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DANIELA COSTA DA SILVA

ATENÇÃO FARMACÊUTICA VOLTADA PARA A DISTRIBUIÇÃO DE


CONTRACEPTIVOS PARA ADOLESCENTES EM UNIDADE BÁSICA DE
SAÚDE (UBS)

IMPERATRIZ
2023
2

DANIELA COSTA DA SILVA

ATENÇÃO FARMACÊUTICA VOLTADA PARA A DISTRIBUIÇÃO DE


CONTRACEPTIVOS PARA ADOLESCENTES EM UNIDADE BÁSICA DE
SAÚDE (UBS)

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao curso de farmácia da
Faculdade Facimp Wyden, como
requisito parcial para obtenção do título
de farmacêutico.

Orientador(a): Prof. Esp. Laynara Santos


Silva

IMPERATRIZ
2023
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FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborar pelo link
https://fichacatalografica.integrees.net/ficha.php
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DANIELA COSTA DA SILVA

ATENÇÃO FARMACÊUTICA VOLTADA PARA A DISTRIBUIÇÃO DE


CONTRACEPTIVOS PARA ADOLESCENTES EM UNIDADE BÁSICA DE
SAÚDE (UBS)

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao curso de farmácia da
Faculdade Facimp Wyden, como
requisito parcial para obtenção do título
de farmacêutico.
Aprovada em 29 /05 / 2023

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________
Prof. Esp. Laynara Santos Silva
Especialista em Farmácia clínica e prescrição-FACIMP
Especialista em Farmácia Magistral Alopática- INSTITUTO RACINE
Faculdade Facimp

_________________________________________________________
Prof. Msc. Rafaela Maianna Cruz de Castro Freitas
Mestre em meio ambiente e desenvolvimento regional
Faculdade Facimp

_________________________________________________________
Prof. Msc. Rayssa Gabrielle Pereira de Castro Bueno
Mestre em gestão e desenvolvimento regional- UNITAU
Faculdade Facimp
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ATENÇÃO FARMACÊUTICA VOLTADA PARA A DISTRIBUIÇÃO DE


CONTRACEPTIVOS PARA ADOLESCENTES EM UNIDADE BÁSICA DE
SAÚDE (UBS)
Daniela Costa da Silva1
Laynara Santos Silva 2

RESUMOO: O profissional farmacêutico é indispensável no âmbito da saúde pois, é de


sua responsabilidade orientar, esclarecer e conscientizar desde a população mais jovem
até o idoso sobre as consequências do mal uso dos métodos contraceptivos, sobre as
interações medicamentosas que podem ocorrer, quais os fatores de risco de acordo com
a idade e a longo prazo, qual método é seguro ou adequado. Portanto este trabalho
objetiva-se analisar a importância do profissional farmacêutico e da atenção
farmacêutica dentro da unidade básica de saúde na dispensação de contraceptivos, assim
como descrever os tipos de métodos contraceptivos e o uso correto e levantar pontos
importantes sobre possíveis problemas em longo prazo. O presente trabalho classifica-se
como uma revisão de literatura, de característica qualitativa e abordagem exploratória e
descritiva. Foram localizados 1903 artigos nas Bases de Dados. Após a aplicação dos
critérios de inclusão e exclusão estabelecidos, identificamos 1013 estudos nas bases de
dados, enquanto 602 foram excluídos após a leitura dos títulos e resumos por não
atenderem aos objetivos desta pesquisa. Dos 76 artigos completos inicialmente
selecionados, 65 foram excluídos após uma leitura minuciosa do conteúdo completo por
não fornecerem informações relevantes para responder à pergunta principal, resultando
em 12 artigos incluídos para a realização desta revisão. Com isso, foi possível discutir a
respeito da função do farmacêutico na dispensação dos contraceptivos, principalmente
no que diz respeito a medidas educativas, associando tal realidade ao público dos
adolescentes. A atenção farmacêutica voltada para a distribuição de contraceptivos para
adolescentes em Unidades Básicas de Saúde (UBS) desempenha um papel crucial na
promoção da saúde sexual e reprodutiva dessa população. A disponibilidade e o acesso
adequado a métodos contraceptivos são fundamentais para evitar gravidezes indesejadas
e prevenir doenças sexualmente transmissíveis.
Palavras-chave: Contraceptivos; Atenção Primária; Assistência Farmacêutica.

1 Acadêmica do 10º período do curso de Farmácia da Faculdade de Imperatriz – FACIMP WYDEN,


danyella192011@hotmail.com
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Orientadora, Mestranda, Professora do curso de Farmácia da Faculdade de Imperatriz – FACIMP
WYDEN, Laynara.farma@gmail.com
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ABSTRACT: The pharmaceutical professional is indispensable in the field of health,


since it is his responsibility to guide, clarify and raise awareness from the youngest
population to the elderly about the consequences of the misuse of contraceptive
methods, about the drug interactions that may occur, which are the risk factors
according to age and long term, which method is safe or suitable. Therefore, this work
aims to analyze the importance of the pharmaceutical professional and pharmaceutical
care within the basic health unit in dispensing contraceptives, as well as describing the
types of contraceptive methods and correct use and raising important points about
possible long-term problems. This work is classified as a literature review, with a
qualitative characteristic and an exploratory and descriptive approach. 1903 articles
were found in the Databases. After applying the established inclusion and exclusion
criteria, we identified 1013 studies in the databases, while 602 were excluded after
reading the titles and abstracts for not meeting the objectives of this research. Of the 76
full articles initially selected, 65 were excluded after a thorough reading of the full
content for not providing relevant information to answer the main question, resulting in
12 articles included for this review. With this, it was possible to discuss the role of the
pharmacist in dispensing contraceptives, especially with regard to educational measures,
associating this reality with the public of adolescents. Pharmaceutical care aimed at
distributing contraceptives to adolescents in Basic Health Units (UBS) plays a crucial
role in promoting the sexual and reproductive health of this population. Availability and
adequate access to contraceptive methods are essential to avoid unwanted pregnancies
and prevent sexually transmitted diseases.

