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Gama-DF
2022
LARISSA JESSIKA DI OLIVEIRA
Gama-DF
2022
Anestesia em coelho doméstico (Oryctolagus cuniculus) para
cirurgia de amputação de membro pélvico: Relato de caso
Larissa Jessika Di Oliveira1
Resumo:
Os coelhos deixaram de ser animais utilizados somente para alimentação e experimentos, hoje
ocupam um lugar importante nos lares como pets de companhia pois são animais extremamente
inteligentes, de fácil treinamento, de temperamento dócil e que se expressam de várias formas.
Contudo, são acometidos pelo estresse pela alta liberação de catecolaminas, o que confere maior
risco anestésico, além disso, a intubação orotraqueal nesses animais é desafiadora pelas limitações
anatômicas. Embora seja grande a rotina clínica e cirúrgica de lagomorfos, ainda há poucos relatos
da anestesia na área veterinária nessa espécie. O presente trabalho teve como objetivo relatar o
procedimento anestésico, bem como descrição dos fármacos utilizados, a técnica de intubação, os
bloqueios regionais e o manejo da dor que promoveram uma anestesia segura e boa recuperação,
proporcionando qualidade de vida e bem-estar em um coelho, macho, da raça Mini Lop, de 3 anos
de idade, submetido a cirurgia de amputação de membro pélvico devido à má formação congênita.
Abstract:
Rabbits are no longer animals used only for feeding and experiments, now occupying an important
place in homes as companion animals, as they are extremely intelligent animals, easy to train, with
a docile temperament and that express themselves in many ways. However, they are affected by
stress due to the high release of catecholamines, which confers a greater anesthetic risk, in addition,
orotracheal intubation in these animals is requested due to anatomical limitations. Although it is a
great clinical and surgical routine for lagomorphs, there are still few reports of anesthesia in the
veterinary area of this species. This study aimed to report the anesthetic procedure, as well as
describe the drugs used, the intubation technique, regional blocks and pain management that
promoted safe anesthesia and good recovery, providing quality of life and well-being in a male,
mini lop, 3 year old rabbit, submitted to pelvic limb amputation surgery due to congenital
malformation.
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Graduanda do Curso de Medicina Veterinária, do Centro Universitário do Planalto Central
Apparecido dos Santos – Uniceplac. E-mail: dioliveira.larissa@gmail.com
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LISTA DE ABREVIATURAS
FR – frequência respiratória
FC – frequência cardíaca
SpO2 – saturação periférica de oxihemoglobina
PANI – pressão arterial não invasiva
Mrpm – movimentos respiratórios por minuto
Bpm – batimentos por minuto
BID – bis in die, duas vezes por dia
MPD – membro pélvico direito
NMDA – N-metil-D-aspartato
MPA – medicação pré anestésica
GABA – ácido gama-aminobutírico
SNC – sistema nervoso central
CAM – concentração alveolar mínima
ECG – eletrocardiograma
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1 INTRODUÇÃO
cirúrgico, utilizando não só a contenção física, mas também a contenção química, como a anestesia
geral, quando necessário.
De acordo com Falcão et al. (2011), os coelhos são considerados difíceis para anestesia
devido à alta susceptibilidade de apneia e a dificultosa intubação traqueal, sendo esta por sua vez
o maior desafio encontrado por anestesistas veterinários. Devido às suas particularidades
anatômicas como pequena dimensão da laringe, dificuldade na visualização direta da epiglote,
língua muito longa e tórus lingual proeminente, dentes incisivos longos, cortantes e estreitos e
limitada mobilidade articulação temporomandibular, a intubação nesses animais é
desafiadora. Além disso, essa espécie apresenta um alto risco de óbito pois são extremamente
sensíveis ao estresse pela alta liberação de catecolaminas (LONGLEY, 2008).
Embora seja notado o crescente número desses animais como pets, ainda há poucos relatos
de procedimentos anestésicos voltados para a área veterinária nessa espécie (ROCHA, 2018).
Dessa maneira, o objetivo desse trabalho é apresentar um relato de caso do procedimento anestésico
de um coelho doméstico, macho, da raça Mini Lop, de 3 anos de idade, para cirurgia de amputação
de membro pélvico direito devido à má formação congênita, submetido à cirurgia no dia 20 de
outubro de 2020 no centro cirúrgico da clínica veterinária do UNICEPLAC, DF.
