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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

FACULDADE DE FARMÁCIA

KETHELIN VILA NOVA


NATHAN DE SOUZA CYPRIANO
THAILANE CALDAS ALMEIDA

SIBUTRAMINA NO TRATAMENTO DA OBESIDADE

Nova Friburgo
2022
KETHELIN VILA NOVA
NATHAN DE SOUZA CYPRIANO
THAILANE CALDAS ALMEIDA

SIBUTRAMINA NO TRATAMENTO DA OBESIDADE

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial para
aprovação na disciplina de TCC pela
Faculdade de Farmácia da Universidade
Estácio de Sá.

Orientador (a): Prof. MSc. Valéria Costa


Rocha Viana.

Nova Friburgo
2022
KETHELIN VILA NOVA
NATHAN DE SOUZA CYPRIANO
THAILANE CALDAS ALMEIDA

SIBUTRAMINA NO TRATAMENTO DA OBESIDADE

Aprovada em de junho de 2022

_____________________________________________________________

MSC. Valéria Costa Rocha Viana


(Universidade Estácio de Sá)

______________________________________________________________

Halyka Luzório Franzotti Vasconcellos Seródio


(Universidade Estácio de Sá)

_______________________________________________________________

Pollyanna Rodrigues Goulart


(Universidade Estácio de Sá)
AGRADECIMENTOS

A Deus, pela nossa vida, e por nos permitir ultrapassar todos os obstáculos encontrados
ao longo da realização deste trabalho.

A nossa família por toda a dedicação e paciência contribuindo diretamente para que
pudéssemos ter um caminho mais fácil e prazeroso durante estes anos de estudo.

E aos professores, pelas correções e ensinamentos que nos permitiram apresentar um


melhor desempenho no nosso processo de formação profissional ao longo do curso.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................6

2 METODOLOGIA.........................................................................................................9

3 DESENVOLVIMENTO...............................................................................................9

3.1 MECANISMO DE AÇÃO DA SIBUTRAMINA......................................................10

3.2 DISPENSAÇÃO, PRESCRIÇÃO, RISCO E BENEFÍCIO DA SIBUTRAMINA...13

3.3 ATENÇÃO FARMACÊUTICA E A OBSIDADE....................................................15

4 CONCLUSÃO..............................................................................................................15

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................16
SIBUTRAMINA NO TRATAMENTO DA OBESIDADE

KETHELIN VILA NOVA1


NATHAN DE SOUZA CYPRIANO1
THAILANE CALDAS ALMEIDA1
VALÉRIA COSTA ROCHA VIANA2

RESUMO

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é definida como uma


doença crônica. Segundo a Comissão Internacional de Controle de Narcóticos (CICN), o Brasil
é o país onde há maior consumo de medicamentos para emagrecer. Nos últimos anos notou-se
um crescimento no uso de anorexígenos, como a sibutramina. Estes atuam de modo a provocar
a redução de peso, diminuindo o apetite. O tratamento farmacológico só se justifica em
conjunção com orientação dietética e mudanças de estilo de vida. Os agentes farmacológicos
somente ajudam a aumentar a aderência dos pacientes a mudanças nutricionais e
comportamentais. No Brasil, a sibutramina é um medicamento controlado, a venda é realizada
apenas com receita médica, com a sua retenção. A sibutramina é classificada como fármaco
anorexígeno, com ação no SNC impedindo a recaptação de serotonina e noradrenalina,
causando sensação de saciedade e termogênese. O profissional farmacêutico desempenha um
importante papel no tratamento da obesidade através da atenção farmacêutica, orientando o uso
correto da medicação e a integralidade com mudanças no estilo de vida. Isso leva o paciente a
aderir ao tratamento de forma correta e integral. O uso da sibutramina apresenta vantagens e
desvantagens, portanto é importante que se procure auxílio de profissionais de saúde, como o
farmacêutico, para que seja avaliado ou orientado corretamente sobre a necessidade e/ou o seu
uso. Portanto, este trabalho tem o objetivo de esclarecer sobre o uso de sibutramina para o
tratamento da obesidade, através de um estudo baseado em levantamento bibliográfico de
artigos científicos, revistas, monografias e dissertações que abordam a sibutramina no
tratamento da obesidade, compreendendo desde o mecanismo de ação até a atuação
farmacêutica para o uso racional do medicamento.

