONTIA DE INCISIVOS


INFERIORES EM COELHO - RELATO DE CASO

BEATRIZ GUERREIRO GIESE¹, FRANCISCO DE ASSIS BATISTA JUNIOR¹,


VICTOR HUGO FLORES BERNARDES¹, JOÃO EDINALDO DA SILVA LOBATO¹,
MARIANA BARBARA CRUZ DE ARAGÃO¹, RUTH HELENA FALESI PALHA DE
MORAES BITTENCOURT¹
¹Universidade Federal Rural da Amazônia

RESUMO: É comum a ocorrência de problemas odontológicos em coelhos na


rotina veterinária, devido sua má alimentação e inadequada oclusão dentária,
sendo necessária a correção cirúrgica por meio da exondontia. Foi atendido no
HOVET/UFRA um coelho, macho, sem raça definida que apresentava
crescimento excessivo das pinças inferiores. Morfina foi administrada como
medicação pré-anestésica via intramuscular, seguida de cloridrato de
quetamina e diazepam para indução e manutenção anestésica. Para analgesia,
realizou-se bloqueio local intraligamentar com lidocaína sem vasoconstritor. Os
parâmetros fisiológicos permaneceram dentro dos limites considerados normais
para a espécie durante o procedimento cirúrgico, demonstrando a eficiência do
protocolo anestésico utilizado.

INTRODUÇÃO:

A má-oclusão em coelhos ocorre face à dietas inadequadas, pobre em


alimentos fibrosos e/ou a movimentação incorreta da mandíbula e maxila
durante a mastigação. Os dentes mais frequentemente afetados são os
incisivos e molares. O tratamento consiste em corte ou extração dos dentes
afetados bem como a correção alimentar (CUBAS, SILVA & CATÃO-DIAS,
2006).
A técnica analgésica intraligamentar é muito utilizada para extração de
dentes incisivos, visto que dessensibiliza a polpa dentária e tecidos moles
adjacentes de um único dente afetado (KLAUMANN & OTERO, 2013). Esta
técnica é mais indicada para dentes incisivos, sendo recomendadas doses de
lidocaína a 2% (MARTINS, 2009).
O cloridrato de quetamina e suas associações com fármacos
tranquilizantes é relatada com frequência em animais silvestres. Combinações
com benzodiazepínicos, opióides ou alfa2-agonistas são mais utilizadas em
coelhos para promover anestesia de qualidade e rápida recuperação e
suprimindo efeitos excitatórios do uso isolado do anestésico dissociativo (ORR;
ROUGHAN& FLECKNELL, 2005).

RELATO DO CASO:

No dia 09 de Janeiro de 2015, no Hospital veterinário Dr. Mário Dias


Teixeira, Universidade Federal Rural da Amazônia (HOVET/UFRA), foi
realizado procedimento odontológico para extração de incisivos inferiores de
um coelhos, macho, sem raça definida, 4 anos de idade, pesando 3,5 kg,
hígido, que apresentava crescimento excessivo das pinças.
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O paciente foi avaliado quanto à frequência cardíaca (FC), frequência


respiratória (FR) e temperatura retal (TR), não sendo registradas alterações
dignas de nota.
O protocolo anestésico consistiu de medicação pré-anestésica
(MPA)com administração de cloridrato de morfina (2,5mg/kg) por via
intramuscular (IM), para indução e manutenção anestésicas a associação de
cloridrato de quetamina (40mg/kg) e diazepam (1mg/kg) foi administrada,
respectivamente, pelas vias IM e bolus intravenoso de quetamina na dose de
30mg/kg e 1mg/kg de diazepam. Bloqueio local intraligamentar utilizando
lidocaína 2% sem vasoconstritor (4mg/kg) nos dentes afetados. Durante este
período o animal esteve sob fluidoterapia a base de NaCl a 0,9%.
A técnica local para bloqueio intraligamentar ou intrasseptal, consistiu
em difundir o anestésico através do alvéolo dental, no ligamento periodontal,
forçando o anestésico para a porção apical do dente, de acordo com o descrito
por Klaumann e Otero (2013).
Os parâmetros de FR e FR foram avaliados a cada dez minutos, a partir
da indução anestésica (M1) até a recuperação anestésica em M4 e os
resultados foram transcritos em ficha anestésica para posterior avaliação.

DISCUSSÃO:
O animal apresentou valores basais (M0) de FC de 220 bpm, FR de 200
mpm e temperatura retal basais de 38,9 °C. As FC e FR foram aferidas através
da auscultação, respectivamente, nos focos cardíacos e pulmonares, tendo
sido verificado que o animal apresentava padrão respiratório ofegante, o que
justifica a elevação da FR.
Após indução anestésica observou-se relaxamento muscular e grau
moderado de anestesia, permitindo que fosse realizada a técnica anestésica
locorregional, cateterização da veia auricular lateral e antissepsia do local da
abordagem cirúrgica.
Durante os 40 minutos de procedimento odontológico os padrões de FC
e FR apresentaram-se dentro da normalidade para a espécie segundo
Tranquilli et al. (2011) e Feitosa (2010), o que levou a inferir ausência de dor
durante o procedimento odontológico como descrito por Fantoni (2011), que
refere ausência de dor quando as FC e FR elevam em até 15% dos valores
pré-cirúrgicos, conforme pode ser visualizado na tabela 1.

CONCLUSÃO:
Deste modo o protocolo anestésico local instituído foi eficiente e de fácil
aplicação na exodontia do coelho. Entretanto, sugere-se maiores estudos na
utilização de bloqueios bucomaxilofaciais em espécies silvestres.

REFERÊNCIAS:

CUBAS, Z.S., SILVA, J. C. R. & CATÃO-DIAS, J. L. Tratado de Animais


Silvestres. 1 ed. São Paulo: Editora Roca, 2006
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FANTONI, D. Tratamento da dor clínica de pequenos animais. 1ed: Rio de


Janeiro. Editora Elsevier, 2011.
FEITOSA, F.L.F. Semiologia Veterinária: a arte do diagnóstico. 2 ed. São
Paulo: Roca, 2008.
KLAUMANN, P.R.; OTERO, P.E. Anestesia locorregional em pequenos
animais. 1 ed. São Paulo: Rocam, 2013.
MARTINS, T.L. Técnicas de anestesia local. Cirurgia odontológica. 2 ed.
São Paulo: Roca, 2009.
ORR, H.E.; ROUGHAN, J.V.; FLECKNELL, P.A. Assessment of ketamine and
medetomidine anaesthesia in the domestic rabbit. Vet Anaesth Analg, 32,
p.271-279, 2005.
TRANQUILLI, W.J.; THURMON, J.C.; GRIMM, K.A. Lumb & Jones:
Anestesiologia e Analgesia Veterinária. São Paulo: Roca, 2013.
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2. ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS EM TAMBAQUIS (Colossoma


macropomum) TRATADOS COM FOSFOMICINA NA RAÇÃO

VANESSA INGRID JAINES1, NATHALIA AUGUSTA LOURES LIRA2, FABIANA


INDIRA LOURES LIRA LOPES2, SIMONE CRISTINA DA SILVA HRUSCHKA3,
MARCO ANTONIO ANDRADE DE BELO4
¹ Docente da FACIMED e Mestranda da UNICASTELO, Cacoal/RO
² Extensionista da EMATER e Mestranda da UNICASTELO, Cacoal/RO
3
Graduanda em Medicina Veterinária, Campus Descalvado Universidade Camilo
Castelo Branco (UNICASTELO)
4
Professor Doutor do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, Campus
de Jaboticabal - FCAV-UNESP

RESUMO: Este estudo avaliou o efeito do tratamento com 50, 150 e 300 mg de
fosfomicina.kg-1 de ração administrado na dieta de tambaquis sobre a resposta
hematológica. A análise da série branca demonstrou leucopenia nos peixes
tratados com 150 e 300 mg da fosfomicina no 4° dia de tratamento, fortemente
influenciada pela redução do número de linfócitos. Tambaquis tratados com
fosfomicina apresentaram monocitose e aumento significativo no número
absoluto de células granulocíticas especiais em todas as doses estudadas. O
estudo da série vermelha demonstrou diminuição significativa do número de
eritrócitos circulantes e nos valores de hematócrito de animais tratados com
fosfomicina, sendo este efeito mais pronunciado em animais tratados com 150
e 300mg do antibiótico. Apesar de não ocorrer diferença estatística entre os
animais tratados com fosfomicina, verificou-se macrocitose quando comparado
aos animais controle.

INTRODUÇÃO

A piscicultura é uma das atividades que mais cresce no agronegócio


brasileiro, sendo o Tambaqui de importância econômica relevante,
especialmente na região Norte do Brasil (Padua et al., 2012). De acordo com
Sakabe et al. (2013) e Castro et al.(2014), inúmeras estratégias buscam
minimizar o impacto das doenças nos plantéis aquícolas, pois o manejo
sanitário das piscigranjas carece de conhecimento técnico-científico
envolvendo o tratamento das diferentes enfermidades que acometem os
animais, assim como, a interação dos diferentes compostos com o organismo
dos peixes. Neste contexto, o estudo dos parâmetros hematológicos fornece
informações importantes no diagnóstico e prognóstico de condições mórbidas
em populações animais (Belo et al., 2014).
Com base na importância do tambaqui para a piscicultura brasileira,
associado à escassa informação sobre o uso de antimicrobianos, o presente
estudo avaliou o efeito do tratamento com 50, 150 e 300 mg de fosfomicina.kg-
1 de ração administrado na dieta sobre a resposta hematológica de tambaquis.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi conduzida no município de Rolim de Moura/ RO. 70


tambaquis (± 150g) foram distribuidos em 10 caixa d’água de polietileno de
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100L cada. Constituiu-se os seguintes tratamentos: controle sem o antibiótico;


50,0; 150,0 e 300,0mg de fosfomicina.kg-1 de ração, que foram dissolvidos em
2% de óleo de peixe para incorporar a ração. Os peixes foram amostrados nos
dias 0, 2, 4 e 8 após o início do tratamento. Para realização do estudo
hematológico, foi colhido 1,0mL de sangue através venopunção da cauda com
o auxílio de seringas heparinizadas. A contagem global de eritrócitos foi
realizada em câmara de Neubauer, os valores de hematócrito determinados em
capilares por microcentrífugação a 5000rpm por 10 minutos e a dosagem de
hemoglobina realizada por cianometahemoglobina. Confecção de extensões
sanguíneas para contagem diferencial foram coradas com May-Grunwald-
Giemsa-Wright (Belo et al., 2014).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise hematológica demonstrou diminuição significativa do número


de eritrócitos circulantes e nos valores de hematócrito de animais tratados com
fosfomicina, sendo este efeito mais pronunciado em animais tratados com 150
e 300mg do antibiótico. O quadro sugestivo de anemia apresentado pelos
animais tratados com sobredose de fosfomicina pode ser resultante de
alterações hemolíticas, inclusive por não ocorrer alterações nos valores de
hemoglobina presente no estudo. Outro importante achado que corrobora as
alterações hematológicas, refere-se ao elevado aumento no volume
corpuscular médio dos eritrócitos. Apesar de não ocorrer diferença estatística
entre os animais tratados com fosfomicina, verificou-se macrocitose quando
comparado aos animais controle. Tais resultados sugerem alterações no
equilíbrio líquido-eletrolítico dos peixes durante o tratamento com fosfomicina,
fato que poderia resultar em hemólise, justificando todo quadro hematológico
observado e segundo Belo et al. (2014), alterações hematológicas semelhantes
são observados em quadros de septicemia por Aeromonas hydrophila.
A análise hematológica demonstrou leucopenia nos peixes tratados com
150 e 300 mg da fosfomicina (4 HPD), fortemente influenciada pela redução do
número de linfócitos. Tambaquis tratados com fosfomicina apresentaram
monocitose e aumento significativo no número absoluto de células
granulocíticas especiais em todas as doses estudadas, corroborando os
achados de Belo et al. (2014) que estudou alterações hematológicas do
caracídeo pacu durante inflamação crônica.

CONCLUSÃO

O tratamento de tambaquis com fosfomicina resultou em leucopenia com


marcada linfopenia nos animais submetidos a sobredoses desta droga e
alterações macrocíticas nos eritrócitos, associado à diminuição do número de
hemácias e nos valores de hematócrito, sendo mais acentuado estes efeitos
nos animais tratados com sobredose de 150 e 300 mg de fosfomicina/kg de
ração.
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REFERÊNCIA

Belo, M. A. A.; et al. Vitamin C and endogenous cortisol in foreign‑body


inflammatory response in pacus. Pesquisa Agropecuaria Brasileira, v.47, n.7,
p.1015-1021, 2012.
Belo, M.A.A. et al. Deleterious effects of low level of vitamin E and high stocking
density on the hematology response of pacus, during chronic inflammatory
reaction. Aquaculture, v.422-423, p.124-128, 2014.
Padua, S. B. et al. Heparina e K3EDTA como anticoagulantes para tambaqui
(Colossoma macropomum Cuvier, 1816). Acta Amazonica, v. 42, n.2, p. 293 –
298, 2012.
Sakabe, R. et al. Kinects of chronic inflammation in Nile tilapia supplemented
with essential fatty acids n-3 and n-6. Pesquisa Agropecuaria Brasileira, v.48,
p.313-319, 2013.
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3. ANÁLISE MORFOLÓGICA E MORFOMÉTRICA DOS


ESPERMATOZOIDES DE MATAMATA (Chelus fimbriata)

MAYARA FONSECA FERREIRA1, FÁBIO ANDREW GOMES CUNHA2,


RICHARD CARL VOGT2, RODRIGO DE SOUZA AMARAL1

1 – Curso de Medicina Veterinária, Instituto Federal de Educação, Ciência e


Tecnologia do Amazonas – IFAM, Campus Manaus Zona Leste – CMZL.
mayarafonsecaf@gmail.com
2 – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA

RESUMO: O objetivo deste estudo foi descrever as características


morfológicas e morfométricas dos espermatozoides de matamata (Chelus
fimbriata, REPTILIA: ESTUDINATA). Foram avaliadas amostras de sêmen de
quatro animais adultos. A morfologia dos espermatozoides apresentaram
similaridades com espermatozoides de outros quelônios já analisados, porém
algumas diferenças morfométricas foram observadas. Futuros estudos
ultraestruturais dos espermatozoides podem colaborar para uma melhor
compreensão das similaridades e diferenças morfológicas entre os quelônios.

INTRODUÇÃO
O matamata (Chelus fimbriata, REPTILIA: TESTUDINATA) é uma
tartaruga de água-doce que ocorre nas bacias dos rios Amazonas e Orinoco
(Souza, 2004). Apesar de sua ampla distribuição, as informações sobre seus
aspectos biológicos são escassas, sendo estas, de grande importância para
futuras estratégias de sua conservação. Desta forma, o objetivo deste estudo
foi contribuir para o conhecimento da biologia reprodutiva do matamata
apresentando as características morfológicas e morfométricas de seu
espermatozoide.

MATERIAIS E MÉTODOS
Amostras de sêmen previamente fixadas em formol 10% de quatro
matamatas adultos (SISBIO Nº 42086-1, Comissão de Ética em Pesquisa no
uso de Animais, CEUA/INPA protocolo Nº 003/2014) foram coradas com
Panótico Rápido, e posteriormente analisadas e fotografados utilizando um
microscópio óptico. 50 espermatozoides de cada indivíduo foram medidos
utilizando o programa FIJI. Os parâmetros medidos foram: comprimento da
cabeça, comprimento da peça intermediária, comprimento do flagelo,
comprimento total da cauda e comprimento total do espermatozoide.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os espermatozoides de matamata apresentaram uma forma vermiforme,
sendo longa, fina e em formato de “S”. Foi observado uma cauda longa com
uma peça intermediária bem definida, sendo esta mais espessa que a cabeça.
Esta morfologia corrobora com a descrita na literatura para outras espécies de
quelônios (Hess et al., 1991; Bian et al., 2013). As medidas morfométricas
obtidas foram: comprimento da cabeça, 13,11 ± 1,15µm; comprimento da peça
intermediária, 6,38 ± 1,19µm; comprimento do flagelo, 49,83 ± 3,06 µm;
comprimento total da cauda, 56,27 ± 2,58µm; e comprimento total do
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espermatozoide 69,44 ± 3,06µm. Os espermatozoides de matamata


apresentaram um tamanho maior do que o descrito para as tartarugas de água
doce Chrysemis picta (~50-55µm; Hess et al., 1991) e Mauremys caspica
(~50µm; Al-Dokhi et al., 2007), porém, com tamanho próximo ao descrito para
Pelodiscus sinensis (~70µm; Bian et al., 2013). Futuros estudos ultraestruturais
dos espermatozoides podem colaborar para uma melhor compreensão das
similaridades e diferenças morfológicas entre os espermatozoides de
quelônios.

CONCLUSÃO
Os espermatozoides de matamata apresentam semelhanças
morfológicas quando comparados com outros quelônios, porém, algumas
diferenças morfométricas podem ser notadas.

AGRADECIMENTOS
À PPGI-IFAM pela bolsa de IC (MFFerreira) e auxílio financeiro. Ao
Programas Integrais-CMZL pelo auxílio financeiro.

REFERÊNCIAS
SOUZA, F.L. Uma revisão sobre os padrões de atividade, reprodução e
alimentação de cágados brasileiros (Testudines, Chelidae). Phyllomedusa, v. 3,
n. 1, p. 15-17, 2004.
HESS, R. A.; THURSTON, R. J.; GIST, D. H. Ultrastructure of the turtle
spermatozoon. Anatomical Record, v. 229, n. 4, p. 473-481, 1991.
BIAN, X. ZHANG, L.; YANG, L. et al. The ultrastructural characteristics of the
spermatozoa stored in the cauda epididymidis in Chinese soft-shelled turtle
Pelodiscus sinensis during the breeding season. Micron, v. 44, p.202-209,
2013.
AL-DOKHI, O.A.; AL-WASEL, S.H.; MUBARAK, M. Ultrastructure of
spermatozoa of the freshwater turtle Mauremys caspica (Chelonia,
Reptilia). International Journal of Zoological Research, v. 3, n. 2, p.53-64, 2007.
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4.ANATOMIA DO CRÂNIO EM GAMBÁS (Didelphis albiventris)

LUÍS FELIPE FERNANDES REITER1, LÍVIA MARTINS SANDOVAL1, ANDRÉ LUIS


FILADELPHO2, BRUNO CESAR SCHIMMING2
1
Curso de Medicina Veterinária, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
UNESP, campus de Botucatu, São Paulo
2
Departamento de Anatomia, Instituto de Biociências de Botucatu, UNESP, campus
de Botucatu, São Paulo

RESUMO:A anatomia óssea do crânio foi descrita em gambás. Não foram


encontradas diferenças significativas entre os ossos do gambá e de outros
mamíferos.

INTRODUÇÃO
Os representantes da Família Didelphidae são conhecidos como
gambás (Voss; Jansa, 2009). Os gambás têm despertado o interesse de vários
investigadores e têm sido alvo de vários relatos morfológicos. O objetivo deste
trabalho foi descrever a anatomia do crânio em gambás, a fim de contribuir
para a prática da clínica médica e cirúrgica e para o próprio conhecimento
desta espécie animal.

MATERIAL E MÉTODOS:
Foram usados os crânios de três gambás (D. albiventris) oriundos do
CEMPAS (Centro de Medicina e Pesquisa em Animais Selvagens) da
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP, campus de Botucatu.
Os ossos foram macerados, identificados, descritos, fotodocumentados e
nomeados de acordo com a Nomina Anatomica Veterinaria (INTERNATIONAL
COMMITEE ON VETERINARY GROSS ANATOMICAL NOMENCLATURE,
2012). Destaca-se que este estudo foi aprovado pela Comissão de Ética no
Uso de Animais (CEUA) do Instituto de Biociências de Botucatu, UNESP
(protocolo 626/2014) e possui autorização do IBAMA (SISBIO 44768).

RESULTADOS E COMENTÁRIOS:
Pode-se dividir o crânio do gambá em neurocrânio e viscerocrânio,
assim como em mamíferos domésticos (Getty, 1986). O crânio é composto
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pelos ossos occipital, temporais, parietais, interparietal, frontal, nasais,


maxilares, incisivos, temporais, zigomáticos, lacrimais, palatinos, esfenoide,
etmoide, pterigoide e mandíbula (Figs. 1 e 2). A mandíbula é composta de duas
metades unidas rostralmente por uma sínfise, à semelhança dos carnívoros
(Getty, 1986). As estruturas ósseas são semelhantes às relatadas em outros
mamíferos.

CONCLUSÃO
A anatomia craniana foi semelhante à descrita para outros mamíferos
domésticos e selvagens, como os didelfídeos.

REFERÊNCIAS:
GETTY, R. Sisson/Grossman Anatomia dos Animais Domésticos. 5.ed., Rio de
Janeiro: Guanabara-Koogan, 1986. 2v.
International Committee on Veterinary Gross Anatomical Nomenclature 2012.
Nomina Anatomica Veterinaria. 5th ed. World Association on Veterinary
Anatomist, Knoxville. 177p.
VOSS, R.S.; JANSA, S.A. Phylogenetic relationships and classification of
Didelphid Marsupials, an extand radiation of New World Metatherian Mammals.
Bulletin of the American Museum of Natural History, n.322, p.1-177, 2009.
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5.ANATOMIA ÓSSEA DO CÍNGULO DO MEMBRO TORÁCICO E DO


BRAÇO EM GAMBÁS (Didelphis albiventris)

BRUNO CESAR SCHIMMING1, LUÍS FELIPE FERNANDES REITER2, LÍVIA


MARTINS SANDOVAL2, ANDRÉ LUIS FILADELPHO1
1 Departamento de Anatomia, Instituto de Biociências de Botucatu, UNESP, campus
de Botucatu, São Paulo
2 Curso de Medicina Veterinária, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
UNESP, campus de Botucatu, São Paulo

RESUMO: A anatomia óssea da escápula e do úmero foi descrita em gambás.


Não foram encontradas diferenças significativas entre os ossos do gambá e
dos mamíferos domésticos.

INTRODUÇÃO
O gambá é um animal pertencente à Ordem Marsupialia e Família
Didelphidae. Duas espécies aparecem na região neotropical, o gambá-de-
orelha-preta (Didelphis aurita) e o gambá-de-orelha-branca (D. albiventris)
(Zeller, 1999). O objetivo deste trabalho foi descrever a anatomia óssea da
escápula e do úmero em gambás, a fim de contribuir para a prática da clínica
médica e cirúrgica e para o conhecimento básico deste animal.

MATERIAL E MÉTODOS:
Foram usados escápulas e úmeros de três gambás (D. albiventris)
oriundos do CEMPAS (Centro de Medicina e Pesquisa em Animais Selvagens)
da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP, campus de
Botucatu. Os ossos foram macerados, identificados, descritos,
fotodocumentados e nomeados de acordo com a Nomina Anatomica
Veterinaria (INTERNATIONAL COMMITEE ON VETERINARY GROSS
ANATOMICAL NOMENCLATURE, 2012). Destaca-se que este estudo foi
aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) do Instituto de
Biociências de Botucatu, UNESP (protocolo 626/2014) e possui autorização do
IBAMA (SISBIO 44768).

RESULTADOS E COMENTÁRIOS:
A escápula possui duas faces, lateral e costal. A espinha da escápula,
as fossas supra e infraespinhais e o um acrômio proeminente apareceram na
face lateral. Na face costal, foram reconhecidas a face serrátil e a fossa
subescapular. A cavidade glenoide, o tubérculo supraglenoidal e o processo
coracoide foram encontrados no ângulo ventral (Figura 1).
Na epífise proximal do úmero, foram identificados a cabeça e o colo do úmero,
tubérculos maior e menor e sulco intertuberal. Há presença de quatro faces no
corpo do úmero: lateral, medial, cranial e caudal. Observa-se ainda, o sulco do
músculo braquial, a crista do úmero e a tuberosidade deltoidea. O capítulo, a
tróclea, os epicôndilos medial e lateral e uma fossa do olecrano rasa
caracterizaram a epífise distal (Figura 2). Com exceção desta fossa
praticamente imperceptível, os demais acidentes são típicos dos mamíferos
domésticos. Além disso, destaca-se, por exemplo, a completa ausência da
tuberosidade da escápula presente nos equinos e nos ruminantes (Getty,
1986).
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CONCLUSÃO
A maioria das estruturas foi semelhante às encontradas nos animais
domésticos, com particularidades próprias da espécie.

REFERÊNCIAS

GETTY, R. Sisson/Grossman Anatomia dos Animais Domésticos. 5.ed., Rio de


Janeiro: Guanabara-Koogan, 1986. 2v.
International Committee on Veterinary Gross Anatomical Nomenclature 2012.
Nomina Anatomica Veterinaria. 5th ed. World Association on Veterinary
Anatomist, Knoxville. 177p.

ZELLER, U. Mammalian reproduction: origin and evolutionary transformations.


Zoologischer Anzeiger, v.238, p.117-130, 1999.
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6. ANATOMIA ÓSSEA DO CÍNGULO PÉLVICO E DA COXA EM GAMBÁS


(Didelphis albiventris)

LÍVIA MARTINS SANDOVAL1, LUÍS FELIPE FERNANDES REITER1, ANDRÉ LUIS


FILADELPHO2, BRUNO CESAR SCHIMMING2
1 Curso de Medicina Veterinária, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
UNESP, campus de Botucatu, São Paulo
2 Departamento de Anatomia, Instituto de Biociências de Botucatu, UNESP, campus
de Botucatu, São Paulo

RESUMO: A anatomia óssea dos ossos coxais e do fêmur foi descrita em


gambás. Destaca-se a presença do osso epipúbico, típico de marsupiais.

INTRODUÇÃO
O gambá é um animal pertencente à Ordem Marsupialia e Família
Didelphidae. Os marsupiais se caracterizam por apresentar o marsúpio, onde
as fêmeas carregam os neonatos, o que é importante para estes mamíferos,
pois o desenvolvimento pós-parto dos neonatos é completado no mesmo (Lima
et al., 2013).
Este estudo teve com objetivo descrever a anatomia óssea dos ossos
coxal e fêmur, visando contribuir com a prática clínica e cirúrgica.

MATERIAL E MÉTODOS
Foram usados ossos coxais e fêmur de três gambás (D. albiventris)
oriundos do CEMPAS (Centro de Medicina e Pesquisa em Animais Selvagens)
da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP, campus de
Botucatu. Os ossos foram macerados, identificados, descritos,
fotodocumentados e nomeados de acordo com a Nomina Anatomica
Veterinaria (INTERNATIONAL COMMITEE ON VETERINARY GROSS
ANATOMICAL NOMENCLATURE, 2012). Destaca-se que este estudo foi
aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) do Instituto de
Biociências de Botucatu, UNESP (protocolo 626/2014) e possui autorização do
IBAMA (SISBIO 44768).

RESULTADOS E COMENTÁRIOS:
O osso coxal é dividido em três ossos distintos: ílio, ísquio e púbis, e se
caracterizou pela presença do forame obturador, da sínfise pélvica e do
acetábulo. O ílio é relativamente menos desenvolvido, quando comparado aos
outros animais domésticos (Getty, 1986).

CONCLUSÃO
Não houve diferenças entre os ossos descritos e os dos animais
domésticos, exceto pela presença do osso púbico e de um ílio pouco
desenvolvido.

REFERÊNCIAS

GETTY, R. Sisson/Grossman Anatomia dos Animais Domésticos. 5.ed., Rio de


Janeiro: Guanabara-Koogan, 1986. 2v.
Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X
v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary

International Committee on Veterinary Gross Anatomical Nomenclature 2012.


Nomina Anatomica Veterinaria. 5th ed. World Association on Veterinary
Anatomist, Knoxville. 177p.

LIMA, J.M.N.; SANTOS, A.C.; VIANA, D.C. et al. Morphological study of the
male genital organs of Gracilinamus microtarsus. Brazilian Journal of Veterinary
Research and animal Science, v.50, p.447-456, 2013.
Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X
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7. ANATOMIA RADIOGRÁFICA DA COLUNA VERTEBRAL NO LYCALOPEX


GYMNOCERCUS (G. FISCHER, 1814)

MANUELA FAGUNDES MARINHO DA SILVA1, KARINE DE MATTOS1, NATAN DA


CRUZ DE CARVALHO1, PAULO DE SOUZA JUNIOR1
1Laboratório de Anatomia Animal da Universidade Federal do Pampa, campus
Uruguaiana-RS.

RESUMO: Estudos de anatomia radiográfica em animais silvestres são


importantes para o radiodiagnóstico, porém ainda são escassos. O Lycalopex
gymnocercus (graxaim-do-campo) é um importante canídeo silvestre do bioma
Pampa. Objetivou-se no presente estudo revelar os aspectos radiográficos da
coluna vertebral deste canídeo. Para tal foram realizadas radiografias digitais
em dois cadáveres recolhidos mortos em rodovias. As imagens radiográficas
foram representadas esquematicamente para melhor entendimento. As
radiografias confirmaram que a fórmula vertebral e a vértebra anticlinal do L.
gymnocercus são semelhantes às dos cães domésticos e demais canídeos
silvestres.

INTRODUÇÃO
O Lycalopex gymnocercus (G. Fischer, 1814) é um canídeo silvestre
com distribuição restrita, ocorrendo nos estados da região sul do Brasil, leste
argentino, todo o Uruguai, leste boliviano e oeste (Chaco) paraguaio. O
conhecimento da anatomia radiográfica é imprescindível para a interpretação
dos achados radiográficos pelos médicos veterinários (Coulson & Lewis, 2008).
Os resultados de estudos em anatomia de animais silvestres podem ser
aplicados no desenvolvimento de procedimentos clínicos e cirúrgicos.
Objetivou-se demonstrar a anatomia radiográfica básica da coluna vertebral do
Lycalopex gymnocercus por meio de imagens radiográficas e esquemáticas.

MATERIAIS E MÉTODOS
Foram radiografados duas colunas vertebrais (projeção látero-lateral) de
dois cadáveres de L. gymnocercus, do sexo masculino, recolhidos após morte
recente em rodovias do município de Uruguaiana-RS (autorização
IBAMA/SISBIO no. 33667-1). As radiografias foram obtidas com aparelho
marca Phillips®, modelo Aquilla Plus 300, empregando 40 KV e 200mAs e
respeitadas as diretrizes básicas de proteção radiológica (CNEN, 2011). As
representações esquemáticas a partir dos contornos das imagens radiográficas
foram elaboradas com o software Photoscape® versão 3.6.3. A nomenclatura
dos acidentes anatômicos seguiu a Nomina Anatômica Veterinária (ICVGAN,
2012).

DISCUSSÃO
Segundo Ewer (1973), os canídeos têm sete vértebras cervicais, treze a
catorze torácicas, seis a oito lombares e três a quatro sacrais. Os espécimes
estudados apresentaram fórmula vertebral compatível com esta afirmação, pois
exibiram sete vértebras cervicais, treze torácicas, sete lombares e três sacrais.
Esta fórmula, também foi idêntica à descrita para carnívoros domésticos por
Dyce et al (2010). A vértebra anticlinal do L. gymnocercus foi a décima primeira
torácica, assim como reconhecido por Baines et al. (2009) em 85% dos cães
domésticos radiografados.
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CONCLUSÃO
A anatomia radiográfica da coluna vertebral do L. gymnocercus é
idêntica a dos cães domésticos, inclusive na fórmula vertebral e vértebra
anticlinal.

REFERÊNCIAS
BAINES, E. A.; GRANDAGE, J.; HERRTAGE, M. E. et al. Radiographic
definition of the anticlinal vertebra in the dog. Veterinary Radiology and
Ultrasound, v.50, n.1, p.69-73, 2009.

COULSON, A; LEWIS, N. An Atlas of Interpretative Radiographic Anatomy of


the Dog and Cat. Oxford : Blackwell Science, 2nd edition, 2008.
DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Tratado de anatomia veterinária.
4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

EWER, R.F. The Carnivores. New York: Cornell University Press, 1973.
Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X
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8. Anatomia radiográfica do crânio no Lycalopex gymnocercus (G.


Fischer, 1814)

MANUELA FAGUNDES MARINHO DA SILVA1, KARINE DE MATTOS1, NATAN DA


CRUZ DE CARVALHO1, PAULO DE SOUZA JUNIOR1
1Laboratório de Anatomia Animal da Universidade Federal do Pampa, campus
Uruguaiana-RS.

RESUMO: Estudos de anatomia radiográfica em animais silvestres são


escassos, porém fundamentais para a correta interpretação de achados
radiográficos nestas espécies. Exibido em zoológicos pelo mundo, o Lycalopex
gymnocercus é um importante canídeo silvestre sul-americano. Objetivou-se
revelar aspectos radiográficos do crânio do L. gymnocercus. Para tal foram
realizadas radiografias em dois cadáveres recolhidos mortos em rodovias. O
crânio revelou conformação dolicocéfala. As radiografias validaram que a
conformação do sincrânio é semelhante àquela observada em cães domésticos
e que as projeções látero-lateral e ventrodorsal foram adequadas.

INTRODUÇÃO
O Lycalopex gymnocercus (G. Fischer, 1814) é um canídeo silvestre sul-
americano, onívoro, com comprimento entre 86 e 106 cm e massa entre 3 e 8
kg (Cheida et al., 2011). O conhecimento da anatomia radiográfica é
imprescindível para a interpretação dos achados radiográficos pelos médicos
veterinários (Coulson & Lewis, 2008). Entretanto, a anatomia radiográfica da
maioria das espécies silvestres permanece desconhecida. Objetivou-se
detalhar a anatomia radiográfica básica do crânio do Lycalopex gymnocercus
por meio de imagens radiográficas e esquemáticas.

MATERIAL E MÉTODOS
Foram radiografados os crânios (projeções lateral e ventrodorsal) de
dois cadáveres de L. gymnocercus, do sexo masculino, recolhidos após morte
recente em rodovias do município de Uruguaiana-RS (autorização
IBAMA/SISBIO no. 33667-1). As radiografias foram obtidas com aparelho
marca Phillips®, modelo Aquilla Plus 300, empregando 40 KV e 200mAs e
respeitadas as diretrizes básicas de proteção radiológica (CNEN, 2011). As
representações esquemáticas a partir dos contornos das imagens radiográficas
foram elaboradas com o software Photoscape® versão 3.6.3. A nomenclatura
dos acidentes anatômicos seguiu a Nomina Anatômica Veterinária (ICVGAN,
2012).

DISCUSSÃO
O crânio do L. gymnocercus demonstrou conformação semelhante à de
raças de cães dolicocéfalos (Coulson & Lewis, 2008; Forrest, 2002). Tal
constatação sugere que a interpretação dos achados radiográficos no crânio
desta espécie possa adotar os mesmos critérios conhecidos para os cães
domésticos. A fórmula dentária foi idêntica à do cão, ou seja, I3/3, C1/1, P4/4,
M2/3, totalizando 42 dentes (Dyce et al., 2010). A técnica radiográfica e as
projeções látero-lateral e ventrodorsal permitiram o reconhecimento dos
principais pontos de referência a investigação radiográfica da cabeça:
acidentes anatômicos ósseos, cavidades craniana e nasal, seios paranasais,
bulas timpânicas, articulações têmporomandibulares e dentes (Forrest, 2002).
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CONCLUSÃO:
A anatomia radiográfica do crânio do L. gymnocercus é idêntica à de
raças de cães dolicocéfalas. As projeções látero-lateral e ventrodorsal foram
adequadas para visualizar as principais estruturas necessárias ao
radiodiagnóstico nesta região.

REFERÊNCIAS

CHEIDA, C. C.; NAKANO-OLIVEIRA, E.; FUSKO-COSTA, R.; ROCHA-


MENDES, F.; QUADROS, J. Ordem Carnívora. In: REIS, N. R.; PERACCHI, A.
L.; PEDRO, W. A.; LIMA, I. (Ed.). Mamíferos do Brasil. 2. ed. Londrina : Nelio
R. dos Reis, 2011. p. 235-288.

CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear. Diretrizes básicas de proteção


radiológica. NN-3.01, 2011. Disponível em:
<http://www.cnen.gov.br/seguranca/normas/pdf/Nrm301.pdf> Acesso em 20 de
agosto de 2015.

COULSON, A; LEWIS, N. An Atlas of Interpretative Radiographic Anatomy of


the Dog and Cat. Oxford : Blackwell Science, 2nd edition, 2008.
DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Tratado de anatomia veterinária.
4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010

FORREST, L.J. The Cranial and Nasal Cavities-Canine and Feline. In: Thrall,
D.E. (Ed). Textbook of Veterinary Diagnostic Radiology. 4th. Edition.
Philadelphia : W.B Saunders, 2002.

ICVGAN - INTERNATIONAL COMMITTEE ON VETERINARY GROSS


ANATOMICAL NOMENCLATURE. Nomina Anatômica Veterinária. 5. ed.
Knoxville: Editorial Committee, 2012. 177 p.
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9. ANCYLOSTOMA BIDENS E PSEUDOPHYLLIDEO EM QUATI (Nasua


nasua Linnaeus, 1766) – RELATO DE CASO

LUÍS AUGUSTO WENDT1, DANIELA PEDRASSANI2, MARGARETH CRISTINA


IAZZETTI SANTOS3, THIAGO CASSIAS MIREK1
1
Acadêmico, Curso de Medicina Veterinária da Universidade do Contestado UnC-
Canoinhas-SC
2
Professora, Curso de Medicina Veterinária da UnC, Dra em Medicina Veterinária
Preventiva– Canoinhas-SC
³Médica Veterinária, Especialista, Setor de Animais Silvestres do Hospital Veterinário
da UnC– Canoinhas-SC

RESUMO: Atualmente, a preocupação com a manutenção dos ecossistemas


vem crescendo continuamente. Por esse motivo, a saúde e sanidade dos
animais silvestres de vida livre são de vital importância para o equilíbrio
ecológico necessário. O quati (Nasua nasua Linnaeus, 1766) é um animal
diurno, terrestre e arborícola, capaz de ajustar sua preferência alimentar às
diferentes condições ambientais. Causas de desequilíbrio populacional dessa
espécie incluem, desmatamento, atropelamentos e doenças infecciosas e
parasitárias. Assim, o conhecimento dos parasitas dessa espécie é
fundamental para sua conservação. Por isso, este trabalho tem como objetivo
relatar a ocorrência dos helmintos intestinais Ancylostoma bidens e
Pseudophyllideo em N. nasua de vida livre.

INTRODUÇÃO
O quati (Nasua nasua Linnaeus, 1766), é um mamífero (Carnívora:
Procyonidae) que possui fácil identificação devido as suas características
morfológicas, tais como formato do corpo, focinho longo e cauda com anéis
claros e escuros normalmente carregada em posição vertical. Sua distribuição
se dá exclusivamente ao longo das selvas sul-americanas, ao contrário das
outras duas espécies do gênero Nasua, que ocorrem nas Américas Central e
do Norte (Cubas et al., 2007).
Devido à crescente preocupação da população com a sanidade dos
animais silvestres, vêm tornando-se frequente a realização de estudos sobre os
parasitas nesses animais. Os quatis podem ser acometidos por vários
helmintos parasitos, para os quais podem ser reservatórios ou serem
acometidos por doença clínica (Fiorello et al., 2005) e ainda podem ser
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parasitados por helmintos comuns aos dos carnívoros domésticos (Labate et


al., 2001).
Dos nematódeos, os membros da família Ancylostomatidae são
responsáveis por ampla morbidade e mortalidade, principalmente em razão das
suas atividades hematófagas (Bowman, 2010). Quanto aos cestódeos da
ordem Pseudophyllidea, são dois os gêneros de importância veterinária,
Diphyllobothrium e Spirometra (Bowman, 2010). Esse trabalho tem o objetivo
de relatar a ocorrência de parasitas intestinais em quati de vida livre.