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2 RELATO DE CASO
Lidocaína 3 mg/kg/h e Cetamina 1 mg/kg/h diluídos em 20ml de ringer com lactato na taxa de
infusão de 20 ml/kg/h na primeira hora de procedimento, após isso, houve mudança na taxa de
infusão passando a ser 10 ml/kg/h. O paciente foi posicionado em decúbito lateral esquerdo e
prosseguiu-se com a antissepsia prévia com clorexidina degermante 2% e clorexidina alcoólica
0,5% e posteriormente a antissepsia definitiva foi realizada pelo cirurgião com clorexidina
alcoólica 0,5%. Após exposição anatômica durante a cirurgia, foi realizado o bloqueio local do
nervo femoral e isquiático do membro pélvico direito com lidocaína 2% sem vasoconstritor na dose
de 10 mg/kg. Os parâmetros monitorados durante toda a cirurgia foram FC, FR, SpO2, PANI e
temperatura por termômetro esofágico, que se mantiveram dentro dos valores esperados para a
espécie. O transoperatório e anestésico ocorreu sem nenhuma intercorrência. O fim da infusão
contínua ocorreu 30min antes do término do procedimento. Como fármaco pós cirúrgico foi
administrado Meloxicam 0,5 mg/kg, dipirona 25 mg/kg, por via intravenosa e após término
completo do ato cirúrgico, Enrofloxacino 10 mg/kg, via intramuscular. O animal teve um bom
retorno anestésico e após uma hora, já demonstrava interesse por alimento. Para medicação pós
operatória do animal, foi prescrito Metadona 0,2 mg/kg, via subcutânea, a cada 12 horas, por 2 dois
dias; Meloxicam 0,5 mg/kg, via oral, a cada 24 horas, por 5 dias; Dipirona 25 mg/kg, via oral, a
cada 12 horas, por 5 dias; Enrofloxacino 5 mg/kg e Metronidazol com Sulfadimetoxina 20 mg/kg,
via oral, a cada 12 horas por 14 dias. Recomendou-se repouso, uso de roupa cirúrgica e limpeza da
ferida cirúrgica com clorexidina degermante 2% e solução fisiológica BID. Dez dias após o
procedimento, o animal retornou à clínica veterinária do Uniceplac para avaliação. O paciente
estava em bom estado geral e posteriormente foi realizada a retirada de pontos. O animal foi
acompanhado até a completa recuperação e atualmente está devidamente adaptado à sua nova
condição, sem o mínimo sinal de dor e desconforto.
2 DISCUSSÃO
Quadro 1. Extraído de RODRIGUES et al., (2017) com sugestão de exames complementares pré anestésicos, de acordo com a
categoria de estado físico. Sociedade Americana de Anestesiologistas (ASA) em cães e gatos.
Tabela 1. Parâmetros e valores de referência para a espécie Oryctolagus cuniculus, CARPENTER (2008).
Quadro 2. Extraído de RODRIGUES et al., (2018) com categorias de risco anestésico e estado físico de acordo com a Sociedade
Americana de Anestesiologistas (ASA, 2014).
O jejum para lagomorfos é pouco solicitado pois o seu estômago possui uma túnica
muscular pouco desenvolvida, pouco contrátil (FERREIRA et al., 2017) e o interior do esôfago
contém um esfíncter muscular firme, formando um mecanismo de fechamento, por isso são animais
que não vomitam ou regurgitam (LONGLEY, 2008). De posse dessa informação, não foi
preconizado jejum no paciente e pode-se observar que o mesmo não apresentou refluxo gastro
esofágico.
A escolha dos fármacos para a medicação pré anestésica foi pensada para promover uma
sedação a fim de minimizar o estresse no momento do preparo pré operatório. Para isso, associou-
se a metadona (opióide) que possui alta propriedade analgésica com a dexmedetomidina (agonista
alfa-2 adrenérgico) que tem características analgésicas, relaxante muscular e sedativa e a cetamina
(anestésico dissociativo, antagonista NMDA) que tem a capacidade de dissociar o eixo tálamo-
cortical, bem como promover analgesia somática do animal (GRIMM et al., 2017). De acordo com
Longley (2008), Dugdale (2010) e Fantoni et al., (2010) a escolha dos agentes que serão
empregados na MPA são úteis para preparar o paciente, reduzindo o estresse desde a manipulação,
até a obtenção do acesso venoso e pré oxigenação, de forma a tornar o ato anestésico o menos
estressante possível para o animal.