Palavras-chave: Sibutramina, efeito rebote, obesidade.

ABSTRACT

According to the World Health Organization (WHO), obesity is defined as a chronic


disease. According to the International Narcotics Control Commission (CICN), Brazil is the
country with the highest consumption of weight-loss drugs. In recent years there has been an
increase in the use of anorectics, such as sibutramine. These act to cause weight loss by
decreasing appetite. Pharmacological treatment is only justified in conjunction with dietary
advice and lifestyle changes. Pharmacological agents only help to increase patients' adherence

1 Discente da Faculdade de Farmácia na UNESA


2 Farmacêutica, MSC. Docente da Faculdade de Farmácia UNESA

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to nutritional and behavioral changes. In Brazil, sibutramine is a controlled drug, the sale is
carried out only with a doctor's prescription, with its retention. Sibutramine is classified as an
anorectic drug, with action in the CNS preventing the reuptake of serotonin and norepinephrine,
causing a feeling of satiety and thermogenesis. The pharmaceutical professional plays an
important role in the treatment of obesity through pharmaceutical care, guiding the correct use
of medication and integrality with changes in lifestyle. This leads the patient to adhere to the
treatment correctly and comprehensively. The use of sibutramine has advantages and
disadvantages, so it is important to seek help from health professionals, such as the pharmacist,
so that it is correctly evaluated or oriented about the need and/or its use. Therefore, this work
aims to clarify the use of sibutramine for the treatment of obesity, through a study based on a
bibliographic survey of scientific articles, magazines, monographs and dissertations that
address sibutramine in the treatment of obesity, including from the mechanism from action to
pharmaceutical action for the rational use of the drug.
Keywords: Sibutramine, rebound effect, obesity.

1 INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é definida como uma


doença crônica. Além disso, essa patologia pode se tornar um fator de risco para outras doenças
no organismo, como a diabetes e a hipertensão. Sua incidência vem aumentando de forma
exponencial, em todo o mundo, sendo considerada por alguns especialistas como uma epidemia
(ADES et al., 2002).
Nas últimas décadas ocorreu uma evolução da obesidade no Brasil, isso pode ser
explicado por alguns fatores, como a redução da desnutrição no país, por conta da melhoria das
condições de vida dos brasileiros, atrelado a queda da taxa de fecundidade. Outro fator foi o
processo de urbanização o qual ocorreu em um curto período, impactando não só no
comportamento nutricional da população, como também na atividade física, em virtude das
facilidades disponíveis nas cidades que exigem menor rigor físico do que no campo
(FERREIRA et al., 2005).
Segundo a Comissão Internacional de Controle de Narcóticos (CICN), o Brasil é o país
onde há maior consumo de medicamentos para emagrecer. O tratamento farmacológico não
deve ser a base fundamental para o tratamento da obesidade, o medicamento deve apenas servir
como auxílio ao tratamento dietético (FILHO, 2015).
A terapia farmacológica deve ser empregada no tratamento da obesidade quando houver
falhas na terapêutica não farmacológica ou quando o paciente possuir comorbidades associadas
a obesidade (MARQUES et al., 2021).
Nos últimos anos notou-se um crescimento no uso de anorexigénios. Estes atuam de
modo a provocar a redução de peso, diminuindo o apetite, como a sibutramina. Inicialmente,

