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QUÉSIO PEREIRA DE AQUINO

DIABULIMIA: TRANSTORNO ALIMENTAR


NA DIABETES MELLITUS TIPO 1

GOIÂNIA
2023
QUÉSIO PEREIRA DE AQUINO

DIABULIMIA: TRANSTORNO ALIMENTAR


NA DIABETES MELLITUS TIPO 1

Trabalho de conclusão de curso


para obtenção do título de
graduação em Biomedicina
apresentado ao Centro
Universitário de Goiânia
UNICEUG

Orientador: Prof. Dr. Fábio


Silvestre Ataídes

GOIÂNIA
2023
QUÉSIO PEREIRA DE AQUINO

DIABULIMIA: TRANSTORNO ALIMENTAR


NA DIABETES MELLITUS TIPO 1

Trabalho de Conclusão de Curso


para obtenção do título de
Graduação em Biomedicina
apresentado ao Centro
Universitário de Goiânia
UNICEUG.

Aprovado em: ____ / _____ / ________

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________
Prof. Nome do Professor
Centro Universitário de Goiânia UNICEUG

____________________________________________
Prof. Nome do Professor
Centro Universitário de Goiânia UNICEUG

____________________________________________
Prof. Nome do Professor
Centro Universitário de Goiânia UNICEUG
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todas as pessoas que estiveram ao meu lado durante
essa jornada acadêmica. Agradeço a minha família, amigos e colegas de classe pelo
apoio incondicional, encorajamento e motivação ao longo desses anos. Sem vocês,
essa conquista não seria possível. Agradeço também aos meus professores e
orientadores, que compartilharam seu conhecimento e guiaram meu caminho. Este
TCC é dedicado a cada um de vocês, que contribuíram de maneira significativa para
o meu crescimento pessoal e acadêmico. Obrigado por fazerem parte dessa jornada
e por serem uma fonte constante de inspiração. Este trabalho é dedicado a todos
vocês!
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelo seu amor infinito;


Agradeço a minha mãe pelo amor incondicional, encorajamento e
compreensão;
Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Fábio Silvestre Ataídes pela
orientação, paciência e apoio constante ao longo deste processo;
Agradeço a professora de TCC pelas orientações acadêmicas e suas valiosas
contribuições;
E por fim, agradeço a todos os meus colegas de turma pelo suporte e
encorajamento.
“O mais corajoso dos atos ainda
é pensar com a própria cabeça.”

(Coco Chanel)
RESUMO
O transtorno alimentar conhecido como "diabulimia" refere-se à prática perigosa e
prejudicial de reduzir intencionalmente a administração de insulina por parte de
pessoas com diabetes mellitus tipo 1 como um meio de controle de peso. Essa
prática ocorre devido à crença equivocada de que a restrição da insulina levará à
perda de peso, uma vez que a insulina está envolvida no armazenamento de
gordura. No entanto, essa manipulação tem consequências graves para a saúde,
uma vez que a insulina é essencial para regular os níveis de glicose no sangue. O
objetivo desse trabalho é contribuir com o papel e a análise sobre a diabulimia:
transtorno alimentar na diabetes mellitus tipo 1, esclarecendo sobre o que é,
diagnóstico, complicações, tratamento e prevenção. Foram coletadas referências,
com acesso no período de março de 2023 a agosto de 2023, no mesmo site, os
bancos de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(LILACS), e o Scientific Electronic Library Online (SciELO) nos anos de 2010-2023.
A diabulimia é um transtorno alimentar grave que afeta pessoas com diabetes tipo 1,
levando à manipulação perigosa da insulina para controlar o peso. Os riscos à saúde
são substanciais e exigem uma abordagem abrangente para o diagnóstico e
tratamento, visando tanto a saúde física quanto a mental dos indivíduos afetados.
Palavras-Chave: Diabulimia; Transtorno alimentar; Diabetes Tipo 1; Anorexia.
ABSTRACT
The eating disorder known as "diabulimia" refers to the dangerous and harmful
practice of intentionally reducing insulin intake by people with type 1 diabetes mellitus
as a means of weight control. This practice occurs due to the mistaken belief that
insulin restriction results in weight loss since insulin is involved in fat storage.
However, this manipulation has serious consequences for health since insulin is
essential for regulating blood glucose levels. The objective of this work is to
contribute to the role and analysis of diabulimia: eating disorder in type 1 diabetes
mellitus, clarifying what it is, diagnosis, complications, treatment and prevention.
References were collected, with access from March 2023 to August 2023, on the
same website, the databases of Latin American and Caribbean Literature in Health
Sciences (LILACS), and the Scientific Electronic Library Online (SciELO). in the
years 2010-2023. Diabulimia is a serious eating disorder that affects people with type
1 diabetes, leading to dangerous manipulation of insulin to control weight. The health
risks are substantial and involve a comprehensive approach to diagnosis and
treatment, involving both the physical and mental health of affected individuals.
Keywords: Diabulimia; Food transformer; Type 1 Diabetes; Anorexia.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DM Diabetes mellitus
DM1 Diabetes mellitus tipo 1
DM2 Diabetes mellitus tipo 2
TA Transtornos alimentares
PCI Peso Corporal Ideal
DSM-5 Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders
Sumário
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11