Keywords: Contraceptives; Primary attention; Pharmaceutical care.


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1 INTRODUÇÃO

O acesso universal aos serviços de saúde é um dos princípios que sustentam o


SUS desde a sua criação a partir da Lei Orgânica da Saúde no 8.080/90. Contudo,
estudo tem apontado para barreiras impostas aos usuários, como as filas para marcação
de consultas e atendimentos e dificuldades na garantia da resolutividade e continuidade
da assistência. Apesar de assegurado constitucionalmente, ainda se convive com fatores
limitantes ao acesso aos serviços da Atenção Básica (AB), que são majoritariamente
associados ao contexto socioeconômico ou às barreiras geográficas e aos avanços
correlacionados à ampliação dos serviços oferecidos pela AB (PIRES et al., 2019)
Além disso, a abrangência da oferta de serviços da atenção básica envolve os
aspectos individuais e coletivos da promoção, proteção e recuperação da saúde, com o
objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte a situação de saúde e
autonomia das pessoas. Para isso, é essencial que as Unidades Básicas de Saúde (UBS)
estejam organizadas para disponibilizarem aos usuários o acesso aos serviços com uma
cobertura populacional adequada e alta capacidade de cuidado e de resolutividade,
evitando encaminha- mentos desnecessários de usuários para outros pontos de atenção
da rede de atenção à saúde (MOROSONI; FONSECA; LIMA, 2018)
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2020), o profissional
farmacêutico é o melhor capacitado para conduzir as ações destinadas à melhoria do
acesso e a promoção do uso racional dos medicamentos, sendo indispensável para
organizar os serviços de apoio, necessários ao desenvolvimento da assistência
farmacêutica. A assistência farmacêutica plena, integrada à Atenção Primária, promove
o uso apropriado e evita o fracasso da terapêutica.
O profissional farmacêutico é indispensável no âmbito da saúde pois, é de sua
responsabilidade orientar, esclarecer e conscientizar desde a população mais jovem até
o idoso sobre as consequências do mal uso dos métodos contraceptivos, sobre as
interações medicamentosas que podem ocorrer, quais os fatores de risco de acordo com
a idade e a longo prazo, qual método é seguro ou adequado (FERREIRA; TERRA
JÚNIOR,2018)
Portanto, é importante que a população mantenha instrução acerca da
contribuição do farmacêutico na reparabilidade das ações em saúde e dos riscos que
pode proporcionar aos indivíduos que fazem uso irracional, o profissional farmacêutico
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é capacitado para oferecer esse conhecimento imprescindível e melhor assistência


farmacêutica (SILVA et al.,2013).
Logo, e evidente a abordagem farmacêutica proporciona uma oportunidade de
educação e aconselhamento sobre sexualidade, incentivando a adoção de
comportamentos sexuais responsáveis (CAVALCANTE et al.,2023). Assim sendo esta
pesquisa de justifica pela necessidade de direcionar essa atenção específica para os
adolescentes, estamos contribuindo para a promoção de uma vida saudável e garantindo
o acesso aos serviços de saúde reprodutiva de forma segura e respeitosa.
Diante disso, os objetivos deste trabalho foi analisar a importância do
profissional farmacêutico e da atenção farmacêutica dentro da unidade básica de saúde
na dispensação de contraceptivos, assim como descrever os tipos de métodos
contraceptivos e o uso correto e levantar pontos importantes sobre possíveis problemas
a longo prazo, correlacionando com o mau uso, contudo conscientizar os adolescentes
sobre a automedicação sem orientação do profissional farmacêutico.

2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Uso Irracional De Medicamentos

O uso irracional de medicamentos é configurado quando o paciente se


automedica de acordo com indicação de terceiros não capacitados, ou somente
confiando em si mesmo em busca de aliviar sintomas, sem a orientação de
farmacêutico, correndo o risco de sofrer reações adversas e interações medicamentosas,
intoxicações e agravamento do quadro clínico (FERNANDES et al., 2018).
A medicação, se tomada de maneira incorreta ou diferente da forma orientada,
pode ter sua segurança comprometida. A eficiência, eficácia e efetividade do
medicamento devem ser analisadas (CUNHA et al.,2018).
Em se tratando da segurança dos medicamentos e do perigo do uso irracional e
indiscriminado de medicações, podendo gerar danos ao paciente e agravamento do
quadro clínico, dados do sistema nacional de informações tóxico-farmacológicas sobre
intoxicações, apontam que os medicamentos são os maiores responsáveis pelas
intoxicações no país. Apontam também que essas intoxicações são causas de óbitos e
sequelas (OLIVEIRA, 2018).
O uso irracional de medicamentos é a compra indiscriminada e a utilização
desnecessária ou sem supervisão médica ou técnica de medicamentos, tornando-se um
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problema de saúde pública (SILVA et al.,2018). Oliveira (2018) menciona que um dos
grandes problemas do uso irracional da medicação é a possibilidade de intoxicação.
Estima-se que os analgésicos são os medicamentos mais comuns em casos de
automedicação, tanto em adultos quanto em crianças, e geralmente a motivação
principal para sua utilização é algum tipo de dor, segundo (SILVA et al.,2018).
Para Vieira (2017) um dos principais fatores para o desenvolvimento de
resistência a antibióticos é o uso irracional, em alguns casos causado pelo uso indevido
do medicamento, utilização de maneira errada e sem orientação de profissional da saúde
e tempo de tratamento interrompido.

