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CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURICIO DE NASSAU

GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA

REVISÃO NARRATIVA SOBRE A EFICÁCIA E SEGURANÇA DO USO DA


LIRAGLUTIDA PARA PERDA DE PESO EM PACIENTES OBESOS SEM
COMORBIDADES

ORIENTADOR (A): VIVIAN MARIANO TORRES, MSC.

CARUARU
2023
NOME DOS ESTUDANTES

.
REVISÃO NARRATIVA SOBRE A EFICÁCIA E SEGURANÇA DO USO DA
LIRAGLUTIDA PARA PERDA DE PESO EM PACIENTES OBESOS SEM
COMORBIDADES

Projeto a ser apresentado como parte dos


requisitos para obtenção da aprovação na
disciplina de TCC 1 de sob orientação da Prof.
(a): Msc. Vivian Mariano Torres.

CARUARU
2023
SUMÁRIO

Página
s
1 INTRODUÇÃO........................................................................
2 PROBLEMA/JUSTIFICATIVA......................................................................
3 OBJETIVOS......................................................................................................
3. Objetivo geral...........................................................................................
1
3. Objetivos específicos................................................................................
2
4 METODOLOGIA.............................................................................................
.
5 REFERENCIAS
BIBLIOGRÁFICAS.............................................................
1 INTRODUÇÃO

É bem evidente a prevalência do sobrepeso em nossa atual sociedade sob vários índices,
sendo obesidade até considerada uma epidemia global pela Organização Mundial da Saúde
(OMS, 2022). Houve um aumento significativo da obesidade nas últimas décadas, sendo
revelado inclusive por um estudo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica
(SBCBM), que 4,07% da população em 2022 foram diagnosticados com o mais grave nível de
obesidade, representando um crescimento de 29,6% desde 2019. Assim, a obesidade grau I
atinge 20% e grau II à 7,7% da população, representando 1,6 milhões de pessoas em 2022. Já
o sobrepeso atinge atualmente 31% ou 6,72 milhões dos brasileiros que participaram da
tabulação do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), que contém 21,2
milhões de brasileiros (SBCBM, 2022).

Porém a busca pelo emagrecimento está ligada a um grande leque de causas, que pode ser
desde a manutenção da saúde à, particularmente no Brasil, busca de um padrão de beleza
(OLIVEIRA, SILVA, BARROS, 2022). O método mais indicado para a real perda de peso, a
priori, é a mudança de comportamento físico/psíquico e a reeducação alimentar. A perda de
peso é notória por demandar muita energia física e mental para se proceder, e quando surge o
reconhecimento das dificuldades ou resultados insatisfatórios, é que soluções não
comprovadas ou direcionadas para outros fins são procuradas (OMS, 2022). O Brasil, já foi
reconhecido em 2011 pela Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE), órgão
das Nações Unidas, como o maior consumidor de remédios para emagrecimento do mundo,
consumindo chegando a consumir 75% do que é produzido no mundo junto com os Estados
Unidos e a Argentina (OLIVEIRA, SILVA, BARROS, 2022).

É neste contexto que a Liraglutida (vendida no Brasil como Saxenda) aparece, sendo um
medicamento de comprovada eficácia para a diabetes tipo 2 (DT2). Este agonista do receptor
do peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1), além para estimular a liberação de insulina e
inibir a secreção de glucagon, retarda o esvaziamento gástrico e aumenta a saciedade depois
de comer (LOMBA, 2022). Além do controle glicêmico pretendido, percebe-se também seu
efeito na perda de peso (principalmente em pacientes obesos). Este efeito de saciedade junto
com a ação mimética da insulina faz com que o corpo atue fisiologicamente em conjunto com
outras terapias comportamentais em prol desta diminuição peso, assim realmente se
mostrando um instrumento terapêutico que com benefícios para controlar tanto a glicemia
como obter uma redução de peso (KANWAL; ALEMADI, 2021).

Devido a este efeito emagrecedor, ela passou a ser bastante ser bastante procurada, porém
apesar de suas evidências na diminuição de peso, a obesidade é uma condição crônica relativa
e multifatorial, devendo ser tratado com múltiplas abordagens (NUFFER; TRUJILLO 2015),
levando em conta o grau da enfermidade, a dificuldade relacionada, estudos científicos
aprofundados sobre o tema e os fármacos viabilizados pelo SUS e cuja terapia medicamentosa
seja iniciada concomitantemente ou após diversos esforços fracassados no intuito de perder
peso, segundo rege as diretrizes do SUS (BRASIL, 2014).

A substância Liraglutida já é aprovada nos Estados Unidos ela já é aprovada pela FDA como
uma opção farmacológica de perda de peso sendo considerada relativamente segura
(FREITAS et al., 2021), porém para comercialização no Brasil, a ANVISA liberou desde
março de 2010, com a finalidade única de uso específico no tratamento de diabetes tipo 2
(KANWAL; ALEMADI,2021.