DESCRIÇÃO DO RELATO
Um quati, filhote, macho, pesando 1,75 kg, recolhido em Canoinhas –
SC, foi encaminhado pela Polícia Militar Ambiental, para tratamento médico-
veterinário devido a extrema debilidade física decorrente de traumatismo
craniano e de lesões musculares com áreas de necrose em membros pélvicos,
ocasionadas por mordedura.
Foi realizado exame coproparasitológico de rotina, logo após seu
internamento, pelo método de Willis-Mollay, evidenciando a presença de ovos
da família Ancylostomatidae (++), ovos da subfamília Capilariinae (++), larvas
de Strongyloides e oocistos de Coccídeo (++++).
Três semanas após o seu recebimento, o animal veio a óbito pelo
agravamento do quadro clínico geral e a não responsividade ao tratamento
estabelecido.
Na necropsia, foram encontrados endoparasitas intestinais localizados
soltos na luz ao longo do órgão. Esses foram lavados com solução fisiológica e
fixados em formol acético para identificação. Após serem clarificados com
ácido acético 80% foram montados em lâminas temporárias e visualizados sob
microscopia, identificando-se os seguintes endoparasitas: nematódeo
Ancylostoma bidens utilizando a chave descrita em Vicente et al. (1997) e,
cestódeo da ordem Pseudophyllidea pelas características descritas em
Bowman (2010).

DISCUSSÃO
Apesar da ampla distribuição geográfica e abundância da espécie N.
nasua, existem poucos trabalhos sobre a fauna parasitária destes mamíferos.
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No Brasil, parasitas de mamíferos da família Ancylostomatidae são


representados por espécies principalmente contidas no gênero Ancylostoma,
com cinco espécies registradas: A bidens, A. braziliensis, A. buckleyi, A.
caninum e A. duodenale (Vicente et al., 1997). Podendo ocorrer em vários
animais desde que em regiões temperadas quentes, os principais hospedeiros
dos endoparasitas do gênero Ancylostoma, são o cão, gato e a raposa
(Bowman, 2010). Vicente et al. (1997) destacam a ocorrência da espécie A.
bidens em animais da família Procyonidae, inclusive em N. nasua, mas não há
muitos relatos na literatura brasileira. Localizados no intestino delgado, os
ancilostomídeos são responsáveis por ampla morbidade e mortalidade em
animais, pelo fato de serem hematófagos, acarretando em debilidade anêmica
progressiva do hospedeiro (Bowman, 2010).
O único ancilostomídeo observado no animal necropsiado apresentava
menos de 5 mm de comprimento, coloração esbranquiçada, cápsula bucal
dorsal com um par de pequenos dentes ventrais. Tratava-se de exemplar
fêmea, com vulva no terço posterior do corpo.
Os Pseudophyllidea necessitam de dois hospedeiros intermediários,
normalmente um crustáceo e um peixe de água doce. Portanto, podem
acometer tanto seres humanos quanto animais que se alimentem de peixes
crus ou mal cozidos (Bowman, 2010).
A identificação dos cestódeos da ordem Pseudophyllidea, foi pelos
órgãos de fixação e locomoção, formados pelo achatamento de dois sulcos
longitudinais ou botridias. Com a principal característica sendo os poros
genitais localizados centralmente na superfície ventral das proglotes.
Posteriores estudos serão realizados com a finalidade de identificar o gênero e
espécie dos cestódeos encontrados.

CONCLUSÃO
Pouco se sabe sobre a real condição sanitária que se encontram os
animais silvestres que dividem o mesmo ecossistema com os seres humanos.
Portanto, é de real importância à realização de maiores estudos direcionada ao
monitoramento sanitário destes animais, para que a convivência entre as
diferentes espécies seja a mais saudável possível.
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A descrição dos parasitas que comumente são observados em quatis


pode fornecer informações importantes para o monitoramento da saúde das
populações desses animais.

REFERÊNCIAS
BOWMAN, D. D. Georgis - Parasitologia Veterinária. 9. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2010.
CUBAS, Z. S.; SILVA, J. C. R.; CATÃO-DIAS, J. L. Tratado de Animais
Selvagens – Medicina Veterinária. São Paulo: Roca, 2007.
FIORELLO, C. V.; ROBBINS, R. G.; MAFFEI, L. M. S.; WADE, S. E. Parasites
of free-ranging small canids and felids in the Bolivian Chaco. Journal of Zoo and
Wild life Medicine, v. 37, n. 2, p. 130-134, 2005.
LABATE, A. S.; NUNES, A. L. V.; GOMES, M. S., Order Carnívora, family
Procionidae (raccoons, kinkajus) In: FOWLER, M. E.; CUBAS, Z. S. Biology,
medicine and surgery of South American wild animals. Ames: Iowa State
University Press, 2001.
VICENTE, J. J.; RODRIGUES, H. O.; GOMES, D.C.; PINTO, R. M. Nematóides
do Brasil. Parte V: Nematóides de Mamíferos. Revista Brasileira de Zoologia, v.
14, n. 1, p. 1-452, 1997.
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10. ANESTESIA BALANCEADA COM QUETAMINA E MIDAZOLAM E


LIDOCAÍNA POR VIA ESPINHAL (EPIDURAL) EM DOIS JABUTI-TINGA
(Chelonoidis denticulata), SUBMETIDOS À PENECTOMIA: RELATO DE
CASOS.
BEATRIZ GUERREIRO GIESE¹, FRANCISCO DE ASSIS BATISTA JUNIOR¹,
VICTOR HUGO FLORES BERNARDES¹, LEILA MENEZES DA SILVA¹, LUCIANA DA
SILVA SIQUEIRA¹ RUTH HELENA FALESI PALHA DE MORAES BITTENCOURT 2
1
Residentes HOVET/UFRA; 2Professora Associada UFRA

RESUMO: Jabutis criados como animais de estimação sem a devida


assistência médica-veterinária podem desenvolver diversas doenças, entre
elas o prolapso de pênis. Objetiva-se relatar dois casos de Jabuti-tinga
anestesiados com quetamina (20 e 40 mg/kg) e midazolam (1 e 2 mg/kg) e
lidocaína epidural (5,5 mg/kg) submetidos à penectomia. Os animais
apresentaram relaxamento e paralisia de membros posteriores, cauda e pênis,
sendo necessário reforço de lidocaína epidural devido ao retorno de
movimento. A anestesia se mostrou segura e satisfatória com retorno rápido e
tranquilo, porém é necessário readequar a dose do anestésico local pela via
espinhal.

INTRODUÇÃO:
Pertencente à ordem Chelonia, classe Reptilia, os jabutis vem sendo
utilizados como animais de estimação, sendo criados pela população em áreas
urbanas (Carvalho, 2004; Storer et al., 2000), em cativeiro alterando a
qualidade e o tipo de vida do animal (Carvalho, 2004).
O prolapso peniano é um dos principais problemas que acometem esses
animais quando mantidos em cativeiro e, com frequência, os animais são
trazidos tardiamente com exposição dos tecidos (Ramos et al., 2009). A
penectomia é recomendada quando em casos de parafimose crônica, em
casos de lesões graves e necrose ou quando o tratamento conservativo é
ineficaz (Cubbas et al., 2006).
Fontenelle et al. (2000) referem à utilização da anestesia epidural em
répteis como uma alternativa para execução de procedimentos cirúrgicos
comuns na clínica, com uma boa margem de segurança e que promove efeitos
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regionais, levando a uma recuperação mais rápida. Utilizada frequentemente


em animais domésticos, a técnica locorregional em quelônios é pouco
publicada (Carvalho, 2004).
As doses de lidocaína 2% recomendadas para anestesia epidural
nesses animais são variadas e, segundo Fontenelle et al. (2000) e Ramos et al.
(2009) a analgesia e relaxamento peniano, de membros posteriores e cauda
em Jabuti-piranga são dose-dependente.

RELATO DO CASO
Foram atendidos pelo Setor de Animais Silvestres do Hospital
Veterinário Dr. Mário Dias Teixeira (UFRA) dois Jabutis-tinga machos pesando
3,5 kg (J1) e 1,8 kg (J2), criados em cativeiro, diagnosticados com prolapso
irreversível de pênis e, submetidos, posteriormente à penectomia.
O primeiro animal (J1) teve a anestesia induzida com a associação de
40 mg/kg de quetamina e 2 mg/kg de midazolam, por via intramuscular, no
membro anterior direito. Após o relaxamento muscular da cauda foi
administrado 5,5 mg/kg de lidocaína no espaço epidural entre vértebras
coccígeas. No segundo animal (J2), a indução anestésica foi realizada com os
mesmos fármacos e via de administração, porém as doses foram reduzidas à
metade (20 mg/kg de quetamina e 1 mg/kg de midazolam). O bloqueio espinhal
foi o mesmo realizado no J1.
Após aproximadamente 5 minutos das anestesias epidural, foram
observados relaxamento e imobilidade de membros posteriores e relaxamento
completo de cauda e pênis. Ambos animais mantiveram o reflexo óculo-
palpebral e movimentos de cabeça, porém sem bom relaxamento de boca.
A intervenção cirúrgica iniciou após aproximadamente 10 minutos da
anestesia espinhal e teve duração de 41 minutos no J1 e de 35 minutos no J2.
Nos dois animais, durante o transoperatório, foi necessária dose de resgate de
lidocaína na mesma dose da inicial, para abolição de movimentos e
relaxamento dos membros posteriores.
Os animais iniciaram o retorno anestésico logo após o término do
procedimento cirúrgico, apresentando movimentos de cabeça e membros e
sem comportamento agressivo.
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DISCUSSÃO
Os protocolos anestésicos utilizados nos dois jabutis, considerando a
associação anestésica indutora em doses distintas, permitiu a realização da
anestesia espinhal epidural, visto que promoveu relaxamento muscular nos
animais facilitando a localização e introdução da agulha entre as vértebras
coccígeas, resultados semelhantes foram obtidos por Fonseca et al. (2014) e
Ramos et al. (2009) após indução anestésica, respectivamente, com quetamina
e diazepam e tiletamina–zolazepam em jabutis piranga submetidos à
penectomia.
A dose de 5,5 mg/kg de lidocaína 2% sem vasoconstritor utilizada na
anestesia espinhal epidural apesar de ter promovido analgesia e relaxamento
peniano, de calda e membros, teve que ser resgatada durante o
transoperatório para que o procedimento cirúrgico pudesse ser
complementado, corroborando com relatos de Fontenelle et al. (2000) e Ramos
et al. (2009), de que analgesia e relaxamento muscular em pênis, membros
pélvicos e cauda em jabutis piranga são dose dependente.

CONCLUSÕES
As doses de quetamina e diazepam utilizadas na indução anestésica
promovem anestesia de boa qualidade e retorno rápido e tranquilo em jabuti-
tinga;
A dose de 5,5 mg/kg de lidocaína 2% não foi apropriada para realização
de penectomia em jabuti-tinga, sugerindo maiores estudos quanto a dose
desse fármaco a ser utilizada na anestesia espinhal epidural de jabuti-tinga.

REFERÊNCIAS
CARVALHO, R.C. Topografia vértebro-medular e anestesia espinhal em jabuti
da “patas vermelhas” Geochelone carbonária (SPIX, 1824). 2004. São Paulo,
126 f. Dissertação (Mestrado em ciências veterinárias) - Programa de pós-
graduação em Anatomia dos animais domésticos e silvestres, Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo.

CUBAS, Z.S.; SILVA, J.C.R. et al. Tratado de Animais Silvestres - Medicina


Veterinária. 1 ed. São Paulo: Editora Roca, 2006.
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FONSECA, L.S.; OLIVEIRA, E.L.R; LEITE, J.S.; ESCODRO, P.B.; DANTAS, F.


T D. R; DIAS, D.C.R. Anestesia epidural e amputação de pênis prolapsado em
jabuti-piranga (Geochelone carbonaria): relato de caso. Revista de Educação
Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia, v.12, n.1, p.34, 2014.

FONTENELLE, J.H.; NASCIMENTO, C.C.; CRUZ, M.L.; LUNA, S.P.L.; NUNES,


A.L.V. Anestesia epidural em jabuti piranga (Geochelone carbonaria). In:
ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE VETERINÁRIOS DE
ANIMAIS SELVAGENS, 4.; ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
ANIMAIS SELVAGENS, 9., 2000, São Paulo. Anais... São Pedro: [s.n.], 2000.
p. 7.
RAMOS, R.M.; VALE, D.F.; HANAWO,M.E.O.C.; FERREIRA,F.S.; LUZ, M.J.;
A.L.A. OLIVEIRA. Penectomia em caso de prolapso peniano em Jabuti-piranga
(Geochelone carbonaria) – Relato de caso. Jornal Brasileiro de Ciência Animal,
v.2, n.3, p.166-174, 2009.
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11. ASPECTOS MORFOLÓGICOS E MORFOMÉTRICOS DA GLÂNDULA


UROPIGIANA EM CURICACAS (THERISTICUS CAUDATUS)
LUANA CÉLIA STUNITZ DA SILVA1
1
Docente do Departamento de Medicina Veterinária, UNICENTRO-PR

RESUMO: Objetivou-se neste estudo descrever os aspectos morfológicos e


morfométricos da glândula uropigiana da curicaca (Theristicus caudatus) por
meio da dissecação em 7 animais adultos que vieram a óbito por causas
naturais. Morfologicamente tal glândula possuía um formato em “V” com a
presença de dois lobos. Os valores médios encontrados foram: 1,35 cm (sd:
±0,13 cm) para o comprimento do lobo direito, 1,03 cm (sd: ±0,14 cm) para a
largura do lobo direito, 1,35 cm (sd: ±0,11 cm) para o comprimento do lobo
esquerdo e 1,01 cm (sd: ±0,14 cm) para a largura do lobo esquerdo. Os dados
obtidos nesta pesquisa elucidam a morfologia macroscópica da glândula
uropigiana da curicaca (Theristicus caudatus).

INTRODUÇÃO
A pele das aves é mais fina do que a de mamíferos de mesma massa
corpórea e sua própria epiderme age como um órgão secretor sebáceo. Uma
das poucas glândulas tegumentares presentes nas aves é a glândula
uropigiana, a qual é bilobada com tamanho e formato variáveis conforme a
espécie. Esta glândula é vestigial nos adultos das espécies, por exemplo, das
famílias Struthionidae, Rheidae, Casuaridae, Dromaidae e em algumas de
Columbidae e Psittacidae (Johnston, 1988). A secreção sebácea produzida por
tal glândula é utilizada na impermeabilização das penas (Nickel et al., 1997).
Entretanto não há uma correlação clara entre o tamanho da glândula e a
natureza aquática ou terrestre da espécie aviária (Montalti e Salibián, 2000).
Ademais existe também um papel de controle populacional de fungos,
bactérias e ectoparasitas na pele atribuídos a tal glândula (Moyer, 2003). O
objetivo deste estudo foi a descrição morfológica e morfométrica da glândula
uropigiana na espécie Theristicus caudatus (curicaca).
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MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados 7 espécimes adultos de curicacas (Theristicus
caudatus), 5 machos e 2 fêmeas, que vieram a óbito por causas naturais e
foram doados para estudos anatômicos. Os animais foram fixados em
formaldeído 10% para posterior retirada da glândula uropigiana e mensuração
do seu comprimento e largura utilizando-se um paquímetro analógico. Todos os
resultados obtidos foram analisados por média aritmética e desvio padrão (sd).

RESULTADOS
Topograficamente a glândula uropigiana localizava-se dorsalmente às
últimas vértebras caudais e ao pigóstilo (Figura 1A). Possuía um formato em
“V” estando constituída por dois lobos envoltos por uma cápsula de tecido
conjuntivo (Figura 1B). Ademais apresentava penas circundando totalmente as
duas papilas por onde fluiria a secreção sebácea (Figura 1C). O valor médio
para o comprimento do lobo direito foi de 1,35 cm (sd: ±0,13 cm) e para a
largura do lobo direito foi de 1,03 cm (sd: ±0,14 cm). Para o lobo esquerdo o
valor médio do comprimento foi de 1,35 cm (sd: ±0,11 cm) e largura do lobo
esquerdo foi de 1,01 cm (sd: ±0,14 cm). Em um corte em sentido longitudinal
observou-se a presença de uma cavidade central em coloração amarelada que
coletava em sua periferia a secreção advinda dos túbulos (Figura 2A). E em um
corte transversal notou-se a presença da mesma cavidade central amarelada
com a cápsula de tecido conjuntivo (Figura 2B).

DISCUSSÃO
A presença de uma cápsula de tecido conjuntivo circundando os dois
lobos da glândula uropigiana bem como a sua posição anatômica na curicaca
corroboram com as descrições para aves domésticas efetuadas por Nickel et al
(1997). A conformação da glândula uropigiana ora observada é similar ao
encontrado para aves aquáticas, porém destoam das conformações ovais em
galinhas e a uma pequena noz em patos e gansos (Nickel et al., 1997). A
observação de que internamente em cada lobo ocorria uma cavidade central
coletando a secreção dos túbulos, arranjados radialmente na periferia, a qual
por sua vez desembocava em uma papila dupla coincide com o relato de
Salibian e Montalti (2009). Contudo contrariando ao que foi descrito no trabalho
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ora apresentando com a presença de duas papilas as descrições na literatura


apontam que tal papila geralmente é única nas aves (Sawad, 2006).

CONCLUSÃO
Os dados obtidos nesta pesquisa elucidam a morfologia macroscópica
da glândula uropigiana da curicaca (Theristicus caudatus). Servindo assim de
subsídio no conhecimento da anatomia do tegumento comum da espécie bem
como para estudos de anatomia comparada.

REFERÊNCIAS:
JOHNSTON, D.W. A morphological atlas of the avian uropygial gland. Bulletin
of the British Museum of Natural History (Zoology), v. 54, n. 55, p. 199-
259,1988.
MOYER, B.R., ROCK, A.N.; CLAYTON, D.H. Experimental test of the
importance of preen oil in rock doves (Columba livia). The Auk, v. 120, n. 2, p.
490-496, 2003.
NICKEL, A.; SCHUMMER, A.; SEIFERLE, E. Anatomy of the domestic birds.
Berlin-Hamburg: Verlag Paul Parey, 1997.
SALIBIAN, A.; MONTALTI, D. Physiological and biochemical aspects of the
avian uropygial gland. Brazilian Journal of Biology, v.69, n.2, p.437-46, 2009.
SAWAD, A. A. Morphological and Histological Study of Uropygial Gland in
Moorhen (G. gallinula C. choropus). International Journal of Poultry Science,
v.5, n.10, p.938-941, 2006.
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12. ATIVIDADE RESPIRATÓRIA DOS LEUCÓCITOS EM TILÁPIAS


INOCULADAS COM AEROMONAS HYDROPHILA E TRATADAS COM
PROMETAZINA

SIMONE CRISTINA DA SILVA HRUSCHKA1, PRISCILA COSTA OCTAVIANO¹,


MELQUE FERRARI DE OLIVEIRA¹, VANESSA PAVESI DE FARIA2, ROBERTO
BARBUIO², MARCO ANTONIO ANDRADE DE BELO³
¹ Graduanda em Medicina Veterinária, Campus Descalvado Universidade Camilo
Castelo Branco (UNICASTELO)
² Pós-graduando do Programa em Medicina Veterinária, Campus de Jaboticabal -
FCAV-UNESP
³ Professor Doutor do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, Campus
de Jaboticabal - FCAV-UNESP

RESUMO: Tendo em vista o papel biológico da histamina sobre a


permeabilidade vascular e a escassa literatura deste autacóide em peixes
teleósteos, este estudo propõe avaliar a participação da histamina na reação
inflamatória aguda em tilápias do Nilo desafiadas com Aeromonas hydrophila,
tratadas com anti-histamínico prometazina, através da análise da atividade
respiratória dos leucócitos. O método determinou as espécies reativas de
oxigênio (ROS) produzidas pelo “Burst” respiratório por meio do ensaio
colorimétrico baseado na redução do corante Nitroblue Tetrazolium (NBT). Os
resultados demonstram evidências de que a histamina participe da inflamação
das tilápias com aumento de ROS na fase mais aguda pós-tratamento com
prometazina intra-celomática e com 6 e 12 horas em peixes tratados via
intramuscular (efeito tardio), sugerindo aumento na atividade celular de
neutrófilos e monócitos no sangue resultantes da diminuição da diapedese por
alteração na permeabilidade vascular.

INTRODUÇÃO
A biomanipulação dos ecossistemas aquáticos com a maximização dos
recursos produtivos traz consigo inúmeros desafios, dentre os quais se destaca
o controle sanitário das populações de peixes (Belo et al., 2005). A Aeromonas
hydrophila é considerada um patógeno oportunista, responsável por enormes
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perdas econômicas em tilapiculturas intensivas (Reque et al., 2010). De acordo


com Castro et al. (2014), as infecções bacterianas são agressões biológicas ao
organismo dos peixes que respondem através da reação inflamatória na
tentativa de diluir, circunscrever e isolar ou destruir o agente agressor. Tendo
em vista o papel biológico da histamina sobre a permeabilidade vascular e a
escassa literatura deste autacóide em peixes teleósteos, este estudo propõe
avaliar a participação da histamina na reação inflamatória aguda em tilápias do
Nilo desafiadas com inóculos de Aeromonas hydrophila, submetidas ou não ao
tratamento parenteral com o anti-histamínico de receptores H1 prometazina.

MATERIAL E MÉTODOS:
84 tilápias do Nilo (peso médio: 100g), oriundas da mesma desova,
foram distribuídas aleatoriamente em 12 aquários com capacidade de 250L
cada, constituindo três tratamentos: T0: Padrão Fisiológico, T1: Controle (PBS),
T2: com prometazina via intramuscular (IM), T3: com prometazina na cavidade
celomática (IC). Foram amostrados sete animais por tratamento para análise
de atividade respiratória leucocitária realizado em 3, 6 e 12 horas pós desafio,
para a avaliação da resposta no tempo, constituindo 12 grupos experimentais,
sendo três por tratamento. A administração do anti-histamínico prometazina
(Fenergan®) foi realizada no momento do desafio bacteriano, via IM na região
dorso-lateral esquerda na dose de 0,5mg/kg de p.v. diluído em solução oleosa
na proporção de 1:1 (T2) e na cavidade celomática na mesma dose porém em
solução aquosa (T3). Após anestesia com benzocaína, realizou-se a punção de
sangue com heparina nos peixes. Uma alíquota de 0,1 mL de sangue
heparinizado foi colocada em tubos com 0,1mL de NBT. A solução foi
homogeneizada e incubada por 30 min em 25 oC. Após esse período, 50 μL da
suspensão formada foi colocada em tubos de ensaio com 1 mL de n,n-dimetil-
formamida (DMF, Sigma, St. Louis, MO, USA) e centrifugado a 3000 g por 5
min. O DMF produz a lise da parede celular dos grânulos de formazan e assim
libera na solução o corante NBT reduzido. A densidade óptica da solução foi
determinada em espectro em comprimento de onda de 540 nm.
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RESULTADOS
Para três tratamentos (T1, T2 e T3) foram calculadas as médias dos
valores de Burst dos 7 peixes (de cada grupo) após 3, 6 e 12 horas. A média
em T1 foi 0.294, 0.217 e 0.380 respectivamente. Em T2, as medições após 3, 6
e 12 horas revelaram médias 0.306, 0.377 e 0.423. Finalmente para T3,
obteve-se 0.340, 0.255 e 0.322 após 3, 6 e 12 horas.

DISCUSSÃO
Os resultados mostraram aumento na produção de espécies reativas de
oxigênio (ROS) em peixes tratados com prometazina na cavidade celomática.
Tais resultados sugerem podem refletir a atividade de neutrófilos e monócitos
presentes na circulação e que não conseguem chegar ao foco inflamado, pois
a atividade anti-histamínica da prometazina pode ter diminuído a
permeabilidade vascular. De acordo com Reque et al. (2010), a diminuição da
permealidade diminui a diapedese e o acúmulo celular no exsudato. Após 6 e
12 horas, houve um aumento do efeito da prometazina IM, resultando em
aumento expressivo da produção de ROS, sendo efeito tardio resultado da
lentidão do processo de absorção por esta via, enquanto a administração intra-
celomática que é absorvida rapidamente os efeitos caíram 6 e 12 horas após a
inoculação com A. hydrophila.

CONCLUSÃO
Este estudo trouxe evidência de que a histamina participe da inflamação
da tilápia, sendo notório a diferença do efeito tardio da prometazina por via
intramuscular ou agudo pela administração via intra-celomática, avaliado pela
produção de espécies reativas de oxigênio durante a evolução da resposta
inflamatória.

REFERÊNCIA
BELO, M. A. A. et al. Effect of Dietary Supplementation with Vitamin E and
Stocking Density on Macrophage Recruitment and Giant Cell Formation in the
Teleost Fish, Piaractus mesopotamicus. Journal of Comparative Pathology, Vol.
133, 146–154
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CASTRO, M.P. et al. Acute aerocystitis in Nile tilapia bred in net cages and
supplemented with chromium carbochelate and Saccharomyces cerevisiae.
Fish & Shellfish Immunology, v. 36, p. 284-290, 2014.
REQUE, V. R. et al. Inflammation induced by inactivated Aeromonas hydrophila
in nile tilapia fed diets supplemented with Saccharomyces cerevisiae.
Aquaculture, v. 300, p. 37-42, 2010.
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13. AVALIAÇÃO DA GLICEMIA EM FRAGATA-COMUM (Fregata


magnificens MATHEWS, 1914)

ISABEL CORREIA NOVELINO1, JEFERSON ROCHA PIRES2, DANIEL BARROS


MACIEIRA1, LUCAS DE CASTRO RIBEIRO SILVA1, NADIA REGINA PEREIRA
ALMOSNY1.
1
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE;
2
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

RESUMO: Valores de referência para hematologia e bioquímica clínica são


escassos para espécies selvagens de vida-livre. A mensuração da glicemia
pode fornecer dados importantes sobre a condição nutricional de aves em
tratamento. A glicemia em aves normais varia entre 200 e 500mg/dL e costuma
permanecer estável principalmente em aves carnívoras. Neste trabalho foram
dosadas as concentrações sanguíneas de glicose em oito fragatas-comuns
(Fregata magnificens) de vida livre. As análises foram procedidas com uso de
aparelho portátil para leitura de glicose (One Touch® Ultra). Os resultados
variaram de 237 a 379 md/dL (311,12 ± 42,65 mg/dL). Não houve diferença
significativa (p>0,05) nos valores de glicemia entre machos e fêmeas, bem
como em animais de diferentes faixas etárias. Não há relatos de valores de
glicemia para fragata-comum na literatura e os resultados encontrados
diferiram daqueles descritos para outras aves marinhas.

INTRODUÇÃO
Valores de referência para hematologia e bioquímica clínica estão
disponíveis para uma variedade de espécies, mas ainda são escassos para
animais selvagens de cativeiro ou vida-livre (Work, 1996). A mensuração da
concentração de glicose sanguínea fornece dados adicionais sobre a condição
de saúde nutricional de aves em tratamento. A concentração de glicose
sanguínea em aves normais varia de 200 a 500mg/dL e permanece estável
durante período curto de jejum, sendo a glicemia mais estável em aves
carnívoras se comparadas às aves granívoras (Thrall et al., 2007). As fragatas
ou tesourões (Fragata magnificens) são aves aquáticas classificadas na Ordem
Pelecaniformes, Família Fregatidae. Apresentam dimorfismo sexual e se
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distribuem pela América do Norte, América do Sul e África Ocidental (Bini,


2014; Redrobe, 2014). As fragatas são conhecidas como catadoras por
roubarem comida de outras aves (Redrobe, 2014).

MATERIAL E MÉTODOS
Foram colhidas amostras de sangue de oito fragatas de vida livre,
hígidas, independentemente de sexo, em agosto de 2015. As colheitas foram
feitas por punção da veia jugular direita com auxílio de seringa de 3mL e
agulha 22G. Logo após a colheita, a medição da glicemia foi efetuada
aplicando-se uma gota de sangue total sem anticoagulante em tira reagente
inserida em aparelho portátil para leitura de glicose (One Touch® Ultra). Os
resultados foram analisados estatisticamente através do programa SPSS v. XX
(IBM, São Paulo, Brasil). Para a verificação da distribuição das amostras, foi
realizado o teste de Shapiro-Wilk, e com base nesta primeira análise foi
escolhido o teste estatístico a ser empregado.

RESULTADOS:
As concentrações sanguíneas de glicose mensuradas variaram de 237 a
379 mg/dL (Média = 311,12 ± 42,45 mg/dL; IC 95% 275,46 – 346,78 mg/dL).
Das oito aves pesquisadas, havia três (37,5%) fêmeas e cinco (62,5%)
machos. Considerando a idade, eram três (37,5%) adultos e cinco (62,5%)
jovens. Os valores de glicemia apresentaram distribuição normal (p=0,987),
enquanto que aqueles relacionados ao gênero e idade tiveram uma distribuição
não-normal. Desta forma foi aplicado o teste de Mann-Whitney para amostras
independentes, que demonstrou a ausência de diferença significativa na
glicemia de machos e fêmeas (p˂0,01) e também na avaliação deste
parâmetro entre animais de diferentes faixas etárias (p˂0,01).

DISCUSSÃO
Os valores encontrados de glicemia no presente estudo foram mais
elevados que os descritos por Padilla e Parker (2008) em Fragata minor (212,1
mg/dL ± 45,7). A média também foi mais elevada se comparada às descritas
por Work (1996), que também encontrou diferenças significativas entre a média
de glicemia em relação ao sexo, idade e local de origem de Fregata minor.
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Essa diferença poderia estar relacionada ao maior intervalo de tempo entre a


colheita e processamento das amostras de Work (1996) e à técnica de
processamento empregada. Lieske et al. (2002) concluíram que a dosagem da
glicemia pode ser subestimada em até 33% quando mensurada por
glicosímetros portáteis em comparação com os valores obtidos em laboratórios
de referência em estudo feito com outra espécie de ave marinha (Cerorhinca
monocerata). Entretanto, os resultados de descritos por Work (1996) com o uso
do método de bioquímica seca foram mais baixos que os encontrados no
presente estudo. Totzke et al. (1999) compararam os níveis de glicose
plasmática de gaivotas (Larus argentatus) submetidas a diferentes níveis de
jejum e encontraram valores semelhantes para as aves submetidas a jejum e
para o grupo controle.

CONCLUSÃO
Valores de glicemia entre 237 e 379 mg/dL podem ser considerados
normais para fragatas-comuns de vida livre. Não há relatos anteriores sobre os
valores de glicemia para fragata-comum.

NOTA INFORMANDO APROVAÇÃO POR COMITÊ DE ÈTICA:


Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de
Animais-CEUA da Universidade Federal Fluminense (Protocolo n°581) e pelo
Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade – SISBIO (Protocolo
n° 45285).

REFERÊNCIAS
BINI, E. Espécies de aves. In ___. Aves aquáticas do Brasil. 1ª ed.
Florianópolis: Homem-Pássaro Publicações, 2014. Cap.1., 9-131p.
LIESKE, C. L.; ZICCARDI, M. H.; MAZET, J. A. K. et al. Evalution of 4 handheld
blood glucose monitors for use in seabird rehabilitation. Journal of Avian
Medicine and Surgery, v. 16, n. 4, p. 277-284, 2002.
PADILLA, L. R.; PARKER, P. G. Monitoring avian health in the Galápagos
Islands: current knowledge. In: FOWLER, M. E.; MILLER, R.E. Zoo and Wild
Animal Medicine, v. 6. Missouri: Saunders Elsevier, 2008, Cap. 24., p. 191-199.
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REDROBE, S. Pelecaniformes (Pelicans, Tropicbirds, Cormorants, Frigatebirds,


Anhingas, Gannets). In: MILLER, R. E; FOWLER, M. E. Fowler's Zoo and Wild
Animal Medicine, v. 8. Missouri: Elsevier Saunders, 2012, Cap. 12., p. 96-99.
THRALL, M. A.; BAKER, D. C.; CAMPBELL, T. W. et al. Bioquímica Clínica de
Aves. In___. Hematologia e Bioquímica Clínica Veterinária. 1ª ed. São Paulo:
Editora Roca Ltda, 2007. Cap. 32., p. 448-460.
TOTZKE, U.; FENSKE, M.; HÜPPOP, O. et al. The influence os fasting on
blood and plasma composition of herring gulls (Larus argentatus). Physiological
and Biochemical Zoology, v. 72, n. 4, p. 426-437, 1999.
WORK, T. Weights, hematology, and serum chemistry of seven species of free-
ranging tropical pelagic seabirds. Journal of Wildlife Diseases, v. 32, n. 4, p.
643-657, 1996.
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14. AVALIAÇÃO SOROLÓGICA DE Leptospira spp. E Brucella spp. EM


AOUDADS DO ZOOLÓGICO DE CURITIBA-PR

AMANDA HAISI¹, VIVIEN M. MORIKAWA², MAYSA PELLIZZARO³, IVAN R. DE


BARROS FILHO2, ALEXANDER W. BIONDO²
Acadêmica¹; Docente²; Residente3. Departamento de Medicina Veterinária,
Universidade Federal do Paraná, Curitiba-PR.

RESUMO: A leptospirose é uma zoonose de ocorrência mundial que afeta


pessoas, animais domésticos e selvagens. O objetivo deste estudo foi avaliar a
prevalência de anticorpos para Leptospira spp. e Brucella spp. nos aoudads do
Zoológico Municipal de Curitiba. Foi realizado o teste de soroaglutinação
microscópica para o diagnóstico de Leptospira spp. e os testes do antígeno
acidificado tamponado e de fixação de complemento para brucelose. A
prevalência da infecção por Leptospira spp. foi de 23,53% (4/17). A idade
média dos animais foi 5 anos e os animais com idade ≥ 5 apresentaram
prevalência 0,5 (IC 95%: 0,1-3,7) vezes maior que aqueles com idade < 5 anos
(p = 0,60). Animais do setor de exposição tiveram 7,2 vezes maior chance de
contaminação do que aqueles na área de isolamento (p = 0,05). Todos os
animais foram negativos para brucelose. Em conclusão, os aoudads podem
participar do ciclo epidemiológico da Leptospira spp., atuando como sentinelas
de contaminação ambiental.

INTRODUÇÃO
O Aoudad (Ammotragus lervia), conhecido também como Carneiro da
Barbária é um ruminante selvagem da sub-família Caprinae, que apresenta
características únicas e primitivas. Atualmente é classificado como espécie
“vulnerável” (VU A2cd) pela IUCN (International Union for Conservation of
Nature), indicando que a espécie enfrenta um risco elevado de extinção na
natureza.
Tanto a brucelose quanto a leptospirose são zoonoses de grande
importância social e econômica entretanto pouco se conhece sobre o papel do
aoudad como reservatório ou hospedeiro destes agentes.
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MATERIAIS E MÉTODOS:
Dezessete aoudads do Zoológico Municipal de Curitiba, divididos em
setor de exposição e de isolamento, foram utilizados neste estudo. A
identificação individual e dados como local de alojamento, idade e sexo foram
coletados. O teste de Soroaglutinação Microscópica (SAM) foi utilizado para o
diagnóstico de anticorpos contra Leptospira spp., utilizando-se 22 sorovares e
para Brucella spp. foram utilizados os testes do Antígeno Acidificado
Tamponado (AAT) e de Fixação de Complemento (FC) como confirmatório. A
análise estatística foi realizada com os testes de Qui-quadrado e de Fisher (α=
5%).

RESULTADOS
A prevalência de Leptospira spp. foi de 23,53% (4/17) e todos os animais
foram negativos para brucelose. A idade média dos animais foi 5 anos (± 2,7
anos) e animais com idade ≥ 5 anos apresentaram 0,5 (IC 95%: 0,1-3,7) vezes
maior prevalência que animais com idade < 5 anos (p = 0,60). Somente
machos (4/10; 40%) foram positivos para Leptospira spp. Animais do recinto de
exposição tiveram 7,2 vezes maior chance de contaminação que aqueles na
área de isolamento (razão de prevalência: 7,2; 95% IC: 0,97-53,6; p=0,05). Os
títulos variaram entre 100-400, e todos reagiram somente para o sorovar
icterohaemorrhagiae.

DISCUSSÃO:
Estudos realizados em uma comunidade adjacente ao jardim zoológico
de Curitiba, chamada de Vila Pantanal, também localizada no Parque Municipal
do Iguaçu, demonstraram a prevalência de anticorpos anti-leptospiras de 9,2 %
das amostras de cães domiciliados, sendo que os sorovares mais prevalentes
foram o Canicola (27,7%), Bratislava (21,3%) e Icterohaemorrhagiae (15,0%)
(Morikawa, V. M, 2010). Finger et al (2014), relatou na mesma comunidade a
prevalência de anticorpos contra Leptospira spp. em cavalos de carroceiros
(75,8%), sendo que o sorogrupo Icterohaemorrhagiae foi também o mais
frequente (80,8%).
Neste estudo, os títulos variaram entre 100 e 400, e todos reagiram
somente para o sorovar icterohaemorrhagiae, que tem como principal
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reservatório a ratazana do esgoto (Rattus norvergicus), comumente encontrada


dentro dos recintos do zoológico, devido à abundante oferta de alimento. A
ocorrência do sorovar icterohaemorrhagiae, tanto no zoológico de Curitiba
quanto na Vila Pantanal, pode estar associada ao fato que ambas as
populações estão expostas a condições ambientais e fatores de risco muito
semelhantes.
Foi constatada maior prevalência em animais jovens, machos e que
estão alojados no setor de exposição pública, onde os visitantes podem estar
mais expostos à contaminação ambiental por esse patógeno, e
consequentemente, aumentando o risco de transmissão desta zoonose.
O controle químico contra os ratos no zoológico de Curitiba não é
utilizado, pois oferece risco aos animais do acervo. Portanto, os esforços para
prevenir e diminuir as condições para a procriação dos animais sinantrópicos,
está voltada para o treinamento periódico da equipe do zoológico, para evitar
resíduos no solo, manter os recipientes de acondicionamento dos alimentos
fechados e potes de alimento sempre limpos. A equipe deve também utilizar os
equipamentos de proteção individual, especialmente nas áreas mais propensas
a inundações no interior do zoológico.
A soronegatividade para Brucella spp. corrobora com os achados da
literatura (Hampy et al.,1979; Candela, et.al., 2009; Muñoz et al., 2010),
sugerindo que os aoudads não atuam como hospedeiros ou que o programa de
prevenção utilizado no zoológico é eficaz.

CONCLUSÃO
Apesar dos animais do estudo não apresentarem sintomatologia clínica
compatível com leptospirose, a prevalência encontrada indica que os aoudads
participam do ciclo epidemiológico e atuam como sentinelas de contaminação
ambiental.
O monitoramento periódico dos animais do zoológico e a inspeção da
área quanto ao grau de infestação e a espécie de roedor prevalente, são os
passos iniciais para o estabelecimento de medidas eficazes para controle da
leptospirose. O treinamento contínuo da equipe do zoológico e a introdução de
medidas de educação em saúde para a população que visita o zoológico e para
população que reside em áreas limítrofes, são essenciais para o controle dos
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casos de leptospirose humana e animal, assim como para a manutenção de


um ambiente saudável.

NOTA INFORMANDO APROVAÇÃO POR COMITÊ DE ÈTICA: O protocolo


número 045/2013, referente ao projeto “Ocorrência de doenças infecciosas e
zoonoses nos Aoudads (Ammotragus lervia) do Zoológico Municipal de
Curitiba” foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais do Setor de
Ciências Agrárias.