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esse medicamento foi desenvolvido para ser um antidepressivo, entretanto, durante os ensaios
clínicos, foi observada sua ineficiência no tratamento da depressão e sua capacidade de auxiliar
na perda de peso, assim, passou a ser usada como um inibidor de apetite. Por ser utilizada
visando a redução de peso, é usada de forma indiscriminada, o que provoca diversos efeitos
adversos, promovendo um maior controle de prescrição no Brasil (CAMPOS et al., 2014;
NEGREIROS et al., 2011).
No Brasil há em torno de16 milhões de obesos que não conseguem emagrecer somente
com alterações no estilo de vida, necessitando assim de tratamento farmacológico (SILVA,
2011). Além da má alimentação e a ausência de atividades físicas, existem as pessoas que
consomem os anorexigénios sem receita e sem acompanhamento médico. Optam por essa
prática pela irresponsabilidade e facilidade de acesso, bem como pela possibilidade de ingerir
o fármaco sem o menor controle, buscando resultados rápidos sem medir as consequências.
Entretanto, o que ocorre é o ganho de peso, ao invés da perda (OLIVEIRA et al., 2020).
A atenção farmacêutica é de suma importância para o uso correto dos fármacos
inibidores de apetite, de forma que a população receba orientação em relação à forma correta
de uso, reações adversas, interações medicamentosas, e benefícios do medicamento. Além
disso, propor a prática de exercícios acompanhada de reeducação alimentar faz-se importante,
de forma a diminuir o uso exacerbado e sem necessidade desse medicamento, prevenindo riscos
à saúde dos pacientes (ANDRADE, 2019).
Os agentes anorexigénios tiveram sua eficácia comprovada na perda de peso através de
vários estudos controlados, realizados em uma época em que ainda não se investia em estudo
de longo prazo. A experiência clínica com seu uso, entretanto, tem mostrado nas últimas
décadas que, quando utilizados com critérios adequados, a ocorrência de reações adversas
graves é pouco frequente (CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO
PAULO, 2011).
O ganho de peso, após interrupção do tratamento, não é um efeito colateral da
sibutramina, ocorre devido à má alimentação, aliado ao sedentarismo, fazendo com que o
indivíduo engorde novamente, uma vez que o inibidor de apetite foi retirado e o comportamento
nutricional e físico foi mantido, tendo como consequência o ganho de peso (NACCARATO et
al., 2011).
Portanto, este trabalho tem o objetivo de esclarecer sobre o uso de sibutramina para o
tratamento da obesidade, levando em consideração os seus benefícios quando administrado de
forma correta e suas consequências, quando não ocorre a mudança no estilo de vida do paciente
ou quando consumido sem orientação médica.
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2 METODOLOGIA

Este trabalho teve como finalidade a realização de um estudo baseado em levantamento


bibliográfico de artigos científicos, revistas, monografias e dissertações que abordam a
sibutramina no tratamento da obesidade, compreendendo desde o mecanismo de ação até a
atuação farmacêutica para o uso racional do medicamento. Os artigos foram encontrados por
meio da plataforma de pesquisa Google Acadêmico, com palavras em portuguẽs e inglês, no
período de 2010 até 2022.

3 DESENVOLVIMENTO

A obesidade é uma patologia crônica causada pelo suprimento excessivo de energia em


relação a seu consumo (NACARATTO et al., 2014). Induz a anormalidades metabólicas que
contribuem para o desenvolvimento de diabetes mellitus e doenças cardiovasculares que
requerem tratamento a longo prazo e estão associadas a risco elevado de morbidade e
mortalidade (DUTRA et al., 2013).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) no mundo existem 2 bilhões
de pessoas com sobrepeso acima de 15 anos de idade e entre esses 2 bilhões, 400 milhões são
considerados obesos. A estimativa é de que até 2025 o número de pessoas com excesso de peso
aumente para 3 bilhões de indivíduos com sobrepeso e 700 milhões obesos (SENA et al., 2011).
Nas últimas décadas, o poder da comunicação audiovisual tem impactado a sociedade
contemporânea e, portanto, tem havido pensamentos irracionais sobre o culto da estética. Um
corpo esbelto se tornou sinônimo de beleza e o principal objetivo da pessoa, sem levar em
consideração que alguns dos produtos que são vendidos para emagrecer contêm substâncias
químicas que, às vezes, produzem dependência por parte da pessoa que as consome, o que pode
levá-las a cair no abuso desses produtos (DOS SANTOS et al., 2019).
O tratamento farmacológico da obesidade está em constante desenvolvimento, porém,
sofreu críticas por muito tempo, devido à generalização da prescrição de medicamentos,
desvalorização da atividade física e dieta, uso irracional dos fármacos disponíveis, dentre
outros fatores (MANCINI et al., 2002).
O tratamento farmacológico só se justifica em conjunção com orientação dietética e
mudanças de estilo de vida. Os agentes farmacológicos somente ajudam a aumentar a aderência

