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CENTRO UNIVERSITÁRIO MARIA MILZA


BACHARELADO EM BIOMEDICINA

CÁTIA DA SILVA MEDEIROS

USO DE SEMAGLUTIDA COMO AGENTE EMAGRECEDOR: UMA REVISÃO DE


LITERATURA

GOVERNADOR MANGABEIRA – BA
2021
CÁTIA DA SILVA MEDEIROS

USO DE SEMAGLUTIDA COMO AGENTE EMAGRECEDOR: UMA REVISÃO DE


LITERATURA

Monografia apresentada ao Curso de Biomedicina do


Centro Universitário Maria Milza, como requisito
parcial para obtenção do título de graduada.

Orientadora: Profª Drª Kátia Nogueira Pestana de Freitas

GOVERNADOR MANGABEIRA – BA
2021
Ficha catalográfica elaborada pela Faculdade Maria Milza,
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Bibliotecárias responsáveis pela estrutura de catalogação na publicação:


Marise Nascimento Flores Moreira - CRB-5/1289 / Priscila dos Santos Dias - CRB-5/1824

Medeiros, Cátia da Silva


M488u
Uso de semaglutida como agente emagrecedor: uma revisão de literatura /
Cátia da Silva Medeiros. - Governador Mangabeira - BA , 2021.

39 f.

Orientadora: Kátia Nogueira Pestana de Freitas.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Biomedicina) - Faculdade


Maria Milza, 2021 .

1. Obesidade. 2. Análogos de GLP1. 3. Semaglutida. I. Freitas, Kátia


Nogueira Pestana de, II. Título.

CDD 615
CÁTIA DA SILVA MEDEIROS

USO DE SEMAGLUTIDA COMO AGENTE EMAGRECEDOR: UMA REVISÃO DE


LITERATURA

Aprovado em _____/_____/_____

BANCA DE APRESENTAÇÃO

_____________________________________
Prof.ª Dr.ª Katia Nogueira Pestana de Freitas
Orientadora

______________________________________
Prof.ªBárbara Velame Ferreira Teixeira

______________________________________
Prof. Matheus da Silva Ferreira

GOVERNADOR MANGABEIRA – BA
2021
AGRADECIMENTOS

Dedico esse trabalho primeiramente a Deus por ter me dado força para
ultrapassar todos os obstáculos e coragem para enfrentar os desafios ao longo do
curso, pois sem ele nada disso seria possível.
Agradeço a minha família, especialmente meus pais José Medeiros e Maria
Medeiros que sempre estiveram ao meu lado me apoiando e incentivando durante
os momentos difíceis.
Minha orientadora Kátia Pestana pela sua paciência, dedicação e por todo
suporte que me foi dado ao longo da elaboração desse trabalho.
Aos professores, pelos ensinamentos que me permitiram um melhor
desempenho ao longo do meu processo de formação profissional.
Meus amigos e futuros colegas de profissão pelo companheirismo ao longo
do curso e por compartilharem comigo tantos momentos de descobertas e
aprendizado.
E por fim gostaria também de expressar o meu agradecimento ao Centro
Universitário Maria Milza por proporcionar aos seus alunos um ensino de qualidade
e a coordenadora do curso de Biomedicina Lara Cristine Vieira por sua amizade,
dedicação e competência.
RESUMO

A obesidade, considerada uma pandemia mundial, é uma doença crônica


caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura que provoca efeitos prejudiciais à
saúde. Segundo a organização mundial de saúde (OMS) estima-se que em 2025 2,3
bilhões de adultos ao redor do mundo estejam acima do peso. Muito além de afetar
a parte estética, a obesidade pode levar os indivíduos ao desenvolvimento de
fatores de risco que geram consequências como: acúmulo de gordura no fígado,
hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e diabetes mellitus tipo 2 (DM2).
Estudos indicam que o risco de desenvolver DM2 pode aumentar 4,5% a cada
quilograma de aumento no peso corporal, portanto a perda de peso nesses casos
deve ser recomendada na tentativa de reduzir o risco de doenças cardiovasculares e
melhorar a qualidade de vida. A semaglutida lançada no Brasil em 2018 para o
tratamento de diabetes tem demonstrado grande eficácia na redução de gordura
uma vez que seu uso está associado a um melhor controle da alimentação,
tornando-se necessário um levantamento baseado em conteúdos científicos
atualizados sobre o uso desse fármaco na redução de peso chamando a atenção
quanto ao seu uso indiscriminado, o que requer atenção dos profissionais de saúde
em especial os farmacêuticos no controle do seu uso sem orientação médica.
Partindo dessa perspectiva este trabalho teve como objetivo geral verificar o uso de
semaglutida como agente emagrecedor e como objetivo específico: descrever a
fisiopatologia da obesidade; estabelecer as possíveis relações entre obesidade e
diabetes; investigar os efeitos da semaglutida na redução de peso e avaliar os riscos
associados ao seu uso indiscriminado. A metodologia utilizada foi uma revisão
narrativa de caráter descritivo e abordagem qualitativa, realizado através de um
levantamento bibliográfico nas bases de dados Pubmed, Medline, Lilacs, Scielo,
Google Acadêmico e busca de informações em sites de fontes confiáveis. Através
desse estudo foi possível perceber que a semaglutida é um medicamento
considerado promissor para a perda de peso em pacientes com sobrepeso e
obesidade uma vez que seu uso apresenta uma redução de quase 15% do peso
corporal, porem é necessário levar em consideração que a automedicação é
perigosa, uma vez que todo fármaco possui reações adversas e essa ação poderia
ser evitada com o devido acompanhamento, tanto para pacientes que só querem se
encaixar nos padrões impostos pela mídia e sociedade quanto para pacientes
obesos. Deve-se ressaltar que a semaglutida ainda não é aprovada pela ANVISA
para o tratamento da obesidade e o uso de medicamentos para perda de peso só
deve ser utilizada como alternativa quando o tratamento não farmacológico não é
eficaz e mesmo que seu uso venha a ser solicitado ele deve estar associado com
mudança de estilo de vida e atividade física visando sempre um emagrecimento
saudável.

Palavras-Chave: Obesidade. Terapêutica. Análogos de GLP1.


