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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA

LUCAS GABRIEL ALMEIDA DA SILVA

USO OFF-LABEL DO ANTIDEPRESSIVO FLUOXETINA NO TRATAMENTO


DA PERDA DE PESO: UMA REVISÃO DA LITERATURA

NATAL/RN
2022
LUCAS GABRIEL ALMEIDA DA SILVA

USO OFF-LABEL DO ANTIDEPRESSIVO FLUOXETINA NO TRATAMENTO


DA PERDA DE PESO: UMA REVISÃO DA LITERATURA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Graduação em Farmácia da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
como requisito parcial para obtenção do título
de Bacharel em Farmácia.

Orientador: Prof. Me. Júlio César Mendes e


Silva

NATAL/RN
2022
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS

Silva, Lucas Gabriel Almeida da.


Uso off-label do antidepressivo fluoxetina no tratamento da
perda de peso: uma revisão da literatura / Lucas Gabriel Almeida
da Silva. - 2022.
27f.: il.

Trabalho de Conclusão de Curso - TCC (Graduação em Farmácia)


- Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de
Ciências da Saúde, Departamento de Farmácia. Natal, RN, 2022.
Orientador: Júlio César Mendes e Silva.

1. Obesidade - TCC. 2. Antidepressivo - TCC. 3. Fluoxetina -


TCC. 4. Off-label - TCC. 5. Perda de peso - TCC. I. Silva, Júlio
César Mendes e. II. Título.

RN/UF/BS-CCS CDU 616-056.25

Elaborado por ANA CRISTINA DA SILVA LOPES - CRB-15/263


LUCAS GABRIEL ALMEIDA DA SILVA

USO OFF-LABEL DO ANTIDEPRESSIVO FLUOXETINA NO TRATAMENTO


DA PERDA DE PESO: UMA REVISÃO DA LITERATURA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Graduação em Farmácia da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
como requisito parcial para obtenção do título
de Bacharel em Farmácia.

Data da aprovação: 21/01/2022

Banca Examinadora:

_________________________________________________________________
Presidente: Prof. Me. Júlio César Mendes e Silva
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_________________________________________________________________
Membro: Profª. Me. Maria Célia Ribeiro Dantas de Aguiar
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_________________________________________________________________
Membro: Valdemária Abigail da Fonseca Ferreira
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

NATAL/RN
2022
RESUMO

A obesidade é uma doença multifatorial considerada um problema de saúde pública e é


decorrente de um balanço energético positivo que favorece o acúmulo de gordura.
Pacientes apresentam obesidade secundária a uma condição médica identificável como,
por exemplo, a depressão, onde mudanças no peso podem ser influenciadas por fatores
específicos da doença, como alterações no apetite, na atividade física e por fatores
específicos ligados às drogas antidepressivas. O objetivo dessa pesquisa tem o intuito de
avaliar, em uma breve revisão da literatura, o uso off-label da fluoxetina, como
antidepressivo utilizado no tratamento da perda de peso, seus resultados e a importância
da orientação farmacêutica para este fim. E, tem como metodologia utilizada, a
utilização de artigos por meio de buscas em plataformas científicas, selecionando-os
através de palavras-chave e em relação ao assunto em conformidade com os objetivos
do trabalho. Com isso, notou-se a perda de peso como um dos diversos efeitos colaterais
apresentados. Entretanto, foi possível observar a recuperação do peso em estudos a
longo prazo quando comparado ao período inicial de tratamento. Em virtude disso,
constatou-se a importância em aderir a medidas mais saudáveis, que garanta resultados
satisfatórios por um período de tempo maior, além da presença do farmacêutico, de
suma importância para orientar o paciente de forma mais adequada, avaliando o risco-
benefício quando se opta por essa prescrição.

Palavras-chave: Obesidade; Antidepressivo; Fluoxetina; Off-label; Perda de peso.


ABSTRACT

Obesity is a multifactorial disease considered a public health problem and results from a
positive energy balance that favors the accumulation of fat. Patients have obesity
secondary to an identifiable medical condition, such as depression, where changes in
weight can be influenced by disease-specific factors, such as changes in appetite,
physical activity, and specific factors related to antidepressant drugs. The objective of
this research is to evaluate, in a brief literature review, the off-label use of fluoxetine as
an antidepressant used in the treatment of weight loss, its results and the importance of
pharmaceutical guidance for this purpose. And, the methodology used is the use of
articles through searches in scientific platforms, selecting them through keywords and
in relation to the subject in accordance with the objectives of the work. Thus, weight
loss was noted as one of the several side effects presented. However, it was possible to
observe weight regain in long-term studies when compared to the initial treatment
period. As a result, the importance of adhering to healthier measures to ensure
satisfactory results for a longer period of time was noted, in addition to the presence of
the pharmacist, which is of paramount importance to guide the patient more adequately,
evaluating the risk-benefit when this prescription is chosen.