2.2 Uso irracional de contraceptivos

A escolha de qual medicamento usar é pessoal, no entanto existem


características ou condições clínicas evidenciadas em cada usuária podem ser
considerados para essa seleção e havendo contraindicações, dependendo de situação
clínica presente. A confiança do método é imprescindível para que não ocasione efeitos
colaterais ou riscos à saúde (POLI et al., 2009).
O uso de métodos contraceptivos hormonais por mulheres sexualmente ativas é
um tema que ainda gera muita dúvida e discussão. Fatores culturais, religiosos e a falta
de acesso a informações adequadas fazem com que muitas mulheres iniciem suas vidas
sexuais sem a utilização de um método contraceptivo adequado, motivo muitas vezes de
uma gravidez precoce indesejada. Dados recentes apontam que no Brasil, um em cada
cinco bebês nasce de uma mãe com idade entre 10 e 19 anos (COE, 2017)
Os métodos contraceptivos são ferramentas capazes de prevenir a fecundação,
porém o único método que possui uma dupla atividade onde atua como contraceptivo e,
ao mesmo tempo, barreira para infecções sexualmente transmissíveis (IST) é o uso da
camisinha (MEDEIROS, 2019)
A procura pelo contraceptivo de emergência (CE) tem aumentado
consideravelmente num período de 10 anos. Junto ao aumento da procura, aumentou
também seu uso abusivo. Esse aumento pode ser justificado pela facilidade em
encontrar o CE em farmácias e drogarias e da dispensabilidade da receita médica para
comprá-lo, o que infringe as normas recomendadas pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) (BRANDÃO, et al., 2017).
O método contraceptivo de emergência é altamente eficaz, porém se fizer um
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uso prolongado e/ou irracional do levonorgestrel (LNG) pode acarretar grandes


prejuízos à saúde da mulher, com ênfase para o câncer de mama e colo uterino. É valido
mencionar diminuição da eficácia terapêutica, com possível gravidez indesejada ou até
mais uma infertilidade. (MIRANDA et al.,2019)
Vale ressaltar que os anticoncepcionais hormonais não são usados apenas para
evitar gravidez, mas também no tratamento de desequilíbrios hormonais que pode gerar
acnes, desregulação no ciclo menstrual, fortes cólicas menstruais e para o tratamento de
mulheres que possuem ovário policístico. É importante que estes medicamentos devem
ser receitados pelo médico especialista na área, para garantir a funcionalidade
terapêutica de acordo com a necessidade da paciente (FERREIRA et al., 2019).
É notório o uso disseminado de anticoncepcionais sem prescrição, é muito
provável o desconhecimento do uso contraindicado e efeitos adversos para a saúde. O
uso desses medicamentos com a presença de algumas situações patológicas como
hipertensão arterial pode elevar o risco de acidente vascular encefálico (AVE) e infarto
agudo do miocárdio (IAM). Por essas razões há a contraindicações em casos de diabetes
mellitus com doença vascular, tabagismo em mulheres com 35 anos ou mais, doenças
cardiovasculares, tromboembolismo, enxaqueca com aura, dentre outros (CORRÊA et
al., 2017).

2.3 Automedicação de contraceptivos por adolescentes

Sabe-se que a adolescência é um momento natural do desenvolvimento do ser


humano, porém, não é uma fase fácil de ser atravessada. Entende-se que, nesse período
de transição da infância para a vida adulta, surgem muitas mudanças fisiológicas e
também psicossociais. Transforma-se o corpo inteiro, dentro e fora, e o jovem percebe
essas mudanças, nota uma evolução da sua sexualidade e, com todos os hormônios à
flor da pele, surgem desejos que antes eram desconhecidos (OLIVEIRA, 2017).
A iniciação sexual ocorre com grande frequência no período da adolescência e
esse evento pode expor essa população a contextos de vulnerabilidade às infecções
sexualmente transmissíveis (IST), gravidez não planejada (GNP) e aborto. Isso indica
que esse grupo é o alvo de atenção na assistência à saúde sexual, especialmente nas
questões de planejamento reprodutivo e acesso aos meios de contracepção (VIEIRA,
2017).
Os produtos contraceptivos são categorizados pelo seu conteúdo hormonal e
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método de ação. As opções hormonais incluem pílulas anticoncepcionais orais, adesivos


anticoncepcionais, implantes, injeção, dispositivos intravaginais e intrauterinos. Os
produtos de barreira previnem a gravidez criando um obstáculo físico para a fertilização
bem sucedida de um óvulo pelos espermatozoides. Todos os produtos e métodos estão
associados a benefícios e complicações potenciais que devem ser considerados com o
paciente e os profissionais de saúde na seleção da opção mais satisfatória (COLQUITT;
MARTIN, 2017).
No entanto, existem efeitos colaterais muito comuns associados ao uso de
contraceptivos, entre estes se destacam: tonturas, náuseas, dores de cabeça,
irritabilidade, miastalgia, vômitos, aumento do apetite com consequente ganho de peso,
queda de cabelo e alterações no apetite sexual (ALMEIDA; ASSIS, 2017).
O uso de alguns contraceptivos, entre eles os por via oral, também aumenta o
risco de doença cardiovascular, em particular o risco de tromboembolismo venoso,
enfarte do miocárdio e acidente vascular cerebral. O risco de doença grave ou morte
atribuível ao uso de contraceptivos orais por efeitos cardiovasculares adversos
concentra-se principalmente entre mulheres com mais de 30 anos e que apresente algum
fator de risco cardiovascular, como por exemplo, ser ou já ter sido fumante
(NOVOSARTYAN, 2021).
A utilização dos métodos hormonais teve um aumento, desde 1995 o uso
repetitivo da anticoncepção de emergência cresceu nos Estados Unidos da América
entre as mulheres de15 a 44 anos de idade, de 0,8% no ano de 1995 aumentando para
20% em 2011 a 2015. No Brasil a taxa é de 51% em 1970 para 79% em 2015
(MIRANDA et al., 20180.
Podemos observar que o crescimento do consumo de anticoncepcionais reflete
no índice de fecundidade no Brasil, quadro em que o país vem apresentando alta queda
no índice. Conforme os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa bruta de fecundidade de 6,3 filhos no ano de 1960 reduziu para 1,7 filho por
mulheres no ano de 2015. No entanto essa diminuição ocorreu de forma diferente entre
as classes sociais (TRINDADE et al., 2019).
A ocorrência de gravidez não planejada constitui um indicador de falha na saúde
reprodutiva, que pode ser decorrente de multiplos fatores, como sexo sem proteção, uso
incorreto e descontínuo dos métodos contraceptivos, dificuldades na negociação com o
parceiro para o uso do preservativo, além do acesso precário à informação e aos
métodos contraceptivos (ARAÚJO; NERY,2018).
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A contracepção de emergência mais utilizada é a pílula anticoncepcional de