ABSTRACT

Obesity, considered a global pandemic, is a chronic disease characterized by


excessive accumulation of fat that causes harmful effects on health. According to the
World Health Organization (WHO) it is estimated that by 2025, 2.3 billion adults
around the world will be overweight. In addition to affecting the aesthetic part, obesity
can lead individuals to the development of risk factors that generate consequences
such as: accumulation of fat in the liver, arterial hypertension, cardiovascular
diseases and type 2 diabetes mellitus (DM2). Studies indicate that the risk of
developing DM2 can increase by 4.5% for each kilogram of increase in body weight,
so weight loss in these cases should be recommended in an attempt to reduce the
risk of cardiovascular diseases and improve quality of life. Semaglutide launched in
Brazil in 2018 for the treatment of diabetes has shown great effectiveness in reducing
fat since its use is associated with better food control, making a survey based on
updated scientific content on the use of this drug necessary. in weight reduction,
drawing attention to its indiscriminate use, which requires attention from health
professionals, especially pharmacists, in controlling its use without medical advice.
From this perspective, the general objective of this study was to verify the use of
semaglutide as a weight loss agent and as a specific objective: to describe the
pathophysiology of obesity; establish the possible relationships between obesity and
diabetes; to investigate the effects of semaglutide on weight reduction and to assess
the risks associated with its indiscriminate use. The methodology used was a
narrative review with a descriptive character and a qualitative approach, carried out
through a bibliographic survey in Pubmed, Medline, Lilacs, Scielo, Google Scholar
databases and searching for information on websites of reliable sources. Through
this study, it was possible to perceive that semaglutide is a drug considered
promising for weight loss in overweight and obese patients, since its use presents a
reduction of almost 15% of body weight, but it is necessary to take into account that
self-medication it is dangerous, since every drug has adverse reactions and this
action could be avoided with proper monitoring, both for patients who just want to fit
the standards imposed by the media and society and for obese patients. It should be
noted that semaglutide is not yet approved by ANVISA for the treatment of obesity
and the use of weight loss drugs should only be used as an alternative when non-
pharmacological treatment is not effective and even if its use is requested, it must be
associated with a change in lifestyle and physical activity, always aiming at a healthy
weight loss.

Keywords: Obesity. Therapeutics. Analogs of GLP-1


LISTA DE FIGURAS

Figura1-Obesidade visceral x Obesidade subcutânea...................................17


Figura 2 - Hipertrofia do tecido adiposo..........................................................19
Figura 3 - Mecanismos de controle da saciedade..........................................23
Figura 4 - Mecanismo de ação do GLP-1.......................................................25
Figura 5- Estrutura da Semaglutida................................................................28
LISTA DE TABELA

Tabela 1.................................................................................................................16
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Apresentação dos análogos de GLP-1..................................................26


LISTA DE ABREVIAÇOES DE SIGLAS

AVC - Acidente Vascular Cerebral


ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
AGRP - Agouti-Related Protein (Proteína Relacionada à Agouti)
JNK - C-Jun N-Terminal Kinase (cJun N Terminal quinase)
CCK - Colecistocinina
DM2 - Diabetes Mellitus Tipo 2
DPP-4 - Dipeptidil Peptidase-4
DCNT - Doenças Crônicas Não-Transmissíveis
TNF-Α - Fator de Necrose Tumoral Alfa
NF-KB - Fator de Transcrição KB
FDA - Food and Drug Administration (Administração de Comidas e Remédios)
GLP-1- Glucagon-like peptide-1 (Peptídeo Semelhante a Glucagon 1)
HbA1c - Hemoglobina Glicada
IKK - Ikappa Kinase
IMC - Índice de Massa Corporal
Il-6 - Interleucina 6
Il-8 - Interleucina 8
NPY - Neuropeptídeo Y
OMS - Organização Mundial de Saúde

PYY- Peptídeo YY

GIP - Polipeptídeo Inibitório Gástrico

POMC - Pró-Opiomelanocortina
MCP-1- Proteína Atraente de Macrófago
SNC - Sistema Nervoso Central
TLR-4 – Toll Like Receptors 4 (Receptor do tipo Toll 4)
CART - Transcrito Estimulado por Cocaína e Anfetamina
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

2 METODOLOGIA .................................................................................................... 15

2.1TIPO DE ESTUDO ............................................................................................... 15

2.2 LEVANTAMENTO DE DADOS ........................................................................... 15

2.3 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................... 16

3 OBESIDADE .......................................................................................................... 17

3.1 OBESIDADE E INFLAMAÇÃO ............................................................................ 18

3.1.1 Obesidade e diabetes mellitus tipo 2............................................................ 20

3.1.2 Mecanismos relacionados a saciedade........................................................ 22

3.2 GLP-1 E ANÁLOGOS DE GLP-1 ........................................................................ 24

3.3 SEMAGLUTIDA E SEU MECANISMO DE AÇÃO ............................................... 27

3.4 USO INDISCRIMINADO DE SEMAGLUTIDA ..................................................... 31

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 34

REFERÊNCIAS..........................................................................................................36
13

1 INTRODUÇÃO

Considerada um grave problema de saúde pública a obesidade é uma


condição multifatorial bastante complexa, estando relacionada a fatores genéticos,
alimentação inadequada e o consumo excessivo de alimentos processados em
associação ao sedentarismo (DE OLIVEIRA et al., 2020).
Segundo a organização mundial de saúde (OMS) estima-se que em 2025 2,3
bilhões de adultos ao redor do mundo estejam acima do peso. No Brasil essa
patologia teve um aumento de 72% nos últimos treze anos atingindo um percentual
de 26,8% em 2019 (DE ANDRADE et al.,2017).
Muito além de afetar a parte estética do corpo, a obesidade pode levar os
indivíduos ao desenvolvimento de fatores de risco que geram consequências como:
acúmulo de gordura no fígado, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e
diabetes mellitus tipo 2 (DM2) (WELLS, 2019).
Destacando o diabetes mellitus como parte da pesquisa, estudos indicam que
o risco da doença pode aumentar 4,5% a cada quilograma de aumento no peso
corporal. Nesse caso a terapêutica apresenta complexidades, uma vez que a DM2
possui um risco elevado para o desenvolvimento de doenças macrovasculares e
microvasculares, havendo a necessidade de um controle glicêmico ideal e por outro
lado a obesidade também aumenta o risco de doenças crônicas como hipertensão,
doença coronariana, derrame, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e alguns tipos de
câncer (PAPPACHAN; VISWANATH, 2017). Portanto a perda de peso para os
pacientes que apresentam comorbidades deve ser recomendada, uma vez que a
diminuição do peso corporal entre 5% a 10% já apresenta benefícios significativos
na redução do risco cardiovascular, além de melhorar a qualidade de vida (GADDE
et al., 2018).
Entretanto tratar a questão da obesidade somente com mudança no estilo de
vida e atividade física, muitas vezes é ineficaz para a maioria dos pacientes sendo
necessário acrescentar juntamente a essas medidas o uso de medicamentos que
possam auxiliar nesse processo de perda de peso na tentativa de manter resultados
em longo prazo (BRASIL, 2016).
14