Key-words: Obesity; Antidepressant; Fluoxetine; Off-label; Weight loss.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 7
2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 10
2.1. OBJETIVO GERAL..................................................................................................... 10
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................................ 10
3. METODOLOGIA ................................................................................................. 11
4. OBESIDADE x USO OFF-LABEL DA FLUOXETINA ..................................... 12
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 16
6. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 20
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 22
7

1. INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade pode ser


compreendida como um agravo de caráter multifatorial decorrente de balanço
energético positivo que favorece o acúmulo de gordura (SHEEHAN et al., 2014 apud
ZAROS, 2018), ou seja, ocorre quando há um aumento do armazenamento de energia,
resultante de um desequilíbrio entre a energia consumida e energia gasta durante um
período de tempo.
De acordo com os Dados da Pesquisa Nacional de Saúde, do Ministério da
Saúde (MS), divulgado em março de 2021, apontam que, atualmente no Brasil, 60,3%
dos adultos apresentam excesso de peso, o equivalente a 96 milhões de pessoas, sendo
62,6% das mulheres e 57,5% dos homens, caracterizando, desta forma, um aumento da
obesidade no país.
A etiologia, segundo as Diretrizes de 2016, da Associação Brasileira para o
Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), é considerada complexa e
multifatorial, resultando da interação de genes, ambiente, estilos de vida e fatores
emocionais. Wannmacher (2017) cita alguns exemplos de fatores que contribuem para
maiores índices de sobrepeso e obesidade, como, por exemplo, a inatividade física.
Além disso, o estilo de vida moderno também favorece o ganho de peso por diversos
fatores que interferem na ingestão alimentar: a necessidade de se realizar refeições em
curto espaço de tempo e consequentemente atrapalhar os mecanismos de saciedade
(ABESO, 2016).
Nas últimas décadas, a população está aumentando o consumo de alimentos
agradáveis ao paladar, com alta densidade calórica, baixo poder sacietógeno e de fácil
absorção e digestão. Estas características favorecem o aumento da ingestão alimentar e,
portanto, contribuem para o desequilíbrio energético, que pode ser alterado por esse
aumento do consumo calórico, pela diminuição do gasto energético ou por ambos
(ABESO, 2016 apud ZAROS, 2018).
Na sua fisiopatologia, há três componentes primários no sistema neuroendócrino
envolvidos com a obesidade: o sistema aferente, que envolve a leptina e outros sinais de
saciedade e de apetite de curto prazo; a unidade de processamento do sistema nervoso
central e o sistema eferente, um complexo de apetite, saciedade, efetores autonômicos e
termogênicos, que leva ao estoque energético (ABESO, 2016). Dentro da rede neuronal,
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muitos neurotransmissores e neuropeptídeos têm sido identificados como estimulantes


ou inibidores da rede de apetite cerebral, afetando assim o consumo calórico total, como
o neuropeptídeo Y, o estimulador mais potente conhecido, que influencia o apetite
exercendo seus efeitos no hipotálamo (SHEEHAN et al., 2014 apud ZAROS, 2018).
A obesidade é a doença física mais comum e crônica na sociedade moderna e a
depressão é a condição psicológica mais prevalente (DIXON et al., 2003 apud
PEIXOTO et al., 2008). Ocasionalmente, pacientes apresentam obesidade secundária a
uma condição médica identificável como, por exemplo, a depressão (SHEEHAN et al.,
2014 apud ZAROS, 2018).
Mudanças no peso, associadas à depressão, são um fenômeno complexo e
podem ser influenciadas por fatores específicos da doença, como alterações no apetite,
na atividade física e por fatores específicos ligados às drogas antidepressivas
(MICHELSON et al., 1999 apud PEIXOTO et al., 2008).
Estima-se que a prevalência da obesidade em pacientes psiquiátricos tratados
farmacologicamente é 2 a 5 vezes maior do que na população em geral
(GOPALASWAMY et al., 1985 apud PEIXOTO et al., 2008). Entre todas as causas,
uma das possibilidades é que o medicamento usado para o tratamento da depressão pode
levar ao ganho de peso, particularmente, durante a manutenção do tratamento
(ARONNE, 2003; VIRK et al., 2004 apud PEIXOTO et al., 2008). Entretanto, em
resposta ao aumento da obesidade na população em geral, de acordo com Li Z. (et al.,
2005), tratamentos farmacológicos vêm se tornando cada vez mais comuns, entre eles,
os inibidores do apetite, como a fluoxetina (antidepressivo Inibidor Seletivo da
Recaptação de Serotonina - ISRS), sendo essa droga citada pelo Consenso Latino
Americano de Obesidade e pelo Consenso Brasileiro de Diabetes, na intervenção
coadjuvante ao tratamento anti-obesidade. No entanto, nos Estados Unidos, essas drogas
ainda não foram aprovadas pela Food and Drug Administration (FDA) para o uso na
perda de peso.
Atualmente, no Brasil, tem aprovados para tratamento da perda de peso, a
liraglutida, a lorcasserina, a orlistate e a sibutramina (SHEEHAN et al., 2014). Uma
variedade de classes de fármacos aprovados para outras indicações tem sido utilizadas
off-label para promover perda de peso em pacientes obesos. Entre esses fármacos,
encontram-se anticonvulsivantes, como topiramato, fármacos utilizados no controle de
diabetes, como metformina, antidepressivos, como fluoxetina e bupropiona, além de
9