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dos pacientes a mudanças nutricionais e comportamentais. O tratamento farmacológico da
obesidade não cura a obesidade – quando descontinuado, ocorre reganho de peso. Como
qualquer outro tratamento em medicina, os medicamentos não funcionam quando não são
tomados, isto é, deve-se esperar recuperação do peso perdido quando os medicamentos são
suspensos (MANCINI et al., 2002).
No Brasil, a sibutramina é um medicamento controlado, a venda é realizada apenas com
receita médica, com a sua retenção. No comércio, sua apresentação para o tratamento da
obesidade inclui: 10mg e 15mg em cápsulas de preparação industrial e cápsulas manipuladas
de acordo com prescrição médica (TREVISAN, 2021).

3.1 MECANISMO DE AÇÃO DA SIBUTRAMINA

A sibutramina (Figura 1) é classificada como fármaco anorexígeno, com ação no SNC


impedindo a recaptação de serotonina e noradrenalina, causando sensação de saciedade e
termogênese (SILVA, 2011). Assim como outros anorexígenos de ação central (anfepramona
e femproporex), a sibutramina é derivada da β-fenetilamina e demonstra uma ação redutora da
ingestão de alimentos, sendo esta ação o mecanismo primário de indução de perda de peso
(SENS et al., 2011).

Figura 1: Molécula de sibutramina


Fonte: Revista eletrônica de farmácia, adaptado ano 2012

Estudos clínicos de eficácia e tolerância foram realizados com a sibutramina na forma


de cloridrato monohidratado (cloridrato de N-{1-[1-(4- Clorofenil)ciclobutil]-3-metibutil}-N,
N-dimetilamina cloridrato monohidrato). Os resultados indicam que essa substância é um
inibidor seletivo da recaptação da serotonina, noradrenalina e em menor intensidade de
dopamina (ISRSN), fazendo com que esses neurotransmissores permaneçam mais tempo na
sinapse neural (SENNA et al., 2011).
A sibutramina é uma amina terciária, que sofre desmetilação rápida ao ser ingerida.
Em modelos animais, contribui para redução do peso através de uma dupla ação: diminui a

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ingestão calórica pelo aumento das respostas à saciedade pós ingestão e aumenta o gasto de
energia pelo aumento da taxa metabólica. Este fato se deve ao aumento da função da serotonina
e da noradrenalina central mediada pelos receptores 5-HT 2A/2C e β-1, respectivamente, e
aumento da taxa metabólica pelo aumento da função noradrenérgica periférica, mediada pelos
receptores β-3. O mecanismo de ação da sibutramina está representado na Figura 2 (SENA et
al., 2011).

Figura 2: Mecanismo de ação da sibutramina, adaptado Folhapress


Fonte: https://farmaceuticodigital.com/2013/01/uso-sibutramina-brasi.html

Após a administração oral da sibutramina, a absorção e a distribuição ocorrem de forma


rápida e ampla nos tecidos corporais. O fármaco sofre extenso metabolismo de primeira
passagem por isoenzimas do Citocromo P450. Ao final da biotransformação, haverá a
formação de metabólitos ativos, os mesmos são hidroxilados e em seguida conjugados se
tornando metabólitos inativos. Tais metabólitos são eliminados preferencialmente pela urina.
Cerca de 1 a 2 horas após a administração, o fármaco atinge o pico plasmático e sua meia vida
é em média de 1,1 hora. A concentração máxima plasmática dos metabólitos ativos ocorre por
volta de 3 horas após sua administração, com meia vida de eliminação de 14 horas para
metabólito 1 e 16 horas para metabólito 2. Estes atributos farmacocinéticos possibilitam o uso
do medicamento em dose única contínua (SENA et al., 2011).
Além da sua eficácia, os medicamentos apresentam efeitos adversos, que podem ser de
natureza leve, moderada ou grave. Por este motivo, antes de serem comercializados, os mesmos
passam por diversos estudos afim de identificar efeitos indesejáveis a sua ação farmacológica
(COSTA, 2020).
Durante o tratamento, alguns efeitos adversos podem ocorrer como boca seca, cefaleia,
constipação, insônia, rubor, calor, taquicardia, hipertensão, palpitações, anorexia, constipação,