Um medicamento lançado no Brasil em 2018 a semaglutida (Ozempic) até


então desenvolvida para o tratamento de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) tem
demonstrado grande eficácia na redução da gordura corporal em diabéticos e não
diabéticos. Seu uso tem sido associado a um melhor controle da alimentação, visto
que se trata de uma droga sintética que imita um hormônio conhecido como
peptídeo semelhante a glucagon 1 (GLP-1), cujo mecanismo atua através da
ativação de neurotransmissores anorexígenos promovendo a supressão do apetite,
resultando na redução da fome e da ingestão de calorias. Devido a esses resultados
esse fármaco vem sendo prescrito de forma “off label” para o tratamento da
obesidade (GABERY et al., 2020; KANE; TRIPLITT; SOLIS, 2021).
O termo off label é utilizado para descrever um tratamento cuja indicação não
consta da bula e quando seu registro não tem a aprovação da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA). Esse tipo de tratamento muitas vezes é justificado
quando não há outras terapias viáveis ou quando os benefícios são maiores que os
riscos, cabendo ao médico avaliar a indicação clínica e a análise do risco-benefício
que vão auxiliar na sua prescrição evitando-se assim uma exposição a riscos
desnecessários (LANGEROVÁ; VRTAL; URBÁNEK, 2014).
Visto que nos últimos tempos a busca pelo corpo perfeito está cada vez mais
incessante principalmente no universo feminino, tornando-se frequente a utilização
de mídias sociais para obtenção de informações sobre formas de emagrecimento e
o fato dessa terapia farmacológica não estar isenta de efeitos adversos, se faz
necessário um levantamento baseado em conteúdos científicos atualizados sobre o
uso desse fármaco na redução de peso chamando a atenção quanto ao seu uso
indiscriminado, o que requer atenção dos profissionais de saúde em especial os
farmacêuticos no controle do seu uso sem orientação médica.
Sendo assim busca-se com base na literatura verificar o uso indiscriminado
de semaglutida como agente emagrecedor, tendo como objetivos específicos
descrever a fisiopatologia da obesidade; estabelecer as possíveis relações entre
obesidade e diabetes; investigar os efeitos da semaglutida na redução de peso e
avaliar os riscos associados ao seu uso indiscriminado.
15

2 METODOLOGIA

2.1 TIPO DE ESTUDO

Este estudo foi desenvolvido a partir de uma revisão narrativa de caráter


descritivo e abordagem qualitativa, baseada em uma metodologia de pesquisa que
busca estabelecer uma análise crítica de forma ampla sobre uma determinada área
de conhecimento, resumindo os principais estudos realizados sobre o tema proposto
trazendo novas perspectivas sobre o assunto.
A revisão narrativa é um método que possibilita os autores elaborem artigos a
partir de uma análise e interpretação mais abrangente e crítica de um determinado
assunto através do ponto de vista contextual ou teórico. Sua produção tem uma
grande importância na educação continuada, pois permite ao leitor atualizar seus
conhecimentos sobre a temática abordada em curto espaço de tempo (ROTHER,
2007).

2.2 LEVANTAMENTO DE DADOS

Foi realizado um levantamento bibliográfico nas bases de dados Pubmed,


Medline, Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde (LILACS), Scientific
Electronic Library Online (SCIELO), Google Acadêmico e busca de informações em
sites de fontes confiáveis em agosto de 2021 a partir da utilização dos descritores:
semaglutida e obesidade (semaglutide and obesity) tratamento (treatment), eficácia
(efficacy),obesidade (obesity),e GLP-1 (glucagon-like peptide 1),em busca de
artigos, teses,livros, dissertações e sites de fontes confiáveis que apresentem no
contexto da sua discussão considerações sobre o uso de semaglutida como agente
emagrecedor.
Como critérios de inclusão foram considerados estudos científicos publicados
em português, inglês ou espanhol no período de 2013 a 2021 que abordem no seu
contexto como tema central a semaglutida, obesidade, redução de peso e os efeitos
colaterais da semaglutida. Os critérios de exclusão foram artigos publicados no
período anterior ao estabelecido e os que não tiveram ligação com a temática.
16

2.3 ANÁLISE DOS DADOS

Após verificar a adequação aos critérios definidos foi feita uma leitura do título
dos artigos encontrados avaliando a sua afinidade com o tema estudado.
Selecionados os trabalhos relacionados com a temática de pesquisa foi
realizada a leitura dos resumos e posteriormente analisados de forma minuciosa a
partir de leituras na integra para determinar a sua inclusão na revisão de literatura,
(Tabela 1), sendo possível a partir desta etapa reunir todo conhecimento produzido
sobre o tema explorado de forma a contemplar o objetivo do estudo.

Tabela 1 - Artigos buscados nas bases de dados

Bases de dados Publicações Seleção a partir da Amostra final após


encontradas leitura do título e leitura do texto
resumo completo

PubMed 665 70 29
Scielo 6 3 2
BVS 18 6 4
Medline 12 4 5
Scholar.google 370 57 21
Sites de fontes 5 3 1
confiáveis
Livros 2 2 1
Total 1078 145 63

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021


17

3 OBESIDADE

A obesidade é uma doença metabólica caracterizada pelo acúmulo excessivo


de gordura que provoca efeitos prejudiciais à saúde, esse problema é considerado
uma pandemia mundial e possui uma etiologia bastante complexa envolvendo
fatores políticos, culturais, psicossociais e biológicos, seu tratamento pode variar a
partir das características de cada indivíduo, porém de forma geral é necessário
receber orientações nutricionais com intuito de garantir mudanças no estilo de vida.
Dentre outras formas de tratamento podemos citar o uso de agentes emagrecedores
e também a intervenção cirúrgica que é aplicada quando as medidas não
farmacológicas não são suficientes (MACIEL, 2017).
A classificação da obesidade está relacionada ao local em que a gordura se
armazena no corpo podendo ser chamada de subcutânea ou visceral (Figura 1). A
obesidade subcutânea conhecida como pêra ou ginóide pelo seu formato, tem a
aparência de gordura mole e normalmente está distribuído pelas coxas e Nádegas
sendo mais frequente em mulheres, já a gordura visceral se distribui pela região
central, tórax e abdômen e tem aparência de gordura dura, sendo mais comum em
homens e, além disso, pode afetar a saúde de forma negativa podendo ser um fator
de risco para o desenvolvimento de doenças cardíacas, síndrome metabólica,
diabetes, alguns tipos de câncer e dislipidemias (SILVA et al., 2017).

