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1590/1678-7044
RESUMO
ABSTRACT
Two emaciated juvenile steers, one Normande and one Charolaise breed with abdominal distension,
intermittent diarrhea and chronic ruminal bloat that had begun at weaning were necropsied. Absence of
the omasal laminae with omasal hypoplasia were found together with loss of ruminal papillae and
reticular folds. Based on the lesions and history we concluded that the ruminal bloat was due to a
development failure of the omasum.
O objetivo deste trabalho é relatar a ocorrência aberto, a mucosa apresentava apenas vestígios
de timpanismo ruminal crônico secundário à das folhas omasais (Fig. 1C).
hipoplasia de omaso diagnosticado em dois
bovinos no Estado de Santa Catarina, Brasil. Na histopatologia, observou-se intensa
hipoplasia das pregas omasais (Fig. 1D) e do
CASUÍSTICA epitélio ruminal. No bovino 1 havia
hiperceratinização, caracterizada por uma fina
Dois bovinos foram levados ao Laboratório de camada de material ceratinizado marrom
Patologia Animal do Centro de Ciências envolvendo as pregas. No bovino 2 havia uma
Agroveterinárias (CAV) da Universidade do úlcera no epitélio omasal, com intenso infiltrado
Estado de Santa Catarina (UDESC) para inflamatório de polimorfonucleares, formação de
necropsia nos anos de 1996 e 2002. O histórico e crostas na superfície e infiltrado multifocal
os sinais clínicos da doença foram obtidos junto moderado predominantemente linfoplasmocitário
aos veterinários responsáveis e os proprietários. na muscular do omaso.
Os animais foram submetidos à eutanásia e
necropsia em função do prognóstico DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
desfavorável. Fragmentos dos órgãos foram
colhidos, fixados em formol a 10% e processados Doenças primárias do omaso são raras. As mais
rotineiramente para exame histológico. Exames comuns são: impactação, distensão e indigestão
laboratoriais complementares não foram vagal (Radostitis et al. 2002). Todas cursam com
realizados. um aumento de tamanho do órgão.
Os dois animais tinham idades de 9 e 15 meses, O quadro clínico apresentado pelos bovinos do
sendo um deles da raça Normanda (bovino 1) e o presente relato foi semelhante ao descrito por
outro meio sangue Charolês (bovino 2). O outros autores (Nieberle e Cohrs, 1970; Van Der
quadro clínico apresentado pelos bovinos Luer, 1978; Santos, 1979; Takagi et al., 2007). O
iniciou-se logo após o desmame e consistia no estado geral caquético bastante significativo
retardo do desenvolvimento, pelos arrepiados, desses animais provavelmente foi resultante de
timpanismo recidivante e distensão abdominal uma baixa passagem do conteúdo ruminal
bilateral, com diarreia intermitente. A pelo omaso, pela limitação ao consumo de
auscultação revelou um murmúrio ruminal matéria vegetal, e por possível comprometimento
insignificante, com redução das contrações da ruminação pelo timpanismo. Assim
(menos de duas a cada cinco minutos). O exame como, também, pela baixa taxa de absorção
fecal revelou a presença de partículas fibrosas dos alimentos ingeridos, devido ao grande
não digeridas completamente e de tamanho número de partículas grosseiras ocasionadas
maior que dois centímetros. O quadro era crônico pelos distúrbios de digestão ruminal. As
e as condições corporais dos animais agravaram- alterações reticulorruminais poderiam ter sido
se progressivamente (Fig. 1A). causadas pelo mesmo mecanismo que originou a
hipoplasia do omaso, ou mesmo por atrofia,
Durante a necropsia observou-se: mal estado devido à menor quantidade de alimentos que
nutricional, atrofia gelatinosa da gordura atravessavam os compartimentos gástricos.
pericárdica e perirrenal, rúmen e retículo com
distensão moderada e conteúdo líquido a Alhendi et al. (1996) descrevem a ocorrência de
pastoso, abomaso moderadamente distendido e hipoplasia de retículo em uma vaca de quatro
com conteúdo muito grosseiro semelhante ao anos, que apresentava o órgão e seus pilares
encontrado no rúmen. As papilas na mucosa reduzidos de tamanho, atribuindo a sua causa a
do rúmen e retículo apresentavam-se distúrbios do desenvolvimento ou a fatores
subdesenvolvidas, com tamanho médio de 1 nutricionais. Takagi et al. (2007) não observaram
milímetro, e em alguns locais, ausentes. alterações histológicas na descrição de um caso
Observaram-se, ainda, no bovino 1, duas úlceras de hipoplasia de omaso. Entretanto, constataram
cicatrizadas de dois centímetros de diâmetro no a ausência das pregas secundárias, que pode estar
rúmen. O omaso estava pequeno, medindo em relacionada a diferentes graus de hipoplasia ou
torno de 10cm de diâmetro (Fig. 1B) e, quando de sua severidade.
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Timpanismo ruminal crônico...
for lactante. Entretanto, os bovinos necropsiados uma origem para a possível acidose nos pré-
neste estudo não foram alimentados em nenhum estômagos além da ocasionada por distúrbios de
momento com rações à base de grãos, leite ou fechamento da goteira esofágica.
seus sucedâneos, não sendo possível encontrar
Figura 1. Bovino 2. A. Distensão abdominal e estado nutricional ruim. B. Reduzido tamanho do omaso
(seta). C. Ausência das pregas do omaso aberto (seta). D. Hipoplasia das pregas do omaso. HE, obj.10x.
Figura 2. Bovino. Omaso aberto. Pregas irregulares e de reduzido tamanho devido à acidose ruminal por
excessivo consumo de sucedâneo de leite.
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Mendes et al.
Os dois bovinos necropsiados eram provenientes LEEK, B.F. Clinical diseases of the rumen: A
de propriedades geograficamente distantes, não physiologist’s view. Vet. Rec., v.113, p.10-14,
apresentando parentesco algum, descartando-se a 1983.
consanguinidade como fator importante ao
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Com base no exposto, conclui-se que os casos
de emagrecimento progressivo e timpanismo NIEBERLE, K.; COHRS, P. Anatomia
crônico aqui descritos foram causados pela Patológica Especial dos Animais Domésticos.
hipoplasia das pregas do omaso, que 5.ed. Lisboa: FUNDAÇÃO CALOUSTE
provavelmente era de origem congênita primária. GULBENKIAN, 1970. 432p.
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AGRADECIMENTO
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O trabalho foi publicado com apoio financeiro do
Instituto Federal Catarinense (IFC) através do SANTOS, A. Patologia especial dos animais
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1642 Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.66, n.6, p.1638-1642, 2014