Como todo medicamento, a Liraglutida não é isenta de riscos ao bem estar do paciente e o seu
uso deve ser precedido de indicação e acompanhamento médico. Ainda não há evidências
concretas dos riscos que incorrem indivíduos não diabéticos que a utilizam como tratamento
de perda de peso devido ao seu efeito redutor de apetite e aumento de saciedade com
consequente perda de peso (CONTE; CAMPOS, 2015).
2 PROBLEMA/JUSTIFICATIVA

2.1 - Obesidade

A obesidade é definida de acordo com a classificação internacional de doenças (CID-10),


como o armazenamento anormal ou excessivo de gorduras nos adipócitos, advindo
multifatorialmente (OMS, 2022), com componentes genéticos, fisiológicos e metabólicos,
ambientais, socio-culturais e comportamentais (BRAY, KIM, WILDING, 2017). A
prevalência de obesidade triplicou desde 1975, englobando 39% da população acima de 18
anos com sobrepeso e 13% com obesidade (OMS, 2022)

A obesidade é caracterizada como uma doença crônica, recorrente e progressiva, requerendo


uma abordagem terapêutica de longo prazo, sendo associada à necessidade de ação imediata
para prevenção e controle devido ao aumento da morbidade, mortalidade e dos custos de
saúde, principalmente em países de baixa e média renda (NACHON et al, 2023). Foi estimado
em 2010 que o sobrepeso e a obesidade global causaram 3,4 milhões de mortes, e 3,8% anos
de incapacidade (GLOBAL BMI MORTALITY COLLABORATION, 2016)

A literatura mostra claramente uma relação direta entre obesidade e doenças cardiovasculares
(doença coronariana, infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca, arritmias cardíacas) e
fatores de risco concomitantes, como resistência à insulina e diabetes tipo 2 (NACHON et al,
2023). Além disso para alcançar a remissão das principais comorbidades ou
complicações da obesidade, é necessário que se tenha uma perda acima de 10-15% de de
peso (Figura 1). Além disso, sabe-se que apenas 1 em cada 6 pessoas consegue perder
mais de 10% do seu peso inicial, podendo perder o progresso em 6-9 meses. Devido a
estes desafios que o tratamento farmacológico é combinado às mudanças de estilo de
vida desde o primeiro momento, sendo essenciais para alcançar o sucesso terapêutico
(HERRERA, 2022).

FIGURA 1 – Comorbidades que atingem melhora ou remissão em categorias de


porcentagem de perda de peso.
Legenda: Em ordem, Hipertensão, Hiperglicemia, Prevenção da DT2, Incontinência
urinária, Síndrome do ovário policístico (SOPQ), Asma, Dislipidemia, Esteatose
hepática metabólica (EHMET), Enfermidade cardio vascular (ECV), Síndrome de
apnéia-hipoapnéia do sono (SAHS), Refluxo gastro-esofágico (RGE), Esteato-hepatite,
Gonatrose, Remissão da DT2, Mortalidade cardio vascular (CV), Insuficiência cardíaca
com fração de ejeção preservada (ICFEp). Fonte: HERRERA, 2022.

2.2 - Tratamento farmacológico

A cirurgia bariátrica ainda é o tratamento mais eficaz e eficiente para obesidade grave, a
médio e longo prazo, com evidências mostrando forte impacto nas comorbidades da
obesidade. Porém, além de bastante invasivo, os hábitos alimentares precisam ser
readaptados à nova fisiologia gastrointestinal, com suplementos multivitamínicos sendo
prescritos com o procedimento e podendo haver recidiva no ganho de peso corporal, em
geral, após 10 anos (NACHON, 2023).

Portanto mudanças comportamentais e de estilo de vida (dieta, exercício, terapia


comportamental) são consideradas a base do tratamento, e mais efetivas quando as
intervenções dietéticas são baseadas em evidências, quantitativas, qualitativas e facilitam a
adesão do paciente. Mas ainda asiim, sozinhas podem ser insuficientes para alcançar a perda
de peso >10-15%, necessária para efetivamente reduzir o risco das comorbidades associadas
(GARCIA, LACHICA, 2023).. Por esta razão, o tratamento farmacológico deve ser visto
como uma ferramenta de apoio primeiro passo para atingir o objetivo pretendido de
tratamento da obesidade.
As terapias terapias nutricionais, de atividade física e comportamentais, tem indicação
farmacológica em pacientes com IMC > 30 kg/m ou IMC > 27 kg/m com comorbidades.
Inclusive a heterogeneidade da obesidade é também devida a fenótipos biológicos e
comportamentais que são chaves na definição do tratamento farmacológico (BRAY, KIM,
WILDING, 2017). Se após 12-16 semanas de tratamento farmacológico uma perda de
peso maior que 5% não foi alcançada e/ou efeitos colaterais notáveis aparecem, a
sugestão que a medicação seja interrompida (HERRERA, 2022).