Segundo Riva (2019), a cetamina é um agente dissociativo popular na anestesia de coelhos
devido a sua facilidade na administração, baixo custo e boa qualidade na recuperação, porém é
frequente a escolha de anestésicos que consiste na associação da Cetamina a outros fármacos
(LIMA, 2014) pois promove uma anestesia de qualidade que irá suprimir seus efeitos catalépticos
quando esta é utilizada isoladamente. Na rotina anestésica a associação da Cetamina a outros
agentes, tais como benzodiazepínicos, opióides ou agonistas alfa 2 adrenérgicos, se demonstrou
eficaz (RIVA, 2019). O agonista alfa 2 adrenérgico de maior seletividade e que é capaz de
promover maior analgesia e sedação sobre os demais fármacos dessa classe é a dexmedetomidina
(seletividade alfa2:alfa1 de 1620:1). Dentre os opióides, a metadona, agonista µ total, possui
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Cubas et al., 2014 recomenda que todos os pacientes sejam intubados pois além da apneia
pós indução, ainda podem apresentar apneia transoperatória. A técnica de intubação convencional
em cães e gatos, que consiste na visualização da laringe utilizando laringoscópio (FIGURA 2), que
para essa espécie recomenda-se utilizar lâmina de Wisconsin de tamanho 0, 1 ou 2 ou reta
(FIGURA 3), como sugere Longley (2008), demonstrou sucesso no presente relato. Coelhos são
propensos a laringoespasmo, logo a utilização de anestésico local 1 a 2 minutos, mantendo a cabeça
ainda hiperflexionada para melhor difusão do agente, antes da tentativa de intubação reduz essa
ocorrência (ROCHA, 2018; LONGLEY 2008). Embora a literatura recomende o uso do anestésico
local, não foi administrado no paciente para posterior intubação. Contudo, a primeira tentativa foi
bem sucedida, sem ocorrência de laringoespasmo. Entretanto, para evitar que isso aconteça, bem
como traumas na região, edema de glote e consequente morte do animal, as tentativas de intubação
nesses animais não podem exercer a 3 tentativas (CUBAS, 2014; SHELBY, 2014; THOMPSON
et. al., 2017; ROCHA, 2018).
Os tubos endotraqueais mais utilizados nessa espécie são os de 2,0 e 2,5 mm de diâmetro,
sem cuff (MARCOS, 2019; CUBAS, 2014), os mesmos utilizados também em pequenos animais.
O tamanho do tubo é fundamental para reduzir o espaço morto, sendo que quando aumentado esse
espaço, por essa espécie possuir um volume pulmonar muito pequeno, 4-6 ml/kg, afetará na
eficiência respiratória do animal e consequentemente em sua oxigenação (LONGLEY, 2008). O
tubo endotraqueal utilizado foi o de 2,0 mm de diâmetro, sem cuff (FIGURA 4).
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Montagem a partir de imagens coletadas nos sites Dental Centro Oeste e Cirúrgica Fernandes,
via dentalcentrooeste.com.br e cfernandes.com.br.
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A anestesia inalatória é a anestesia obtida por meio da absorção de um princípio ativo pela
via respiratória, passando pela corrente circulatória e atingindo o SNC, produzindo anestesia geral
(FANTONI et al., 2010). O uso desses fármacos traz vantagens para a anestesia de coelhos, pois
de acordo com Longley (2008), eles são metabolizados rapidamente comparado com os anestésicos
injetáveis e produzem uma recuperação mais curta e suave. O Isoflurano é um agente volátil com
o uso muito comum em espécies exóticas, que ao ser administrado por via inalatória, é distribuído
rapidamente por todo o corpo (LONGLEY, 2008). A concentração alveolar mínima (CAM) é um
parâmetro de potência anestésica de um agente volátil e a CAM de Isoflurano em coelhos é de
2,05% (LONGLEY, 2008; MARCOS 2019), isso quer dizer que para administração de Isoflurano
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De acordo com Moreira (2014), a dor em procedimentos cirúrgicos ortopédicos pode ser
tão intensa que os fármacos analgésicos que foram administrados na MPA se tornam insuficientes.
Dispondo dessa informação, é fundamental um planejamento anestésico adequado para promoção
da analgesia não só durante o ato cirúrgico, bem como no pós operatório pois o emprego da
analgesia antes do estímulo doloroso prevê ou substitui a dor subsequente, reduzindo e dispersando
o uso de resgate analgésico, resultando também em menor dor pós operatória (ALVES, 2013).
A infusão contínua de alguns fármacos se torna satisfatória e vem sendo empregada com
frequência na Medicina Veterinária pois além de promover anestesia e analgesia em função da
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caso, optou-se por não utilizá-la pois o animal apresentava abcessos bem próximo ao local onde é
feito a punção e por se tratar na deposição do anestésico local ao redor da dura-máter, haveria riscos
de puncionar conteúdo supurativo e transcorrer para dentro do espaço epidural resultado em grave
infecção e bloqueio simpático em animal séptico.