REFERÊNCIAS
HAMPY, B., PENCE, D.B., SIMPSON, C.D. Serological studies on sympatric
barbary sheep and mule deer from palo duro canyon, texas. Journal of wildlife
diseases, v. 15, n. 3, p. 443-446, 1979.
CANDELA, M. G., SERRANO, E., MARTINEZ-CARRASCO, C., et al.
Coinfection is an important factor in epidemiological studies: the first serosurvey
of the aoudad (Ammotragus lervia). Eur J Clin Microbiol Infect Dis, v. 28, n. 5, p.
481-9, 2009.
FINGER, M. A., et al. Serological and molecular survey of leptospira spp.
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n.6, p. 473-476, 2014.
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MUÑOZ, P. M., BOADELLA, M., ARNAL, M., et al. Spatial distribution and risk
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15. AVALIAÇÃO ULTRASONOGRÁFICA DA FERTILIDADE DE GRANDES


SÍMIOS EM CATIVEIRO

JÚLIA BRAGA MORAIS1, THOMAS BERND HILDEBRANDT2, FRANK GÖRITZ2,


ROBERT HERMES2
1
Centro de Ciências Agroveterinárias, UDESC, Lages, SC, Brasil
2
Reproduction Management Department, Leibniz Institut für Zoo und Wildtiere
Forschung, IZW, Berlin, Germany

RESUMO: Realizou-se a revisão de ultrasonogramas de 28 grandes símios de


ambos os sexos, resultando na detecção de várias lesões do trato reprodutivo.
Com base principalmente na aparência das lesões, obtiveram-se sugestões de
diagnóstico e prognósticos de fertilidade. A comparação dos dados obtidos com
o desfecho reprodutivo dos objetos de estudo mostrou que: a) a ausência de
lesões ultrasonográficas não garantiu a produção de descendência; b) os
exames ultrassonográficos foram eficientes na identificação dos animais
reprodutivamente incompetentes, uma vez que todos os animais cuja sugestão
de diagnóstico estava associada a um prognóstico de “fertilidade muito
provavelmente comprometida” não produziram descendência.

INTRODUCTION
Captive breeding programs play an important role in the ex-situ
conservation of endangered species and effectiveness relies on the ability to
establish reproductively competent breeding groups (Conde et al., 2011). While
fertility assessments can be accomplished through ultrasonography, few studies
include ultrasound (US) data researching reproductive health/disease in these
animals (Nunamaker et al., 2012; Videan et al., 2011; Bolton et al., 2012). Thus,
this study’s objective was to extend the knowledge on captive great ape’s
reproductive tract diseases and to investigate if the US results were related to
reproductive performance outcome.

MATERIALS AND METHODS


Data for this study included US images from the period of 1995 to 2012
of 17 gorillas, 6 orangutans, 2 bonobos and 3 chimpanzees scanned in Zoos
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worldwide. The US examinations were performed under general anaesthesia


with a portable Hitachi model or the Voluson i, equipped with abdominal 5-2
MHz curved array, endovaginal 9-5 MHz endfire, and transcutaneous 7.5 MHz
curved array transducers. Recent offspring production data (until January 2014)
was obtained by communication with Zoo vets or by international studbook
consultations.

RESULTS
From 21 female captive subjects, 18 were detected to have reproductive
lesions, which were suggested to be: uterine leiomyomas, adenomyosis,
nabothian cysts, functional ovarian cysts, paraovarian cyst, polycystic ovaries,
endometrioma and hydrosalpinges in gorillas; cervical tumour and hydrosalpinx,
in chimpanzees; and mostly functional ovarian cysts, in orangutans. Two cases
of intrapelvic abscesses involving the reproductive and gastrointestinal tracts
occurred in females, and the suspected causes were: pelvic inflammatory
disease, in a gorilla, and diverticulitis in an orangutan. Regarding the 7 male
captive subjects, 3 gorillas were detected with testicular lesions. While
suspicion of malignancy existed on the 3 cases, only 1 was confirmed to be a
tumour (Leydig cell neoplasia). Definitive diagnoses were rarely obtained (6/28),
representing only 21% of the total of cases, and of those, 33,3% were
misdiagnosed (2/6). In an attempt to evaluate the effectiveness of ultrasound as
a fertility assessment tool, table 1 was compiled.

DISCUSSION
It is interesting to point out that only half of animals with a favorable
fertility prognosis (I), with or without lesions, were able to produce offspring after
the exam (6/12). This could be explained by insufficient US sensitivity to detect
alterations, reproductive problems caused by psychological/social factors or
incompetent reproductive partners. Regarding those great apes whose lesions
were thought to maybe compromise fertility, only 20% had offspring, which
continues to highlight the reproductive difficulties in captivity. Finally, as
expected, none of the subjects considered to have compromised fertility ended
up producing offspring after the examination.
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CONCLUSION
These results lead to the assumption that the suggested diagnosis and
fertility assessments were relatively in accordance with the offspring production
of the subjects. This is especially true in the cases when fertility was considered
to be “most likely compromised”. Thus, though offspring production could not be
safely guaranteed in the apparently reproductively competent animals, US
examinations have shown to be a useful tool to identify the reproductively
incompetent animals, integrating an appropriate reproduction management
program.

REFERENCES
BOLTON, R. L.; MASTERS, N. J.; MILHAM, P. et al. Environment and
reproductive dysfunction in captive female great apes (Hominidae). Veterinary
Record, v. 170, n. 26, p. 676-676, 2012.
CONDE, D. A.; FLESNESS, N.; COLCHERO, F. et al. An emerging role of zoos
to conserve biodiversity. Science, v. 331, n. 6023, p. 1390-1391, 2011
HABBEMA, J. D. F.; COLLINS, J.; LERIDON, H. et al. Towards less confusing
terminology in reproductive medicine: a proposal. Human Reproduction, v. 19,
n. 7, p. 1497-1501, 2004.
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geriatric female chimpanzees (Pan troglodytes). Comparative medicine, v. 62,
n. 2, p. 131, 2012
VIDEAN, E. N., SATTERFIELD, W. C., BUCHL, S. et al. Diagnosis and
prevalence of uterine leiomyomata in female chimpanzees (Pan troglodytes).
American journal of primatology, v. 73, n. 7, p. 665-670, 2011.
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16. CANIBALISMO EM PERIQUITOS AUSTRALIANOS (Melopsittacus


undulatus) – RELATO DE CASO

LUCAS ANDRÉ LUDWIG1, RENATO HERDINA ERDMANN1.


1 Pontifícia Universidade Católica do Paraná, campus Toledo

RESUMO: Relata-se um caso de canibalismo entre periquitos australianos


(Melopsittacus undulatus), com alteração comportamental de provável origem
nutricional e ambiental, onde a fêmea apresentou comportamento dominante,
agrediu o macho e praticou canibalismo, persistindo esse comportamento
mesmo com o parceiro em óbito.

RELATO DE CASO
Periquitos australianos (Melopsittacus undulatus), são aves ornamentais,
criados como animais de estimação, são frequentemente comercializados em
casas agropecuárias e os novos proprietários relatam que recebem pouca
instrução do comerciante sobre padrões de criação, sanidade e alimentação
das aves. Um periquito australiano, macho (figura 1a), foi levado para
atendimento em um hospital veterinário na região oeste do Paraná, com
histórico de agressão, através de bicadas, pela companheira de gaiola, uma
fêmea da mesma espécie.

Melopsittacus undulatus praticando canibalismo.


O animal apresentava lesões teciduais traumáticas em asa esquerda
com exposição óssea e sangramento (figura 1a), e veio a óbito antes mesmo
de ser manipulado e mesmo após o óbito, a fêmea continuava a bicar e comer
pedaços da asa do macho (figura 1b).
Segundo a proprietária, a fêmea sempre apresentou um comportamento
mais agressivo em relação ao macho, piorando após a alteração na ambiência
dos animais, em decorrência de uma obra de construção civil nas
proximidades. A fêmea se agitava muito e bicava a gaiola constantemente. A
alimentação do casal consistia apenas de alpiste e girassol e habitavam uma
gaiola metálica pequena (45x30x25 cm). Ambos animais se apresentavam
magros, mas sem caquexia.
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DISCUSSÃO
O bem-estar animal deve ser definido de forma que permita pronta
relação com outros conceitos, tais como: necessidades, liberdades, felicidade,
adaptação, controle, capacidade de previsão, sentimentos, sofrimento, dor,
ansiedade, medo, tédio, estresse e saúde (Broom & Molento, 2004). O
canibalismo é uma alteração do padrão comportamental em aves e é bem
relatada em criações de aves de postura (Tablante et al., 1999). Na avicultura,
o canibalismo é precedido pelo arrancamento das penas (Blokhuis e
Wiepkema, 1998), o que corrobora com o histórico do caso. Não foram
encontrados relatos de canibalismo entre periquitos australianos na literatura
pesquisada. Periquitos australianos que passam o dia sem nenhuma distração
podem começar a arrancar as penas e se automutilar (Matthew, 1992). Os
animais em questão passavam o dia todo trancados em uma gaiola metálica
pequena, sem nenhuma atividade lúdica ou física importante. A síndrome de
bicamento e arranchamento de penas é bem descrita em psitacídeos de várias
espécies e é relatada como origem física ou psicogênica e praticada como
automutilação (Cubas, 2006), mas a mutilação e pratica de canibalismo com
ingestão de fragmentos de outro individuo, são pouco descritas. Alterações
comportamentais são relatadas como indicadores da qualidade de bem-estar
dos animais, que pode ser mensurável pela expressão atitudinal do indivíduo
(Broom & Molento, 2004). É importante oferecer melhor qualidade de vida ás
aves cativas, providenciando amplitude de espaço, aves para companhia e
reprodução, ambientes limpos, iluminados e arejados, realizar o
enriquecimento ambiental e reduzir fatores estressantes (Cubas, 2006).

CONCLUSÃO
O canibalismo na espécie Melopsittacus undulatus é pouco relatada na
literatura. É provável que o estresse crônico e subnutrição sofrido pela fêmea
ao longo da vida tenham sido os fatores responsáveis pelo ato, como
geralmente ocorre na avicultura comercial e a consideração de alteração
comportamental advinda de um bem-estar inadequado possa ser referida e
prevenida com adequações nutricionais, ambientais e lúdicas nas aves de
gaiola.
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REFERÊNCIAS
BLOKHUIS, H. J.; WIEKPEMA, P. R. Studies of feather pecking in poultry. The
Veterinary Quarterly, v.20, n.1, p.6-9, 1998.
MATTHEW, M. The New Australian Parakeet Handbook. Hauppauge: Barron’s ,
1992. 145 p.
TABLANTE, N. L.; VAILLANCOURT, J. P.; MARTIN, S. W. et al. Spatial
Distribution of Cannibalism Mortalities in Commercial Laying Hens. Poultry
Science, v.79, n.5, p.705-708, 2000.
CUBAS, Z. S. Tratado de animais Selvagens. 1ª ed. São Paulo: Roca, 2006.
BROOM, D.M.; MOLENTO, C.F.M. Bem-estar animal: conceito e questões
relacionadas – revisão. Archives of Veterinary Science v. 9, n. 2, p. 1-11, 2004.
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17. CONCENTRAÇÕES PLASMÁTICAS DE PROTÉINAS E METABÓLITOS


EM CASCAVÉIS MANTIDAS EM CATIVEIRO

REBECCA ESPÍRITO SANTO DA CRUZ1, DANIELLE SOUZA VIEIRA1, GRACIELE


FREITAS CARDOSO3, EDNALDO CARVALHO GUIMARÃES2, VERA LÚCIA DE
CAMPOS BRITES3, ANTONIO VICENTE MUNDIM1,
1
Faculdade de Medicina Veterinária / UFU; 2Faculdade de Matemática / UFU;
3
Laboratório de Herpetologia no Instituto de Biologia / UFU

RESUMO: Com o objetivo de verificar as variações fisiológicas e influência do


sexo nas concentrações plasmáticas das proteínas e metabólitos em cascavéis
mantidas em cativeiro, foram analisadas amostras plasmáticas de 120
espécimes. Confrontados os valores entre os sexos, verificaram-se valores
superiores para colesterol total, lipoproteínas de alta densidade carreadoras de
colesterol (HDL-C) e triglicérides nas cascavéis fêmeas.

INTRODUÇÃO
A cascavel é uma serpente da família Viperidae, com ampla distribuição
geográfica e o gênero Crotalus é a única representante no Brasil conforme
Campbell e Lamar (1989). O estudo de seu perfil bioquímico pode fornecer
informações importantes sobre as condições metabólicas gerais desses
animais, auxiliando na manutenção das populações em cativeiro e no
diagnóstico de várias enfermidades. Dessa forma, o presente estudo teve como
objetivo verificar as variações fisiológicas e influência do sexo nas
concentrações plasmáticas das proteínas e metabólitos em cascavéis mantidas
em cativeiro.

MATERIAL E MÉTODOS:
Foram analisadas amostras de sangue de 120 cascavéis (Crotalus
durissus collilineatus) adultas, 60 machos e 60 fêmeas mantidas em cativeiro.
Foram coletadas em cada serpente 2 mL de sangue por punção do seio
venoso paravertebral cervical, em seringas heparinizadas. Após centrifugação
do sangue a 720 g, determinou-se em cada amostra as concentrações
plasmáticas das proteínas e metabólitos em analisador automático de
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bioquímica Chemwell utilizando kits comerciais da Labtest Diagnóstica®. Para


confrontar os valores entre machos e fêmeas das variáveis albumina, globulina,
proteína total, creatinina e colesterol total utilizou-se ANOVA seguido do teste
de Tukey. Os valores da relação A: G, ureia e HDL foram transformados em log
e posterior aplicação da ANOVA seguido do teste de Tukey. Ambas as análises
utilizou-se nível de significância de 5% e o software SISVAR. Para ácido úrico e
triglicérides aplicou-se o teste não paramétrico Wilcoxon Mann Whitney, com
5% de significância, utilizando o Action.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram encontrados os seguintes valores: proteínas totais 5,41±0,93
g/dL, albumina 1,19±0,26 g/dL, globulinas 4,23±0,82 g/dL, relação A: G
0,29±0,08, ácido úrico 1,58±0,82 mg/dL, creatinina 0,55±0,23 mg/dL, ureia
6,29±6,46 mg/dL, colesterol total 196,65±60,73 mg/dL, HDL-C 27, 17±15,95
mg/dL e triglicérides 53,35±50,85 mg/dL. Confrontados os valores entre
machos e fêmeas, verificaram-se valores superiores para colesterol total, HDL-
C e triglicérides nas cascavéis fêmeas. Atribui as maiores concentrações
plasmáticas destes elementos nas fêmeas ao estado reprodutivo e
vitelogênese. Campbell (2006) afirma que as concentrações plasmáticas de
colesterol e triglicérides são significativamente maiores em iguanas fêmeas.
Lamirande et al. (1999) associa os maiores valores de colesterol nas fêmeas
com a vitelogênese.

CONCLUSÃO
Esses resultados reforçam a importância de se considerar o sexo na
interpretação dos valores de proteínas e metabólitos plasmáticos em
cascavéis.

NOTA INFORMANDO APROVAÇÃO POR COMITÊ DE ÈTICA: O projeto foi


aprovado pelo CEUA, conforme protocolo nº 149/13 e autorização do ICMBio
pelo SISBio nº 42135-1.
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REFERÊNCIAS
CAMPBELL, J. A.; LAMAR, W. W. The Venomous Reptiles of Latin America.
Ithaca: Cornell University Press, 1989. 425 p.
CAMPBELL, T. W. Clinical pathology of reptiles. In: MADER, D. R. Reptile
Medicine and Surgery. Missouri: Saunders Elsevier, 2006, p. 490-532.
LAMIRANDE, E. W.; BRATTHAUER, A. D.; FISCHER, D. C. et al. Reference
hematologic and plasma chemistry values of brown tree snakes (Boiga
irregularis). Journal of Zoo and Wildlife Medicine, v. 30, n. 4, p. 516-520, 1999.
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18. CURATIVO BIOCOMPATÍVEL COM GELATINA COMESTÍVEL PARA


PREENCHIMENTO DE CAVIDADE ANOFTÁLMICA APÓS EXENTERAÇÃO
DE BULBO OCULAR EM UM PUMA (Puma concolor) – RELATO DE CASO

FÁBIO LUIZ GAMA GÓES1, MARCELO ROCHA CARNEIRO2, EVANDRA MARIA


VOLTARELLI-PACHALY3, FABIANO MONTIANI-FERREIRA4, JOSÉ RICARDO
PACHALY5
1
Parque Ecológico, Gerência de Suportes e Serviços, Klabin S/A; 2 Doutorando do
PPG em Animais Selvagens – UNESP/Botucatu; 3 ESPECIALVET; 4 Professor do PPG
em Ciências Veterinárias – UFPR; 5 Professor do PPG em Ciência Animal – UNIPAR.

RESUMO: Este artigo relata o uso bem sucedido de gelatina comestível


embebida em gentamicina como curativo biocompatível para preencher a
cavidade anoftálmica, após exenteração de bulbo ocular em um macho adulto
de puma (Puma concolor) de vida livre.

INTRODUÇÃO
Os procedimentos cirúrgicos em animais selvagens de médio e grande
porte representam um grande desafio na rotina do médico veterinário, devido à
ausência de condicionamento na maioria dos indivíduos cativos e em
praticamente todos os animais de vida livre. Isso significa que ao menor
contato humano os animais apresentam inevitáveis reações de estresse com
prejuízos à homeostase. Processos de automutilação podem interferir na
cicatrização de feridas cirúrgicas, e PACHALY et al. (2000, 2001, 2005)
indicam o uso de fármacos neurolépticos como moduladores comportamentais
nessas situações. A remoção cirúrgica do bulbo ocular altera a anatomia e a
fisiologia da órbita, levando a deformidades em consequência da perda de
volume, com mobilização dos tecidos da cavidade orbitária (NARIKAWA et al.,
2011). PACHALY e VOLTARELLI-PACHALY (2014) mencionam o emprego de
gelatina comestível sem sabor associada à gentamicina para preenchimento de
cavidades alveolares em procedimentos de exodontia realizados em várias
espécies de animais selvagens.
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RELATO DE CASO
Um puma (Puma concolor) macho adulto proveniente da natureza, com
massa corporal de 41,0 Kg, foi avaliado clinicamente, com diagnóstico de
atrofia do olho esquerdo e indicação de cirurgia de exenteração do bulbo ocular
afetado. Para o procedimento cirúrgico, o animal foi contido
farmacologicamente pela associação de zolazepam + tiletamina (Zoletil-100®,
detomidina (Dormiun-V®), haloperidol (Haldol® 0,5%) e atropina 1%. Para
preparo da combinação adiciona-se ao conteúdo desidratado de um frasco de
Zoletil-100® 0,50 mL de atropina 1%, 0,53 mL de Dormiun-V®, 1,4 mL de
haloperidol 0,5% e 0,15 mL de água destilada. Com essa combinação se
obtém um volume final de exatamente 3,0 mL no frasco. O método de preparo
da solução anestésica concentrada seguiu as indicações gerais de PACHALY e
VOLTARELLI-PACHALY (2011) para obtenção da combinação denominada
“ZAD”. Para captura e contenção do paciente a dose de 0,77 mL da mistura foi
administrada por via intramuscular (IM) por meio de um dardo, representando
3,12 mg/kg de zolazepam + tiletamina, 0,033 mg/kg de detomidina, 0,058
mg/kg de haloperidol e 0,031 mg/kg de atropina. A manutenção da anestesia
foi feita com isoflurano 100% (Isoforine®) em sistema fechado. O procedimento
cirúrgico foi realizado conforme preconizado por SLATTER (2005), iniciando
por uma incisão transpalpebral seguida por dissecção das conjuntivas, glândula
lacrimal e desinserção de todos os músculos extraoculares, rotação medial do
bulbo ocular, transfixação e seccionamento do nervo óptico, com remoção do
bulbo e seus anexos. A seguir, para preencher a cavidade anoftálmica foram
empregadas 24,0 g de gelatina comestível sem sabor incolor em pó (Dr.
Oetker®) como material para o curativo. A gelatina granulada foi retirada
diretamente da embalagem comercial, diluída e homogeneizada em 10,0 mL de
sangue que foi colhido do próprio animal e 6,0 mL de gentamicina a 4,0 %
(Gentatec®), e a mistura foi aplicada à ferida cirúrgica até total preenchimento
da cavidade.
Terminada a intervenção e antes da recuperação anestésica plena,
administrou-se por via IM a dose de 2,44 mg/kg de decanoato de haloperidol
(Haldol Decanoato®), como modulador comportamental, com a finalidade de
reduzir a possibilidade de complicações pós-operatórias devidas ao estresse.
Como antibiótico administrou-se enrofloxacina (Baytril 10%® por via IM, na
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dose de 10,0 mg/kg durante cinco dias), e como antiinflamatório foi usado
cetoprofeno (Ketofen® por via IM, na dose de 2,0 mg/kg durante três dias). No
período pós-operatório o paciente foi cuidadosamente avaliado, e não interferiu
de forma alguma na ferida suturada, mantendo comportamento bastante
tranqüilo para um animal de vida livre recém-capturado. Não se observou
secreção ou qualquer sinal de inflamação, e as suturas foram removidas 10
dias após cirurgia, com alta médica e alocação do animal em um recinto
adequado.

DISCUSSÃO
O procedimento cirúrgico foi executado da maneira preconizada por
SLATTER (2005), e o emprego de gelatina comestível associada à gentamicina
para preenchimento da cavidade anoftálmica foi bem sucedido, como
observado por PACHALY e VOLTARELLI-PACHALY (2014) que usaram o
método para preenchimento de cavidades alveolares após extrações dentais. O
paciente não interferiu na sutura, o que sugere a possibilidade da ação
preventiva do decanoato de haloperidol sobre processos de automutilação que
podem ser observados em carnívoros domésticos e selvagens (PACHALY et
al., 2000, 2001, 2005).

CONCLUSÃO
A técnica apresentada teve resultado positivo e este caso indica seu
potencial para ser empregada rotineiramente para reposição do volume da
cavidade anoftálmica em pumas e outras espécies selvagens e domésticas,
enfatizando-se o baixo custo dos materiais empregados.

REFERÊNCIAS
NARIKAWA, S. et al. Enxerto dermoadiposo em cavidades anoftálmicas
secundárias – estudo retrospectivo e revisão de literatura. Revista brasileira de
oftalmologia, v. 70, n.6, p. 411-415, 2011.
PACHALY, J.R. et al. Neurolepsia prolongada com decanoato de haloperidol no
tratamento de dermatite psicogênica em lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) –
Relato de caso. Revista brasileira de ciência veterinária, v.7, (supl.), p. 226,
2000.
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PACHALY, J.R. et al. Uso de decanoato de haloperidol, com protocolos


posológicos calculados por meio de extrapolação alométrica interespecífica, no
tratamento de dermatites por lambedura em cães domésticos – Relato
preliminar. Arquivos de ciências veterinárias e zoologia da UNIPAR. v. 4, n. 2,
p. 249. 2001.
PACHALY, J.R. et al. Neurolepsia prolongada com decanoato de haloperidol no
tratamento de dermatite psicogênica em um cão doméstico (Canis familiaris
Linnaeus, 1758). Arquivos de ciências veterinárias e zoologia da UNIPAR, v.8,
n.1, p. 87-91, 2005.
PACHALY, J.R.; VOLTARELLI-PACHALY, E.M. Novo método para contenção
farmacológica e anestesia de campo em leões (Panthera leo), empregando a
fórmula ZAD (Zoletil/100 + Atropina + Dormiun-V) Relato preliminar. A hora
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PACHALY, J.R.; VOLTARELLI-PACHALY, E.M. Periodontia e exodontia. In:
CUBAS, Z.S. et al. Tratado de animais selvagens – Medicina veterinária, 2. ed.,
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019.CURVAS DE CRESCIMENTO PARA FILHOTES DE GUARÁ


(Eudocimus ruber) CRIADOS NO PARQUE MANGAL DAS GARÇAS

STEFÂNIA ARAÚJO MIRANDA 1,2, IGOR CHAMON ASSUMPÇÃO SELIGMANN 1,


LÉLIO LUIS MOTA SILVA JÚNIOR 1, SHEYLA FARHAYLDES SOUZA DOMINGUES
2
, NAIANNA COSTA MOREIRA 1, CAMILA DA CONCEIÇÃO CORDEIRO 1
1
Parque Mangal das garças, Belém, PA, Brasil; 2 Programa de Pós-Graduação em
Ciência Animal, UFPA, Belém, PA, Brasil

RESUMO: O objetivo foi elaborar equações para estimar a idade e avaliar o


crescimento de filhotes de guarás criados artificialmente, por meio de pesagens
e biometrias do rádio. A regressão exponencial apresentou os coeficientes
significativos e coeficientes de determinação altos. O modelo exponencial foi o
mais adequado para avaliar o desenvolvimento e estimar a idade dos filhotes
de guará.

INTRODUÇÃO
O guará (Eudocimus ruber) já é considerado extinto em algumas regiões
do Brasil (Ebird, 2015). Sendo assim, a criação artificial dessa espécie pode ser
uma ferramenta importante para a conservação. A obtenção de parâmetros na
avaliação do desenvolvimento dos filhotes é importante na criação artificial
como auxílio ao diagnóstico de restrição de crescimento, o qual pode ocorrer
por fatores nutricionais ou ambientais (Pelicano et al., 2005). Portanto, o
objetivo foi elaborar equações para determinar a idade e avaliar o crescimento
de filhotes de guarás criados artificialmente, por meio de pesagens e biometrias
do rádio.

MATERIAL E MÉTODOS
A cada sete dias, quinze filhotes de guará foram pesados com balança
digital, e as medidas do rádio foram obtidas com um paquímetro. As análises
de regressão linear, polinomial do 2º grau, exponencial e logarítmica foram
utilizadas para mostrar a relação da idade com o peso e o comprimento do
rádio. Os resultados foram considerados significativos quando o P<0,05.
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RESULTADOS
Nas regressões linear, polinomial e logarítmica, o peso e o comprimento
do rádio iniciais foram subestimados e os coeficientes não foram significativos.
Nas regressões logarítmicas os coeficientes de determinação foram baixos.
Portanto, as curvas de regressão para o peso e o rádio foram mais bem
expressas pelo modelo exponencial, apresentando todos os coeficientes
significativos, bem como coeficientes de determinação altos.

DISCUSSÃO
A falta de estudos sobre curvas de crescimento para guarás e aves
silvestres em geral, dificultam a comparação entre as equações. Em frangos de
corte, o crescimento foi melhor expresso igualmente pelos modelos não
lineares e os piores resultados foram obtidos com a linear, pois o peso inicial
também foi subestimado (Freitas et al., 1984).

CONCLUSÃO
Foi possível elaborar curvas de crescimento para filhotes de guará e o
modelo exponencial foi o mais adequado para avaliar o desenvolvimento e
estimar a idade dos filhotes.

NOTA INFORMATIVA: A criação do guará foi autorizada pelo IBAMA


(Nº1501.8612/2014-PA).

REFERÊNCIAS
EBIRD. Eudocimus ruber. Disponível em: <www.ebird.org>. Acesso em: 09 jul
2015.
FREITAS, A. R.; ALBINO, L. F. T.; MICHELAN FILHO, T. et al. Modelos de
curvas de crescimento em frangos de corte. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
v. 19, n. 9, p. 1057-1064, 1984.
PELICANO, E. R. L.; BERNAL, F. E. M.; FURLAN, R. L. et al. Efeito da
temperatura ambiente e da restrição alimentar protéica ou energética sobre o
ganho de peso e crescimento ósseo de frangos de corte. Arquivo Brasileiro de
Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 57, n. 3, jun 2005.
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20. DADOS CRANIOMÉTRICOS DE CURICACAS (THERISTICUS


CAUDATUS)

1LaísCristine Werner, 1Luana Célia Stunitz da Silva, 1Rodrigo Antonio Martins


de Souza
1Docente do Departamento de Medicina Veterinária, UNICENTRO-PR

RESUMO: A curicaca apresenta distribuição exclusivamente sul-americana e é


uma espécie com grande adaptabilidade a ambientes antropizados. Foram
realizadas mensurações em crânios dessas aves visando contribuir para sua
anatomia bem como para a anatomia veterinária comparada. Foram analisados
os aspectos craniométricos de 6 curicacas (Theristicus caudatus) adultas
doadas ao Laboratório de Anatomia Animal, das quais os crânios foram
preparados por técnica osteológica. Foi mensurado o comprimento máximo do
crânio; largura máxima do crânio; altura máxima; largura caudal máxima;
distância entre o rostro maxilar e o processo pós-orbitário; distância entre o
rostro maxilar e a região mais alta do crânio; distância entre o rostro maxilar e a
porção basilar do rostro para-esfenoide; distância dos processos para-occipitais
entre si; e comprimento e largura do forame magno. Os dados obtidos nesta
pesquisa elucidam a craniometria da curicaca, servindo assim de subsídio para
estudos de anatomia comparada.

INTRODUÇÃO
A curicaca é uma ave da Ordem Ciconiiformes e família
Threskiornithidae que possui pernas altas e asas largas de coloração clara, e
marcas pretas na região perioftálmica (SICK, 1997). Possui distribuição sul-
americana e mesmo sendo uma espécie com grande adaptabilidade a
ambientes antropizados apresenta características anatômicas ainda não
descritas. O objetivo deste estudo foi o de obter mensurações em crânios de
curicacas visando contribuir para a anatomia da espécie bem como para a
anatomia veterinária comparada.

MATERIAL E MÉTODOS
Foram analisados os aspectos craniométricos de 6 curicacas adultas
que vieram a óbito por causas naturais e foram doadas para estudos
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anatômicos. As mensurações dos crânios dos animais foram realizadas após a


prévia retirada de pele, fáscias e musculatura superficial com instrumental
cirúrgico e posterior cocção. A clarificação foi feita com H2O2 e uma nova
limpeza de tecidos finalizou a preparação das cabeças. Com a utilização de um
paquímetro analógico em escala milimétrica foram mensuradas as seguintes
medidas: comprimento máximo do crânio, da extremidade livre do rostro
maxilar ao ponto mais caudal do osso supraoccipital; largura máxima do crânio
mensurada entre os processos pós-orbitais direito e esquerdo; altura máxima
do crânio mensurada da porção basilar do rostro para-esfenoide a região mais
alta do crânio (ponto comum entre as suturas supra-occipitoparietal, interfrontal
e frontoparietal); largura caudal máxima mensurada entre os processos
suprameáticos direito e esquerdo; distância entre o rostro maxilar e o processo
pós-orbitário; distância entre o rostro maxilar e a região mais alta do crânio;
distância entre o rostro maxilar e a porção basilar do rostro para-esfenoide;
distância dos processos para-occipitais entre si; e comprimento e largura do
forame magno, dadas como valor médio, mas relatando-se o desvio padrão
(sd).

RESULTADOS
O valor médio para comprimento máximo do crânio foi de 194,4 mm (sd:
±7,9 mm); o valor médio para largura máxima do crânio foi de 34,5 mm (sd:
±0,9 mm); valor médio da altura máxima foi de 28,4 mm (sd: ±1,4 mm); valor
médio da largura caudal máxima foi de 29,1 mm (sd: ±0,6 mm); o valor médio
da distância entre o rostro maxilar e o processo pós orbitário foi de 175,9 mm
(sd: ±7,2 mm); valor médio da distância entre o rostro maxilar e a região mais
alta do crânio foi de 183,4 mm (sd: ±0,93 mm); a distância entre o rostro
maxilar e a porção basilar do rostro para-esfenoide foi de 159 mm (sd: ±17,8
mm); valor médio da distância dos processos para-occipitais entre si foi de 24,9
mm (sd: ±0,6 mm); e valor médio do comprimento e largura do forame magno
foi respectivamente 7,9 mm (sd: ±1 mm) e 7,9 mm (sd: ±0,2 mm).

DISCUSSÃO
Como base, foi utilizado para a realização deste trabalho, o relato de
craniometria com pinguins de Magalhães realizado por Machado et al. (2006),
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uma vez que, trabalhos como estes no segmento de aves ainda não abrangem
todas as suas ordens. Com relação às medidas, foi aferido 121,14 mm para o
comprimento máximo do crânio de pinguins, sendo que este valor em curicacas
foi superior 23,3 mm, quanto a largura máxima do crânio, esta foi maior em
pinguins, totalizando um valor médio de 46,86mm para a 34,5mm em
curicacas, O valor médio da altura máxima foi de 28,4 mm em curicacas,
apresentando variação de mais 2,4 mm em pinguins. Machado et al. (2006)
encontrou o valor de 45,84 mm para a largura caudal máxima do crânio de
pinguins, enquanto em curicacas o valor médio foi de 29,1 mm. A distância
entre o rostro maxilar e o processo pós-orbitário em pinguins teve média de
97,05 mm, a média das medidas entre esses acidentes ósseos nas curicacas
deste trabalho, foi encontrado um valor de 175,59 mm. Curicacas apresentam
uma diferença de 74,35 mm em relação aos pinguins no valor médio da
distância entre o rostro maxilar e a região mais alta do crânio. A distância entre
o rostro maxilar e a porção basilar do rostro para-esfenoide em pinguins foi de
100,55mm, em curicacas o valor foi 58,45 mm maior. Com relação ao valor
médio da distância dos processos para-occipitais entre si foi de 24,9mm nas
curicacas e de 37,33mm em pinguins. Sendo uma característica das curicacas,
apesar do menor valor em comparação aos pinguins, àquelas apresentam
processos para-occipitais bem desenvolvidos (Ferreira e Donatelli, 2005). O
comprimento e a largura do forame magno ora encontrados foram menores em
relação aos mesmos valores em pinguins, os quais abarcaram 10,05mm e
10,75mm, respectivamente (Machado et al., 2005).

CONCLUSÃO
Os dados obtidos nesta pesquisa elucidam a craniometria da curicaca
(Theristicus caudatus), servindo de subsídio para estudos de anatomia
comparada bem como para conhecimento acerca da morfologia de tal espécie
aviária.

REFERÊNCIAS
FERREIRA, C. D.; DONATELLI, R. J. Osteologia craniana de Platalea Ajaja
(Linnaeus) (Aves, Ciconiiformes), comparada a outras espécies de
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Threskiornithidae. Revista Brasileira de Zoologia, v. 22, n. 3, p. 529 – 551,


2005,
MACHADO, M.; HADEL, V. F.; BOMBONATO, P. P. Craniometria em pinguim
de Magalhães (Spheniscus magellanicus). In: X Congresso e XV Encontro da
Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens, 2006. Anais...
São Pedro-SP: ABRAVAS, 2006.
SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1997, 912p.
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21. DETECÇÃO DE ANDRÓGENOS FECAIS POR ENZIMOIMUNOENSAIO E


QUIMIOLUMINESCÊNCIA EM GATO-MARACAJÁ (Leopardus wiedii)

RENATO HERDINA ERDMANN1,3, ERICO BOFFO1, ZALMIR SILVINO CUBAS2,


WANDERLAI MORAIS2, MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA2, NEI MOREIRA3.
1) - PUCPR campus Toledo; 2) – ITAIPU; 3) – UFPR PGZoologia.

RESUMO: A detecção dos andrógenos em extratos fecais de felídeos cativos


permite verificar alterações de níveis hormonais longitudinais e correlacionar
com fertilidade e atividade reprodutiva dos machos. Este trabalho realizou a
validação biológica de dois testes para detecção de metabólitos fecais de
testosterona em gatos-maracajá por enzimoimunoensaio (EIA) e
quimioluminescencia (CLIA). A estimulação com análogo de GnRH, em
machos de gatos-maracajás (n=3), apresentou uma resposta fisiológica em
todos os animais, com aumento de excreção de andrógenos fecais em dias
subsequentes, que foi detectado pelos métodos de CLIA-testosterona e EIA-
testosterona e ambos com forte correlação (r=0,9299 com p<0,0001) entre
eles, caracterizando a eficácia dos testes para finalidade proposta.

INTRODUÇÃO
O monitoramento endócrino pela mensuração de metabólitos de
hormônios esteroides em fezes e urina tem sido uma alternativa viável na
investigação da fisiologia reprodutiva em uma grande variedade de aves e
mamíferos (Pereira, 2007). A detecção dos andrógenos em extratos fecais
permite verificar se as alterações esperadas de níveis hormonais, pela
aplicação de análogo de GnRH, estão ocorrendo, pela estimulação exógena e
se os testes empregados são capazes de detecta-las. Neste trabalho buscou-
se a validação biológica de dois testes para detecção de metabólitos de
testosterona em gatos-maracajá e que estejam disponíveis comercialmente no
Brasil.

MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho teve autorização SISBIO nº 38908-1 e CEUA 26/2010
Palotina. Foram utilizados machos de Leopardus wiedii (n=3), adultos,
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mantidos em cativeiro, todos alojados individualmente em um Criadouro de


Animais Silvestres localizado em Foz do Iguaçu – PR (25º54’45” S; 54º58’07”
W). Os felídeos receberam dieta controlada e estavam expostos a fotoperíodo
natural, sendo que este experimento ocorreu no período de primavera e verão
do hemisfério sul. Todos os animais do experimento foram considerados
hígidos.
Os animais tiveram amostras fecais coletadas por 11 dias e no dia 6
foram submetidos à estimulação hormonal com 0,005 mg IM de acetato de
gonadorelina (análogo ao GnRH). As amostras fecais foram processadas com
um protocolo modificado de Schwarzemberger et al. (1991) para obtenção do
extrato.
O extrato fecal foi avaliado para detecção de andrógenos fecais,
buscando identificar resposta endócrina dos animais frente aos estímulos
hormonais sofridos, para isso as amostras foram diluídas em solução tampão
PBS 1:4. Foi realizado validação de ensaio quantitativo de metabólitos fecais
de andrógenos com leitura por enzimoimunoensaio (EIA) em equipamento
automatizado com faixa de leitura de 450±10 nm, utilizando-se placas
comerciais para testosterona (Testosterone EIA-1559, DRG®International, Inc.,
EUA) e para leitura por quimioluminescencia (CLIA) foi utilizado o kit Access
testosterone assay CLIA-33560 (Beckman Coulter, CA EUA).

RESULTADOS
Em L. wiedii a estimulação com análogo de GnRH apresentou uma
resposta fisiológica em todos os animais, com aumento de excreção de
andrógenos fecais em dias subsequentes, que foi detectado pelos métodos de
CLIA-testosterona e EIA-testosterona. Houve forte correlação (r=0,9299 com
p<0,0001) entre os métodos EIA e CLIA para detecção de andrógenos fecais
em L. wiedii, embora, as médias de valores na CLIA tenham sido em média
42,16% menores (p=0,0066), mas as curvas gráficas foram similares, figuras 1
e 2.
Nas diluições seriadas de (1:2 a 1:64) de extrato fecal, para mensuração
de andrógenos fecais, houve forte correlação entre os valores encontrados e
diluições propostas nos métodos CLIA (r=0,998 e p<0,001) e EIA (r=0,989 e
p<0,001), caracterizando a linearidade do teste nos dois ensaios.
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DISCUSSÃO
Os dois testes empregados detectaram alterações endócrinas sofridas
pelos animais, quando estimulados com hormônios exógenos. Os valores
numéricos das concentrações de metabólitos fecais podem variar conforme a
espécie, técnica de extração ou teste empregado, mas as oscilações
endócrinas devem ser identificadas. Também para a validação de ensaios
endócrinos uma das etapas é a verificação do paralelismo com a curva padrão.
A curva padrão indica a sensibilidade do ensaio, com isso verifica-se a
correlação entre quantidade de hormônio detectada e a diluição correta da
amostra (Paz et al., 2009), conforme apresentado nos resultados deste
trabalho.

CONCLUSÃO
Os Kits EIA-1559 e CLIA-33560 foram eficazes na detecção alteração
dos níveis de andrógenos fecais de L. wiedii. Houve boa correlação (r=0,9299
com p<0,0001) entre os testes. Os kits utilizados apresentaram boa linearidade
em diluições seriadas. Agradecimento à ITAIPU Binacional e Fundação
Araucária.