emergência, ou comumente chamada de "pílula do dia seguinte". A pílula
anticoncepcional de emergência deve ser tomada o mais rápido possível após o sexo
desprotegido para garantir máxima eficácia (SOUSA; CIPRIANO, 2021).
No Brasil, o planejamento de gravidez ainda não é uma realidade para a maior
parte das mulheres. Um estudo realizado em São Paulo mostrou que as mulheres que
têm mais chances de realizar o planejamento são as mais velhas, que exercem trabalho
remunerado e possuem maior intervalo de tempo entre a menarca e a primeira relação
sexual (ARAÚJO; NERY, 2018).
Esses anticoncepcionais hormonais também podem apresentar efeitos não
contraceptivos, porém benéficos, podendo atuar na redução da doença inflamatória
pélvica (DIP), da gravidez ectópica, da endometriose, da frequência de cistos funcionais
de ovário, da incidência do adenocarcinoma de ovário e endométrio, da dismenorreia,
dos ciclos hipermenorrágicos e da anemia por deficiência de ferro, além de melhorar a
pele oleosa, com acne e o crescimento de pelos em regiões indesejadas pela mulher e
que são comuns em homens (BRANDT et al., 2018).
Sabe-se que uma gravidez indesejada e precoce na adolescência pode gerar não
só vários riscos à saúde e à vida da mãe e do bebê, mas também dificuldades
psicossociais, principalmente pelo fato de o jovem ter de adiar ou anular sonhos
pessoais e profissionais. A população adolescente hoje é sexualmente ativa e demanda
cuidados preventivos com relação à saúde reprodutiva, principalmente devido à
necessidade de reduzir consequências negativas da prática sexual insegura, devendo os
serviços de saúde estar adequadamente preparados para receber e resolver a necessidade
dos jovens (SICHIERI et al.,2016)

2.4 Atenção Farmacêutica

Nos últimos anos, tem-se intensificado as discussões sobre os avanços em


políticas públicas voltadas a saúde da mulher no Brasil. Uma das principais conquistas é
o fato de poder planejar o momento certo para ter um filho, sem prejuízos à saúde. Tal
conquista foi assegurada pela Constituição Federal de 1988 e também pela Lei n° 9.263,
de 1996, conhecida como planejamento familiar ou reprodutivo, podendo ser exercido
fora do contexto familiar, é um conjunto de ações que auxiliam as pessoas que
pretendem ter filhos, o melhor momento para tê-los e o espaçamento entre um filho e
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outro. (BONATTI,2018).
A humanização deve estar presente em todos os serviços e atendimentos do
SUS, através dos seus princípios propostos na PNH: transversalidade, indissociabilidade
entre atenção e gestão, protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e
coletivos. As atividades e serviços de saúde encontrasse organizadas em redes de
atenção regionalizadas e hierarquizadas, de maneira a assegurar a assistência integral
aos seus cidadãos, evitando a fragmentação das atividades e ações em saúde (BORGES
et al.,2016)
Segundo o Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011, consta no art. 7º que “As
Redes de Atenção à Saúde estarão compreendidas no âmbito de uma Região de Saúde,
ou de várias delas, em consonância com diretrizes pactuadas nas comissões
intergestores”. E em seu art. 30 que: “As comissões intergestores pactuarão a
organização e o funcionamento das ações e serviços de saúde integrados em redes de
Atenção à Saúde”.
Segundo a Política Nacional de Assistência Farmacêutica (Resolução
CNSnº338/2004), a assistência farmacêutica reúne diversas ações direcionadas à
promoção, proteção e recuperação da saúde, de cada indivíduo e também do coletivo,
tendo o medicamento como insumo essencial visando ao acesso e seu uso racional.
O farmacêutico pode trazer contribuições significativas à equipe multidisciplinar
que atua no ciclo da assistência farmacêutica, que vão muito além do simples papel de
dispensar os medicamentos, sendo fundamentais para garantir o uso racional e seguro
dos medicamentos, bem como alertar quanto aos erros de medicação e como preveni-
los. É no momento em que o farmacêutico assume responsabilidades no cuidado com o
paciente, por meio da prática da Atenção Farmacêutica, que são identificados inúmeros
problemas relacionados aos medicamentos (PRM) e dificuldades na adesão ao
tratamento farmacológico (ARAUJO et al.,2017).
A Assistência Farmacêutica (AF) é um componente da atenção à saúde cuja
finalidade é a provisão oportuna de medicamentos seguros e de qualidade, contribuindo
para a prevenção de doenças e para a promoção e recuperação da saúde. As atividades
da AF deverão ser realizadas de forma multiprofissional, interdisciplinar e intersetorial,
articulando e integrando as ações e serviços, em suas múltiplas dimensões, realizadas
nos diferentes níveis de atenção à saúde (PO,2019)
O farmacêutico é o profissional de saúde que se encontra com maior
proximidade ao paciente, além disso, nas farmácias de todo o país são extremamente
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requisitados nas orientações, pois, dão segurança ao consumidor no momento da


compra de alguma medicação, proporcionam confianças ao orientar quanto à utilização
correta da substância farmacológica, modo de administração, prescrição, reações
adversas, dentre outros. O que garante uma melhor qualidade na saúde do paciente
levando a prevenção de problemas maiores, devido ao uso adequado da substância
(MATSUOKA; GIOTTO, 2019).