O monitoramento eficaz durante todo o ato cirúrgico requer avaliação em tempo real.
(QUESENBERRY et al., 2021). Durante todo o procedimento, foram avaliados os parâmetros de
frequência cardíaca (FC) por eletrocardiograma e pletismografia (frequência de pulso), pressão
arterial não invasiva (PANI), frequência respiratória (FR), saturação periférica de oxigênio na
hemoglobina (SpO2) por oxímetro de pulso posicionado no ápice da língua e temperatura por
termômetro esofágico. Para Quesenberry et al. (2021) entender os valores esperados de frequência
cardíaca para cada espécie é de extrema importância, isso porque pequenos roedores e lagomorfos
possuem uma frequência cardíaca muito rápida e alguns complexos eletrocardiográficos (ECG)
podem ser difíceis de avaliar esse parâmetro na velocidade de varredura padrão, embora alguns
complexos possuam velocidades de varredura que permitem uma avaliação mais precisa. A
monitoração da pressão arterial pode ser feita de forma invasiva, quando cateter intra arterial é
colocado em uma artéria, ou de forma não invasiva, usando uma sonda Doppler, um manguito e
um esfigmomanômetro. A pressão arterial foi avaliada de forma não invasiva, mas seus valores
não foram descritos em ficha anestésica. A frequência respiratória deve ser monitorada de perto e
pode ser feita observando a frequência ou o grau de movimentação do tórax, ou então pelo
movimento da bolsa respiratória do circuito anestésico, como foi feito e como sugere Quesenberry
et al., (2021). Ainda de acordo com esse autor, a função respiratória utilizando um capnógrafo que
irá fornecer informações sobre o dióxido de carbono expirado também é útil para avaliar a
ventilação, mas não foi possível utilizar esse recurso. A oximetria de pulso fornece informações
quanto a saturação de oxigênio da hemoglobina arterial (QUESENBERRY et al. 2021) e pode ser
feita dispondo o sensor na língua, orelhas, pés, cauda ou membranas mucosas, porém é importante
ter cautela na colocação do sensor na língua pois pode ocasionar em danos temporários nos
músculos linguais (LONGLEY, 2008).
Os parâmetros se mantiveram dentro dos valores esperados, sem intercorrência, em exceção
da temperatura, onde foi observado que ao iniciar o procedimento estava a 37ºC e ao término
33,8ºC. Para reduzir as taxas de mortalidade e morbidade associadas aos fármacos anestésicos, é
obrigatório que esse parâmetro seja monitorado e que seja fornecido suporte térmico
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(QUESENBERRY et al, 2021). Longley (2008) relata que esses animais são sensíveis a alterações
de temperatura, o que faz com que no trans e pós cirúrgico seja observada hipotermia induzida por
esses agentes, como foi observado no paciente. Além disso, a hipotermia diminui o metabolismo e
prolonga a recuperação, desse modo, é importante que as correções sejam feitas e que fontes de
calor sejam utilizadas independente da duração do procedimento (QUESENBERRY et al, 2021).
E embora tenha tido auxílio do colchão térmico, o mesmo não foi suficiente para manter a
temperatura e após o término do ato cirúrgico o animal foi devidamente aquecido utilizando luvas
de látex aquecidas, cobertor e secador para que esse parâmetro retornasse aos valores normais.
O retorno anestésico ocorreu tranquilamente, com o animal monitorado em ambiente
silencioso, aquecido e com boa oxigenação, assim como recomenda Longley (2008). Água e
comida foram ofertadas quando o animal estava devidamente acordado e houve boa aceitação.
Longley (2008) cita que caso a ingestão voluntária não seja estabelecida horas após o
procedimento, é importante que se inicie a alimentação com seringa para evitar problemas de estase
gastrointestinal. Após alta médica, foi recomendado que o animal permanecesse com roupa
cirúrgica pois o uso de colares poderia ocasionar no estresse do paciente e favorecer em maior
tempo de cicatrização e recuperação.