BIBLIOGRAFIA
PEREIRA, R.J.G; Métodos não-invasivos para análises hormonais aplicadas
aos estudos de ecologia e etologia. R. Bras. Zootec., v.36, Suplemento
especial, p.71-76, 2007
PAZ, R. D., ADANIA, C. H., OLIVEIRA, C. D., et al. Progesterone and estradiol
commercial kits validation in serum of ocelots (Leopardus pardalis) and tigrina
(Leopardus tigrinus). Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal.
Science, v. 46, n. 3, p. 237-244, 2009.
SCHWARZEMBERGER, F. et al. Concentration of progestagens and
oestragens in the faeces of pregnant Lipizzan, Trotter and Thoroughbred
mares. Journal of Reproduction and Fertility, v. 44, p. 489-499, 1991.
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22. DETECÇÃO DE ANTICORPOS CONTRA O VÍRUS DA CINOMOSE EM


CANÍDEOS SELVAGENS CATIVOS NO ESTADO DE MATO GROSSO

ISIS INDAIARA GONÇALVES GRANJEIRO TAQUES1, DANIEL MOURA DE


AGUIAR1, AMAURI ALCINDO ALFIERI2, JULIANA TORRES TOMAZI FRITZEN2,
STÉPHANIE FERGUSON MOTHEO1, THAÍS OLIVEIRA MORGADO1
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
2
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

RESUMO: O vírus da cinomose canina(CDV) tem acometido diferentes


espécies de carnívoros selvagens e ocasionam impactos negativos em
diferentes populações. Objetivou-se detectar a ocorrência de anticorpos anti-
CDV em espécies de carnívoros cativos do Zoológico da Universidade Federal
de Mato Grosso (Zoo-UFMT). O total de 90% dos canídeos apresentaram
anticorpos anti-CDV. É necessário o monitoramento sorológico de CDV em
canídeos cativos. Na conservação de animais selvagens (Cleaveland et al.
2007). O vírus da cinomose canina (CDV) é responsável por uma enfermidade
emergente em carnívoros selvagens (Tompkins et al. 2015). Levantamentos
sorológicos realizados em áreas de preservação, demonstra a ocorrência de
anticorpos anti-CDV em espécies de canídeos (Hayashi et al. 2013; Jorge et al.
2010). Objetivou-se neste estudo detectar a ocorrência de anticorpos anti-CDV
em carnívoros cativos no Zoológico da Universidade Federal de Mato Grosso
(Zoo-UFMT).

MATERIAL E MÉTODOS
Foram coletadas amostras sanguíneas de cinco Cerdocyon thous, dois
Speothos venaticus, dois Crisocyon brachyurus e um Pseudalopex vetulus
cativos entre 2007 e 2014. Os testes sorológicos foram realizados partir da
técnica da Soroneutralização Viral (SN) descrita por Appel e Robson (1973). O
presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais e
Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade sob os números
23108.029695/14-8 e 42303-1, respectivamente.
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RESULTADOS
Quatro C.thous (4/5), dois C.brachyurus (2/2), dois S.venaticus (2/2) e
um P.vetulus (1/1) mostraram-se reagentes para o CDV e os títulos variaram
de 8-64.

DISCUSSÃO
A ocorrência de anticorpos em canídeos cativos já foi previamente
demonstrada. Maia e Gouveia (2002) relataram 9% da mortalidade causada
pelo CDV em C.brachyurus provenientes de diferentes zoológicos do Brasil.
Thalwitzer et al. (2010) descrevem o maior potencial de disseminação de CDV
em animais de Zoológico, podendo justificar o elevado número de animais
reagentes. Observa-se ao redor do Zoo-UFMT bairros residenciais com
presença de cães domésticos. Além disso, apesar da entrada de animais
domésticos não ser permitida, é comum observar cães errantes ou mesmo
junto aos seus proprietários na pista de caminhada localizada no entorno do
zoológico. Esta interação tem sido sugerida como determinante para a
transmissão, (van de Bildt et al. 2002; Megid et al. 2010) indicando ser um forte
indício de fonte de infecção aos canídeos selvagens do Zoo-UFMT. Dentre as
espécies reagentes, este estudo demonstra o primeiro relato de anticorpos em
Pseudalopex vetulus (Curi et al. 2010; Hayashi et al. 2013).

CONCLUSÃO
Estudos sorológicos podem contribuir no monitoramento e controle do
CDV em populações cativas.

REFERÊNCIAS
APPEL, M.; ROBSON, D.S. A microneutralization test for canine distemper
virus. American Journal of Veterinary Research, v.34, n.11, p.1459-1463, 1973.
BILDT, M.W.G.; KUIKEN, T.; VISEE, A.M. et al. Distemper outbreak and its
effect on African Wild Dog conservation. Emerging Infectious Diseases, v.8, n.2,
p.211-213, 2002.
CURI, N.H.A.; ARAÚJO, A.S.; CAMPOS, F.S. et al. Wild canids, domestic dogs
and their pathogens in Southeast Brazil: disease threats for canid conservation.
Biodiversity and Conservation, v.19, p.3513-3524, 2010.
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HAYASHI, E.M.K. Pesquisa de cinomose, parvovirose e brucelose em


carnívoros selvagens de vida livre e cães domésticos da região do Parque
Nacional das Emas, Goiás. 2013. São Paulo. 35p. Dissertação - Programa de
Pós-Graduação em Epidemiologia Experimental e Aplicada às Zoonoses,
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.
JORGE, R.S.P.; ROCHA, F.L.; MAY-JUNIOR., J.A. et al. Ocorrência de
patógenos em carnívoros selvagens brasileiros e suas implicações para a
conservação e saúde pública. Oecologia Australis, v.14, n.3, p.686-710, 2010.
MAIA, O.B.; GOUVEIA, A.M.G. Birth and mortality of maned wolves
Chrysocyon brachyurus (Illiger, 1811) in captivity. Brazilian Journal of Biology,
v.62, p.25-32, 2002.
MEGID, J.; TEIXEIRA, C.R.; AMORIN, R.L. et al. First Identification of Canine
Distemper Virus in Hoary Fox (Lycalopex vetulus): pathologic aspects and virus
phylogeny. Journal of Wildlife Diseases, v.46, n.1, p.303-305, 2010.
THALWITZER, S.; WACHTER, B.; ROBERT, N. et al. Seroprevalences to Viral
Pathogens in Free-Ranging and Captive Cheetahs (Acinonyx jubatus) on
Namibian Farmland. Clinical and Vaccine Immunology, v.17, p.232-238, 2010.
TOMPKINS, D.M.; CARVER, S.; JONES, M.E. et al. Emerging infectious
diseases of wildilife: a critical perspective. Trends in Parasitology, v.31, p.149-
159, 2015.
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23. Determinação da microbiota Bacteriana presente na cloaca e


orofaringe de arara canindé (Ara ararauna)

ANDRÉA CHRISTINA FERREIRA MEIRELLES1, JANINE SLONGO2


PAULO FIGUEIRA1, MICHELLY BATTISTI1,
CARLA BAHIENSE1
1
Docente; 2Discente - Medicina Veterinária PUCPR - Toledo

RESUMO: Este trabalho teve como objetivo realizar a pesquisa da microbiota


bacteriana de orofaringe e cloaca de araras canindés mantidas em cativeiro.
Foram coletadas amostras de 11 animais, a partir dos swabs, colhidos
assepticamente, foi realizado o isolamento e a caracterização bacteriana.
Foram encontrados na microbiota da região de orofaringe Staphylococcus spp.,
Klebsiella spp.. A microbiota da região de cloaca foi constituída de E. coli,
Klebsiella spp., Salmonella sp.. Os gêneros de microrganismos isolados com
maior frequência nos psitacídeos da pesquisa foram: E. coli, Salmonella sp.,
Klebsiella sp., Staphylococcus spp.

INTRODUÇÃO
Os psitacídeos são aves que ocupam todo o globo terrestre, desde
áreas tropicais até regiões frias. Existem cerca de 78 gêneros e 332 espécies
de psitacídeos. Cerca de 100 espécies estão na América do Sul e 80 no Brasil
(Allgayer e Cziulik, 2007). De acordo com Tortora et al. (2000), o conhecimento
da microbiota que compõe as diferentes áreas do organismo é de importância
reconhecida para a compreensão de doenças infecciosas que podem acometer
os animais. A manutenção da microbiota está sujeita à mudanças físicas,
químicas, imunológicas, bem como muitos fatores microbiológicos que são
pouco compreendidos. O resultado de interações entre o hospedeiro e o
microrganismo consiste em ecossistema composto por inúmeros nichos, cada
qual habitado por microrganismos mais adaptados àquela região anatômica.
Alterações em um desses elementos do ecossistema podem favorecer a
multiplicação de um microrganismo presente na microbiota, levando ao
desencadeamento de uma doença. Tendo em vista a importância do estudo da
microbiota que compõe as diferentes áreas do organismo de psitacídeos tem
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importância reconhecida para a compreensão de doenças infecciosas que


podem acometer os mesmos, objetivou-se com o presente estudo isolar e
identificar a microbiota bacteriana da cavidade oral e cloacal em araras
canindés (Ara ararauna) mantidas em cativeiro.

MATERIAL E MÉTODOS
Foram coletadas amostras de 11 araras, sem distinção de sexo e idade,
em região orofaríngea e cloacal. Realizou-se semeaduras em Ágar McConkey,
posteriormente as placas foram incubadas a 37ºC, por até 30 dias, com leituras
diárias. Foram realizados testes bioquímicos utilizando os meios: TSI, MILi e
Citrato de Simons.

RESULTADOS
Os gêneros bacterianos isolados em região de orofaringe e cloaca de
araras canindé (Ara ararauna) mantidas em cativeiro na região oeste do
Paraná, estão descritos na Tabela 1.
Tabela 1 - Resultado do teste bioquímico para confirmar presença de
microrganismos em região de orofaringe e cloaca de araras canindé (Ara
ararauna, Linnaeus, 1758) mantidas em cativeiro na região oeste do Paraná.

DISCUSSÃO
Bactérias do gênero Staphylococcus spp. foram isoladas em 27,3% das
amostras de região orofaríngea de araras canindés. Esse gênero é comumente
isolado da microbiota fecal de aves segundo Andrersen (2003), com diferentes
percentuais de isolamento.
Outro grupo de bactérias isoladas foi o gênero Streptococcus, com
percentual de isolamento de 9,09%. Apesar de a importância dos
estreptococos já estar bem estabelecida em diversas espécies de animais
domésticos, poucos são os dados na literatura que descrevem e apontam a
importância desse gênero em espécies de aves silvestres. Brittingham et al.
(1988) identificaram estreptococos em 18% das amostras fecais de aves
silvestres, e comentaram que podem existir diferenças significativas entre
espécies de passeriformes e pica-paus, inclusive em relação ao tipo de
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alimentação, com maior porcentagem de isolamento nas aves onívoras quando


comparadas a aves que ingerem restos de carcaças.
E. coli foi isolada em 45,5% das amostras de cloaca analisadas. Esse
resultado era esperado, uma vez que já foi demonstrado que essa espécie
bacteriana é frequentemente isolada da microbiota do trato digestório de aves
domésticas e silvestres em condições normais (Mattes et al., 2005). Estudos
realizados por Steele et al., (2005), demonstraram frequências elevadas,
respectivamente, 90% e 70%, em amostras fecais de gaivotas e de espécies
de aves marinhas.
No presente estudo, foi isolada Salmonella spp. em 18,2 % amostras de
cloaca. A prevalência de salmonelas em aves silvestres sadias é baixa, o que
pode conferir resultados negativos, como observado no presente estudo e em
outros (Ganapathy et al. 2007).
Bactérias do gênero Klebsiella spp. foram isoladas em 27,3% das
amostras de orofaringe e 18,2% em região de cloaca de araras canindés, este
resultado corrobora com o obtido por Godoy e colaboradores (2010).

CONCLUSÃO
Os microrganismos isolados foram: Staphylococcus spp., Streptococcus
spp., Escherichia coli, Salmonella sp., Klebsiella sp.

REFERÊNCIAS
ALLGAYER MC, CZIULIK M. Reprodução de psitacídeos em cativeiro. Rev
Bras Reprod Anim, v.31, p.344-350, 2007. Disponível em:
www.cbra.org.br/publicacoes/rbra.do
ANDERSEN, A. A.; VANROMPAY, D. Avian chlamydiosis (psittacosis,
ornithosis). In: Saif YM, Barnes HJ, Fadly AM, Glisson JR, McDougald LR,
Swayne D.E. Diseases of poultry, 11th ed. Ames (IA):Iowa State University
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24. DOENÇA DE LEGG-CALVÉ- PERTHES EM HAMSTER SÍRIO


(MESOCRICETUS AURATUS) - RELATO DE CASO

RAPHAEL DE CARVALHO CLÍMACO1, MAÍRA SANTOS SEVERO CLÍMACO2,


JÉSSICA SOUZA DIAS3, CAMILA CAROLINE CARLINI3, WEMERSON DE
SANTANA NERES3, DANIELA DOS SANTOS3
1Médico Veterinário Autônomo, Centro Médico Veterinário Mr. Zoo, Aracaju,

Sergipe
2Docente do curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Sergipe
3Graduando (a) em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Sergipe

RESUMO: A doença de Legg-Calvé-Perthes (DLCP) ou Necrose Asséptica da


Cabeça Femoral (NACF) é uma necrose não inflamatória da cabeça e colo
femorais, comumente relatada em cães de pequeno porte e jovens. Objetivou-
se, com este relato, descrever um caso de DLCP em um hamster sírio
(Mesocricetus auratus). O paciente, macho, de três anos de idade, foi atendido
apresentando quadro inicial de claudicação do membro posterior esquerdo,
evoluindo para paresia bilateral. Ao exame radiográfico foram evidenciadas
áreas de lise óssea na cabeça do fêmur, dispostas de forma bilateral. Devido à
condição física do animal, a proprietária optou pela eutanásia. A descrição da
NACF é incomum nesta espécie, sendo considerada rara.

INTRODUÇÃO
A doença de Legg-Calvé-Perthes (DLCP), conhecida como Necrose
Asséptica da Cabeça Femoral (NACF), é uma necrose não inflamatória da
cabeça e colo femorais, sendo mais comum em cães de pequeno porte e
animais jovens (Fossum, 2008; Tien, 2012). A doença resulta do colapso da
epífise femoral, em virtude de uma interrupção do fluxo sanguíneo, com causa
não estabelecida e teorias multifatoriais como traumas, interferência hormonal,
fatores hereditários, conformação anatômica, pressão intracapsular e o infarto
da cabeça do fêmur (Fossum, 2008).
A DLCP não apresenta predisposição por sexo, e ocorre geralmente de
forma unilateral, com uma freqüência de apenas 10 a 15% de incidência
bilateral (Nunamaker, 1985). Os animais acometidos exibem atrofia muscular,
encurtamento do membro, dor articular, claudicação, limitação na locomoção e,
em casos avançados, crepitação do acetábulo (Levine et al., 2008). O exame
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radiográfico é essencial para o diagnóstico definitivo, onde se observa


deformidade da cabeça do fêmur, encurtamento e/ou lise do colo femoral e
focos de redução da opacidade óssea na epífise femoral (Fossum, 2008).
Em casos de diagnóstico precoce o tratamento conservativo consiste em
exercício moderado, natação e analgésicos, com resultado satisfatório em 25%
dos cães acometidos. A colocefalectomia, excisão da cabeça e colo femorais,
produz resultados mais favoráveis. No local, é formada uma pseudo-
articulação, que é indolor e funcional (Tien, 2012).
Diante do exposto, objetivou-se descrever a Doença de Legg-Calvé-
Perthes em um hamster sírio (Mesocricetus auratus), sendo uma apresentação
clínica considerada rara.

RELATO DO CASO
Um hamster sírio (Mesocricetus auratus), macho, de três anos de idade,
foi atendido apresentando histórico de claudicação em membro posterior
esquerdo que evoluiu gradualmente para paresia bilateral dentro de seis
meses.
Ao exame radiográfico ventro-dorsal foram evidenciadas áreas de lise
óssea na cabeça do fêmur, dispostas de forma bilateral, condizente com o
diagnóstico de DLCP.
Devido ao estado geral e condição física do animal a cirurgia foi
considerada de alto risco. A proprietária optou pela realização da eutanásia.

DISCUSSÃO
Em hamsters sírios (Mesocricetus auratus) idosos, com expectativa de
vida de 3 anos, as enfermidades traumáticas são as mais observadas na
clínica, como fraturas de tíbia, de coluna e subluxações vertebrais, devido ao
comportamento de escalar o alto da gaiola e caírem (Cubas et al, 2014; Tanno
et al, 2014). Sendo assim, a doença de Legg-Calvé- Perthes, comumente
relatada em cães de pequeno porte e animais jovens (Fossum, 2008), torna-se
rara para a espécie descrita. Mesmo sendo uma afecção geralmente de
apresentação unilateral, 10 a 15 % dos casos ocorrem de forma bilateral
(Nunamaker, 1985), assim como observado no animal deste relato. Devido ao
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estado geral bastante debilitado do hamster, a proprietária optou pela


eutanásia do animal, não sendo possível realizar qualquer opção terapêutica.

CONCLUSÃO
A doença de Legg-Calvé-Perthes é geralmente relatada em cães,
tornando-se incomum em hamster sírio (Mesocricetus auratus), sendo um caso
raro relatado na literatura nesta espécie.

REFERÊNCIAS
CUBAS, Z. S; SILVA, J. C. R.; CATÃO-DIAS, J. L. Tratado de animais
selvagens, 2. Ed., São Paulo: Roca, 2014, v.1, p.1169-1205.
FOSSUM, T. W. Cirurgia de Pequenos Animais, Tradução da 3. Ed., Rio de
Janeiro: Elsevier, 2008, p. 1252-1255.
LEVINE, D.; MILLIS, D. L.; MARCELLIN-LITTLE, D. J. et al. Introdução à
reabilitação física em veterinária. In: LEVINE, D. et al.; MILLIS, D. L.;
MARCELLIN-LITTLE, D. J. Reabilitação e fisioterapia na prática de pequenos
animais. São Paulo: Roca, 2008, Cap. 1, p. 1-8.
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C. D.; NUNAMAKER, D. M. Textbook of small animal orthopaedics. 1. ed.
Philadelphia: Lippincott, 1985, p.403-415.
TANNO, D. R; COUTO, E. P; CARVALHO M. P. N. et al. Levantamento das
principais afecções em pequenos mamíferos de companhia em clínica
veterinária de São Paulo, Brasil. In: XVII Congresso e XXIII Encontro da
Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens, 2014. Anais...
Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens, 2014, p.80.
TIEN, G. Estudo retrospectivo das radiografias de necrose asséptica da cabeça
femoral em cães. 2012. São Paulo, 76f. Dissertação (Mestrado em Ciências
Veterinárias) – Programa em Clínica Cirúrgica Veterinária, Faculdade de
Medicina e Zootecnia da Universidade de São Paulo.
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25. HIPERPROTEINEMIA EM TAMBAQUIS (Colossoma macropomum)


TRATADOS COM IVERMECTINA NA RAÇÃO

FABIANA INDIRA LOURES LIRA LOPES1, NATHALIA AUGUSTA LOURES LIRA1,


VANESSA INGRID JAINES2, SIMONE CRISTINA DA SILVA HRUSCHKA3, MARCO
ANTONIO ANDRADE DE BELO4
¹ Extensionista da EMATER e Mestranda da UNICASTELO, Cacoal/RO
² Docente da FACIMED e Mestranda da UNICASTELO, Cacoal/RO
3
Graduanda em Medicina Veterinária, Campus Descalvado Universidade Camilo
Castelo Branco (UNICASTELO)
4
Professor Doutor do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, Campus
de Jaboticabal - FCAV-UNESP

RESUMO: A presente investigação teve por objetivo estudar os valores de


proteína sérica de tambaquis tratados com o antiparasitário ivermectina na
ração. Os resultados observados no estudo da ivermectina demonstraram
segurança clínica na dose terapêutica de 50 mg/Kg e aumento transitório nos
valores séricos de proteína total, albumina e globulinas em peixes alimentados
com ração medicada com 100 e 150 mg/kg no quarto dia após o inicio do
tratamento, sugerindo a ocorrência de hemocentração neste período do
tratamento.

INTRODUÇÃO
A atividade piscícola brasileira vem crescendo significativamente na
última década e inúmeros estudos buscam avaliar estratégias para manejo
sanitário das piscigranjas (SAKABE et al., 2013; PÁDUA et al., 2014a). De
acordo com BELO et al. (2014), o elevado adensamento populacional, o
excesso de manejo e o uso de rações com qualidade questionável resultam em
condições de estresse que favorecem a ocorrência de surtos de enfermidades
nos plantéis. O uso de antiparasitários representa uma alternativa para
controlar o surto de parasitoses nas pisciculturas. Estudos recentes
demonstram a importância do parasitismo na saúde dos peixes teleósteos
(BELO et al., 2013; PÁDUA et al., 2014b; MANRIQUE et al., 2015), porém
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pouco se conhece da farmacologia aplicada a estes animais no ambiente


aquático.
Tendo como base a grande importância da piscicultura do tambaqui para
a economia da região Norte do Brasil, associado à necessidade de estabelecer
protocolos terapêuticos para esta espécie de peixe teleósteo, a presente
investigação teve por objetivo estudar os valores de proteína sérica de
tambaquis tratados com o antiparasitário ivermectina na ração.

MATERIAL E MÉTODOS
A parte experimental foi conduzida no Município de Rolim de Moura/ RO.
70 tambaquis (± 150g) foram distribuidos em 10 caixa d’água de polietileno de
100L cada, recebendo renovação de água de poço artesiano e sistema de
aeração contínua, controle de condutividade elétrica, oxigênio dissolvido,
temperatura e pH. Os peixes receberam doses 50,0; 100 e 150,0 mg de
ivermectina.kg-1 de ração, dissolvidos em 2% de óleo de peixe para incorporar
a ração.
Os animais forão alimentados duas vezes ao dia, pela manhã ração
comercial com 36% PB sem o principio farmacológico somente incorporado o
óleo e a tarde a mesma ração com o princípio farmacológico incorporado a
ração.
Os peixes foram amostrados nos dias 0, 2, 4 e 8 após o início do
tratamento, para coleta de sangue e realização do estudo bioquímico de
proteína total, albumina e globulinas conforme descrito por BELO et al. (2012).
Os resultados foram analisados em delineamento inteiramente casualizado em
um Split Plot Design, utilizando procedimento GLM do programa SAS (2001),
comparação de médias pelo TesteTukey (P<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores séricos de observados no estudo da proteína sérica de
tambaquis tratados com invermcetina estão expressos na Tabela1. Tambaquis
alimentados com ração contendo 50 mg de ivermectina/kg não apresentaram
alterações significativas (p>0,05) para proteína total e globulinas em todo o
experimento, somente no quarto dia de tratamento os peixes apresentaram
aumento nos valores séricos de albumina. Peixes alimentados com 100 e 150
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mg de ivermectina/kg de ração apresentaram aumento transitório significativo


(p<0,05) nos valores circulantes de proteína total, globulinas e albumina no
quarto dia de tratamento, retornado aos valores basais no oitavo dia, exceto
animais alimentados com 150 mg/kg que mantiveram niveis séricos de
albumina superiores aos demais tratamentos.
A hiperalbuminemia geralmente decorre quando ocorre alterações no
equilíbrio líquido-eletrolítico, pois a perda de volume de liquidos do
compartimento extracelular plasmático resulta em hemoconcentração,
refletindo no aumento sérico de albumina e outras proteínas como observado
no estudo. Este mecanismo esta claramente descrito em mamíferos (BELO et
al., 2012).

CONCLUSÃO
Os resultados observados no estudo da ivermectina demonstraram
segurança clínica na dose terapêutica de 50 mg/Kg e aumento transitório nos
valores séricos de proteína total, albumina e globulinas em peixes alimentados
com ração medicada com 100 e 150 mg/kg no quarto dia após o inicio do
tratamento, sugerindo a ocorrência de hemocentração neste período do
tratamento.

REFERÊNCIA
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induced by carbon tetrachloride in rats. Experimental and Toxicologic
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Manrique, W.G. et al. First report of Myxobolus sp. infection in the skeletal
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Sakabe, R. et al. Kinects of chronic inflammation in Nile tilapia supplemented
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p.313-319, 2013.
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26. INFESTAÇÃO POR DERMANYSSUS GALLINAE EM CRIATÓRIO


COMERCIAL DE AVES ORNAMENTAIS EM SANTA MARIA - RS

MARÍLIA BAIALARDI RIBEIRO¹, LAURETE MURER¹, NATALÍ STÜRMER SAFT¹,


MARISTELA LOVATO¹.
¹ Núcleo de Estudos e Pesquisa de Animais Silvestres (NEPAS), Universidade Federal
de Santa Maria (UFSM).

RESUMO: O ácaro hematófago Dermanyssus gallinae é um ectoparasita que


afeta principalmente aves causando desconforto, prejuízos a sua saúde e
perdas econômicas a criadores. Objetivou-se relatar a presença do ácaro
Dermanyssus gallinae em um criatório comercial de aves ornamentais em
Santa Maria, Rio Grande do Sul, onde foi observada alta mortalidade em
filhotes.

INTRODUÇÃO
O Dermanyssus gallinae é um pequeno ácaro hematófago que parasita,
principalmente, aves. Encontra-se no hospedeiro apenas quando está se
alimentando, o que dificulta sua visualização (Collgros, 2013). Vários estudos já
mostram a importância do ácaro vermelho das aves como um potencial vetor
de doenças como a Salmonelose, Espiroquetose Intestinal Aviária e Erisipela
(de Luna, 2009), além disso, a infestação por este ácaro causará prurido,
erupções cutâneas, danos na plumagem, anemia e até alterações
comportamentais (Pereira, 2011).

MATERIAL E MÉTODOS
Foram necropsiados três filhotes de Rosela (Platycercus eximius)
provenientes de um criatório comercial, os parasitos coletados e identificados
em microscópio.

RESULTADOS
O estado nutricional era regular e havia infestação severa por ácaros
Dermanyssus gallinae por todo o corpo dos animais, mais concentrados na
região dorsal. Ao exame interno foi observada palidez da musculatura do peito
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e dos órgãos internos, bem como da medula óssea, confirmando a morte


destes animais por anemia parasitária.

DISCUSSÃO:
Nos recintos das aves os ácaros podem estar nos ninhos, frestas entre
outros locais, podendo chegar carreados pelo próprio pessoal que trabalha no
local ou em gaiolas e caixas de transporte contaminadas (Hamidi et al.,
2011). A suspeita é que os ácaros entraram na criação a partir de aves recém-
adquiridas de outro criatório. A introdução por aves silvestres foi descartada,
pois os animais que sofreram a infestação ficavam em uma sala sem contato
com aves de vida livre.

CONCLUSÃO
Concluiu-se que se tratava de um caso de infestação maciça pelo ácaro
Dermanyssus gallinae a qual resultou em anemia parasitária, levando os
filhotes ao óbito. É importante chamar a atenção dos criadores para realização
de quarentena quando da aquisição de animais para o plantel.

REFERÊNCIAS
Collgros H., Iglesias-Sancho M., Aldunce M.J. et al. Dermanyssus gallinae
(chicken mite): an underdiagnosed environmental infestation. Clinical and
Experimental Dermatology, v. 38, n. 4 p. 374–377, 2013.
De Luna C.J., Arkle S., Harrington D. et al. The poultry red mite (Dermanyssus
gallinae): a potential vector of pathogenic agents, Experimental and Applied
Acarology, v 48, n 1-2, p. 93-104, 2009.
Hamidi A., Sherifi K., Muji, S. et al. Dermanyssus gallinae in layer farms in
Kosovo: A high risk for Salmonella prevalence. Parasites & vectors, 2011.
Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21762497>, Acesso em:
12/03/2015.
Pereira, D. M. C. Dermanyssus gallinae em galinhas poedeiras em bateria:
carga parasitária, acção vectorial e ensaio de campo de um biopesticida. 2011.
Lisboa, 83f. Dissertação (Mestrado Integrado em Medicina Veterinária) -
Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa.
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27. Macracanthorhynchus hirudinaceus EM TAMANDUÁ-MIRIM


(Tamandua tetradactyla) DO MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO DO SUL/SC

DOUGLAS LUÍS VIEIRA1, ZARCELA SIGOLO VANHONI1, LUCIANA LAITANO DIAS


DE CASTRO1, VIVIANE MILCZEWSKI2
1 Universidade Federal do Paraná, Laboratório de Doenças Parasitárias.
2 Instituto Federal Catarinense, Laboratório de Diagnóstico Veterinário.

RESUMO: Um grande problema em relação à conservação de espécies de


animais selvagens, incluindo-se o Tamanduá-mirim, é a alta taxa de
mortalidade em rodovias. No sentido de utilizar estes animais para se obter o
máximo de informações a respeito de seus hábitos, morfologia e doenças, o
presente trabalho foi realizado a partir de necropsia de um exemplar
encontrado morto devido acidente automobilístico na Rodovia Olívio Nóbrega
(BR 280) em São Francisco do Sul. Após a obtenção do conteúdo intestinal,
foram separados e identificados helmintos da espécie
Macracanthorhynchus hirudinaceus.

INTRODUÇÃO
Um grande problema em relação à conservação de espécies de animais
selvagens é o impacto das rodovias na fragmentação do habitat o que leva ao
atropelamento desses animais (Silva et al., 2011). Segundo Silva (2011) o
Tamanduá-mirim é uma das espécies com maior mortalidade devido a
atropelamento em rodovias.
Os Acanthocephala caracterizam-se pela presença de uma probóscida
reversível, munida de espinhos que serve para fixá-los ao intestino do
hospedeiro (Urquhart, 1996). Entre os Acanthocephala relatados em
Tamanduá-mirim estão: Gigantorhynchus echinodiscus (Ferreira et al. 1989;
Souza, 2013), M. hirudinaceus e Oligacanthorhynchus carinii (Souza, 2013).

DESCRIÇÃO DO RELATO
No dia 15 de fevereiro de 2011 foi coletado o conteúdo intestinal de um
Tamanduá-mirim atropelado as margens da Rodovia Olívio Nóbrega (BR 280)
no Km 11. O conteúdo foi avaliado macroscopicamente com a intenção de
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serem visualizadas estruturas parasitárias e microscopicamente para


identificação da espécie com o auxílio de chave de identificação de Urquhart
(1996).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após minuciosa inspeção, foram encontrados nove exemplares de
helmintos identificados através de microscopia como pertencentes a espécie M.
hirudinaceus. Em exame microscópico foram observadas características
específicas que caracterizaram os exemplares como pertencentes à espécie
M. hirudinaceus, sendo elas: corpo alongado, simetria bilateral, probóscida
reversível com presença de espinhos e cutícula provida de pregas transversais.
Os helmintos encontrados variaram em tamanho de 2,8 cm a 32,8 cm. Foram
encontrados ovos no interior do útero de uma das fêmeas e estes se
apresentaram com aspecto fusiforme e casca espessa, aspecto típico dos ovos
desta espécie.

CONCLUSÃO
A identificação morfológica dos exemplares certamente contribuirá para
enriquecer os conhecimentos relacionados ao parasitismo em animais
selvagens em vida livre dentro do seu habitat de origem. Estas informações
são importantes para o conhecimento da epidemiologia e orientação de
tratamento para animais desta família mantidos em cativeiro, uma vez que são
escassas as informações nesta área. Vale salientar também a importância de
estudos com animais selvagens para aumentar o acervo e bibliografia para
auxiliar futuros estudos.

REFERÊNCIAS
FERREIRA L.F.; ARAÚJO A.; CONFALONIERI U.; CHAME M. Acanthocefalan
Eggs in Animal Coprolites from Archaeological Sites from Brazil. Memorias
Instituto Oswaldo Cruz v.84, p.201-203, 1989.
SILVA, M.R.; BORBA, C.H.O.; LEÃO, V.P.C. et al. O impacto das rodovias
sobre a fauna de vertebrados silvestres no cerrado mineiro. Enciclopédia
biosfera, Centro Científico Conhecer. Goiânia, v.7, n.12, p.1-9, 2011.
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SOUZA, M.V. Parasitos em coprólitos do Parque Nacional da Serra das


Confusões, Piauí, Brasil. 2013. Rio de Janeiro, 104f. Dissertação (Mestre em
Saúde Pública) – Curso de Pós-graduação em Saúde Pública, Instituto
Oswaldo Cruz.
URQUHART, G.M. Helmintologia Veterinária. In Parasitologia Veterinária. 2.ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996. Cap.1, p.3-120.
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28. MACROSCOPIA DA CAVIDADE OROFARÍNGEA DA CURICACA


(THERISTICUS CAUDATUS)

LUANA CÉLIA STUNITZ DA SILVA1


1
Docente do Departamento de Medicina Veterinária, UNICENTRO-PR

RESUMO: Com objetivo de descrever as características macroscópicas da


cavidade orofaríngea da curicaca (Theristicus caudatus) foram utilizados 7
animais, 5 machos e 2 fêmeas, que morreram por causas naturais. O formato
da língua era triangular curto, comprimento médio de 0,86 cm (sd: ±0,05 cm) e
caudalmente existia a eminência da laringe. Observou-se na linha mediana do
teto a coana e a fissura infundibular. Os dados obtidos neste estudo elucidam
os aspectos macroscópicos da cavidade orofaríngea da curicaca (Theristicus
caudatus).

INTRODUÇÃO
A curicaca (Theristicus caudatus) é uma ave pertencente à ordem
Ciconiiformes e família Threskiornithidae, possuindo um bico (ranfoteca) longo,
estreito e curvo que enterra no solo em busca de alimento (Sick, 1997). Possui
distribuição sul-americana e mesmo sendo uma espécie com grande
adaptabilidade a ambientes antropizados apresenta características anatômicas
ainda não descritas. Este trabalho buscou como objetivo descrever as
características macroscópicas da cavidade orofaríngea da curicaca.

MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas 7 aves, 5 machos e 2 fêmeas, que morreram por
causas naturais. As aves foram fixadas com solução de formaldeído 10% por
via intracelomática para a posterior efetuação das descrições morfológicas e
morfométricas da cavidade orofaríngea. As mensurações analisadas foram o
comprimento, largura da base, do corpo e do ápice da língua e o comprimento
da coana e da fissura infundibular. Todas efetuadas com a utilização de um
paquímetro analógico. Os resultados obtidos foram submetidos à média
aritmética e desvio padrão (sd).
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RESULTADOS:
O comprimento médio da língua, em formato triangular curto, foi de 0,86
cm (sd: ±0,05 cm) (Figuras 1A e 1B). Possuía extremidade livre em formato
afilado e estava inserida por sua base pelo frênulo lingual. Os valores médios
para as larguras da base, do corpo e do ápice da língua foram
respectivamente: 0,77 cm (sd: ±0,11 cm), 0,44 cm (sd: ±0,08 cm) e 0,44 cm
(sd: ±0,08 cm) (Figura 1B). Papilas linguais não foram visualizadas
macroscopicamente. Caudalmente à língua observou-se a eminência da laringe
a qual circundava a glote (Figuras 1A e 1B). A coana e fissura infundibular,
fendas medianas no teto da cavidade, estavam separadas por fina membrana
(Figura 2B). O comprimento médio da coana foi 1,65 cm (sd: ±0,23 cm) e da
fissura infundibular 0,70 cm (sd: ±0,12 cm) (Figuras 2A e 2B). Diversas papilas
mecânicas se encontravam tanto no assoalho, direcionadas caudodorsalmente,
quanto no teto da cavidade orofaríngea, direcionadas caudoventralmente em
todos os animais analisadosras.

DISCUSSÃO
O formato triangular da língua da curicaca corrobora com descrições em
tratados clássicos (Getty, 1986) bem como com a descrição de Rossi et al
(2005) e de Silva et al (2010). O comprimento total médio da língua foi
ligeiramente menor ao encontrado para perdizes (Rossi et al., 2005) e
significativamente menor ao relatado em garças-brancas-grandes (Silva et al.,
2010). A presença da coana foi também observada em perdizes e garças-
brancas-grandes (Rossi et al., 2005; Silva et al., 2010). Porém para perdizes as
papilas mecânicas ora observadas na coana dos animais não foram
observadas segundo Rossi et al (2005). A existência da fissura infundibular
também foi relatada para garças-brancas-grandes (Rossi et al., 2005).

CONCLUSÃO:
Os dados obtidos neste estudo elucidam os aspectos macroscópicos da
cavidade orofaríngea da curicaca (Theristicus caudatus), servindo de subsídio
para a anatomia comparada e de conhecimento acerca desta espécie aviária.
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REFERÊNCIAS
GETTY, R. Anatomia dos animais domésticos. Vol. 2. 5.ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1986. 2000p.
ROSSI, J.R.; BARALDI-ARTONI, S.M.; OLIVEIRA, D. et al. Morphology of beak
and tongue of partrigde Rhynchotus rufescens. Ciência Rural, v.35, n.5, p.1098-
1102, 2005.
SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997, 912p.
SILVA, F.F.; QUAGLIO, L.G.; SENOS, R. et al. Morfometria macroscópica do
sistema digestório da garça branca grande (Casmerodius albus). In:
CONFERÊNCIA SUL-AMERICANA DE MEDICINA VETERINÁRIA, X., 2010,
Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro, 2010.
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29. MENSURAÇÃO OVARIANA POR CELIOSCOPIA E RESTRIÇÃO


LUMINOSA EM CODORNAS-JAPONESAS (Coturnix coturnix japonica)
MÁRCIA HELENA MARTINS DE ALBUQUERQUE1, ROGÉRIO LUIZARI
GUEDES1, PETERSON TRICHES DORNBUSCH1, PAULA BEATRIZ
MANGINI2, ROGÉRIO RIBAS LANGE1
1 Universidade Federal do Paraná – UFPR – Curitiba, PR
2 Vida Livre Medicina de Animais Selvagens – Curitiba, PR

INTRODUÇÃO:
Em aves de estimação a postura é indesejada devido à grande frequência de
doenças e alterações do trato reprodutivo (Echols, 2002), decorrentes da
iluminação artificial excessiva, que interfere no ciclo hormonal (Bowles, 2002).
A modulação do fotoperíodo pode reduzir estas desordens reprodutivas
interferindo no tamanho dos órgãos reprodutivos, porém inexistem dados
referentes ao tempo necessário para a eficiência deste processo (Rosen,
2012).

MATERIAL E MÉTODOS:
Foram realizadas celioscopias em 12 codornas-japonesas (Coturnix coturnix
japonica) em postura para aferir os ovários antes da restrição luminosa. Após
anestesia geral inalatória, a ave era posicionada em decúbito lateral direito com
asas fixadas dorsalmente e a perna esquerda retraída caudalmente. Foi
realizada incisão da pele de até 7 mm entre a última costela e o músculo
iliotibial cranial a 1,5 cm do ílio e rebatidos os músculos. Procedeu-se então a
inserção do endoscópio rígido de 4 mm de diâmetro e 30o de ângulo visual e,
pela mesma incisão, foi rompido o saco aéreo com uma pinça laparoscópica
Mixter 2.8 mm de diâmetro e 20 cm de comprimento. Uma régua milimétrica de
aço inox de 2 mm de largura e ponta curvada foi posicionada paralelamente ao
ovário, obtendo-se imagens para avaliação com o software imageJ (Figura 1).
A musculatura e a pele foram suturadas separadamente com poliglactina 910
em padrãointerrompido simples. As medidas aferidas com o software ImageJ
foram: comprimento, largura, área e perímetro ovarianos. As aves receberam
cetoprofeno (2mg/Kg I.M. s.i.d.) por 3 dias (Hueza, 2008) e iodopovidona tópica
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(b.i.d.) até completa cicatrização. As mesmas aves foram mantidas sob


fotoperíodo de 8 horas de iluminação artificial durante 24 dias e submetidas à
eutanásia por anestesia geral e deslocamento cervical para mensurações
ovarianas, utilizando a mesma régua milimétrica e o mesmo software.

RESULTADOS:
Quando comparadas às mensurações em necropsia, a celioscopia gerou
medidas de comprimento e largura inferiores em 66,7% e 58,3% das aves,
respectivamente.

