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72ª Reunião Anual da SBPC - UFRN - Natal / RN

z5.05.99 - Medicina Veterinária

APECTOS ANATÔMICOS E PATOLÓGICOS DA FENDA PALATINA EM ANIMAIS DOMÉSTICOS.

Victor Leví Gomes Santos Gomes*, Vinicius Peixoto de Santana


1. Estudante de Medicina Veterinária, da Universidade Federal do Reconcavo da Bahia (UFRB)

Resumo
O objetivo do presente trabalho é descrever os principais aspectos envolvendo o palato mole de animais
domésticos, focando assim em sua divisão anatômica e correlações clínicas, cirúrgicas ou patológicas. Tendo
foco ademais, na malformação anatômica e patológica da fenda palatina e seus principais precursors, os
agentes causadores desta afcção, seus diagnóstico e possiveis tratamentos. Mais adiante poderemos observar
também, a correlação entre a ingestão de algumas plantas do semiárido da Bahia e a má formção da fenda
palatina

Palavras-chave: palato; agentes; malformação

Introdução
O palato mole é a extensão muscular posterior do palato duro, e juntos eles formam o teto da cavidade oral e o
assoalho da cavidade nasal (ROBERTSON, 1996). ele é constituido por quatro importantes musculos em
animais domesticos, o tensor do véu palatino, palatoglosso, palatofaringeo e o levantador do véu palatino que
conjuntamente agem auxiliando na produção de som, previnem a entrada de alimentos e líquidos na cavidade
nasal durante a deglutição, e participam do reflexo do vômito. O palato mole é localizado na porção dorsal da
cavidade oral, sendo responsável pela sua separação da cavidade nasal e orofaríngea. A porção motora do
nervo trigêmeo inerva o palato mole e os músculos do palato mole têm inervação do vago (plexo faríngeo),
exceto o tensor do véu palatino que é inervado pelo trigêmeo, o ramo mandibular sua vascularização é feita
pelas artérias palatinas menores e artérias palatinas crescente. Uma das patologias do palato mole é a fenda
palatina que por sua vez pode ser classificada em primária se ocorrer no lábio e alvéolo; primária e secundária
se envolve o lábio e o palato secundário; secundária, quando ocorre somente no palato secundário, podendo
ou não existir envolvimento do palato mole (HARVEY e EMILY, 1993); A fenda do tipo primária é facilmente
diagnosticada, porque o animal nasce com uma fissura anormal no lábio superior, conhecida como lábio
leporino. As secundárias, apesar de mais comuns, muitas vezes passam desapercebidas por ocasião do
nascimento e só são diagnosticadas quando o animal começa a apresentar alguns sinais clínicos da afecção,
como escoamento de leite pelas narinas, tosse, engasgos ou espirros durante a alimentação, além das
infecções do trato respiratório (NELSON, 1998). Seu diagnostico é realizado mediante a inspeção direta da
cavidade oral, durante o exame físico (POPE e CONSTANTINESCU, 1998). As principais causas para seu
desenvolvimento são os fatores traumáticos, hormonais, hereditários (ROBERTSON, 1996; NELSON, 1998), e
nutricionais no qual a bahia sofre muito por ter seu rebanho no semiárido e manter contato com Mimosa
tenuiflora, Poincianella pyramidalis e P. pyramidalis, tais plantas são classificados em um gênero que contém
como princípio tóxico alcalóides esteroidais, piperidínicos, quinolizidínicos ou indolizidínicos, que
consequentemente promovem malformações mecânicas (no útero) (Panter et al. 1994, Gardner et al. 1998).,
sendo a hereditária mais comum (ROBERTSON, 1996). Por serem bastante comuns em animais domesticos
esssa condição congênita, abordaremos esses aspectos com a finalidade de aprofundar os conhecimentos e
passar a diante tais informações.