agentes considerados “alternativos”, como sais de cromo, quitosana, alguns


fitoterápicos e até mesmo hormônios (ZAROS, 2018).
Com isso, por muito tempo o tratamento farmacológico da obesidade foi visto
como uma opção terapêutica controversa e sujeita a inúmeras críticas. Isso deve-se a
vários fatores, entre eles, os erros no uso racional dos agentes disponíveis, além da
generalização da prescrição médica (HALPERN; MANCINI, 2002).
Como exemplo, a fluoxetina é um agente serotoninérgico que tem sido prescrito
para perda de peso, embora seu mecanismo de ação na obesidade seja desconhecido.
Resultados de estudos em animais indicam que a ação inibitória do apetite produzida
pela fluoxetina seja consequência do bloqueio de recaptação de serotonina e o aumento
da disponibilidade desse neurotransmissor nas sinapses neuronais (McEVOY, 2015
apud ZAROS, 2018). De acordo com a literatura, normalmente são utilizadas doses
mais altas (60 mg) do que no tratamento de depressão (20 mg), pois parece que a
fluoxetina tem um efeito relacionado à dose quanto à perda de peso (SHEEHAN et al.,
2014 apud ZAROS, 2018).
Nesse contexto, tendo em vista que a fluoxetina vem sendo utilizada como
adjuvante na perda de peso, entra o conceito do uso de medicamento off-label, que é
aquele cuja indicação diverge do que consta na bula, em relação à idade, à dose, à
indicação ou à via de administração, sendo utilizado para uma finalidade terapêutica
diferente daquela autorizada pela agência reguladora do país (BONATI, M.;
PANDOLFINI C., 2011).
A expressão medicamento off-label (inglês) corresponde a um “uso não
descrito”, e pelo fato de não estar relatado em literatura da saúde com comprovação
científica, a sua efetividade para outras indicações terapêuticas além das elencadas na
bula, não cabe o uso indiscriminado, podendo causar reações adversas e efeitos
colaterais, mesmo quando prescrito por um médico, o qual se torna o responsável direto,
caso algo aconteça ao paciente (ARAÚJO, 2021).
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2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Avaliar o uso de um antidepressivo no tratamento para a perda de peso através de uma


breve revisão da literatura.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Avaliar o uso off-label da fluoxetina, como antidepressivo utilizado no tratamento


da perda de peso;
- Apresentar os resultados obtidos das pesquisas em relação ao uso e a efetividade
do medicamento;
- Apontar as consequências da utilização da fluoxetina a longo prazo e a importância
da orientação farmacêutica em relação ao uso off-label.
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3. METODOLOGIA

Esse estudo teve como objetivo revisar na literatura científica a avaliação do uso
off-label do antidepressivo fluoxetina para o tratamento da perda de peso, seus
resultados e a importância da orientação farmacêutica para este fim. A identificação dos
artigos foi feita por meio de buscas em bases científicas, como Scientific Electronic
Library Online (SciELO), PubMed, Google Scholar, Lilacs e Portal de Periódicos da
Capes, selecionando os trabalhos publicados através das palavras-chave: “off-label”,
“fluoxetina”, “obesidade”, “antidepressivo” e “perda de peso”. A seleção dos artigos
baseou-se na conformidade dos assuntos com os objetivos deste trabalho. Como
critérios de inclusão, foram considerados artigos em qualquer idioma e publicações
realizadas do ano de 1985 ao ano de 2021, sendo excluídos os artigos que não incluíam
as palavras-chave descritas e os artigos que não abordavam os assuntos relacionados
com o tema proposto.
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4. OBESIDADE x USO OFF-LABEL DA FLUOXETINA