DISCUSSÃO:
Apesar da fácil identificação de estruturas e trauma mínimo, a celioscopia não
permitiu a visualização completa do ovário em um único campo visual em todas
nas aves quando um dos folículos estava muito grande, não sendo possível
comparar de maneira adequada as medidas ovarianas das mesmas aves antes
e após a restrição luminosa. Aqueles animais nos quais o ovário foi
completamente visualizado dão indícios de mensuração compatível com
valores próximos dos reais.
CONCLUSÃO:
Considerando-se codornas-japonesas, a celioscopia não foi eficiente na
mensuração do ovário com folículos plenamente desenvolvidos, porém pode
ser utilizada para estruturas menores que o campo visual do endoscópio,
inclusive o ovário com pouco desenvolvimento folicular. Sugerem-se estudos
para adequação da técnica cirúrgica, visto as inúmeras vantagens de uma
cirurgia minimamente invasiva para aves.
NOTA:
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais do Setor de
Ciências Agrárias da UFPR sob protocolo 010/2014.
AGRADECIMENTOS:
Ao CNPQ, PRPPG-UFPR e ao Laboratório de Coturnicultura da UFPR.
REFERÊNCIAS:
BOWLES, H.L. Reproductive diseases of pet bird species. The veterinary clinics
of North America. Exotic animal practice, v.5, n.3, p.489-506, 2002.
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ECHOLS, M.S. Surgery of the Avian Reproductive Tract. Seminars in Avian and
Exotic Pet Medicine, v.11, n.4, p.177-195, 2002.
HUEZA, I.M. Avian pharmacology: employing anti-inflammatory drugs in wild
birds. ARS Veterinaria, v.24, n.1, p.15-24, 2008.
ROSEN, L.B. Avian Reproductive Disorders. Journal of Exotic Pet Medicine,
v.21, n.2, p.124-131, 2012.
30. MIOPATIA SECUNDÁRIA A DECÚBITO PROLONGADO EM RHEA
AMERICANA - RELATO DE CASO
KAREN RAMOS RIBEIRO1, STÉPHANIE FERGUSON MOTHEO1, MATHEUS
ROBERTO CARVALHO1, HEITOR JOSÉ BENTO1, SANDRA HELENA
RAMIRO CORRÊA2, THAIS OLIVEIRA MORGADO3
1Graduanda (o) de Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária
e Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá, MT.
2 Docente do Departamento de Clínica Médica Veterinária (CLIMEV) da
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Mato
Grosso (UFMT), Cuiabá, MT.
3 Médica Veterinária do Zoológico da Universidade Federal de Mato Grosso
(UFMT), Cuiabá, MT.
RESUMO:
A miopatia por decúbito prolongado ocorre em animais pesados e pode ser
resultante da pressão exercida pela grande massa muscular e esquelética e
por hipóxia do tecido muscular. O objetivo deste relato foi descrever o quadro
de miopatia secundária a decúbito prolongado em Rhea americana. O
tratamento instituído consistiu na suplementação vitamínica suporte, uso de
anti-inflamatório não-esteroidal sistêmico, e sessões diárias de fisioterapia e
mostrou-se efetivo no tratamento desta afecção.
INTRODUÇÃO:
A ema (Rhea americana) é um representante do grupo das ratitas e oriunda da
América do Sul. É considerada a maior ave das Américas, medindo até 1,80m
de altura e pesando em média 45 kg. A ema possui hábito gregário, ocupando
locais campestres, cerrados e áreas de pastagens, podendo ser facilmente
encontrada em grande parte do território brasileiro (Hosken, 2003).
Afecções musculares em ratitas são comumente descritas em animais abaixo
de 6 meses de idade (Stewart, 1994). As miopatias podem ser hereditárias ou
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adquiridas, na qual essa última pode estar relacionada com distúrbios


nutricionais que afetam a citoarquitetura e o metabolismo muscular e também
causas como isquemia, agentes infecciosos, anomalias hormonais ou por
eletrólitos, trauma e decúbito prolongado (McGavin, 2013).
A miopatia por decúbito prolongado é comumente observada em animais
pesados e pode ser resultante tanto pela pressão exercida pela grande massa
muscular e esquelética, como por hipóxia do tecido muscular. Nesses casos há
compressão de artérias e veias resultando em isquemia e consequente
necrose das fibras musculares, (Pulz, 2007; McGavin, 2013).
O objetivo do presente relato foi descrever o quadro de alta infestação
parasitária com consequente decúbito prolongado levando a uma miopatia
secundária em um exemplar de Rhea americana, mantido em cativeiro.
RELATO DE CASO:
Uma ema, fêmea, adulta, pesando 16,5kg, foi atendida apresentando sinais
clínicos de apatia, dificuldade de permanecer em estação e com suspeita
clínica de parasitose. Ao exame físico apresentou frequência cardíaca de
80bpm e temperatura corporal de 34,2ºC. Ao exame coproparasitológico foram
encontrados dois nematódeos: Strongyloides sp. e Heterakis sp. O animal foi
aquecido e submetido à fluidoterapia com solução de ringer com lactato
(10mL/kg/hora, SID, IV) e terapia com vitamina C (20mg/kg, SID, IM), vitamina
E (0,06mg/kg, SID, VO), vitamina B1 (2mg/kg, SID, IM), suplemento energético
vitamínico mineral (2mL, SID, VO), cloridrato de cimetidina (5mg/kg, SID, IM) e
febendazole 10% (15mg/kg, SID, VO, dose única, repetida em 15 dias). Após a
estabilização do quadro, o tratamento clínico foi mantido, exceto pela
fluidoterapia, por mais 20 dias. Ainda, oito dias após o início do tratamento,
iniciou-se a administração de flunixina meglumina (0,2mg/kg, SID, IM) por 7
dias. Concomitantemente ao protocolo terapêutico, a ave era mantida em uma
rede improvisada de panos para suspender seu peso e mimetizar a posição em
estação, na qual foi submetida a sessões diárias de fisioterapia, que
estimulavam a mesma a caminhar, além de massagem nos dígitos dos pés
com pomada anti-inflamatória não esteroide, simulando movimentos de
extensão e flexão musculares. O animal recuperou-se plenamente e obteve
alta após 20 dias de tratamento.
DISCUSSÃO:
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A endoparasitose em emas está associada com a presença de parasitas


adultos na superfície do pró-ventrículo causando uma reação inflamatória e
sinais clínicos como letargia, perda de apetite, perda de peso, anorexia, anemia
e paralisia gástrica. No presente relato, a presença de nematódeos no exame
coproparasitológico foi de suma importância para o diagnóstico dessa afecção,
a qual foi sanada por meio da administração de febendazole (Lovato, 2014).
Particularmente em ratitas, a ocorrência de endoparasitose pode culminar em
decúbito prolongado (Lovato, 2014), que por sua vez, pode gerar hipóxia do
tecido muscular por compressão dos vasos que promovem a irrigação dessas
estruturas, devido à presença de grandes grupos musculares (McGavin, 2013).
Dessa forma, a realização de fluidoterapia foi imprescindível para o
restabelecimento do equilíbrio hidroeletrolítico e da perfusão da musculatura
afetada. Já o uso de flunixina meglumina promoveu analgesia e ação anti-
inflamatória indicadas para o tratamento de miopatia (Pulz et al., 2007)
A vitamina E foi realizada por ser um antioxidante e ser responsável por
remover radicais livres liberados pelas células musculares em degeneração,
interromper a reação de propagação em cadeira do processo de
lipoperoxidação da membrana e prevenir a hemólise (Machado, 2009). O uso
da vitamina C teve como objetivo sua ação redutora, agindo sobre a vitamina E
oxidada e, consequentemente, auxiliando em sua reativação (Machado, 2009).
Nos casos de miopatia por decúbito prolongado, a isquemia pode causar danos
ao nervo periférico e neuropatia, gerando atrofia por denervação das fibras
nervosas (McGavin, 2013). A vitamina B1 (tiamina) atua nas vias metabólicas
aeróbicas do sistema nervoso central e periférico, sendo assim, essa foi
utilizada no presente relato para preservar a função das fibras nervosas e
prevenir lesões decorrentes do decúbito (Case, 1998).
CONCLUSÃO:
A conduta terapêutica instituída foi eficiente para o quadro de miopatia por
decúbito prolongado, secundária a parasitose grave em Rhea americana.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CASE, L.P; CAREY, E.P; HIRAKAWA, D.A. Vitaminas. In Nutrição canina e
felina: manual para profissionais. 1.ed. Madrid: Harcourt Brece, 1998. 424p.
HOSKEN, F.M.; SILVEIRA, A.C. Criação de Emas. Viçosa: Aprenda Fácil,
2003. 366 p.
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LOVATO, M; SANTOS, E.O. Rheiformes (Ema) e Struthioniformes (Avestruz,


Emu e Casuar). In: CUBAS, Z.S; SILVA, J.C.R, CATÃO-DIAS, J.L. Tratado de
Animais Selvagens – Medicina Veterinária. 2.ed. São Paulo: Roca, 2014.
Cap.18., p.272-302.
MACHADO, L.P; KOHAYAGAWA, A; SAITO, M.E. et al. Lesão oxidativa
eritrocitária e mecanismos antioxidantes de interesse na Medicina Veterinária.
Revista de Ciências Agroveterinárias, v.1, n.8, p. 84-94, 2009.
MCGAVIN, M.D; ZACHARY, J.F. Bases da Patologia em Veterinária. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2013. 1324 p.
PULZ, R.S.; GEHLEN, L.; DELMORÁ, D.D. et al. Miopatia pós-anestésica em
um equino. Veterinária em Foco, v.5, n.1, p. 64-70, 2007.
STEWART, J. Ratites. In RITCHIE, B.W; HARRISON, G.J; HARRISON, L.R.
Avian Medicine: Principles and Application. Lake Worth: Wingers Publishing
Inc, 1994. p.1284 – 1326.

31. MÚLTIPLA RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA DE BACTÉRIAS ISOLADAS


DE MÃO PELADA (Procyon cancrivorus, CUVIER, 1798)
GIANE HELENITA PONTAROLO1, MAYSA MOTTA AGOSTINI NUNES EL-
KOUBA1, MARGARETH CRISTINA IAZZETTI SANTOS2, RUBIANA
CARVALHO DOS SANTOS3, LUÍS AUGUSTO WENDT3, THIAGO CASSIAS
MIREK3
1Médicas Veterinárias, Professoras do curso de Medicina Veterinária da
Universidade do Contestado/UnC– Canoinhas-SC
2Médica Veterinária, Hospital Veterinário, UnC– Canoinhas-SC
3Acadêmicos do curso de Medicina Veterinária da UnC – Canoinhas-SC

RESUMO:
O presente relato descreve o isolamento de bactérias multirresistentes
oportunistas em secreção nasal e de ferida de um “Mão Pelada” (Procyon
cancrivorus (Cuvier, 1798)) atendido após atropelamento. A média de múltipla
resistência antimicrobiana (MRA) das cepas foi de 0,92. As cepas isoladas
demonstraram-se resistentes aos antimicrobianos Amoxicilina com ácido
Clavulânico e Enrofloxacina utilizados na terapêutica. Devido insucesso do
tratamento, iniciou-se a terapia com Cefovecina sódica, embora não foi
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realizado teste de sensibilidade a este antimicrobiano, o animal apresentou


regressão da ferida e cessação da secreção nasal após consolidação da fenda
palatina.

INTRODUÇÃO:
O Procyon cancrivorus, (Cuvier, 1798) denominado popularmente mão-peladaé
um animal solitário de hábitos noturnos, que se alimenta de insetos, sementes
e frutas (Hidalgo e Ambrosio, 2007). Animais silvestres são importantes na
disseminação de doenças com potencial zoonótico e contribuem para a
manutenção de genes de resistência bacteriana no ambiente (Azambuja et al.,
2011). Dessa maneira o uso criterioso de antimicrobianos utilizados nas
diversas espécies animais, pelo contato próximo desses com o homem é fator
indispensável (Andrade, 2008).

DESCRIÇÃO DO RELATO:
Foi encaminhado pela Polícia Militar Ambiental, para atendimento no Hospital
Veterinário, um exemplar fêmea, da espécie Procyon cancrivorus,
apresentando fraturas decorrentes de atropelamento. Após intervenções
cirúrgicas e tratamento pós-cirúrgico com Enrofloxacina, o animal manifestou
uma lesão erosiva supurativa de aproximadamente 2 – 3 cm de diâmetro,
localizadas na comissura do globo ocular direito, estendendo-se para a
pálpebra inferior e, secreção nasal purulenta decorrente de uma sinusite
ocasionada por uma fenda palatina traumática. O animal foi medicado com
Amoxicilina com ácido Clavulânico e, devido insucesso do tratamento utilizou-
se Cefovecina sódica. As cepas bacterianas isoladas demonstraram resistência
à Amoxicilina com Ácido Clavulânico e Enrofloxacina. Embora não foi realizado
teste de sensibilidade à Cefovecina sódica o animal apresentou regressão da
ferida, cessação da secreção nasal e consolidação da fenda palatina.

MATERIAIS E MÉTODOS:
Os isolados bacterianos foram identificados por observação das características
culturais, morfológicas, tintoriais e bioquímicas, conforme Anvisa (2013), e
submetidos a teste de sensibilidade antimicrobiana (TSA) por teste Disco-
Difusão (CLSI, 2008). Os antimicrobianos testados foram Ampicilina (10µg),
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Amoxicilina com ácido Clavulânico (30µg), Azitromicina (15µg), Cefepima


(30µg), Cefalexina (30µg), Cefalotina (30µg), Ceftriaxona (30µg), Ciprofloxacina
(5µg), Enrofloxacina (5µg), Levofloxacina (5µg), Norfloxacina (10µg) e
Sulfazotrim (25µg). Foi calculado o índice de MRA dos microrganismos
isolados (MAR > 0,2 = multirresistência) (Krumperman,1983).

RESULTADOS:
As cepas de Staphylococcus sp., Shigella sp. Salmonella arizonae
apresentaram resistência a todos os fármacos testados (n=12/12); Serratia sp.
apresentou sensibilidade somente à Cefepima e Ceftriaxona; Escherichia coli
apresentou sensibilidade somente à Cefepima, Ceftriaxona e Norfloxacina; e
Enterobacter sp.apresentou sensibilidade somente a Levofloxacina.

DISCUSSÃO:
Destacam-se os altos índices de múltipla resistência nas cepas isoladas, com
média de MRA de 0,92. Fator preocupante na terapêutica antimicrobiana
devido à ineficiência dos tratamentos utilizados na clínica veterinária. A
Cefovecina sódica é uma nova possibilidade de tratamento terapêutico na
clínica veterinária, por ser uma cefalosporina semissintética de terceira
geração, de amplo espectro e resistente a várias betalactamases (Spinosa et
al., 2014).

CONCLUSÃO:
Os altos índices de MRA nas cepas isoladas demonstram a importância do uso
coerente de antimicrobianos aliados aos testes de sensibilidade na terapêutica
clínica, bem como despertam para a necessidade de estudos que determinem
a origem destas cepas resistentes isoladas nesta espécie silvestre.

REFERÊNCIAS:
ANDRADE, S.F. Manual de terapêutica veterinária. 3 ed. São Paulo: Roca,
2008.
ANVISA. Manual de microbiologia clínica para o controle de infecção
relacionada à assistência à saúde. 2ª Ed. Agência Nacional de Vigilância
Sanitária, Brasília: ANVISA, 2013.
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AZAMBUJA, C. da S. Q. Estudo sobre a Resistência de estirpes bacterianas de


animais silvestres sob diferentes manejos. In: V Congresso Fluminense de
Iniciação Científica e Tecnológica. Rio de Janeiro, 2011.
CLSI - Clinical and Laboratory Standards Institute. Performance Standards for
Antimicrobial Disk and Dilution Susceptibility Test for Bacteria Isolated From
Animals; Approved Standard – Third Edition. M31-A3. v.28, n.8, 2008.
HIDALGO, R. F.T.; AMBROSIO, S. R. Carnivora – Procyonidae (Quati, Mão-
pelada, Jupará). In: CUBAS, Z. S.; SILVA, J. C. R. S., CARTÃO-DIAS, J. L..
Tratado de Animais Selvagens: Medicina Veterinária. São Paulo, 2007.
KRUMPERMAN, P. H. Multiple antibiotic resistance indexing of Escherichia coli
to identify high-risk source of fecal contamination of foods. Applied
Environmental Microbiology, Oxford, v. 46, n. 1, p. 165-170, 1983.
SPINOSA, H. de S., et al. Farmacologia aplicada à medicina veterinária.5.ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

32.OBSTRUÇÃO GASTRINTESTINAL EM COELHOS DE ESTIMAÇÃO –


COMPARAÇÃO DE DOIS PROTOCOLOS TERAPÊUTICOS
MÁRCIA HELENA MARTINS DE ALBUQUERQUE1, LUCIANE MARIA
LASKOSKI1, PAULA BEATRIZ MANGINI2, ROGÉRIO RIBAS LANGE1
1 - Universidade Federal do Paraná
2 - Vida Livre Medicina de Animais Selvagens

INTRODUÇÃO:
A obstrução gastrintestinal é um quadro comum em coelhos, tendo como
potencial complicação a ruptura gástrica ou intestinal, que leva os animais a
óbito. Foi realizado um estudo comparativo com 91 coelhos com obstrução
gastrintestinal de origem natural, tratados com dois protocolos terapêuticos
diferentes. Conclui-se que o tratamento deve ser baseado em analgesia
adequada, uso de fluidoterapia enteral e estimulação da motilidade
gastrintestinal, evitando o uso de suco de abacaxi e lactulose, comumente
utilizados para esta afecção.
A principal causa para obstrução gastrintestinal em coelhos é alimentar, com o
uso inapropriado de cereais, açúcar e falta de fibras na dieta, com retardo do
esvaziamento gástrico e podendo levar à obstrução do trato gastrintestinal. A
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menos que seja reconhecida e tratada rapidamente, esta condição tende a ser
fatal (Davies, 2006). As informações disponíveis dificultam medidas
terapêuticas eficazes. Este trabalho objetivou demonstrar duas diferentes
terapias comumente utilizadas para tratar obstrução gastrintestinal
naturalmente adquirida em coelhos.

Dos 8 animais do grupo 1, 6 faleceram, obtendo uma taxa de sobrevivência de


25%. O grupo 2 obteve 73,4% de taxa de sobrevivência, com morte de 22
animais em meio aos 83 tratados. O Teste Exato de Fisher confirmou que o
aumento da sobrevivência dos animais esteve relacionada ao tipo de
tratamento adotado, com p<0,05.
O tratamento com fluidoterapia parenteral, suco de abacaxi e lactulose foi
sustentado por alguns autores (Mitchell & Tully, 2009), no entanto a lactulose
pode levar à fermentação bacteriana e aumento da formação de gases
(Basilisco et al., 2003); a enzima bromelina do suco de abacaxi não dissolve a
queratina (Krempels et al., 2000), portanto seu uso será ineficaz
para conteúdos compostos de pelos; e a galactose da lactulose e o açúcar do
suco de abacaxi podem auxiliar no crescimento do Clostridium spp. (Krempels
et al., 2000) e levar à produção excessiva de gases e dor (Davies, 2006). A
falta de analgesia impede a atividade física, que

estimularia o retorno da motilidade intestinal. O baixo sucesso do tratamento do


grupo 1 pode, também, ser associado à inadequada hidratação do conteúdo
ressecado. O tratamento do segundo grupo teve maior foco na hidratação oral,
o que auxilia na passagem do conteúdo ressecado, além da analgesia.
Conclui-se que o tratamento da obstrução gastrintestinal em coelhos deve ser
medicamentoso, sempre que possível, com analgesia adequada, hidratação
enteral associada a parenteral para amolecimento do conteúdo gastrintestinal e
estimulação da motilidade gastrintestinal com medicamentos procinéticos.
REFERÊNCIAS:
BASILISCO, G.; PASSERINI, L.; OGLIARI, C. Abdominal distension after
colonic lactulose fermentation recorded by a new extensometer.
Neurogastroenterology & Motility, v.15, n.4, p.427–433, 2003.
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DAVIES, R.R. Digestive system disorders. In: MEREDITH, A.; FLECKNELL, P.


BSAVA Manual of Rabbit Medicine & Surgery. 2.ed. Gloucester: British Small
Animal Veterinary Association, 2006,
Cap.8, p.74-84.
KREMPELS, D.; COTTER, M.; STANZIONE, G. Ileus in domestic rabbits.
Exotic DVM, v. 2.4, p.19-21.
MITCHELL, M.A.; TULLY JR, T.N. Manual of Exotic Pet Practice. Missouri:
Elsevier, 2009. p.390.

33. OCORRÊNCIA DE Contracaecum spp. EM ATOBÁ-PARDO (Sula


leucogaster) NO LITORAL DO ESTADO DO PARANÁ - Relato de Caso
DOUGLAS LUÍS VIEIRA1, GLAUCIA MARTINS ARNÁ1, LUCIANA LAITANO
DIAS DE CASTRO1, DEBORA CRISTINA PELIM LIMA2, MARCELO BELTRÃO
MOLENTO1
1 Universidade Federal do Paraná, Laboratório de Doenças Parasitárias.
2 Universidade Federal do Paraná, Centro de Estudos Marinhos.

RESUMO:
Contracaecum pelagicum é um nematoide pertencente à ordem Ascaridida,
sendo que os hospedeiros definitivos das espécies de Contracaecum spp. são
aves e mamíferos piscívoros. O presente trabalho tem por objetivo relatar a
ocorrência de Contracaecum spp. em atobá-pardo (Sula leucogaster). Foram
coletadas 10 amostras de fezes, sendo duas positivas para ascarídeos. Em
uma das aves foi coletado um parasito adulto identificado como pertencente ao
gênero Contracaecum sp.

INTRODUÇÃO:
Contracaecum pelagicum é um nematoide pertencente à ordem Ascaridida,
tendo como hospedeiro intermediário e paratênico os invertebrados aquáticos e
peixes, respectivamente (EDERLI et al., 2009). Os hospedeiros definitivos das
espécies do gênero Contracaecum são aves e mamíferos piscívoros
(ANDERSON, 2000). C. pelagicum já foi registrado parasitando atobá-pardo
(Sula leucogaster) (SILVA, 2005), albatroz (Thalassarche melanophris) e
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pinguim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) (GARBIN et al., 2007),


porém existem poucos relatos deste nematoide parasitando atobá-pardo.
O atobá-pardo é uma ave característica dos mares tropical e subtropical,
inclusive das costas e mares brasileiros (BRANCO et al., 2010). O presente
trabalho tem por objetivo relatar a ocorrência de Contracaecum spp. em atobá-
pardo (S. leucogaster).

DESCRIÇÃO DO CASO:
Foram coletadas durante o mês de maio de 2015 amostras de fezes de 10
atobás-pardos resgatados pelo Centro de Estudos Marinhos no Balneário de
Pontal do Sul, Município de Pontal do Paraná, PR. As amostras foram
analisadas por exame coproparasitológico através da técnica de flutuação de
Willis (1921) para pesquisa e identificação de ovos de parasitas. Além das
coletas todas as aves passaram por exame clínico e inspeção traqueal com
auxílio de laringoscópio para busca de parasitas traqueais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Das 10 amostras processadas, duas foram positivas para ovos de ascarídeos
(Figura 1), característicos com o gênero Contracaecum (EDERLI et al., 2009).
Durante a inspeção traqueal apenas em 1 animal foi encontrado o parasito, que
foi analisado por microscopia e identificado como pertencente ao gênero
Contracaecum através de auxílio de chave taxonômica de Vicente & Pinto
(1999). A ocorrência de parasitos do gênero Contracaecum foi relatada
anteriormente em atobás-pardos em apenas um estudo (SILVA, 2005),
demonstrando sua importância no parasitismo dessas aves.

CONCLUSÃO:
O relato de parasitos em animais selvagens é de suma importância,
especialmente as aves marinhas, pois os estudos nesse grupo de indivíduos é
escasso ou inexistente. No caso dos atobás-pardos existem apenas um único
relato na América do Sul de infecção por Contracaecum spp., sendo este
trabalho o segundo relato sul-americano desse parasitismo e o primeiro relato
do estado do Paraná.
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Referências
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2010.
EDERLI, N.B.; OLIVEIRA, F.C.R.; MONTEIRO, C.M. et al. Ocorrência de
Contracaecum pelagicum Johnston & Mawson, 1942 (Nematoda, Anisakidae),
em pinguim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus Forster, 1781) (Aves,
Spheniscidae) no litoral do Espírito Santo. Arquivo Brasileiro de Medicina
Veterinária e Zootecnia, v.61, n.4, p.1006-1008, 2009.
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pelagicum (Nematoda: Anisakidae) in Spheniscus magellanicus (Aves:
Spheniscidae) from Argentinean coasts. Journal of Parasitology, v.93, p.143-
150, 2007.
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pelagicum Johnston & Mawson 1942 (Nematoda, Anisakidae) in Sula
leucogaster Boddaert 1783 (Pelecaniformes, Sulidae). Arquivo Brasileiro de
Medicina Veterinária e Zootecnia, v.57, n.4, p.565-567, 2005
VICENTE J.J.; PINTO, R.M. Nematóides do Brasil: Nematóides de peixes.
Atualização: 1985-1998. Revista Brasileira de Zoologia, v.16, p.561-610, 1999.
WILLIS, I.I. A simple levitation method for the detection of hookworm ova.
Medical Journal of Australia, v.8, n.1, p.375-376, 1921
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34. OCORRÊNCIA DE Dirophilaria immitis E Trypanosoma cruzy EM Philander


opossum (Marsupialia, Didelphidea), CAPTURADOS EM BELÉM, PARÁ
MARCELLA KATHERYNE MARQUES BERNAL1; SANDY KELLY SOUZA
MARQUES DA SILVA1; LEOPOLDO AUGUSTO MORAES1; LUCIEN ROBERTA VALENTE
MIRANDA DE AGUIRRA1; SARA LETÍCIA DOS SANTOS ANDRADE1;
WASHINGTON LUIZ ASSUNÇÃO PEREIRA1
1Laboratório de Patologia Animal, Universidade Federal Rural da Amazônia,
Belém, Pará, Brasil.
RESUMO:
As hemoparasitoses podem provocar enfermidades tanto em animais quanto
no homem, sendo transmitidas por vetores artrópodes. Objetivou-se identificar
a ocorrência de Dirophilaria immitis e Trypanosoma cruzy em Philander
opossum. Foram capturados 14 espécimes de Philander opossum em
fragmento de floresta secundária, onde 28,57% das amostras de sangue
analisadas apresentaram-se infectadas por microfilárias e 14,28% por
Trypanosoma cruzi. Conclui-se que hemoparasitas circulam no ecossistema
florestal sugerindo que P. opossum podem vetorar microfiárias e T. cruzi para a
comunidade e animais domésticos que convivem nesse ambiente.
INTRODUÇÃO:
O Trypanosoma cruzi é um protozoário flagelado causador da doença de
chagas que é considerada uma antropozoonose onde o homem e os animais
domésticos e silvestres fazem parte da cadeia epidemiológica da doença. A
Amazônia brasileira atualmente é considerada endêmica para doença de
Chagas no Brasil (PINTO et al., 2008). Mamíferos silvestres como o gambá
(Didelphis sp.) são considerados importantes reservatórios deste parasita
(TRAVI et al., 1994).
Dirofilarioses são doenças generalizadas causadas por nematóides filarídeos
do gênero Dirofilaria, que são transmitidos por uma infinidade de espécies de
mosquitos. Esses nematóides podem infestar mamíferos domésticos e
selvagens de várias ordens, tais como: Artiodactyla, Carnívoro, Lagomorpha,
Primata e Roedor (CANESTRI TROTTI et al., 1997).
O presente estudo visou colaborar com dados importantes no estudo de
hemoparasitoses causadas por T. cruzi e D. immitis em animais silvestres da
espécie Philander opossum.
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MATERIAL E MÉTODOS:
As capturas ocorreram no período de novembro de 2013 a maio de 2014,
sendo utilizados espécimes de Philander opossum. A captura dos espécimes
foi realiza por meio de armadilhas do tipo Tomahank e Sherman, com posterior
contenção física e sedação segundo a metodologia de Cubas et al. (2007),
utilizando ketamina (0,2 mL/Kg) associada a xilazina (0,15 mL/Kg) via
intramuscular.
Em seguida coletou-se sangue da veia lateral caudal ou jugular, e foram
armazenados em tubos com EDTA em tubos previamente identificados. As
amostras de sangue foram refrigeradas para o teste molecular. As gotas de
sangue periférico da ponta da cauda foram utilizados para a confecção de
esfregaços sanguíneos para a análise microscópica de hemoparasitas,
utilizando Panótico Rápido (Laborclin®).
Para a detecção molecular da presença do T. cruzi foi otimizado protocolo
estabelecido por Freitas et al. (2011).Para a amplificação do DNA das
microfilárias, foram seguidas o protocolo previamente descritos e estabelecido
por Rishniw et al. (2006).
Os dados obtidos foram tabulados e analisados através da frequência relativa e
absoluta dos parasitas encontrados.

RESULTADOS:
Foi realizado o esfregaço sanguíneo em todos os animais capturados e 28,57%
(4/14) apresentaram-se infectados por microfilárias e 14,28% (2/14) exibiram
positividade para Trypanosoma cruzi, além de uma variação no grau de
infecção identificado.

Das nove amostras de sangue analisadas pelo teste de PCR apenas um


marsupial mostrou-se positivo para a espécie Dirofilaria immitis. Esse resultado
indica que os outros três espécimes que possuíam microfilárias em esfregaços
sanguíneos estavam infectados com outras espécies de Dirofilaria sp.. Já em
relação ao grau de infecção, apenas o animal 3 apresentava intenso
parasitismo por filária e os animais 6,7 e 9 leve grau de infecção por filaria. Já o
animal 5 exibiu grau moderado de infecção por Trypanosoma.
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DISCUSSÃO:
As informações sobre dirofilariose animal e humana ainda são muito escassas,
principalmente na América do Sul. No que refere à transmissibilidade, Dantas-
Torres e Otranto (2013) comentaram que existem poucos trabalhos sobre as
espécies de mosquitos que agem como vetores potenciais, assim como da
diversidade de culicídeos que são capazes de transmitir Dirofilaria nesta região
e que os dados atuais estão subestimados.
Através da análise dos esfregaços sanguíneos foi observada a presença de
Trypanosoma sp. apenas no indivíduo 5. Entretanto, o teste de PCR confirmou
a infecção por T. cruzi neste animal e também no animal 11. Esses resultados
corroboram com Freitas et al. (2011) que afirmaram que o teste de PCR é mais
sensível na identificação de T. cruzi do que outros métodos, como por exemplo
a hemocultura.
Além disso, no Estado do Pará já foi confirmado que a maioria dos casos
agudos da doença de Chagas são causados por surtos que ocorrem por
transmissão oral devido à preparação inadequada do suco de açaí (XAVIER et
al., 2014).

CONCLUSÕES:
Marsupiais da espécie Philander opossum são acometidos por hemoparasitas,
ocorrendo infecção por Dirofilária immitis, Dirofilária spp. e Trypanosoma cruzi.

REFERÊNCIAS:
CANESTRI TROTTI, G.; PAMPIGLIONE, S.; RIVASI, F. The species of the
genus Dirofilaria, Railliet & Henry, 1911, Parasitologia, v. 39, p. 369–374, 1997.
CUBAS, Z.S.; SILVA, J.C.R.; CATÃO-DIAS, J.L. Tratado de animais selvagens.
São Paulo: Roca, 2007.
DANTAS-TORRES, F.; OTRANTO, D. Dirofilariosis in the Americas: a more
virulent Dirofilaria immitis? Parasites & Vectors, v6, n.288, 2013.
FREITAS, V. L. T.; DA SILVA, S. C. V.; SARTORI, A. M.; BEZERRA, R. C.;
WESTPHALEN, E. V. N.; MOLINA, T. D.; TEIXEIRA, A. R. L.; IBRAHIM, K. Y.;
SHIKANAI-YASUDA, M. A. Real-Time PCR in HIV/Trypanosoma
cruzi Coinfection with and without Chagas Disease Reactivation: Association
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with HIV Viral Load and CD4+ Level. PLoS Neglected Tropical Diseases, v.5,
n.8, p.1277, 2011.
PATTON, J. L.; DA SILVA, M. N. F.; MALCOLM, J. R. Mammals of the Rio
Juruá and the Evolutionary and Ecological Diversification of Amazonia. Bulletin
of the American Museum of Natural History, n.244, p.1-306, 2000.
PINTO, A. Y. N.; VALENTE, S. A.; VALENTE, V. C.; JUNIOR, A. G. F.;
COURA, J. R. Fase aguda da doença de Chagas na Amazônia brasileira.
Estudo de 233 casos do Pará, Amapá e Maranhão observados entre 1988 e
2005. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 41, n. 6, p. 602-
614, 2008.
RISHNIW, M.; BARR, S. C.; SIMPSON, K. W.; FRONGILLO, M. F.; FRANZ, M.;
ALPIZAR, J. L. D. Discrimination Between Six Species of Canine Microfiláriae
by a Single Polimerase Chain Reaction. Veterinary Parasitology, v.135, p.303-
314, 2006.
TRAVI, B. L.; JARAMILLO, C., MONTOYA, J.; SEGURA, I.; ZEA, A.;
GONÇALVES, A.; VELEZ, I. D. Didelphis marsupialis, An Important Reservoir
of Trypanosoma (Schizotrypanum) cruzi and Leishmania (Leishmania) chagasi
in Colombia. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v.50, p.
557 – 561, 1994.
XAVIER, S. C. C.; ROQUE, A. L. R.; BILAC, D.; ARAÚJO, V. A. L.; COSTA
NETO, S. F.; LOROSA, E. S.; SILVA, L. F. C. F.; JANSEN, A. M. Distantiae
Transmission of Trypanosoma cruzi: A New Epidemiological Feature of Acute
Chagas Disease in Brazil. PLoS Negl Trop Dis, v.8, p.5, 2014.

35. OCORRÊNCIA DE FENÔMENOS NÃO LINEARES NAS VOCALIZAÇÕES


DO BOTO-CINZA (SOTALIA GUIANENSIS) NA BAÍA DE SEPETIBA, RJ.
PEREIRA C. B. S.¹, MACIEL I. S.¹,², SIMÃO S. M.¹
¹Laboratorio de Bioacoustica e Ecologia de Cetaceos - Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro, Brasil
² Grupo ECONSERV

RESUMO:
Fenômenos não lineares são pouco estudados em vocalizações, mas pode
representar um papel importante na comunicação. O objetivo do estudo é
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diferenciar os tipos de assovios não lineares produzidos pelos Botos. Neste


trabalho foram usadas gravações feitas em 1998. Os espectrogramas gerados
pelo programa Raven Pro 1.4 foram utilizados para análise. Nos resultados
foram encontrados bifonações, bandas laterais e harmônicos. Que podem
evidenciar funções importantes na comunicação do grupo e ajudar na coesão
social. Mas estudos mais aprofundados precisão ser realizados.

INTRODUÇÃO:
A bioacústica do boto-cinza (Sotalia guianensis) já foi bem descrita na Baía de
Sepetiba (Eber & Simão, 2004; Figueiredo & Simão, 2009). Entretanto, nenhum
trabalho estudou as vocalizações não lineares.
Os fenômenos não lineares podem ser divididos em sub-harmônico,
harmônico, banda lateral, bifonação, pulos de frequência e caos determinístico.
Esses fenômenos podem ser associados a má formações no parelho fonador,
desenvolvimento imaturo em indivíduos juvenis, patogenias e produção
intencional (Digby & Teal, 2014). Nos cetáceos os assovios tonais têm como
principais funções a comunicação, coesão do grupo familiar e identificação do
papel dos mesmos no grupo.
O objetivo do estudo foi reportar a ocorrência de assovios não lineares
produzidos pelo boto-cinza.

MATERIAIS E MÉTODOS:
No presente trabalho foram usadas gravações feitas em 1998. Durante a
gravação, a embarcação manteve-se com o motor desligado a cerda de 20m
dos golfinhos. As vocalizações foram gravadas com hidrofone (Celesco - LC
10), a profundidade de 3 metros, acoplado a um gravador (Sony - WM D3) com
taxa de amostragem de 44kHz (16 bits).
O software Raven Pro 1.4 foi utilizado para produção dos espectrogramas. Os
espectrogramas foram analisados para identificação visual dos fenômenos não
lineares por meio dos métodos propostos por Wilden et al., 1998.

RESULTADOS:
Ao analisar 78 min de gravações, foram encontrados 3 tipos de fenômenos não
lineares. Foram identificadas duas formas principais de bifonação: duas
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frequências independentes que mostram nenhuma interação óbvia e bandas


laterais superiores e inferiores da fundamental devido à sua modulação por um
sinal de frequência mais baixa. Também foram encontrados harmônicos nas
amostras, sendo este os mais frequentes.

DISCUSSÃO:
As não linearidades foram encontradas em vários pontos da gravação e de
forma repetitiva, demonstrando que são fenômenos comuns em meio aos
repertórios dos botos. Como as não linearidades reportadas foram frequentes e
mantiveram o mesmo padrão nas amostras, é possível que desempenhem um
papel importante na comunicação, podendo ser usadas como sinal de
reconhecimento individual (Papale et al., 2015).

CONCLUSÃO:
Com base da análise parcial dos dados, as não linearidades podem ser
intencionais e uteis para a comunicação destes animais. Entretanto, são
necessários mais estudos que visem entender a variação dos fenômenos não
lineares nos indivíduos desta população.
BIBLIOGRAFIA:
Digby, A., Bell, B. D., & Teal, P. D.. Non-linear phenomena in little spotted kiwi
calls. Bioacoustics, 23(2), 113-128. 2014.
Erber, C. & Simao, S. M. Analysis of whistles produced by the tucuxi dolphin.
Anais da Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, v. 76, n.2, p. 381-
385, 2004.
Figueiredo, L. D. & Simão, S. M. Possible occurrence of signature whistles in a
population of Sotalia guianensis (Cetacea, Delphinidae) living in Sepetiba Bay,
Brazil. The Journal of the Acoustical Society of America, v. 126, n. 3, p.1563–
1569. 2009.
Papale, E.; Buffa, G.; Filiciotto, F.; Maccarrone, V.; Mazzola, S.; Ceraulo, M.;
Giacoma, C.; Buscaino, G. Biphonic calls as signature whistles in a free-ranging
bottlenose dolphin. Bioacoustics, n. ahead-of-print, p. 1-9. 2015.
Wilden, I., Herzel, H., Peters, G., & Tembrock, G. (1998). Subharmonics,
biphonation, and deterministic chaos in mammal vocalization. Bioacoustics,
9(3), 171-196. 1998.
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36. OCORRÊNCIA DE Haemonchus sp. EM RUMINANTES EXÓTICOS


MANTIDOS EM CATIVEIRO
ANNA CLAUDIA BAUMEL MONGRUEL¹, MEIRE CHRISTINA SEKI¹,
ADRIANO DE OLIVEIRA TORRES CARRASCO¹.
¹ Universidade Estadual do Centro-Oeste. Guarapuava, Paraná, Brasil.

RESUMO:
Ungulados mantidos em cativeiro podem sofrer situações estressantes que
vêm a causar uma baixa na imunidade do animal, favorecendo a ocorrência de
infecções parasitárias. Através de exame coproparasitológico e coprocultura de
pool de amostras fecais de aproximadamente 60 animais da espécie Antilope
cervicapra mantidos em cativeiro no Paraná, foi diagnosticado a infecção por
Haemonchus sp.. A realização de exames a fim de mensurar a ocorrência de
parasitoses em animais de cativeiro é essencial para a saúde dos mesmos. As
técnicas coproparasitológicas mostram-se eficazes e com bom custo-benefício
para este fim.