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náuseas, dispepsia, vertigem, parestesias, dispneia, sudoração, alterações do paladar e
dismenorreia (MARINI et al., 2016).
Doses elevadas do medicamento podem causar intoxicação medicamentosa, tendo
como principais sintomas: febre alta, calafrios, sudorese em excesso, aumento da frequência
cardíaca e pressão arterial, fadiga, tonturas, tremores e convulsão (COSTA, 2020).
O termo “rebote” é definido como a “reversão da resposta após a retirada de um estímulo”,
enquanto “efeito rebote” significa a “produção de sintomas opostos aumentados quando
terminou o efeito de uma droga ou o paciente já não responde à ela (TEIXEIRA et al., 2013).
Pessoas argumentam que medicamentos dietéticos provocam a perda de peso. Isso pode
ser verdade no início, mas os medicamentos não ajudam a manter o peso e não ensinam como
fazer as mudanças necessárias no estilo de vida (DOS SANTOS et al., 2019).
Os medicamentos anorexígenos, quando não administrados corretamente, provocam o
chamado “efeito rebote”, ou seja, o paciente perde peso (massa gorda), mas depois de certo
período, passa a ganhar mais massa gorda do que tinha antes de usar o medicamento. Desse
modo, é importante que pessoas obesas e com sobrepeso tenham a consciência de que usar
medicamentos de ação anorexígena pode causar riscos, principalmente se não forem utilizados
da maneira correta e com o acompanhamento de profissionais habilitados (ANDRADE et al.,
2021). O efeito da sibutramina cessa após a sua administração, de modo que se o paciente não
modificar seus hábitos, os benefícios conseguidos irão se perder no decorrer do tempo
(ALMEIDA et al., 2021).
A sibutramina é um dos medicamentos de primeira escolha para o tratamento de obesidade.
No entanto, para o sucesso desse tratamento, independente do medicamento escolhido, é
obrigatória a manutenção das medidas não farmacológicas, como a orientação dietoterápica,
incentivo à prática de atividade física e às mudanças no estilo de vida (CLAUDINO et al.,
2021).
O uso farmacológico na pessoa obesa com sibutramina tem demonstrado vários efeitos
positivos, em doses adequadas e períodos estabelecidos. Porém, uma alimentação adequada e
a prática de exercícios físicos constituem elementos primordiais para garantir um melhor
resultado na terapia da obesidade. Sendo assim, a farmacoterapia apresenta-se apenas como
um papel auxiliar no processo terapêutico e não como estrutura fundamental no tratamento
dessa patologia (SILVA et al., 2020).
Normalmente, 6 meses após o início do tratamento com sibutramina, a ingestão de
alimentos se recupera e o peso corporal se estabiliza até que a sibutramina seja descontinuada.
Este fenômeno é denominado taquifilaxia da sibutramina. A administração de sibutramina em
12
curto prazo reduz o ponto de ajuste do peso corporal. Este ponto de ajuste de peso corporal não
é permanentemente reduzido pela administração de sibutramina a longo prazo, uma vez que o
cérebro se oporá a essa mudança estimulando o apetite (DOS SANTOS et al., 2021).

3.2 DISPENSAÇÃO, PRESCRIÇÃO, RISCO E BENEFÍCIO DA SIBUTRAMINA

Considerada uma droga de alto risco, a sibutramina apenas pode ser dispensada
mediante uma prescrição médica em receituário do tipo B2 (azul), com dosagem máxima de
15mg diariamente. Anexado ao receituário, o paciente precisa apresentar o termo de
responsabilidade em três vias – seguindo a norma regida pela Agencia Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA). Sendo a notificação de receita e o termo de responsabilidade documentos
indispensáveis para a venda, os tais precisam conter informações referentes ao paciente e
prescritor (Figura 3), e informações que permitam o claro entendimento do uso correto do
medicamento, evitando assim falhas na dispensação e terapêutica. A notificação de receita é
regulamentada pela autoridade sanitária seguindo um modelo padrão, afim de prevenir fraudes
e uso ilícito. Não devem conter rasuras nem emendas e precisa estar legível. As orientações
são encontradas na Portaria 344/98 (SOUZA et al., 2017).