2 JUSTIFICATIVA..................................................................................................... 12

3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 13

3.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 13

3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ................................................................................. 13

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 14

4.1 Transtornos alimentares em portadores de Diabetes Tipo 1 ............................... 14

4.2 Diabulimia............................................................................................................ 14

4.3 Complicações ...................................................................................................... 15

4.4 Diagnóstico.......................................................................................................... 16

4.5 Tratamento e Prevenção ..................................................................................... 17

5 METODOLOGIA .................................................................................................... 19

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 20

7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 22

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 23


11

1 INTRODUÇÃO
Diabetes mellitus (DM) é uma doença caracterizada pela elevação da
glicose no sangue, causada por defeitos na secreção ou na ação do hormônio
insulina. Se divide em dois grupos: tipo 1 e tipo 2, diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é
autoimune, destruição das células beta pancreáticas produtoras de insulina e se
desenvolve em maior frequência em crianças e adolescentes. (NEVES, OLIVEIRA,
2003). O diabetes mellitus tipo 2 é uma doença crônica que afeta a forma em que o
corpo utiliza glicose (açúcar) no sangue. É a forma mais comum de diabetes e
geralmente ocorre em adultos, mas também pode ocorrer em jovens. No diabetes
tipo 2, o corpo não responde de maneira adequada à insulina (um hormônio que
regula o nível de glicose no sangue) ou não produz insulina suficiente para manter
os níveis de glicose no sangue dentro de um nível normal.(LUCENA, 2007).
Os Transtornos alimentares (TA) são síndromes psiquiátricas que estão
ligadas à presença de desordens do comportamento alimentar e da percepção da
própria imagem corporal que levam a prejuízos psicológicos e sociais (CORDÁS,
2004). Atinge homens, mulheres, crianças, adolescentes e adultos, entretanto, o
feminino pode apresentar risco aumentado em desenvolver anorexia e bulimia
(PIMAZONI NETTO, 2017).
Os principais tipos de transtornos alimentares são: anorexia nervosa, bulimia,
compulsão alimentar e diabulimia. A anorexia nervosa tem como característica a
diminuição do Peso Corporal Ideal (PCI) de pelo menos 15% nas mulheres. Os
indivíduos acometidos com anorexia nervosa possuem grande receio em ganhar
peso, obsessões, distorção da imagem corporal, e às vezes excesso na prática de
exercícios físicos. A incidência é de 5 a 10 casos a cada 100.000 pessoas
apresentam esse tipo de distúrbio, acometendo 0,25 a 0,50% das mulheres. Pode
ter início na infância, porém é mais comum surgir na adolescência (PRISCO et al.,
2013).
A bulimia é caracterizada pela compulsão alimentar que consiste em uma
sensação de perda de controle sobre a alimentação, que desencadeia o consumo de
grandes quantidades de comida seguidas por episódios de êmese, ou uso de
laxantes. Alguns, costumam praticar exercícios físicos excessivamente para
compensar o episódio. Está associada a uma prevalência de 1,0 a 1,5% da
população feminina e raramente atinge homens (PRISCO et al., 2013). Pacientes
12