Metodologia
Os principais pontos destacados em todos os artigos foram a data de chegada do animal, que eram
principalmente gatos, bolvinos e ouvinos, o peso do animal e idade. A partir desse ponto, verificavam se o
animal apresentava infecção ou tosse, dificuldade em alimentar-se ou em respirar, feita a verificação e
diagnostico através da inspeção direta da cavidade oral durante o exame físico e radiografia do crânio para
visualização dos ossos palatinos, partiam para as possíveis maneiras de correção cirúrgica. No ovino o
procedimento cirúrgico adotado foi a de sobreposição de retalhos, articulados como forma de dobradiça O
paciente foi pré-medicado com tramadol, na dose de 3mg/Kg, por via subcutânea, a indução foi realizada com
propofol, na dose de 5 mg/Kg por via intravenosa a manutenção foi feita com isofluorano. Foi realizada
traqueostomia temporária, em virtude do diminuto tamanho da cavidade bucal, para que o tubo endotraqueal
não atrapalhasse a realização da técnica de correção da fenda palatina, já no gato a técnica escolhida para
redução da fenda foi a do retalho bipedicular deslizante, envolvendo o mucoperiósteo da cavidade oral. As
margens do palato duro foram incisadas e liberadas bilateralmente ao longo dos arcos dentais até o arco
glossofaríngeo, levantando-se a camada mucoperiosteal de ambos os lados do defeito, com o auxílio de um
elevador periosteal, nos pequenos ruminantes que eram cadavers pois eles apresentavam algumas alterações
gastroitestinais provenientes da rotineira alimentação de plantas toxicas se procedeu a coleta e fixação do
animal por imersão em formol 10%, seguida da dissecação, que posteriormente foi submetido ao processo de
conservação e impregnação por glicerina. Ademais foi realizado exame radiográfico nos animais para
evidenciação de alterações ósseas.

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Resultados e Discussão
A fenda palatina pode ser obtida pelo animal já adulto em detrimento de alguma perfuração no palato ou ainda
como filhote por conta da má formação. Ainda quando filhote é importante que a fenda seja corrigida
rapidamente com a intenção de evitar complicações respiratórias, além do acesso a cavidade oral ser mais
fácil. No processo de recuperação do animal, a alimentação deve ser restrita a alimentos moles, no caso como
se trata de um animal que está na fase de amamentação é imprescindível esse tipo de alimentação, sendo que
após a cicatrização e a idade avançada do mesmo, pode ser estabelecida a alimentação com gramíneas de
característica macia. Também pode ser feito alimentação por esofagostomia por 7 a 14 dias como cita
FOSSUM (2005).. A reavaliação da técnica deve ser feita cerca de duas semanas após o procedimento para a
avaliação de toda a cavidade, para a correção de possíveis defeitos, como a rinite cronica.

Conclusões
Mediante os tratamentos realizados pode-se observar que os métodos utilizados para reparar os defeitos
congênitos ou traumáticos do palato são extremamente necessários, visto que se os mesmos não forem
realizados, podem comprometer o estado geral do paciente, levando à complicações respiratórias por
pneumonia e até a morte. A utilização da técnica do retalho bipedicular deslizante para restaurar o defeito
palatino do paciente relatado mostrou-se eficiente, de acordo com os resultados obtidos. A técnica do retalho
mucoperiosteal associada a alimentação por meio de sonda esofágica e limpeza da ferida cirúrgica foi eficaz no
tratamento de fenda palatina secundária traumática. Os resultados obtidos permitem concluir que o muco-
periósteo por deslizamento é adequado para o fechamento de defeitos palatinos de 3,5x1,5cm; o padrão de
sutura longe-perto-perto-longe, é de fácil execução e promove coaptação com vedação adequada do palato e o
uso do implante de cartilagem da pina auricular favorece a reparação mais precoce do osso palatino onde a
antibioticoterapia é imprescindível, além de antiiflamatórios e analgésicos. Também é importante se fazer a
limpeza cavidade bucal do animal até uma cicatrização inicial, pois existem riscos de contaminação e
rompimentos de pontos. Porém, devido à dificuldade de acesso à cavidade bucal dos ovinos muito jovens, fica
difícil realizar tal procedimento em um animal recém nascido. Nestes casos, há a necessidade de cuidados
especiais com o neonato até atingir um tamanho adequado para o procedimento cirúrgico.

Referências bibliográficas

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Gardner DR, Panter KE, Stegelmeier BL, James LF, Ralphs MH, Pister JA e Schoch TK 1998. Envenenamento
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