A obesidade é uma doença multifatorial considerada um problema de saúde


pública e o aumento da sua prevalência confere-lhe grande importância por atingir tanto
países desenvolvidos quanto países em desenvolvimento. Tal fato deve-se a grande
associação existente entre o excesso de gordura corporal e o aumento de
morbimortalidade, pois essa condição aumenta o risco de se desenvolver doença arterial
coronariana, hipertensão arterial, diabetes tipo II, doença pulmonar obstrutiva,
osteoartrite e certos tipos de câncer (FUJIMOTO, 1999 apud HALPERN et al., 2004).
Em relação a essa condição, vários fatores atuam e interagem na regulação da
ingestão de alimentos e de armazenamento de energia, contribuindo para o surgimento e
a manutenção da obesidade. Entre eles, fatores neuronais, fatores endócrinos,
adipocitários e fatores intestinais (HALPERN et al., 2004).
A insulina e leptina, por exemplo, são hormônios que são secretados em
proporção à massa adiposa e atuam perifericamente, estimulando o catabolismo.
Portanto, indivíduos obesos têm elevadas concentrações de insulina e leptina. A
administração destes hormônios não é uma alternativa viável de tratamento, em função
da resistência que é resultante de altas concentrações séricas. Além disso, cabe ressaltar
que a insulina tem o efeito periférico de aumentar a captação de glicose e lipídeos,
levando à queda da glicemia e a consequente fome rebote, além de favorecer o aumento
dos estoques de gordura, respectivamente (WOODS et al., 1998 apud HALPERN et al.,
2004).
Existem tabelas como o índice de massa corporal que é bastante utilizado, onde
serve para analisar se a pessoa está dentro do seu peso ideal em relação a altura, por
meio da fórmula: IMC = Peso (kg) / Altura² (m). Desse modo, convenciona-se chamar
de sobrepeso o IMC de 25 a 29,9 kg/m² e obesidade o IMC maior ou igual a 30 kg/m².
Além disso, a avaliação do comportamento alimentar do paciente obeso é um
pré-requisito fundamental para a elaboração da estratégia terapêutica para o
emagrecimento. No entanto, é possível observar algumas mudanças na alimentação da
população, como um aumento do conteúdo calórico nas refeições em redes de fast food
e que consequentemente implicam no aparecimento da obesidade devido a um aumento
da ingestão alimentar de forma excessiva desses alimentos industrializados de uma
maneira geral.
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Com o aparecimento dessa condição, há um aumento dos sentimentos de


inferioridade e do isolamento social entre adultos e crianças obesas. Sintomas de
estresse, tais como ansiedade, depressão, nervosismo e o hábito de se alimentar quando
problemas emocionais estão presentes são comuns em pacientes com sobrepeso ou
obesidade, sugerindo relação entre estresse, compulsão por comida palatável, transtorno
de compulsão alimentar e obesidade (ABESO, 2016).
No que diz respeito ao método convencional de redução do peso corpóreo, estão
presentes: o desenvolvimento de atividade física, dieta e modificação de comportamento
do indivíduo (MOTA, 2012). No entanto, alguns indivíduos recorrem ao tratamento
farmacológico que, nesse contexto, vale ressaltar que os medicamentos moduladores do
apetite comercializados no Brasil são anfepramona, femproporex e mazindol, que estão
no mercado brasileiro há mais de 30 anos, além de orlistate, que foi registrado pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em fevereiro de 1998, e sibutramina,
que recebeu seu registro no país em março de 1998. Esses medicamentos, com exceção
do orlistate, fazem parte da Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998, a qual
promove um controle sanitário rigoroso sobre a prescrição, dispensação e consumo de
tais produtos no país (MOTA, 2012). Além disso, de acordo com essa norma esses
medicamentos são classificados como psicotrópicos anorexígenos pertencentes a lista
B2 cuja notificação de receita na cor azul é exigido para a dispensação do medicamento
em farmácias e/ou drogarias credenciadas no Sistema Nacional de Gerenciamento de
Produtos Controlados (SNGPC) da Anvisa.
Um medicamento útil para tratamento da obesidade deve possuir as seguintes
características: demonstrar efeito em reduzir o peso corporal e levar a melhora das
doenças dependentes do excesso de peso; ter efeitos colaterais toleráveis e/ou
transitórios; não ter propriedades de adição; apresentar eficácia e segurança mantidas a
longo prazo; possuir mecanismo de ação conhecido; e idealmente ter um custo razoável
(HALPERN; MANCINI, 2002).
Entretanto, através do surgimento dos antidepressivos, alguns fármacos dessa
classe vêm sendo estudados e analisados como possíveis medicamentos que podem ser
utilizados no tratamento para a perda de peso, tendo o seu uso off-label.
Sabbatini (2003) relata que o primeiro medicamento especificamente ativo
contra as chamadas "doenças afetivas" foi o carbonato de lítio, em 1949 e que a sua
descoberta aconteceu por acaso. Já a iproniazida, em 1951, foi desenvolvida para o
tratamento da tuberculose. No entanto, os médicos observaram que esta droga, tinha
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como efeito colateral a diminuição do comportamento retraído e depressivo dos