Figura1- Obesidade visceral x Obesidade subcutânea

Fonte: Maestrosaude.
18

A principal causa do surgimento da obesidade e o excesso de peso decorrem


de um desequilíbrio entre a ingestão alimentar e o gasto energético, quadro
provocado pelo consumo de alimentos ricos em gordura, açúcar e também pela falta
de exercício físico. O índice de massa corporal (IMC) é uma medida bastante
utilizada na prática clínica para classificação do excesso de peso (IMC entre 25 e
29,9 kg/m2) e obesidade (IMC ≥30 kg/m2) (FERRIANI et al., 2019).
O excesso de gordura corporal também pode ser estabelecido através da
avaliação da circunferência abdominal, sendo possível verificar riscos de
complicações metabólicas decorrente do excesso de peso e obesidade. Para isso
são estabelecidos alguns critérios de medidas sendo igual ou superior a 88 cm em
mulheres e igual ou superior a 102 cm para homens, onde ambos são considerados
risco elevado (SOUZA et al., 2018).
O aumento da obesidade e excesso de peso entre crianças e adolescentes
também tem se tornado um grave problema de saúde pública partindo da ideia de
que adolescentes que apresentam níveis elevados no sobrepeso estão mais
propícios a dislipidemias e intolerância à glicose, enquanto que a presença da
obesidade visceral está relacionada a síndrome metabólica e inflamações
percussoras da aterosclerose, além disso crianças obesas apresentam dificuldades
respiratórias e podem desenvolver doenças cardiovasculares e resistência insulínica
(MOHAMMED et al., 2018).

3.1 OBESIDADE E INFLAMAÇÃO

O tecido adiposo como órgão endócrino atua através da liberação de


proteínas ativas, chamadas de adipocinas, que possuem ações pró-inflamatórias e
anti-inflamatórias. Devido a isso, seu excesso acaba gerando um estado inflamatório
de baixo grau que induz o recrutamento de macrófagos aos adipócitos, induzindo
assim a liberação das adipocinas pró-inflamatórias. Portanto a ligação entre a
obesidade e a inflamação está relacionada ao processo de hiperplasia e hipertrofia
dos adipócitos que promove uma produção exacerbada de adipocinas que são as
quimiocinas e citocinas pró-inflamatórias (FREITAS; CESHINI; RAMALHO, 2014).
19

Essa hipertrofia gera hipóxia e morte de adipócitos devido à baixa


concentração de O2, desencadeando uma cascata de respostas inflamatórias devido
a secreção de citocinas pelos adipócitos e macrófagos que por meio de feedback
positivo secretam interleucina 6(IL-6), fator de necrose tumoral alfa (TNF-α),
resistina, proteína atraente de macrófago (MCP-1) e Interleucina 8 (IL-8), induzindo
assim a angiogênese. O resumo desse mecanismo está ilustrado na figura 2
(FRANCISQUETI et al., 2015).

Figura 2: Hipertrofia do tecido adiposo

Fonte: GASPAROTTO, 2016

No músculo a TNF-α e a resistina vão inibir a captação de glicose via


sinalização de insulina, tendo como consequência a resistência insulínica. Já no
cérebro irá ocorrer uma redução do gasto energético, aumento da ingestão alimentar
e sinalização para o aumento da produção de glicose hepática, já nos vasos
sanguíneos principalmente nas arteríolas haverá uma redução da função endotelial
20

e uma menor vasodilatação. Portanto todos esses eventos levam ao surgimento da


DM2 e aumenta o risco de doenças cardiovasculares (SALTIEL; OLEFSKY, 2017).
O excesso de ácidos graxos também promove a ativação de um receptor
presente na membrana conhecido como TLR-4 (Toll like receptors 4), que ao iniciar
a via de sinalização intracelular envolvendo a ativação da c-jun N-terminal kinase
(JNK) e Ikappa kinase (IKK) aumenta a expressão do fator de transcrição kb (NF-
KB ) que é um fator nuclear que altera a transcrição gênica e acaba ativando a
lipase sensível a hormônio presente no interior da célula que estimula a quebra de
triglicerídeos aumentando- se os ácidos graxos livres podendo gerar um processo de
lipotoxicidade em músculos e fígado (GUTIÉRREZ; ROURA; OLIVARES, 2017).
A redução de peso corporal econsequente diminuição da gordura visceral
pode aumentar a produção de adipocinasanti-inflamatorias como IL-10 e
adiponectina reduzindo assim os níveis de adipocinas inflamatórias (REZENDE et
al., 2016).

3.1.1 Obesidade e Diabetes mellitus tipo 2

Obesidade e diabetes são dois graves problemas de saúde pública que


acomete tantos países desenvolvidos quanto os subdesenvolvidos, estando
relacionados diretamente com as mudanças na estrutura da dieta dos indivíduos.
Essa ligação começou a surgir em 1973, quando se relatou as possíveis alterações
metabólicas e endócrinas associadas ao sobrepeso, onde juntamente com o IMC
(Índice de Massa Corporal) apontou-se uma relação direta entre diabetes e
resistência insulínica, evidenciando que o aumento da diabetes tipo 2 (DM2) está
diretamente ligada ao aumento da prevalência da obesidade (SHUCHLEIB-CUNG;
AKUSOBA; HIGA, 2018).
De fato, o aumento DM2 que antes era considerada uma doença de início da
fase adulta vem crescendo bastante entre crianças e jovens em paralelo ao
crescimento da obesidade. De acordo com a literatura em 2020 tanto a obesidade
quanto o diabetes passariam a ter um crescimento acelerado tornando-se a principal
causa de doença crônica e mortalidade em todo o mundo. Nesse cenário o DM2 é
responsável por mais de 90% desses pacientes (LIRA, 2017).
21

O diabetes muitas vezes é considerado uma doença silenciosa, podendo ser


assintomática, porém pode apresentar sintomas característicos que auxiliam no
fechamento do diagnóstico, destacando-se a poliúria, polidipsia, polifagia
(PALMEIRA; PINTO, 2015). Os altos níveis de açúcar no sangue também são
bastante comuns nessa doença, estando relacionado a resistência insulínica e
deficiência na produção de insulina, podendo ser acompanhada de dislipidemia,
hipertensão arterial e disfunção endotelial, sendo causada por fatores genéticos e
também comportamentais que podem desencadear seu desenvolvimento como:
excesso de peso, sedentarismo e dieta inadequada (WELLS, 2019).
Dentre os critérios utilizados para o diagnóstico da DM2 podemos citar:
Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl (com jejum de pelo menos 8 horas); Hemoglobina
glicada (HbA1c) ≥ 6,5 % e Glicemia de 2 horas pós-prandial de 75 g de glicose > 200
mg/dl (CRUZ, 2017).
As desordens metabólicas provocadas pelo DM2 envolvem um distúrbio no
metabolismo de carboidratos, lipídeos e proteínas gerados pela resistência tecidual
periférica associada a uma deficiência na produção de insulina os quais cooperam
para o surgimento dessa hiperglicemia (BRUNO et al., 2014).
O controle glicêmico ocorre a partir do aumento da glicose (hiperglicemia),
estimulando às células β (beta) do pâncreas a produção de insulina, facilitando
assim a entrada de glicose nas células. Já o glucagon possui efeitos antagônicos
com relação a insulina sendo ativado quando os níveis de glicose estão diminuídos
(hipoglicemia), atuando no fígado por meio da quebra do glicogênio em moléculas
de glicose normalizando os níveis de açúcar (BARREIROS, 2015).
A regulação dessa homeostasia relaciona-se com a expressão de proteínas
transportadoras de glicose denominados de GLUTs que vai auxiliar na captação de
glicose. Cada tecido irá expressar um tipo de transportador: nas redes vasculares
cerebrais, hemácias e todos os tecidos (GLUT 1); fígado, rim, interstício e celulas β
(GLUT 2); em todos os tecidos e neurônios (GLUT 3); adipócitos e músculos (GLUT
4); fígado e jejuno (GLUT5) (MONTENEGRO;CHAVES;FERNANDES,2016).
A obesidade é caracterizada pelo acumulo excessivo de gordura, sendo uma
doença que integra o grupo das Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT),
tendo a obesidade abdominal como forte fator de risco para o seu desenvolvimento.
Seu aumento se deve ao alto consumo de Fast-food, alimentos processados
22

