Você está na página 1de 2

Patologia Clínica das Doenças Infecciosas I 2022/2023 – 2º semestre

Mestrado Integrado em Medicina Veterinária – Inês Gonçalves 21904809

Resumo da aula prática (17/04/2023) – Aula de Doenças Infecciosas de Mamíferos Marinhos

Delfinário: o zoo é bastante importante na vida destes animais, principalmente considerando a prevenção de
doenças que, no ambiente marítimo, facilmente se disseminam. A partir dos anos 80, o médico veterinário
começou uma abordagem de treino relativa a estes mamíferos (golfinhos), que se destacam por serem
facilmente treináveis, o que auxilia no exame físico, exames complementares e tratamento quando necessário,
no seu próprio ambiente, considerando simultaneamente o seu bem-estar. Atualmente, é permitido fazer
ecografias (ex: tiroide, estômago, dx de gestação), ecocardiografias, doppler cardíaco, e vários outros exames.
A qualidade da água é um fator bastante importante e tratado com regime no delfinário, pelos médicos
veterinários interiores/exteriores – queremos sempre evitar acumulação de químicos, e diminuir o crescimento
bacteriano ao máximo. Relativamente à alimentação, é restrita e tem de ser feita em ambiente rigoroso, com
peixe de qualidade, congelado para rigoroso controlo parasitológico – *descongelar vai aumentar de forma
exponencial a presença de bactérias, pelo que o mesmo no momento da alimentação deve estar revestido por
gelo. Exemplos: peixe prata, carapau, arenque. ** Em momento de tratamento, esconder bem o medicamento
no opérculo do peixe para não ocorrer risco de ser cuspido e outro animal ingerir.
Quanto à parte da medicina propriamente dita, a inspeção é feita por rotina dos próprios treinadores, onde os
animais permitem a visualização total e rotativa da língua (preocupação de formação de úlceras), barbatanas
e corpo, para averiguar existência de novas feridas. Há 3 procedimentos que se destacaram nesta visita.
Recolha de sangue: feita na porção ventral da cauda, sentindo sempre o sulco antes da mesma. Pode também
ser recolhido na porção dorsal, embora não seja indicado em animais não treinados devido à existência de
vasoconstrição periférica, influenciada por fatores como stress. Recolha de exsudado pulmonar: estes
animais estão treinados para fazer tanto inalação (útil para deteção de fungos) como exalar com força o líquido,
vindo profundamente e permitindo recolha de células inflamatórias (desperdiçar as duas primeiras vezes).
Enfisema pulmonar é uma causa frequente de morte, mesmo que não primária, nestes animais aquando a
necropsia, daí ser um exame importante de realizar. Recolha de suco gástrico: útil pois é bastante comum a
ingestão de objetos estranhos. Fazemos análise do pH e citologia, repetindo se necessário no dia seguinte
quando, por exemplo, existe líquido avermelhado (podendo ser apenas peixe mal digerido). Devido ao treino a
que são constantemente submetidos, conseguem fazê-lo numa posição confortável e com a segurança de que
a sonda gástrica não seja desviada para o aparelho respiratório, pois quando alcança a traqueia, devido á sua
conformação anatómica, a dita sonda dobra e volta para cima.
Além disto, aprendemos que é comum estes animais necessitarem de fazer hidratação, algo para o qual
também estão treinados. Isto acontece quando, por alguma razão, como uma patologia aguda, manifestam
falta de apetite, e, estando num ambiente hipersalino, podem facilmente ficar desidratados.
Sobre o aparelho reprodutor, sabemos que os machos possuem 2 fendas, genital e anal, enquanto que as
fêmeas possuem mais duas fendas interiores laterais (glândula mamária SC/fenda mamária).
Como a professora destacou, além do treino, o que mais importa é o registo contínuo de tudo o que é
observado, tanto de fatores como o peso e o intake calórico, tanto de fatores como bacteriologia e químicos
(como o Cloro, presente em pequenas concentrações) existentes na água, permitindo o melhoramento
considerável do controlo e prevenção de possíveis problemas neste ambiente específico.
Na continuação da visita passámos pela casa da Lagoa, sabendo que a vantagem da mesma (construída antes
do delfinário), é o facto de ser isolada, sendo o local para onde são enviadas, por exemplo, fêmeas gestantes
antes de cerca de 3 meses de parir, e as crias das mesmas após o seu nascimento, para melhor observação
da sua respiração, fezes, e outros parâmetros importantes na sua fase de vida neonatal.
Patologias infecciosas que podem acometer mamíferos marinhos: Mycobacterium, Morbillivirus, Erysipelothrix
rhusiopathiae – não é utilizada vacinação, direcionando o trabalho do médico veterinário para a prevenção.
No resto da visita conseguimos aprender alguns conceitos, como pilares essenciais para a sua manutenção:
educação, conservação e investigação. Além disto, na parte da visita ao Tigre da Sumatra, destacaram-se
também 5 tipos de enriquecimento que permitem ajustar o ambiente dos animais às suas necessidades: social,
físico, sensorial, alimentar e cognitivo. Vimos, então, estas técnicas aplicadas no habitat de variadas espécies,
como do Canguru, Koala, Girafa-da-Angola, Rinoceronte Indiano, Lémure-de-cauda-anelada, Elefante ou
Leopardo. Destacou-se, além disto, um animal em vias de extinção na natureza, o Orix-de-Cimitarra,
reforçando assim o papel do zoo na conservação de inúmeras espécies. Por último, falámos sobre várias
associações que cooperavam nesta conservação/reintrodução e em como ela, por fases, é realizada.
1. Bento, M.C.R.M., (2011). AVALIAÇÃO DA INFEÇÃO POR MORBILIVÍRUS EM CETÁCEOS
ARROJADOS NA COSTA PORTUGUESA. Acedido a 18 de Abril de 2023: chrome-
extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/4067/1/
Avalia%C3%A7ao%20da%20Infec%C3%A7ao%20por%20Morbilivirus%20em%20Cetaceos%20Arroj
ados%20na%20Costa%20Portuguesa.pdf

2. Bento, M.C.R.M., (2023). EVALUATION OF MORBILLIVIRUS AND HERPESVIRUS INFECTION IN


CETACEANS STRANDED ALONG THE PORTUGUESE COASTLINE. Acedido a 18 de Abril de 2023:
https://www.repository.utl.pt/handle/10400.5/27599

3. Roque, A.L, Pimenta S.M., Ribeiro R.A., Correia A.I., Valente T.M., Perea E.R., Fonnegra J.C., (2021).
Tuberculosis, an unusual source – a case report. Acedido a 18 de Abril de 2023: chrome-
extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://cdn.publisher.gn1.link/rbmt.org.br/pdf/v19n4a20.
pdf

4. DGAV. Iniciativas relacionadas com a Fauna Selvagem. Acedido a 18 de Abril de 2023:


https://www.dgav.pt/animais/conteudo/animais-selvagens/iniciativas-relacionadas-com-a-fauna-
selvagem/

5. Foer, J., NATIONAL GEOGRAPHIC Portugal, 2020. O cérebro dos golfinhos. Acedido a 18 de Abril de
2023: https://nationalgeographic.pt/natureza/grandes-reportagens/445-como-pensam-os-golfinhos

Você também pode gostar