com compulsão alimentar apresentam episódios de compulsão alimentar na


ausência de comportamentos compensatórios, sendo acompanhado de sobrepeso
ou obesidade. Acometem 2,3% na população feminina (HASKEN et al., 2010).
A diabulimia é um transtorno alimentar que atinge pessoas com diabetes,
pode estar associada a outros tipos de transtornos alimentares, como a anorexia
nervosa (MENDES et al., 2021). Os pacientes com diabulimia podem apresentar
distúrbios relacionado à imagem corporal, depressão, alterações de humor, fadiga e
infecções frequentes. Como normalmente, o diagnóstico de DM1 ocorre no início da
puberdade, isso aumenta o risco da diabulimia nesses indivíduos (RIBEIRO et al.,
2021).
Atinge cerca de 13 milhões de pessoas, de acordo com a Sociedade
Brasileira de Diabetes (2020) sendo que a do tipo 1 ocorre entre 5% e 10% dessa
população. Sua prevalência é maior em crianças e adolescentes (HASKEN et al.,
2010).
A não administração das doses de insulina podem gerar graves
consequências. As mais imediatas são o aumento da frequência cardíaca, tontura,
sudorese, náusea e desmaios, e a longo prazo pode acarretar sucessivas
amputações de falanges ou membros inteiros, nefropatia (BALFE et al., 2013).
As pessoas que apresentam diabulimia, necessitam de acompanhamento e
orientação. Entretanto essa enfermidade é pouco discutida e estudada. Desse
modo, este trabalho tem como objetivo contribuir com o papel e a análise sobre a
diabulimia: transtorno alimentar na diabetes mellitus tipo 1, esclarecendo sobre o
que é, diagnóstico, complicações, tratamento e prevenção.

2 JUSTIFICATIVA
Os especialistas acreditam que as causas para a diabulimia estão ligadas a
uma insatisfação com o peso e a imagem corporal. E devido à necessidade de focar
a todo instante na alimentação, monitorização da glicemia e a necessidade de
aplicar várias doses de insulina por dia, de acordo com a quantidade de carboidratos
ingeridos (DAVIDSON, 2014).
Diabetes é uma doença que necessita de grande atenção, sendo
diagnosticado rapidamente, o tratamento terá resultados positivos. É algo muito
sério, pois a combinação de diabetes com transtornos alimentares aumenta o risco
da mortalidade devido às complicações da doença (COSTA et al., 2017). Diante do
13

exposto esse trabalho se justifica como forma de orientar e esclarecer sobre a


gravidade da doença diabulimia A importância de ter acompanhamento de uma
equipe médica de diversas áreas, como endocrinologista, nutricionistas e psicólogos
para o tratamento da doença.

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL


Avaliar sobre o transtorno alimentar em pacientes com diabetes mellitus tipo
1.

3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO


● Diferenciar Diabulimia, Anorexia nervosa e Bulimia;

● Relacionar Diabulimia com Diabetes Melittus tipo 1;

● Relatar sobre complicações, diagnóstico, tratamento e prevenção da


diabulimia;
14

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 Transtornos alimentares em portadores de Diabetes Tipo 1