contendo elevados níveis de açúcar, sódio e gorduras saturadas incluindo bebidas


açucaradas (MONTEIRO; LOUZADA, 2015).
Já na DM2 o principal problema encontra-se na cascata de ativação dos
receptores de insulina que é responsável pela sinalização dos transportadores de
glicose. Nesse caso há uma redução da expressão gênica de GLUT 4 diminuindo o
conteúdo de proteína na membrana celular induzindo a resistência à insulina
(FERRARI et al., 2019).
Portanto a ligação da obesidade com o DM2 irá ocorrer a partir de uma
disfunção causada pela síndrome metabólica através da obesidade visceral,
havendo assim a necessidade de mudança no estilo de vida e uma preocupação
maior com relação a escolha da terapia antidiabética, optando-se por medicamentos
que tenham eficácia na redução de peso (TOPLAK et al., 2019).

3.1.2 Mecanismos relacionados à saciedade

A regulação da ingestão alimentar é decorrente de sinais no núcleo arqueado


do hipotálamo, no córtex, tronco cerebral e sistema límbico. Segundo a literatura os
sinais provenientes da saciedade chegam ao cérebro por meio da circulação ou por
via do nervo vago e a liberação de hormônios ocorre tanto no trato gastrintestinal
através da presença de nutrientes e estímulos que levam a distensão gástrica como
também pelo tecido adiposo Figura 3, destacando-se nesta revisão a colecistocinina
(CCK), grelina, leptina, Peptídeo YY (PYY) e o peptídeo semelhante a glucagon 1
(GLP-1) (MEIRELES, 2018).

Figura 3- Mecanismos de controle da saciedade


23

Fonte:
https://www2.ibb.unesp.br/Museu_Escola/2_qualidade_vida_humana/Museu2_qualidade_corpo_digestorio1.htm

A CCK é um hormônio produzido nas células do trato gastrintestinal e sistema


nervoso, sendo liberada pelo duodeno em resposta a presença de proteínas e
gorduras elevando-se os sinais de saciedade enviados ao SNC, e ao mesmo tempo
trabalha com o estômago diminuindo a motilidade gástrica, ou seja, fazendo com
que o processo de digestão fique mais lento. Esse estímulo ocorre para que haja um
controle da ingestão de alimentos, entretanto existem outros mecanismos que
possuem períodos mais longos (VEIGA, 2016; REHFELD, 2017).
A leptina é uma adipocina secretada nos adipócitos que está envolvida no
controle da fome. Sua atuação ocorre no hipotálamo por meio das células neurais
promovendo uma redução da ingestão alimentar através do controle do
apetite(CRUZ; ASSIS; REGIS, 2018).
A grelina é um hormônio produzido no estomago e intestino estando ligada a
estimulação do apetite através de hormônios orexígenos como Neuropeptídeo Y
(NPY) E Agouti-related protein (AGRP), contudo apesar de antes das refeições seus
níveis aumentarem gerando uma sensação de fome, depois essa concentração
24

diminui favorecendo a sensação de saciedade. Alguns estudos evidenciam que em


pacientes obesos não ocorre a redução da grelina circulante fazendo com que o
cérebro não reconheça o sinal de saciedade (DAVIS, 2018).
O peptídeo yy (PYY) é um hormônio que controla o trato gastrintestinal sendo
expresso na mucosa intestinal. Sua concentração em jejum normalmente é baixa
aumentando rapidamente após as refeições, reduzindo a fome e aumentando a
saciedade por meio da sua ligação com o receptor Y2 inibindo a atividade dos
neurônios NPY E AGRP e aumentando a atividade dos neurônios anorexígenos
(MOEHLECKE et al.,2016).
Já o peptídeo semelhante a glucagon 1 (GLP-1) é secretado pelas células L
do intestino após a ingestão de alimentos e atua no controle da saciedade a partir da
sua atuação no hipotálamo fazendo com que neurônios anorexígenos secretem
neuropeptídeos como a Pró-opiomelanocortina (POMC) e o transcrito estimulado por
cocaína e anfetamina (CART) cuja função é inibir o apetite (KNUDSEN et al., 2016).

3.2 GLP-1 E ANÁLOGOS DE GLP-1

O trato gastrointestinal produz diversos hormônios que são importantes no


processo de homeostase metabólica. Dentre esses hormônios destacam-se as
incretinas: polipeptídeo inibitório gástrico (GIP) e o peptídeo 1 tipo glucagon GLP-1.
O GIP é um peptídeo de 42 aminoácidos clivado de seu precursor proGIP e
secretado pelas células k encontradas na mucosa do duodeno e jejuno, sendo
conhecido como polipeptídio trópico insulínico dependente de glicose, já o GLP-1 é
um polipeptídio formado por 31 aminoácidos derivado do produto de transcrição do
gene proglucagon, sendo secretado pelas células L do intestino delgado em
resposta à ingestão de refeições, atua no aumento da produção de insulina e
inibição do glucagon podendo também ser encontrado nas células α do pâncreas e
no sistema nervoso central que é responsável pela regulação do consumo calórico
(MÜLLER et al ., 2019).
Tanto o GLP-1 quanto o GIP têm valores farmacológicos limitado, isso se
deve ao fato de terem uma meia-vida plasmática muito curta, pois ambos são
rapidamente metabolizados e inativados pela Dipeptidil Peptidase-4 (DPP-4) que
25