2.5 Atuação Farmacêutica em Unidade Básica de Saúde (UBS)

A atuação do profissional farmacêutico na UBS se dá tanto pela assistência


direta ao usuário quanto em atividades ligadas à gestão dos medicamentos, assim como
por meio de atividades de matriciamento junto às equipes da ESF, na medida em que se
insere no Núcleo Ampliado de Saúde da Família (Nasf) (BRASIL, 2011).
A atuação farmacêutica,na qual o profissional farmacêutico desempenha papel
ativo em benefício do paciente, auxiliando o prescritor na seleção do medicamento, e
colabora de forma direta para que aconteça o tratamento desejado (BARROS; SILVA;
LEITE, 2010).
Segundo a Carteira de Serviços da Atenção Primária do Distrito Federal (2016),
as ações de responsabilidade do farmacêutico são programação de medicamentos e
produtos para saúde, educação em saúde, ações de farmacovigilância, atuação em
conjunto com a equipe e realização de orientação farmacêutica e acompanhamento
farmacêutico. O uso de qualquer medicamento, mesmo que apropriado, exige o
acompanhamento farmacoterapêutico para que o paciente receba orientação adequada,
aumentando assim as chances da adesão e sucesso no tratamento, principalmente das
doenças crônicas.
Na prática da AF em UBSs, é essencial que a relação entre o usuário e o
farmacêutico transcorra de forma integral através das ações de prevenção e promoção da
saúde. Esse profissional deve compreender, com olhar crítico, as patologias e o
tratamento medicamentoso, bem como deve adotar medidas preventivas para contribuir
com uma sociedade mais saudável. As medidas envolvem, entre outras, os cuidados
farmacêuticos com consultas periódicas, a realização de palestras e campanhas e a
elaboração de materiais educativos para estimular hábitos que retardam ou evitem
agravos de saúde (FEITOSA et al., 2020).
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Precisamos priorizar a saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes porque a


gravidez não planejada e as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) são uma
importante causa de morbidade na adolescência. A carga de problemas de saúde sexual
não é trivial na população local (ARAUJO,2017).

2 METODOLOGIA

O presente trabalho classifica-se como uma revisão de literatura, de


característica qualitativa e abordagem exploratória e descritiva. De acordo com Gil
(2017), as pesquisas exploratórias tendem a ser mais flexíveis em seu planejamento,
pois observou-se e compreendeu os mais variados aspectos relativos ao fenômeno
estudado pelo pesquisador.
De forma complementar, segundo Soares et al. (2014), uma revisão de literatura
pode ser conceituada como é uma metodologia de pesquisa que busca sintetizar e
analisar de forma abrangente os resultados de estudos já publicados sobre um
determinado tema. É um processo sistemático e rigoroso que envolve a identificação,
seleção, avaliação e interpretação crítica de diversos estudos, com o objetivo de obter
uma visão abrangente e aprofundada sobre o assunto em questão.
Dessa forma, para a construção dessa pesquisa, foram utilizadas as seguintes
bases de dados: LILACS, MEDLINE e SciELO. Ademais, foram utilizados os seguintes
Descritores em Ciências em Saúde (DeCs): contraceptivos, atenção primária e
assistência farmacêutica, estas combinadas pelo operador booleando “AND”.
Como critérios de inclusão, foram citados a utilização de trabalhos científicos
(artigos, dissertações e teses) que foram publicados a partir de 2016. Entretanto, para
construção do referencial teórico, foram adotados artigos publicados entre o ano de
2009 e 2023. Os sujeitos da pesquisa são artigos, sites e revistas que abordam o tema
escolhido. Ressalta-se ainda, a utilização de manuais do Ministério da Saúde do Brasil
como fonte de dados. Foram excluídas pesquisas que não abordassem a temática
pretendida.
Todos os dados foram gerados a partir de pesquisas nas bases de dados
bibliográficas. Esta etapa foi caracterizada pela definição dos critérios para a busca dos
trabalhos que foram utilizados para construir a revisão literária, foi incluído material
que tinha relação com a pesquisa e que pode ser acessado. Onde demonstrou a
relevância do tema pesquisado. O presente trabalho proporcionou um conhecimento
16

científico importante, uma vez que estimula ampliar os conhecimentos na área,


fortalecendo uma visão mais ampla sobre a atuação do farmacêutico mediante a venda
de anticoncepcionais.

3 RESULTADOS
Foram localizados 1903 artigos nas Bases de Dados. Após a aplicação dos
critérios de inclusão e exclusão estabelecidos, identificamos 1013 estudos nas bases de
dados, enquanto 602 foram excluídos após a leitura dos títulos e resumos por não
atenderem aos objetivos desta pesquisa. Dos 76 artigos completos inicialmente
selecionados, 65 foram excluídos após uma leitura minuciosa do conteúdo completo por
não fornecerem informações relevantes para responder à pergunta principal, resultando
em 14 artigos incluídos para a realização desta revisão.
O fluxograma abaixo demostra como ocorreu o procedimento de busca de
materiais:

Fluxograma 1- Fluxograma do esquema de seleção de artigos

Documentos Artigos excluídos:


Identificação

encontrados nas Duplicidade (n=30)


plataformas: Ano de publicação (n=412)
LILACS (n=234) Outros (397)
MEDLINE (n=278)
SciELO (n=501)

Artigos excluídos por


Avaliados para título e/ou resumo
Elegibilidade

elegibilidade (n=174) (n=141)

Selecionados para
leitura íntegra (n=31) Não disponibilizado na
íntegra (n=2)
Inclusão

Artigos incluídos na
revisão (n=14)

Fonte: Adaptado Do Prisma, 2020.