pacientes (AGUIAR et al., 2011; SABBATINI, 2003). Só em 1952, que ficou provado
que a iproniazida era da classe dos Inibidores da Monoamina Oxidase (IMAO) e ela foi
a primeira droga utilizada como antidepressivo, em 1956 (AGUIAR et al., 2011).
Até os anos 80 havia duas classes de antidepressivos, os tricíclicos (ADTs) e os
inibidores da monoaminoxidase (IMAOs). Embora muito eficazes, apresentavam efeitos
colaterais indesejáveis causados pela inespecificidade de sua ação farmacológica e eram
potencialmente letais em casos de superdosagem (MORENO et al., 1999).
Surge então a classe dos Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina
(ISRS), que inibem a recaptação pré-sináptica da recaptação da serotonina e, deste
modo, aumentam a disponibilidade da serotonina sináptica. A serotonina está
claramente envolvida na regulação da ingestão de alimentos e vários receptores de
serotonina têm sido implicados neste processo.
A ativação do receptor 5-HT1A, um receptor autócrino no núcleo dorsal da rafe,
estimula agudamente a ingestão de alimentos. A estimulação do receptor 5-HT1B reduz
a ingestão de alimentos ao atuar em um receptor pós-sináptico sugerindo que esse
receptor desempenha um papel importante na modulação da alimentação. Já a
estimulação do receptor 5-HT2C por meio de seu receptor acoplado à proteína G ativa a
fosfolipase C, que produz dois sinais intracelulares, o inositol-3-fosfato e o
diacilglicerol. Camundongos transgênicos, por exemplo, sem o receptor 5-HT2C
apresentam aumento da epilepsia e ganho de peso, sugerindo que esse receptor também
pode estar envolvido na regulação da ingestão de alimentos. O receptor 5-HT3 ativa um
canal iônico e pode estar envolvido na resposta anorexígena a dietas deficientes em um
único aminoácido (BRAY, 1999). Portanto, em resumo, concentrações altas de 5HT nos
núcleos hipotalâmicos mediais levam à redução do apetite e à preferência por alimentos
protéicos, e baixos níveis de 5HT neste local produzem aumento do apetite e preferência
por hidratos de carbono (MARQUES et al., 1996 apud PEIXOTO et al., 2008).
Desenvolvidos a partir dos ADTs, os ISRS foram assim classificados devido
a sua baixa afinidade conhecida por receptores adrenérgicos, colinérgicos e
histaminérgicos e maior afinidade pelo bloqueio das proteínas de recaptação da
serotonina. Os ISRS são geralmente bem tolerados em doses terapêuticas e
praticamente isentos de risco em cardiopatas, quando comparados com os ADTs
(AGUIAR et al., 2011).
15

Dentre esses inibidores, por volta de 1988, surgiu no mercado a fluoxetina, um


derivado oxitrifluorfenil da fenilpropanolamina, com o nome comercial Prozac, que
marcou uma nova era no tratamento das depressões (HALPERN; MANCINI, 2002;
SABBATINI, 2003). É uma substância reconhecidamente eficaz para o tratamento dos
sintomas da depressão humana mas, como ocorre com outros ISRS e com os
antidepressivos tricíclicos, ela pode produzir uma série de reações adversas. Contudo,
em função de sua ação seletiva, apresentam um perfil mais tolerável e, ainda, é a única
substância pertencente à classe dos ISRS que apresenta metabólito (norfluoxetina) com
atividade clínica significativa, pois inibe a recaptação da serotonina e as isoenzimas do
citocromo P450. Em relação a Portaria nº 344/1998, da Anvisa, é exigida a prescrição
desse fármaco em uma receita especial (Lista C1 da Portaria nº 344), a qual fica retida
nas farmácias ou drogarias para futuro controle da Vigilância Sanitária, tendo a sua
comercialização controlada.
De forma geral, os efeitos colaterais mais frequentemente relatados são:
gastrintestinais (náuseas, vômitos, dor abdominal, diarréia), psiquiátricos (agitação,
ansiedade, insônia, nervosismo), alterações do sono, fadiga, efeitos neurológicos
(tremores, efeitos extrapiramidais), disfunções sexuais ou reações dermatológicas
(GOLDSTEIN, 1998 apud MORENO et al., 1999).
Além disso, uma das reações adversas observadas durante o tratamento dos
sintomas depressivos com fluoxetina é a perda de peso, sendo esta postulada como
agente anorexígeno e inconvenientemente utilizada para o tratamento da obesidade
(CARLINI et al., 2009) apesar de não possuir indicação legalmente para este fim, sendo
utilizada, portanto, como off-label.
16