Transtornos alimentares são condições psicológicas complexas que envolvem
comportamentos inadequados em relação à alimentação, ao peso e à imagem
corporal (CORDÁS, 2004). Eles podem afetar qualquer pessoa, independentemente
de sua condição de saúde, mas quando ocorrem em portadores de diabetes tipo 1, a
situação se torna ainda mais delicada devido à necessidade de gerenciar
cuidadosamente a ingestão de alimentos e a administração de insulina (QUEIROZ;
CEZAR, 2021).
Pessoas com diabetes tipo 1 têm uma necessidade crucial de monitorar seus
níveis de glicose no sangue e calcular as doses de insulina com base na quantidade
de carboidratos que consomem (LUCENA, 2007). Qualquer alteração nos padrões
alimentares pode ter um impacto significativo nos níveis de glicose, podendo levar a
complicações de saúde a longo prazo (LARRAÑAGA et al., 2011).
É importante destacar que os transtornos alimentares são condições sérias
que requerem tratamento profissional (KINIK et al., 2017). No caso de portadores de
diabetes tipo 1, a abordagem de tratamento deve considerar tanto os aspectos
físicos quanto os psicológicos da condição (COLEMAAN; CASWLL, 2020). Uma
equipe multidisciplinar, composta por médicos, nutricionistas e psicólogos, é
fundamental para ajudar a pessoa a lidar com os desafios do manejo do diabetes e
dos transtornos alimentares (POWERS et al., 2012).

4.2 Diabulimia
Diabulimia é um termo não médico frequentemente usado para descrever um
transtorno alimentar perigoso e muitas vezes oculto que afeta alguns indivíduos com
diabetes tipo 1. A bulimia é um transtorno que se resume em uma vontade
incontrolável de comer, seguida pelo desejo compensatório e ato purgativo ao
provocar vômitos ou fazer uso desnecessário de laxantes (SILVA; LOBO, 2022). O
resultado obtido através desse hábito é o emagrecimento rápido e doentio, que
acaba evoluindo para danos irreversíveis na saúde do próprio indivíduo (CALLUM;
LEWIS, 2014).
Quando a bulimia acomete pessoas com diabetes tipo 1, é conhecida como
diabulimia. Nesses casos, o indivíduo reduz ou até elimina a aplicação da insulina de
que necessita com o intuito de manutenção ou perda de massa (KINIK et al., 2017).
15

Por trás de tal comportamento está a baixa autoestima, imposta pelos padrões da
sociedade e o culto pela magreza. Esta enfermidade acomete mais mulheres do que
homens (JUBILADO, 2022).
A diabulimia não apresenta critérios diagnósticos formais e é muitas vezes
difícil de detectar. É importante reconhecer que nem todos as pessoas que não
aderem à insulina tem essa enfermidade (ALVES et al., 2011). A omissão desta
pode não ser sempre intencional, mas pode ocorrer quando os indivíduos carecem
da vontade e capacidade necessária para gerenciar seus cuidados com a diabetes
(DAVIDSON, 2014).
Uma pessoa que sofre de diabulimia por um tempo relativamente curto
encontra-se em risco de cetoacidose diabética, ou seja, apresentando sinais de
febre ou vômitos. O efeito inicial será a perda de peso rapidamente (JUBILADO,
2022). Durante o período que a pessoa deixa de tomar insulina, as células não
conseguem transformar a glicose dos alimentos em energia, isso faz com que a
pessoa continue a perder peso. Enquanto o nível de insulina não volte ao normal no
organismo, a glicose absorvida não pode ser utilizada, e será expelida pela urina
(CHELVANAYAGAM; JAMES, 2018).
Essas enfermidades não são perceptíveis, senão depois de algum tempo já
instalada. Por isso, é necessário observar os sintomas como redução ou omissão da
insulina, pensamento de que a insulina aumenta o peso e redução do peso de forma
descontrolada, dores de cabeça, infecções urinárias, entre outras (ROSSANEIS et
al., 2019)

4.3 Complicações
A diabulimia pode ocasionar uma série de danos à saúde. Devido à baixa
quantidade de insulina, o organismo passa a ter dificuldade em absorver os
nutrientes dos alimentos, deixando o corpo desnutrido, capaz de gerar um estado de
coma para o paciente (CHELVANAYAGM; JAMES, 2018). O aumento dos níveis de
açúcar no sangue pode causar dificuldades na cicatrização de feridas, facilitando
que infecções aconteçam (FALCÃO, 2015).
Outras complicações mais sérias são a perda da visão, inchaço nos olhos,
perda da sensibilidade nos dedos dos pés e mãos, doenças renais, diarreia crônica,
entre outras. O ato de provocar vômito faz com que o ácido presente no estômago
passe para o esôfago e chegue à cavidade faríngica, boca e nariz. Essa substância
16