INTRODUÇÃO:
O cativeiro de ungulados selvagens torna-se uma importante ferramenta de
conservação, estudo e exibição dessas espécies, especialmente quando as
populações naturais estão em declínio (GOOSSENS et al., 2005).
O estresse causado pelo cativeiro gera uma diminuição na imunidade do
animal, o que pode predispor a ocorrência de infecções parasitárias (MULLER
et al., 2005). Em vida livre, os animais conseguem adaptar-se às cargas
parasitárias obtidas por consequência de seus hábitos alimentares ou ambiente
natural, porém, quando estes animais estão em um ambiente onde a
alimentação fornecida é obtida principalmente através da intervenção humana,
a infecção parasitária pode ser grave (YOUNG et al, 2000).
Segundo Thorton et al. (1973), o conhecimento sobre a fauna parasitária capaz
de infectar antílopes indianos (Antilope cervicapra) mantidos em cativeiro é
essencial para o manejo dos mesmos, uma vez que é uma das principais
espécies de animal exótico mantido em cativeiro no Texas, Estados Unidos, no
Brasil,
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A infecção por Haemonchus sp. é caracterizada por uma anemia que, caso a
produção eritrocitária do hospedeiro não for capaz de compensar as perdas, o
curso da doença pode ser considerado grave. O estresse é um dos motivos
que levam à incompetência hematopoiética (BOWMAN, 2010).
O presente trabalho tem por objetivo relatar o diagnóstico de infecção por
Haemonchus sp. em animais da espécie A. cervicapra, exóticos a fauna
brasileira, mantidos em cativeiro na região de Tibagi (PR).
MATERIAIS E MÉTODOS:
As amostras de fezes obtidas para a realização deste trabalho são
provenientes de animais legalmente mantidos em cativeiro em um criatório
comercial localizado no município de Tibagi, Paraná. Os animais são mantidos
em uma área de aproximadamente 60 hectares, dividida em piquetes
destinados ao alojamento de ruminantes exóticos e domésticos.
Realizou-se um pool de amostras fecais recolhidas no local onde permaneciam
cerca de 60 animais da espécie A. cervicapra. As amostras foram levadas no
mesmo dia para Guarapuava (PR) onde foram analisadas pelos métodos de
flutuação (técnica de Willis-Mollay) e sedimentação simples (técnica de
Hoffman, Pons & Janer ou Lutz) e visualizadas em microscópio. Após a
identificação de ovos, as amostras positivas para ovos do tipo estrongilídeos
foram submetidas à coprocultura para identificação das larvas.
A coprocultura das larvas é realizada através da formação de um ambiente
ideal para o crescimento das larvas mediante a mistura das amostras positivas
à vermiculina e água e mantendo as amostras em estufa à temperatura de
27°C durante sete dias, com controle diário de umidade nas amostras para que
haja o desenvolvimento das larvas até o seu estágio de identificação.
RESULTADOS:
Na técnica de Willis-Molley, foi observada a presença de ovos do tipo
estrongilídeos. Após a coprocultura das amostras de fezes, foram observadas
larvas infectantes filariformes, com cauda de tamanho médio terminada em
chicote e cabeça estreita e arredondada, sendo estas identificadas como
Haemonchus sp.
DISCUSSÃO:
A presença de Haemonchus nas fezes de antílopes corroboram com os
resultados relatados por Thorton et al. (1973), onde animais da espécie
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A.cervicapra foram diagnosticados com infecção por Haemonchus contortus,


nos Estados Unidos. Animais da espécie A. cervicapra podem estar
submetidos a trocas parasitárias entre animais domésticos e cervídeos
selvagens (THORTON et al., 1973). Sabe-se que os animais amostrados no
presente trabalho eram mantidos muito próximos à ruminantes domésticos, fato
que provavelmente justifica a infecção dos animais.
O acometimento de ruminantes selvagens por haemonchose pode ser
considerada uma causa de mortalidade desses animais e também é associada
à síndromes de má nutrição e parasitismo em filhotes (NETTLES et al., 2002).
Durante a realização do presente trabalho, relatou-se a ocorrência de um óbito,
em uma fêmea, que não demonstrou sinais clínicos, segundo o proprietário.
Segundo Acha e Szyfres (1986), o diagnóstico de enfermidades parasitárias
em animais silvestres geralmente é dificultado pelo fato de que os mesmos
tendem a apresentar os sinais clínicos de forma tardia. A suspeita de
resistência à avermectinas em Haemonchus sp. parasitando ruminantes
exóticos mantidos em cativeiro é descrita por Young et al. (2000), o que pode
representar um ponto importante a ser considerado nas estratégias de controle
parasitário desses animais.
CONCLUSÃO:
Poucas informações sobre a ocorrência de endoparasitoses em ruminantes
exóticos mantidos no Brasil são relatadas. A investigação periódica da
presença de parasitas nestes animais é de suma importância para a
manutenção da saúde e bem-estar dos mesmos. As técnicas
coproparasitológicas apresentam boas relações de custo-benefício para a
detecção de parasitas e demonstram-se efetivas para tal fim.
REFERÊNCIAS:
Acha, P.N.; Szyfres, B. Zoonosis y enfermidades transmisibles comunes al
hombre y animales. 2.ed. Washington: Organization Panamericana de la Salud,
1986 (Publicación Científica 503).
Bowman, D.D. HELMINTOS. In: BOWMAN, D.D. (Ed.). Georgis – Parasitologia
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Muller, G.C.K.; Greiner, J.A.; Silva Filho, H.H. Frequência de parasitas


intestinais em felinos mantidos em zoológicos. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.
57, n. 4, p. 559-561, 2005.
Nettles, V.F.; Quist, C.F.; Lopez, R.R.; Wilmers, T.J.; Frank, P.; Robertes, W.;
Chitwood, S.; Davidson, W.R. MORBIDITY AND MORTALITY FACTORS IN
KEY DEER (ODOCOILEUS VIRGINIANUS CLAVIUM). Journ. Wildl. Dis., v. 38,
n. 4, p. 685-692, 2002.
Young, K.E.; Jensen, J.M.; Craig, T.M. EVALUATION OF ANTHELMINTIC
ACTIVITY IN CAPTIVE WILD RUMINANTS BY FECAL EGG REDUCTION
TESTS AND A LARVAL DEVELOPMENT ASSAY. Journ. Zoo Wildl. Med., v.
31, n. 3, p. 348-352, 2000.

37.OCORRÊNCIA DE Hepatozoon canis EM Philander opossum


CAPTURADOS EM FRAGMENTO FLORESTAL
MARCELLA KATHERYNE MARQUES BERNAL1, LUCIEN ROBERTA
VALENTE MIRANDA DE AGUIRRA1, LEOPOLDO AUGUSTO MOARES2,
EVONNILDO COSTA GONÇALVES2, ADRIANA MACIEL DE CASTRO
CARDOSO1, WASHINGTON LUIZ ASSUNÇÃO PEREIRA1
1Laboratório de Patologia Animal, Universidade Federal Rural da Amazônia,
Belém, Pará, Brasil.
2 Laboratório de Tecnologia Biomolecular, Universidade Federal do Pará,
Belém, Pará, Brasil
INTRODUÇÃO:
Diversas espécies silvestres são consideradas sinantrópicas não comensais,
possibilitando a transmissão de enfermidades a animais que vivem em áreas
peri-domiciliares e domiciliares. Contudo, o conhecimento sobre a ocorrência
de hemoparasitas em espécies silvestres ainda é escasso (Aragão de Souza et
al., 2013).

O Hepatozoon sp. é um protozoário transmitido principalmente por carrapatos,


sendo as espécies H. canis e H. americanum geralmente encontradas em
canídeos, não sendo hepatozoonose humana (Lasta et al., 2009).
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Pela escassez de informações sobre hemoparasitas em animais silvestres,


objetivou investigar a ocorrência de Hepatozoon sp. em didelphis viventes na
floresta secundária do entorno do campus.
MATERIAL E MÉTODOS:
Foram capturados 14 espécimes de Philander opossum em fragmento de
floresta Amazônica secundária. Os animais foram contidos fisicamente e
sedados com associação de ketamina e xilazina. As amostras de sangue foram
coletadas pela veia cava ou jugular, acondicionadas em tubos com EDTA e
enviadas para análise molecular.
RESULTADOS:
Dos 14 Philander opossum analisados, 7,14% apresentaram positividade para
Hepatozoon canis, gerando produto molecular de amplicon de 666 pb.
DISCUSSÃO:
A hepatozoonose é normalmente identificada em canídeos domésticos e
silvestres, porém outros espécimes silvestres como o Caiman latirostris
(Pessoa et al., 1972) e o Cerdocyon thous (Almeida, 2011) já manifestaram
essa enfermidade.
O P. opossum apresentou infecção natural para o Hepatozoon canis, registro
inédito para o pequeno mamífero no Pará, sugerindo que há circulação do
protozoário em seu habitat natural.
CONCLUSÃO:
Espécimes de Philander opossum podem ser infectados por Hepatozoon canis
e como tal pode vetorar esse agente para animais domésticos viventes no
local.

REFERÊNCIAS:
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ARAGÃO DE SOUZA, S.K.S. Ocorrência de Mycoplasma spp. e alterações
hematológicas em gatos domésticos (Felis catus) naturalmente infectados,
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Pará. 2013. 78f. Dissertação (Saúde Animal e Produção Animal). Universidade


Federal do Pará.2013.
LASTA, C.S.; SAMTOS, A.P.; MELLO, F.P.S. et al. Infecção por Hepatozoon
canis em canino doméstico na Região Sul do Brasil. Ciência Rural. Santa
Maria.v.39.n.7.p.2135-2140.2009.
PESSOA, S.B.; BIASI, P.; SOUZA, D.M. Esporulação do Haepatozoon caimani
(Carini, 1909), parasita do Jacaré-de-papo-amarelo. Mem. Inst. Oswaldo
Cruz.v.70.n.3.p.379-383.1972.

38. OCORRÊNCIA DE LARVAS CALLIPHORIDAE NO INTESTINO DE


Rhinoclemmys punctularia (DAUNDIN, 1801), BELÉM, PA.
RENZO BRITO LOBATO1; MARCELLA KATHERYNE MARQUES BERNAL1;
SUELLEN DA GAMA BARBOSA MONGER1; BRENO COSTA DE MACEDO1;
WASHINGTON LUIZ ASSUNÇÃO PEREIRA1; ADRIANA MACIEL DE CASTRO
CARDOSO1.
1Laboratório de Patologia Animal, Universidade Federal Rural da Amazônia,
Belém, Pará, Brasil.

RESUMO:
O Rhinoclemmys punctularia, reptil amazônico possui hábitos onívoros. As
moscas buscam substratos para realização da sua ovipostura, a fim de que a
sua prole possa se desenvolver. O presente trabalho objetivou registrar a
presença de larvas calliphorides na porção intestinal de perema. O animal
submetido à necropsia não apresentava lesões e incisuras. No seu exame
interno, o intestino apresentou 35 larvas. Os espécimes possuíam doze
segmentos, espinhos, pseudocéfalo estreito, cristas orais, dentes suprabucais,
esqueleto cefalofaringeano que se estende até o terceiro segmento. Este
registro sugere possível miíase intestinal, ou, mosca em busca de ambiente
rico em nutrientes para sua ovipostura.

INTRODUÇÃO:
A Rhinoclemmys punctularia, conhecida como perema possui distribuição na
América do Sul, no Brasil já foi registrada nos estados do Pará, Maranhão,
Manaus, Amapá, Roraima, Tocantins e Rio grande do Norte (SILVA et al.,
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2011), caracteriza-se por apresentar linhas alaranjadas na porção dorsal da


cabeça, vivendo dentro de rios e lagos com alimentação onívora (ERNST;
BARBOUR, 1989).
A Classe insecta é composta pela ordem díptera, subordem Brachycera que
são insetos compostos por antenas, três segmentos. E as moscas estando na
infraordem Muscomorpha possuem anteas com três segmentos (MONTEIRO,
2011).
O meio escolhido por casa espécie de insetos para a postura e
desenvolvimento larval é variadíssimo, tais como: matéria orgânica em
decomposição (fezes, folhas, madeira podre, cadáveres), lama, água etc.
(NEVES, 2005).
Segundo Monteiro (2011), a família Calliphoridae, é conhecida como moscas-
varejeiras e se caracterizar por possuir aparelho bucal lambedor, sua coloração
metálica e larvas com porção posterior truncada.
Deste modo, o presente trabalhou objetivou realizar o registro de larva na
porção intestinal de perema amazônica.

DESCRIÇÃO DO RELATO:
Um indivíduo da espécie Rhinoclemmys punctularia, veio a óbito, o animal se
apresentava caquético, não verificando lesões e incisuras. No exame interno
ao se realizar na abertura do intestino foi constatada a presença de
invertebrados. Estes 35 espécimes foram coletados, triados e armazenados em
álcool 70% em frascos previamente identificados. Posteriormente, as larvas
foram identificadas consoante chave taxonômica.

RESULTADOS:
Todos os espécimes de insetos foram identificados como de primeiro estágio
larval, sendo da família Calliphoridae com comprimento médio de 3,5mm, corpo
composto por doze segmentos separados por fileiras de numerosos espinhos
diferentes em forma, tamanho e posição, localizados nas extremidades dos
segmentos. Além de apresentarem o pseudocéfalo estreito em direção das
antenas e aos palpos maxilares, presença de cristas orais, dentes suprabucais
e esqueleto cefalofaringeano que se estende até o terceiro segmento.
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DISCUSSÃO:
Segundo Monteiro (2011), as larvas calliphorides apresentam aspecto
vermiforme, com espinhos quitinosos em todos os segmentos do corpo, parte
anterior o aparelho bucal com esqueleto cefálico e com peritema com estigmas
alongados.
Hanski (1987), afirma que as moscas-varejeiras fazem as posturas de seus
ovos em qualquer substrato que sirva para alimentar as suas larvas, já que
ingerem alimentos para que possam realizar a pupação, podendo observar
competição alimentar.
Estes calliphorides, podem ser ingeridos acidentalmente, ocasionando em uma
miíase intestinal.(NEVES, 2005). Vale ressaltar, que a perema não possui
seleção alimentar. Assim animais cativos devem ser manejados
adequadamente.
Os dois comportamentos, quanto de busca por nutrientes para a sobrevivência
de sua prole, quanto à ingestão de larvas podem estar relacionadas com sua
presença na porção intestinal de Rhinoclemmys punctularia.

CONCLUSÃO:
Conclui-se que o comportamento do Rhinoclemmys punctularia e da mosca
adulta podem ter determinado a presença de larvas da família Callipohoridae
na porção intestinal.

REFERÊNCIAS:
ERNST, C.H.; BARBOUR, R.W. Turtles of the world. Smithsonian Institutuion.
Washington.p. 313.1989.
HANSKI, I. Carrion fly community dynamics: patchness, seasonality and
coexistence. Ecological Entomology. Oxford.v.12.p.257-266.1987.
NEVES, David Pereira. Parasitologia humana. 11 ° ed. São Paulo. Editora
Atheneu. 494p. 2005.
SILVA, M.B.; RESENDE, I.M.C.; PARANHOS, J.D.N.; BARRETO, L. Reptilia,
Testidines, Geomydidae, Rhinoclemys punctularia (Daundin, 1801): Distribution
extension. J. Species list and distribution. P.75-77. 2011.
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39. OCORRÊNCIA DE SURTO DE DOENÇA RESPIRATÓRIA EM


PSITTACULA KRAMERI NO RIO GRANDE DO SUL
LAURETE MURER¹, MARÍLIA BAIALARDI RIBEIRO¹, NATALÍ STÜRMER
SAFT¹, GLAUCIA DENISE KOMMERS2, MAURO PEREIRA SOARES3,
MARISTELA LOVATO¹
¹ Núcleo de Estudos e Pesquisa de Animais Silvestres (NEPAS), Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM).
2 Departamento de Patologia, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
3 Laboratório Regional de Diagnóstico, Universidade Federal de Pelotas.

RESUMO:
O Ring Neck (Psittacula krameri) pertence à família Psittacidae na qual já foram
identificados os herpesvírus dos psitacídeos (PsHV) tipos 1 e 2 e, mais
recentemente, o tipo (PsHV-3). Neste relato objetivou-se descrever a
ocorrência de um surto de doença respiratória causada por um herpesvírus no
Rio Grande do Sul (RS).

INTRODUÇÃO:
O Ring Neck (Psittacula krameri), também conhecido como Periquito-de-colar,
pertence à família Psittacidae. Entre as aves desta família já foram
identificadas três espécies distintas de herpesvírus: herpesvírus dos
psitacídeos (PsHV) tipos 1 e 2 (Styles et al., 2005), bem como um tipo a pouco
tempo detectado e denominado por Gabor et al (2013) de herpesvírus dos
psitacídeos tipo 3 (PsHV-3). Este trabalho é a primeira possível evidência da
presença desse vírus no Brasil.

MATERIAL E MÉTODOS:
Após realização de exame externo, quatro aves foram necropsiadas. Amostras
de pulmão e fígado foram coletadas e enviadas para análise histopatológica.
Posteriormente, foram remetidas amostras para microscopia eletrônica de
transmissão e para análise por Reação da Polimerase em Cadeia (PCR).

RESULTADOS:
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No exame externo, foi observado estado nutricional ruim a regular. Ao exame


interno os principais achados foram pulmões congestos. Histologicamente,
observou-se broncopneumonia ou parabronquite necrosante multifocal
acentuada associada a células sinciciais e corpúsculos de inclusão
eosinofílicos intranucleares (também observados no fígado de uma ave). A
microscopia eletrônica dos corpúsculos de inclusão presentes nos pulmões
revelou a presença de um herpesvírus. A análise das amostras por PCR está
em andamento.

DISCUSSÃO:
A broncopneumonia e parabronquite necrosante vistas nestes casos estavam
associadas à presença de células sinciciais, a maioria contendo corpúsculos de
inclusão viral intranucleares. Lesões pulmonares semelhantes às observadas
neste caso têm sido descritas e associadas a um “herpesvírus respiratório de
periquitos” (Tatjana et al., 2008). O resultado da PCR deverá confirmar a
suspeita.

CONCLUSÃO:
Concluiu-se que se tratava de um caso de doença causada por um herpesvírus
respiratório de psitacídeos, talvez introduzido no criatório por aves importadas.

REFERÊNCIAS:
Gabor, M., Gabor, L.J., Peacock, L. et al. Psittacid Herpesvirus 3 Infection in
the Eclectus Parrot (Eclectus roratus) in Australia. Veterinary Pathology Online,
2013. Disponível em:
<http://vet.sagepub.com/content/early/2013/05/22/0300985813490753>,
Acesso em: 19/09/2013.
Styles, D.K., Tomaszewski, E.K, Phalen, D.N. A novel psittacid
herpesvirus found in African grey parrots (Psittacus erithacus
erithacus). Avian Pathology, v. 34, p.150–154, 2005.
Tatjana et al. Respiratory herpesvirus infection in two Indian Ringneck
parakeets. J. Vet. Diagn. Invest., v. 20, p. 235-238, 2008.
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40. OVIDECTOMIA VIA LESS (LAPAROENDOSCOPIC SINGLE SITE


SURGERY) EM CODORNA – RELATO DE CASO
1ROGÉRIO LUIZARI GUEDES; 2SIMONE GONÇALVES DA SILVA; 2ANA
PAULA HUIDA FRANÇA; 1MARCIA HELENA MARTINS DE ALBUQUERQUE;
3ROGÉRIO RIBAS LANGE; 3PETERSON TRICHES DORNBUSCH

¹Discente do Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias –


Universidade Federal do Paraná (UFPR); ²Programa de Residência em Clínica
Cirúrgica de Pequenos Animais – Universidade Tuiuti do Paraná (UTP);
³Docente do Curso de Medicina Veterinária – UTP; 4Docente do Programa de
Pós-graduação em Ciências Veterinárias – UFPR

RESUMO:
A videocirurgia é uma valiosa alternativa à celiotomia padrão. A esterilização de
aves fêmeas, caracterizada pela ovidectomia, atua no controle populacional de
espécies invasoras e no tratamento de desordens reprodutivas. A paciente em
questão foi submetida à ovidectomia laparoscópica por acesso único (LESS),
totalizando cinco minutos de procedimento cirúrgico. A cicatrização ocorreu em
cinco dias e com 15 dias de pós operatório o animal encontrava-se bem e sem
evidências de postura ou retenção de ovos. Esta técnica se mostrou uma
excelente opção em aves por ser minimamente invasiva e rápida.

INTRODUÇÃO:
A remoção cirúrgica do oviduto chama-se ovidectomia e caracteriza-se pela
esterilização de aves fêmeas (ECHOLS, 2002). Este procedimento atua no
controle populacional de espécies invasoras e no tratamento de desordens
reprodutivas como a produção excessiva de ovos, visto que nem sempre são
responsivas a tratamento medicamentoso e manejo ambiental (ROSEN, 2012).
A videocirurgia é uma alternativa diagnóstica e cirúrgica na medicina
veterinária, particularmente da trato urogenital, eliminando a necessidade de
celiotomia mais invasiva, o que causaria maior trauma cirúrgico. A técnica de
LESS tem sido extremamente efetiva para visualização de estruturas e biópsia
em aves (HERNANDEZ-DIVERS, 2007), porém não há relatos do seu uso
durante a ovidectomia, por esta razão, este relato tem o objetivo de
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demonstrar esta técnica em codornas por meio da videocirurgia utilizando um


único acesso.

DESCRIÇÃO DO RELATO:
A referida codorna foi submetida a ovidectomia pela técnica de LESS. Após
medicação pré-anestésica com cetamina, a paciente foi induzida em máscara
com isoflurano até o efeito desejado. A seguir foi posicionada em decúbito
lateral direito, com tração de membro pélvido direito ventralmente, e membro
pélvico esquerdo caudalmente, possibilitando melhor visualização da região do
flanco e os espaços intercostais caudais. O acesso à cavidade celomática se
deu através de uma incisão de aproximadamente 5mm de diâmetro no último
espaço intercostal, um centímetro abaixo da junção costovertebral. Com um
artroscópio de 4mm e 0° foi identificado o saco aéreo e realizada sua ruptura
com pinça Kelly laparoscópica de 2mm de diâmetro, permitindo a visualização
do ovário e oviduto. Com a mesma pinça foi realizada a cauterização e secção
do oviduto em sua curvatura cranial ao rim esquerdo, através de eletrocirurgia
monopolar em modo de coagulação. A síntese da musculatura intercostal e
pele foi realizada em padrão de sutura Sultan utilizando fio ácido poliglicólico 5-
0. O tempo cirúrgico totalizou cinco minutos. O pós-operatório consistiu de
administração de cetoprofeno, uma vez por dia, durante três dias. A
cicatrização completa foi evidenciada com 5 dias de pós-operatório, e após 15
dias do procedimento a paciente encontrou-se clinicamente bem e sem
evidências de postura ou retenção de ovos.

DISCUSSÃO:
Em aves, a esterilização cirúrgica é pouco utilizada por estar associada a um
grande risco devido a hipoglicemia e hipotermia causadas pela alta taxa
metabólica desta espécie (RITCHIE et al, 1994). É comumente realizada por
laparotomia paramediana ou ventral esquerda associada a ressecção de duas
ou três costelas. Segundo Ferreira (2009), a implementação de técnicas
cirúrgicas minimamente invasivas é uma alternativa para diversos
procedimentos cirúrgicos realizados por técnica convencional, tendo como
objetivo minimizar as complicações pós-operatórias. Atualmente, vem sendo
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preconizado o auxílio da videocirurgia para esterilização em aves


(HERNANDEZ-DIVERS, 2007).
De acordo com Hernandez-Divers (2007), os benefícios da videocirurgia em
relação a técnica convencional incluem redução do tempo cirúrgico, menor dor
pós operatória, menor estresse cirúrgico, melhor função pós operatória
pulmonar, redução da hipoxemia, menor exposição cirúrgica dos tecidos a
contaminação e rápida recuperação pós operatória. Este autor cita ainda a
limitação cirúrgica nesta espécie devido ao seu tamanho, sendo a técnica de
único acesso a única alternativa prática para a celiotomia padrão em espécies
de aves muito pequenas. No caso relatado, a ovidectomia por videocirurgia
atuou minimizando os riscos previamente citados devido a mínima invasão,
curta duração do procedimento e devido a capacidade de magnificação de
imagem, que permitiu a exploração da cavidade celomática de maneira ampla
sem traumas excessivos.
A ovariectomia em aves promove benefícios nos casos de distúrbios psíquicos
relacionados à frustração reprodutiva, que pode levar a auto-mutilação, além
de prevenir prolapso de cloaca (HERNANDEZ-DIVERS, 2007). No entanto, no
caso relatado o ovário não foi removido devido a sua posição anatômica
oferecer grande risco de ruptura da artéria ovariana com consequente
hemorragia, o que geralmente é fatal, sendo contraindicada (PYE, 2001).
Mesmo assim ao final dos 15 dias, a paciente não demonstrou os sinais
descritos anteriormente.
A principal desvantagem da LESS comparada às técnicas de múltiplos acessos
seria a restrição a um único instrumental e sua codependencia ao endoscópio,
dificultando a cirurgia por não permitir a triangulação dos instrumentais
(HERNANDEZ-DIVERS, 2007). Apesar dessas adversidades, os autores deste
trabalho consideraram a sua aplicação de fácil execução e com pequenas
dificuldades relacionadas ao paralelismo com a pinça Kelly laparoscópica,
sendo possível realizá-la de maneira rápida e sem complicações.

CONCLUSÃO:
A técnica de LESS permite a realização de esterilização em aves, sendo
realizada em curto período de tempo, trauma mínimo e sem complicações pós-
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operatórias. Indica-se o estudo de mais casos para comprovação da eficácia da


técnica.

REFERÊNCIAS:
1 - ECHOLS, M. S. Surgery of the Avian Reproductive Tract. In: Seminars in
Avian and Exotic Pet Medicine, Orlando, v. 11, n.4, p. 177-195, out. 2002.
2 - FERREIRA, G. S. Ovariectomia por videocirurgia em cadelas e gatas. Jornal
Brasileiro de Ciência Animal, v. 2, n. 4, 2009.
3 - HERNANDEZ-DIVERS, S. J. et al. In: Endoscopic orchidectomy and
salpingohysterectomy of pigeons (Columba livia): An avian model for minimally
invasive endosurgery. Journal of Avian Medicine and Surgery, Teaneck, v. 21,
n.1, 2007. p. 22-37.
4 - PYE, G. W. et al. Endoscopic Salpingohysterectomy of Juvenile Cockatiels
(Nymphicus hollandicus). Journal of Avian Medicine and Surgery, Teaneck, v.
15, n.2, p.90-94, jun. 2001.
5 - RITCHIE, B. W.; HARRISON, G. J.; HARRISON, L. R. Avian Medicine:
Principles and Application. Lake Worth: Wingers Publishing, 1994.
6 - ROSEN, L. B. Avian reproductive disorders. In: Journal of Exotic Pet
Medicine, Orlando, v. 21, p. 124–131, abr. 2012.

41. PIOMETRA EM PANTHERA TIGRIS: RELATO DE CASO


MILTON MIKIO MORISHIN FILHO¹, MANOEL LUCAS JAVOROUSKI², PAOLA
PERINE3, GIOVANA SCUISSIATTO DE SOUZA4, JULIANA CANTARELLI4,
RENATA APARECIDA SOLON4

Prof Adj. Curso de Medicina Veterinária – UTP


Médico Veterinário – Zoológico – Curitiba/PR
Médica Veterinária Autônoma
Graduando do curso de Medicina Veterinária - UTP

RESUMO:
A piometra é uma enfermidade que oferece risco potencial a vida do paciente.
Os estudos sobre esta doença em animais selvagens são escassos, deste
modo, o presente relato expõe o caso de uma tigresa de 15 anos proveniente
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do Zoológico Municipal de Curitiba, diagnosticada com piometra e submetida a


ovariohisterectomia. Contudo a mesma veio a óbito no sétimo dia de pós-
operatório, sendo sepse e coagulação intravascular disseminada as principais
suspeitas de causa morte.

REVISÃO DE LITERATURA:
A piometra é uma doença bastante vivenciada na rotina clínica de animais
domésticos, porém pouco se sabe sobre sua manifestação em animais
selvagens. Por este motivo, buscou-se abordar o tema por meio do relato
envolvendo uma tigresa de 15 anos proveniente do Zoológico Municipal de
Curitiba. Piometra é o acúmulo de material purulento dentro do útero associada
à hiperplasia endometrial cística durante o diestro, podendo apresentar
corrimento vaginal ou não dependendo a abertura da cervix segundo Slatter
(1998). A etiopatogenia resulta de complexos fatores como a quantidade de
ciclos estrais, a virulência das infecções bacterianas, idade e capacidade
individual de combater as infecções segundo Murer (2015). O diagnóstico
pode ser feito através da análise dos sinais clínicos, exame físico, resultados
laboratoriais e exames de imagem (ETTINGER & FELDMAN, 2008). Apesar da
ovariohisterectomia ser o tratamento de escolha em casos de piometra
(BIRCHARD & SHERDING, 2008) pode-se tentar o tratamento clínico visando
o futuro reprodutivo do animal (ETTINGER & FELDMAN, 2008). A causa mais
comum de óbito é a sepse (BIRCHARD & SHERDING, 2008). Os
microorganismos isolados em cultivos de material uterino de felinos com
piometra foram: Escherichia coli, Staphylococcus, Streptococcus, Pausterella e
Klebsiella (SLATTER, 1998). Sabe-se que tigres (Panthera tigres), leoas
(Panthera leo) e onças-pintadas (Panthera onca) podem desenvolver a doença
(MURER, et al. 2015). No Brasil, são raros os casos relatados de piometra em
grandes felídeos (FORNAZARI, et al. 2011). Tendo isso em vista, o objetivo do
presente estudo foi relatar a ocorrência de piometra em tigresa (Panthera
tigres).

RELATO DE CASO:
Foi atendida uma tigresa de 15 anos, (Zoológico Municipal de Curitiba – PR),
peso estimado em 200 kg, apresentando apatia, desidratação de 5%, anorexia,
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mucosas hipocoradas, temperatura corpórea de 39,8°C e corrimento vaginal


sanguinolento há 7 dias. Optou-se pela contenção química para o transporte
até o Hospital Veterinário e manejo pré operatório 0,2mg/kg midazolam + 7
mg/kg cetamina via intramuscular. Indução realizada com propofol 5 mg/kg IV,
manutenção com isoflurano, e peridural com morfina 0,1mg/kg + 1ml/4kg
lidocaína (punção entre L7-S1). Ao exame ultrassonográfico os rins direito e
esquerdo apresentavam discreta perda da diferenciação córtico-medular,
observado quantidade significativa de conteúdo de ecogenicidade mista em
lúmen uterino e hiperecogenicidade parietal de camada mucosa, imagens
compatíveis com piometra/hemometra. Realizou-se a ovariohisterectomia como
descrito por Fossum (2002). Devido ao porte do animal optou-se por utilizar tela
de polipropileno como método auxiliar na manutenção da abdominorrafia. Foi
administrado por via subcutânea enrofloxacina 5 mg/kg por 10 dias; meloxicam
0,1 mg/kg por 5 dias; e 2mg/kg de cloridrato de tramadol por 5 dias. No 7° dia
de pós-operatório o animal veio à óbito. Na necropsia foi constatado que a
cicatrização de pele apresentava ótima evolução, sem sinais de deiscências
dos pontos, presença de corrimento sanguinolento em ânus, vulva e narinas.
Não havia sinais de peritonite. O conteúdo gástrico de coloração escura e os
pulmões com grande quantidade de sangue. O animal foi encaminhado ao
Museu de História Natural para procedimento de taxidermia.

DISCUSSÃO:
O grande desafio da Medicina Veterinária é a dificuldade de manejo do animal
selvagem de forma eficiente e a captação de recursos para realização dos
procedimentos clínico cirúrgicos. Exames realizados rotineiramente como
hemograma e perfil bioquímico tornam-se secundários, principalmente quando
o animal não permite o manejo seguro. Portanto o diagnóstico de piometra
baseado apenas nos sinais clínicos, exame físico e ultrassonografia abdominal
é possível segundo Souza, et al. (2006). No presente caso não foram
realizados outros exames como histopatologia uterina e cultura e antibiograma
devido viabilidade financeira do Zoológico Municipal. Optou-se por utilizar a
enrofloxacina por ser uma antibiótico de amplo espectro, capaz de atuar de
forma eficiente nas principais bactérias que foram relatas em casos de
piometras em felinos como citado por Slatter (1998). A perda de diferenciação
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córtico-medular renal pode estar relacionada à idade avançada do paciente,


enquanto o conteúdo anecóico intra-luminal e a hiperecogenicidade parietal do
útero sugerem pio/hemometra. Os achados de necrópsia são compatíveis com
sepse e coagulação intravascular disseminada, o que provavelmente levou o
animal ao óbito. A utilização da tela de polipropileno demonstrou-se eficiente
como método auxiliar no suporte de peso das vísceras sobre a sutura,
permitindo uma melhor cicatrização.

CONCLUSÃO:
A dificuldade de manejo em grandes felinos torna o diagnóstico e tratamento
grandes desafios. A piometra pode ser diagnosticada através do exame físico
associado ao exame ultrassonográfico porem a identificação de agente
etiológicos nem sempre é viável economicamente. A agilidade diagnóstico
permite o tratamento adequado evitando um prognóstico ruim.

REFERÊNCIAS:
BIRCHARD, S. J.; SHERDING, R. G. The Cat: Diseases and Clinical
Management. In: (Ed.): ROCA, 2008.
ECHARTE, G. V. Principales enfermedades presentadas en los felinos
silvestres en cautiverio en el Parque Zoológico Nacional de Cuba. Revista
CUBAZOO, n. 26. p. 30-34, 2014.
ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. 5
ed. São Paulo: Manole, 2008.
FORNAZARI, et al. Pyometra in a famale lion (Panthera leo): report of case.
Vet. e Zootec. p. 371-373, 2011.
FOSSUM, T. W. Cirurgia dos Sistemas Reprodutivo e Genital. In: (Ed.). Cirurgia
de Pequenos Animais. 1. São Paulo: ROCA LTDA, cap. 23, p.602 - 607, 2002.
Mesa – Cruz, J. Patologías relacionadas con el tracto reproductivo en
herbívoros, carnívoros y primates. Mem. Conf. Interna med. Aprovech. Fauna
silv. Exót. Conv. 2010.
MURER, L. et al. Piometra em uma leoa (Panthera leo): relato de caso. Arq.
Bras. Med. Vet. Zootec. vol. 67, n.3, p. 727-731, ISSN 1678-4162, 2015.
SLATTER, D. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. Manole, 1998, 2830p.
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SOUZA, J. G. M. et al. Piometra em animais de companhia: um desafio


patológico clínico. In: XV Congresso de Iniciação Científica VIII Encontro de
Pós-Graduação UFPel, 2006. Pelotas.

42. PRIMEIRO REGISTRO DE Amblyomma geayi (ACARI: IXODIDAE) EM


PREGUIÇA (Bradypus variegatus) NO ESTADO DO ACRE, AMAZÔNIA
OCIDENTAL – RELATO DE CASO
SORAIA FIGUEIREDO DE SOUZA1, LUCIANA DOS SANTOS MEDEIROS1,
ROMULO SILVA DE OLIVEIRA1, ANDRESSA DE CASTRO SOUZA1,
CAROLINA COUTO BARQUETE1, MÁRCIA SANGALETTI LAVINA2
1 - Universidade Federal do Acre, Rio Branco, Acre
2 - Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, Santa Catarina

RESUMO:
O Amblyomma geayi é um carrapato da família Ixodidae encontrado
principalmente em mamíferos e aves silvestres de regiões tropicais da América
do Sul. Descreve-se a ocorrência de um carrapato ixodídeo da espécie A. geayi
encontrado em uma preguiça (Bradypus variegatus) proveniente do Parque
Zoobotânico da Universidade Federal do Acre, Rio Branco, Acre, Amazônia
Ocidental.

INTRODUÇÃO:
O estado do Acre está inserido em uma das regiões mais ricas, em termos de
biodiversidade, na Amazônia Ocidental (Calouro, 1999). Para que esta
biodiversidade seja mantida, é necessário o conhecimento de possíveis fatores
que possam causar enfermidades nestes animais, incluindo a presença de
ectoparasitas que, além da espoliação sanguínea, podem servir de vetores
para diversas doenças.

Carrapatos do gênero Amblyomma spp. têm se tornado motivo de estudos na


região Amazônica. O A. geayi foi encontrado por Martins et al. (2013) em B.
variegatus em Belém, estado do Pará. Em Vilhena, Rondônia, foram
encontradas diferentes espécies de Amblyomma spp. em capivara, águia
harpia e jabuti. Nesse estudo Labruna et al. (2010) registraram pela primeira
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vez a presença de A. romitii, porém a presença do A. geayi não foi relatada.


Não foram encontrados registros sobre a presença de Amblyomma spp. no
estado do Acre. Diante disto, é de grande importância a descrição e realização
de estudos sobre a ocorrência das espécies deste ixodídeo na Amazônia
Ocidental.
DESCRIÇÃO DO RELATO:
Em outubro de 2014, um animal jovem da espécie B. variegatus, fêmea, foi
encontrado no Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre, no
município de Rio Branco, Acre (Latitude: -9.974, Longitude: -67.8076) e
examinado por apresentar um pequeno ferimento no 3° dígito do membro
pélvico direito. Durante a avaliação física foi encontrado um carrapato do
gênero Amblyomma spp. na região do pavilhão auricular esquerdo, que foi
removido com auxílio de pinça e conservado em álcool 70% para posterior
identificação. Após limpeza da ferida, a preguiça foi encaminhada ao Centro de
Triagem de Animais Silvestres – CETAS/IBAMA para providências de
reintrodução.
O espécime (Figura 1) foi identificado conforme as características morfológicas
descritas por Martins et al. (2013) levando em consideração as particularidades
do gnatossoma, escudo e coxas.
DISCUSSÃO:
A presença do gênero Amblyomma spp. tem sido descrita em diferentes
espécies da região Amazônica, como em aves silvestres na Amazônia
Ocidental, Pará (Ogrzewalska et al., 2010; Martins et al., 2014), quelônios
(Labruna et al., 2002), capivara, águia harpia e jabuti em Rondônia, na
Amazônia Ocidental (Labruna et al., 2002) e em uma preguiça da espécie B.
variegatus, também no Pará (Martins et al., 2013).
Apesar do A. geayi ser encontrado parasitando animais silvestres na região
Amazônica conforme relatado por Ogrzewalska et al. (2010) e Martins et al.
(2014), mais descrições desta espécie são necessárias, uma vez que Martins
et al. (2010) descreveram morfologicamente as ninfas de 27 das 29 espécies
de Amblyomma spp. encontradas no Brasil, afirmando que as ninfas de A.
goeldii e de A. geayi permaneciam sem descrição. A primeira descrição desta
espécie no estágio de ninfa foi realizada por Martins et al. (2013), que, assim
como no presente relato, encontraram o carrapato parasitando a preguiça
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comum (B. variegatus), evidencia a necessidade da realização de mais estudos


sobre a distribuição de A. geayi em diferentes regiões e espécies de
hospedeiros.
CONCLUSÃO:
A partir da identificação do ectoparasita, foi possível concluir que o
Amblyomma geayi está presente também no estado do Acre e foi encontrado
parasitando uma preguiça da espécie Bradypus variegatus.
REFERÊNCIAS:
CALOURO, A. M. Riqueza de mamíferos de grande e médio porte do Parque
Nacional da Serra do Divisor (Acre, Brasil). Revista brasileira de Zoologia,
v.16, sup.2, p.195-213, 1999.
LABRUNA, M. B.; CAMARGO, L. M. A.; TERRASSINI, F. A.; et al. Notes on
parasitismo by Amblyomma humerale (Acari: Ixodidae) in the State of
Rondônia, Western Amazon, Brazil. Journal of Medical Entomology, v.39, n.6,
p.814-817, 2002.
LABRUNA, M. B.; BARBIERI, F. S.; MARTINS, T. F.; et al. New tick records in
Rondônia, Western Brasilian Amazon. Revista Brasileira de Parasitologia
Veterinária, v.19, n.3, p.192-194, 2010.
MARTINS, T. F.; ONOFRIO, V. C.; BARROS-BATTESTI, D. M. et al. Nymphs
of the genus Amblyomma (Acari: Ixodidae) of Brazil: descriptions,
redescriptions, and identification key. Ticks and Tick Borne Disease, v.1, n.2,
p.75-90, 2010.
MARTINS, T. F.; SCOFIEOD, A.; OLIVEIRA, W. B. L.; et al. Morphological
description of the nymphal stage of Amblyomma geayi and new nymphal
records of Amblyomma parkeri. Ticks and Tick Borne Disease, v.4, n.3, p.181-
184, 2013.
MARTINS, T. F.; FECCHIO, A.; LABRUNA, M. B. Ticks of the genus
Amblyomma (Acari: Ixodidae) on wild birds in the Brazilian Amazon. Systmatic
& Applied Acarology, v.19, n.4, p.385-392, 2014.
OGRZEWALSKA, M.; UEZU, A.; LABRUNA, M. B. Ticks (Acari: Ixodidae)
infesting wild birds in the eastern Amazon, northern Brazil, with notes on
rickettsial infection in ticks. Parasitology research, v.106, n.4, p.809-816, 2010.
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43. PRIMEIRO RELATO DE CASO DE Crenosoma sp. EM FURÃO PEQUENO


(Galictis cuja, Molina, 1782) NO ESTADO DE SANTA CATARINA, SUL DO
BRASIL
DANIELA PEDRASSANI1, MARGARETH CRISTINA IAZZETTI SANTOS2,
THIAGO CASSIAS MIREK3, LUÍS AUGUSTO WENDT3, JESSICA
DRECHMER3, MAYANA RITA WORM3
1 Dra, Professora do Curso de Medicina Veterinária, Universidade do
Contestado-UnC, Canoinhas-SC
2 Esp., Médica Veterinária do Setor de Animais Silvestres do Hospital
Veterinário da UnC-Canoinhas-SC
3Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária, UnC-Canoinhas-SC

RESUMO:
O furão pequeno (Galictis cuja) é uma espécie de mustelídeo que habita o
sudeste do Peru, Bolívia ocidental e do sul, região central do Chile, Paraguai,
Uruguai, Argentina e de leste a sudeste do Brasil. A literatura sobre a biologia
desta espécie é ainda escassa, principalmente no que se diz respeito as suas
espécies de parasitas. Este trabalho teve por objetivo relatar o primeiro caso no
estado de Santa Catarina, sul do Brasil, de parasitismo por Crenosoma sp.em
bronquíolos de um G. cuja morto por atropelamento. O achado reforça a
necessidade de estudos à respeito desta espécie hospedeira e de seus
parasitas.