17

O quadro 1 clarifica tal distribuição e apresenta dados como autor/ano; objetivo;


metodologia e principais achados.

Quadro 2. Quadro sinóptico com a distribuição e organização dos artigos selecionados considerando ano,
autor(es), objetivo, metodologia e principais achados.
Autor(es)/a Objetivo Metodologia Principais achados
no
Avaliar o nível de
conhecimento das
mulheres usuárias, ou
que tinham intenção
de uso, do
contraceptivo de
emergência conhecido Nossos achados alertam para
como “pílula do dia que se tenha uma maior
CAVALCA seguinte”, permitindo preocupação em relação à
NTE et um melhor Recorte Transversal possibilidade de uso indevido
al.,2016 acompanhamento da desse medicamento, e seu
sua utilização, e fácil acesso nas farmácias
disponibilização de comunitárias.
dados
farmacoepidemiológic
os úteis para
promoção do uso
racional desse
medicamento
Os participantes apresentaram
percepções prévias e
superficiais a respeito dos
métodos contraceptivos, da
Identificar a prevenção de IST e da
compreensão de gravidez na adolescência,
Caracteriza-se como um
adolescentes em visto que alguns também
ALMEIDA estudo quantitativo do
relação à sexualidade relataram não ter
et al.,2017 tipo descritivo com
e saúde reprodutiva conhecimento sobre nenhum
amostra probabilística
em escolas públicas método contraceptivo. O
do Sul Catarinense. estudo ainda identificou que a
maior parte dos adolescentes
estabelece mais comunicação
acerca do tema com amigos
do que com seus pais
Os resultados do presente
Avaliar as alterações
estudo reforçam a convicção
fisiológicas, os efeitos
de que a sociedade e seus
colaterais e as reações
ALMEIDA; dirigentes devem,
adversas que se Revisão de literatura
ASSIS,2017 efetivamente, voltar seus
relacionam ao uso de
esforços para garantir a
anticoncepcionais
consolidação dos programas
hormonais orais
de atenção à saúde da mulher.
18

Para tanto, devem enfatizar a


informação, a orientação e o
acesso à anticoncepção,
levando em consideração o
princípio dos direitos
reprodutivos
Obteve-se a participação
voluntária de 383
farmacêuticos, 74,5%
pertencentes ao sexo
feminino e 25,5%, ao
masculino, e a maioria
(78,1%) afirmou que os
Conhecer as
consumidores costumam
concepções e práticas
apresentar dúvidas sobre a
dos farmacêuticos
BRANDÃO contracepção de emergência e
sobre a Pesquisa de campo
,2017 seu uso, e procuram os
comercialização da
profissionais para saná-las. A
contracepção de
maior parte dos entrevistados
emergência no país.
(88,4%) já buscou
informações a respeito da
contracepção de emergência,
e uma parcela significativa
deles (49,9%) desconhece sua
distribuição no Sistema Único
de Saúde (SUS).
Por meio do estudo observou-
se que o tromboembolismo é
o risco mais frequente
causado pela contracepção
GONÇALV Analisar as
prolongada. A idade que mais
ES; consequências do uso Estudo transversal
faz o uso de contraceptivo
GOMES, prolongado dos observacional
hormonal encontra-se entre
2019 contraceptivos orais.
15 e 25 anos de idade. De
acordo com a literatura o
contraceptivo mais utilizado é
o hormonal oral.
A prevalência da
anticoncepção é alta, mas
mantém-se a concentração em
LAGO et
dois métodos: anteriormente,
al., 2020 Analisar os fatores
laqueadura e pílula, agora,
associados ao não uso
pílula e preservativo
de contracepção e aos Estudo de corte
masculino. É necessário
tipos de transversal
incorporar novos
contraceptivos em
contraceptivos hormonais no
uso.
Sistema Único de Saúde
(SUS) e promover o uso de
métodos de longa duração
como o DIU.
19

Os contraceptivos surgiram
Descrever os
dando certa liberdade à
principais tipos de
mulher no que di respeito à
anticoncepcionais
gravidez, permitindo que elas
hormonais, abordar os
escolham o momento para
mecanismos de ação Trata-se de um estudo do
SANTOS et ideal isto. Entretanto, como
de cada um e tipo observacional,
al., (2020) todo fármaco, os
descrever descritivo e transversal
anticoncepcionais têm efeitos
surgimento de
colaterais, até mais fortesque
patologias
outros medicamentos por se
relacionadas ao uso
tratar de um combinado de
prolongado destes.
hormônios.
o método contraceptivo oral é
PALUDO; Investigar os efeitos um dos mais eficientes e que
ZANELLA; adversos causados desde que escolhidos
Revisão de literatura
POMPERM pelo seu uso e suas cautelosamente, reduzem
AIER,2021 contraindicações bastante o risco de
complicações.
Estimar a prevalência
do uso de métodos Mais de 80% das mulheres
contraceptivos (MC) relataram utilizar algum MC,
TRINDAD de acordo com sendo o contraceptivo oral o
Trata-se de um estudo
E et variáveis mais utilizado (34,2%),
transversal
al.,2021 sociodemográficas seguido dos cirúrgicos
entre mulheres (25,9%) e das camisinhas
brasileiras em idade (14,5%).
reprodutiva.
o uso de anticoncepcionais a
Conscientizar sobre
longo prazo favorece o
os efeitos colaterais,
aparecimento de reações
formas corretas de
adversas, a extensão e a
uso e reações
ALENCAR complexidade da bula
adversas geradas a Revisão de literatura
et al.,2022 dificultam o acesso à
partir do consumo
informação e o tabu que ainda
irracional de
existe no tema sexo na
anticoncepcionais
adolescência favorecem tais
orais combinados.
eventos.
Desenvolver um
serviço de atenção Ressalta-se que a ausência do
farmacêutica visando profissional farmacêutico na
aumentar a atenção básica de saúde para
efetividade do prestar orientações sobre o
SILVA,202
medicamento e Pesquisa de campo uso correto do medicamento
3
garantir o seu uso requer, no mínimo, trabalhos
racional em duas voltados para promoção do
Unidade Básica de cuidado em saúde para a
Saúde da Família população.
(UBS).
Fonte: Elaborado pela autora, 2023.
20