está expressa de forma ampla nas superfícies celulares e encontra-se presente na


circulação (GILBERT; PRATLEY, 2020).
Ressalta-se que pacientes com diabetes mellitus do tipo 2 tem a secreção
normal de GIP, porém seu efeito insulinotrópico estará reduzido, já o GLP-1 tem
seus níveis reduzidos, mas tem sua ação insulinotrópica preservada, indicando que
o GIP tem baixo potencial farmacológico(CHIA; EGAN, 2020).
As concentrações plasmáticas de GLP-1 segundo a literatura são reduzidas
em estado de jejum sendo ativadas a partir do aumento dos níveis de glicose por
meio da ingestão alimentar (CARVALHO et al., 2016). Como demonstrado na Figura
4 suas ações envolvem vários efeitos metabólicos: no pâncreas promove a
sensibilidade e aumenta a secreção de insulina, aumentando também a proliferação
e diminuição da apoptose de células betas. No coração tem ação cardioprotetora e
promove o aumento do débito cardíaco, além disso, aumenta a sensibilidade a
insulina na musculatura e no fígado diminui a produção de glicose pelas moléculas
de glicogênio (BROWN; CUTHBERTSON; WILDING, 2018).

Figura 4- Mecanismo de ação do GLP-1

Fonte: DRUCKER, D.J.Cell Metabolism. 2006


26

Os sinais da saciedade que ocorrem quando o estomago está distendido


podem ser produzidos a partir da ativação de receptores gástricos como o GLP-1.
Embora seu mecanismo ainda não seja totalmente elucidado, a literatura enfatiza
que há uma ação periférica mais especificamente nas fibras vagais aferentes onde
há presença de neurônios contendo receptores de GLP-1 que se projetam no interior
das regiões hipotalâmicas participando do processamento da fome e saciedade
(HOLST, 2013). Portanto o GLP-1 atua retardando o esvaziamento gástrico e a
motilidade intestinal tanto em indivíduos saudáveis magros quanto obesos e também
em pacientes com diabetes tipo 2, além de contribuir para a alteração do volume
gástrico que ocorre antes da ingestão de alimentos (SHAH; VELLA, 2014).
O fato de que o GLP-1 seria uma opção de tratamento eficaz para diabéticos
estimulou a indústria farmacêutica para criação de peptídeos sintéticos com ação
semelhante ao hormônio GLP-1 com meia-vida prolongada e resistente a inativação
enzimática, assim como outra linha de fármacos conhecidos como inibidores de
DPP-IV que ampliam o tempo de meia vida do GLP-1. Com relação aos análogos de
GLP-1, dentre os principais fármacos aprovados pelas agências reguladoras
destacam-se a exenatida, dulaglutida, lixisenatida, liraglutida e semaglutida
(QUADRO 1) (GILBERT; PRATLEY, 2020).

Quadro 1 - Apresentação dos análogos de GLP-1


Princípio Frequência Apresentação Dosagem recomendada
ativo da dose
Exenatida Duas vezes Solução Deve ser iniciada com 5ug por via
(byetta®) ao dia injetável subcutânea por dose 60 min antes
das refeições, podendo ser
aumentada com base na evolução
clínica para 10 ug um mês após o
início da terapia
Dulaglutida Uma vez na Solução O,75mg por via subcutânea.
(Trulicity®) semana injetável Se houver necessidade aumentar
para 1,5 mg
Lixisenatida Uma vez ao Solução 10 ug por via subcutânea uma hora
27

(Lyxumia®) dia injetável antes da primeira refeição, Essa


dose é recomendada para os
primeiros 14 dias e após esse
período aumenta-se para 20 ug.
Liraglutida Diaria e Solução 0,6 mg por via subcutânea 1x na
(Victoza ®) semanal injetável semana, depois aumenta-se a dose
para 1,2 mg uma vez ao dia ou 1,8
mg ao dia se houver necessidade.

Semaglutida Uma vez na Solução 0,25 mg por via subcutânea. Após 4


(Ozempic®) semana injetável semanas aumenta-se para 0,5 mg e
caso haja necessidade pode
aumentar para 1 mg.
Semaglutida Uma vez ao Comprimido Dose inicial de 3 mg durante um
(Rybelsus®) dia mês, logo após deve ser aumentada
para 7mg podendo ser aumentada
posteriormente para 14 mg.
Fonte: Autoria própria (2021)

Observa-se conforme demonstrado no quadro acima que esses


medicamentos se diferem pela duração da ação e dosagem, mas além dessas
diferenciações podemos destacar a farmacocinética, habilidades de redução da
hemoglobina glicada e frequênciados efeitos adversos (GARDNER; HAMDY, 2020).

3.3 SEMAGLUTIDA E SEU MECANISMO DE AÇÃO

A semaglutida é um análogo de GLP-1 que possui 94% de similaridade com o


GLP-1 humano sendo produzido por meio de técnicas de DNA recombinante e
modificação química (MANCHA, 2021).
28

Na figura 5 verifica-se que a diferença na sua estrutura decorre de uma


substituição dos aminoácidos lisina e alanina por ácido alfa-aminoisobutírico na
posição 8 tornando-a mais resistente a degradação da DPP-IV, além disso a
acilação da lisina na posição 26 com espaçador e cadeia de di-ácido graxo C-18
aumenta sua ligação com a albumina. Já na posição 34 outra substituição de
aminoácidos evita a ligação do di-acido graxo C-18 em local errado. Essas
modificações garantem a semaglutida uma meia vida prolongada de
aproximadamente 7 dias(PETER; BAIN, 2020).

Figura 5- Estrutura da Semaglutida

Fonte: KALRA e SAHAY, 2020, adaptado pelo autor

Esse medicamento é indicado para o tratamento da DM2 insuficientemente


controlada sendo utilizada em associação a dieta e atividade física e tem sido
amplamente estudada como uma nova opção para o tratamento da obesidade
(WRIGHT; ARODA, 2020).
Em comparação aos demais medicamentos da mesma classe, a semaglutida
encontra-se superior as demais terapias injetáveis, demonstrando efeitos maiores na
29