transita por regiões que não são preparadas para este conteúdo, por isso pode gerar
lesões graves no esôfago, inclusive câncer (HASKEN et al., 2010).
A amputação de membros inferiores é uma das principais causas do diabetes
mellitus e das ulcerações nos pés. Para reduzir o número de amputações, é
necessário conhecer as necessidades de saúde dos pacientes e a forma como estão
sendo cuidados, para definir o que e quanto precisa ser realizado para melhorar a
evolução desses doentes (MENDES et al., 2021).
A nefropatia também é uma das causas mais comuns de pessoas com
diabetes. Causa alterações metabólicas e hemodinâmicas. Manifesta-se como
albuminuria lentamente progressiva com agravamento da insuficiência renal e
hipertensão. A patogênese inicia-se com doença de pequenos vasos (SOUZA,
2020).

4.4 Diagnóstico
O intervalo máximo de tempo após o diagnóstico em que o indivíduo pode
permanecer sem usar obrigatoriamente insulina, ou seja, período em que não ocorre
cetoacidose, é em geral de 1 a 2 anos. Este dado algumas vezes pode ser útil na
classificação do indivíduo, já que se assume que o paciente que necessita de
insulina apenas após 2 anos do diagnóstico de diabetes é em geral do tipo 2
(FALCÃO; FRANCISCO, 2017).
Os pacientes apresentam índice de massa corporal normal, mas a presença
de obesidade não exclui o diagnóstico. Nos casos de diabetes tipo 1 de origem
autoimune, pode haver a associação com outras doenças autoimunes, como a
tireoidite de Hashimoto, a doença de Addison e a miastenia gravis entre outras
(NEVES; OLIVEIRA, 2003).
O diagnóstico em pacientes com diabetes tipo 1 é feito por meio da
mensuração dos níveis de glicose presentes na corrente sanguínea, quando o
paciente está em jejum. Se os valores obtidos por meio de um exame de sangue
estiverem acima de 126mg/dl, o paciente já é considerado um diabético
(ROSSANEIS et al., 2019)
O médico diagnostica uma pessoa com transtorno alimentar quando esta
relata ter episódios em que come compulsivamente no mínimo uma vez por semana
durante três meses ou mais. Os episódios são acompanhados da sensação de
17

perda de controle sobre a alimentação e apresenta sintomas e comportamento


característicos (COLEMAN; CASWELL, 2020).
Um psicólogo poderá confirmar e ajudar o paciente com o tratamento
adequado. Especialistas como nutricionista e endocrinologista também fazem parte
do processo, que poderá envolver terapia, educação alimentar baseado em dieta e
não restrição alimentar e medicamentos (BALFE et al., 2013).
O nutricionista que escolhe trabalhar com transtornos alimentares tem uma
longa jornada para se capacitar e atender esses pacientes. A atuação exige
conhecimento aprofundado em psicologia, psiquiatria, habilidades de
comunicação. Essas habilidades podem ser adquiridas em cursos de aprimoramento
oferecidos pelo Ambulatório de Transtornos Alimentares (Ambulim) do Hospital das
Clínicas e em cursos e no livro da Nutrição Comportamental (CORDÁS, 2004).

