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PSICOFÁRMACOS – 02/08 Ana Cláudia

Quando temos psicofarmacos nas mãos, conseguimos reverter sintomas. Não conseguimos tratar a doença. A
doença é uma condição genética, ou seja, está instaurada na cabeça daquela pessoa desde que ela é pequena. Ela
pode não ter se manifestado ainda, mas a pessoa já traz essa condição. Por exemplo, uma pessoa com esquizofrenia
já nasce com essa predisposição. No entanto, certas pessoas, seja pela criação, pelo ambiente em que foi formado,
pela educação que lhe é dada, essas diversas condições fazem com que ela consiga desviar dessa condição genética,
e assim pode ser pelo resto de sua vida, sendo assintomático. Se isso não ocorre, ela terá apresentação dessa
condição genética em algum momento da vida.

Neuromodulação (livro do Stahl): LER! É importante porque a neuromodulação é extremamente importante para
que a gente compreenda a formação dos transtornos psiquiátricos.

No transtorno de personalidade, temos uma condição de base que atrapalha no tratamento. Isso porque você está
tratando uma neuromodulação, porém há uma base de personalidade muito difícil, na qual a pessoa não tem
maturidade sufuciente para lidar com as dificuldades da vida. Essa dificuldade ocorre também em deficientes
mentais, porém é possivel contê-los mais facilmente. Lembrar que o transtorno de personalidade não tem cura.

Primeiramente vamos falar dos antidepressivos.

Classes de antidepressivos: tricíclicos, inibidores de receptação de


serotonina, inibidores da MAO (raramente usado atualmente) e os
Duais – de ultima geração (atuam não só na serotonina, como na
noradrenalina e dopamina – principais neurotransmissores). Os
efeitos colaterais dos medicamentos consistem na sua atuação em
outros neurotransmissores.

Serotonina: age no humor, no sono, na atividade sexual (diminuição


da libido), no apetite (regulação da ingesta de comida e saciedade.
Por isso que muitos endocrinologistas indicam a fluoxetina para
quem está fazendo regime = diminuição da ingesta de comida e
aumento da saciedade.), no ritmo circadiano, nas funções
neuroendócrinas, na regulação da temperatura corporal (receptor
5HT1 produz hipotermia, enquanto que o 5HT2 produz hipertermia),
na sensibilidade a dor (é conhecido a ação dos antidepressivos
tricíclicos na dor psicogênica, enxaqueca, lombalgias), na atividade
motora e nas funções cognitivas.

A depressão age encima de tudo o que foi citado acima e na


ansiedade.

Com o aparecimento de uma nova substancia antidepressiva, a Tianeptina, que, ao contrário dos outros fármacos,
diminui a quantidade de serotonina na sinapse, foi colocado em dúvida a questão dos neurotransmissores (não
entendi que questão é essa). Isso caiu por terra, pois foi confirmado que é tudo ação da serotonina.

Aqui estão os antidepressivos de uma maneira geral: Nos slides está faltando essa parte, então vou colocar uma
tabela que achei com os principais.

Classe do antidepressivo Alguns nomes genéricos Efeitos colaterais

Antidepressivos tricíclicos Imipramina, Clomipramina, Boca seca, retenção urinária, prisão de ventre,
Amitriptilina ou Nortriptilina delírios, sonolência, pressão baixa, tonturas ao
levantar, ganho de peso.

Inibidores seletivos da recaptação Fluoxetina, Paroxetina, Citalopram, Enjoos, boca seca, sonolência, produção excessiva
da serotonina (ISRS) Escitalopram, Sertralina ou de suor, tremores, inquietação, prisão de ventre,
Trazodona dor de cabeça e problemas de ejaculação, redução
da libido, emagrecer.
Inibidores da recaptação ou Venlafaxina, Desvenlafaxina, Boca seca, insônia, nervosismo, tremores,
aumento da atividade da Duloxetina ou Mirtazapina sonolência, enjoos, vômitos, problemas de
serotonina e da noradrenalina ejaculação, redução da libido excesso de suor e
visão turva, perda ou ganho de peso.

Inibidores da Monoaminoxidase Selegilina, Pargilina, Fenelzina ou Aumento da pressão, hipotensão postural, ganho
(IMAO) Toloxatona de peso, insônia.

Outros tipos Bupropiona, Trazodona, Sonolência, tremor, irritabilidade, boca seca, prisão
Nefazodona ou Amoxapina de ventre.

Quando conhecemos a psicopatologia de uma maneira bem límpida, você bate o olho na pessoa e já sabe qual é o
melhor fármaco a ser utilizado.

Os Tricíclicos e os IMAO são letais em casos de superdosagem. Temos que ter em mente que 70% dos pacientes com
depressão se beneficiam com as antidepressivos. Cerca de 30 a 40% tem falha na resposta segundo o ensaio
farmacológico, e necessitam de um outro antidepressivo. As vezes, nenhum fármaco funciona e temos que partir
para a convulsoterapia.