redução de glicose, perda de peso além de benefícios sobre o sistema


cardiovascular (STEINBERG; CARLSON, 2019).
Uma das apresentações desse medicamento é na forma de solução injetável
disponível em canetas multidoses contendo 1,5ml no sistema de aplicação,
liberando doses de 0,25 ou 0,5 mg sendo aplicados uma vez por semana(DAVIES et
al.,2017).A absorção total desse medicamento no corpo ocorre entre 1 a 3 dias após
sua aplicação. A metabolização é realizada por meio de clivagem proteolítica e sua
eliminação ocorre por via urinária e fecal (DHILLON, 2018).
De acordo com Smits e Van (2021) os efeitos adversos mais comuns
apresentados pelo uso da semaglutida nos ensaios clínicos foram os distúrbios
gastrintestinais que incluem náuseas, diarreias, vômitos e constipação que
geralmente ocorrem nas primeiras semanas do tratamento e vão diminuindo ao
longo do tempo.
Sua administração raramente irá provocar um quadro de hipoglicemia visto
que, uma vez que os níveis de glicose são reduzidos chegando à normalidade a
estimulação da insulina será diminuída restaurando a secreção de glucagon.
Portanto essa hipoglicemia só poderia ocorrer caso fosse administrada com insulina
e sulfoniureias cujo sintoma já é comum (PETER; BAIN, 2020).
A semaglutida é contraindicada para gestantes, lactantes, pacientes com
diabetes mellitus tipo 1, tratamento de cetoacidose diabética, pacientes com história
pessoal de pancreatite, neoplasia endócrina múltipla tipo 2 ou histórico familiar de
câncer de tireóide(DE PAULO et al.,2021).Essa última contraindicação está
relacionada a estudos iniciais realizados com animais onde foi observado o
desenvolvimento de tumores na tireóide, porém ainda não se sabe sobre esse efeito
em humanos (SMITS; VAN, 2021).
Apesar de ainda não estar sendo produzida e comercializada no Brasil a
formulação oral da semaglutida também utilizada para o tratamento da DM2 foi
desenvolvida e está disponível em doses de 7 mg e 14 mg. Essa versão apresenta
efeitos colaterais menores em comparação a forma injetável e de início a informação
é que se espere 30 min antes de ingerir outro tipo de medicamento após fazer uso
do comprimido, uma vez que por retardar o esvaziamento gástrico ela possa
comprometer a absorção de outros medicamentos orais (ANDERSON; BEUTEL;
TRUJILLO, 2020).
30

O estudo realizado para avaliação do tratamento da semaglutida demonstrou


melhoras significativas nos níveis de hemoglobina glicada, desfechos
cardiovasculares e também na redução de peso (CARMO, 2018). Segundo Dhillon.
(2018) o programa de ensaio clínico (SUSTAIN 6) que avaliou a não inferioridade da
semaglutida em relação ao placebo em desfechos cardiovasculares, contou com a
participação de 3.297 pacientes para receber semaglutida de 0,5 mg, 1,0 mg ou
placebo nas duas doses no período de 104 semanas, sendo incluídos nesse estudo
pacientes com diabetes tipo 2 e nível de hemoglobina glicada≥ 7% acima de 50
anos com doença cardiovascular estabelecida ou acima de 60 anos com fator de
risco cardiovascular adicional.
Os pacientes que fizeram uso de semaglutida tiveram uma redução na
hemoglobina glicada de 8,7% no início do estudo para 7,6% no grupo que recebeu
0,5 mg e 7,3% para o grupo de recebeu 1,0 mg, apresentando também uma redução
de cerca de 3kg do peso corporal (MARSO et al., 2016).O desfecho primário
composto de morte por causas cardiovasculares, infarto não fatal ou acidente
vascular cerebral (AVC) não fatal ocorreu em 6,6% dos pacientes tratados com
semaglutida contra 8,9% dos que foram tratados com placebo atingindo a
inferioridade proposta, além disso, as taxas de nefropatias foram menores, porém
complicações como retinopatia diabética ocorreu em 3,0% dos pacientes que
receberam o medicamento contra 1,8% dos que receberam placebo ena análise de
segurança foi identificado que os pacientes que utilizaram semaglutida
apresentaram maior intolerância gástrica com necessidade de suspensão da
medicação (DHILLON, 2018).
A versão subcutânea de 2,4 mg da semaglutida conhecida como Wegovy foi
aprovada nos Estados Unidos pela Food and Drug Administration (FDA) para o
controle de peso crônico. A wegovy tem sido indicada em associação a dieta e
atividade física para pacientes com IMC ≥ 30 kg/m2 (obeso) ou ≥ 27 kg/m2
(sobrepeso) que apresentem uma relaçao de comorbidade relacionada ao peso
incluindo hipertensão, dislipidemias e DM2 (ELLIOTT; CHAN, 2021).
A aprovação dessa dosagem de 2,4 mg foi baseada no estudo duplo cego
realizado pela New England Journal of Medicine para avaliação da semaglutida no
tratamento da obesidade, tendo a participação de 1961 adultos não diabéticos que
tinham um índice de massa corporal (IMC) >30. Nesse estudo os voluntários foram
31

divididos em dois grupos, sendo que um fez o uso de 2,4 mg de semaglutida no


período de 68 semanas e o outro fez uso de placebo, enfatizando que ambos os
participantes realizaram mudança no estilo de vida e prática de exercício físico,
observando-se no resultado final uma alteração em torno de 14,9% no grupo que fez
uso da semaglutida e 2,4% para o grupo que fez uso de placebo, além disso os
participantes que utilizaram o medicamento demonstraram uma melhora com
relação aos fatores de risco cardiometabólico, entretanto alguns pacientes
apresentaram náusea, vômitos e 4,5% interromperam o tratamento devido a eventos
gastrintestinais (WILDING et al., 2021).
De acordo com Olivieri (2021) ainda nesse estudo 1/3 dos pacientes que
fizeram uso de semaglutida tiveram uma redução de peso de 20%, resultados que
geralmente são obtidos em cirurgias bariátricas.
Apesar da necessidade de mais estudos para verificar a manutenção na
redução de peso em longo prazo, evidências já apontam a eficácia da semaglutida
uma vez por semana em relação aos medicamentos antiobesidade existentes.
Portanto ela surge como uma opção promissora para esse tipo de tratamento
marcando uma nova era no desenvolvimento de medicamentos contra obesidade
(CHRISTOU et al., 2019)
No Brasil a semaglutida (Ozempic) até então aprovada somente para o
controle da DM2 vem sendo utilizado de forma indiscriminada para essa finalidade
sem prescrição médica ou orientação farmacêutica, e essa disseminação tem
ocorrido por meio de redes sociais onde os usuários trocam informações e relatos
sobre sua experiência com o medicamento que vão desde a quantidade de peso
reduzida, efeitos colaterais até indicação de doses consideradas adequadas
(RIBEIRO, 2021).