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em experimentos clínicos, para aprovação desse medicamento como


antidepressivo, foi observado perda de peso. Apesar de ter sido relatado, é usado de
forma off-label no tratamento da obesidade e, por isso, é essencial observar alguns
estudos no que diz respeito ao uso e a efetividade desse medicamento, relacionando o
período de tempo e os efeitos ocasionados.
Na maioria dos estudos, a perda máxima de peso é, em geral, atingida em 20-24
semanas. Um grupo placebo, em vários ensaios clínicos com duração de 31 a 60
semanas, mostrou perdas de peso de mais de 4 kg e um atingiu 14 kg. Essa variabilidade
na resposta ao placebo em estudos de duração variável reflete a inclusão de terapia
comportamental, dietas com níveis baixos ou muito baixos de energia e exercícios no
plano de tratamento, além da pílula “placebo” (BRAY, 1999).
Nos estudos a longo prazo, algumas mudanças comportamentais no
aconselhamento inicial do paciente, o que aumenta a perda de peso do grupo placebo,
dificulta a detecção de efeitos do princípio ativo. Se os pacientes estudados perdem peso
rapidamente a partir de modificações comportamentais ou uma dieta com baixas
calorias, fica mais difícil observar efeitos adicionais de um medicamento antiobesidade
ou inibidor de apetite, por exemplo.
Em uma revisão de estudos clínicos, Bray (1999) calculou que em 6, 12 e 18
semanas, a perda de peso correspondia em média a 44%, 72% e 89%. Além disso, a
quantidade de perda de peso é maior para os homens do que para as mulheres, com
qualquer grau comparável de restrição calórica, porque as mulheres têm menos massa
corporal magra para um determinado peso.
Em um estudo randomizado e controlado, foi investigado o efeito a curto prazo
do uso da fluoxetina na ingestão energética de indivíduos saudáveis mantidos em
alojamento laboratorial. Estudou-se, durante 16 dias, a ingestão de dietas ricas em
carboidrato ou em gordura, comparando-as com dieta controle que continha quantidades
adequadas de macronutrientes, concomitantemente ou não ao uso de 40mg de
fluoxetina. Observou-se diminuição de ingestão energética em 400kcal pelo uso da
fluoxetina, sem evidências de efeitos da droga na ingestão de carboidratos. O efeito
observado foi a diminuição no número e na quantidade das refeições (FOLTIN, 1996
apud PEIXOTO, 2008).
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Deitos (1995), em um estudo de coorte, observou em pacientes obesas com


depressão maior que, de 52 pacientes que utilizaram 20mg de fluoxetina, a maioria
delas (49 pacientes) perdeu de 2 a 11kg de peso em 56 dias de acompanhamento. Estes
e outros estudos corroboram o efeito dos ISRS na diminuição do apetite e a consequente
perda ponderal nas primeiras semanas de tratamento. Entretanto, a longo prazo, a
mudança de peso parece ser o oposto, com ganho de peso que, nem sempre, é
relacionado ao efeito colateral da droga, mas à recuperação da depressão.
Levine et al. (1989) relataram uma resposta à fluoxetina na faixa de dose de 10–
80 mg/dia. Além disso, um ensaio clínico randomizado, de 6 semanas, controlado por
placebo e de dose flexível, mostrou que a fluoxetina usada em dose flexível nessa
mesma faixa de dose, quando comparado ao placebo, mostrou-se eficaz no controle dos
episódios de compulsão alimentar e redução do peso corporal (ARNOLD, 2002). Wise
(1992) revisou seis estudos duplo-cegos controlados por placebo de curto prazo com
fluoxetina com duração de 6–8 semanas e ele descobriu que a fluoxetina (60 mg/dia)
produziu uma perda de 0,23 kg/semana a mais do que o placebo.
Em um outro estudo, Levine et al. (1989) determinou a dose fixa diária mais
eficaz que causa perda de peso em pacientes obesos não deprimidos, fluoxetina (10, 20,
40 e 60 mg) e placebo foi administrado uma vez ao dia por 8 semanas para 655
pacientes consistindo principalmente de mulheres (idade média de 40 anos, peso médio
de 95 kg). Dieta e atividade não foram controladas. Os pacientes tratados com placebo
perderam +/- 2,3 kg. Com a dose de fluoxetina de 60 mg, os pacientes perderam uma
média de +/- 3,9 kg, com respostas intermediárias nas doses mais baixas. A perda de
peso foi proporcional ao índice de massa corporal inicial (peso/altura ao quadrado).
Entre os eventos adversos comumente relatados (incidência > 10%), apenas astenia foi
relatada de forma estatisticamente significativa mais frequentemente com fluoxetina do
que com placebo, além das notificações de sonolência e sudorese dependentes da dose.
A fluoxetina 60 mg/dia foi eficaz por um período mais longo do que a fluoxetina 20
mg/dia ou o placebo na manutenção da perda de peso. Dessa forma, no geral, a
fluoxetina foi segura e bem tolerada e parece ser potencialmente eficaz para uso na
redução de peso (LEVINE, 1989).
A fluoxetina possui ainda alguns efeitos endócrinos e metabólicos sobre
pacientes diabéticos, os quais, quando tratados com fluoxetina, perdiam mais peso e
reduziam seus requerimentos de insulina. Em um estudo com diabéticos, os pacientes
tratados com fluoxetina perderam mais peso e reduziram a necessidade de insulina.
18