4 DISCUSSÃO
4.1 Principais tipos de contraceptivos utilizados

Com o início precoce da atividade sexual, surge a necessidade de utilizar


métodos de controle de natalidade que evitem uma gravidez indesejada. De acordo com
informações do Ministério da Saúde (2011), atualmente há disponibilidade gratuita de
oito tipos de métodos contraceptivos reversíveis. Esses métodos incluem o preservativo
feminino e masculino, a pílula anticoncepcional oral, a minipílula, a injeção mensal, a
injeção trimestral, o dispositivo intrauterino (DIU), a pílula contraceptiva de
emergência, o diafragma e os cutâneos (ALMEIDA; ASSIS,2017).
Com base nisso, atualmente há uma relevante diversidade de métodos
contraceptivos disponíveis, é crucial entender os diferentes tipos mais utilizados, suas
eficácias, benefícios e potenciais efeitos colaterais.
No estudo elaborado por Lago et al. (2020) foi possível analisar a prevalência do
contraceptivo hormonal utilizado por mulheres do Município de São Paulo,
administrado via oral, no recorte transversal utilizado, foram analisadas 2885 mulheres,
dessa forma, constatou-se que 27% utilizam pílula, 19% preservativo masculino, 10,4%
contraceptivo hormonal. Além disso, foi perceptível também, associações, sendo 8,9%
associam pílula e preservativo masculino, 7,5%, optaram por laqueadura e 7,5% afirmas
que parceiros realizaram vasectomia.
Complementando tal perspectiva, no estudo de Trindade et al. (2021) além de
trazer dados a respeito dos anticoncepcionais mais utilizados na população analisada,
infere outra reflexão, que diz respeito a desigualdades e planejamento reprodutivo.
Segundo os dados colhidos pelo autor, cerca de 3,7% das brasileiras não evitam a
gravidez, pois não sabem como evitar ou aonde ir ou a quem procurar para lhe dar
orientações, o que dificulta o planejamento da família.
Em outra perspectiva, Trindade et al. (2021) observou também divergências em
relação a contracepção utilizada pelas mulheres baseadas nas características
sociodemográficas. Sendo, a região Sudeste segue o mesmo padrão nacional em relação
aos métodos contraceptivos.
No entanto, na região Centro-Oeste, há uma preferência maior pelos métodos
cirúrgicos (34,4%) em comparação com o uso da pílula anticoncepcional (32,0%). Nas
regiões Norte e Nordeste, as esterilizações também ocupam uma posição de destaque no
ranking, mas os habitantes do Norte têm uma preferência maior pelo uso de
21

preservativos (23,6%) em comparação com os contraceptivos orais (16,5%). Na região


Sul, observam-se características peculiares, pois a pílula anticoncepcional (ACO) é o
método mais utilizado (44,7%), seguida pelos preservativos (13,8%) e pela dupla
proteção (13,6%).

4.2 Uso dos contraceptivos e seus efeitos

Compreende-se que contraceptivos, conforme afirma Gonçalves e Gomes (2019)


é um método utilizado principalmente pelas mulheres a fim de evitar gravidez. Esses
métodos podem ser de origem hormonal ou não. É importante considerar, portanto, que
a escolha deve levar em consideração, de acordo o estudo de Almeida e Assis (2017)
requisitos como atender às necessidades pessoais de cada indivíduo, considerando
diversos fatores, como idade, nível de educação, status socioeconômico, condições
físicas e contexto social.
Dessa forma, faz-se necessário analisar o risco benefício do uso do
anticoncepcional pois de acordo a análise feita no estudo de Santos et al. (2020), o uso
prolongado de anticoncepcional pode gerar malefícios a saúde da mulher. De acordo
com o autor, os malefícios podem estar relacionados principalmente ao
desenvolvimento de patologias secundaria, provocadas pelo próprio mecanismo de ação
do contraceptivo, entretanto, a pesquisa faz referência a outra problemática bastante
pertinente, a maior propensão a infecções sexualmente transmissíveis (IST’s).
De forma a complementar esta perspectiva, Almeida et al. (2017) elaborou uma
pesquisa na qual mostrou a percepção que os adolescentes tinha no que diz respeito a
contracepção oral e prevenção de IST o relato obtido pelos indivíduos contataram que
de fato, anticoncepcional hormonal, seja ele administradas de forma oral, seja injetável,
são excelente para prevenir gravidez, entretanto, dão margem para a instalação de IST,
uma vez que os métodos de barreira são os designados a esse tipo de proteção.
Ainda na literatura, Cardoso et al. (2019) argumenta que a negligencia na falta
de conhecimento a respeito do método utilizado e a própria prática de utilização, quando
não há adequação ao estilo de vida do indivíduo tornam a problemática ainda mais
pertinente.
Por outro lado, é válido ressaltar os efeitos colaterais oriundos do próprio
mecanismo de ação do medicamento, algumas mulheres apresentam mudanças no
humor, alterações no peso corporal, sensibilidade nos seios e náuseas. Esses efeitos
22