3.4 USO INDISCRIMINADO DE SEMAGLUTIDA

A busca pelo corpo perfeito está cada vez mais predominante na sociedade
contemporânea, especialmente entre mulheres que se submetem a procedimentos
estéticos, passam por problemas alimentares e muitas vezes acabam se frustrando
com resultados insatisfatórios. Além disso, muitas pessoas que não possuem um
perfil de paciente obeso com necessidade de tratamento têm acesso a
32

medicamentos para essa finalidade utilizando-os de forma incoerente (PAIM;


KOVALESKI, 2020).
Além disso, é possível perceber a influência das mídias sociais no modo de
vida da sociedade principalmente no que diz respeito aos padrões
estéticos, induzindo as pessoas a adotarem medidas que muitas vezes não são as
ideais para atingir o padrão de magreza, como a utilização irracional de
medicamentos como anorexígenos. Esse grupo social muitas vezes
não tem a orientação correta sobre o uso dos mesmos, acarretando riscos de curto e
longo prazo (MEDEIROS, 2020).
Contudo a automedicação é considerada um recurso de tratamento rápido
onde o paciente se responsabiliza por utilizar um medicamento considerando que
ele lhe trará benefícios, entretanto essa prática pode gerar impactos na saúde como
o surgimento de efeitos colaterais e até mesmo dependência medicamentosa (DA
SILVA; DE SOUZA; DE ANDRADE, 2020).
De acordo com Sella (2017) o Brasil é considerado recordista mundial em
automedicação. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto de Ciência
Tecnologia e Qualidade (ICTQ) em 2016, 72% dos brasileiros faz uso de medicação
por conta própria e além da utilização inadequada muitos possuem o hábito de
aumentar as dosagens com o intuito de obter um efeito acelerado. Outra informação
importante é que 40% da população faz autodiagnóstico por meio da internet.
Além disso, percebe-se que a internet tem sido um importante veículo de
informação quando se trata de saúde uma vez que vários conteúdos e informações
referentes a temática são constantemente pesquisados e as mídias sociais têm um
grande impacto na influência do uso indiscriminado desses medicamentos. Isso
ocorre muitas vezes devido a propagandas que enfatizam seus benefícios,
minimizando seus efeitos colaterais e outros riscos (OLIVEIRA et al., 2017).
O uso indiscriminado da semaglutida para o emagrecimento impulsionado por
grupos no Facebook e Whatsapp faz com que muitas pessoas sigam somente
orientações da internet, o que pode elevar ainda mais seus efeitos colaterais.
Segundo médicos e especialistas o uso irregular do medicamento sem
acompanhamento e indicação individualizada pode causar interferências na saúde
desde reações moderadas como enjoos, dor abdominal, vômitos, diarreia,
constipação e até efeitos colaterais graves como retinopatia que pode ocorrer em 1
33

a cada 10 pessoas que fazem tratamento com o fármaco, além disso, trata-se de um
medicamento injetável que tem que ser armazenado de forma adequada, e avaliar
se as doses estão adequadas tanto no sentido de eficácia quanto de segurança,
sendo também necessária a avaliação das contraindicações (GUIMARÃES; SILVA,
2021).
A semaglutida também não deve ser utilizado por mulheres que desejam
engravidar, pois ainda não se sabe os efeitos desse medicamento no feto, sendo
necessário sua suspensão por pelo menos dois meses antes de uma gravidez
planejada (CHAPLIN, 2019).
Assim como todo medicamento utilizado para redução de peso a semaglutida
deve ser utilizada em associação a dieta e exercícios físicos, no entanto muitas
pessoas preferem usar medicamentos que ajudam na perda de peso, no intuito de
reduzirem seu apetite ou queimar calorias, e muitas vezes mantendo hábitos
sedentários e dieta inadequada. Porém essa redução de peso em longo prazo se
torna ineficaz levando ao chamado efeito rebote (WRIGHT; ARODA, 2020; DOS
SANTOS; DA SILVA; MODESTO, 2019).
A literatura evidencia que os principais fatores que promovem a permanência
da automedicação seria a má qualidade de oferta dos medicamentos, dificuldades
de acesso a consultas médicas falta de conhecimento com relação aos efeitos
causados pelo uso desses fármacos sem prescrição, orientação de funcionários nas
farmácias, familiares, amigos, e vizinhos, prescrições antigas e influência da
propaganda (HOFFMANN et al.,2017).
Sendo assim, a atuação do profissional farmacêutico na
orientação ao paciente sobre o uso adequado do medicamento é imprescindível,
podendo até contribuir para diminuição dos possíveis riscos associados à terapia
farmacológica, e até mesmo as interações com outros medicamentos que podem
levar a reações adversas potenciais.Com isso, os usuários ficam cientes dos riscos e
benefícios dessas medicações e problemas decorrentes do seu uso incorreto
(ANDRADE et al., 2019; TAVARES, ÂNGELO; SOUZA, 2017).
34

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A semaglutida é um medicamento considerado promissor para a perda de


peso em pacientes com sobrepeso e obesidade uma vez que seu uso apresenta
uma redução de quase 15% do peso corporal segundo alguns estudos e também
demonstra eficácia em relação a redução de doenças cardiovasculares.No Brasil
apesar de ainda não ser aprovada pela ANVISA para o tratamento da obesidade, a
indicação off label feita por médicos e especialistas é realizada de forma criteriosa, e
apesar de ser um medicamento considerado seguro seu uso deve ser feito de forma
racional, utilizando-o de forma apropriada, em doses corretas e no tempo
estabelecido.
A problemática envolvendo o uso indiscriminado de semaglutida no Brasil é
algo cultural onde pessoas que não estão satisfeitas com o seu corpo fazem uso
desse medicamento visando o emagrecimento sem nenhum tipo de orientação e
acompanhamento médico. Entretanto a automedicação é perigosa uma vez que todo
fármaco possui reações adversas e essa ação poderia ser evitada com o devido
acompanhamento tanto para pacientes que só querem se encaixar nos padrões
impostos pela mídia e sociedade quanto para pacientes obesos.Percebe-se também
a grande influência da mídia principalmente no público jovem através da criação de
tendências sobre padrões de beleza e idealização do corpo perfeito fazendo com
que a sociedade banalize os riscos para que o tão desejado padrão de magreza seja
alcançado.
O uso de medicamentos para perda de peso só deve ser utilizado como
alternativa quando o tratamento não farmacológico não é eficaz e mesmo que seu
uso venha a ser solicitado ele deve estar associado com mudança de estilo de vida
e atividade física. E uma vez que o uso indiscriminado de semaglutida pode gerar
consequências ao usuário torna-se necessário uma maior fiscalização perante seu
uso, além disso, é importante salientar que mesmo que esse medicamento venha a
ser aprovado no Brasil para a obesidade, não se trata de um tratamento estético e
mesmo que venha a ser utilizado por pessoas não obesas é necessário um
acompanhamento de um profissional capacitado.
Portanto por se tratar de um medicamento de fácil acesso não necessitando
de prescrição médica cabe ao profissional farmacêutico limitar o seu uso
35

indiscriminado, valorizando seu uso racional por meio de uma orientação


adequada,observando se o paciente está apto a medicação após uma avaliação da
ausência de contraindicações, por isso destaca-se a importância de manter-se
atualizado sobre os novos fármacos garantido assim uma assistência eficiente.
36

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