INTRODUÇÃO:
O gênero Crenosoma pertence à família de parasitas Crenosomatidae
(Nematoda: Metastrongylidae) e aloja-se nos seios frontais, brônquios e veias
de mamíferos carnívoros e insetívoros. Até o ano de 2011 conheciam-se 11
espécies do gênero Crenosoma, os quais foram relatados em hospedeiros na
Europa, Ásia e América do Norte (Vieira et al., 2012). No ano seguinte, Vieira et
al. (2012) ao necropsiarem três exemplares de furão pequeno (Galictis cuja)
que haviam sido atropelados em Juiz de Fora, Minas Gerais, identificaram e
relataram em um dos animais, uma nova espécie desse parasita, o Crenosoma
brasiliense, encontrado nos brônquios e bronquíolos. No mesmo ano, houve o
primeiro relato desse gênero em furão pequeno no Estado do Rio Grande do
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Sul, na região Sul do Brasil (Macedo; Bernardon; Müller, 2012). Tais parasitas
apresentam como características gerais uma cutícula com estrias longitudinais
e transversais, sendo as transversais com dobras, conferindo um aspecto
crenado; evidente dimorfismo sexual, com fêmeas maiores que machos; uma
pequena abertura oral circular; anfídeas não evidentes e; esôfago em formato
de clave (Vieira et al., 2012).
Os furões pequenos (Galictis cuja, Molina, 1782) (Carnívora: Mustelidae)
ocorrem no sudeste do Peru, Bolívia ocidental e do sul, região central do Chile,
Paraguai, Uruguai, Argentina e de leste a sudeste do Brasil, compreendendo os
biomas da Mata Atlântica, Pantanal, Caatinga, Pampas e Cerrado (Reid e
Helgen, 2008; Kasper et al., 2013). São comumente encontrados em áreas
próximas a coleções de água ou em áreas mais abertas e montanhosas com
até 4.200m de altitude. Também podem ocorrer nas áreas agrícolas dos
pampas. Alimentam-se de pequenos e
médios vertebrados e esporadicamente de invertebrados (Reid e Helgen, 2008;
Vieira et al., 2012). Segundo a lista de espécies ameaçacadas de extinção da
União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) são classificados
como pouco preocupante (Reid e Helgen, 2008). Esse trabalho tem o objetivo
de relatar a primeira ocorrência de parasitismo por Crenosomaem
Galictiscujano Estado de Santa Catarina na região Sul do Brasil.
DESCRIÇÃO DO RELATO:
Um exemplar de G. cuja, adulto, fêmea, foi encontrado morto por
atropelamento na rodovia que liga o centro do município de Canoinhas ao
distrito de Marcílio Dias, no Planalto Norte de Santa Catarina, Brasil (latitude
26º6’1,02”S; longitude 50º23’27,26”O). O animal foi encaminhado ao Hospital
Veterinário da Universidade do Contestado – UnC, Campus Canoinhas, por
uma aluna do curso de Medicina Veterinária, para necropsia. Ao exame
macroscópico do pulmão, os lobos apresentaram extensas áreas de
hepatização. Nos bronquíolos foi observada infecção mediana por nematódeos
parasitas de coloração branca. Estes foram removidos, clarificados com ácido
acético 80%, montados em lâminas temporárias, examinados em microscopia
ótica e identificados como pertencentes ao gênero Crenosoma de acordo com
a chave proposta por Vieira et al. (2012).
DISCUSSÃO:
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Poo-Muñoz, Escobar e Peterson (2014) realizaram o levantamento de


trabalhos relacionados a espécie de G.cuja e constataram que dos 89 artigos
encontrados sobre a espécie, apenas cinco tinham como tópico parasitologia,
dos quais quatro foram realizados por exames post-mortem. Isto demonstra a
escassez de estudos a respeito destes animais e dos seus parasitas, além do
fato de que, o exame de necropsia de animais silvestres atropelados é uma
importante fonte de dados para a medicina veterinária, principalmente para a
área de parasitologia.
Sabe-se que o Crenosoma vulpis é um parasita de traqueia, brônquios e
bronquíolos de canídeos selvagens e domésticos, causando danos no
parênquima pulmonar e bronquite crônica, seguida de espirros, dificuldade
respiratória e tosse crônica produtiva ou não. A infecção intensa pode levar o
animal a óbito devido a broncopneumonia e insuficiência respiratória severa
(Simin, 2012). O ciclo biológico do Crenosomaem furão, no Brasil ainda é
desconhecido, porém, assim como o C. vulpis, também é um parasita de
bronquíolos, e pode levar a alterações morfológicas no órgão, como
demonstraram os achados necroscópicos deste trabalho.
Do animal necropsiado foram obtidos parasitas fêmeas com tamanho médio de
10mm. Essas eram ovovivíparas, com vulva com lábios salientes com uma
proeminente franja cuticular; a cauda é afilada bruscamente, apresentando
uma papila terminalduas papilas laterais subterminais. Mais estudos serão
realizados na tentava de identificar a espécie do Crenosomaencontrada nesse
furão.
CONCLUSÕES:
Ainda há muito que se estudar a respeito da ocorrência e do ciclo biológico do
Crenosomaem espécies animais no Brasil, sendo um parasita que requer
bastante atenção por afetar o parênquima pulmonar de furões pequenos.
REFERÊNCIAS:
KASPER, C. B. et al. Avaliação do risco de extinção do Furão Galictis cuja
(Molina, 1782) no Brasil. Biodiversidade Brasileira, v.1, n.3, p.203-210, 2013.
MACEDO, M. R. P.; BERNARDON, F. F.; MÜLLER, G. Primeiro registro de
Crenosoma sp. (Nematoda: Metastrongyloidea)em Galictiscuja (Molina, 1782)
(Carnivora, Mustelidae) no sul doBrasil. The Biologist (Lima), v. 10, n.2, p. 102,
suplem.esp. 2, 2012.
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POO-MUÑOZ, D. A. et al. Galictiscuja (Mammalia): An update of current


knowledge and geographic distribution. Iheringia, Série Zoologia, Porto Alegre,
v.3, n.104, p.341-346, 2014.
REID, F.; HELGEN, K. Galictis cuja. The IUCN Red List of Threatened Species.
Version 2015.2, 2008. Disponível em: <www.iucnredlist.org>. Acesso em:
12/08/2015.
SIMIN, V. et al. Crenosoma vulpis (Dujardin 1844) (Nematoda,
Crenosomatidae) in foxes in Vojvodina Province, Serbia. Biologia Serbica, v.34,
n.1-2, p.71-74, 2012.
VIEIRA, F. M. et al. Crenosoma brasiliense sp. n. (Nematoda:
Metastrongyloidea) parasitic in lesser grison, Galictis cuja (Molina, 1782)
(Carnivora, Mustelidae) from Brazil, with a key to species of Crenosoma Molin,
1861. Folia Parasitologica, v.3, n.59, p.187–194, 2012.

44. QUANTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO LACRIMAL DE QUATIS (Nasua nasua)


ATRAVÉS DE PONTAS DE PAPEL ABSORVENTES ENDODÔNTICAS
THAÍS RUIZ1; THAÍS OLIVEIRA MORGADO1; GABRIELA MORAIS
MADRUGA1; JULIANA GODOY SANTOS2; REGINA CÉLIA ROGRIGUEZ DA
PAZ3; ALEXANDRE PINTO RIBEIRO3
1Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Faculdade de
Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia (FAMEVZ); Universidade Federal
de Mato Grosso (UFMT)
2 Iniciação científica PIBIC, FAMEVZ-UFMT
3 Departamento de Clínica Médica Veterinária, FAMEVZ-UFMT

RESUMO:
Objetivou-se mensurar a produção lacrimal normal de quatis (Nasua nasua)
através de pontas de papel absorventes endodônticas. A produção lacrimal
variou de 8,85 a 16,59 mm/min (13,15 ± 2,52 mm/min) e não houve diferença
entre olhos ou entre sexos (p>0,05). Portanto, essa técnica foi eficaz para
estimar a produção de lágrima em quatis adultos.

INTRODUÇÃO:
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Os quatis são carnívoros membros da família Procyonidae. Apesar da ampla


distribuição geográfica e abundância (Beisiegel, 2001), existem poucos estudos
sobre seus parâmetros oftálmicos. A mensuração da porção aquosa da lágrima
é um importante parâmetro clínico para o diagnóstico de diferentes condições,
tais como o epífora ou ceratoconjuntivite seca (Lange et al., 2012).
Objetivou-se mensurar a produção lacrimal normal de quatis (Nasua nasua)
adultos sadios através de pontas de papel absorventes endodônticas.
MATERIAIS E MÉTODOS:
Foram selecionados 10 (5 machos e 5 fêmeas) quatis adultos saudáveis.
Animais isentos de quaisquer alterações ao exame clínico e oftálmico.
Após contenção química (cetamina 10mg/kg e midazolam 0,5 mg/kg, por via
intramuscular), a ponta do papel absorvente endodôntica (Dentsply - Color size
30, RJ, BR) foi inserida no fórnice conjuntival inferior, permanecendo durante 1
minuto. Depois, mensurou-se a porção absorvida com paquímetro digital.
Todas as avaliações foram realizadas pelo mesmo examinador e em ambiente
controlado.
Para a análise estatística, usou-se o teste t-Student, para as comparações
entre olhos e sexos, considerando significativo p<0,05.
RESULTADO E DISCUSSÃO:
A produção lacrimal variou de 8,85 a 16,59 mm/min (13,15 ± 2,52 mm/min).
Nos machos, a média foi de 13,59 ± 2,31 mm/min, e nas fêmeas, de 12,70 ±
1,89 mm/min. Não houve diferença entre olhos ou entre sexos (p>0,05).
Estes pontos de papel são amplamente utilizados em procedimentos
endodônticos, pela elevada capacidade de absorção. Essa técnica já foi
padronizada em saguis (Lange et al., 2012) e em jacarés-do-papo-amarelo
(Oriá et al., 2013), sob a proposta de mensurar a porção aquosa da lágrima em
olhos pequenos.
CONCLUSÃO:
O uso de pontas de papel absorvíveis foi eficaz para estimar a produção da
porção aquosa da lágrima em quatis adultos. E essa, não diferiu entre olhos ou
sexos, nas condições deste estudo.
REFERÊNCIAS:
Beisiegel, B.M. Notes on the coati Nasua nasua (Carnivora: Procionidae) in an
atlantic forest area. Braz. J. Biol, v.61, p.689-692, 2001.
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Lange R.R., Lima L., Montiani-Ferreira F. Measurement of tear production in


black-tufted marmosets (Callithrix penicillata) using three different methods:
modified Schirmer’s I, phenol red thread and standardized endodontic
absorbent paper points. Veterinary Ophthalmology, v.15, p. 376–382, 2012.
Oriá, A.P. et al. Ophthalmic diagnostic tests, orbital anatomy, and adnexal
histology of the broad-snouted caiman (Caiman latirostris). Veterinary
Ophthalmology, p. 1–10, 2013.

45. RELATO DE COINFECÇÃO POR HEMOPARASITOS EM SANGUE DE


HARPIA (Harpia harpyja) EM ARAGUAÍNA-TOCANTINS.
ISABELA TEBALDI POUBEL DO CARMO1; JULIANE LOPES REIS2;
*EDUARDO BORGES VIANA3, VICTOR SILVA PINHEIRO DA COSTA3,
LETÍCIA MASSOM CAROLINO3.
1Laboratório de Pesquisa Clínica e Molecular Marcílio Dias do Nascimento,
Faculdade de Veterinária, , Universidade Federal Fluminense, Niterói-RJ,
Brasil; 2 Médica Veterinária autônoma, Msc 3Universidade Federal de
Tocantins, Araguaína-TO, Brasil.
RESUMO:
A harpia (Harpia harpyja), ave de rapina presente no Brasil, pode ser
observada em diversos lugares com alteração ambiental por humanos, e sofre
com esta interação. A filariose, causada por nematódeos, possui raros os
relatos em aves silvestres. De maneira semelhante, o protozoário do gênero
Trypanosoma, também possui relatos escassos. O presente trabalho teve por
objetivo relatar a presença de coinfecção entre filarídeo e tripanossomatídeo
em esfregaço de sangue colhido em harpia (Harpia harpyja) e alertar para a
importância de estudos em animais silvestres como vetores e/ou reservatórios
de doenças.
INTRODUÇÃO:
A harpia (Harpia harpyja), ave pertencente à família Accipitridae é a maior ave
de rapina do Brasil (Vargas et al., 2006; Cbro, 2010). Há relatos de harpias em
diversos lugares com alteração ambiental por humanos, como zonas agrícolas
ou de exploração florestal (Alvarez-Cordero, 1996). Como um predador natural,
a harpia não se intimida ante a presença humana, o que tem gerado diminuição
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de sua população (Alvarez-Cordero, 1996; Valdez, 2002). Há relatos de harpias


mortas por tiros no Panamá e na Venezuela (Alvarez-Cordero, 1996).
A filariose é causada por nematódeos, mas são raros os relatos em aves
silvestres. Um relato de caso foi descrito no Panamá, com a identificação do
nematódeo Pelecitus helicinus parasitando pardal (López et al., 2011). Há
relato da infecção por Dirofiraria immitis em um pinguim (Spheniscus
humboldti) (Sano et al., 2005). A única forma de identificar a espécie parasita é
realizando um comparativo entre larvas adultas (presentes nos órgãos do
hospedeiro vertebrado) e as microfilárias do sangue periférico (Matta e
Rodríguez, 2001). O protozoário do gênero Trypanosoma, eucarioto unicelular
e uniflagelado (Roitman e Camargo, 1985) que pode ser encontrado em
animais silvestres. O presente trabalho teve por objetivo relatar a presença de
coinfecção entre filarídeo e tripanossomatídeo em esfregaço de sangue colhido
de harpia (Harpia harpyja) em Araguaína, Tocantins, e alertar para a
importância de estudos em animais silvestres como vetores e/ou reservatórios
de doenças.
RELATO DE CASO:
Em janeiro de 2014, foi entregue aos cuidados do CETAS (Centro de triagem
de animais silvestres)/ Naturatins, Araguaína-Tocantins, uma harpia resgatada
no município de Babaçulândia-TO. A ave apresentava ferida na asa esquerda,
peito e perna esquerda,com extensa área de necrose tecidual na asa
esquerda. Visto a precariedade do animal descartou se a coleta de sangue
para hemograma, obtida apenas uma ínfima quantidade (menos que uma gota)
de sangue capilar para a confecção de esfregaço sanguíneo a partir de punção
por agulha fina da pele da região tarsometatarsica direita. O esfregaço foi
corado pelo Giemsa no Laboratório de Patologia Clínica Veterinária da
Universidade Federal do Tocantins-Araguaína. Foi revelada heterofilia
marcante e a presença microlarvas de filarídeos e algumas formas
tripomastigotas de tripanossomatídeo. O animal veio a óbito após três dias, e a
necropsia não revelou nenhuma forma parasitária. Foram retirados das áreas
de lesão projéteis de calibre 22 mm.

DISCUSSÃO:
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A literatura referente à hemoparasitos em aves silvestres é escassa, porém a


presença destes no esfregaço observado evidencia a importância do
desenvolvimento de pesquisas relativas à hemoparasitos de animais silvestres,
notadamente aves como a harpia, que possuem voo de longo alcance e
convivem atualmente, em muitos habitas próximos da presença humana
(Alvarez-Cordero, 1996; Valdez, 2002). Um estudo realizado com roedores
silvestres observou baixa prevalência de coinfecção entre Trypanosoma sp. e
Plasmodium sp. (Sahimin et al., 2014). Já em estudo com pinguins (Spheniscus
demersus), foram observados poucos parasitos do gênero Trypanosoma em
esfregaços realizados (Leclerc et al., 2014). A parasitemia do presente caso
era significativa para ambos os hemoparasitos.

CONCLUSÃO:
Há a circulação de hemoparasitos filarídeos e tripanossomatídeos em harpia
(Harpia harpyja), no norte do país, estudos são necessários para evidenciar
possíveis parasitos carreados por estes animais e riscos de infecção humana
via vetores em comum, como mosquitos.

REFERÊNCIAS:
ALVÁREZ-CORDERO, E. Biology and conservation of the Harpy Eagle in
Venezuela and Panama. , 1996 ,Florida Ph.D thesis, Univ. of Florida,
Gainesville.
CBRO [2010]. Listas das Aves do Brasil. 9a ed. Disponível em
http://www.cbro.org.br.Acesso em 10/01/2015.
LECLERC, A.; CHAVATTE, J.; LANDAU, I.;et al. Morphologic and molecular
study of hemoparasites in wild corvids and evidence of sequence identity with
Pasmodium DNA detected in captive black-footed penguins (Spheniscus
demersus). Journal of Zoo and Wildlife Medicine 45(3): p 577–588, 2014.
LÓPEZ ,C. O. G.; SANTOS, A. S.; QUINTERO, et al. Nuevo registro para
Panamá de Pelecitus helicinus (Molin, 1860) (Nematodas: Filarioidea:
Onchocercidae) como parásito subcutáneo del ave Arremon aurantiirostris
(Passeriformes: Embrerizidae). Tecnociencia, v.13,n.1, p20-25, 2011.
MATTA, N. E.; RODRÍGUEZ, O. A. Hemoparásitos aviares. Acta Biológica
Colombiana, v. 6, n. 1, p. 27, 2001.
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ROITMAN, I.; CAMARGO, E.P. Endosymbionts of Trypanosomatidae.


Parasitology Today; v1: n3, p143-1444, 1985.
SAHIMIN, N.; ALIAS, S. N.; WOH, P. Y.; et al Comparison between Quantitative
Buffy Coat (QBC) and Giemsa-stained Thin Film (GTF) technique for blood
protozoan infections in wild rats. Tropical Biomedicine v31, n3, p 422–431,
2014.
SANO, Y.; AOKIA, M.; TAKAHASHIAB, H.et al The first record of Dirofilaria
immitis infection in a Humboldt penguin, Spheniscus humboldti. Journal of
Parasitology, v. 91, n. 5, p. 1235-1237, 2005.
VALDEZ, U. Why do people persecute Harpy Eagles? Peregrine Fundation
News. V 33, n 6, p 1, 2002.
VARGAS, J.J.; WHITACRE, D.; MOSQUERA, R.; et al.Estado y distribuición
actual del águila arpia
́ (Harpia harpyja) en centro y sur América. Ornitologia
́
Neotropical v3, n17, p:39-55; 2006.

46. REMOÇÃO DE CORPO ESTRANHO POR ENDOSCOPIA EM Helicops


carinicaudus
ANDREISE COSTA PRZYDZIMIRSKI ¹, KEVILY TASHI PEDROSO SABINO¹,
TATIANE BRESSAN MOREIRA¹, GIOVANA PALADINO¹, PETERSON
TRICHES DORNBUSH² e ROGÉRIO RIBAS LANGE²
¹ Médica Veterinária Residente no Programa de Residência Multiprofissional
em Área de Saúde - Universidade Federal do Paraná
2 Professor Doutor do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade
Federal do Paraná

RESUMO:
Corpos estranhos em sistema digestório, são achados comuns na clínica de
répteis, seja por seus hábitos alimentares ou pela baixa capacidade de
seleção. Em muitos casos, a remoção cirúrgica é indicada, no entanto, tal
procedimento pode ser invasivo, apresentar riscos e prolongar o tempo de
recuperação. Desta forma, objetivou-se relatar o caso de ingestão de anzol em
um exemplar de Helicops carinicaudus de vida livre, com posterior remoção por
endoscopia.
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INTRODUÇÃO:
Os colubrídeos do gênero Helicops são popularmente conhecidos como
cobras-d’água. São serpentes não peçonhentas de hábito aquático, com
comprimento corporal entre 50 cm a 1 m (Woehl e Woehl, 2008). A espécie
descrita neste relato, Helicops carinicaudus, é endêmica da Mata Atlântica com
registros de ocorrência na região sul e sudeste do Brasil (Paz et al., 2009;
Martins e Molina, 2008). Forrageia em vegetação aquática em busca de peixes
e pequenos anfíbios, sua principal fonte de alimento (Scartozzoni, 2009).
Répteis de hábitos aquáticos e semiaquáticos são atraídos por iscas usadas
durante a pesca e com certa frequência chegam para atendimento clínico com
anzol em sistema digestório. A endoscopia digestiva tem auxiliado os médicos
veterinários no tratamento e diagnóstico de diversas enfermidades (Tams,
2005).

RELATO DE CASO:
Um espécime de Helicops carinicaudus com histórico de ingestão acidental de
isca de lambari conectada a um anzol, foi encaminhado para atendimento
veterinário. Inicialmente o animal foi submetido ao exame clínico e em seguida
ao exame radiográfico. O comprimento corporal foi marcado a cada 10 cm para
auxiliar na identificação dos órgãos e posicionamento do corpo estranho.
Foram realizadas projeções dorsoventral e laterolateral. Observou-se a
presença de duas estruturas, bem delimitadas, com radiopacidade metálica,
uma com formato linear, visualizada entre 40 cm a 50 cm da boca do animal e
outra na sequência (60 cm) com formato de anzol. Optou-se pela remoção do
corpo estranho através de endoscopia. Para tal procedimento o animal foi
anestesiado com isofluorano, inicialmente em câmara de indução transparente
e em seguida com tubo endotraqueal (cateter intravenoso 18G). Utilizou-se
vídeo-endoscópico flexível (Karl Storz®), comprimento útil de 1800 mm,
introduzido pela cavidade oral e progredindo facilmente através do trato
digestório. O anzol foi removido com auxílio de pinça acessória padrão sem
causar danos, por não estar aderido a mucosa intestinal. Após 30 dias, o
animal recebeu alta e foi solto em uma área alagada em Pontal do Paraná.

DISCUSSÃO:
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O trato gastrintestinal das serpentes é relativamente simples e é composto por


um ducto linear que vai da cavidade oral até a cloaca (Funk, 2006). A parede
do esôfago e estômago possui enorme capacidade de distensão e a cárdia é
pouco desenvolvida, facilitando o processo de regurgitação (O´Malley, 2005). O
intestino é curto e apresenta poucas flexuras, quando comparado ao de
mamíferos e aves (Grego et al., 2014). Um achado comum na clínica de répteis
é a presença de corpos estranhos em sistema digestório que em certos casos,
podem vir a causar danos à saúde do animal. Uma opção para a remoção dos
mesmos é a endoscopia. Esse é um dos métodos mais utilizados para
exploração do trato gastrintestinal, por se tratar de uma técnica pouco invasiva
e que permite boa avaliação das estruturas internas, mesmo em animais
pequenos. A otimização do endoscópio flexível e de instrumentais mais
eficientes, associado às características anatômicas de serpentes, diminui a
indicação cirúrgica para remoção de corpos estranhos e proporciona rápida
recuperação do paciente (Tams, 2005; Taylor, 2006).

CONCLUSÃO:
A medicina de animais selvagens vem sendo aprimorada a cada ano, os
desafios encontrados especialmente na clínica de répteis, incentivam o clínico
a buscar novas técnicas e novos tratamentos. A endoscopia é uma técnica de
importância que deve ser explorada em casos como o deste relato, pois incorre
num procedimento de curta duração, pouco invasivo e com rápida recuperação
do paciente.

REFERÊNCIAS:
FUNK, R. S., Snakes In: MADER, D. R. Reptile medicine and surgery. 2 ed.
Canada: Saunders Elsevier, 2006, Cap. 5., p.48.
GREGO, K. F., ALBUQUERQUE, L.R., KOLESNIKOVAS, C. K. M., Squamata
(Serpentes) In: CUBAS, Z.S. Tratado de Animais Selvagens. 2.ed. São Paulo:
Roca, 2014, Cap.15., p.195.
MARTINS, M. R. C., MOLINA, F.B., Livro Vermelho da Fauna Brasileira
Ameaçada de Extinção. Brasília: Volume II, 2008, p. 332.
O’MALLEY, B., Snakes In: Clinical anatomy and physiology of exotic species.
Estados Unidos: Saunders Elsevier, 2005, Cap.5., p. 88 e 89.
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PAZ, P. R., VENTURINI, A. C., HELMER, J. L., ASSIS, A. M. A Fauna e Flora


do Verde Vale do Itapemirim: Vertebrados terrestres (anfíbios, répteis, aves e
mamíferos) e Caracterização da Vegetação dos Remanescentes Florestais da
Fazenda do Ouvidor. Vila Velha, 2009. p.60.
SCARTOZZONI, R. R. Estratégias reprodutivas e ecologia alimentar de
serpentes aquáticas da tribo Hydropsini. 2009. São Paulo, 161f. Tese
(Doutorado em Biotecnologia) - Programa de Pós-Graduação Interunidades em
Biotecnologia USP/Instituto Butantan/IPT.
TAMS, T. R., Endoscopia e Laparoscopia em Gastroenterologia Veterinária In:
Gastroenterologia em Pequenos Animais. São Paulo: Roca, 2005, cap.3., p.94
e 105.
TAYLOR, W. M. Endoscopy In: MADER, D. R. Reptile medicine and surgery. 2
ed. Canada: Saunders Elsevier, 2006, cap. 32., p.549.
WOEHL, G., WOEHL, E. N. Anfíbios da Mata Atlântica. Jaraguá do Sul: Rã-
bugio, 2008, p.53.

47. REVISÃO DE LITERATURA EM CERATITE PROGRESSIVA DOS


OTARIÍDEOS E DOENÇAS OFTÁLMICAS RELACIONADAS
NAGAISSA DANIELE REINHARDT1, ROGÉRIO RIBAS LANGE2
1,2 - Universidade Federal do Paraná

RESUMO:
A ceratite dos Otariídeos é uma doença de descrição recente, de grande
ocorrência em cativeiro e que necessita de estudos.

INTRODUÇÃO:
Ao cursar a disciplina de oftalmologia veterinária houve interesse pela temática,
surgindo assim, a motivação para buscar na literatura assuntos relacionados.
Percebeu-se que há escassez de estudos nacionais sobre o tema, mostrando
que esse é um campo de estudos que pode ser melhor trabalhado e
desenvolvido. O objetivo desse trabalho é procurar na literatura sobre a ceratite
progressiva e as doenças relacionadas que ocorrem nos olhos de Pinípedes.
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MATERIAIS E MÉTODOS:
Pesquisa na base de dados PubMed com os termos “Pinnipeds or Otariídae”
and “Keratitis”. Dos nove artigos encontrados, apenas seis mostraram ter
relação com o tema da pesquisa.
Resultados: A ceratite dos Otariídeos foi caracterizada e nomeada por Colitz et
al (2010) que descreveram três estágios da doença de acordo com a
severidade dos sinais clínicos e das lesões. Foram estudados 113 animais,
sendo que 64,6% eram afetados pela doença. No estágio 1 e inicial da doença
há opacidade corneal superficial, pode ou não haver úlcera superificial, há
edema perilimbal, epífora e blefaroespasmo, além de debris perioculares. No
estágio 2 há presença de úlcera indolente, infecções secundárias, pode haver
edema difuso e pigmentação cruzando o limbo, e além dos sinais de dor
presentes no estágio 1, há também hiperemia conjuntival. Já no estágio 3, o
mais severo da doença, as úlceras e infecções secundárias são recorrentes, o
epitélio da córnea se solta facilmente pode haver pigmentação difusa e os
sinais de dor são severos. Casos de estágio 1 foram encontrados em animais
mais jovens.
Pinípedes com menos acesso a luz do Sol desenvolveram a doença mais tarde
e apresentaram menos recorrências. Siebert et al (2007) analisaram 355
carcaças de foca-comum (Phoca vitulina), mortas naturalmente ou
eutanasiadas devido à gravidade de suas doenças, e desses animais, apenas
sete (2%) com idade entre zero e 18 meses apresentaram ceratite ulcerativa
e/ou ruptura de córnea. Miller et al (2013) em um estudo histológico em olhos
de Pinípedes encontraram um grau muito maior de doenças oculares,
especialmente de córnea em animais mantidos em cativeiro em relação aos
animais de vida livre. Wright et al (2015) analisaram a presença de
Herpesvírus, Poxvírus, Calicivírus e Adenovírus e encontraram alto grau de
positividade nos olhos dos Pinípedes mas não necessariamente a presença de
lesões oculares. Freeman et al (2011) mostraram que a Doxiciclina pode ser
usada por via oral no tratamento de doenças bacterianas ulcerativas de córnea
e em inflamação da superfície corneal em elefantes-marinhos-do-norte
(Mirounga angustirostris) e possivelmente outros pinípedes. Borkowski et al
(2007) relataram o caso de sucesso no tratamento de ceratite ulcerativa severa
em foca-comum (Phoca vitulina) usando um sistema de lavagem subpalpebral
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adaptado quando não houve eficácia com outros métodos de aplicação de


medicamentos.

DISCUSSÃO:
O estudo de Colitz et al (2010) apontou que a ceratite pode estar diretamente
relacionada ao desenvolvimento de catarata e é uma doença dolorosa que
deve ser tratada agressivamente. Um fator determinante no agravamento dos
sinais da doença é a exposição à luz ultravioleta. Períodos de maior
luminosidade apresentam maior número de casos. O estudo cita o grau de
salinidade da água, sugerindo que há maior número de casos em animais
mantidos em água doce. Mas segundo Gage (2011) há evidências de que
poluentes, excesso de cloro ou ozônio na água, além da exposição à radiação
ultravioleta são fatores mais importantes, e que a salinidade na água pode não
ser relevante. Hanson et al (2009) descreveram observações clínicas em 12
fêmeas de focas-monge-do-havaí (Monachus schauinslandi) em um programa
de reabilitação, mostraram que a 9 delas (75%) apresentaram sinais de
conjuntivite, olhos vermelhos, blefaroespasmos e fotossensibilidade que
evoluiu para opacidade corneal que progrediu ao limbo. Todas as 9 fêmeas
desenvolveram catarata e ficaram cegas após 10 a 15 meses depois dos
primeiros sinais de doença de córnea. Dos 12 filhotes apenas 1 permaneceu
assintomático. Isso mostra que pode sim, haver relação direta entre a doença
de córnea e o desenvolvimento de catarata e consequências graves se a
doença não for tratada corretamente.

CONCLUSÃO:
A ceratite dos Otariídeos é uma doença recente e deve ser estudada para que
se conheçam melhor suas causas, prevenção e tratamento. Os fatores
relacionados ao desenvolvimento da doença então intimamente ligados ao
cativeiro, à qualidade da água e à exposição desses animais à luz. É
importante que o veterinário que trabalha com pinípedes conheça a etiologia da
doença e os conceitos de oftalmologia para que possa preveni-la ou tratá-la
ainda nos estágios iniciais, trazendo conforto e qualidade de vida a esses
animais.
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Agradecimentos – A Marcia Helena M. Albuquerque e a Juliane D. Aldrighi.

REFERÊNCIAS:
BORKOWSKI, R.; MOORE, P.A.; MUMFORD, S. et al. Adaptations of
subpalpebral lavage systems used for Llamas (Lama glama) and Harbor Seal
(Phoca vitulina). J Zoo Wildl Med v. 38, n. 3, p. 453–459, 2007.
COLITZ, C. M. H.; RENNER, M. S.; MANIRE, C. A. et al. Characterization of
progressive keratitis in Otariids. Vet Ophthalmol v.13, i.s.1, p.47–53, 2010.
FREEMAN, K.S.; THOMASY, S.M.; STANLEY, S.D. et al. Population
pharmacokinetics of doxycycline in the tears and plasma of northern elephant
seals (Mirounga angustirostris) following oral drug administration. J Am Vet Med
Assoc v. 243, n. 8, p. 1170-1178, 2013.
GAGE, L.J. Ocular Disease and Suspected Causes in Captive Pinnipeds. In:
MILLER, E.R.; FOWLER, M. Fowler's Zoo and Wild Animal Medicine Current
Therapy, volume 7: Elsevier Saunders, 2011,c. 64, p.490-494.
HANSON, M.T.; AGUIRRE, A. A.; BRAUN, C.R. Clinical Observations of Ocular
Disease in Hawaiian Monk Seals (Monachus schauinslandi). U.S. Dep.
Commer., NOAA Tech. Memo., NOAA-TM-NMFS-PIFSC-18, p. 9, 2009.
MILLER, S.; COLITZ, C. M. H.; LEGER, J. S. et al. A retrospective survey of the
ocular histopathology of the pinniped eye with emphasis on corneal disease.
Vet Ophthalmol v.16, n.2, p.119–129, 2013.
SIEBERT, U.; WOHLSEINY, P.; LEHNERT, K. et al. Pathological Findings in
Harbour Seals (Phoca vitulina): 1996-2005. J Comp Path v.137, n. 1 p.47-58,
2007.
WRIGHT, E.P.; WAUGH, L.F.; GOLDSTEIN, T. et al. Evaluation of viruses and
their association with ocular lesions in pinnipeds in rehabilitation. Vet
Ophthalmol v.18, i.s.1, p.148–159, 2015.
.

48. SORO SANGUÍNEO XENÓGENO NO TRATAMENTO DE CERATITE


ULCERATIVA PROFUNDA EM GAVIÃO CARIJÓ (Rupornis magnirostris)
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TÂNIA LUÍSA CABRAL COSTA1; THAÍS RUIZ2; GABRIELLA ACCARDI


IGLESIAS1; GABRIELA MORAIS MADRUGA2; THAÍS OLIVEIRA MORGADO2;
ALEXANDRE PINTO RIBEIRO3
1 Programa de Residência Uniprofissional; Faculdade de Agronomia, Medicina
Veterinária e Zootecnia (FAMEVZ); Universidade Federal de Mato Grosso
(UFMT)
2 Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias; FAMEVZ-UFMT
3 Departamento de Clínica Veterinária; FAMEVZ-UFMT
RESUMO:
Este relato objetivou reportar o tratamento clínico de ceratite ulcerativa
profunda bilateral em um gavião-carijó. Institui-se instilações de soro equino,
tobramicina e solução de EDTA. No 3º dia de tratamento, notou-se melhora da
uveíte e redução do diâmetro da úlcera. Aos 10 dias, fluoresceína negativa em
ambos os olhos. Portanto, o soro xenogéno é uma opção terapêutica nessa
espécie.

INTRODUÇÃO:
A incidência de distúrbios oculares em aves de rapina é elevada, sendo na
maioria das vezes de origem traumática (Labelle et al., 2012). Os achados mais
frequentes são as ceratites ulcerativas, uveíte, fraturas dos ossículos esclerais
e catarata (Cousquer, 2005).
O soro sanguíneo é amplamente utilizado na terapêutica de ceratite ulcerativa
em animais domésticos por possuir diversos fatores que otimizam a
reepitelização corneal. E, o fato de ser autólogo ou xenólogo não altera o
resultado (Brunelli et al., 2003).

Com este relato objetivou-se descrever o uso do soro xenógeno como


adjuvante no tratamento de ceratite ulcerativa profunda em um Gavião carijó
(Rupornis magnirostris).
DESCRIÇÃO DO CASO:
Um Gavião-carijó (Rupornis magnirostris) de vida livre foi encaminhado para
atendimento com histórico de trauma ocular. No olho direito, notou-se
blefaroespasmo, quemose intensa, secreção ocular mucóide, ceratite ulcerativa
profunda em posição de 7 a 11h, edema corneal moderado, hipópio, flare. No
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olho esquerdo, a úlcera também era profunda, porém em em região axial.


Paciente ainda visual.
Institui-se fluidoterapia, complexos vitamínicos enrofloxacina e tramadol
sistêmicos, além de alimentação forçada. Foram instilados colírio de
tobramicina 0,3%, solução de EDTA, e soro sanguíneo equino fresco a cada 08
horas. No 3º dia, notou-se melhora intensa da uveíte e do diâmetro da úlcera
em ambos os olhos, e o paciente começou a se alimentar sozinho. Em 07 dias,
obteve-se completa reepitelização do olho direito e, aos 10 dias, no olho
esquerdo. Iniciou-se então terapia com colírio de prednisolona 1%, para
remodelagem a cicatriz. Após 05 dias, paciente visual teve alta.
DISCUSSÃO:
Apesar da recomendação cirúrgica da lesão em questão (Cousquer, 2005), o
soro sanguíneo forneceu suporte trófico para a reepitelização corneal
enquanto, o paciente estava em convalescência pós-trauma.
Pela inviabilidade de obtenção de soro autólogo em aves, o soro equino foi
eficaz no tratamento ceratite ulcerativa, assim como reportado em cães com
úlceras corneais químicas (Brunelli et al, 2003).
CONCLUSÃO:
Portanto, o uso de soro sanguíneo xenólogo é uma opção terapêutica nos
casos de inviabilidade de coleta do autólogo, para uma otimização da
cicatrização corneal.

REFERÊNCIAS:
BRUNELLI, A.T.J et al.Topical effects of autogenous, allogenous and
xenogenous bllod serum on the healing of alkali burns in the cornea of dogs.
Revista Brasileira de Ciência Veterinária, v. 10, p. 49-54, 2003.
COUSQUER, G. Ophthalmological findings in free-living tawny owls (Strix
aluco) examined at a wildlife veterinary hospital. The Veterinary Record, v. 156,
p. 734-739, 2005.
LABELLE, A.L. et al. Clinical utility of a complete diagnostic protocol for the
ocular evaluation of free-living raptors. Veterinary Ophthalmology, v.15, n. 1, p.
5-17, 2012.
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49. Toxoplasma gondii em Tamanduá Bandeira (Myrmecophaga tridactyla,


Linnaeus 1758) da região Noroeste do Estado de São Paulo
LUIZ PAULO NOGUEIRA AIRES1, VINICIUS MATHEUS FERRARI2,
HERBERT SOUSA SOARES3, CINARA DE CÁSSIA BRANDÃO DE MATTOS4,
LUIZ CARLOS DE MATTOS4, LILIAN CASTIGLIONI1,2,4
1 Medicina Veterinária do Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP, São José
do Rio Preto – SP.
2 Departamento de Biologia – Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” UNESP/IBILCE, Campus de São José do Rio Preto, SP.
3 Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal, Faculdade
de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo – USP, São
Paulo, SP
4 Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto/FAMERP, São José do Rio
Preto, SP.