Como exemplo, em um estudo com comedores compulsivos, Marcus et al. (1990)


relataram que os comedores compulsivos responderam tão bem quanto os comedores
não compulsivos durante o ensaio de 1 ano.
Goldstein et al. (1998) relataram um ensaio multicêntrico em que 317 indivíduos
foram tratados com fluoxetina 60 mg/dia por 8 semanas e alcançaram uma perda de
7,2% do peso corporal inicial. Ele então randomizou os pacientes em três grupos que
foram tratados por 40 semanas. Destes indivíduos, 107 receberam placebo, 104
receberam fluoxetina 20 mg/dia e 106 receberam fluoxetina 60 mg/dia. No final do
estudo, a perda de peso pelos três grupos não foi diferente e manteve uma perda de
cerca de 2,1% do peso corporal inicial da linha de base.
O resultado obtido se deve ao período de tratamento prolongado de 40 semanas
pois, apesar da fluoxetina ter sido postulada como agente anorexígeno, seu efeito na
perda de peso a longo prazo não tem sido demonstrado. Com isso, foi observado que o
principal problema da fluoxetina como agente antiobesidade foi justamente o oposto do
esperado, ou seja, houve a recuperação de peso observada em ensaios clínicos de longo
prazo. Darga et al. (1991) observaram uma perda de peso de 11,7% em 29 semanas, mas
ao final de 1 ano, a perda de peso foi de apenas 7,8% e não significativamente diferente
do placebo.
Em uma análise desses estudos de longo prazo, Sayler et al. (1994) descobriram
que os 504 pacientes tratados com placebo perderam 2,1% em 6 meses, em comparação
com uma perda de 5,3% nos 522 indivíduos tratados com fluoxetina. Ao final dos 12
meses de tratamento, no entanto, o grupo que recebeu fluoxetina havia perdido apenas
2,7% do peso basal, em comparação com 1,6% no grupo do placebo. Em geral, durante
os seis primeiros meses de tratamento, o paciente consegue obter uma redução gradual
do peso, após este período o peso gradualmente se eleva, a despeito da continuação de
uso da medicação.
Um estudo multicêntrico, confirmando esse efeito, teve duração de 52 semanas e
demonstrou que o tratamento com fluoxetina até a semana 28 resultou em uma perda de
peso significativa, mas ao final do período não houve diferença entre a fluoxetina e
placebo. Cabe ressaltar que, esse estudo comparou a eficácia da fluoxetina 60 mg/dia e
placebo na promoção de perda de peso, juntamente de modificações comportamentais e
aconselhamento nutricional.
Em relação a avaliação da segurança da fluoxetina no tratamento da obesidade, o
fármaco foi considerado bem tolerado. Os efeitos adversos, quando comparado os
19

pacientes obesos sem depressão dos pacientes deprimidos, ambos recebendo doses
semelhantes, foi ligeiramente diferente. Os pacientes obesos, por sua vez, apresentaram
uma maior incidência de fadiga e menor incidência de náusea, ansiedade e tremores.
Outro tipo de estudo feito foi investigar, por meio de coleta e análise das receitas
especiais, a frequência da prescrição e consequente uso da fluoxetina. Carlini et al.
(2009) analisaram as receitas advindas de farmácias e drogarias e observaram a
presença da fluoxetina com associação ou não a outros princípios ativos. Com isso,
verificou-se que de quase 40.000 receitas, quase 28% continham a fluoxetina. Inclusive,
observou que a predominância dessas receitas eram destinadas às mulheres, com cerca
de 86%, enquanto destinadas aos homens, cerca de 14%, tornando-se um fato curioso
tendo em vista que na população brasileira a prevalência de depressão, principal
indicação desse medicamento, atinge a proporção de apenas duas mulheres para cada
homem e nesse presente estudo foi demonstrado uma relação maior, de 6,8 mulheres
para cada homem que recebeu prescrição de fluoxetina.
Além disso, nas prescrições analisadas das farmácias, praticamente 100%
continham a associação da fluoxetina com outras substâncias que estão presentes em
fórmulas magistrais para indução de anorexia, visando à perda de peso. Porém,
acrescenta-se a possibilidade de interações farmacológicas prejudiciais, em virtude da
interação com as enzimas do sistema P450 devido a essas associações. Pode-se,
portanto, supor que a redução de peso foi um dos motivos das prescrições da fluoxetina,
uma finalidade inadequada e sem uma relação risco-benefício que as justificassem
(CARLINI et al., 2009).
Em razão disso, a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da
Síndrome Metabólica (ABESO) não indica o uso da fluoxetina para tratamento da
obesidade a longo prazo, tendo em vista o efeito transitório na perda de peso, com a
recuperação do peso perdido logo após os seis meses iniciais.
Portanto, quando o prescritor recorre ao uso off-label, é de suma importância a
presença e orientação do farmacêutico, para equilibrar a necessidade com a
consequência, além de ser o profissional que é responsável pela função de verificar a
eficácia ou o fracasso terapêutico dos medicamentos prescritos, e isso pode acontecer
por meio da orientação na hora da dispensação, com o intuito de garantir a forma
adequada de administração, assim como na consulta farmacêutica, em que é feito o
acompanhamento do tratamento do paciente (SILVA, 2016).
20