MAO: sua função não está muito bem estabelecida, mas é uma enzima precursora do metabolismo da serotonina e
da noradrenalina, possivelmente a IMAO age um passo antes da decodificação do medicamento a nível cerebral.

Há IMAOs reversíveis (Moclobemida – apenas 10% dos pacientes responderam a essa droga) e não reversíveis (vão
se ligar de uma maneira irreversível. A MAO, que tem uma série de ações no organismo, como o aumento da PA.
Pessoas que usavam esses medicamentos, tinham uma hipertensão maligna, podendo levar a pessoa à óbito). Os
IMAOs não são muito utilizados, pois uma pequena porcentagem das pessoas responde a eles (cerca de 10%). Além
disso, eles, quando usados em associação a outros antidepressivos, como os tricíclicos, podem levar à Sd.
Serotoninérgica. Geralmente é dado como ultima opção, quando o paciente não responde a outros fármacos.

 Síndrome Serotoninérgica: é uma reação adversa, potencialmente fatal, causada pela administração de
medicamentos pro-serotoninérgicos. Em geral, os casos mais severos são causados pela combinação de dois
ou mais fármacos. O aumento na incidência da síndrome serotoninérgica é reflexo do crescente número de
agentes pró-serotoninérgicos utilizados na prática clínica. A síndrome serotoninérgica apresenta-se como
uma tríade de sintomas: mudança do status mental, anormalidades neuromusculares e hiperatividade
autonômica. Como não existem testes laboratoriais que diagnostiquem a síndrome, os sinais e sintomas são
a principal fonte de diagnóstico. O tratamento da síndrome serotoninérgica consiste, principalmente, da
retirada do medicamento suspeito de ter desencadeado a síndrome, fornecimento de cuidados de suporte,
controle da agitação, administração de antagonistas serotoninérgicos, controle da instabilidade autonômica,
controle da hipertermia. A prevenção da síndrome serotoninérgica ocorre, principalmente, evitando-se a
combinação de dois medicamentos pró-serotoninérgicos e monitorizando-se o surgimento dos primeiros
sintomas.

Efeitos dos antidepressivos no bloqueio


dos receptores: (tinha uma imagem que
ela falou que gostava mais ela não
mandou o mesmo slide que deu em aula,
aí coloquei o que achei que poderia
ajudar)

Receptores: colinérgicos, α-adrenérgicos,


histaminérgicos, 5HT1 e 5HT2 (lembrar
que há outros tipos de 5HT).

Vamos começar falando da ação da


Imipramina, que é um Tricíclico. Ele age
nos receptores colinérgicos, nos α-
adrenérgicos, nos histaminérgicos e nos
5HT2 (não age no 5HT1). Então, uma pessoa que toma essa medicação terá constipação (ação nos colinérgicos), boca
seca, etc.

A medida que você dá um medicamento para o paciente, você está dando junto um pacote de sintomas/efeitos
colaterais, que podem ser utilizados ao nosso favor. Por isso, é bom conhecer o medicamento que prescrevemos.
Assim, devemos saber aonde esse medicamento vai agir, em quais receptores, e assim conseguiremos saber os
possíveis efeitos colaterais.

Por exemplo, uma pessoa que fuma, eu vou usar um medicamento que tenha como efeito colateral tirar a vontade
de fumar. Um menino com deficiência mental, que não consegue controlar a sua libido, dou um medicamento que
tenha como efeito colateral a diminuição da libido.

Floxetina (inibidor seletivo da serotonina): não age em colinérgico, em α-adrenérgico, nem em histaminérgico. Age
apenas nos receptores 5HT.

Bupropiona (ultima geração – inibidor da recapitação de noradrenalina e dopamina – IRND): não age nos receptores
colinérgicos, α-adrenérgicos, histaminérgicos e age pouco nos 5HT. Age nos receptores noradrenergicos e
dopaminérgicos.

Mecanismo de ação dos TRICÍCLICOS: a nível pré-sinaptico, eles fazem o bloqueio da receptação de monoaminas.
Age em serotonina, noraepinefrina, dopamina. A atividade pós-sinaptica, geralmente, é responsável pelo seus
efeitos colaterais. Tem efeito antiobssessivo da Clomipramina, facilitando a neurotransmissão da serotonina; no
Transtorno do pânico, ação de mediação da noraepinefrina; na analgesia, numa ulcera (por exemplo), ajudam a tirar
a dor devido ao bloqueio dos receptores 5HT2; na incontinência urinária, a atividade anticolinérgica vai atuar no
aumento da capacidade vesical.

Obs: Muitos antidepressivos são utilizados no tratamento da dor. Por exemplo,muitos ortepedistas dão amitriptilina.
Enquanto que na psiquiatria, os tricíclicos são remédios de segunda linha.

Farmacocinética: O nível plasmático deles é de 1 a 3hrs. São lipofílicos, vão sofrer metabolismo hepático. O equilíbrio
plasmático é atingido em cerca de 5d.