RESUMO:
Toxoplasma gondii é um parasito intracelular obrigatório, causador da
toxoplasmose, uma importante zoonose. O presente estudo objetiva identificar
a presença de T. gondii no tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla).
Realizou-se o Teste de Aglutinação Modificada para detecção de anticorpos
anti T. gondii em 12 amostras, onde 5 foram reagentes. Esses dados são
inéditos para animais dessa espécie da região Noroeste do Estado de São
Paulo
INTRODUÇÃO:
Toxoplasma gondii é um parasito intracelular obrigatório, causador da
toxoplasmose, que pode afetar tanto humanos quanto animais (Dubey et al.,
2012). O presente estudo objetivou identificar a presença de T. gondii nos
tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), um importante animal silvestre
da região Noroeste do Estado de São Paulo.
MATERIAIS E MÉTODOS:
Foram analisadas 12 amostras de soro de M. tridactyla de vida livre da região
Noroeste do estado de São Paulo. O soro foi obtido através da centrifugação
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do sangue total coletado em tubo seco e a identificação dos anticorpos anti-T.


gondii foi pelo método de MAT, considerando o ponto de corte ≥ 1:25.
RESULTADOS:
Das amostras analisadas 8 eram machos adultos e 4 fêmeas adultas, com
peso médio de 17,84 ± 2,17 kg. O MAT foi reagente em 5 amostras, com
titulações de ≥ 1:25, ≥ 1:50 em duas amostras, ≥ 1:100 e ≥ 1:500.
DISCUSSÃO:
A literatura relata a presença de T. gondii em animais silvestres em outras
regiões do Brasil. Dados que atestem a presença deste parasito em M.
tridactyla são escassos, sendo relatados no estado de São Paulo pela primeira
vez por Vitaliano et al., (2014); nossos achados estão concordantes com esses
relatos e demonstram também a alta titulação de anticorpos apresentada pelo
tamanduá-bandeira. Carneiro et al., (2014) avaliaram 6 amostras de soro de M.
tridactyla provenientes em outro estado pelo mesmo método, porém, nenhuma
delas foi reagente
CONCLUSÃO:
Os resultados obtidos no presente estudo atestam a presença de T. gondii em
M. tridactyla e são inéditos para animais dessa espécie da região Noroeste do
Estado de São Paulo.
AGRADECIMENTOS:
Agradecemos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP), pelo Auxílio à Pesquisa (2014/05302-8) e pela Bolsa de Iniciação
científica (2014/25872-3) e ao SACCAS/UNIRP pela obtenção das amostras.
NOTA SOBRE APROVAÇÃO DO CEUA:
Aprovado pelo CEUA/UNIRP (protocolo no. 04/2014) CEUA/FAMERP
(protocolo no. 001-003298/2014) e SISBIO (protocolo no. 43854-1).
REFERÊNCIAS:
CARNEIRO, B. F et al. Inquérito Sorológico Para Toxoplasma gondii Em
Mamíferos Neotropicais Mantidos No Centro De Triagem De Animais
Silvestres, Goiânia, Goiás. Revista de Patologia Tropical (Online), v. 43, p. 69-
78, 2014.
DUBEY J. P. et al. Toxoplasmosis in humans and animals in Brazil: high
prevalence, high burden of disease, and epidemiology. Parasitology
139(11):1375-1424, 2012
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VITALIANO, S.N et al. Serologic Evidence of Toxoplasma gondii Infection In


Wild Birds And Mammals From Southeast Brazil. Journal of Zoo and Wildlife
Medicine, v. 45, p. 197-199, 2014.

50. USO DA ASSOCIAÇÃO CETAMINA, DEXMEDETOMIDINA E METADONA


EM SAPAJUS SPP.
VIVIANE LUIZE BOSAK1, SHARLENNE LEITE DA SILVA MONTEIRO2,
GIULIANA GELBCKE KASECKER BOTELHO2, GISLANE DE ALMEIDA3, ANA
CAROLINE RIBAS DE OLIVEIRA4 e HELEN MOTTA4

Aprimoranda em anestesiologia1, Docente do Departamento de Medicina


Veterinária, da Universidade Estadual do Centro-Oeste 2, Aprimoranda em
Clínica de Animais Selvagens 3 e Graduandas em Medicina Veterinária 4

RESUMO:
O presente estudo relata a anestesia realizada em dois primatas não humanos,
ambos da espécie Sapajus spp., para a coleta de líquor e humor aquoso. Os
animais receberam os anestésicos cetamina, dexmedetomidina e metadona,
por via intramuscular. A dexmedetomidina foi revertida com atipamezol. Levou-
se em consideração a frequência cardíaca e a respiratória, a glicemia, a
temperatura e o tempo de recuperação anestésica após a aplicação do
antagonista.
INTRODUÇÃO:
Primatas não humanos, pela sua disparidade morfológica, são um desafio em
anestesiologia. Por isso a conduta anestésica deve ser baseada no estado do
paciente, na duração do procedimento, no local da intervenção e, por fim, na
escolha do protocolo anestésico.
A cetamina é utilizada como anestésico em primatas, desde a década de 1970,
em razão de possuir grande margem de segurança, gerando catalepsia, que
envolve inconsciência e analgesia somática. (Popilskis e Kohn, 1997). Pela via
intramuscular, a concentração plasmática máxima é obtida rapidamente, entre
5 a 15 minutos após a aplicação, sua biodisponibilidade é alta e a
biotransformação é hepática pela N-desmetilação pelo citocromo P-450
(Valadão, 2011).
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A metadona, um analgésico morfinomimético agonista μ, foi utilizado para


garantir melhor analgesia dos animais. Possui propriedades farmacológicas
qualitativamente similares às da morfina, porém possui afinidade adicional com
receptores N-metil-D-aspartato (Lamont e Mathews, 2013).
Via de regra, associa-se um opióide e/ou alfa-2 agonista à cetamina para
reduzir seus efeitos adversos, como taquicardia, hipertensão e aumento da
pressão intracraniana. O fármaco alfa-2 agonista escolhido foi a
dexmedetomidina por apresentar efeitos mais brandos sobre a condução
elétrica cardíaca se comparado à xilazina e à romifidina.
Como antagonista da dexmedetomidina, optou-se pelo atipamezol, em razão
deste ser de 200 a 300 vezes mais seletivo que a ioimbina, bem como por não
possuir efeitos sobre os receptores beta-adrenérgicos, dopaminérgicos,
serotoninérgicos, histaminérgicos, muscarínicos, opioides, gabaérgicos ou
benzodiazepínicos (Lemke, 2013).
MATERIAIS E MÉTODOS:
Foram utilizados dois primatas, ambos da espécie Sapajus spp., mantidos em
jejum por seis horas. Os macacos pregos "1" e "2", do sexo feminino, possuíam
2,200kg e 2,100kg. A anestesia realizou-se por via intramuscular, com
dexmedetomidina, cetamina, metadona, respectivamente, nas doses de 5
μg/kg, 8mg/kg e 0,1mg/kg. Após o procedimento de coleta de líquor e humor
aquoso, procedeu-se a administração intramuscular de atipamezol, na dose de
15 μg/kg.
RESULTADOS:
Os primatas "1" e "2" ficaram inconscientes após quatro minutos da aplicação
dos fármacos, sendo que os procedimentos duraram, respectivamente, 18 e 10
minutos. No animal "1" a frequência cardíaca variou entre 96,6±8,08 (bpm), a
respiratória 45,3±4,61 (mpm), a temperatura 39,9±0,2 e a glicemia aferida foi
de 83. No animal "2" a frequência cardíaca variou entre 106±11,5 (bpm), a
respiratória 44±5,7 (mpm), a temperatura 39,4±0,3 e a glicemia aferida foi de
88. Após a administração do antagonista, os primatas retomaram a
consciência, respectivamente, após 27 e 11 minutos.
DISCUSSÃO:
O uso de um agonista alfa-2 ajudou a balancear os efeitos simpatomiméticos
da cetamina. A dexmedetomidina inibiu a atividade simpática pela ativação
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pós-sináptica dos receptores alfa-2-adrenérgicos do sistema nervoso,


diminuindo, assim, a pressão arterial e a frequência cardíaca e promovendo
sedação, ansiólise e analgesia (Massone, 2011).
Confirmando o que os autores supracitados relatam, não se observaram
alterações significativas dos parâmetros vitais, isso devido a associação
desses três fármacos.
Os opióides não costumam causar depressão cardiovascular, mas podem
produzir depressão respiratória (Atcheson e Lambert, 1994), o que não ocorreu
no caso em comento.
CONCLUSÃO:
A associação dos supracitados fármacos mostrou-se eficiente para
procedimentos curtos, com duração entre 10 a 18 minutos, e que exijam
relaxamento muscular, inconsciência, imobilidade e analgesia. O período de
latência foi curto e não se notaram alterações significativas nos parâmetros
vitais dos animais, que tiveram uma recuperação tranquila e sem excitação. O
uso do atipamezol ajudou na reversão da dexmedetomidina, ocasionando em
uma recuperação breve.
Este projeto foi autorizado pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual do
Centro-Oeste, através do Parecer no 003/2014, e pelo Sistema de Autorização
e Informação em Biodiversidade, através da Autorização n o 42671-1.
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS:
ATCHESON, R.; LAMBERT, D. G. Update on opioids receptors. British Journal
os Anesthesia. Oxford, v.73, p.132-134, 1994.
LAMONT, L. A.; MATHEWS, K. A.. Opioides, Anti-inflamatórios não Esteroidais
e Analgésicos Adjuvantes. In: JONES, Lumb &. Anestesiologia e Analgesia
Veterinária. 4. ed. São Paulo: Roca, 2013. Cap. 10. p. 270-305.
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Anestesiologia e Analgesia Veterinária. 4. ed. São Paulo: Roca, 2013. Cap. 9.
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MASSONE, F.. Medicação Pré-anestésica. In: MASSONE, F.. Anestesiologia
veterinária: Farmacologia e técnicas. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2011. Cap. 2. p. 11-22.
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POPILSKIS, S.; KOHN, D. F. Anesthesia and analgesia in nonhuman primates.


In: KOHN, D. F. et al. Anesthesia and Analgesia in Laboratory Animals, 1. ed.
San Diego: Academic Press, 1997.
VALADÃO, C. A. A.. Anestesia Dissociativa. In: MASSONE, F.. Anestesiologia
veterinária: Farmacologia e técnicas. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2011. Cap. 8. p. 73-84.

51. USO DA TÉCNICA DE ESTABILIZAÇÃO SEGMENTAR MODIFICADA


PARA O TRATAMENTO DE FRATURA COMPRESSIVA DE QUINTA
VERTEBRA LOMBAR EM COELHO DOMÉSTICO – RELATO DE CASO
LEANDRO MENEZES SANTOS1; KAREN FERNANDA DA SILVA2; PAULO
HENRIQUE AFFONSECA JARDIM3; FABRÍCIO DE OLIVEIRA FRAZÍLIO4;
MARIANA ISA POCI PALUMBO5; ERIC SCHMIDT RONDON6;
1Médico Veterinário Residente em Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais –
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia / Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul; Campo Grande – MS, Brasil. Email: mvt.leandro@gmail.com
2Médica Veterinária Residente em Anestesiologia e Emergência de Pequenos
Animais – FAMEZ/UFMS. Email: kahfernanda@hotmail.com
3Médico Veterinário em Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais –
FAMEZ/UFMS Email: Paulo.jardim@ufms.br
4Docente de Anestesiologia de Pequenos Animais – FAMEZ/UFMS Email:
Fabrício.frazilo@ufms.br
5Docente de Clínica Médica e Terapêutica de Pequenos Animais –
FAMEZ/UFMS. Email: mariana.palumbo@ufms.br
6Docente de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais – FAMEZ /UFMS. Email:
eric.s.rondon@ufms.br

RESUMO:
Na rotina de atendimento clínico cirúrgico de pequenos animais, tem-se
observado uma alta incidência de doenças infecciosas e traumáticas em
coelhos domésticos, elevando a necessidade de atualização de espécies. O
segmento toracolombar constitui o local mais frequente para fraturas e
luxações vertebrais, sendo importante a realização de um exame neurológico
completo para determinar o local exato da fratura, possibilitando definir a
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melhor conduta terapêutica e informação prognóstica. Este trabalho tem como


objetivo relatar um caso de estabilização segmentar modificada para o
tratamento de fratura compressiva de quinta vértebra lombar em coelho
doméstico (Oryctolagus cuniculus).

INTRODUÇÃO:
Os coelhos estão sendo cada vez mais adotados como animais de companhia.
Na rotina de atendimento clínico, tem-se observado uma alta incidência de
doenças infecciosas e traumáticas nestes animais, gerando a necessidade de
exame neurológico (URRUTIA et al, 2007; ROCHA et al, 2013).
Lesões traumáticas na coluna vertebral e medula espinhal ocorrem
frequentemente na medicina veterinária, levando a sequelas, como perda
parcial ou completa das funções motoras, sensoriais e viscerais (LEMOS et al,
2004; BRUCE et al, 2008; JORGE, 2009; MENDES & ARIAS, 2012; ROCHA et
al, 2013). Ocasionalmente, pacientes se apresentam com déficits neurológicos
sutis e são necessários exames físicos cuidadosos para detectar
anormalidades (SEIM III,2008; JORGE, 2009; ROCHA et al, 2013). De acordo
com CHAVES et al (2004), lesões traumáticas representaram 14% dos casos
de doenças neurológicas em cães atendidos no Hospital Veterinário
Universitário da Universidade Federal de Santa Maria entre o período de 2006-
2013.
O segmento toracolombar constitui o local mais frequente para fraturas e
luxações vertebrais, ocorrendo em aproximadamente 50-60% dos pacientes
caninos com traumatismo espinhal contuso (BRUCE et al, 2008; SEIM III, 2008;
ARAÚJO et al, 2013;).
As fraturas e luxações traumáticas são induzidas por forças que resultam em
hiperextensão grave, hiperflexão, compressão axial e rotação, que ocorre com
frequência na conexão de um segmento vertebral móvel e outro mais rígido ou
próximo a este (SEIM III, 2008; WHEELER, 2007). De acordo com Vilaldo
(2007), os coelhos possuem a musculatura desenvolvida das patas traseiras
para chutar e cavar, se a contenção de um coelho for executada de forma
inadequada, ele pode chutar subitamente, resultando em fratura de suas
vértebras lombares.
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Durante o momento da anamnese é importante obter informações do paciente


observando se a lesão é de caráter agudo ou crônico, progressivo, regressivo
ou alternante, e levar em conta a interpretação do proprietário (JORGE, 2009;
FITZMAURICE, 2011; ARAÚJO et al, 2013; ROCHA et al, 2013).
A manipulação e o exame físico do paciente devem ser realizados com
extremo cuidado para evitar exacerbar a lesão espinhal por meio de
movimentos excessivos e bruscos (JORGE, 2009; ARAÚJO et al, 2013). De
acordo com Seim III (2008), a realização de um exame neurológico completo
determina o local exato da fratura, possibilitando definir a melhor conduta
terapêutica e informação prognóstica. A neuroanatomia e exame clínico
neurológico dos coelhos são importantes no sentido que seja compreendido e
estudado, a fim de que haja um preciso diagnóstico do local da lesão, possíveis
causas e sucesso quanto ao tratamento (URRUTIA et al, 2007; ROCHA et al,
2013).
O exame radiográfico tem uso limitado para avaliar traumatismos vertebrais
toracolombares, que pode revelar a localização da fratura/luxação e a
gravidade do deslocamento vertebral no momento em que são tiradas, no
entanto, podem não mostrar o deslocamento máximo no momento da lesão.As
radiografias nas projeções ventrodorsais e laterais podem ajudar a determinar
o prognóstico quando um deslocamento vertebral é suficientemente severo
para reduzir o diâmetro do canal espinhal em mais de 80%, geralmente essas
lesões são irreversíveis (WEBB et al, 2010; ARAÚJO et al, 2013).
O tratamento cirúrgico tem como objetivo incluir descompressão do cordão
espinhal e raízes nervosas e estabilização de fratura e luxação vertebral. A
escolha da técnica cirúrgica deve ser determinada pela localização da fratura,
tamanho, espécie e idade do paciente e equipamento disponível (WHEELER,
2007; JORGE, 2009), sendo assim, o objetivo deste trabalho é relatar o uso da
técnica de estabilização segmentar modificada para o tratamento de fratura
compressiva de quinta vértebra lombar em coelho doméstico.

RELATO DE CASO:
Foi atendido no Hospital Veterinário FAMEZ, Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul, um lagomorfo da espécie Oryctolagus cuniculus, coelho
doméstico, fêmea de dois anos de idade, apresentando paraparesia há um dia,
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que segundo o proprietário, a hipótese de ter ocorrido trauma é bem provável.


Ao exame físico o animal apresentou intensa sensibilidade dolorosa à palpação
da região de L4 a L6. Nos membros posteriores, o animal apresentava ataxia
proprioceptiva, reflexos espinhais diminuídos e ausência das reações posturais,
como saltitar, posicionamento tátil e visual. Não foram observadas alterações
em nervos cranianos, no nível de consciência e nos reflexos e reações
posturais dos membros anteriores.
Foi realizado exame radiográfico da região lombossacral, que evidenciou
fratura compressiva da quinta vértebra lombar, compatível com as alterações
apresentadas em exame físico, levadas pelo estreitamento medular e
compressão das raízes nervosas dessa região. Como conduta terapêutica foi
instituída correção cirúrgica utilizando técnica de estabilização segmentar
modificada e protocolo para reabilitação com acupuntura e fisioterapia, sendo
prescritos até a melhora condicional do paciente, comumente utilizado em cães
e gatos, adaptados ao estilo do paciente.
Como medicação pré-anestésica foi utilizado zoletil (0,05 ml/kg) pela via
intramuscular, após 10 minutos foi realizada a cateterização da veia cefálica
direita com cateter 24G e indução anestésica com propofol (10 mg/kg). O
animal foi posicionado em decúbito ventral e início da anestesia inalatória com
isoflurano (vaporizador universal) e oxigênio 100% com máscara. Após 5
minutos foi iniciada a infusão contínua de fentanil (0,4 µg/kg/min) e midazolam
(2 µg/kg/min). A monitorização foi realizada com oxímetria de pulso e pressão
arterial não invasiva. Todos os parâmetros se mantiveram dentro do normal
para a espécie.

DISCUSSÃO:
A cirurgia para descompressão deve ser instituída o mais precoce possível
para prevenir danos graves e irreversíveis à medula, ou ainda a extrusão de
material adicional para dentro do canal, permitindo melhores as chances de
recuperação (LECOUTEUR e CHILD, 1992; OLIVER et al., 1997; SEIM III,
2008).
A instrumentação espinhal segmentar modificada proporciona reparo simples,
versátil e forte de fratura/luxação vertebral. A aplicação de pinos e fios exige a
exposição dos processos espinhosos dorsais e das facetas articulares, o
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número e o tamanho dos pinos longitudinais e centrais usados dependem do


tamanho e atividade do paciente e da estabilidade relativa da lesão (SEIM III,
2008).
No procedimento cirúrgico foram expostos três processos espinhosos e facetas
articulares cranial e caudalmente à fratura/luxação, avaliado de acordo com o
tamanho do paciente e de sua atividade e da estabilidade inerente da lesão,
sendo reduzida e estabilizada utilizando pinças de campos presas no processo
espinhoso dorsal das vértebras cranial e caudal fornecendo um meio de tração
e contração, como descrito por SEIM III (2008).
Foi efetuada perfurações das facetas articulares, bases dos processos
espinhosos dorsais e tangencialmente através da lâmina dorsal, possibilitando
a colocação de um pino central em cada lado dos processos espinhosos
dorsais mais próximos da lesão, curvando as extremidades dos pinos de modo
a fazer um gancho em torno da base dos processos espinhosos, sendo fixados
através de fios de cerclagem pelos pinos centrais até as bases das facetas
articulares, lâmina dorsal e processos espinhosos dorsais como descrito pela
literatura (PIERMATTEI, 1996; SEIM III, 2008), permitindo estabilização da
lesão.

CONCLUSÃO:
A técnica de estabilização segmentar modificada para o tratamento de fratura
compressiva de quinta vértebra lombar foi eficaz como conduta ao paciente
permitindo qualidade de vida adequada.

REFERÊNCIAS:
ARAÚJO, B.M.; BONELLI, M.A.; SILVA, A.C.; FIGUEIREDO, M.L.; JÚNIOR,
D.B.;
AMORIM, M.M.A.; TUDURY, E.A.; Achados radiográficos em 37 cães com
fraturas e luxações vertebrais toracolombares. XIII JORNADA DE ENSINO,
PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de
dezembro, 2013.
BRUCE, C.W.; BRISSON, B.A.; GYSELINCK, K. Spinal fracture and luxation in
dogs and cats: a retrospective evaluation
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of 95 cases.Veterinary Complementary Orthopedic Traumatology.


2008;21(3):280-4.
CHAVES, R.O. DOENÇAS NEUROLÓGICAS EM CÃES ATENDIDOS NO
HOSPITAL VETERINÁRIO UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DE SANTA MARIA, RS: 1.184 CASOS (2006-2013). Dissertação (Mestrado) -
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA. p.32, 2014.
JORGE, S.M.C. TRAUMATISMOS MEDULARES EM CANÍDEOS.
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA VETERINÁRIA.
UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA - Faculdade de Medicina Veterinária.
Lisboa, 2009. p. 94.
LECOUTEUR, R.A.; CHILD, G. Moléstias da medula espinhal. In: ETTINGER,
S.J. Tratado de medicina veterinária: Moléstias do cão e do gato. 3 ed. São
Paulo: Manole, 1992. cap.62, p.655-736.
OLIVER, J.E.; LORENZ, M.D.; KORNEGAY, J.N. Pelviclimbparesis, paralysis,
or ataxia. In:___ Handbook of Veterinary Neurology. 3 ed. Philadelphia:
SaundersCompany, 1997. cap. 6, p. 129-172.
PIERMATTEI, D.L. Atlas de Abordajesquirúrgicos de huesos y articulaciones
PERROS y GATOS. 3ed. McGraw-Hill Interamericana, México. 1996.
ROCHA, N.L.F.C; TUDURY, E.A.; SANTOS, C.R.O.; BONELLI, M.A. EXAME
NEUROLÓGICO EM COELHO (Oryctolaguscuniculus) REVISÃO DE
LITERATURA E RELATO DE CASO. XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA
E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro, 2013.
SEIM III, H.B. Cirurgia da Espinha Toracolombar. In: FOSSUM, T.W. Cirurgia
de Pequenos Animais. Rio de Janeiro:Elsiever, 3ed. 2008. p. 1460-11492.
URRUTIA, J.; MARDONES, R.; QUEZADA, F. The effect of ketoprophen on
lumbar spinal fusion healing in a rabbit model. Journal Neurosurgery Spine
7:631–636, 2007
WHEELER, J.L.; LEWIS, D.D.; CROSS, A.R.; SEREDA, C.W.
ClosedFluoroscopic-Assisted Spinal Arch External Skeletal Fixationfor the
Stabilization of Vertebral Column Injuries in Five Dogs. Veterinary Surgery
36:442–448, 2007

52.USO DE EXTRATO DE PAPAÍNA EM FERIDA AURICULAR EM LOBO


GUARÁ (Chrysocyon brachyurus): RELATO DE CASO
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STÉPHANIE FERGUSON MOTHEO1, MATHEUS ROBERTO CARVALHO1,


STEPHANNI PIMENTEL DE SOUZA1, SANDRA HELENA RAMIRO CORRÊA2,
THAIS OLIVEIRA MORGADO3
1Graduanda (o) de Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária
e Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá, MT.
2 Docente do Departamento de Clínica Médica Veterinária (CLIMEV) da
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Mato
Grosso (UFMT), Cuiabá, MT.
3 Médica Veterinária do Zoológico da Universidade Federal de Mato Grosso
(UFMT), Cuiabá, MT.

RESUMO:
O extrato de papaína possui ação anti-inflamatória, bactericida e
bacteriostática, e é amplamente utilizado no tratamento de feridas cutâneas. O
objetivo deste relato foi descrever a utilização do extrato de papaína no
tratamento de ferida auricular em lobo-guará. Após 20 dias, o tratamento
instituído foi efetivo e o extrato de papaína, apesar de sua origem enzimática,
não prejudicou a cicatrização.
INTRODUÇÃO:
O lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) é o maior canídeo da América do Sul e
ocupa principalmente áreas de cerrado (Lopes, 2008). A ocorrência de lesões
traumáticas em animais selvagens de cativeiro podem ser decorrentes de
brigas, ectoparasitas, grades, cercas e entre outros fatores. O extrato de
papaína é um composto de enzimas proteolíticas e peroxidases presentes no
látex do mamão papaia (Carina papaya), sendo amplamente utilizado nas
indústrias alimentícia, cosmética e farmacêutica. Essa substância pode ser
usada principalmente em feridas cutâneas auxiliando na remoção de exsudatos
inflamatórios e tecidos necróticos. Além disso, possui ação anti-inflamatória,
bactericida e bacteriostática (Ferreira et al.,2005). Dessa forma, o objetivo do
presente estudo foi descrever o tratamento utilizando extrato de papaína em
ferida auricular decorrente da ruptura de otohematoma em lobo-guará.
RELATO DE CASO:
Foi atendido um lobo-guará, fêmea, adulta, pesando 23kg, com lesão lacerada
e presença de necrose decorrente de um otohematoma prévio na orelha
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esquerda. O animal foi tratado por um período de 20 dias com um protocolo


terapêutico constituído por: enrofloxacina 10% (5mg/kg, IM, 7 dias), meloxicam
2% (0,2mg/kg, IM, 3 dias) e curativo local. Para a realização do curativo foi feita
a lavagem prévia da lesão com clorexidine 2% e solução fisiológica, foi
aplicado pomada antibiótica (gentamicina) sobre a ferida e pomada repelente
ao seu redor por 7 dias consecutivos. Em seguida foi utilizado extrato de
papaína 2% na ferida e spray de prata ao seu redor por 13 dias com intervalos
de 2 dias entre as
aplicações para evitar estresse do animal. Após o período de tratamento houve
a completa cicatrização da lesão e o animal obteve alta clínica.
DISCUSSÃO:
A cicatrização de feridas é um processo que consiste na organização celular,
remanejamento da membrana extracelular e sinais químicos, que juntos tem
como objetivo a reparação do tecido lesionado. Esse processo pode ser
dividido em quatro fases: hemostática, inflamatória, proliferativa ou de
granulação e remodelação (Araújo, 2010). O extrato de papaína é uma enzima
com alto índice proteolítico, indicada principalmente em feridas contaminadas,
uma vez que promove a remoção do tecido necrótico. No presente relato a
utilização da papaína auxiliou na remoção de áreas de necrose presentes na
lesão. A cicatrização completa da lesão ocorreu em 20 dias, semelhantemente
ao descrito em ratos, onde o uso contínuo do extrato de papaína não retardou
o processo cicatricial, mas sim o acelerou. (Ferreira et al.,2005).
CONCLUSÃO:
Com base no exposto, pode-se concluir que o tratamento instituído foi efetivo e
o extrato de papaína, apesar de sua origem enzimática, pode ser utilizado ao
longo de todo processo cicatricial. Ainda, a utilização dessa substância
proporcionou maiores intervalos entre a realização dos curativos, fato este de
extrema relevância em espécies selvagens.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ARAÚJO, A.K.L. Aspectos morfológicos do processo de cicatrização induzido
por Ouratea sp. 2010. Fortaleza. 177 p. Dissertação (Mestrado em Ciências
Veterinárias) -Curso de Pós-graduação em Ciências Veterinárias, Universidade
Estadual do Ceará.
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FERREIRA, A.M.; OLIVEIRA, K.A.; VIEIRA, L.C. et al. Revisão de estudos


clínicos de enfermagem: utilização de papaína para o tratamento de feridas.
Revista Enfermagem UERJ, v.13, p.382-389, 2005.
LOPES, F.M. Avaliação do sistema estomatognático e de sincrânios de lobo-
guará (Chrysocyon brachyurus) em vida livre e cativeiro. 2008.São Paulo.151p.
Dissertação (Mestrado em Ciências Veterinárias) -Curso de Pós-graduação em
Ciências Veterinárias, Universidade de São Paulo.

53. UTILIZAÇÃO DE PROTOCOLO ANESTÉSICO COM


TILETAMINA+ZOLAZEPAM EM UMA VEADA CATINGUEIRA (Mazama
Gouazoubira) COM FRATURA DE PELVE- RELATO DE CASO
VIVIANE GUIMARÃES¹; TAINARA MORAIS PEREIRA ¹; JORGE DAMIÁN
STUMPFS DIAZ².
Aluna de Graduação do Curso de Medicina Veterinária da Universidade de
Cruz Alta.
2 Docente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade de Cruz Alta –
UNICRUZ. E-mail: jorgestumpfsdiaz@hotmail.com

RESUMO:
A captura e contenção física de cervídeos além de ser difícil pode resultar em
problemas adicionais, uma vez que estes são reconhecidamente sensíveis ao
estresse, podendo ocorrer traumas, distúrbios metabólicos graves e até mesmo
óbito dos animais, dessa maneira este trabalho tem como objetivo relatar um
procedimento anestésico utilizando Tiletamina+Zolazepam em uma cerva
Mazama com fratura de pelve, visando futura correção cirúrgica.

INTRODUÇÃO:
Conhecido como veado- catingueiro, Mazama gouazoubira (CICCO, 2010), um
mamífero de pequeno porte, é umas das oito espécies de ruminantes da família
Cervidae que vivem no Brasil. Sua coloração varia de um tom cinza até o
marrom claro, a orelha é grande e é o mais delicado dos Mazama ,o veado
catingueiro é abundante e tem uma ampla distribuição geográfica, que abrange
as regiões Sul, Sudoeste, Nordeste, Norte e Centro-Oeste do Brasil (REIS,
2006).
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Traumatismos em animais selvagens são comuns (BORTOLINI et al., 2013),


além de difícil, a captura e contenção física (PINHO, 2004).Os atropelamentos
de cervídeos ocorrem pela redução do seu habitat natural e durante a fuga de
cães ou caçadores, resultando em traumas graves. Constitui-se num grande
desafio a recuperação destes pacientes, pois o estresse de captura, a falta de
adaptação à internação e a utilização de protocolos anestésicos inadequados,
comprometem o sucesso da cirurgia. Este trabalho tem como objetivo relatar
um procedimento anestésico utilizado em uma cerva Mazama, com fratura de
pelve, visando futura correção cirúrgica.

DESCRIÇÃO DE CASO:
Foi atendida uma cerva da espécie Mazama gouazoubira, com histórico de
atropelamento. Verificou-se tratar de uma fêmea jovem em torno de dois anos,
com peso aproximado de 18 kg. Pela avaliação semiológica inicial o animal
apresentava sinais de paralisia dos membros posteriores e através do raio X foi
detectada fratura cominutiva da pelve com deslocamento do fêmur, também foi
realizada ultrassonografia abdominal onde se detectou a presença de um feto
vivo, com idade indeterminada. Após um período de estabilização de dois dias
optou-se pela aplicação de um protocolo anestésico visando avaliação
pormenorizada da fratura e que permitisse uma futura correção cirúrgica.

DISCUSSÃO:
Pinho (2000) cita que a contenção química de cervídeos tem sido o método de
escolha para realização de procedimentos, como colheitas de sangue e
tratamento de afecções que exijam imobilização adequada. Visando a
avaliação pormenorizada da fratura para posterior correção cirúrgica, o
procedimento anestésico iniciou com aplicação intramuscular de um pré-
anestésico sendo utilizado a xilazina a 2%, na dose de 0,25 ml com mais dois
repiques de 0,2 ml também pela via IM e com intervalo de 10 minutos entre
uma aplicação e outra. Após a terceira dose observou-se no animal uma
sedação moderada. Durante o procedimento de sedação o animal foi mantido
com a cabeça encoberta com pano escuro, para facilitar a aplicação do
sedativo e diminuir o grau de estresse.
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Benson (1996) cita que a xilazina promove bom relaxamento muscular quando
utilizada isoladamente, entretanto o manejo de cervídeos pode ser arriscado
com o uso isolado desse fármaco, uma vez que a sedação é varíavel em doses
seguras, existindo possibilidade dos animais reagirem subitamente quando
manipulados, no presente caso o uso de xilazina como sedativo foi associado
ao Cloridrato de Tiletamina+Cloridrato de Zolazepan 50 na dose de 0,9 ml com
aplicação intravenosa, sendo que a indução anestésica em plano profundo foi
imediata.
Segundo PACHALY(1992) as doses para Mazama Sp. são de 4 a 15 mg/kg IV
de tiletamina-zolazepam não associado a outro fármaco e a duração da
anestesia varia de 20 a 90 minutos, já no presente relato associado a xilazina a
2% a duração da anestesia foi de 60 minutos, quando se observou movimentos
de pedalagem e tentativas de levantar. Durante todo o procedimento o animal
manteve-se com os parâmetros cardíacos e respiratórios aceitáveis, sendo a
FC= Min.60 e Max.80; FR= Min.24 e Max. 36. O animal foi mantido com
fluidoterapia a base de solução de Ringer e glicose endovenosa.

CONCLUSÃO:
A aplicação de xilazina a 2% como sedativo e miorrelaxante pela via
intramuscular nas doses descritas, permitiu uma abordagem segura para a
indução anestésica. A utilização de Tiletamina+Zolazepam na dose de 0,9 ml e
pela via IV como anestésico geral, manteve o animal em plano profundo
durante 60 minutos e com os parâmetros cardíaco e pulmonar estáveis.
Conclui-se que a associação destes fármacos permitiu uma boa imobilização, o
que permitirá a execução de cirurgias invasivas de média a longa duração em
cervídeos do gênero Mazama.

REFERÊNCIAS:
BENSON, G. J. Veterinary anesthesia. 3. ed. Baltimore: Williams & Wilkins,
1996. p. 115-147
BORTOLINI, Z.; MATAYOSHI, P.M.; SANTOS, R.; DOICHE, D.P.; MACHADO,
V.; TEIXEIRA, C.R.; VULCANO, L. Casuística dos exames de diagnóstico por
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CICCO, Lúcia Helena Salvetti de, Veado-Catingueiro, 2010.


PACHALY, J.R. Utilização da associação de tiletamina e zolazepam na
contenção de Mazama gouazoubira e Mazama rufina. In: XXII CONGRESSO
BRASILEIRO DE MEDICINA VETERINÁRIA, 1992, Curitiba. Anais do XXII
Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, 1992
PINHO, M. P. Efeito da pipotiazina na modulação das respostas ao estresse de
veados-catingueiro (Mazama gouazoubira) em cativeiro. 68 f. Tese (Doutorado
em Cirurgia Veterinária) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias,
Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2004.
PINHO, M. P. Emprego da xilazina ou romifidina associadas à
cetaminamidazolam na contenção química de veados-catingueiro (Mazama
gouazoubira). 84 f. Dissertação (Mestrado em Cirurgia Veterinária) – Faculdade
de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista,
Jaboticabal, 2000.
REIS, N.R. Mamíferos do Brasil / Dados internacionais de Catalogação-na-
Publicação (CIP) – Londrina. p.437. 2006

54. VARIAÇÕES FISIOLÓGICAS DOS MINERAIS E ENZIMAS PLASMÁTICAS


EM Crotalus durissus collilineatus MANTIDAS EM CATIVEIRO
REBECCA ESPÍRITO SANTO DA CRUZ1, DANIELLE SOUZA VIEIRA1, THAÍS
CARNEIRO SANTOS RODRIGUES1, EDNALDO CARVALHO GUIMARÃES2,
VERA LÚCIA DE CAMPOS BRITES3, ANTONIO VICENTE MUNDIM1,
1Faculdade de Medicina Veterinária / UFU; 2Faculdade de Matemática / UFU;
3Laboratório de Herpetologia no Instituto de Biologia / UFU
RESUMO:
Com o objetivo de verificar as variações fisiológicas e influência do sexo nas
concentrações plasmáticas dos minerais e enzimas em cascavéis, foram
analisadas amostras plasmáticas de 120 espécimes mantidas em cativeiro.
Confrontados os valores entre os sexos, verificou-se valores superiores para
cálcio total, cálcio ionizado e fosfatase alcalina (FAL) nas cascavéis fêmeas.
INTRODUÇÃO:
A cascavel Crotalus durissus collilineatus é uma serpente da família Viperidae
com ampla distribuição e a única representante do gênero no Brasil segundo
Campbell e Lamar (1989). Os minerais e as enzimas plasmáticas das
Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X
v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary

cascavéis podem sofrer influência por vários fatores como idade, sexo,
espécie, estado nutricional, sazionalidade e estado fisiológico o que implica na
interpretação dos resultados bioquímicos do sangue desses animais seja
desafiador (Campbell, 2006). Objetivou-se neste estudo verificar as variações
fisiológicas e influência do sexo nas concentrações plasmáticas dos minerais e
enzimas em cascavéis.
MATERIAL E MÉTODOS:
Foram analisadas amostras de sangue de 120 cascavéis (Crotalus durissus
collilineatus) adultas, 60 machos e 60 fêmeas mantidas em cativeiro.
Foram coletadas em cada serpente 2 mL de sangue por punção do seio
venoso paravertebral cervical, em seringas heparinizadas. Após centrifugação
do sangue a 720 g, determinou-se em cada amostra as concentrações
plasmáticas dos minerais e enzimas avaliadoras da função hepática e muscular
em analisador automático de bioquímica Chemwell utilizando kits comerciais da
Labtest Diagnóstica®. Para confrontar os valores entre machos e fêmeas das
variáveis cálcio, relação Ca: P e ferro utilizou-se ANOVA seguido do teste de
Tukey. Os valores de fósforo, AST, ALT, GGT, FAL e LDH foram transformados
em log e posterior aplicação da ANOVA seguido do teste de Tukey. Ambas as
análises utilizou-se nível de significância de 5% e o software SISVAR. Para
magnésio e CK aplicou-se o teste não paramétrico Wilcoxon Mann Whitney,
com 5% de significância, utilizando o Action.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram encontrados os seguintes valores: cálcio 13,45±1,74 mg/dL, fósforo
3,77±1,48 mg/dL, relação Ca: P 3,98±1,35, magnésio 2,67±0,75 mg/dL, ferro
119,35±47,45 µg/dL, AST 28,88±18,03 U/L, ALT 14,05±10,93 U/L, GGT
8,30±6,54 U/L, FAL 66,83±41,59 U/L, CK 401,57±304,54 U/L e LDH
282,45±219,65 U/L. Confrontados os valores entre machos e fêmeas, verificou-
se valores superiores para cálcio total e FAL nas cascavéis fêmeas,
corroborando com outros pesquisadores que também encontraram maiores
concentrações nas serpentes fêmeas (Anderson et al., 1997; Lamirande et al.,
1999). Estes atribuíram as maiores concentrações plasmáticas destes
elementos nas fêmeas ao estado reprodutivo e vitelogênese. Campbell (2006)
afirma que as concentrações plasmáticas de colesterol e triglicérides são
significativamente maiores em iguanas fêmeas.
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CONCLUSÃO:
Esses resultados reforçam a importância de se considerar o sexo na
interpretação dos valores de minerais e enzimas plasmáticas em cascavéis.

COMITÊ DE ÉTICA:
O projeto foi aprovado pelo CEUA, conforme protocolo nº 149/13 e autorização
do ICMBio pelo SISBio nº 42135-1.
REFERÊNCIAS:
ANDERSON, N. L.; WACK, R. F.; HATCHER, R. Hematology and clinical
chemistry reference ranges for clinically normal, captive New Guinea Snapping
Turtle (Elseya novaeguineae) and the effects of temperature, sex, and sample
type. Journal of Zoo and Wildlife Medicine, v. 28, n. 4, p. 394-403, 1997.
CAMPBELL, J. A.; LAMAR, W. W. The Venomous Reptiles of Latin America.
Ithaca: Cornell University Press, 1989. 425 p.
CAMPBELL, T. W. Clinical pathology of reptiles. In: MADER, D. R. Reptile
Medicine and Surgery. Missouri: Saunders Elsevier, 2006, p. 490-532.
LAMIRANDE, E. W.; BRATTHAUER, A. D.; FISCHER, D. C. et al. Reference
hematologic and plasma chemistry values of brown tree snakes (Boiga
irregularis). Journal of Zoo and Wildlife Medicine, v. 30, n. 4, p. 516-520, 1999.

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