6. CONCLUSÃO

Com a obsessão das pessoas em querer enquadrar-se nos padrões propostos pela
sociedade, por se sentirem insatisfeitas ou por considerarem uma dificuldade em perder
peso de forma saudável, as conduzem a tomar iniciativas que muitas vezes não é o mais
correto a se fazer naquele determinado momento, como acabar fazendo o uso da
automedicação com o objetivo de perder peso de forma mais rápida através do uso de
fármacos que promovem esse efeito.
Tendo em vista os resultados e todo o conhecimento a respeito da fluoxetina e
do seu uso off-label, ressaltar a importância do profissional da saúde em relação a
prescrição e consequente orientação do uso desse medicamento é essencial na prática
clínica e no dia-a-dia. A terapia medicamentosa pode sim ser considerada um adjunto
para pacientes que falharam em atingir a perda de peso adequada após seis meses de
dieta, exercícios físicos e mudanças comportamentais, no entanto, com muita cautela.
Como foi esclarecido, os fármacos podem contribuir na redução dos riscos de
comorbidades associadas a obesidade quando indicados de forma adequada e segura ao
paciente. A fluoxetina, por possuir um tempo de meia vida prolongado, permite uma
comodidade posológica e maior adesão ao tratamento, porém, tem como principal
problema a recuperação do peso observado em estudos a longo prazo quando
comparado ao período inicial de tratamento (GUEDES; CHAVES, 2011). Além do
mais, é um medicamento que pode vir a causar diversas reações adversas e se tornar
prejudicial ao paciente de alguma forma.
Sendo assim, a alteração do comportamento físico/psíquico, com reeducação
alimentar e adesão aos exercícios físicos consistem na maneira mais saudável para perda
de peso e que garante resultados satisfatórios por um longo período de tempo. E,
quando necessário, o auxílio de fármacos antiobesidade, que devem ser somente
utilizados com prescrição médica especializada e acompanhamento nutricional
(COLETO et al., 2012) pois, segundo a literatura, os estudos que demonstraram maiores
benefícios com a fluoxetina também utilizaram desse aconselhamento nutricional e
comportamental.
Com isso, o uso indiscriminado de determinadas drogas deve ser combatido.
Apesar do mercado oferecer muitos fármacos antiobesidade, a automedicação,
prescrições e as vendas ilegais ainda são comuns. E, por isso, a conduta para o
21

tratamento deve ser acompanhada por profissionais especializados, analisada de maneira


isolada para cada paciente e é necessário que a população seja informada, além de
conscientizada dos riscos que o uso descontrolado e desnecessário desses medicamentos
causa à saúde (OLIVEIRA et al., 2014).
Independente da escolha do plano de tratamento, o manejo da obesidade
é um processo vitalício que requer suporte ao paciente e monitoramento cuidadoso para
segurança e eficácia (SHEEHAN et al., 2014). O uso de medicamentos off-label não é
proibido, mas deve ser feito somente após o insucesso de outra terapia medicamentosa
previamente aprovada para tal fim e é de responsabilidade do médico prescritor, tendo
que avaliar o risco-benefício para o paciente e é feito quando há pouca evidência clínica
para uma determinada terapia. Essa prática pode ter bons resultados ou pode levar a
reações adversas e a falta de efeito terapêutico (SILVA, 2016). Portanto, é de suma
importância a presença de um farmacêutico para equilibrar a necessidade com a
consequência quando se opta por essa prescrição, além de uma orientação adequada ao
paciente.
22

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