Figura 3: Receita da sibutramina/Campos obrigatórios a serem preenchidos


Fonte: Instituto galeno, adaptado 2016

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Quando não há resultados favoráveis no tratamento não farmacológico em pacientes
com Índice de Massa Corporal (IMC) maior que 30kg/m2, o tratamento medicamentoso é
indicado como complemento do tratamento básico para a educação alimentar e mudanças no
estilo de vida (MOREIRA et al., 2021).
É sabido que os inibidores de apetite, como a sibutramina, são usados também por
pessoas com índice de massa corporal dentro das normalidades. Isso se dá devido ao distúrbio
da autoimagem imputado pela sociedade (MOREIRA et al., 2021).
Mulheres que buscam a qualquer custo alcançar os padrões de beleza são mais
suscetíveis a automedicação de inibidores de apetite, como a sibutramina. Tais mulheres não
se atentam para os riscos que a utilização desses medicamentos, sem a devida supervisão de
um profissional competente, pode trazer a saúde (DUTRA et al., 2015).
Em um primeiro momento, as características da sibutramina podem parecer benéficas. O
indivíduo sente sua força e seu estado de alerta de forma aumentada. Porém a dependência
medicamentosa agravada pela automedicação, leva o indivíduo a consumir essas substâncias
em dosagens ainda maiores, promovendo efeitos como irritação, mania de perseguição e
nervosismo (SANTOS et al., 2019).
Tanto os riscos quantos os benefícios podem ocorrer em maior ou menor proporção,
dependendo da dose, tolerância e práticas ou não de um tratamento não terapêutico em
conjunto. Os efeitos desejáveis e indesejáveis são potencializados pelo estado de saúde do
indivíduo (NACCARATO et al., 2014).
Estudos realizados mostram que as vantagens da sibutramina, como: redução de peso,
melhores índices lipídicos e controle glicêmico, além da alta taxa de saciedade e pouco
aumento do colesterol, torna a sibutramina mais benéfica do que maléfica (MOREIRA et al.,
2021).

3.3 ATENÇÃO FARMACÊUTICA E A OBSIDADE

Um estudo destaca que a atenção farmacêutica é considerada pela OMS um ato


absolutamente necessário no processo de cura e manutenção da saúde e a sua ausência poderá
gerar prejuízos para o sistema público e privado de saúde. O profissional farmacêutico
desempenha um importante papel no tratamento da obesidade através da atenção farmacêutica,
orientando o uso correto da medicação e a integralidade com mudanças no estilo de vida. Isso
leva o paciente a aderir ao tratamento de forma correta e integral. O farmacêutico pode agir

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também em conjunto com outros profissionais desenvolvendo campanhas educativas para
motivar a adesão ao tratamento, Além de alertar sobre os benefícios e riscos da Sibutramina, o
farmacêutico poderá também conscientizar o paciente sobre as outras formas de tratamento da
obesidade, orientando o mesmo que o tratamento também consiste em mudanças 39 de hábitos
diários, como a prática de atividades físicas, orientando também para o paciente procurar um
acompanhamento nutricional para mudanças de hábitos alimentares. (SILVA, 2011).
Muitos pacientes que desejam perder peso visitam a farmácia comunitária para obter
produtos de controle de peso ou buscar aconselhamento de saúde. Além disso, dispositivos de
ponto de atendimento comumente usados para controle de peso estão se tornando prontamente
disponíveis nas farmácias comunitárias (FRANCO et al., 2014).

4 CONCLUSÃO

Pode-se concluir que a obesidade é uma doença crônica que traz diversos prejuízos para
saúde, além disso, a existência de outras doenças como hipertensão e outros, poderá acarretar
em um quadro clínico complexo.
O uso da sibutramina apresenta vantagens e desvantagens, portanto é importante que se
procure auxílio de profissionais de saúde, como o farmacêutico, para que seja avaliado ou
orientado corretamente sobre a necessidade e/ou o seu uso. Nem todos perdem peso da mesma
forma, o profissional poderá avaliar a melhor forma para cada indivíduo, avaliando suas
necessidades específicas.

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