colaterais costumam ser leves e temporários, diminuindo com o tempo ou com a


mudança para outro tipo de contraceptivo. Existem também preocupações sobre
possíveis riscos à saúde associados ao uso prolongado dos contraceptivos hormonais,
como um ligeiro aumento no risco de trombose venosa profunda, embolia pulmonar e
certos tipos de câncer (PALUDO; ZANELLA; POMPERMAIER, 2021).
Corroborando com a ideia deste autor, Steckert; Nunes e Alano (2016) apontam
em seu estudo a forte prevalência de enxaqueca e maior risco ao desenvolvimento de
Trombo e aumento de peso entra as mulheres que utilizam a pílula contraceptiva.
Em outro plano, Sousa et al. (2022) apontam que quando se trata de
anticoncepcional oral combinado os riscos são ainda maiores, tendo em vista que a
composição do anticoncepcional e basicamente caracterizada pela presença do
estrógeno e progesterona, na qual cada um desempenha sua função. Entretanto, quando
se trata das minipílulas, geralmente utilizadas em emergências, há apenas a
progesterona, por este motivo pode inferir em menos intercorrências a mulher.
Outrossim, o estudo de Sousa et al. (2021) argumenta que os efeitos podem
variar também conforme a via de administração. Dessa forma, fazendo um paralelo com
o estudo de Almeida e Assis (2017) que destaca as principais vias de administração
disponíveis gratuitamente, o quadro 2 relaciona os principais efeitos colaterais e a forma
de utilização do contraceptivo:

Quadro 2- Principais efeitos colaterais relacionado a cada via de administração.


Via de administração Efeito Colateral
Oral Náuseas, vômitos, tontura, cefaleia,
sensibilidade mamaria e cãibras.
Injetável Amenorreia, irregularidades de fluxo
menstrual, irregularidades na forma de
spottings (manchas) e sangramentos
abundante, cefaleia, tonturas, mastalgias e
aumento de peso.
Cutânea Sintomas mamários, cefaleia, reações no
local de aplicação, náuseas, dismenorreia e
infecções do trato respiratório.
Dispositivos intrauterino Dor pélvica, sangramentos (escapes) e
infecções intercorrentes.
Fonte: Elaboração dos autores, adaptado de Sousa et al. (2021)
23

Com base nisso, é evidente que contraceptivos apesar de promover benefícios a


mulher, principalmente no que diz respeito a questões relacionadas à gravidez
indesejada, o uso pode impactar em efeitos colaterais que podem ser nocivos a sua
saúde e curto e longo prazo, conforme aponta os estudos de Santos et al (2021) trazendo
efeitos a curto prazo, e a pesquisa de Paludo; Zanella e Pompermaier (2021) com efeitos
mais complexos, como trombose venosa profunda, desenvolvimento de câncer e
embolias.

4.3 Importância do farmacêutico na dispensação de contraceptivos na Unidade


Básica de Saúde (UBS)

O farmacêutico desempenha um papel fundamental na dispensação de


contraceptivos na Unidade Básica de Saúde (UBS), garantindo o acesso seguro e
adequado a esses medicamentos. Nesse sentido, no estudo de Cavalcante et al. (2016)
pôde-se perceber a ação do farmacêutico, principalmente no que diz respeito ao papel
educativo.
Tal situação torna-se necessária, pois assim conforme afirma o estudo de
Alencar et al. (2022) a falta de conhecimento dos métodos contraceptivos entre os
adolescentes ainda é uma realidade, e isto é reflexo da falta de orientação profissional,
pois segundo a pesquisa, quando questionados, afirma que a pouca orientação que tem a
respeito de educação sexual, é oriunda da internet, revista ou ate mesmo amigos e não
necessariamente de profissionais da saúde capacitados.
Em uma nova perspectiva, Brandão (2017) afirma que há diversos desafios a
respeito da gestão de contraceptivos para mulheres, principalmente adolescentes, a isto
esta associada as diversas vertentes que devem ser analisadas como condições de saúde,
renda, religião, etc. O autor associa ao publico dos adolescentes, ao citar exatamente a
vulnerabilidade deles em relação a todos esses aspectos aliado a falta de apoio dos pais
e principalmente a possível ausência do profissional no processo de orientação.
Os farmacêuticos desempenham uma função essencial na promoção do uso
adequado de medicamentos. Como o último profissional a interagir com o paciente no
ciclo da medicação, eles têm a responsabilidade de auxiliar e prevenir o uso inadequado
de medicamentos, evitando problemas associados a eles, automedicação e reações
adversas decorrentes do uso indevido de medicamentos (OLIVEIRA; COSTAS.
24

FRANCO, 2021).
No estudo de Silva (2023) foi analisado de forma direta a função do
farmacêutico, como parte de uma equipe multidisciplinar de uma Unidade Básica de
Saúde (UBS), no processo direto de dispensação de medicamentos. No estudo foi
perceptível que o profissional atua principalmente no que diz respeito a educação em
saúde no processo de dispensar o anticoncepcional.
Logo, é evidente que de forma geral, além de serem responsáveis por garantir o
acesso seguro e adequado a esses produtos, os farmacêuticos também desempenham um
papel importante na educação e orientação dos usuários sobre o uso correto e os
possíveis efeitos colaterais dos contraceptivos (OLIVEIRA; COSTAS;
FRANCO,2021).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A atenção farmacêutica voltada para a distribuição de contraceptivos para


adolescentes em Unidades Básicas de Saúde (UBS) desempenha um papel crucial na
promoção da saúde sexual e reprodutiva dessa população. A disponibilidade e o acesso
adequado a métodos contraceptivos são fundamentais para evitar gravidezes indesejadas
e prevenir doenças sexualmente transmissíveis.
O farmacêutico desempenha um papel essencial ao fornecer orientações claras e
precisas sobre os diferentes métodos contraceptivos disponíveis, bem como suas
vantagens, desvantagens e possíveis efeitos colaterais. Além disso, o profissional atua
fortemente no processo de dispensação desses medicamentos, e nesse sentido pode
ofertar atendimento a todos.
Entretanto, é importante considerar que mesmo havendo estudos que relatam a
respeito da relevância do farmacêutico na dispensação desses medicamentos, raras são
as pesquisas que associam essa vertente aos adolescentes. Geralmente estas perspectivas
são tratadas de forma isolada, até mesmo as funções educativas do profissional. Logo,
sugere-se para futuras pesquisas analises direcionadas a tal realidade.
25

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