Peptídio Similar ao Glucagon – 1 (GLP 1) e Liraglutida

Com a descoberta das incretinas, o peptídeo tipo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1),


apresentou alta eficácia em estimular a insulina e reduzir as concentrações máximas de
glicose plasmática. Em pessoas saudáveis, o GLP-1 é secretado em resposta à presença
de alimentos no trato gastrointestinal, cujos efeitos ficam prejudicados em pessoas com
DT2 (GARCIA, LACHICA, 2023).

Atualmente, as drogas que detém evidências para o tratamento da obesidade segundo


NACHON (2023) são:

a) Orlistat - um inibidor da lipase gastrointestinal, contraindicado em pacientes com


síndrome de má absorção crônica e colestase;

b) Naltrexona/Bupropiona - uma combinação de um antagonista opioide e um


antidepressivo, contraindicado em pacientes com hipertensão não controlada,
distúrbios convulsivos e abstinência de álcool, ou em uso de opioides,
benzodiazepínicos, barbitúricos e drogas antiepilépticas;

c) Semaglutida - agonista do receptor do peptídeo 1 semelhante ao glucagon (AGLP1),


contraindicado em pacientes com história de câncer medular de tireóide, ou síndrome
de neoplasia endócrina múltipla tipo 2;

d) Liraglutida – AGLP1, aprovada em 2014 pela FDA, com as mesmas contraindicações


da semaglutida e cujos efeitos secundários mais frequentes são gastro-intestinais
(náuseas, vômitos, constipação ou diarreia), ligeiros-moderados e transitórios,
que na maioria dos casos não levam a descontinuação do tratamento. Além disso,
ela pode estar associada à geração de colelitíase e/ou pancreatite (HERRERA,
2022)..

Uma vez que a Liraglutida atua controlando o apetite e saciedade, com poucos efeitos
colaterais e escassos trabalhos avaliando seus riscos a longo prazo para pessoas obesas
sem comorbidades aparentes, isso favorecem ao aparecimento de problemas imprevistos
por pessoas que buscam apenas a perda de peso (KANWAL; ALEMADI,2021).

No Brasil, apesar da solicitação de uso da mesma, pelo menos duas notas técnicas do
Conselho Nacional de Justiça foram publicadas não favoráveis à compra da Liraglutida pelo
SUS, com a justificativa de que “apesar das evidência de boa qualidade mostrando a perda de
peso adicional de 5 kg em comparação com placebo em pessoas de sobrepeso ou obesas, o
uso de liraglutida neste contexto não parece ser uma terapia custoefetiva” (CNJ, 2021) e que
“esta perda de peso parece ser perdida com a suspensão do medicamento [...], além de
apresentar um impacto orçamentário considerável, mesmo em uma decisão isolada (CNJ,
2022).

Neste contexto apresentado, este estudo tentará evidenciar através de uma revisão narrativa da
literatura nos últimos 05 anos, a eficácia e os potenciais problemas causados pelo uso da
Liraglutida por brasileiros obesos sem DT2 ou outras disfunções metabólicas, com o objetivo
único de perda de peso.

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral


● Evidenciar na literatura a eficácia e os potenciais problemas causados pelo uso da
Liraglutida por brasileiros sem DT2 ou outras disfunções metabólicas, com o objetivo
único de perda de peso.

3.2 Objetivos específicos

● Evidenciar na literatura a eficácia da perda de peso em usuários sem DT2 ou outras


disfunções metabólicas, com o objetivo único de perda de peso.

● Evidenciar na literatura os potenciais riscos e danos causados pelo uso da Liraglutida


por brasileiros sem DT2 ou outras disfunções metabólicas, com o objetivo único de
perda de peso.

4. METODOLOGIA
A presente pesquisa se dará como uma revisão de literatura, composta de buscas nas bases
eletrônicas científicas de dados SciELLO, LILACS e PubMed por artigos em português,
espanhol ou inglês, que contenham as palavras chaves “Liraglutida”, “GLP1”, “Obesidade”,
“perda de peso” e suas associações nos últimos 5 anos com os seguintes critérios de seleção:
pacientes obesos, com sobrepeso ou normais, que usam ou já tenham usado um AGLP1 ou
Liraglutida, que buscam perda de peso.

Os materiais que irão ser incluídos neste trabalho passarão por um fluxograma de exclusão
(Figura 2) sendo então escolhidos e lidos na íntegra os ensaios clínicos, revisões de literatura
e estudos experimentais, em concordância com o assunto referido destacando-se os artigos
que demonstram a metodologia para análise da proposta do tema no período delimitado.
Foram utilizados como critérios de exclusão materiais cujos resumos fossem cartas,
comentários e editoriais, artigos repetidos ou que não tivessem disponíveis na íntegra, fora do
período delimitado, ou que não fossem nas línguas escolhidas.

Figura 2. Fluxograma da Metodologia

Fonte: O autor.

6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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