4.5 Tratamento e Prevenção


Considerando o risco mais elevado de transtornos alimentares em pacientes
com diabetes, é muito importante valorizar a gestão da doença o quanto antes. Um
programa que reforce os fatores de proteção para perturbações alimentares em
mulheres com DM1, promovendo melhorias com a gestão de diabetes, autoestima,
autoestima corporal (SOUZA, 2020).
Em relação aos jovens, no contexto escolar, deve-se promover uma
consciência nos professores e funcionários sobre a diabulimia e os seus principais
sinais de alerta, de modo a ajudar os alunos com diabetes. Assim como, promover
ações de educação, sobre a diabulimia, como atualmente se faz em relação a outras
perturbações alimentares, e explicar a consequência da omissão de insulina na
saúde de pessoas com DM1 (HASKEN et al., 2010).
Para o tratamento da diabulimia deve envolver uma equipe multidisciplinar
com nutricionistas, endocrinologistas e psicoterapeutas. O endocrinologista é
especialista no tratamento de diabetes e ajuda o paciente a ajustar as doses de
insulina. O nutricionista tem conhecimento de perturbações alimentares e da
diabetes pelo que ajuda o paciente com a preparação de um plano alimentar
adequado. O psicoterapeuta, além de compreender as perturbações alimentares,
precisa ter conhecimento sobre a diabetes e a ação da insulina o corpo humano
(REBELO; VAZ, 2014).
18

O tratamento cognitivo-comportamental é o mais pesquisado e apresenta o


melhor suporte para o transtorno alimentar. A psicoterapia interpessoal é eficaz se
manter bem a longo prazo. O tratamento comportamental convencional para perda
ponderal apresenta eficácia a curto prazo na redução da compulsão alimentar.
Antidepressivos também tem eficácia a curto prazo na eliminação do TA, mas a
eficácia a longo prazo é desconhecida (MENDES et al., 2021).
O tratamento nutricional em pacientes com compulsão alimentar é dividido em
educacional e experimental. É necessário um anamnese acerca dos hábitos
alimentares do paciente e histórico do paciente. É importante avaliar medidas de
peso e altura, restrições alimentares, crenças nutricionais e a relação com os
alimentos. Na fase educacional abrange conceitos de alimentação saudável, tipos,
funções e fontes dos nutrientes. Na fase experimental, trabalha-se a relação que o
paciente tem para com os alimentos e o seu corpo, ajudando-o a identificar os
significados que o corpo e a alimentação possuem (FALCÓN; LOBERA; MARTÍN,
2020)
O período de recuperação da doença é caracterizado por uma forte
desistência por parte do paciente. É preciso ter muita atenção ao seu
comportamento para identificar os sinais de impulso para a perda de peso. Os
pacientes precisam entender e aceitar que estão a ganhar peso e a perder a
sensação de domínio e controle que tinham sobre si próprios (BALFE et al., 2013).
19

5 METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão da literatura de aspecto descritivo com finalidade em
descrever a relação entre diabetes mellitus tipo 1 e diabulimia. Os descritores foram
os seguintes: diabetulimia, insulina, transtornos alimentares, diabetes mellitus tipo 1
e diabetes mellitus. Esses foram combinados de diferentes modos pelos operadores
booleanos ou utilizados isoladamente.
Foram utilizadas as seguintes bases de dados: Scientific Eletronic Library
Online (SciELO), Medical Literature Analysis and Retrieval System On-line
(MEDLINE), Us National Library of Medicine National Institutes of Health
(PubMed/PMC), Google Acadêmico. Devido à novidade do tema, não se determinou
limite temporal de linguagem.
20