(tinha um slide com as dosagens usadas e as máximas que podem ser utilizadas)

Se eu tenho uma pessoa que tem um transtorno depressivo com ação suicida eu dou isso aqui na mão deles? Não
né. Eu tenho que chamar alguém da família e dar o remédio na mão da família. Se não você está dando uma arma
pra ele.

Efeitos colaterais dos tricíclicos:

- Anticolinérgicos: boca seca, visão turva, constipação; em idosos podemos ter risco de retenção urinária; nos
cardiovasculares, tem aumento da FC, achatamento de onda T, prolongamento do intervalo PR, aumento do
complexo QRS, hipotensão, extrassístole ventricular; tremores, sedação, latência para lembrar (???), mioclonia,
parestesia, estados confusionais em idosos, convulsões, acatisia.

Os Tricíclicos diminuem o limiar convulsivante. Então se a pessoa já tem epilepsia, e você da um tricíclicos, você está
predispondo ela a ter mais convulsões.

Esses pacientes devem ser orientados a não operar máquinas perigosas ou dirigir veículos. Em alguns casos,
afastamos o paciente do trabalho por um período.

- Neuroendócrinológicos: aumento da secreção de prolactina, galactorréia, amniorréia secundária, hiponatremia


(pela secreção inadequada do ADH).
- Reações cutâneas: exantema, eritema, urticária, fotosensibilidade (2 a 4% dos pacientes), dermatit
- Reações gastrointestinais: alteração da função hepática, ganho de peso.
- Disfunções sexuais, perda da libido, inibição ejaculatória.
- Alterações do sono, pesadelos, alucinações e, consequentemente, aumento da ansiedade.
- ... Ou seja, os tricíclicos possuem muitos efeitos colaterais.

Contra-indicação: glaucoma de ângulo fechado, Bloqueio de ramo esquerdo, bloqueio AV total, cardiopatas.
Por isso, antes de dar os medicamentos, devemos realizar a avaliação clínica desse paciente (pedir ECG, toda a crase
sanguínea, etc), garantindo que o paciente está hígido para que eu dê esse medicamento.

SÍNDROME DE DESCONTINUAÇÃO DOS ANTIDEPRESSIVOS:

Antidepressivo não vicia. O que acontece com esses medicamentos é que, quando tiramos o medicamento, se
ocorrer de maneira brusca, o organismo tem uma ação de descontinuação, que causa mal-estar geral, alterações GI,
ansiedade, irritabilidade, insônia, parkinsonismo, crises de pânico, arritmias, delirium e agitação.

Por isso, quando vamos tirar um antidepressivo, essa retirada deve ser feita gradualmente. Segundo o protocolo da
USP, realiza-se a retirada de 50% da dose total na primeira semana e de 25% a cada 2d na segunda semana.

Intoxicação grave por antidepressivos (estamos vendo os tricíclicos, mas mais pra frente vocês vão ver que isso não
vale apenas pra eles): alargamento das pupilas, alteração da FC, febre, alucinações, inquietação, agitação, respiração
altera, apneia, cansaço, fraqueza intensa. O tratamento consiste na diminuição da absorção – lavagem, uso de pasta
de carvão ativado + tratamento específico das intercorrências cardiopulmonares.

ISRS: Citalopram, Escitalopram (O escitalopram tem alguns efeitos colaterais diferentes do citalopram, mais a base é
a mesma).

Efeitos colaterais:

- GI: náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia, constipação


- Agitação, ansiedade, insônia, fadiga, tremores, efeitos extrapiramidais
- Perda ou ganho de peso (a fluoxetina é potente na perda de apetite, com maior perda de peso no início do
tratamento – até cerca de 3 ou 4 meses)
- Disfunções sexuais
- Reações dermatológicas

IMPORTANTE: se temos um paciente bipolar, no momento ele está em depressão. Se você não conhece o paciente e
dá a ele uma Fluoxetina, em uma semana depois ele está agitado, como dono da razão, com uma crise maníaca
grave. Isso ocorre porque o paciente já tem uma predisposição a ter esse comportamento, devido ao seu transtorno
bipolar, diferentemente de uma paciente que tem uma depressão unipolar.

Como não correr esse risco? Anamnese. Perguntar se tem alguém na família que tem problema de saúde mental.
Assim, não podemos dar nem tricíclicos nem ISRS, pois ele entrará numa fase de mania (ou surto maníaco - contrario
da fase depressiva). Nesses pacientes, primeiramente usamos um antipsicótico ou um estabilizador de humor, e
após esse tratamento iniciamos com o antidepressivo.

Lembrar que esses medicamentos dependem muito da resposta de cada pessoa.

Efeitos colaterais graves dos ISRS: retardo ejaculatório, falta de orgasmo em mulheres.

Muitos urologistas usam tricíclicos para ejaculação precoce.

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