A dor em coelhos pode ser de dificultosa avaliação por aspectos comportamentais naturais
da espécie, principalmente em local desconhecido ou na presença de um observador (MENDES et
al., 2022). Escalas faciais, como a ''Rabbit Grimace Scale'' (FIGURA 8), podem tornar mais precisa
a resposta de um paciente à terapia, pois se baseiam nas expressões faciais do animal para analisar
a presença de dor. Além disso, outros comportamentos e sinais clínicos têm sido associados à dor,
incluindo mudanças no temperamento, mobilidade reduzida, aparência encurvada, redução no
consumo de alimentos, ranger os dentes, enrijecimento abdominal, diminuição da higiene e
mordeduras no local em que, provavelmente, sentem dor (QUESENBERRY et al. 2021). No
entanto, esses sinais não foram observados no paciente do presente relato evidenciando sucesso na
analgesia peri e pós operatória, pois o manejo analgésico foi embasado pela analgesia multimodal,
que consistiu no uso de analgésicos pré, trans e pós operatório, bloqueios anestésicos que inibiram
a transmissão nociceptiva e anti inflamatórios não esteroidais que reduziram a inflamação e a dor
desse paciente.
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Figura 9. Escala Grimace (Rabbit Grimace Scale). Normal (0): ouvidos em alertas, olhos
bem abertos. As vibrissas ficam levemente curvadas para baixo. As bochechas não estão
contraídas. O nariz parece relaxado e as narinas formam um U. Moderado (1): As orelhas
estão caídas em vista frontal e orientadas caudalmente em um ângulo de 60º em vista de
perfil. Os olhos estão ligeiramente estreitados (aperto orbital). As vibrissas são achatadas
contra as bochechas. As bochechas ficam ligeiramente achatadas e há menos definição entre
as bochechas e o nariz. As narinas formam um V. Grave (2): As orelhas são achatadas nas
vistas frontal e de perfil. Os olhos estão bem apertados ou fechados. Vibrissas e bochechas
estão notadamente planas. O nariz é puxado para baixo em direção ao queixo. A cabeça está
dobrada contra o peito. Fonte: adaptado, HAMPSHIRE, 2015.
O paciente foi acompanhado até completa recuperação, onde pode-se avaliar que o
procedimento cirúrgico e anestésico, bem como o manejo correto da dor, foi importante para que
o animal pudesse ter qualidade de vida e bem-estar, podendo posteriormente desfrutar de sua
liberdade e expressar seu comportamento, livre de dor e estresse.
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Figura 10. Paciente em domicílio 6 meses após procedimento. Fonte: BERNARDES, 2022
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A anestesia em coelhos, embora dificultosa e com alto risco de óbito em comparação com
outras espécies, quando realizada por um profissional especializado e com a escolha assertiva dos
fármacos para minimizar o estresse, tornando o ato anestésico o mais agradável possível para o
animal, bem como promovendo analgesia, conferiu em grande sucesso na qualidade de vida do
paciente, que após completa recuperação, se encontra livre de dores e desconforto, podendo exercer
sua liberdade para demonstrar seu comportamento natural. No entanto, a escolha dos anestésicos
condiz com a particularidade de cada indivíduo, de acordo com a sua necessidade. Ademais, é
fundamental o avanço de pesquisas e estudos dos agentes anestésicos que podem promover uma
anestesia mais segura nessa espécie, assim como é para outros animais.
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REFERÊNCIAS
CARPENTER, James W.; MARION, Christopher J. Exotic Animal Formulary. 5. ed. atual. [S.
l.]: Elsevier, 2018. 1104 p.
COUTO, Sebastião Enes Reis. Criação e manejo de coelhos, Rio de Janeiro, 2002.
CUBAS, Zalmir S. et al., Tratado de Animais Selvagens: Medicina Veterinária. 2. ed. São
Paulo: Roca, 2014.
DUGDALE, Alex. Veterinary anaesthesia: Principles to practice. 1st ed. Iowa: Wiley-Blackwell,
2010.
FANTONI, Denise T. et al. Anestesia em cães e gatos. 2. ed. São Paulo: Roca, 2010. 644 p.
GERING, Ana Paula et al. Anestesia epidural: revisão de literatura. Revista científica de
medicina veterinária, São Paulo, ano 13, ed. 25, p. 1-13, 2015. Disponível em:
http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/7aao84nQhLJ93zR_2015-11-27-
12-24-8.pdf. Acesso em: 12 out. 2022.
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LONGLEY, L. Anesthesia of exotic pets. 1st ed. London: Elsevier, 2008. 320 p
RODRIGUES, Nhirneyla M. et al. Estado físico e risco anestésico em cães e gatos: Revisão de
literatura. PUBVET: Medicina veterinária e zootecnia, [s. l.], v. 11, ed. 8, p. 781-788, 2017.
Disponível em:
https://web.archive.org/web/20180720070953id_/http://www.pubvet.com.br/uploads/5530c6418
8b48b6aaa0b86844a1fb93d.pdf. Acesso em: 4 out. 2022.