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A diabulimia é um transtorno alimentar preocupante que afeta indivíduos com
diabetes mellitus tipo 1. Embora não seja reconhecido como um diagnóstico oficial
pelo Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders DSM-5, a condição
envolve o uso inadequado ou a redução intencional de insulina como uma forma de
controle de peso. Os resultados desse transtorno podem ser extremamente
prejudiciais à saúde dessas pessoas, segundo os autores MENDES et al. (2021) O
descontrole glicêmico é uma das consequências mais comuns, com níveis elevados
de açúcar no sangue (hiperglicemia) decorrentes da falta de insulina adequada.
Esse desequilíbrio glicêmico leva a complicações agudas e crônicas do diabetes,
como cetoacidose diabética, retinopatia, neuropatia e doença renal.
De acordo com os autores Alves et. al (2011), diabulimia é mais comum do
que se imaginava anteriormente entre pessoas com diabetes tipo 1. Essa pesquisa
levou a um aumento na conscientização sobre o transtorno, tornando mais fácil a
identificação e o diagnóstico. Os resultados indicam que a diabulimia tem sérias
consequências para a saúde dos pacientes. A manipulação da insulina pode levar a
um descontrole crônico dos níveis de glicose no sangue, resultando em
complicações diabéticas agudas e crônicas, como cetoacidose, danos nos órgãos e
neuropatia como informam o autor Davidson (2014) .
A pesquisa enfatiza a relação entre a diabulimia e problemas de saúde
mental, como depressão, ansiedade e transtornos alimentares coexistentes. Essa
conexão destaca a necessidade de abordagens integradas de tratamento que
atendam tanto à saúde física quanto à mental como afirmam os autores Coleman e
Caswell (2020). Estudos têm examinado várias intervenções terapêuticas para tratar
a diabulimia, incluindo terapia cognitivo-comportamental, apoio nutricional e grupos
de apoio. Evidências mostram que o tratamento especializado pode ser eficaz na
recuperação.
Os resultados obtidos até agora sobre a diabulimia demonstram a
complexidade dessa condição e a necessidade urgente de diagnóstico, tratamento e
apoio adequados. A pesquisa tem contribuído para a melhoria da qualidade de vida
e do prognóstico dos indivíduos afetados por esse transtorno alimentar altamente
desafiador em pessoas com diabetes tipo 1. No entanto, mais estudos são
necessários para aprofundar nossa compreensão e desenvolver abordagens
terapêuticas mais eficazes.
21

É fundamental reconhecer a gravidade desse transtorno alimentar e promover


a conscientização entre os profissionais de saúde, pacientes e seus familiares. Uma
abordagem multidisciplinar, envolvendo endocrinologistas, nutricionistas e
psicólogos, é essencial para tratar tanto os aspectos físicos quanto os psicológicos
da diabulimia segundo os autores Alves et al (2011).
A prevenção e a detecção precoce desse transtorno são fundamentais para
evitar complicações graves. É crucial educar as pessoas com diabetes tipo 1 sobre a
importância do manejo adequado da doença, promover uma alimentação saudável,
incentivar a atividade física e oferecer suporte emocional para lidar com os desafios
do diabetes e da imagem corporal.
Por fim, é importante ressaltar que o tratamento da diabulimia requer uma
abordagem individualizada, adaptada às necessidades e circunstâncias de cada
pessoa. A recuperação é possível com o suporte adequado e o comprometimento do
paciente em adotar um estilo de vida saudável, aceitar seu corpo e buscar um
relacionamento equilibrado com alimentação e diabetes.
22

7 CONCLUSÃO
A diabulimia é um transtorno alimentar extremamente preocupante e
prejudicial que afeta indivíduos que sofrem de diabetes mellitus tipo 1. Essa
condição é caracterizada pela manipulação deliberada da administração de insulina
como meio de controlar o peso corporal, resultando em níveis elevados de glicose
no sangue e consequências graves para a saúde a longo prazo. É crucial
reconhecer a gravidade desse transtorno e abordá-lo com empatia e tratamento
especializado.
A diabulimia não só coloca a saúde física em risco, aumentando o risco de
complicações diabéticas debilitantes, como também afeta significativamente o bem-
estar mental e emocional dos indivíduos afetados. A compreensão e o apoio são
essenciais para superar essa condição, envolvendo profissionais de saúde,
terapeutas e entes queridos.
A prevenção e o tratamento da diabulimia devem ser uma prioridade na
gestão da diabetes tipo 1. Isso inclui uma abordagem multidisciplinar que abrange
tanto o controle adequado da diabetes quanto a atenção à saúde mental. A
conscientização pública também desempenha um papel crucial na identificação
precoce e na destigmatização desse transtorno alimentar.
Em última análise, a diabulimia é um lembrete contundente da complexidade
das questões relacionadas à saúde mental e às doenças crônicas. É imperativo que
a sociedade como um todo se comprometa a apoiar e tratar aqueles que sofrem com
essa condição, visando promover uma melhor qualidade de vida e bem-estar para
indivíduos com diabetes mellitus tipo 1.
23

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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